Você está na página 1de 27

A CAPOEIRA NA ESCOLA: PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO FISICA

ESCOLAR – UMA ABORDAGEM TEORICA E PRATICA

José Eduardo Segala de Medeiros1


Luís Sérgio Peres2

RESUMO

A Capoeira, por suas características livres de expressividade corporal, atualmente


já é classificada como uma dança cultural, sendo utilizada por grande parte dos
professores a nível nacional. Assim, o presente estudo teve como objetivo a
necessidade de discutir, debater e refletir sobre conceitos metodológicos utilizados
pelos profissionais da área e o interesse em estabelecer parâmetros que tornem o
ensino da Educação Física Escolar, verdadeiramente justo e democrático. O
mesmo caracterizou-se do tipo descritivo exploratório. A amostra foi composta por
treze professores da rede estadual de ensino, participantes do Grupo de Trabalho
em Rede - GTR, onde se utilizou um questionário composto por treze perguntas,
versando sobre a pratica da Capoeira no contexto escolar. Os resultados obtidos
foram sobre a aplicação do plano de ensino da capoeira, pelos professores
participantes da rede, sendo aceito por toda a comunidade escolar, onde concluiu-
se que o conteúdo trabalhado é extremamente importante, não só pelo conjunto
de atividades motoras e culturais, mas como exemplo de respeito ao ensino da
técnica e à avaliação individualizada e qualitativa do desenvolvimento do
educando.

Palavras-chave: Metodologia. Prática Pedagógica. Capoeira.

ABSTRACT

The Capoeira, for its characteristics of free expression body, is currently classified
as a cultural dance, being used by a large proportion of teachers nationally. Thus,
this study aimed to the need to discuss, debate and reflect on methodological
concepts used by professionals in the area and interest in setting parameters that
make the teaching of Physical Education School, truly fair and democratic. The
same feature is the type descriptive exploratory. The sample consisted of thirteen
teachers from the state's education network, participants of the Working Network -
GTR, where he used a questionnaire composed of thirteen questions, deal with the
practice of Capoeira in the school. The results were on the implementation of
education of poultry, by faculty members of the network, being accepted by the
entire school community, where it was found that the content is working extremely

1
Professor Especialista Col. Est. João Maffei Rosa – Juranda, integrante PDE 2007.
2
Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon, Orientador –
PDE.
important, not only by the number of motor activities and cultural, but as an
example of respect for the teaching of technical and individualized assessment and
qualitative development of the learner.

INTRODUÇÃO

A Educação dentro um contexto escolar pensada para uma política de cunho


democrático deveria voltar-se a condições e oportunidades para todos. Assim
também, com a unidade da Educação Física, que faz parte de um contexto de
ciências pertencentes a uma mesma Base Nacional Comum, onde norteia os
conhecimentos necessários para formar um sujeito completo e reflexivo.
Neste contexto poderia pensar a Educação Física também como Educação.
Por essa razão, indaga-se se o encaminhamento metodológico dos profissionais
da educação física na propagação dos conteúdos da disciplina, são ou não
aplicados numa concepção que privilegia a todos, indistintamente de suas
habilidades naturais, respeitando às diferenças individuais.
Ainda, sendo um ensino que contemple a todos, com um universo cada vez
maior de atividades físicas e mobilidade humana, para ampliar o vocabulário
motor, se deve basear-se numa concepção extremamente técnica, onde se pode
ganhar, por um lado, “alunos/atletas, alunos/dançarinos”, em potencial e, por outro
lado, “alunos/pseudo qualquer coisa”, com sentimentos de frustração, fracasso e
discriminação, por não atingirem as mesmas metas daqueles mais habilidosos.
Portanto, a opção por esse tema, visa encontrar e reconhecer a real identidade
da Educação Física, no contexto educacional, através da pesquisa de diversos
autores, sobre as teorias estudadas e as práticas adotadas e aplicadas nas
escolas.
Os estudos desse projeto de pesquisa estão concentrados nas concepções
metodológicas do ensino da Educação Física, tendo como objeto específico, a
diferenciação entre a teoria estudada no meio acadêmico e a prática pedagógica
utilizada na escola.
Pretende-se questionar se existe, de fato, essa diferenciação e, assim sendo, o
porquê dela existir e como deveria ser o ensino da Educação Física Escolar.
CONTEXTUALIZAÇÕES DO TEMA

A partir da publicação da LDB (9394/96), a educação física foi regulamentada,


demonstrando assim, sua grande e real importância, não somente no contexto
educacional, como nas suas mais diversas áreas de atuação.
A importância do ser humano sobrepõe-se às dificuldades de execução do
trabalho docente, bem como a desvalorização do profissional da área e, mesmo
com novos avanços das tecnologias, o ambiente escolar pouco se modificou, pois
questões relacionadas à gênero, discriminação econômica, política e social, por
exemplo, ainda permeiam as aulas de educação física.
Além da relevância em se buscar a profissionalização na área da Educação
Física, é igualmente importante identificar os seus campos de atuação, através da
teorização de seus fundamentos, de acordo com Shigunov & Shigunov Neto
(2002. p 32).Teoria essa, que pudesse dar suporte à construção de novos
conceitos para a formação dos profissionais da área.
A discussão em torno de uma nova teoria geral para a Educação Física, passa
sempre sobre a perspectiva de duas abordagens: a primeira aborda o esporte
como campo de estudo disciplinar e é denominada por Bento (1994) e Sobral
(1992), apud Nascimento (2002), como Ciências do Esporte ou Ciência do Esporte
(Amádio, 1993; Gaya, 1994 a e b; Marques, 1990; apud Nascimento, 2002. p.34).
A segunda abordagem, tem como seu campo de estudo disciplinar, a atividade
física e o movimento humano (motricidade humana), chamada de Ciência do
Movimento Humano, por Arnold (1994), Coetzee (1994), Lawson & Morford
(1979), Newel (1990a, b, c), Renson (1990) e Teixeira (1993), apud Nascimento
(2002), ou ainda, segundo Cavalcanti (1996) e Sérgio (1987) apud Nascimento
(2002), Ciência da Motricidade Humana.
Essa discussão nos dá a dimensão da importância do presente trabalho, pois
nos remete diretamente à possibilidade de identificar em qual delas a educação
física pode ancorar suas bases conceituais e teóricas.
Há muito se critica a esportivização da Educação Física na escola e,
principalmente na década de 80, esse movimento se intensificou, tomando uma
forma de denúncia, através de trabalhos de diversos autores, com Valter Bracht e
João Paulo Medina, por exemplo.
Essa crítica/denúncia ocorreu devido à orientação metodológica que se
dava no ensino da Educação Física, com vistas a manter o status quo de uma
sociedade capitalista, exploradora e, portanto, dominante.
A principal crítica dizia respeito à iniciação esportiva nas séries iniciais – 1ª
à 4ª séries, a qual não tinha aprovação nem mesmo do MEC - em legislação
específica para a Educação Física, de 1980, devido às crianças, nessa faixa
etária, estarem em processo de maturação biológica e que, portanto, ainda não
reuniam condições motoras e psíquicas necessárias para tanto.
Essa crítica, porém, também era passível de outras críticas, pois apenas
apontava os aspectos negativos sem, no entanto, apresentar possíveis soluções.
Surgiu então, vinda do exterior, uma Educação Física que parecia atender
às necessidades de desenvolvimento das habilidades básicas naturais da criança,
sem envolvê-las num processo precoce de iniciação esportiva. Era a
psicomotricidade.

