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GRANDES TEMAS DO CONHECIMENTO - Carl G. Jung PDF
GRANDES TEMAS DO CONHECIMENTO - Carl G. Jung PDF
ELABORADA POR
PACO’S AGÊNCIA
PACO’S
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ÍNDICE
Mythos Editora
Diretor Executivo:
Helcio de Carvalho
Diretor Financeiro:
03 Dorival Vitor Lopes
A SOMBRA E A LUZ DE
Editor Executivo:
NOSSAS MÁSCARAS Alex Alprim
(alprim@gmail.com)
Revisão:
Melissa Correa
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O CAMINHO DO VIR A SER Produtor Gráfico:
Ailton Alipio
(ailton@mythoseditora.com.br)
Colaboradores:
Ana Claudia Ferreira Cezario, Andressa Gumier, Bianca
15 Acampora, Cynthia de Freitas Melo, Daniel Nascimento
Dallavalle, Kayo Henrique de Castro Pereira, Lais Ferreira, Lélio
CAMINHOS DO MEIO Moura Lourenço, Leonardo Augusto Couto Finelli, Lucas Francis
e Silva Ong, Marcus Vinícius Santos, Paloma do Carmo Souza
Severo e Paulo Mateus Elmor.
Gerente de Vendas/Livros:
Adriana Ferreira S. Costa
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Coordenação de Consignação:
TIPOS DE PERSONALIDADE Mônica A. Silva
SEGUNDO CARL GUSTAV
JUNG Números Atrasados:
Fabiana Dionísio
Circulação:
28 Antonia B. Coelho
APROXIMANDO OS ARQUÉTIPOS Impressão:
Gráfica São Francisco
Distribuição Nacional:
Fernando Chinaglia
35 Reclamações, Sugestões,
Dúvidas:
MANDALAS faleconosco@mythoseditora.com.br
Distribuída pela Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações, Rua Dr. Kenkiti
Shimomoto, nº 1678, CEP 06045-390 – São Paulo – SP
Revista de Psicologia — Especial
O CAMINHO
DO VIR A
C
arl Gustav Jung foi um médico
e psicoterapeuta nascido em
Kesswil, na Suíça, em 1875.
Foi um grande estudioso da psique
humana e dedicou toda a sua vida a
isso. Filho único, até os nove anos de
idade, de um pastor protestante e de
uma dona de casa, passou boa parte
de sua infância solitário, o que o levou
a se interessar pela vasta biblioteca
do pai. Ao entrar na adolescência, já
havia lido vários livros de pensadores
importantes. No ano de 1900 formou-se
em medicina e começou seu trabalho
em um hospital psiquiátrico. Naquele
período, passou a observar seus
pacientes psicóticos, que o levaram a
dar importância para o inconsciente.
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Individuação — O caminho do vir a ser
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Individuação — O caminho do vir a ser
produzidas, para moldarem a personalidade, que Entretanto, se o conflito for grande demais pode
se desenvolve a partir da imposição de aconteci- gerar, no indivíduo, sérias perturbações. Se a vi-
mentos internos ou externos. É sabido que, pela vência entre o mundo interno e o mundo externo
necessidade de aceitação que a criança tem, sua for demasiadamente marcante, poderá imprimir,
principal tarefa durante a infância é a adaptação no desenvolvimento da personalidade, marcas
às exigências familiares. profundas que trarão prejuízos para a adapta-
A partir do nascimento, a criança depara-se ção, do sujeito, à vida e ao autoconhecimento. As
com um sistema familiar em funcionamento, re- vivências do passado, com as personagens do
pleto de regras e normas das quais passa a fazer passado, ajudam a montar a nossa história pes-
parte e é treinado para ajustar-se. Na relação soal. Entretanto, alguns eventos caracterizados
com o meio a criança desenvolve um comporta- por forte carga emocional e, muitas vezes trau-
mento coerente com as expectativas que os pais máticos, tornamse muito onerosos para serem
têm a seu respeito. A consciência é uma aquisi- sustentados pela consciência.
ção, pois nascemos totalmente inconscientes e é Durante o desenvolvimento da personalida-
através do conflito entre quem realmente somos de os conflitos vividos entre mundo interno/ex-
e a tentativa de dar conta das expectativas dos terno começam a instaurar cisões, que vão na-
pais é que a consciência começa a surgir. O con- turalmente selecionando o conteúdo que ficará
flito entre o mundo interno e o mundo externo presente na consciência, formando o ego. O con-
é uma necessidade para que a criança comece a teúdo que é inerente àquele indivíduo, mas que
desenvolver uma diferenciação entre o eu e o tu. não pôde se manter presente na consciência, por
“As vivências do passado, com as personagens do passado, ajudam a montar a nossa história pessoal.”
