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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

PRO REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO


PRO REITORIA DE GRADUAÇÃO
PRO REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO – LATO SENSU, EM DOCÊNCIA NO ENSINO
MÉDIO: DIVERSIDADE, INCLUSÃO E EJA

EJA E HEMODIÁLISE: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE


ESCOLARIZAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR

UBERLÂNDIA
2017
EJA E HEMODIÁLISE: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE
ESCOLARIZAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR

Projeto de pesquisa apresentado como conclusão do


Curso de Pós-Graduação – Lato Sensu, em Docência no
Ensino Médio: Diversidade, Inclusão e EJA da
Universidade Federal de Uberlândia-UFU.

UBERLÂNDIA
2017
SUMÁRIO

1 EJA E HEMODIÁLISE: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO EM


AMBIENTE HOSPITALAR ................................................................................................................. 4
2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ......................................... 4
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 4
3.1 Geral:............................................................................................................................................ 4
3.2 Objetivos específicos:................................................................................................................... 4
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................................... 5
5 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 8
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ................................................................................................... 9
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 10
8 APÊNDICE ....................................................................................................................................... 11
9 ANEXO .............................................................................................. Erro! Indicador não definido.
4

1 EJA E HEMODIÁLISE: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE


ESCOLARIZAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR

2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Este projeto de pesquisa faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso de


Especialização em Docência do Ensino Médio: Diversidade Inclusão e EJA, ofertada pela
Universidade Federal de Uberlândia no ano de 2017.
O estudo nasceu do interesse de pesquisar a possibilidade de implantação da
modalidade EJA em ambiente hospitalar no município de Uberlândia.
Ao observar pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise na clínica
DaVita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA 1, verificou-se que tais pacientes ficam
ociosos, alguns dormem ou assistem televisão, visto que as sessões têm durabilidade de até
quatro horas três vezes por semana.
Considera-se importante fazer uma investigação sobre como essas horas no processo
de hemodiálise da clinica Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA poderia ser
convertida em momento de escolarização, aprendizagem e inclusão de jovens e adultos, que
por motivo de doença ou outros problemas não conseguem ou não conseguiram estudar na
idade regular e desejam continuar ou concluir o ensino fundamental e médio.
A educação em espaços hospitalares já é uma realidade em alguns municípios
brasileiros como exemplo, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão
(HU-UFMA), que vem alfabetizando pacientes em tratamento no Serviço de Nefrologia e
Transplante Renal da unidade2.
Nesse sentido o presente projeto se justifica devido a importância de identificar
possibilidades de trazer aos pacientes da Clinica Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber
LTDA a oportunidade da escolarização durante o período de ociosidade e, a partir dessa
investigação, verificar a viabilidade da implantação da modalidade EJA nessa clínica, uma
vez que esta já vem realizando ações educacionais.
Diante disso, formula-se o seguinte problema de pesquisa: como os pacientes de
Doença Renal Crônica em tratamento de hemodiálise podem ser incluídos às práticas de
educação hospitalar na modalidade EJA na clínica Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber
LTDA?
3 OBJETIVOS
3.1 Geral:
Analisar práticas não formais em educação hospitalar e identificar possibilidades de
implantação da modalidade EJA com pacientes renais crônicos da clínica DaVita Brasil
Serviços de Nefrologia Uber LTDA.
3.2 Objetivos específicos:
 Identificar os profissionais que desenvolvem projetos educacionais e o público alvo
que se destina;
 Conhecer os projetos educacionais desenvolvidos na clínica DaVita Brasil de Serviços
em Nefrologia Uber LTDA;

1
A DaVita HealthCare Partners é uma empresa líder na prestação de cuidados renais nos Estados Unidos, tem
por visão criar a maior comunidade de saúde do mundo. Objetiva a melhora da qualidade de vida das pessoas
diagnosticadas com Doença Renal Crônica (DRC). No Brasil, a DaVita iniciou suas atividades em 2015, tendo
como primeira clínica a DaVita Brasil Serviços em Nefrologia Uber LTDA em 2016.
2
Maiores informações Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/50176-
projeto-no-maranhao-alfabetiza-pacientes-dentro-das-salas-de-hemodialise. Acessado em 20/11/2017.
5

 Avaliar a eficiência e a eficácia em que são executados os projetos pedagógicos da


instituição DaVita Brasil de Serviços em Nefrologia Uber LTDA;
 Observar a possibilidade de novos projetos pedagógicos na instituição.

