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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

Teorias da Comunicação
Jessica Vieira Cardoso
Natália Melo de Souza
No livro Cultura de Massas do Século XX, ao se analisar Os Campos Estéticos,
o sétimo capítulo, Edgar Morin apresenta um afastamento gradual da sociedade dos
antigos rituais que viam a arte como uma forma de se aproximar dos deuses, e as
produziam unicamente para fins religiosos. Essas obras no século XX, passaram por um
quebra gradual após o surgimento da indústria cultural, passaram a ter uma
característica puramente estética, em que o mundo imaginário passa a refletir nossas
necessidades pessoais.
A partir disso o autor mostra a transição que a cultura atravessa. Se antes ela era
restrita a um meio e contexto individual, após o surgimento da Cultura de Massa ela
ganha um cariz globalizado. Segundo o autor, a relação indivíduo e religião eram
representadas por meio das obras artísticas, como no século XVIII, e que elas
despertavam seu imaginário culto. Com o surgimento das indústrias (culturais, massa,
etc.) o caráter religioso ficou esquecido e foi adotada a estética para atender a uma
demanda global das Sociedades de Massas. A nossa relação de materializar crenças,
teorias, sentimentos com as obras religiosas se espelha na forma como lidamos com as
obras estéticas. A magia presente nas obras do passado se traduz no encantamento com
as poesias, músicas, filmes. Assim as produções do século XX – época analisada pelo
autor – passaram a fomentar um universo imaginário estético do qual as pessoas são
inseridas por meio dos seus desejos reprimidos. Esse fenômeno fica conhecido como
Experiência Estética.
Por experiência estética entende-se uma sensação pessoal de contato entre
individuo e obra/arte/produção. Por exemplo, se ao assistir um filme, um determinado
telespectador se emociona com tal, isso pode ser chamado de experiência estética. Na
perspectiva de Edgar Morin, a experiência estética vivida no século XX passou a ser
representada pela fuga parcial da realidade, a identificação do leitor/telespectador com
os personagens a quem são expostos.
Será compreendido que experiência estética foi difundida após o surgimento da
indústria cultural, nisso os meios de comunicação instituíram as potencias de projeção.
É possível que a experiência estética desempenhe um papel de “amizade” na vida, ela
pode ser consoladora ou inspiracional, seja orientando em questões internas, seja
permitindo semi-satisfações psíquicas. Essas projeções podem ser tão fascinantes ao
ponto de sonambulizarem a audiência. É necessário saber à medida que a estética pode
invadir a vida prática, ao em vez de informar.
Os meios de comunicação de massa utilizam recursos para manter os indivíduos
imersos em suas produções, assim o universo imaginário adquire vida para os mesmos,
tornando-os reféns de um mecanismo imaginário estético para sanar suas cargas
emocionais, sejam elas positivas ou não. “Liberta não apenas nossos sonhos de
realização e felicidade, mas também nossos monstros interiores, que violam os tabus e a
lei, trazem a destruição, a loucura ou o horror” (p.80).

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