A finalidade da psicomotricidade era a de trabalhar o indivíduo integral, em


sua totalidade, sendo que seu processo de apreensão do conhecimento se dava
através do ensino pelo movimento. Esse método também sofreu algumas críticas,
como de Bracht (1992, p 27), que diz que o ensino pelo movimento apenas
instrumentaliza o mesmo para as “tarefas fundamentais da escola”.
A diferença das duas críticas (ou tendências), portanto, é que a primeira
apenas apontava a negatividade de seus aspectos, sem propor soluções e/ou
sugestões, enquanto que a segunda, apresentava uma nova perspectiva
metodológica para substituir aquela que era usada até então.
O processo de ensino da Educação Física passa, a partir dai, por diversas
fases e discussões, com lançamentos de várias bibliografias, as quais tratam de
metodologias e concepções teórico-práticas, para serem aplicadas nas escolas.
Mas, bem antes dessas críticas, o esporte já vinha se tornando o carro-
chefe da Educação Física Escolar, começando pelo período Pedagogicista e,
principalmente, pelo Competitivista, onde o esporte de alto nível encontra seu
espaço, com especial destaque e importância para o Estado, dentro da Escola. A
Educação Física passa a ficar, segundo Peres (2005, p. 58), “...reduzida a sua
forma de ensino pelo viés do desporto de rendimento”.
Durante este período a Educação Física tomou outros
aspectos como fatores importantes dentro da escola
sendo um deles, a seleção do atleta praticante de
esportes de alto nível. O esporte se tornou a matéria-
prima da Educação Física, meio por onde era possível
descobrir os talentos esportivos capazes de
representarem muito bem o país no exterior e trazer as
tão sonhadas medalhas olímpicas (PERES, 2005, p.
58).

Fica evidente, pela narrativa do autor, a concepção metodológica adotada,


a qual retrata o período histórico brasileiro compreendido entre o estado novo e o
golpe militar, que instituiu a ditadura militar no Brasil. Apesar de muito tempo ter
passado, ainda hoje, encontramos ecos dessa metodologia, em muitas escolas de
nosso país.
Para Hurtado (1983, p. 195), o ensino deveria partir sempre das
experiências e conhecimentos que o aluno trás consigo. Dessa forma, a distância
entre sua cultura e o conhecimento sistematizado a ser apreendido, não seria tão
grande, estimulando-o a se interessar em aprender.
Considera também, que cada aluno é um ser distinto, por isso deve ter suas
necessidades, interesses e aptidões respeitadas, para que possa desenvolver
toda sua potencialidade, sendo a Educação Física na escola, a disciplina que
reúne as melhores condições para esse desenvolvimento.
Podemos compreender com essas afirmações, que a verdadeira
metodologia, enquanto prática pedagógica deve levar em conta também esses
aspectos, ou seja, a totalidade dos fatos que interferem no processo de ensino,
para que se tenha uma educação justa, livre e democrática.

Metodologia do ensino é “o conjunto de procedimentos


didáticos, representados pelos seus métodos e
técnicas de ensino, que visam levar a bom termo a
ação didática, que é alcançar os objetivos do ensino e,
consequentemente, da educação, com o mínimo de
esforço do ensino e o máximo de rendimento.” (Nérici,
apud HURTADO, 1983. p.196).
A discussão metodológica entre teoria e prática pedagógica, se arrasta por
décadas e, o que temos visto ao longo dos anos, é uma grande multiplicidade de
concepções metodológicas, que fazem com que a Educação Física Escolar ainda
não tenha encontrado sua real definição, enquanto uma prática pedagógica, num
sistema educacional que também não sabe se quer formar cidadãos ou apenas
atletas.
Há que se pensar numa educação Física que questione essas posturas, que
quebre paradigmas, tomando atitudes mais críticas com relação a essas
realidades e, sem dúvidas, esse processo de mudanças deve passar por uma
grande reflexão junto à formação do profissional de Educação Física.
Essa reflexão, contudo, não significa que devamos abandonar, jogar fora o que
foi elaborado ao longo dos anos, pelo contrário, é com uma análise crítica dessas
posturas, que se vão construir novos conceitos. Não se pode esquecer que a
história de uma prática pedagógica é construída por fatos sociais, os quais formam
uma cultura, que por sua vez, não se modifica da noite para o dia, como mágica,
num estalar de dedos.

MATERIAL PEDAGÓGICO PRODUZIDO

A presente pesquisa produziu um material pedagógico para utilização pelos


professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, sobre o
conteúdo estruturante “Lutas”, mais especificamente, sobre o ensino da Capoeira
Escolar, nas aulas regulares de educação física, composto por um breve histórico
da Capoeira, como base de sustentação teórica para o estudo e análise da
realidade social do negro no Brasil, compreendendo toda sua trajetória, desde a
África, passando pelo período da escravidão, quando foi necessária a criação da
Capoeira e a formação de toda a cultura afro-brasileira, até os dias de hoje.
Também inclui um estudo sobre os elementos que justificam a inclusão da
capoeira na educação física escolar, propostas de atividades e pesquisa, entre
outros, como descrito a seguir.
Capoeira: Um Pouco de sua História
Luta, dança, jogo, manifestação cultural de um povo sofrido e injustiçado,
que teve seu direito à liberdade caçado pela cobiça e prepotência de uma
sociedade preconceituosa e desumana.
Os povos da África foram trazidos à força para o Brasil, com o objetivo de
serem escravizados e, portanto, trabalharem, produzirem riquezas sem serem
pagos pelos serviços prestados. Não bastasse a violência de terem suas famílias
sendo separada pela escravidão, também sua cultura tentou-se escravizar,
impondo-os novos conceitos de sociedade, religião, costumes alimentares,
vestuários entre outros. Para aqueles “indomáveis”, que não aceitavam a
escravidão, eram castigados violentamente, tanto de forma física como moral.
Alguns fugiam e eram caçados como animais pelos Capitães do Mato, os quais
eram bem armados.

Diante dessa nova situação, os africanos, advindos principalmente da


Nigéria e Angola, mantinham suas tradições e culturas através de atos
disfarçados. Seus rituais religiosos foram transformando-se lentamente em festas,
onde havia a possibilidade de tocarem seus batuques, orar em forma de dança
para seus deuses – orixás – que, diga-se de passagem, foram associados aos
santos católicos para serem adorados de maneira mais livre e aberta.

Como forma de se defender dos ataques dos Capitães do Mato surgiu


então entre os negros, uma luta disfarçada de dança, na qual os pés moviam-se
de forma rápida, com muita agilidade, descrevendo movimentos acrobáticos de
equilíbrio e força.

Essa “Dança” foi sendo difundida rapidamente, sendo praticada e treinada


nas senzalas das fazendas, enquanto isso, as fugas e revoltas dos negros
aumentaram, ao mesmo tempo em que foram se fortificando, se organizando e
vencendo os Capitães do Mato com o próprio corpo. Os senhores de engenho
percebendo isto, passaram a proibir o treino da capoeira entre os escravos. Estes
tiveram, então, a idéia de disfarçar a capoeira para que pudessem exercitá-la,
incluindo a música como uma encenação e a coreografia que hoje conhecemos
por dança afro, como a ginga da luta. Com isso, os escravos puderam se exercitar
até mesmo na frente de seus senhores sem que estes percebessem. Dessa
forma, a capoeira conseguiu sobreviver até a libertação dos escravos,
constituindo-se em peça de fundamental importância nas rebeliões negras.