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Individuação — O caminho do vir a ser
“O sujeito cria para si uma verdade defeituosa, con- ser conflitante com a adaptação ao meio, forma
taminada e bastante distorcida acerca de si próprio e a sombra e, de forma adaptativa, é construída a
de sua realidade.” persona, que funciona como uma máscara social
que serve como uma proteção contra o meio ex-
terno, garantindo uma sensação de segurança,
por evitar uma exposição.
A criança tem uma psique extremamen-
te, maleável e, desta forma, grande capacidade
para absorver as informações que lhe chegam
através das figuras educadoras. Aliado a isso,
a criança ainda não tem seu psiquismo total-
mente desenvolvido e, vive no âmbito psíqui-
co dos pais. Portanto, as perturbações vividas
na infância são decorrentes da conflitiva dos
pais e, é somente a partir da adolescência que
a psique começa a ganhar alguma autonomia.
Na adolescência começam a haver as primei-
ras tentativas de afastamento psíquico dos pais,
momento em que o jovem começa a experimen-
tar-se e a transgredir as normas impostas pelo
coletivo familiar. À medida que a personalidade
se diferencia, começa a surgir uma identidade
própria, acarretando em uma maior autonomia
do sujeito. Todo esse processo gera sofrimento.
É muitíssimo comum as pessoas buscarem
o tratamento psicológico, em grande desconforto,
presas em etapas anteriores e nas mazelas pa-
rentais. Além disso, carregam uma autoimagem
distorcida e pontos de vista neuróticos. O sujeito
cria para si uma verdade defeituosa, contaminada
e bastante distorcida acerca de si próprio e de sua
realidade. É como se enxergasse a vida como uma
imagem estática, na qual se move em torno e que
povoa seu imaginário de impossibilidades. Neste
ponto, o sujeito já se encontra bastante longe de
sua verdadeira identidade. No processo analítico,
esses pacientes costumar sonhar com roubos e
perdas de objetos que os identificam.
Cada ser humano vive um universo à parte,
abarrotado de meias-verdades, mas relaciona-se com
elas como se fossem Grandes Verdades. A experiência
da infância gera feridas, que criam crostas grossas,
carapaças defensivas que impedem o indivíduo de sa-
ber quem ele realmente é. Por não ter clareza sobre
si acaba por responsabilizar aos que o rodeiam por
suas dores e dificuldades. Quanto menos consciência
de si, maior o número de projeção dos conteúdos in-
ternos é feito nas outras pessoas. Viver uma relação
traz, às pessoas, sentimentos ambíguos. Ao mesmo
tempo em que recursos defensivos são acionados há,
no homem, uma necessidade vital de contato huma-
no, pois o outro é elemento fundamental, como um
parâmetro que o reflete e que serve de alvo para as
inevitáveis projeções. Portanto, é na relação que o in-
divíduo se confunde e também se enxerga. A relação
é um veneno e, também um antídoto.
Relações, desenvolvimento da personalidade,
distorções, conflitos, necessidades, aquisição de
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Individuação — O caminho do vir a ser
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Individuação — O caminho do vir a ser
profundeza que nos põe em intimidade com quem uma vida, realmente, íntegra. A discriminação exige
realmente somos. Nessa direção podemos discri- reflexão. A reflexão produz cultura, consciência. A
minar, desenvolver uma autocrítica saudável e reflexio é o elemento alquímico que permite o ho-
conseguiremos viver em sociedade sem sermos mem transformar os fatos em experiência, dando-
arrastados pelo senso comum. -lhe condições de enxergar a si próprio e de fazer
Em seus estudos alquímicos Jung entendeu escolhas. Esta é uma condição fundamental para o
os experimentos dos alquimistas como uma prá- processo de individuação e, nesse estágio, já começa
tica concreta da transformação psíquica. O autor a haver uma separação dos padrões coletivos dan-
constatou, por parte dos alquimistas, projeções do do espaço para o surgimento de uma pessoa mais
inconsciente na tentativa de transformar o metal maleável e em condições de servir ao Si-mesmo. Ve-
vil em ouro. O processo de individuação era feito mos que, nesse processo, vários elementos psíquicos
in vitro no laboratório alquímico. A transmutação estão em jogo e precisam estar inter-relacionados:
dos elementos foi entendida simbolicamente por aquele que imagina, aquele que reflete, o que se
Jung, como a transformação interior do próprio move a partir do que é transformado em experiên-
alquimista, no sentido de que ele transformasse o cia, aquele que transforma a experiência e a ressig-
que nele havia de vil em ouro filosofal. nifica. A liberdade inicia-se no reconhecimento que
Jung refere-se à psique como autorregu- o homem é capaz de fazer a respeito de si próprio.
