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DIREÇÃO

CINEMATOGRÁFICA
ARTÍSTICA
2015

Roteiro das aulas ministradas por Luan Cardoso

produções
POR QUE O CINEMA?

O Cinema é uma forma de arte, o cineasta é um artista. Mas o que faz um artista
escolher o Cinema como forma de expressão?

Seu meio de comunicação, sua força e a forma como atinge o público.-

“O que me fez escolhe o cinema era o fato dele poder passar uma mensagem forte de
forma fácil e para um grande público, de identificação única. Algo que nas páginas ou
nos papéis fotossensíveis eu não conseguiria.”

José Padilha

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

EMISSOR CINEASTA
MENSAGEM O QUE O CINEASTA QUER DIZER
CÓDIGO LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
CANAL CINEMA
RECEPTOR ESPECTADOR

“Escolher que tipo de “meio” você quer pra mostrar sua arte já é um primeiro bom passo,
mas para que isso consiga rumar para algum lado é necessário conhecer bem o código
para ser um bom emissor e assim atingir o receptor do modo que se propõe.”

Luan Cardoso

Mais importante ainda do que conhecer a linguagem/código e saber do que se fala.


Saber o que se sabe bem para poder assim, transpor bem.

O que faz um filme ser “bem dirigido” é uma série de aspectos coordenados pelo
diretor que, além de ter a visão do todo, deve dirigir outros diretores, como:

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- Diretor de fotografia;
- Diretor de arte;
- Diretor de som;
- Diretor de elenco;
- Etc.

Ao saber a responsabilidade de cada um, as principais competências do diretor e sua


relação com a linguagem:

A. Dirigir outros diretores;


B. Dirigir os atores: as marcações, seleção dos atores, direção do entonação, pausas,
etc;
C. Dirigir a câmera: Enquadramento, movimento de câmera, perspectiva, profundidade
de campo, etc.

DIREÇÃO DE CÂMERA

É uma das principais funções do diretor e é o item que mais vai dialogar com o público,
não de forma direta mas inconscientemente, o que é muito mais difícil do que parece.

Cada pequena coisa enquadrada quer dizer muita coisa e até mesmo uma atuação
pode ser completamente diferente, se enquadrada da forma diferente.

Para chegar a esse grau de apuração existem vários recursos dentro da


hierarquização de planos.

HIERARQUIZAÇÃO DOS PLANOS

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PLANO GEOGRÁFICO Plano que localiza e contextualiza a história, monstrando onde
será ambientada.

O Iluminado (1980), Stanley Kubrick

PLANO GERAL Localiza o personagem em seu ambiente; tanto em proporção como em


interação. É muito usado para descrever cenários e mostrar movimentação e interação
dos personagens com os mesmos.

Laranja Mecânica (1971), Stanley Kubrick

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PLANO AMERICANO Usado em cenas de movimentação, como correria e cenas de
briga.

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), Daniel Ribeiro

PLANO MÉDIO Usado para mostrar as ações e gestos do personagem em relação ao


cenário.

Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005), Mike Newell

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PRIMEIRO PLANO Detalhes emocionais, sensações, expressões faciais e pequenas
nuances.

A Pele Que Habito (2011), Pedro Almodóvar

PLANO DETALHE Usado para destacar pequenos elementos de fundamental


importância para trama.

A Árvore da Vida (2011), Terrence Malick

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PLANO SEQUÊNCIA

True Detective (2014), Cary Fukunaga

CÂMERA SUBJETIVA

Os Intocáveis (1988), Brian de Palma

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PLONGÉE / CONTRA PLONGÉE

Carrie, a Estranha (1976), Brian de Palma

DUTCH TILT

Cabo do Medo (1991), Martin Scorsese

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MOVIMENTOS DE CÂMERA

Os movimentos de câmera se dividem em três categorias importantes:

Cabeça: Rotação da câmera sobre seu eixo.


Corpo: Translação do eixo da câmera.
Objetiva: Movimento das lentes da câmera.

PANORÂMICA
Movimento de cabeça: Rotação da câmera (Horizontal, vertical e diagonal).

Exemplos:
Psicose (1960), Alfred Hitchcock
Toda filmografia de Wes Anderson

TRAVELING
Movimento de corpo: Translação da câmera (In, out e diagonal).

Exemplos:
Laranja Mecânica (1971), Stanley Kubrick
Barry Lyndon (1975), Stanley Kubrick
Cassino (1995), Martin Scorsese

GRUA ´
Movimento de corpo e cabeça: Câmera free. Combinação de movimentos de translação
e rotação em todas as direções.

Exemplos:
The Black Dahlia (2006), Brian de Palma
Lobo de Wall Street (2014), Martin Scorsese

STEADICAM E CÂMERA DE MÃO


Movimento de corpo e cabeça.

Exemplos:
Halloween (1978), John Carpenter
Psicose (1960), Alfred Hitchcock
Birdman ou (a Inesperada Virtude da Ignorância) (2014), Alejandro G. Iñárritu

Todo movimento é imersivo e deve ser usado mas com cuidado. Movimento demais
pode desviar a atenção da trama.