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A DaVita HealthCare Partners iniciou suas atividades no Brasil em setembro de


2015, sendo o Instituto do Rim LTDA (IRL) a primeira aquisição de clínica de diálise em
junho de 2016. O Instituto do Rim LTDA. (IRL), desde 1998 tem prestado serviços em
tratamento renal na cidade de Uberlândia/MG, obtendo identidade jurídica própria para a
realização de seus serviços de diálise do Hospital Santa Clara LTDA para a nova sede desde
1980. Os seus fundadores foram os nefrologistas Hélio Teixeira e Edivaldo Celso Vidal3.
Hoje não mais Instituto do Rim, mas com a nova razão social de Davita Brasil
Serviços de Nefrologia Uber LTDA, se destaca como uma das melhores clínicas de diálise do
Brasil, onde é ofertado ao paciente de Doença Renal um tratamento com padrões de
excelência internacional. Atualmente são atendidos 327 pacientes, sendo 224 em hemodiálise,
11 em diálise peritoneal e 97 em tratamento conservador e ou consultório, todos conveniados
pelo Sistema Único de Saúde (SUS)4.
Desde a sua fundação a DaVita HealthCare Partners com sede nos Estados Unidos,
desenvolve programas de forma a valorizar as pessoas que fazem parte das comunidades
DaVita, por meio de ações que envolvem educação, informação, conscientização,
divertimento no trabalho e entretenimento para os pacientes e colaboradores. A partir de
então, a empresa se coloca em primeiro lugar como comunidade, e em segundo lugar como
empresa, ou seja, uma comunidade que se organiza como empresa DaVita HealthCare
Partners5.
Enquanto líder na prestação de cuidados renais nos EUA, a DaVita HealthCare Partners
tem por visão criar a maior comunidade de cuidados de saúde que o mundo já viu, da seguinte
forma: Melhorar a qualidade de vida das pessoas diagnosticadas com Doença Renal Crônica
(DRC); inovar e acrescentar valor à prestação de cuidados renais; ser um modelo para o setor
da saúde global; continuar a disseminar a filosofia de comunidade6. Para maiores
compreensões dos processos, essas informações podem ser mais bem visualizadas no item 9
(Anexo).
A DRC se tornou um problema mundial de saúde pública, segundo (SIVIERO ET AL,
2014). As doenças do rim e do trato urinário são responsáveis por milhares de mortes
anualmente. Quando acontece a falência do rim, ocorre a perca do mesmo de realizar suas
funções. A doença Renal pode ser aguda ou crônica: a insuficiência renal aguda (IRA) pode
ser causa de algumas doenças graves, ela é passageira quando tratada, podendo voltar a sua
função renal, após algumas semanas de suporte dialítico. A insuficiência renal crônica (IRC)
acontece de forma lenta, não reversível, neste caso é necessário submeter-se ao tratamento de
diálise contínua, para manter a vida desses pacientes acometidos. Este tratamento não objetiva