ladora, pois ela tende a distribuir sua energia, A partir dessa condição a personalidade é possível.
buscando equilíbrio e levando o indivíduo a tor- “Assim como uma grande personalidade atua
nar-se mais autêntico e realizado. O processo de na sociedade liberando, salvando, modificando e
individuação exige que o sujeito se diferencie do curando, da mesma forma o surgimento da própria
coletivo para que, individualmente, se experimen- personalidade tem ação curativa sobre o indiví-
te, reconheça e integre os aspectos psíquicos que duo. É como se um rio, que antes se perdesse em
ficaram polarizados e assim, possa tornar-se mais braços secundários e pantanosos, repentinamente
autêntico, vivendo com uma consciência mais am- descobrisse seu verdadeiro leito. Também se pode-
pla e adquirindo uma identidade mais verdadeira. ria comparar com uma pedra colocada sobre uma
A ideia, no processo de individuação, é de que a semente a germinar; tirada a pedra, o broto retoma
pessoa seja cada vez mais ela mesma, de maneira seu crescimento normal” (Jung, 1986, § 308).
completa e indivisível, distinguindo-se da psicolo- Este é o melhor legado que pode ser trans-
mitido às gerações posteriores: a tarefa de aqui-
gia coletiva. Há, neste sentido, um desdobramento
sição de consciência para a realização do “senti-
da personalidade, que implica estar em relação
do inato da existência” (§ 308).
com o coletivo sem aprisionar-se a ele.
Descuidado de si o homem não é capaz de * Joyce Werres é psicóloga e mestre em psicologia clínica pela
ouvir sobre seus reais anseios. É necessária uma PUCRS, analista junguiana didata e membro da AJB e da IAAP. É
concentração nos ruídos psíquicos e a convergência organizadora do livro Ensaios sobre a clínica Junguiana, coautora
dessa escuta para a consciência. Na medida em que de Puer-senex: dinâmicas relacionais, professora, coordenadora
haja uma concentração do indivíduo nele próprio, do curso de pós-graduação em psicologia clínica junguiana e
gradativamente surge a discriminação, que permite diretora de Comunicação do IJRS. Telefone: (51) 984595822 -
o alargamento da consciência e a estruturação de E-mail: joycewerres@yahoo.com.br
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Revista de Psicologia — Especial
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Revista de Psicologia — Especial
CAMINHOS
DO
MEIO
Onde a Psicologia Analítica e o Budismo se Encontram
Quem deseja seguir o caminho dos Ouvintes deve treinar a Perfeição da Sabedoria;
Quem deseja seguir o caminho dos Praticantes Solitários deve treinar a Perfeição da Sabedoria;
E quem deseja enveredar pelo caminho dos bodisatvas também deve treinar a Perfeição da
Sabedoria.
D
iariamente em minha prática
clínica encontro várias pessoas
que me procuram em busca
de sentido para suas vidas e, muitas
vezes, soluções para seus problemas
cotidianos. O mundo moderno encontra-
-se afastado de seus mitos e as religiões
tradicionais tem perdido o númen (po-
der, encantamento, fascínio). A razão
tem ajudado a humanidade a prosse-
guir, explicar o mundo através da ciên-
cia e assegurar uma existência mais
harmoniosa para todos. Infelizmente,
nem sempre estas últimas são efetivas.
Apesar das inúmeras conquistas da
razão, os seres humanos, principalmen-
te, os mais sensíveis, mesmo com uma
vida racionalmente boa e aprazível,
sentem-se incompletos, vazios, desani-
mados ou compulsivos. Acabo encon-
trando as pessoas nesse ponto.
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Religião — Caminhos do meio
“A moral é valiosa como parâmetro a considerar, mas Caso fosse um xamã do mundo antigo, diria
não como lei universal (...)” que estas pessoas sofreram uma “perda da alma”,
entoaria cânticos falando de um mundo antigo e
uno, contaria histórias tribais de força e poder,
desenharia símbolos de busca de sentido. Mas eu
não sou esse xamã, ao menos não é o que consta
na porta do meu consultório. Todavia, não posso
negar que estas práticas, de um modo simbólico,
estão presentes no meu trabalho diário.