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FOTOGRAFIA

“Fazer uma fotografia bonita é fácil, é a coisa mais fácil do mundo. Mas uma fotografia
que completa uma imagem, de cima a abaixo, em coerência com o conteúdo, isso é o
mais bonito. Não se trata de pôr a fotografia na frente da história, mas que faça parte
dela”.
-Gordon Willis

Para transformar aquelas belas imagens que vimos lá atrás e que nasceram da cabeça
do diretor, precisamos de um cara chamado diretor de fotografia.

Seu trabalho consiste em:

-Interpretar o roteiro com imagens;


-Selecionar equipamentos na pré-produção;
-Examinar e aprovar locações, cenários e figurino;
-Direcionar a equipe de fotografia: Assistentes/Gaffers, etc.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FOTOGRAFIA EM DSLR

Exposição

Existem três tipos de exposição: Subexposta, exposta corretamente e superexposta.

Para entender mais, acesse: http://camerasim.com/apps/camera-simulator/

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Para se chegar à um resultado aceitável, você precisa dominar o esquema da pirâmide:

ISO

Velocidade Abertura
ISO

ISO + BAIXO = Menos luz, menos ruído


ISO + ALTO = Mais luz, mais ruído

Velocidade

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Abertura

Obtu. + Aberto = Mais luz, menos foco


Obtu + Fechado = Menos luz, mais foco

OUTRAS COISAS IMPORTANTES

Frame rate (Quadro por segundo)

24P
30P

60P
120P
SLOW
240P
MOTION
480P
960P

Velocidade aplicada em vídeo

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Formatos

HD (1280x720)
Full HD (1920x1080)
2K (2048x1080)
4K (3840x2160)

Balanço de brancos

10000 Céu azul-claro


9000
8000
7000 Céu nublado
6000 Luz fluorescente azul-fria
Luz do dia
5000 Flash azul
4000 2 horas antes do nascer do sol
2 horas depois do pôr do sol
1 hora antes do nascer do sol
1 hora depois do pôr do sol
Lâmpada photo flood 500W (3400K)
Lâmpada photo flood 500W (3200K)
Lâmpada halógena
3000 Nascer do sol/pôr do sol
Luz incandescente (100W)
Luz incandescente (40W)
2500 Lâmpada de sódio de alta pressão
Luz de vela
2000

Correção de cores

- Gerar imagens em RAW;


- Coloração: After efects,
Magic Bullet Looks;
- Da Vinci Resolve;
- picture style: technicolor
cinestyle.

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Lentes

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ROTEIRO

Passo #1: Aprendendo Convenções do Roteiro

Tenha uma página de título:

Seu roteiro precisará de uma página de título. Isso incluirá o título e seu nome, além de
fornecer informações de contato e dados sobre seu agente (caso possuas um).

 Use a fonte, as margens e o espaçamento corretos:


 
Você precisará usar a fonte Courier (fonte de máquina de escrever) ao redigir o roteiro.
Isso dará uma aparência mais profissional ao trabalho, além de facilitar a leitura do texto.
Semelhantemente, você deve usar as endentações corretas para cada parte do roteiro,
pois isso ajudará o leitor a diferenciar entre diálogos, descrições de cenas, etc.

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Ceda detalhes úteis sobre o ambiente e os personagens:

Abuse de detalhes antes de cada cena. Você pode dizer se a ação acontece dentro ou
fora de algum lugar, qual é a localização, e se é dia ou noite. O nome do personagem deve
aparecer inteiramente em letras maiúsculas acima ou ao lado do diálogo dele
(dependendo do motivo pelo qual você escreve). Você pode colocar instruções, como
pausas, em parênteses.

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Use a formatação correta para seu método de apresentação:

Se você quiser escrever um roteiro de filme, terá de redigir o trabalho em tal formato. Se
quiser escrever um roteiro de teatro, terá que adaptar sua escrita para esse formato.
Ainda que os roteiros sejam amplamente semelhantes, há diferenças entre eles, e buscar
aprendê-las pode consumir muito de seu tempo. Leia muitos roteiros que se encaixem
com seus interesses para descobrir como os profissionais os escrevem.

Certifique-se de não ter escrito demais:

Roteiros normalmente duram cerca de um minuto por página, ainda que haja algum
espaço para se exceder. Roteiros não são como livros, em que a contagem de palavras
é um jeito definitivo de determinar a extensão da obra. Tome cuidado.

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Passo #2: Desenvolvendo Sua História

Formule uma premissa:

Escreva uma frase curta ou transcreva o conceito fundamental que conduz a trama.
Pode ser algo como a mensagem ou a ideia por trás de sua história, uma ideia
extremamente curta para a trama ou algo que lhe dê um objetivo/ideia a ser
desenvolvida.

Crie um rascunho ou tratamento/ Escaleta.

