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UBERLÂNDIA
2017
EJA E HEMODIÁLISE: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE
ESCOLARIZAÇÃO EM AMBIENTE HOSPITALAR
UBERLÂNDIA
2017
SUMÁRIO
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A DaVita HealthCare Partners é uma empresa líder na prestação de cuidados renais nos Estados Unidos, tem
por visão criar a maior comunidade de saúde do mundo. Objetiva a melhora da qualidade de vida das pessoas
diagnosticadas com Doença Renal Crônica (DRC). No Brasil, a DaVita iniciou suas atividades em 2015, tendo
como primeira clínica a DaVita Brasil Serviços em Nefrologia Uber LTDA em 2016.
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Maiores informações Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/50176-
projeto-no-maranhao-alfabetiza-pacientes-dentro-das-salas-de-hemodialise. Acessado em 20/11/2017.
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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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DaVita HealthCare Partners. Disponível em: https://www.davita.com/pt/about-davita/davita-culture/11478/.
Acessado em: 18/11/2017.
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a cura, mas busca proporcionar a estabilidade física e melhor qualidade de vida para os
pacientes.
A pessoa com DRC passa por algumas limitações como, a constante dor, a sujeição
aos medicamentos e ao tratamento assim como a progressiva problemática da vida psíquica,
emocional, social e intelectual.
Canesqui (2007), sociólogo e antropólogo, relata:
(...) em seus estudos sobre o estado de saúde com os acometidos de doença
crônica e propugna que cronicidade é referente as condições de vida desse
paciente, que não se pode obter a cura da doença em si, mas consegue
coexistir com ela, convivendo com as interferências em vários âmbitos de
sua vida, quanto da vida de seus próximos, seus convívios. (STRAUSS, ET
AL. APUD CANESQUI, 2007, p.35).
Assim, tanto o doente quanto seus familiares são condicionados às restrições adversas,
impostas pela DRC.
De acordo com Pereira e Guedes (2009), os tratamentos terapêuticos substitutivos da
função renal são Hemodiálise (HD), Diálise Peritoneal (DP), diálise ambulatorial contínua
(DPA) e a diálise peritoneal intermitente (DPI) e o transplante renal. Nenhuma delas tem
caráter curativo, mas atenuam os sintomas da doença. A avaliação médica é que vai definir a
escolha da modalidade de diálise, avaliando a estatura, peso, acesso vascular, a integridade da
membrana peritoneal do paciente. O paciente poderá correr risco em todos os tipos de terapia
renal substitutiva, principalmente referente às infecções e dificuldades de acesso que podem
acontecer.
O processo de hemodiálise baseia-se no transporte de água e solutos por meio de uma
membrana semipermeável artificial através de um circuito extracorpóreo que abrange o
dialisador por nome de capilar, (filtro que tem o mesmo funcionamento dos glomérulos dos
rins). Através do capilar se elimina a água e os solutos que saem do organismo pelo acesso
vascular sendo lançado para o capilar da máquina para acontecer as trocas entre o sangue e o
banho de diálise. Para que este processo aconteça de forma efetiva é necessário um fluxo
constante de entrada e saída do sangue, para a correta limpeza ou purificação. As sessões são
realizadas em clínicas especializadas para hemodiálise ou em ambiente hospitalar, com
duração de até quatro horas, três vezes por semana.
Todavia o paciente que se submete a hemodiálise vive uma condição de limitações
deliberadas pela doença. Tal condição se caracteriza pelo stress, alterações em seu cotidiano e
tantos outros prejuízos. Assim como no aspecto da educação escolar, que a maioria precisa
afastar por consequência destas alterações.