O que eu quero dizer com isso? Bom, as pes-
soas que citei acima, de uma maneira geral, per-
deram o contato com o significado maior de suas
vidas, com aquilo que os fazia se entusiasmar com
a vida, aquilo que os dava paz e tranquilidade,
aquilo que os fazia se sentirem importantes no
mundo. Ao perder esse “entendimento” (coloco en-
tre aspas porque este processo não é puramente
racional, como a palavra entendimento dá a enten-
der), o ser humano ficou sozinho, amparado ape-
nas pelas leis morais da sociedade e pela ciência.
A moral é valiosa como parâmetro a considerar,
mas não como lei universal, pois todos lembramos
que a moral vigente já validou práticas execráveis,
como, por exemplo, o racismo, a aniquilação de
judeus ou a inferiorização da mulher. Já a ciên-
cia, poderosa ciência, se esforça para explicar o
mundo aos homens, mas silencia diante de alguns
dilemas, como perante ao doente com câncer que
pergunta “por que eu?” ou, para não irmos muito
longe, em frente à menina apaixonada pelo rapaz
que ela julga o mais cafajeste de todos.
Nesse ponto, o homem antigo iria buscar
nas religiões as respostas para seus dilemas. Mas,
como disse anteriormente, elas não têm mais a
mesma força diante do homem moderno. Não é
suficiente para este, acreditar em dogmas antigos,
é preciso mais. A alma fugidia se esconde daquele
que procura sentido e significado. É nesse ponto
que encontro o Budismo.
Com a globalização da informação através
da internet, cada vez mais pessoas tem tido acesso
a textos e novas formas de conhecimento vindas
do Oriente, como o Budismo e a Meditação. Para
alguns, o “frescor” de novas ideias e possibilida-
des soa como encantador, a mística que envolve
o desconhecido representa uma possibilidade de
caminho para quem não sabe aonde ir. Para ou-
tros, a ideia de uma religião não teísta, isto é, que
não tem uma divindade central, seria mais ade-
quada a seu pensamento e forma de ver o mundo,
por colocar o homem moderno no centro do dra-
ma cósmico, trazendo os “deuses” para dentro da
alma humana. Para outros ainda, os conceitos de
desapego ou de quietude e paz através do silêncio
interior e meditação seriam possibilidades com-
pensatórias para se atingir o equilíbrio em um
mundo materialista e agitado, a chave que pode-
ria abrir um baú do tesouro da harmonia e da
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Religião — Caminhos do meio
“Criamos expectativas acerca de fatos, situações ou pessoas, mas estas expectativas falam mais de nossas
necessidades interiores do que da realidade objetiva das coisas em questão.”
gratidão. Enfim, muitos são os motivos para que conta delas por nós mesmos (proteger-me ao
vejamos no Budismo um caminho para a solução invés de procurar proteção, acreditar em mim
para o dilema atual. ao invés de acreditar no que eu possuo, etc.)
Se examinarmos com calma vários conceitos tenderíamos a não projetar tanto estas neces-
da psicologia analítica encontraremos paralelos sidades nos outros. Para Jung2 , esta seria uma
no Budismo. Um dos que mais me é evidente, seria etapa importante do trabalho analítico, recolher
o caminho do meio1. as projeções. Deste modo, lidaríamos de forma
Na prática clínica é comum vermos pessoas mais objetiva com os fatos e, como menos expec-
“projetarem” seus sentimentos em algo ou alguém. tativa, teríamos menos sofrimento.
O que eu quero dizer com isso? Criamos expecta- James Hillman3, em seu artigo sobre traição,
tivas acerca de fatos, situações ou pessoas, mas nos conta uma anedota em que um filho está se
estas expectativas falam mais de nossas necessi- experimentando subindo em uma escadaria e ati-
dades interiores do que da realidade objetiva das rando-se no colo do seu pai. A cada sucesso, o
coisas em questão. Diversos são os exemplos, bus- pai o estimula a ir mais longe. Depois de vários
co um carro, não pela função do mesmo, mas para sucessos, o pai afasta-se do filho no exato momen-
me sentir forte e poderoso, trabalho com afinco to em que este se lança dos degraus, deixando a
para ser promovido e, assim, atender as expec- criança cair ao solo sem proteção e com algumas
tativas de todos a minha volta, me envolvo com escoriações subsequentes. Depois de muito choro,
alguém protetor e carinhoso para dar conta da o pai pergunta ao filho o que este aprendeu com
minha carência afetiva e não pelo que a pessoa este fato. Dentre outras coisas, o principal ensi-
em si significa para mim. Infelizmente isso é mais namento seria o de não acreditar em ninguém a
comum do que parece nas páginas do Facebook. ponto de se entregar totalmente.
