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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS DE SINOP
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
GEOTECNIA III

Aula 08 – Barragens - Instrumentação

Eng. Civil Augusto Romanini (FACET – Sinop)

Sinop - MT
2016/1
AULAS
Aula 00 – Apresentação / Introdução

Parte I – Fluxo no solo Aula 01 – Fluxo no solo

Aula 02 – Redes de Fluxo confinado Aula 03 – Redes de Fluxo não confinado

Aula 04 – Erosão interna e Ruptura Hidráulica Aula 05 – Rebaixamento Temporário de Aquíferos

Parte II – Barragens de Terra Aula 06 – Barragens

Aula 07 – Elementos de Projeto Aula 08 – Instrumentação de barragens e análises

Aula 09 – Aspectos construtivos Aula 10 – Pequena Barragem de terra – “Pré Projeto”

Parte III – Taludes e Estruturas de contenção Aula 11 – Técnicas de estabilização de encostas

Aula 12 – Estruturas de contenções Aula 13 – Escoramento Provisório

Aula 14 – Cortinas de Contenção Aula 15 – Cortinas Atirantadas

16/11/2016 Fluxo no solo 2


INTRODUÇÃO
TIPOS DE INSTRUMENTOS
PERIODICIDADE DAS LEITURAS

SEÇÃO INSTRUMENTADA
ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA

16/11/2016 Fluxo no Solo 3


INTRODUÇÃO

Barragens cadastradas por uso principal, em 30 de setembro de 2015

Leia aqui: http://arquivos.ana.gov.br/cadastros/barragens/Seguranca/RelatorioSegurancaBarragens_2015.pdf

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INTRODUÇÃO

Numero de barragens vistoriadas pelas entidades federais e estaduais relativamente


ao total de barragens cadastradas.

Leia aqui: http://arquivos.ana.gov.br/cadastros/barragens/Seguranca/RelatorioSegurancaBarragens_2015.pdf

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INTRODUÇÃO

Categoria de risco das barragens cadastradas segundo o uso principal, em 30 de


setembro de 2015

Leia aqui: http://arquivos.ana.gov.br/cadastros/barragens/Seguranca/RelatorioSegurancaBarragens_2015.pdf

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INTRODUÇÃO

Dano potencial associado (DPA) das barragens cadastradas, segundo o uso


principal, em 30 de setembro de 2015.

Leia aqui: http://arquivos.ana.gov.br/cadastros/barragens/Seguranca/RelatorioSegurancaBarragens_2015.pdf

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INTRODUÇÃO

Um item considerado como essencial na construção de projetos de barragens é a instrumentação. Esse procedimento
permite além de analisar o comportamento do empreendimento, fazer uma coletânea de dados para projetos futuros.
A Lei nº 12.334 de 20 de setembro de 2010, conhecida por Lei de Segurança de Barragens, estabeleceu a Política Nacional de
Segurança de Barragens (PNSB), considerando os aspectos referidos, além de outros, e definiu atribuições e formas de
controle necessárias para assegurar as condições de segurança das barragens.
São obtidos através da instrumentação os seguintes dados:
• Poro pressões de construção
• Poro pressões devido a percolação de água
• Pressões totais sobre elementos de concreto e e sobre as fundações
• Recalques
• Deslocamentos horizontais
• Vazões de percolação de água.

TIPOS DE INSTRUMENTOS

Medidor de nível de água Caixa Sueca Medidor de recalques

Piezômetro Tassômetro Medidor de vazão

Célula de pressão total Inclinômetro

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de nível de água

O medidor de nível de água interno é


constituído por um tubo perfurado de
PVC , envolvido de material granular
adequado ou por manta de geotêxtil,
instalado dentro de um furo de
sondagem. Permite a medida do nível
de água , introduzindo um cabo
elétrico com pequena sonda e ,
quando esta entra em contato com a
superfície da água , há passagem de
uma corrente elétrica, que é detectada
na superfície por amperímetro.
O cabo do medidor é graduado em
centímetros, o que permite calcular a
cota do nível de água, pela diferença
entre a cota do topo do tubo e o
comprimento do cabo.