3
DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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a cura, mas busca proporcionar a estabilidade física e melhor qualidade de vida para os
pacientes.
A pessoa com DRC passa por algumas limitações como, a constante dor, a sujeição
aos medicamentos e ao tratamento assim como a progressiva problemática da vida psíquica,
emocional, social e intelectual.
Canesqui (2007), sociólogo e antropólogo, relata:
(...) em seus estudos sobre o estado de saúde com os acometidos de doença
crônica e propugna que cronicidade é referente as condições de vida desse
paciente, que não se pode obter a cura da doença em si, mas consegue
coexistir com ela, convivendo com as interferências em vários âmbitos de
sua vida, quanto da vida de seus próximos, seus convívios. (STRAUSS, ET
AL. APUD CANESQUI, 2007, p.35).
Assim, tanto o doente quanto seus familiares são condicionados às restrições adversas,
impostas pela DRC.
De acordo com Pereira e Guedes (2009), os tratamentos terapêuticos substitutivos da
função renal são Hemodiálise (HD), Diálise Peritoneal (DP), diálise ambulatorial contínua
(DPA) e a diálise peritoneal intermitente (DPI) e o transplante renal. Nenhuma delas tem
caráter curativo, mas atenuam os sintomas da doença. A avaliação médica é que vai definir a
escolha da modalidade de diálise, avaliando a estatura, peso, acesso vascular, a integridade da
membrana peritoneal do paciente. O paciente poderá correr risco em todos os tipos de terapia
renal substitutiva, principalmente referente às infecções e dificuldades de acesso que podem
acontecer.
O processo de hemodiálise baseia-se no transporte de água e solutos por meio de uma
membrana semipermeável artificial através de um circuito extracorpóreo que abrange o
dialisador por nome de capilar, (filtro que tem o mesmo funcionamento dos glomérulos dos
rins). Através do capilar se elimina a água e os solutos que saem do organismo pelo acesso
vascular sendo lançado para o capilar da máquina para acontecer as trocas entre o sangue e o
banho de diálise. Para que este processo aconteça de forma efetiva é necessário um fluxo
constante de entrada e saída do sangue, para a correta limpeza ou purificação. As sessões são
realizadas em clínicas especializadas para hemodiálise ou em ambiente hospitalar, com
duração de até quatro horas, três vezes por semana.
Todavia o paciente que se submete a hemodiálise vive uma condição de limitações
deliberadas pela doença. Tal condição se caracteriza pelo stress, alterações em seu cotidiano e
tantos outros prejuízos. Assim como no aspecto da educação escolar, que a maioria precisa
afastar por consequência destas alterações.
Na Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA, há um espaço criado pela
equipe multidisciplinar com uma proposta de proporcionar momentos de entretenimento aos
pacientes, onde são promovidas discussões, rodas de conversas, reflexões, atividades
interativas, paródias, teatros e outros. Estes são mecanismos criados para investir na educação
do paciente a fim de orientá-los sobre seu novo estilo de vida, uso correto das medicações,
informações nutricionais, sobre a sua mudança de hábitos e também levar informações para os
seus acompanhantes de forma a atingir os seus familiares, conhecidos e vizinhos. Nesse
sentido observa-se que tais iniciativas podem ser aprimoradas com a oferta da modalidade
EJA a partir de parcerias com a Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia.
Segundo matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo no dia 10/01/2014, “a
Associação dos Amigos do Rim em Curitiba (PR) realiza em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação, o programa de alfabetização Descobrindo as Letras.” Este projeto
tem como objetivo alfabetizar pacientes hospitalizados com doenças renais no momento em
que estão ligados em hemodiálise. As aulas duram em média uma hora e meia das quatro
horas de hemodiálise. As aulas levantaram os ânimos da paciente, relata a assistente social
7