Através da projeção, então, o que normal- Duro ensinamento, mas o que este pai tinha
mente colhemos é a frustração, sofrimento em em mente? A expectativa de proteção deixava o
termos budistas. Se conseguíssemos (e esta é menino frágil e inocente. A traição do pai o ajudou
uma das propostas do trabalho analítico) co- a se fortalecer para as dificuldades que o mun-
nhecer as nossas necessidades profundas e dar do lhe proporcionaria. Enfim, esta é apenas uma
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Religião — Caminhos do meio
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Religião — Caminhos do meio
atenção a Sua voz. Mas em termos práticos, o que a caminho da liberação. Uma vez que a dor agora
Psicologia Analítica quer dizer com “prestar aten- a preparou para o aprendizado, e seu coração
ção” e “ouvir a voz dos deuses”? está se abrindo à verdade, vou lhe mostrar esse
Talvez esses conceitos não sejam tão simples caminho. (Buda — História de Krisha Gotami).
de entender a primeira vista, mas ficam bem evi- Lembro de um paciente que eu cuidei que
dentes na vida diária. Pensemos, é muito fácil na tinha o diagnóstico de um câncer de esôfago, na-
juventude acreditar que a vida pode ser controlada quela época, já com metástases e profundamente
de acordo com nossa vontade e poder. Afinal, so- infiltrado nos tecidos do pescoço. Em linguagem
mos jovens, cheios de energia e capacidade. Mas, médica, isto significa que era de prognóstico re-
conforme a vida segue, se temos sorte de envelhe- servado, sem chances de cura. Ele era sempre
cer, a vida nos mostra ‘quem manda’. Segue a doen- muito ansioso e um pouco pesaroso sobre o que
ça, a tragédia, talvez a morte de algum familiar, a vinha lhe acontecendo. Tentava sempre me falar
falência, a depressão, a solidão, a velhice com a sua de como vinha ‘se comportando’ e não tendo mais
fragilidade, a desilusão, enfim, várias temáticas que os hábitos que o levaram, possivelmente, àquela
não escolhemos e não desejamos. Se ainda acredi- patologia. Eu também estava um pouco ansioso
tamos somente na força do Ego, somos humilha- e triste pelo destino dele e pela dor da família,
que eu acabei conhecendo. Mas, recordo do último
dos pelo que a vida tem a oferecer depois de certa
dia em que conversamos, e de que senti algo que
idade. Uma visão muito focada na materialidade
poderia ser descrito como paz. Talvez tenha sido
da vida e não conectada com a transcendência
porque o vi muito calmo e tranquilo, não tenho
fica presa à dor, não consegue ver o aprendizado
certeza, mas o fato é que ele me passava algo mui-
e crescimento contidos nestes momentos da vida.
to bom naquele dia. E, o que mais me chamou a
A cura, a paciência, a coragem, a perseverança, o
atenção, foi a sua atitude carinhosa para comigo
desapego, a bondade, a compaixão, a humildade, a
e para com a vida, seu entendimento dos ciclos da
verdadeira visão, a fé, a empatia, dificilmente sur-
vida, sua sabedoria e, o que eu poderia chamar
gem na vida se não forem cultivadas, e, como a de transcendência. Ele estava ali, mas não falava
semente, sem sabedoria e paz interior, não se vê na somente daquele dia, conseguia ver sua vida em
morte do grão o renascimento da planta. perspectiva e relativizada, com um olhar bondoso
Buda4 sabiamente nos diz: “(...) o reino em sobre si mesmo e sua família, vivia o presente, e
que estamos — samsara — é um oceano de in- não parecia ter medo do futuro. Não sei se eu co-
suportável sofrimento. Há um caminho, e ape- nheço o Bodicita ou se já vi alguém neste estado,
nas um caminho, para sair do ciclo incessan- mas aquele senhor me pareceu muito isto.
te de nascimento e morte do samsara, que é o Nas palavras de Dilgo Khyentse Riponche4:
“Uma vez que você obtém a Visão, embora as
“Uma visão muito focada na materialidade da percepções ilusórias do samsara possam sur-
vida e não conectada com a transcendência fica gir na sua mente, você será como o céu: não
presa à dor (. . .) ” fica particularmente lisonjeado quando surge
nele o arco-íris, nem particularmente desapon-
tado quando as nuvens o encobrem. Há uma
profunda sensação de contentamento. Você ri
por dentro quando vê a fachada do samsara ou
do nirvana; a Visão o manterá constantemente
maravilhado com um suave sorriso interior se
esboçando, todo o tempo.”
