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A autora do texto aqui trabalhado, Barbara Weinstein, é professora de história

da América Latina e do Caribe na New York University. Seus interesses de pesquisa


passam pelos campos de raça, gênero, trabalho e economia política, especialmente
em relação à produção do Brasil moderno. Weinstein estudou extensivamente a
formação do operariado paulista entre os anos de 1920 e 1964. Atualmente Bárbara
Weinstein desenvolve análises sobre as relações raciais e a identidade regional no
Brasil, articulando-os com o discurso nacionalista sobre a modernidade e a
democracia racial.

Durante processo de escrita de sua tese de Doutorado, a historiadora


aprofundou-se na pesquisa de arquivos (documentos cartoriais, jornais, dentre outros)
na região amazônica para fundamentar empiricamente a sua reflexão acerca da
expansão da economia gomífera na Amazônia. O trabalho pela Universidade de Yale,
gerou um livro em 1983, sendo traduzido 10 anos depois para o português, dando
origem ao texto integral do qual o “capitulo 1: Seringueiros e comerciantes” faz parte.
Tornou-se desta forma texto fundamental para a compreensão da exploração da
borracha.

O capítulo 1 do livro “A Borracha Na Amazônia: Expansão e decadência - 1850


a 1920 ” mostra principalmente como se dava as relações comerciais entre os vários
atores no contexto da exploração da borracha pelo sistema de aviamento. O texto
mostra a princípio como esta nova conjuntura fora formada a partir da precária falta
de mão-de-obra indígena (mortes, doenças, ação dos jesuítas) e consequentemente
com o projeto de trazer escravos negros como forma de suprir esta demanda na
região, não tendo o sucesso pretendido devido as dificuldades financeiras e
ambientais decorrentes nas diversas tentativas de empreendimentos agrícolas dos
colonos. Os escravos custavam muito caro e os índios se tornaram poucos.

Neste contexto ocorre por conveniência a atividade de economia baseada mais


uma vez no extrativismo e coleta vegetais, à medida que se procurava por parte dos
colonos portugueses a otimização dos recursos investidos. Surge aqui a figura do
trabalho de uma população “cabocla”, descentes de índios ou mestiços, sem
propriedades ou vínculos com a comunidade tribal. Caboclos, Nordestinos (retirantes)
e Indígenas adentravam a densa floresta em busca de coleta de vários materiais,
dentre eles, a borracha oriunda da arvore Hevea brasiliensis (Seringueira) da qual se
extraia o látex. Depois de coletado processado e processado o látex por técnica
rudimentar, havia a troca por ferramentas, alimentos e tudo o mais que o seringueiro
precisava. Estas trocas eram realizadas com os seringalistas donos das terras onde
eram feitas as coletas ou com comerciantes locais “aviador” que faziam esse tipo de
negócio. Mesmo estes dois novos atores, também estavam subordinados a estruturas
maiores que davam conta da parte financeira e exportadora de todo látex produzido e
enviado a Europa.

Sobre a seringueira, tinha-se o problema principal de sua dispersão natural na


flora, o que era prejudicial principalmente para um empreendimento extrativo do porte
do qual estava ocorrendo. Eis aqui um dos pontos da derrocada do mercado frente as
novas plantações em larga escala asiáticas.

Desde quando o látex e suas propriedades foram descritas pelo francês La


Condamine em 1743 e seu consequente uso na indústria de produtos de borracha,
que varreram a Europa, a Amazônia era a única (durante mais de 60 anos) ou em
tempos mais próximos ao seu fim de hegemonia, a mais importante fornecedora de
matéria-prima para esta indústria. Mesmo com métodos ainda tão arcaicos de
produção, coleta e de organização, desde seu princípio.

A falta de intervenção incisa do poder público sobre essa atividade econômica


que moveu toda a região amazônica e, por tanto tempo, causou desta forma a
diminuição do seu potencial de economia e transformação da realidade local dado a
importância tamanha que que este negócio tomou ao longo do tempo.

Outro fator interessante de ser tocado no texto é, que mesmo com todo o
sucesso e movimentação econômica causada pela borracha, várias lideranças da
região se mostraram preocupados com os investimentos nesse setor de extrativismo,
almejando assim desenvolvimento gradual baseado na agricultura de pequena escala
atrelado a pecuária, uma vez que viam na atividade coletora e em todas as outras de
cunho extrativista responsabilidade pela instabilidade econômica, atraso tecnológico
e pela escassez e ignorância da população amazônica.

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