Sua origem e denominação variam de acordo com literaturas da época,


sendo registradas em livros como o do Padre José de Anchieta (A Arte da Língua
Mais Usada na Costa do Brasil – 1595), onde é narrado que “os índios Tupi-
Guaranis divertiam-se jogando capoeira”. Guilherme de Almeida e Martin Afonso
de Souza (Silva – 1995), também registraram observações sobre o jogo da
capoeira entre os índios. Através dessas literaturas e de outros estudos da língua
indígena, chegou-se à origem da palavra capoeira, que, de acordo com Marinho
(Silva - 1995), vem do Tupi-Guarani “Caá + Puéra”, no qual Caá significa “mato” e
puéra do sufixo do pretérito nominal “que foi e já não é”, ou seja, a “mata extinta,
mato ralo, mato cortado”.

Além de ser praticada camufladamente nas fazendas, os escravos


utilizavam as clareiras das matas para treinarem essa luta, daí a denominação de
“Capoeira”, pois não era difícil de se ouvir falar que: “O negro fugiu para a
capoeira”, ou “Peguei os escravos vadiando na capoeira”. A associação dessas
frases com os movimentos que os brancos os viam executar, acabou por batizar
aquela manifestação, definitivamente como a conhecemos até hoje.

Muitos estudiosos pesquisaram e continuam pesquisando sobre a origem


da capoeira, preconizando e atribuindo sua criação como sendo genuinamente
brasileira, entre eles, um professor austríaco chamado Gerhard Kubic (Silva –
1995), o qual sempre estranhou o fato de ser chamada Capoeira de Angola, pois
não existe nada naquele País que se assemelhe ao fato. Waldeloir do Rego
(1968), afirma que a Capoeira foi criada no Brasil pelos negros africanos, posição
reforçada por Edson Carneiro (1936), que diz que “a Capoeira de Angola é assim
denominada porque era praticada pelos negros de Angola em seus rituais
místicos, utilizando inclusive instrumentos de percussão para embalar sua ginga e
seus saltos”. Câmara Cascudo registrou que os povos Banto-Congo-Angoleses
tinham em seus rituais, danças litúrgicas cujos ritmos eram semelhantes, sendo
transformadas depois em luta.

Após a libertação dos escravos, ocorreu a imigração de europeus para o


Brasil, o que levou os escravos a ficarem sem emprego. Para sobreviver, muitos
passaram a usar a capoeira para cometer crimes horrendos. Foi surgindo com
isso, os Maltas, que começaram a assaltar e a servir partidos políticos como cabos
eleitorais armados de facas, navalhas e porretes, no qual eram imbatíveis,
praticando desde as desordens até assassinatos políticos.

Devido a isso, a capoeira passou a ser mais perseguida e proibida pelo


Código Penal de 1890, tendo que sobreviver precariamente. Com a repressão da
prática da capoeira, outras lutas e artes marciais orientais ganharam espaço,
dentre as quais o jiu-jitsu, o judô, o karatê, o aikidô e o tae-kon-dô. Além daqueles
que usavam a capoeira de forma errada, havia também grandes mestres que
amavam a capoeira e foram estes que deram a sua continuidade. Dentre estes
mestres destacam-se o Mestre Pastinha e o Mestre Bimba. Este último, por volta
de 1932, fundou a primeira Academia de Ensino de Capoeira, dando-lhe com isso
maior ascensão social.

A Capoeira, ao longo de sua existência, foi encarada pela sociedade como


agressiva, violenta, marginal, praticada por ociosos e vagabundos. Essa rotulação
é histórica, como vimos no período da escravidão e pós-escravidão, perpetuando-
se pelo mau uso que alguns praticantes fizeram desta arte, em atitudes como do
personagem “Firmo” de O Cortiço (Aloísio de Azevedo), que para defender-se de
adversários e de seus rivais amorosos, colocava uma navalha entre os dedos do
pé e, a cada golpe de pernas, feria com cortes profundos os seus oponentes.

A historicidade da capoeira persiste, porém seus conceitos originais voltam


a ser discutidos e trabalhados de forma teórica e prática, nas Academias, Escolas
e Universidades, com o objetivo de resgatar e resguardar a importância cultural
desta manifestação, como parte importante de nossa história, mostrando aos
jovens e a sociedade em geral, toda uma filosofia centrada no equilíbrio físico,
mental e emocional, combatendo a violência e preconizando a paz e harmonia
entre os vários segmentos da sociedade, lembrando o que Marcos Vale disse: “...
o mesmo pé que dança o samba, se preciso, vai à luta capoeira...”, ou seja, o
grande mérito de quem conhece e domina a arte da capoeira está em não se
exibir e sim, utilizá-la com respeito, camaradagem e consciência, repetindo e
lembrando sempre seu juramento: “Mestre, eu juro aprender a Capoeira, somente
para a minha defesa pessoal e só fazer uso, quando a minha vida estiver em
jogo”, não deixando que maus exemplos contaminem e destruam esta página tão
sofrida e rica da História brasileira.

Pode-se dizer que a capoeira foi criada no Brasil e mesmo que seu
tratamento seja o folclore, coisa de povo, costume com trezentos anos de
existência, prática diária de resistência, repositório de tradições seculares, a
capoeira é, também, fator de transformação social, de conscientização pessoal,
sutil, questionadora e modificadora da estrutura política e econômica que
massacra os menos afortunados.

A Educação Física e a Capoeira na Escola

O desenvolvimento do educando é verificado através de seu


comportamento, de suas atitudes na sociedade e diante de si mesmo. É claro que
“o comportamento exterior, aquele que se pode observar, nem sempre reflete o
estado de espírito, o que se passa no interior do indivíduo, apesar de algumas
tendências considerarem que o homem exterior teria inspirado a criação do
homem interior” (Shigunov – 1991). De qualquer forma, o ambiente em que
vivemos colabora significativamente na mudança de comportamentos, sejam eles
internos ou externos.

A partir do momento em que há o interesse por determinada prática,


considerando-se aqui a capoeira, e esse interesse demonstra uma mudança de
atitudes e valores, segundo Shigunov (1991), através do domínio afetivo, que é
constituído pelos comportamentos observáveis nos diversos estágios emocionais,
o educando se colocará de maneira mais aberta, expressando mais livremente os
seus sentimentos.
Mais uma vez se constata a importância de utilizar o jogo da capoeira como
elemento viabilizador das intenções de socialização e desenvolvimento afetivo do
educando, transformando-o em protagonista de sua própria história e não em um
mero coadjuvante.

Isso quer dizer, que tudo o que se faz deve ter um sentido, um significado e,
em se tratando de educação e ainda, de Educação Física, não se pode ignorar o
fato de a aprendizagem levar em conta os aspectos motores, cognitivos e afetivo-
sociais do indivíduo, porém, trabalhados em conjunto, como um todo e não
fragmentados.

A Capoeira, inserida na Escola através dos pressupostos da Educação


Física, encaixa-se perfeitamente em todos os aspectos que a norteiam, pois, além
de ter um sentido para tudo o que é feito dentro de sua prática, ela também foi
concebida a partir de fundamentos que permitem esse desenvolvimento no
educando, daí a razão para Mestre Xaréu ser um grande defensor da capoeira na
escola, pois ele acredita na sua prática dentro de um sistema globalizado, aberto,
dinâmico, que estimule a criatividade, integrando-se com a proposta pedagógica
da escola.