E, para não falar somente de momentos difí-
ceis, poderíamos pensar em tudo o que é perdido
não somente pela dor, mas também pela superfi-
cialidade. Nem sempre encontro pessoas no meu
consultório que estão passando por situações trá-
gicas, muitas delas, na verdade, estão passando
por momentos de “morte em vida”, isto é, estão
vivos, mas nada da vida os atrai ou toca. Alguns
chegam a perguntar: mas se eu tenho um bom
emprego, um bom relacionamento e nunca tive
um grande trauma em minha vida, como eu pos-
so estar deprimido? Esta é a doce ilusão da su-
perficialidade. Muitas coisas boas só são boas de
verdade se nos ‘tocam a alma’, se trazem alguma
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Religião — Caminhos do meio
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Revista de Psicologia — Especial
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Revista de Psicologia — Especial
FREUD E JUNG
Faróis da alma nos mares do inconsciente
Fernando Pessoa
I
maginemos a seguinte cena: é noite,
estamos navegando em um mar
imenso e profundo, que nos pare-
ce maravilhoso e convidativo às mais
belas inspirações, mas que, ao mesmo
tempo, nos parece terrível, pois não
sabemos onde ele nos levará. Ele nos é
desconhecido, e, quiçá, cheio de perigos.
Que alívio não sentiremos ao encontrar-
mos, no meio da escuridão da noite e do
oceano, um farol! Uma luz, pequena que
seja, que poderá nos indicar algum ca-
minho, ou pelo menos, mostrar que por
aqui ou ali há um povoado, um pouco de
terra, um traço de humanidade, que nos
aliviará um pouco do medo que temos
de que esta imensidão aquática, tão fa-
bulosa aos nossos olhos, nos engula. Por
certo o farol não impedirá que o oceano
continue misterioso e gigantesco em re-
lação à nossa pequena embarcação, mas
certamente sua luz haverá de nos dar
uma certa segurança para seguirmos
nossa jornada.
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Psicanálise — Freud e Jung
É com esse espírito de navegador que convido a Passou alguns meses estudando com Charcot, um
você, leitor, que embarque neste texto. Traçarei, nele, famoso neurologista, em Paris. Charcot estudava a
alguns caminhos e descaminhos que Freud e Jung per- histeria como resultado de processos físicos patoló-
correram, ora juntos, ora separados. Esses dois gigantes gicos, e não psíquicos. Freud, no entanto, postulava
da psicologia foram, no meu ponto de vista, verdadeiros que poderiam haver questões psicológicas por trás
faróis para a ciência ocidental na virada do século XIX da doença, e, no aprofundamento de suas pesquisas
para o século XX; e nós, seguidores entusiastas de suas (e na troca de conhecimento com outros estudiosos
descobertas, ainda estamos longe de vislumbrarmos o da histeria, como Josef Breuer), concluiu que a causa
que eles viram, tanto em extensão quanto na profundi- maior da doença histérica provinha de traumas de
dade dos mares do inconsciente. Falo em “mares” do cunho sexual (APPIGNANESI e ZARATE, 2012).
inconsciente porque o conceito de inconsciente foi jus- Enquanto isso, Carl Gustav Jung, 19 anos mais
tamente um dos grandes pontos de convergência (e de- jovem que Freud (Jung nasceu em 1875, em Kesswil,
pois de divergência) entre os dois estudiosos da psique. Suíça), crescia e direcionava sua vida para a psiquia-
Vale ressaltar ainda que, como psicóloga tria. Jung (1963, p. 133) afirma que seu “desenvolvi-
junguiana, escrevo sobretudo a partir de tex- mento interior, intelectual e espiritual, havia come-
tos de Jung, buscando informações sobre Freud çado pela escolha da psiquiatria”; e que as pesquisas
dadas pelo próprio Jung. Devo adiantar que es- de Breuer e de Freud, além dos trabalhos de Janet,
taremos longe de percorrer todas as ondas que foram fontes de estímulo e riqueza para suas próprias
embalam as idas e vindas das ideias desses ho- investigações, já que ele também se preocupava em
mens geniais. O que peço, no entanto, é que nos saber o que acontecia na personalidade do doente
deixemos embalar pelo que aqui foi possível re- mental. As afirmações de Freud sobre a existência
gistrar, sem que percamos o equilíbrio da nossa de um mundo subjetivo inconsciente, que poderia
embarcação. Iniciemos a viagem. ser investigado através dos sonhos e do método de
Sigmund Freud nasceu em 1856, em Freiburg. associação livre, foram decisivas para que Jung se
Em 1860 sua família mudou-se para Viena, e foi lá voltasse para a psicanálise.