Na Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA, há um espaço criado pela
equipe multidisciplinar com uma proposta de proporcionar momentos de entretenimento aos
pacientes, onde são promovidas discussões, rodas de conversas, reflexões, atividades
interativas, paródias, teatros e outros. Estes são mecanismos criados para investir na educação
do paciente a fim de orientá-los sobre seu novo estilo de vida, uso correto das medicações,
informações nutricionais, sobre a sua mudança de hábitos e também levar informações para os
seus acompanhantes de forma a atingir os seus familiares, conhecidos e vizinhos. Nesse
sentido observa-se que tais iniciativas podem ser aprimoradas com a oferta da modalidade
EJA a partir de parcerias com a Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia.
Segundo matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo no dia 10/01/2014, “a
Associação dos Amigos do Rim em Curitiba (PR) realiza em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação, o programa de alfabetização Descobrindo as Letras.” Este projeto
tem como objetivo alfabetizar pacientes hospitalizados com doenças renais no momento em
que estão ligados em hemodiálise. As aulas duram em média uma hora e meia das quatro
horas de hemodiálise. As aulas levantaram os ânimos da paciente, relata a assistente social
7
Sandra Mara Gavloski que acompanha Arminda Santana dos Santos 59, anos da Santa Casa
da Misericórdia de Curitiba: “Ela chegava quietinha, agora cumprimenta todo mundo. ” Para
Arminda: “Antes, os ponteiros do relógio não andavam. A cadeira incomodava, a pressão
baixava e eu acabava ficando mais doente.” Agora a assistente social afirma que ela já pensa
em refazer os documentos em que aparece como analfabeta (Jornal Folha de São Paulo,
2004)7.
Outro exemplo de educação em espaços não formais é o Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) que vem alfabetizando pacientes em
tratamento no Serviço de Nefrologia e Transplante Renal da unidade. A iniciativa concilia as
sessões de hemodiálise com as aulas do primeiro segmento do ensino fundamental período
esse que vai do primeiro ano ao quinto ano. Conhecido como ABC Nefro, o projeto beneficia
pacientes entre 15 e até 98 anos, por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA)8.
A partir do relato é possível aprimorar a educação de jovens e adultos em clínicas de
hemodiálise, por meio do processo de escolarização fora dos ambientes formais da educação,
ao mesmo tempo inserindo o conceito de que para se escolarizar, não é necessário ter uma
estrutura física, como nas escolas tradicionais, mas sim educadores estruturados, capaz de
proporcionar aos mais diferentes indivíduos, a possibilidade de reinserção social.
Conforme a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1990), a educação é
fundamental para o exercício da cidadania. O artigo 6º institui a educação como um dos
direitos sociais do cidadão, sendo ratificado no artigo 205 como direito de todos. A Lei de
Diretrizes e Bases Nacional de nº. 9394/96, artigos 84, 85 e 87, incisos I e II, considera a
educação como dever do Estado. (BRASIL, 1990)9.
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1990), no Título VIII – Da
Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205: “a
educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1990)10.
Pode-se a partir daí considerar a importância da educação, para que os pacientes
participem de forma democrática das decisões e exerçam o seu direito de cidadania. É preciso
que a educação seja alcançada pelas pessoas que não tiveram oportunidade na idade certa, ou
abandonaram os estudos.
Segundo Freire (1979), educar é construir e libertar o ser humano do determinismo do
sistema vigente, portanto é o processo da descoberta, da produção do conhecimento e a
expressão das próprias ideias. A educação alfabetizadora traz um novo significado ao mundo,
e o trabalho de educação de adultos em local hospitalar, conjectura um movimento
diferenciado, longe do conceito tradicional de ensino em sala de aula, mas com a mesma
proposta: “ensinar por que, para quê e como”.
A EJA tem como fundamento a garantia do atendimento dessa demanda educacional,
por mais específica que seja. A partir do que determina a Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1990), pode-se entender, portanto, que o direito à educação é de todos e para todos,
em quaisquer circunstâncias. Sendo, pois, a educação um direito de todos, inferimos que
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Jornal Folha de São Paulo, 2004 Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=4556 >. Acesso em:
09 nov. 2017.
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Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/50176-projeto-no-maranhao-alfabetiza-
pacientes-dentro-das-salas-de-hemodialise. Acessado em 20/11/2017.