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de nível de água

Os piezômetros podem ser do tipo stand pipe ou de Casagrande, hidráulico , pneumático, de corda vibrante
elétrico
A função dos piezômetros é fornecer a carga de pressão no ponto em que foi instalado. Conhecida a carga de pressão,
calcula-se a carga total naquele ponto, que é a cota de instalação mais a coluna de água sobre o mesmo.
São comumente utilizado dois tipos de piezômetros: stand pipe (ou Casagrande) e elétrico de corda vibrante. Em ambos
os casos, o valor de leitura fornecido é a cota piezométrica, que é a soma da carga de elevação mais a carga de
pressão no ponto de instalação. Ou seja, é fornecida a carga total no ponto de instalação, em relação ao nível do mar.

Stand pipe Elétrico de corda vibrante

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Célula de pressão total

A célula de pressão total é utilizada para


medida de pressões sobre estruturas de
concreto. Consiste de uma almofada plana,
metálica, que fica alojada no interior do maciço
e cujo o principio de funcionamento pode ser
elétrico, pneumático ou hidráulico. Pode ser
usada juntamente com a célula piezométrica,
para possibilitar a determinação da pressão
efetiva.

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de recalques
É um instrumento utilizado para a medição de recalque em maciços de terra. É constituído de várias placas ou anéis,
instalados no interior do maciço de solo, ao longo de uma mesma linha vertical. Cada placa ou anel é ligado a uma haste
vertical, cuja a extremidade superior chega a superfície do aterro, onde são feitas as leituras de nível.

Também são utilizados medidores de tubos telescópios, em que o tubo interno é chumbado na rocha e os demais fixados
em placas instaladas sobre o aterro, em níveis diferentes. Nas extremidades superiores dos tubos, medem – se as
diferenças entre os pontos de referência nelas existentes, por meio de uma escala gradua em milímetros, e calcula – se os
recalques de cada placa.

Marcos superficiais
Caixas suecas

Medidores magnéticos

Tassômetros

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de recalques

Marcos superficiais
O objetivo da instalação dos marcos superficiais é o
acompanhamento dos deslocamentos verticais e
horizontais do maciço em relação a uma referência
indeslocável. Os deslocamentos horizontais são medidos
através de colimações geodésicas, enquanto que os
deslocamentos verticais (recalque) serão medidos através
de nivelamento de precisão.
As leituras poderão ser feitas através de estação total
desde que o aparelho assegure precisão da ordem de
± 3 mm para distâncias da ordem de 400m. A equipe
de leitura deverá ser experiente e cuidadosa, para
permitir leituras com esta precisão.

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de recalques

Caixa sueca
A caixa Sueca, também conhecida como Medidor
Hidrostático de Recalque, permite o
monitoramento de recalques internos em
maciços em vários pontos no interior da
estrutura. O instrumento é instalado durante a
construção do aterro e funciona com princípio de
vasos comunicantes. As leituras são feitas em
painéis de leituras instalados do lado de fora da
estrutura.
A caixa sueca pode ser metálica ou de PVC.
Estes elementos são instalados em maciços de
enrocamento para medir os recalques. Este
elemento é conectado ao talude de jusante, por
meio de dois tubos, onde existe uma cabine de
leituras. Introduzindo –se agua nos tubos e
medindo –se o nível de água na cabina,
determina –se o nível da caixa e, assim, calcula
– se os recalques. Em uma mesma seção da
barragem podem ser instaladas diversas caixas,
ligadas a uma só cabine de leituras.

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de recalques

Medidores magnéticos
O medidor de recalque magnético é um instrumento de auscultação
constituído basicamente por um tubo guia, provido de luvas
telescópicas, um anel de referência e diversas placas de recalque
dotadas de orifício na posição central com ímã permanente tipo ferrite,
por onde passa o tubo guia, . As placas são instaladas em conjunto
com a subida do aterro (sendo substituídas por aranhas magnéticas
quando instaladas em furos de fundação).
As leituras são obtidas por um conjunto torpedo (sonda
eletromagnética), trena e alarme em superfície. A sonda, com a trena
afixada à mesma, é descida através do tubo interno até a posição de
um anel magnético. Nesse instante, o campo magnético local aciona
um contato no interior da sonda, fazendo soar o alarme em superfície.
Os recalques são obtidos pela
diferença entre as medidas obtidas
pela trena e pela distância fixa
entre o topo do tubo e a posição de
um anel magnético de referência,
instalado em profundidade e em
zona do terreno não passível de
deslocamentos