Sandra Mara Gavloski que acompanha Arminda Santana dos Santos 59, anos da Santa Casa
da Misericórdia de Curitiba: “Ela chegava quietinha, agora cumprimenta todo mundo. ” Para
Arminda: “Antes, os ponteiros do relógio não andavam. A cadeira incomodava, a pressão
baixava e eu acabava ficando mais doente.” Agora a assistente social afirma que ela já pensa
em refazer os documentos em que aparece como analfabeta (Jornal Folha de São Paulo,
2004)7.
Outro exemplo de educação em espaços não formais é o Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) que vem alfabetizando pacientes em
tratamento no Serviço de Nefrologia e Transplante Renal da unidade. A iniciativa concilia as
sessões de hemodiálise com as aulas do primeiro segmento do ensino fundamental período
esse que vai do primeiro ano ao quinto ano. Conhecido como ABC Nefro, o projeto beneficia
pacientes entre 15 e até 98 anos, por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA)8.
A partir do relato é possível aprimorar a educação de jovens e adultos em clínicas de
hemodiálise, por meio do processo de escolarização fora dos ambientes formais da educação,
ao mesmo tempo inserindo o conceito de que para se escolarizar, não é necessário ter uma
estrutura física, como nas escolas tradicionais, mas sim educadores estruturados, capaz de
proporcionar aos mais diferentes indivíduos, a possibilidade de reinserção social.
Conforme a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1990), a educação é
fundamental para o exercício da cidadania. O artigo 6º institui a educação como um dos
direitos sociais do cidadão, sendo ratificado no artigo 205 como direito de todos. A Lei de
Diretrizes e Bases Nacional de nº. 9394/96, artigos 84, 85 e 87, incisos I e II, considera a
educação como dever do Estado. (BRASIL, 1990)9.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1990), no Título VIII – Da
Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205: “a
educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1990)10.
Pode-se a partir daí considerar a importância da educação, para que os pacientes
participem de forma democrática das decisões e exerçam o seu direito de cidadania. É preciso
que a educação seja alcançada pelas pessoas que não tiveram oportunidade na idade certa, ou
abandonaram os estudos.
Segundo Freire (1979), educar é construir e libertar o ser humano do determinismo do
sistema vigente, portanto é o processo da descoberta, da produção do conhecimento e a
expressão das próprias ideias. A educação alfabetizadora traz um novo significado ao mundo,
e o trabalho de educação de adultos em local hospitalar, conjectura um movimento
diferenciado, longe do conceito tradicional de ensino em sala de aula, mas com a mesma
proposta: “ensinar por que, para quê e como”.
A EJA tem como fundamento a garantia do atendimento dessa demanda educacional,
por mais específica que seja. A partir do que determina a Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1990), pode-se entender, portanto, que o direito à educação é de todos e para todos,
em quaisquer circunstâncias. Sendo, pois, a educação um direito de todos, inferimos que
7
Jornal Folha de São Paulo, 2004 Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=4556 >. Acesso em:
09 nov. 2017.
8
Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/50176-projeto-no-maranhao-alfabetiza-
pacientes-dentro-das-salas-de-hemodialise. Acessado em 20/11/2017.
9
A Lei de Diretrizes e Bases Nacional de nº. 9394/96, artigos 84, 85 e 87, incisos I e II. Disponível em:
https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/03fe25bf-f2c9-459a-bee2-f00c1b0b2a0e.pdf. Acessado em: 21/11/2017.
10
Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto,
Seção I, artigo 205. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3910851/mod_resource/content/1/L.aula5_todos_Constituicao_federal_cap.2_seguri
dade_social.pdf. Acessado em: 21/11/2017.
8