que Freud iniciou e desenvolveu seus estudos e tra- Jung (1963) considerou o método de associação
balhos como médico neurologista. Antes de começar livre semelhante ao que ele próprio havia desenvolvi-
as atividades em seu consultório particular, ele tra- do com seus pacientes no hospital psiquiátrico de Bur-
balhou em clínica médica e psiquiátrica, recebendo ghölzli, em Zurique: o método de associação com pa-
influência da visão mecanicista da ciência daquele lavras. Este consistia em medir o tempo de resposta e a
período. Freud desejava ser um cientista, e realizou intensidade emocional que a acompanhava, a partir de
importantes trabalhos sobre o sistema nervoso até determinadas palavras-estímulo que eram dadas pelo
direcionar-se, definitivamente, para a neurologia. pesquisador. Para cada palavra-estímulo, o paciente
deveria associar a primeira palavra que lhe viesse à
mente. Com este experimento, Jung percebeu que havia
“As ideias da psicanálise viriam a ser o marco inicial um mecanismo de recalque atuando no sujeito a cada
de uma abertura para o mundo de subjetividade e
vez que a palavra indutora tocava em uma dor moral ou
inconsciência que trazemos conosco.”
conflito; ou seja: havia um complexo psíquico incons-
ciente por trás das reações do paciente. Os resultados
da pesquisa de Jung foram confirmados pela leitura de
A interpretação dos sonhos, de Freud. Este livro, se-
gundo Jung, era revolucionário para a época.
A interpretação dos sonhos, publicada em 1900,
causou, sobretudo, uma revolução cultural. As ideias
da psicanálise viriam a ser o marco inicial de uma aber-
tura para o mundo de subjetividade e inconsciência que
trazemos conosco. Aspectos humanos como fantasias,
sonhos, imaginação, linguagem mítica, emoções e tudo
o mais que diz respeito ao lado profundo e obscuro da
psique, começavam a vir à tona para serem analisados,
a partir daquele momento, com a respeitabilidade das
lentes científicas, que, apesar de ainda estarem sob a
influência do intelectualismo mecanicista, atribuiriam
um valor cada vez maior para esta nova perspectiva
(GRINBERG, 1997).
Freud e Jung foram pioneiros e entusiastas de
todo esse movimento científico- cultural proporciona-
do pela psicanálise, e travaram uma amizade intensa
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Psicanálise — Freud e Jung
44
Psicanálise — Freud e Jung
no segundo encontro que eles tiveram em Viena, a sexualidade, para Freud, havia tornado-se nu-
em 1910. Conta Jung (1963, p. 136): minosa, isto é, sagrada, sendo vivida por ele como
Tenho ainda uma viva lembrança de Freud uma verdadeira religião.
me dizendo: ‘Meu caro Jung, prometa-me nun- Jung percebia que Freud sentia-se amea-
ca abandonar a teoria sexual. É o que importa, çado por conteúdos religiosos do inconsciente,
essencialmente! Olhe, devemos fazer dela um mas Freud jamais admitiria que a atitude que
dogma, um baluarte inabalável.’ Ele me dizia estava tendo para com sua teoria fosse religio-
isso cheio de ardor, como um pai que diz ao fi- sa. A consciência de Freud foi tomada pela sua
lho: ‘Prometa-me uma coisa, meu caro filho: vá própria teoria sexual, e esta, na opinião de Jung
todos os domingos à Igreja! ’ Um tanto espanta- (1963, p. 137), “não era menos premente, imperio-
do, perguntei-lhe: ‘Um baluarte contra o quê? ’ sa, exigente, ameaçadora e moralmente ambiva-
Ele respondeu-me: ‘Contra a onda de lodo ne- lente” (e até temível), do que a ideia religiosa de
gro do...’ Aqui ele hesitou um momento e então um Deus que se oculta em cada um de nós. Mas
acrescentou: ‘... do ocultismo! ’ Jung mantinha essas percepções secretamente.
Jung (1963) ficou assustado com as palavras Ele via em Freud uma amargura muito grande,
baluarte e dogma, proferidas por Freud de for- e a despeito de toda a numinosidade que a teo-
ma tão incisiva, e sentiu, então, o quanto ele es- ria do trauma sexual acendia nele, ela acabava
tava apegado à sua própria teoria sexual, além restringindo-se a apenas uma parte — mesmo
de tomado por uma vontade pessoal de poder. O que de fundamental importância — do sistema
desejo de Freud de que a psicanálise se tornasse psíquico: os instintos biológicos.
algo indiscutível e inabalável contrariava o es- Ainda que Jung entendesse que a teoria da se-
pírito crítico de Jung, que considerava qualquer xualidade, quando tomada subjetivamente, poderia
verdade científica de forma relativa e hipotéti- incluir a religiosidade, sua linguagem a restringia
ca. Naquele momento, Jung sentira que o cerne significativamente, justamente por ser muito con-
da amizade deles estremecia ainda mais. Ele não creta e biológica. Ela era vista por uma perspec-
entendia porque Freud negava tão acentuada- tiva causal e apenas de fora (da consciência) para
mente os conteúdos religiosos, filosóficos ou pa- dentro (para o inconsciente pessoal do indivíduo).