Mestre Xaréu (Campos – 1996), diz ainda ser a capoeira, um método de


ginástica genuinamente brasileira, porém, para que a mesma não perca sua
identidade, deve-se trabalhá-la em suas diversas formas:

- Capoeira luta;
- Capoeira dança e arte;
- Capoeira folclore;
- Capoeira educação;
- Capoeira como lazer;
- Capoeira como filosofia de vida.
Para que o aluno possa vivenciar todo esse contexto da capoeira, o
professor deverá, no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, trabalhar a
seqüência dos fundamentos, o jogo, o toque dos instrumentos e o canto, como
forma de estimular, motivar e envolvê-los de uma forma mais natural com a
capoeira.

Santos apud Campos (1996), justifica a capoeira na escola de 1º grau (hoje,


Ensino Fundamental), pelo fato dela trazer certa ordem social para os alunos,
envolvendo os aspectos afetivos e emocionais, ordem cultural por trabalhar o
folclore historicamente construído, ordem econômica por não necessitar de
instalações especiais para sua prática e, finalmente, ordem pedagógica, pois
trabalha recreativamente, despertando o lado artístico e a criatividade, através da
expressão corporal.

Ainda defendendo a capoeira na Educação Física da Escola, Campos


(1996), ou, Mestre Xaréu, cita um trabalho científico do professor Evilázio de
Azevedo, da Academia de Polícia Militar de Salvador que, em 1973, realizou um
teste de Cooper com seus alunos, obtendo significativos resultados. Submeteu
seus alunos a um treinamento somente de capoeira durante sete semanas. Após
este período, realizou novos testes e concluiu:

“... podemos afirmar que, efetivamente, atingimos nosso


objetivo que era o de comprovar que a capoeira é realmente,
um excelente meio de desenvolver a aptidão física geral de
seus praticantes...”(CAMPOS, 1996, pág30).

Contextualizando a Capoeira

Desde sua criação, a capoeira tem atravessado por fases distintas, sendo
definida como dança, luta, jogo, manifestação místico-religiosa, sempre atendendo
a propósitos definidos, ora por seus praticantes, ora pela ideologia da classe
dominante do período vivido, a qual sempre teve por objetivo a manutenção e a
conquista do poder.

Desde que surgiu como forma de repressão aos brancos pela escravidão,
passando pela marginalidade dos guarda-costas políticos e eleitorais do final do
século XIX, pela obscuridade dos “leões de chácara” dos cassinos e cabarés do
Rio de Janeiro, os quais se fundem com a própria história da malandragem
carioca do início do século XX, até chegar às academias, escolas e Universidades
dos dias de hoje, é que se busca mostrar a importância de sua prática, como
riqueza histórico-cultural de um país que, apesar de formado por uma grande e
diversificada mistura de raças, possui em suas raízes, traços fortes da cultura
negra africana.

Assim como a Educação Física Escolar brasileira busca a cada dia


repensar sua atuação, para transformar sua fundamentação teórica e filosófica em
uma prática científico-pedagógica, com o objetivo de encontrar definitivamente a
sua verdadeira identidade, este trabalho também objetiva re-estudar a prática da
capoeira, encontrando para ela, o espaço que merece como riqueza cultural e de
expressão humana.

Pretende-se então, democratizar este conhecimento através da difusão da


capoeira dentro da escola, como prática regular da Educação Física, dentro de
uma metodologia que propicie aos educandos de todas as faixas etárias, classes
sociais, credos religiosos e etnias, uma maior e melhor integração, objetivando
uma redução nas distâncias sócio-culturais institucionalizadas por essa sociedade
capitalista e injusta em que vivemos.

Quer-se demonstrar então, que é possível melhorar o desenvolvimento


afetivo, cognitivo e motor do educando, através do jogo/dança da capoeira, assim
como a contextualização de sua história e de seus fundamentos.

Perspectiva Interdisciplinar

Santos e Oliveira (2001), abordam a importância da inclusão da capoeira na


Educação Física Escolar, expondo os vários aspectos que justificam essa
inclusão, como por exemplo: a origem afro-brasileira e toda a sua expressão
cultural; o seu surgimento através de uma luta de classes; o combate a códigos
culturais dominantes, entre outros.

Outros aspectos apresentados são as múltiplas formas que a capoeira pode


ser explorada, ou seja, como forma de luta, dança, jogo, arte, esporte, educação,
lazer e o folclore, sempre trabalhando interdisciplinarmente, integrando-se com as
outras disciplinas incluídas na proposta pedagógica da escola.
Como parte integrante no processo de inclusão da Capoeira na Escola, até
mesmo para atender ao disposto na Lei nº 10.639/2003, sobre o ensino da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira” nas escolas públicas e particulares do
Brasil, faz-se necessária uma conduta interdisciplinar da Educação Física, com as
demais áreas do conhecimento, como por exemplo, a disciplina de História, pois é
de sua competência os estudos e análises de todo o contexto social, político,
econômico da vida dos povos africanos; a Geografia, pela importância em se
conhecer sobre as regiões de origem na África e os destinos a que foram levados
aqui no Brasil; a disciplina de Artes, pois, dentre tantos itens, podemos conhecer
melhor sobre a música, indumentária cotidiana, artesanato; a Biologia, que nos
proporciona estudos sobre as características físicas e biológicas dos africanos; a
Língua Portuguesa também é fundamental, pois possibilita uma melhor
contextualização sobre o tema.
Esses são apenas alguns exemplos de como podemos explorar um tema
tão vasto e rico de nossa cultura. Outras sugestões serão sempre bem-vindas,
pois, o mais importante de tudo, é darmos a possibilidade aos nossos alunos, de
terem acesso a toda a forma de conhecimento, principalmente quando este, está
intimamente ligado a sua história, a sua cultura.

Atividades para Investigação

A Capoeira, por tudo o que significa, poderia ser trabalhada, a nível escolar,
até mesmo como uma disciplina, tamanha sua riqueza, em termos de história,
cultura, arte, folclore, motricidade humana, entre outros.
Por essa razão, sugerimos aos professores, a ampliação desses
conhecimentos, através da busca por mais informações, tais como:

1 – Em relação aos povos africanos, trazidos ao Brasil para serem escravizados,


eram habitantes de tribos, comunidades rurais, cidades?
2 – E a classe social desses povos? Como viviam?
3 – Como era ensinada a Capoeira, antes de Mestre Bimba sistematizar uma
metodologia para esse fim?
4 – O que dizem os Psicólogos, Pedagogos, Educadores, a respeito da influência
da Capoeira inserida regularmente na Escola, com relação à aprendizagem,
comportamento e socialização?
Proposta de Atividades

A metodologia de ensino preconizada por Mestre Bimba, coloca esse


processo organizado, a partir de uma seqüência, que combina golpes de ataque
com golpes de defesa.
Partindo desse pressuposto, gostaria de propor uma pequena seqüência,
simples e básica, para quem desejar iniciar com o Ensino da Capoeira na Escola.