qualquer pessoa que esteja hospitalizada também deve ter garantido esse direito. Nesse
embate é preciso oferecer condições de adaptabilidade aos sistemas, para serem capazes de
alcançar a realidade dessa demanda educacional, superando burocracias, assim como a cultura
organizacional da escola e do hospital. Assim a flexibilização de tempo e espaço para o
atendimento à EJA no ambiente hospitalar se faz necessário e imprescindível.
Diante desse desafio representado pela EJA, reafirma-se a necessidade de o Estado
cumprir as metas de erradicação do analfabetismo, por meio de uma educação continuada que
priorize políticas públicas sérias e compromissadas com essa modalidade de ensino. Deve-se
direcionar, portanto, a alfabetização para a formação de uma sociedade com cidadãos
conscientes de suas capacidades, detentores de senso crítico, capazes de transformar a
realidade e criar uma nova sociedade.
Freire (1988) destaca que as relações do homem se dão no mundo e que, a partir
dessas relações, o homem torna-se capaz de refletir sobre sua realidade e assim, vislumbrar
seus desafios e procurar soluções. Dessa forma, a educação deve buscar o desenvolvimento de
uma consciência crítica que permita ao sujeito transformar a sua realidade, seu modo de agir
no mundo.
O paciente renal traz em seu bojo um conjunto de conceitos culturais que conduz sua
forma de pensar e agir, de ser, esta condição pode facilitar ou dificultar a sua adesão ao
tratamento. Assim fazem-se necessárias, intervenções que tomem em consideração esse
conjunto de conceitos culturais que possibilitam ao paciente e até mesmo ao seu
acompanhante da sala de espera apreender novos conhecimentos em rumo às mudanças que
efetive a adesão ao tratamento, aos cuidados com a saúde e da promoção da sua escolaridade,
a sua construção de conhecimento por meio da EJA, onde propiciará a ampliação não só da
escolarização, mas também da compreensão de suas receitas médicas, das dicas nutricionais,
medicamentosas e da sua visão geral de mundo.
Vygotsky (2001) coloca que no processo ensino-aprendizagem o indivíduo adquire
novos conhecimentos a partir da interação com o meio em que vive e as informações que vai
adquirindo ao longo de sua vida. Assim, faz-se necessário tomar em consideração o
conhecimento e a experiência de vida do indivíduo e, a partir daí oferecer novas informações
que poderão se transformar em novos conhecimentos.
Ao considerar que na Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA já existe um
projeto de educação continuada para os pacientes, com ações educativas simultâneas às ações
terapêuticas e medicamentosas que são integrativas e essenciais ao processo terapêutico.
Ações que possibilitam não apenas o acesso às informações, mas que propiciam um espaço de
discussão direcionado à reflexão crítica dos pacientes junto com a equipe, dos aspectos que
envolvem a doença renal, o tratamento, os cuidados com a saúde de forma mais ampla.
Portanto, pode-se dizer que essas ações são uma forma de propiciar ao paciente uma
nova visão de mundo e por que não dizer da inclusão da EJA dentro deste mesmo projeto de
educação continuada? Estaríamos abrangendo e ampliando ainda mais os horizontes destes
mesmos pacientes que antes não tinham um estímulo de vida, mas que a partir das práticas
educacionais, possam almejar novas possibilidades que lhe são proporcionadas. É nesse
sentido, que esse trabalho busca analisar práticas não formais em educação hospitalar,
identificando possibilidades de implantação da modalidade EJA na clínica DaVita Brasil
Serviços de Nefrologia Uber LTDA.

5 METODOLOGIA
Para Minayo (1994) “Toda investigação se inicia por um problema, com uma questão,
com uma dúvida ou com uma pergunta, articuladas a conhecimentos anteriores, mas que
9