rapsicológicos do inconsciente, tomando-os como E a dinâmica psíquica, para Jung, deveria ser con-
ocultismo. Para Jung, a teoria sexual tinha um siderada em todos os seus aspectos, não só a partir
conteúdo tão oculto quanto esses outros aspectos do inconsciente pessoal, mas também do que emer-
da alma humana; e ele compreendeu, então, que ge do inconsciente coletivo, ou seja: deveríamos
“O desejo de Freud de que a psicanálise se tornasse algo indiscutível e inabalável contrariava o espírito crítico
de Jung, que considerava qualquer verdade científica de forma relativa e hipotética.”
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Psicanálise — Freud e Jung
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Psicanálise — Freud e Jung
Ele compreendia que assim como cada cientista escolas de psicologia: todo o analista deveria
só pode confessar as ideias que dominam sua psi- passar por uma análise didática. Essa prática foi
que pessoal, também cada pessoa é o resultado de prontamente reconhecida por Freud, e se mantém
tudo o que viveu e conseguiu (ou não) integrar de até os dias de hoje tanto na psicanálise quanto na
seus acontecimentos psicológicos anteriores. psicologia analítica (como também é chamada a
Jung não estava interessado em criar uma psicologia junguiana) (SHAMDASANI, 2005).
escola de psicologia. Ele queria entender a alma Jung tinha a esperança de que a análise
humana em todas as suas dimensões e, para — direcionada ao analista ou a qualquer pes-
isso, debruçou-se sobre uma variedade enorme soa — auxiliasse o sujeito para que ele viesse
de temas, que iam desde a dimensão biológica a tornar-se ele mesmo; isto é, que o ajudasse a
chegar a um nível de individuação onde a sua to-
instintiva do ser humano até a alquimia medie-
talidade psíquica pudesse travar uma nova forma
val, passando pela filosofia, mitologia, história
de relação tanto com o mundo da consciência — o
das religiões, gnose, literatura, artes em geral,
mundo de nossas relações cotidianas ordinárias,
entre outros. Ele via uma complexidade imensa extrovertidas — quanto com o universo incons-
na psicologia, e tentou conduzi-la para além de ciente, seja em sua dimensão pessoal (incons-
sua própria equação pessoal. Para ele, a psico- ciente freudiano), ou coletiva (onde está a poten-
logia exigiria o sacrifício do autoconhecimento, cialidade criativa essencial do ser humano). É no
e esse seu modo de pensar acabou tornando-se inconsciente coletivo que a polaridade do espíri-
uma proposta que viria a ser adotada por muitas to pode ser experimentada, pois é onde a intro-
versão e as reflexões têm seu lugar assegurado.
“O apego à novela familiar ou aos aspectos passa- Quanto menos unilateral for a visão do analista,
dos da psique pessoal podem aprisionar a energia mais possibilidades de ir além do inconsciente
psíquica (...)” pessoal terá o analisando, e mais criatividade
poderá ser liberada em sua psique. O apego à
novela familiar ou aos aspectos passados da psi-
que pessoal podem aprisionar a energia psíquica,
gerando desde neuroses leves até patologias mais
severas, como as psicoses (SHAMDASANI, 2005).
Não podemos subtrair de nós o viés subjetivo de
nossa alma, mas ele pode ser ampliado e relativi-
zado conforme nossa abertura para com o pro-
cesso de individuação.
Após a ruptura entre Freud e Jung, cada
um levou adiante suas pesquisas psicológicas.
Tanto a psicanálise quanto a psicologia analí-
tica são fontes de inspiração e formação para
centenas de analistas ao redor do mundo. E elas
também se tornaram populares, pois, aos pou-
cos, os termos psicanalíticos e analíticos foram
inserindo-se na linguagem das mais diversas
áreas, estando cada vez mais acessíveis ao co-
nhecimento de todos.
Podemos observar, portanto, que as luzes
de Freud e Jung continuam acesas. O foco de
seus faróis segue guiando aqueles que se de-
cidem pela travessia dos mares da psique in-
consciente. Mesmo que uma e/ou outra ilumine
apenas dentro de um certo alcance, elas permi-
tem que sigamos com maior segurança nossa
jornada, pois sabemos que não estamos total-
mente perdidos, ou à mercê de uma absoluta e
completa escuridão.
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