Atividade 1: Fundamentos Básicos da Capoeira


1 - Ginga: Principal Fundamento; é a alma da Capoeira; sem aprender a ginga,
não há jogo.
- Exercícios:
a. Demonstrar qual letra é descrita no solo ( X ), com os pés, quando executamos
a ginga.
b. Espelho: dois a dois, frente a frente.
2 - Cocorinhas: Movimento básico de defesa.
- Exercícios:
a. Agachado, planta dos pés totalmente em contato com o solo; apoiar as mãos no
solo entre as pernas e por fora; alternar.
b. Idem, apoiando uma das mãos no solo ao lado do corpo e a outra, protegendo o
rosto;
3- Exercícios Combinados: Repetir os movimentos da Ginga e do cocorinhas,
juntos, para memorização;
4- Aú: Movimento acrobático bastante conhecido. Assemelha-se à roda (estrela)
da ginástica de solo.
- Exercícios:
a. Apóiam-se as duas mãos no solo, lateralmente, elevando as pernas para cima.
Um colega limita, com as mãos, a altura em que as pernas são elevadas. Executar
para os dois lados.
b. Idem, sem o colega auxiliando.
5- Exercícios Combinados: Repetir os exercícios do item 3, acrescentando o Aú.
6- Meia-Lua de Frente: Movimento de ataque caracterizado pelo lançamento da
perna, por sobre o oponente, descrevendo um giro, no sentido de fora para dentro.
- Exercícios:
a. Posição inicial da ginga; realizar com a perna posicionada atrás, um giro de
180º à frente do corpo, no sentido de fora para dentro;
b. Idem, com a outra perna;
c. Idem, chutar a mão do colega.
7- Exercícios Combinados:
- Ginga/Aú/Meia-Lua de Frente /Cocorinhas (individual; dois a dois)
8 – Queixada: Movimento de ataque caracterizado pelo lançamento da perna, por
sobre o oponente, descrevendo um giro, no sentido de dentro para fora.
- Exercícios:
a. Perna esquerda à frente e direita atrás; perna direita lançada à frente e ao alto,
descrevendo um círculo de dentro para fora, voltando à posição inicial. Repetir
várias vezes, com ambas as pernas.
a. Idem ao exercício anterior, incluindo agora, a ginga.
9 – Exercícios Combinados:
- Ginga/Aú/Meia-lua de Frente/Cocorinhas/Queixada/Cocorinhas
- Ginga/Aú/Meia-lua de Frente/Queixada/Cocorinhas
10 – Bênção: Movimento de ataque, onde o capoeira lança seu pé de encontro ao
seu oponente, num movimento de flexo-extensão da perna, com o pé em flexão,
como se quisesse mostrar a sola, para o companheiro de jogo.
11 – Exercícios Combinados:
- Ginga/Aú/Ginga/Bênção (individual)
12 – Cadeirinha: Movimento de defesa,onde o capoeira se agacha, mantendo-se
apoiado na planta dos pés, juntando suas mãos à frente do rosto, palma com
palma, porém com um pequeno afastamento, descrevendo a figura da letra “U”.
13 – Exercícios Combinados:
- Ginga/Bênção/Cadeirinha (individual; dois a dois)
- Ginga/Aú/Bênção/Cadeirinha (dois a dois)
- Ginga/Aú/Meia-lua de
Frente/Cocorinhas/Queixada/Cocorinhas/Bênção/Cadeirinha

Atividade 2: Pesquisa e Descoberta


1 – Propor aos alunos que descubram outros golpes, tanto de ataque como de
defesa, para serem trabalhados;
2 – Indicar pesquisa aos alunos, sobre a música de Capoeira; como são as
melodias e o que dizem as letras;
3 – Após a pesquisa sobre música, indicar aos alunos, de forma individual, em
duplas ou em trios, que componham suas músicas, de acordo com temas
referentes à Capoeira.
.
Atividade 3: O Ensino da Técnica e a Avaliação
1 – O ensino da técnica de cada um dos movimentos da Capoeira, deve ser
preservado, de acordo com sua origem, até mesmo em respeito ao contexto em
que foram criados.
2 – Quanto à avaliação, a proposta é que a mesma seja flexível o suficiente,
porém, sem descaracterização dos movimentos, mas, dando liberdade para que
os alunos possam se expressar, de acordo com a leitura que cada um fez daquilo
que aprendeu. A criatividade e a improvisação são fundamentais na Capoeira.

APLICAÇÃO DO PLANO DE ENSINO (ainda por transcrever)