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A Lei de Diretrizes e Bases Nacional de nº. 9394/96, artigos 84, 85 e 87, incisos I e II. Disponível em:
https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/03fe25bf-f2c9-459a-bee2-f00c1b0b2a0e.pdf. Acessado em: 21/11/2017.
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Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto,
Seção I, artigo 205. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3910851/mod_resource/content/1/L.aula5_todos_Constituicao_federal_cap.2_seguri
dade_social.pdf. Acessado em: 21/11/2017.
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qualquer pessoa que esteja hospitalizada também deve ter garantido esse direito. Nesse
embate é preciso oferecer condições de adaptabilidade aos sistemas, para serem capazes de
alcançar a realidade dessa demanda educacional, superando burocracias, assim como a cultura
organizacional da escola e do hospital. Assim a flexibilização de tempo e espaço para o
atendimento à EJA no ambiente hospitalar se faz necessário e imprescindível.
Diante desse desafio representado pela EJA, reafirma-se a necessidade de o Estado
cumprir as metas de erradicação do analfabetismo, por meio de uma educação continuada que
priorize políticas públicas sérias e compromissadas com essa modalidade de ensino. Deve-se
direcionar, portanto, a alfabetização para a formação de uma sociedade com cidadãos
conscientes de suas capacidades, detentores de senso crítico, capazes de transformar a
realidade e criar uma nova sociedade.
Freire (1988) destaca que as relações do homem se dão no mundo e que, a partir
dessas relações, o homem torna-se capaz de refletir sobre sua realidade e assim, vislumbrar
seus desafios e procurar soluções. Dessa forma, a educação deve buscar o desenvolvimento de
uma consciência crítica que permita ao sujeito transformar a sua realidade, seu modo de agir
no mundo.
O paciente renal traz em seu bojo um conjunto de conceitos culturais que conduz sua
forma de pensar e agir, de ser, esta condição pode facilitar ou dificultar a sua adesão ao
tratamento. Assim fazem-se necessárias, intervenções que tomem em consideração esse
conjunto de conceitos culturais que possibilitam ao paciente e até mesmo ao seu
acompanhante da sala de espera apreender novos conhecimentos em rumo às mudanças que
efetive a adesão ao tratamento, aos cuidados com a saúde e da promoção da sua escolaridade,
a sua construção de conhecimento por meio da EJA, onde propiciará a ampliação não só da
escolarização, mas também da compreensão de suas receitas médicas, das dicas nutricionais,
medicamentosas e da sua visão geral de mundo.
Vygotsky (2001) coloca que no processo ensino-aprendizagem o indivíduo adquire
novos conhecimentos a partir da interação com o meio em que vive e as informações que vai
adquirindo ao longo de sua vida. Assim, faz-se necessário tomar em consideração o
conhecimento e a experiência de vida do indivíduo e, a partir daí oferecer novas informações
que poderão se transformar em novos conhecimentos.
Ao considerar que na Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA já existe um
projeto de educação continuada para os pacientes, com ações educativas simultâneas às ações
terapêuticas e medicamentosas que são integrativas e essenciais ao processo terapêutico.
Ações que possibilitam não apenas o acesso às informações, mas que propiciam um espaço de
discussão direcionado à reflexão crítica dos pacientes junto com a equipe, dos aspectos que
envolvem a doença renal, o tratamento, os cuidados com a saúde de forma mais ampla.
Portanto, pode-se dizer que essas ações são uma forma de propiciar ao paciente uma
nova visão de mundo e por que não dizer da inclusão da EJA dentro deste mesmo projeto de
educação continuada? Estaríamos abrangendo e ampliando ainda mais os horizontes destes
mesmos pacientes que antes não tinham um estímulo de vida, mas que a partir das práticas
educacionais, possam almejar novas possibilidades que lhe são proporcionadas. É nesse
sentido, que esse trabalho busca analisar práticas não formais em educação hospitalar,
identificando possibilidades de implantação da modalidade EJA na clínica DaVita Brasil
Serviços de Nefrologia Uber LTDA.