Antes de começar a escrever o diálogo e o roteiro, pode ser útil criar um mapa indicando
o que acontecerá em sua história cena à cena. Assim, você não se sentirá confuso e
poderá eliminar quaisquer buracos ou falhas na trama. Rascunhe um plano geral e
visualize como os eventos se desdobrarão.

Crie um perfil para cada um dos seus personagens:

É importante saber como seus personagens são, quais seus gostos, quais suas
preferencias, quais suas motivações e qual será a sua trajetória, para que durante o
processo de escrita ele possa existir e falar por ele mesmo, afinal, o personagem não é o
escritor, o personagem é o personagem.

Bote a mão na massa:

Já se conhece o formato do tipo de roteiro que queres desenvolver, sabes o que vai
acontecer em toda a sua história, sabe o que vai acontecer em cada uma das cenas,
então agora enriqueça os espaços onde ela vai se passar, desenvolva seus personagens
e viaje nos diálogos.

Passo #3: Melhorando Seu Roteiro

Pesquise após escrever o primeiro rascunho:

Assista a peças, programas de TV e filmes que sejam semelhantes ao trabalho que você
escreveu. Examine seu próprio trabalho e compare-o ao desses outros. Você cometeu
muitos erros? A história caiu em muitos clichês? Está fechada demais? Veja se é possível
fazer a diferença nesse gênero que está escrevendo.

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Simplifique sua escrita:

Você não precisa de diálogos extremamente cultos ou cenas malucas para manter o
público interessado. Assim como num livro, nosso trabalho brilha mais quando estamos
mostrando, e não contando. Faça com que as escolhas dos personagens falem por si
mesmas e coloque mais significado naquilo que eles não dizem, lembre-se, o roteirista é
o contato/escritor de imagens.

Mantenha seu estilo:

Lembre-se, roteiros são sobre ações e diálogos. Certifique-se de que seus personagens
falem realisticamente e tente não misturar figuras de linguagem e de estilo caso não
esteja procurando causar determinada reação, caso essa não seja sua preferencia de
escrita e principalmente, caso seja importante para contar a história.

Atenção aos detalhes imagéticos:

Não se esqueça de incluir detalhes importantes, como o horário, o ambiente e as ações


dos personagens na cena. Eles são quase tão importantes quanto os diálogos que
ocorrem.

Descreva ações brevemente:

Busque mostrar no roteiro o que acontecerá na tela, mas deixe o diretor preencher os
detalhes. Escrever toda a ação não é o trabalho do escritor. Tentar incluir coisas demais
lhe deixará desapontado quando as coisas mudarem.

Passe muito tempo trabalhando no diálogo:

Os diálogos salvam e matam personagens e os relacionamentos deles. O pior é que é


extremamente difícil, para algumas pessoas, escrever diálogos. Para se preparar,
escreva ou grave conversas reais para ver como pessoas conversam e quais expressões
elas usam.
Certifique-se de escutar vários oradores para dar aos personagens mais sabor e
individualidade.
Garantir que personagens diferentes tenham suas próprias “vozes” e “personalidades”
de acordo com o histórico deles os impedirá de se misturarem. Lembre-se, a
personalidade dos personagens afetará as atitudes, as conversas e os dialetos deles.
Leia seu diálogo em voz alta enquanto escrever, prestando atenção para saber se eles
parecem estranhos, estereotipados, exagerados ou totalmente uniformes.

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Passo #4: Finalizando a Obra

Edite seu trabalho:

Refine-o, mas não seja um perfeccionista. Trabalhe “em direção” à perfeição, e não “para
alcançá-la”.

Exiba seu trabalho para pessoas cuja opinião você respeite:

Escolha pessoas que não apenas tenham históricos diferentes e variados gostos
pessoais, mas que também estejam dispostas a fornecerem críticas honestas.

ÚLTIMAS REGRAS PARA O CINEASTA AMANTE

01. Não generalize: faça um filme sobre uma carta, não sobre os correios.
02. Não fuja dos três elementos: o social, o poético, o técnico.
03. Não negligencie o argumento. Quando estiver pronto, o filme está feito.
04. Não confie no comentário - Narração: irrita. Comentário – Narração engraçada irrita
mais. São imagens e sons que contam a história.
05. Não se esqueça de que cada tomada é parte de um todo. A mais bela seqüência, fora
de lugar, torna-se banal.
06. Não invente ângulos gratuitos de câmera: eles destroem a emoção.
07. Não abuse da montagem rápida: pode ser tão monótona quanto a arrastada.
08. Não abuse da música ou a platéia deixa de ouvi-la.
09. Não abuse de efeitos sonoros: som complementar é a melhor banda.
10. Não abuse de efeitos óticos. Fusões, fade-ins e outs são só a pontuação do filme.
11. Não abuse dos close-ups: guarde-os para o clímax.
12. Não tema as relações: seres humanos são belos como outros animais.
13. Não seja confuso, conte a história clara e simplesmente.
14. Não perca a oportunidade de experimentar. Sem experiência, o cinema não existe.

-Alberto Cavalcanti, 1948

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