Os resultados obtidos pelos professores, na aplicação do projeto em suas


escolas, no que diz respeito à aceitação por parte do aluno, do corpo docente da
escola e da comunidade em geral, foram extremamente positivos. Os aspectos
negativos ficaram por conta da falta de experiência e de conhecimentos sobre o
tema, o que gerou alguma insegurança, porém, todos ultrapassaram seus
obstáculos, gerando relatos que vão desde a formação acadêmica, metodologias,
técnicas e estratégias de ensino, os quais destaco em suas narrativas originais,
resguardando as identidades de cada profissional participante, representados
aqui, por letras. O professor “M”, diz que “Em minha vida profissional, apenas
recentemente acrescentei o conteúdo Lutas em meus planejamentos. Entendo
que a dificuldade que sinto tem origem em falhas ocorridas na minha formação
acadêmica que tratou do assunto de maneira superficial e resumida (as
discussões e apresentações sobre o assunto não passaram de 1 mês).
Para atender ao tema, aos poucos fui agregando jogos com um caráter mais
combativo como por exemplo "cabo de guerra", "briga de galo", entre outras
dinâmicas de contato, que utilizam esquivas, giros rápidos, perda e recuperação
do equilíbrio corporal, movimentos de explosão muscular, entre outros, mas sem
trabalhar alguma tipo específico de arte marcial. Além dessa movimentação
diferenciada, a capoeira , assim como as outras lutas, são contempladas em sala
de aula, por meio de textos e imagens que ilustram movimentos específicos.
Entendo que as vivências sobre esses temas seriam mais completas com a
experimentação dos movimentos de cada luta, incluindo a capoeira, mas
reconheço que me falta uma vivência corporal mais direcionada para isso. Por
outro lado, tento compensar essas limitações oferecendo uma combinação com
outros movimentos gerando uma nova “coreografia” de luta.” A professora “Z”, já
havia trabalhado anteriormente com a capoeira e expôs sua experiência, dizendo
“...realizei trabalhos com a capoeira e os resultados vejo até o presente, pois
ainda tenho alunos que ainda praticam esse esporte com muito orgulho do que
aprendeu, a minha cidade é muito pequena com apenas 4.800 habitantes e em
todas as datas comemorativas é apresentada a capoeira, e sinto-me orgulhosa
disso. Recomecei o trabalho com os alunos do ensino médio; utilizei a sua
metodologia que se assemelha com a que antes trabalhava, hoje temos um toque
de tecnologia ao alcance de quase todos por intermédio da escola e isso favorece
no momento da pesquisa, então como já foi exposto, estou retomando as
metodologias anteriores e acrescentado as suas idéias, com o objetivo de
despertar o interesse pela história e pela prática.” A professora “G”, além de
demonstrar sua experiência, também relatou sua metodologia, com alunos de 5ª
série: “Levei 3 aulas, pois só dei uma noção da capoeira. Na primeira aula contei
um pouco da história da capoeira e coloquei algumas músicas de capoeira (o cd,
como o berimbau, o atabaque, o caxixi eu trouxe da Bahia em uma viagem que fiz)
e mostrei os objetos. Na segunda aula, comecei a ginga. No 1º momento, trabalhei
um pega-pega simples, sempre utilizando as músicas da capoeira de fundo.
Depois demonstrei a ginga e fizemos todos juntos. Fiz uma atividade onde todos
deveriam se movimentar pelo local e, ao sinal da música deveriam parar e gingar
no lugar. No 2º momento, coloquei os alunos de dois em dois e pedi para fazerem
a ginga. E para finalizar a aula fiz a roda e jogamos a capoeira só com a ginga. Na
terceira aula, o objetivo era o movimento da cocorinha e meia lua de frente. Nessa
aula tive auxílio de alguns alunos que fazem aula de capoeira. Primeiro comecei
com o pega-pega onde os alunos que fossem pegos precisavam agachar e para
serem salvos, um colega precisava passar a perna por cima da sua cabeça
(exercício já pensando nos movimentos a serem aprendidos). Depois com a
demonstração dos alunos fizemos o movimento da cocorinha e em seguida o da
meia lua. Fizemos a ginga, cocorinha e meia lua em dupla e no final fizemos a
roda para executarmos os movimentos. Fiquei um pouco insegura, mas acredito
que foi uma experiência válida e os alunos participaram e gostaram.” A professora
“E” foi mais sucinta em seu relato, citando que “Foram feitas várias aulas com
mestres de capoeira e o rendimento foi excelente! Porém, sem a ajuda dos
mesmos acredito que seria difícil o trabalho com esses alunos! Através desta
experiência, percebi que é possível trabalhar com o conteúdo lutas na escola,
contudo com profissionais capacitados e experientes! Quanto à professora “C”,
além de elogiar o OAC produzido, como um dos materiais mais completos que já
havia visto, destaca que “O tema me desperta a atenção, pois a capoeira além de
toda história que possui, de tudo o que representa para nós brasileiros, é também
um assunto que desperta o interesse dos alunos, logo, uma brecha para
introduzirmos. Confesso também que tenho dificuldade em trabalhar a prática da
capoeira com os alunos, e após a leitura do seu OAC muitas idéias me surgiram,
vamos ver se colocamo-nas em prática...” O professor “F” inicia seu relato,
dizendo “ minha experiência foi com o 1º ano do EM, 2 aulas trabalhamos a
história da capoeira, 2 aulas trabalhei com algumas letras de músicas, formamos
grupos e cada grupo compôs a sua música, cantando para a turma, nas outras
aulas começamos a parte prática, ginga, instrumentos, golpes, roda, 2 aulas para
praticarem, somente com o som de cd. Já nas 2 aulas seguintes as duplas que
foram formadas na aula anterior, começavam a aula demonstrando a seqüência
de golpes ensaiados por eles durante a semana; para finalizar o conteúdo, na
semana seguinte todos deveriam participar da grande roda, entrando primeiro as
duplas, em seguida ficava livre. Toda aula tinha uma avaliação no final,
diagnóstica e contínua, sendo 2 pontos por aula, participação envolvimento,
pratica... este conteúdo foi desenvolvido em um bimestre...” A professora “H” foi
bastante sincera com relação a sua realidade, citando “primeiramente gostaria de
reafirmar que achei interessante sua proposta. Quanto a se colocar em prática em
nossas aulas , gostaria de dizer que trabalho com o ensino fundamental (5ª e 6ª
séries), vejo que sua proposta é feita em cima do ensino médio. No entanto por
ser uma atividade que tem suas origens culturais afrodescendentes e que hoje faz
parte das propostas a serem trabalhadas já no ensino fundamental, considero que
o assunto possa ser trabalhado já nestas séries em função dos conhecimentos
que tenho e dos que obtive com sua colaboração e dos previstos no planejamento,
usando a seguinte metodologia: Passar um breve histórico com explicações para
os alunos (utilizando xerox ou folhas mimeografadas, ou ainda utilizando-se do
quadro de giz, 01 aula teórica); Verificar se existe algum aluno das minhas turmas
que jogam capoeira e pedir para que demonstrem em uma aula prática; Verificar
com estes alunos que jogam capoeira, se existem alguns movimentos que os
outros possam imitá-los com segurança dentro de suas possibilidades, e que
possam ser realizados; Com a ajuda dos praticantes, fazer uma aula prática com
os demais alunos.” Em mais um relato interessante, a professora “R” diz que,
“Primeiramente, solicitamos aos alunos uma pesquisa sobre os aspectos gerais da
capoeira. Em seguida, fizemos com cada turma uma discussão e algumas
abordagens sobre o tema, momento em que os alunos tiveram oportunidade de
expor seu aprendizado e suas experiências práticas sobre o mesmo. Como não
tínhamos conhecimento prático sobre o tema, solicitamos aos alunos que já
haviam praticado capoeira que demonstrassem na prática seus conhecimentos. A
partir dos conhecimentos trazidos pelos alunos, nós professores fomos
direcionando, juntamente com os alunos os movimentos e as etapas da capoeira.
Através da motivação dos alunos, os mesmos, trouxeram instrumentos para as
aulas e participaram da roda, do ritmo e dos golpes de forma espontânea de
acordo com o conhecimento e a habilidade de cada aluno. Na finalização do
projeto convidamos um grupo de capoeiristas que fizeram uma apresentação e em
seguida eles convidaram os alunos para interagirem com o grupo. Como em todas
as modalidades encontramos alunos que fizeram resistência em relação a alguns
movimentos e golpes propostos.” O relato da professora “J”, diz o seguinte: “Bom,
o conteúdo foi dado teoricamente, comentado.Os alunos pesquisaram também
sobre o tema proposto.Na prática fizemos uma roda, e também comentamos e
debatemos na roda para melhor interação com os demais. Foram demonstrados
movimentos básicos e gingado na roda, com duplas, cada um que tinha mais
habilidade pegava um aluno com mais dificuldade. E assim foi se desenrolando e
os alunos se soltaram, outros não queriam de jeito nenhum, mais no final,
tentaram para experimentar. No final teve apresentação do grupo convidado. Foi
legal e aproveitador!!!”

Durante o transcorrer da aplicação do plano, outros relatos também foram


surgindo, inclusive de professores que ainda não haviam iniciado a aplicação
devido a insegurança pela falta de domínio prático dos conteúdos, mas que a idéia
tinha tido boa aceitação pela escola e que estariam se preparando melhor,
montando projetos para por em prática as atividades propostas.

ANÁLISE DA PESQUISA

O questionário proposto pela pesquisa visou levantar dados sobre a


metodologia de trabalho dos professores da rede pública estadual de ensino, em
seus diversos aspectos, como plano de aula, métodos e estratégias, avaliação,
motivação, entre outros. Os relatos são aqui apresentados, de forma qualitativa,
sintetizando as respostas apresentadas pelos pesquisados.

QUESTIONÁRIO
1 – Como é o seu planejamento de aula (diário, semanal, mensal, bimestral...)?
- Todos os entrevistados responderam como sendo anual o planejamento
principal, porém, com revisões bimestrais, ajustes por semana e até mesmo
diariamente, de acordo com a resposta dos alunos.

2 – Como é dividida a aula?


- Com relação à parte técnica, todos os entrevistados respeitam a seqüência de
aquecimento, parte principal e relaxamento, sendo também consenso, discussões
e debates sobre o conteúdo das aulas e seus objetivos. Isso pode ocorrer no
início, no final de cada aula, ou até mesmo, na aula seguinte.

3 – Como são dadas as orientações a respeito dos conteúdos?


- As orientações são dadas através da teorização dos conteúdos, de sondagens,
explanações do professor e troca de experiências com os alunos, antes do início
da prática. As dúvidas são sanadas durante as práticas.

4 – O professor aceita e/ou pede a opinião aos alunos antes ou durante a


atividade?
- A resposta a essa questão foi unânime: Sim! A participação dos alunos é muito
importante, em todos os momentos da aula, principalmente na troca de
experiências entre os mesmos.