5 METODOLOGIA
Para Minayo (1994) “Toda investigação se inicia por um problema, com uma questão,
com uma dúvida ou com uma pergunta, articuladas a conhecimentos anteriores, mas que
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também podemos buscar”. (p. 18). Dessa forma será adotado o questionário como uma opção
para adquirir a compreensão da população estudada.
A metodologia que será utilizada no presente projeto refere-se ás técnicas qualitativas,
pois os documentos disponíveis na clínica Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA e
as entrevistas não serão quantificados ou operacionalizados.
Segundo Lima e Costa (2005), é pertinente o trabalho da pesquisa qualitativa para os
profissionais de saúde e educação. Para as autoras, a resolução da investigação torna os
problemas mais nítidos e auxilia no caminho para solucioná-los.
Neste sentido, os procedimentos metodológicos para a realização deste trabalho são:
revisão bibliográfica, análise de documentos disponíveis da clínica Davita Brasil Serviços de
Nefrologia Uber LTDA e entrevistas com os pacientes. Ainda será realizada uma pesquisa de
campo e observação participante.
Inicialmente, será realizada a revisão bibliográfica com o levantamento da literatura
específica do tema da pesquisa para a fundamentação teórica e embasamento da pesquisa de
campo.
No segundo momento será realizada a análise dos documentos disponíveis na clínica
Davita Brasil Serviços de Nefrologia Uber LTDA, que são os prontuários dos pacientes, onde
está disponível a identificação básica de cada um (diagnóstico, endereço, idade e etc.).
No terceiro momento, serão realizadas entrevistas com os pacientes conforme roteiro
de entrevista ao Paciente com Doença Renal Crônica (roteiro no Apêndice).
A pesquisa de campo será feita por meio de observação, com os pacientes da clínica
DaVita sobre o interesse pelas aulas de EJA e através de discussões com a equipe
multidisciplinar do planejamento e viabilidade da implantação do EJA na clínica.
Sobre a observação os autores Cervo & Bervian (2002, p. 27), explica que: “observar
é aplicar atentamente os sentidos físicos a um amplo objeto, para dele adquirir um
conhecimento claro e preciso.”
Para Marconi & Lakatos (1996), na observação participante, o observador envolve-se
com o grupo, transformando-se em um dos seus membros. Ele passa a fazer parte do objeto de
pesquisa.
O presente projeto será enviado para o comitê de Ética da Universidade Federal de
Uberlândia para análise da viabilidade do mesmo.
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
2018 e 2019
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Revisão do
projeto de
pesquisa
Disciplinas
obrigatorias
Revisão de
Literatura
Coleta de
dados
Análise dos
dados
Redação
preliminar
Revisão e
correção
qualificação
Redação
final da
pesquisa e
defesa
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7 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer sobre
Diretrizes Curriculares para a Educação Especial. Disponível. Em:<
http://www.mec.gov.br> acesso em 02 de novembro de 2017.
BRASIL. A Lei de Diretrizes e Bases Nacional de nº. 9394/96, artigos 84, 85 e 87, incisos I
e II. Disponível em:< https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/03fe25bf-f2c9-459a-bee2-
f00c1b0b2a0e.pdf> Acesso em: 21 de novembro de 2017.
Blog da saúde. Projeto do Maranhão Alfabetiza Pacientes Dentro das Salas de
Hemodiálise. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-
saude/50176-projeto-no-maranhao-alfabetiza-pacientes-dentro-das-salas-de-hemodialise>
Acesso em 21 de novembro de 2017.
BRASIL. Constituição Federal de 1988, no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III –
Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205 Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3910851/mod_resource/content/1/L.aula5_todos_C
onstituicao_federal_cap.2_seguridade_social.pdf> Acesso em 22 de novembro de 2017.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas S.a.,
2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 14. ed. São Paulo: Hucitec,
1994.
8 APÊNDICE