também podemos buscar”. (p. 18). Dessa forma será adotado o questionário como uma opção
para adquirir a compreensão da população estudada.
A metodologia que será utilizada no presente projeto refere-se ás técnicas qualitativas,
pois os documentos disponíveis na clínica Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA e
as entrevistas não serão quantificados ou operacionalizados.
Segundo Lima e Costa (2005), é pertinente o trabalho da pesquisa qualitativa para os
profissionais de saúde e educação. Para as autoras, a resolução da investigação torna os
problemas mais nítidos e auxilia no caminho para solucioná-los.
Neste sentido, os procedimentos metodológicos para a realização deste trabalho são:
revisão bibliográfica, análise de documentos disponíveis da clínica Davita Brasil Serviços de
Nefrologia Uber LTDA e entrevistas com os pacientes. Ainda será realizada uma pesquisa de
campo e observação participante.
Inicialmente, será realizada a revisão bibliográfica com o levantamento da literatura
específica do tema da pesquisa para a fundamentação teórica e embasamento da pesquisa de
campo.
No segundo momento será realizada a análise dos documentos disponíveis na clínica
Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA, que são os prontuários dos pacientes, onde
está disponível a identificação básica de cada um (diagnóstico, endereço, idade e etc.).
No terceiro momento, serão realizadas entrevistas com os pacientes conforme roteiro
de entrevista ao Paciente com Doença Renal Crônica (roteiro no Apêndice).
A pesquisa de campo será feita por meio de observação, com os pacientes da clínica
DaVita sobre o interesse pelas aulas de EJA e através de discussões com a equipe
multidisciplinar do planejamento e viabilidade da implantação do EJA na clínica.
Sobre a observação os autores Cervo & Bervian (2002, p. 27), explica que: “observar
é aplicar atentamente os sentidos físicos a um amplo objeto, para dele adquirir um
conhecimento claro e preciso.”
Para Marconi & Lakatos (1996), na observação participante, o observador envolve-se
com o grupo, transformando-se em um dos seus membros. Ele passa a fazer parte do objeto de
pesquisa.
O presente projeto será enviado para o comitê de Ética da Universidade Federal de
Uberlândia para análise da viabilidade do mesmo.
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
2018 e 2019
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Revisão do
projeto de
pesquisa
Disciplinas
obrigatorias
Revisão de
Literatura
Coleta de
dados
Análise dos
dados
Redação
preliminar
Revisão e
correção
qualificação
Redação
final da
pesquisa e
defesa
10

Quadro 1: Cronograma / Fonte: Elaborado pela autora

7 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer sobre
Diretrizes Curriculares para a Educação Especial. Disponível. Em:<
http://www.mec.gov.br> acesso em 02 de novembro de 2017.

BRASIL. A Lei de Diretrizes e Bases Nacional de nº. 9394/96, artigos 84, 85 e 87, incisos I
e II. Disponível em:< https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/03fe25bf-f2c9-459a-bee2-
f00c1b0b2a0e.pdf> Acesso em: 21 de novembro de 2017.
Blog da saúde. Projeto do Maranhão Alfabetiza Pacientes Dentro das Salas de
Hemodiálise. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-
saude/50176-projeto-no-maranhao-alfabetiza-pacientes-dentro-das-salas-de-hemodialise>
Acesso em 21 de novembro de 2017.

BRASIL. Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III –
Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205 Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3910851/mod_resource/content/1/L.aula5_todos_C
onstituicao_federal_cap.2_seguridade_social.pdf> Acesso em 22 de novembro de 2017.

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MARCONI, M. A; LAKATOS, E. V.. Metodologia científica. São Paulo: Editora Atlas,


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11

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VYGOTSKY, L. Construção do Pensamento e da Linguagem. SP: Martins Fontes, 2001.

8 APÊNDICE

ENTREVISTA AO PACIENTE COM DOENÇA RENAL CRÔNICA


1- Nome completo:
2 - Profissão:
3 - Escolaridade:
4 - Há quanto tempo faz Hemodiálise?
5 - Faz hemodiálise quantas vezes por semana?
6 - Gostaria de aprender algo durante o processo de hemodiálise?
7 - Gostaria que se fosse possível, uma educação para a pessoa que está em tratamento, da
possibilidade de continuar os estudos?
8 - Gostaria de fazer um estudo a distância?
9 - Em sua opinião haveria possibilidade de cuidar da saúde e estudar na própria clínica?
10 - O que você gostaria que melhorasse para a descontração durante a hemodiálise?
11 - Você acha que o processo de ensino no ambiente hospitalar pode influenciar para
melhorias no tratamento?
13 - O Ensino no ambiente hospitalar poderá proporcionar uma melhor autoestima?
14. Bairro onde mora:
15. Vai sozinho ou acompanhado

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