5 – Existe um momento de discussão a respeito do conteúdo abordado na aula?


- A opinião dos professores também é unânime no que diz respeito à importância
da participação do aluno em questionamentos, sugestões e críticas, independente
do momento em que a aula esteja, ou seja, sempre que for necessário.

6 – Como age com aqueles alunos que não querem fazer aula?
- Em geral os professores conscientizam os alunos sobre a importância da prática,
estimulando-os a participarem, inclusive com atividades alternativas. Nos casos
em que o aluno se recusa a participar, é cobrado trabalho ou relatório e, por
vezes, descontada a nota da prática.
7 – Que metodologia (s) utiliza na aplicação dos conteúdos? Por quê?
- Quanto à metodologia utilizada para a aplicação dos conteúdos, verificou-se
certa confusão conceitual por parte dos professores pesquisados, pois as
respostas foram as mais variadas possíveis, indicando tendências, conteúdos e
estratégias, como metodologia. Assim sendo, para uma melhor compreensão das
respostas, tornou-se necessário uma mudança de critérios para análise, sendo:

- Metodologia enquanto Tendências: resposta de cinco (05) professores, citando


as tendências Crítico-superadora, histórico-crítica, inclusiva e conceitual;
- Metodologia enquanto Conteúdos: duas (02) respostas, explicitando a variação
de conteúdos numa mesma aula: esportes, dança, xadrez, entre outros;
- Metodologia enquanto Estratégias: Seis (06) professores indicaram essa
resposta, exemplificando aulas com vídeos, nas salas, apostilas, palestras,
excursões e visitas.

8 – Há diferenciação de metodologia, de acordo com o conteúdo trabalhado? Por


quê?
- A visão do professor nessa questão, também sofre certa distorção, pois as
respostas, em sua maioria, atrelam a metodologia à socialização e principalmente
aos conteúdos, demonstrando, mais uma vez, deficiências conceituais.
- Sim, há diferenciação - 10 respostas;
- Por que? - Conteúdos são diferentes - 08
- Socialização, estímulo e prazer - 02
- Não há diferenciação - 03
- Por que? - Mesma Metodologia - 03

9 – Nas estratégias metodológicas utilizadas, como fica o ensino da técnica?


- Todas as respostas indicam a importância da técnica, pois a mesma faz parte
dos conteúdos, porém, numa visão geral da maioria dos professores, indicam um
valor secundário no ensino da mesma, utilizando-se de jogos pré-desportivos e
recreativos, por exemplo, para sua aplicação. Quando é considerada foco principal
da aprendizagem, é feita de forma gradativa, de acordo com a faixa etária e o
desenvolvimento natural do aluno.

- Não ensinam técnica - 02


- Ensino gradativo da técnica - 03
- Ensino da técnica não é foco principal - 08

10 – Quais as formas de avaliação utilizadas? Por quê?


- A avaliação, enquanto técnica, teve maioria das respostas associada apenas à
execução prática e teórica dos conteúdos, citando o desenvolvimento motor,
participação, responsabilidade quanto a trabalhos, pesquisas e vistos no caderno,
acreditando que, dessa forma, oferecem as mesmas oportunidades a todos os
alunos, indistintamente de suas habilidades.
Enquanto método, alguns poucos professores citaram a avaliação contínua (04) e
a avaliação diagnóstica (02), independente de serem práticas e/ou teóricas,
apontando ser mais importante, no primeiro caso, o desenvolvimento integral
(global), do educando e, no segundo caso, compreender quais as aquisições que
o aluno teve durante o período avaliado.
Consenso nas respostas foi a preocupação em oportunizar formas e técnicas
diferentes de avaliação, com o objetivo de respeitar as individualidades e
capacidades de cada aluno.

11 – O que quer avaliar?


- As respostas, numa comparação entre Aluno X Professor, revelaram como maior
preocupação e foco da avaliação (09), somente o aluno, sendo citada a avaliação
também do professor, apenas em duas respostas. Dois professores não
responderam a essa questão.
Quanto ao conteúdo, a maior relevância dos professores à avaliação, fica por
conta da aquisição do conhecimento, expresso sob diversas formas, valorizando
não somente a prática, mas as demais formas de produção do conhecimento
pelos alunos. Outras respostas significativas dizem respeito ao desenvolvimento
do aluno nos aspectos de participação, interesse, responsabilidade e
sociabilização.

Avaliação enquanto conteúdo:


- Participação/responsabilidade/interesse - 03
- Conhecimento (adquirido ou não) - 06
- Sociabilização - 02
- Sem resposta - 02

12 – E a técnica, como é avaliada?


- Em geral a técnica não é avaliada, pois os professores não acreditam ser
importante. Têm a visão de que nas aulas de Ed. Física todos os alunos tem o
direito de participação, sem ser discriminados pela sua performance. A técnica
não é muito relevante na avaliação, e sim o entendimento de como é feita; por
exemplo, se o aluno não tem a técnica dos exercícios, mas sabe descrever como
é feito, então esse aluno aprendeu o conteúdo. Quando a técnica é avaliada,
ocorre na participação e desempenho dos alunos nas atividades, na ludicidade e
na coletividade.

13 – Sente-se estimulado a planejar e aplicar suas aulas? Se não, por quê?


- Com relação ao estímulo, os professores foram unânimes em responder que sim,
pois gostam e acreditam na educação física como meio pedagógico de formação
do ser humano e transformação do meio social, assim como também, nos
aspectos que, por vezes, os deixam desestimulados, ou seja, a falta de espaço
físico nas escolas, falta de materiais, horários de dois ou mais colegas que se
chocam, limitando os espaços de atuação, entre outros.

Fonte: Adaptações de: José Ângelo Garíglio – 2004


Antônio Marcos Diniz - 2007

CONCLUSÃO

Mais importante que discutir o ensino dos esportes e sua técnica ou não, na
educação física escolar, é compreender que o mesmo faz parte dos conteúdos da
disciplina e que, é através dele e das demais formas de movimento humano, que a
educação física se utiliza para atingir seus objetivos, ou seja, o de levar ao ser
humano o conhecimento teórico e prático de suas capacidades, possibilidades e
limitações, para torná-los cidadãos reflexivos diante de uma situação social que
possa vir a prejudicar os vários aspectos que envolvem sua qualidade de vida.
Trabalhar com o ensino dos esportes e suas técnicas e regras, não pode
ser confundido como esportivização, pois, se assim for, não se poderá trabalhar,
por exemplo, com o ensino das danças e lutas com suas respectivas técnicas, que
estaremos transformando a educação física numa atividade jazistica ou pugilista e
teríamos aulas como se estivéssemos em uma academia de dança ou de lutas, ao
invés de uma escola. Seria uma forma reducionista e demasiadamente
equivocada de conceituar os preceitos que regem nossa prática pedagógica
escolar.
Toda forma de movimento humano, cientificamente pesquisada ou não,
pode ser objeto de estudo e prática da educação física, sobretudo a escolar, pois
assim poderemos interligar e interagir melhor com a realidade de nossos alunos,
diminuindo distâncias sociais e aproximando os conhecimentos científicos e
acadêmicos, da cultura popular da comunidade a qual se pertence.
Quanto ao ensino da técnica, este pode e deve ser preservado, pois não
podemos privar nossos alunos do correto conhecimento sistematizado, porém,
vale ressaltar, a variação deste ensino de acordo com os objetivos propostos, as
técnicas de ensino e, principalmente, a metodologia utilizada para tal.
Quanto ao processo avaliativo, a técnica ensinada deve ser considerada
como parte de um todo, pois se for analisada de forma isolada e específica, corre-
se o risco de estar avaliando a performance, o desenvolvimento do gesto técnico
como nas sessões de treinamento desportivo. A avaliação como um todo,
possibilita as mesmas oportunidades de acesso e domínio do conhecimento, seja
ele teórico ou prático, respeitando-se as possibilidades e limitações dos alunos, os
quais irão de fato se apropriar desse conhecimento, através da leitura e
interpretação que faz dos mesmos.

REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS

1 – BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:
MEC/SEF, 1997. 96 p.
2 – BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília:
MEC/SEF, 1998. 114 p.
3 – CAMPOS, Hélio (Mestre Xaréu). – Capoeira na Escola – Salvador: Presscolor,
1990.
4 – CAMPOS, Hélio J. B. C. (Mestre Xaréu). – Capoeira na escola – Sprint
Magazine. RJ: nº 86 – setembro/outubro – 1996.
5 – CAMPOS, Hélio J. B. C. (Mestre Xaréu). – Capoeira: A Seqüência de Mestre
Bimba: Um Jogo de Ensino-Aprendizagem – Sprint Magazine. RJ: nº 98 –
setembro/outubro – 1998.
6 – CAPOEIRA, Nestor. – Capoeira: Pequeno Manual do Jogador – 4ª edição –
RJ: Record, 1998. 238 p.
7 – CARNEIRO, Edson. – Religiões Negras nº 7. Biblioteca de Divulgação
Científica, Editora Civilização Brasileira S.A., 1936.
8 – FALCÃO, José L. C. – A Escolarização da Capoeira – Brasília: ASEFE – Royal
Court, 1996. 153 p.
9 – HURTADO, Johann G. G. Melcherts. O Ensino da Educação Física: uma
abordagem didática. – Curitiba: Educa/Editer, 1983.
10 – KUNZ, Elenor. Transformação Didático-Pedagógica do Esporte. 6ª edição. –
Ijuí: Ed. Unijuí, 2004.
11 – LUSSAC, Ricardo M. P. – Estudo da Metodologia do Ensino da Capoeira –
Sprint Magazine – RJ: nº 84 – maio/junho – 1996.
12 – MARINHO, Inezil P. – A Ginástica Brasileira – Brasília: Transbrasil, 1981.
13 – MARINHO, Inezil P. - Capoeira Nasceu no Brasil. Muzenza, Curitiba, n. 7,
dez. 1995.
14 – Mestre Burguês. Histórico da Capoeira. Muzenza, Curitiba, n. 3, jun/jul. 1995.
15 – Metodologia do Ensino da Educação Física/Coletivo de Autores. – São Paulo:
Cortez, 1992. – (Coleção magistério. 2º grau. Série formação do professor).
16 – MOLINA NETO, Vicente e TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva (org.). A
Pesquisa Qualitativa na Educação Física: Alternativas Metodológicas. 2ª edição. –
Porto Alegre: Editora da UFRGS/Sulina, 2004.
17 – NASCIMENTO, Juarez Vieira do. – Formação Profissional em Educação
Física: contextos de desenvolvimento curricular. – Montes Claros: Ed. Unimontes,
2002.
18 – Nova Enciclopédia Barsa. – São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil
Publicações, 1998. Vários Colaboradores. Vol. 3.
19 – OLIVEIRA, Vitor Marinho de. – O Que é Educação Física – 6ª edição. –
Coleção Primeiros Passos, n. 79. – São Paulo, Editora Brasiliense S.A., 1987. 120
p.
20 – PARANÁ - Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná. – Curitiba,
Imprensa Oficial, 1992.
21 – PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de
Educação. Departamento de Ensino de 1º Grau. Educação Física, uma proposta
atual para 5ª a 8ª série. Curitiba, 1994. 55 p. (Cadernos do Ensino Fundamental,
7).
22 – PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. – Currículo Básico para a
Escola Pública do Paraná. Vários Autores. – Imprensa Oficial do Estado do
Paraná. – Curitiba, 1990. 216 p.
23 – PASTINHA, Mestre – Capoeira Angola – Salvador: Fundação Cultural do
Estado da Bahia, 1988.
24 – PERES, L. S. A Prática Pedagógica do Professor de Educação Física:
atitudes de violência no contexto escolar. São Paulo, 2005. Dissertação
(Doutorado em Educação: Currículo) – PUC - São Paulo, 2005.
25 – PIMENTEL, Maria da Glória. – O Professor em Construção. 3ª edição. –
Campinas, SP: Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho
Pedagógico).
26 – Programa Auxiliar de Pesquisa Estudantil, vol. III. – São Paulo, Difusão
Cultural do Livro Ltda.
27 – REGO, Waldeloir. – Capoeira Angola: Ensaio Sócio-Etnográfico, Salvador:
Ed. Itapuã, 1968. 416 p.
28 – SANTOS, Luiz S. – Educação: Educação Física: Capoeira – Maringá:
Fundação Universidade Estadual de Maringá, 1990.
29 – SANTOS, Luiz S. – Capoeira: Uma expressão Antropológica da Cultura
Brasileira – Maringá: Programa de Pós-Graduação em Geografia – UEM, 2002.
230 p.
30 – SANTOS, Marco A. B. – Capoeira: Um Esporte que Educa – Artu’s – UGF –
Ano 8 – nº 16 – Rio de Janeiro, 1985.
31 – SELLTIZ, Claire. – Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais. – Editora
Pedagógica e Universitária ltda. São Paulo, 1965.
32 – SHIGUNOV, Viktor. – A Influência da Matéria de Ensino e da Intervenção
Pedagógica nas Atitudes dos Alunos em Aulas de Educação Física. – Prova
complementar para obtenção do Grau de Doutor em Ciências da Educação:
Especialidade de Análise e Organização de Situações de Educação. Universidade
de Lisboa, Faculdade de Motricidade Humana. Lisboa, Portugal. 1991.
33 – SHIGUNOV, Viktor e SHIGUNOV NETO, Alexandre (org.). – A Formação
Profissional e a Prática Pedagógica: ênfase nos professores de educação física. -
Londrina, Paraná: O Autor, 2001.
34 – SHIGUNOV NETO, Alexandre e SHIGUNOV, Viktor (org.). – Educação
Física: conhecimento teórico x prática pedagógica. – Porto Alegre: Meditação,
2002.
35 – SILVA, Gladson de Oliveira. – Capoeira: Do Engenho à Universidade, 2ª
edição. – São Paulo, CEPEUSP, 1995. 263 p.
36 – SOARES, Carlos Eugênio Líbano. – A Negregada Instituição: Os Capoeiras
no Rio de Janeiro – 1850-1890. Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura,
Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de
Editoração, 1994. 340 p.
37 – SOUZA, Sérgio A. R. de; OLIVEIRA, Amauri A. B. de – Estruturação da
Capoeira como Conteúdo da Educação Física no Ensino Fundamental e Médio –
Revista da Educação Física da UEM – Maringá: vol. 12 – nº 2/2º semestre, 2001.
38 – TOLKMITT, Valda Marcelino. – Educação Física, Uma produção Cultural: Do
Processo de Humanização à Robotização – Curitiba. – Módulo Editora. 1993.
315 p.

Você também pode gostar