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Inclinômetro

O inclinômetro é destinado a
observação da inclinação de um
furo de sondagem em relação a
vertical. Para tal , são instalados
tubos de revestimento, de plástico
ou de alumínio, até abaixo da zona
susceptível de movimentação.
Os tubos que constituem o
inclinômetro possuem 4 ranhuras,
dispostas ortogonalmente, dentro
as quais são encaixadas roldanas
de um torpedo, que pode penetrar ,
com pequena folga dentro dos
tubos. As ranhuras são colocadas
nas direções em que se deseja
medir as inclinações. No interior do
torpedo, aloja –se um pêndulo ,
cujo o descolamento angular é
detectado por um sistema de
resistência elétricas.

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TIPOS DE INSTRUMENTOS Medidor de vazão

O medidor de vazão é utilizado para se obter o valor da vazão que percola através do sistema de drenagem da barragem e
de sua fundação, coletados por tubulações ou canaletas. O tipo mais comum que se utiliza é o medidor triangular
A vazão é determinada com a utilização da equação de regime de escoamento uniforme em condutos livres.

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PERIODICIDADE DAS LEITURAS

As leituras dos instrumentos devem ser iniciadas logo após a instalação. A periodicidade das leituras dependerá dos próprios
resultados e de sua variação, bem como dos fatores que sobre elas influem, tais como , velocidade de construção,
velocidade de enchimento do reservatório entre outros.

Sempre que houver variação significativa dos resultados ou


dos fatores que neles influem, deve –se reduzir o intervalo de
tempo entre as leituras.

Os dados devem ser processados após as leituras do instrumentos, utilizando as ferramentas existentes. É recomendado
que as leituras de poropressão com os dados de recalque.
É interessante observar para o caso da medição de vazão sempre ter dados pluviométricos pois estes podem influenciar
diretamente nas vazões.

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PERIODICIDADE DAS LEITURAS

Recomendação da ANA (2015) para realização das leituras


Periodo
Tipo de Observação Enchimento do Inicial de
Contrução Operação
reservatório Operação
Deslocamentos superficiais Mensal Semanal Mensal Semestral
Deslocamento internos ( verticais e
horizontais) Semanal Semanal Quinzenal Mensal
Deformação Semanal Semanal Semanal Mensal
Pressão total/ efetiva Semanal 2 Semanas Semanal Mensal
Poro - pressão Semanal 2 Semanas Semanal Quinzenal
Subpressão Semanal 3 Semanas Semanal Quinzenal
Nivel da água Semanal 3 Semanas Semanal Quinzenal
Vazão de Infiltração - Diárias 3 Semanas Semanal

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SEÇÃO INSTRUMENTADA BARRAGEM DE EMBORCAÇÃO,1985

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SEÇÃO INSTRUMENTADA BARRAGEM DE XINGÓ

SEÇÃO DO ZONEAMENTO

Souza et al, 2007


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SEÇÃO INSTRUMENTADA BARRAGEM DE XINGÓ

Planta de locação dos instrumentos

Souza et al, 2007


16/11/2016 Barragens 22
SEÇÃO INSTRUMENTADA BARRAGEM DE XINGÓ

Seções

Souza et al, 2007


16/11/2016 Barragens 23
SEÇÃO INSTRUMENTADA BARRAGEM DE XINGÓ

Seções

Souza et al, 2007


16/11/2016 Barragens 24
SEÇÃO INSTRUMENTADA BARRAGEM DE XINGÓ

Seções

Souza et al, 2007


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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA

Fatores como o valor da tensão normal Coeficiente de seguranças mínimos ( SUGERIDOS) para barragens de terra e de enrocamento
- U.S.Corps of Engineers
efetiva, as condições de drenagem , o
FS Envoltória de
histórico de tensões, a trajetória de tensões e Caso Condição de Projeto Observações
mínimo resistência
as condições do solo , estrutura e textura,
são fatores que influencia na resistência do Talude de montante
I Final de Construção 1,4 Q ou S
cisalhamento que interferem na estabilidade e de jusante
da barragem. Talude de
Rebaixamento do
Em uma barragem de terra, a influência das montante;
II reservatório a partir do 1,5 R,S
condições de drenagem e das trajetórias de Envoltória
NA máximo
tensões ( sequência de carregamentos) , composta
deve ser analisada em cada uma das Talude de
situações criticas do projeto que podem vir a Operação, com montante;
III 1,5 R,S
ocorrer ao longo da vida útil do projeto. reservatório parcial Envoltória
Existem três situações consideradas críticas. composta
Operação, com (R+S)/2 para Talude de
FASE CONSTRUTIVA IV reservatório no nível 1,5 R<S; S para montante;
máximo R>S Envoltória média
ESVAZIAMENTO RÁPIDO DO
Terremoto ( casos I, III e
RESERVATÓRIO Talude de montante
V IV) com carregamento - -
e de jusante
OPERAÇÃO DA BARRAGEM sismico
Q - Ensaio rápido; R - Adensado - rápido; S - Drenado

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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA FASE CONSTRUTIVA

HOMOGÊNEA ZONEADA

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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA FASE CONSTRUTIVA

As situações criticas podem ocorre em ambos os taludes, sendo que a jusante o


talude possui uma declividade maior. Essa situação de ruptura pode ocorrer
devido ao possível excesso de poropressão na base do talude e interior não
tenho tido tempo suficiente para se dissiparem.

Para obter essa envoltória de projeto, deve – se utilizar o ensaio de compressão


do tipo rápido (Q,UU), pois estes simulam as condições de ruptura não drenada,
ou seja quando não há excesso de pressão neutra.

Observação: Quando o solo de fundação for menos resistente que o solo do


maciço da barragem, deve –se prever que a superfície de ruptura atinja este solo,
normalmente frente esta situação os talude devem ser menos íngremes.

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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA FASE CONSTRUTIVA

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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA ESVAZIAMENTO RÁPIDO DO RESERVATÓRIO

Nesta situação, o talude critico ocorre a montante, pois com o processo de esvaziamento do reservatório passa a existir um
novo regime de fluxo que irá se estabelecer no interior do maciço da barragem. A cunha de ruptura possui uma força de
percolação que leva em conta as subpressões que atuam na sua superfície. Para esta situação devem ser realizados estudos
em softwares computacionais, pois o efeito deste esvaziamento pode ser mais desastroso e de difícil remediação. A envoltória
de resistência utilizada é a total.

Fonte:ICOLD,2011
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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA ESVAZIAMENTO RÁPIDO DO RESERVATÓRIO

RESERVATÓRIO OPERANDO

Fonte:ICOLD,2011
Perda de estabilidade devido ao rebaixamento rápido do
ESVAZIAMENTO RÁPIDO DO RESERVATÓRIO reservatório.

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ESTABILIDADE DE BARRAGEM DE TERRA OPERAÇÃO DA BARRAGEM

Quando a barragem já entrou


em operação, considera – se
que o fluxo de água já foi
estabelecido. O talude critico é
o de jusante , sabendo que a
montante o talude fica estável
devido as força de percolação
existentes.

O ensaio para se obter a


envoltória de resistência é o
de adensamento - rápido
(CU).

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REFERÊNCIAS
HACHICH, W. ET AL (ED.). FUNDAÇÕES, TEORIA E PRÁTICA. SÃO PAULO: PINI, 751P, 1998.

MASSAD, F. Escavações a céu aberto em solos tropicais. São Paulo, SP. Oficina de textos, 96p,2005.

MASSAD, F. Obras de terra – Curso básico de geotecnia . São Paulo, SP. Oficina de textos, 215p,2010

GERSCOVICH, D.M.S . Fluxo em solos saturados. Rio de Janeiro, RJ. Departamento de Estrutura e fundações.Faculdade de
Engenharia. Notas de Aula.169p, 2011.

GAIOTO. N. Introdução ao projeto de barragens de terra e de enrocamento. São Carlos, SP. EESC-USP. 126p. 2003.

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Obrigado pela atenção.

Perguntas?

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