Você está na página 1de 9

Colégio Recanto do Saber.

1 Série – 2018

Roteiro – Curta: Iracema


Personagens: Iracema (índia Tabajara), Martim (português, soldado), Araquém
(pajé Tabajara), Irapuã (tuxaua Tabajara), Caubi (irmão de Iracema), Poti (índio
Pitiguar, amigo de Martim), Andira (irmão do pajé Araquém), Batuirité (velho
sábio avô de Poti), índios e índias das tabas e guerreiros portugueses.

Cena 1

Ambiente externo, cercado de vegetação semelhante às matas localizadas a


beira-mar no Ceará.

Martim localiza-se perdido na mata.

Iracema rapidamente vê Martim, e por ímpeto impulso, o atira uma flecha.

Iracema percebe o dano que causou, solta o arco e a flecha e vai até Martim.

Martim: Quebras comigo a flecha da paz?

Iracema: Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? De


onde vieste?

Martinho: Venho de bem longe, terras que seus irmãos já possuíram, mas hoje
são dos meus.

Iracema: Bem vindo, estrangeiro, aos campos dos Tabajaras.

Martim segue Iracema pela mata.


Cena 2

Ambiente externo, com a cabana do pajé. O ancião encontra-se assentado perto


da cabana, fumando. O pajé espera na cabana, observando Iracema vir com
Martinho.

Iracema: Ele veio, pai.

Diz Iracema ao Pajé, adentrando a cabana.

Pajé: Veio bem, foi Tupã que o trouxe.

Dizendo isso, o Pajé passa o cachimbo para Martim, e Iracema traz comida e
bebida para ele. Depois de comer, Martim retorna a conversa com o Pajé.

Pajé: Vieste?

Martim: Vim.

Pajé: Bem vieste. (ou bem-vindo) O estrangeiro é senhor aqui. Há guerreiros


para te proteger e mulheres para te servirem, todos te obedecerão.

Martim: Obrigado por tudo Pajé, partirei pela manhã, mas não posso partir sem
dizer-lhes quem sou.

Pajé: Tupã te trouxe, tupã te levará. Se queres dormir, dormirá bem, se queres
falar, te escutarei.

Martim se apresenta ao Pajé, cai a noite.

As mulheres da tribo que deviam servir Martim vão até a cabana, guiadas por
Iracema, porém ela não fica lá.

Martim: Tu deixas-me?

Iracema: Não posso ser tua serva.

Índia da taba: É Iracema que fabrica para o Pajé a bebida de Tupã.


Cena 3

Martim sai da cabana, e Iracema o vê andar e o segue.

Iracema: Aonde vais? Quem te fez mal?

Martim: Ninguém fez mal ao teu hóspede, é o desejo de ver seus amigos que o
afasta.

Iracema: Espera que meu irmão volte da caça, e ele te levará ás margens do rio
das garças.

Martim: Está bem.

Martim volta para a cabana e lá adormece, sozinho.

Cena 4

Ambiente externo e diurno, pode ser uma vasta oca circular ou uma clareira em
meio a vegetação.

Irapuã, o chefe da tribo, declara guerra, por estarem roubando a terra que Tupã
deu a nação Tabajara.

Narrador: Enquanto discutiam sobre a guerra, Martim afastou-se para a mata,


enquanto refletia em tudo o que havia deixado para trás, amigos, familiares,
paixões...

Iracema vai até Martim, e o olha em sua face.

Iracema: O que te perturbas? É a presença de Iracema?

Martim: Não, sua presença me traz paz. A lembrança da pátria foi o que trouxe
saudade ao meu coração.

Iracema: Uma noiva te espera?

Martim desvia o olhar.

Martim: Ela não é mais doce e nem mais formosa que Iracema.

Iracema: Logo voltarás a se alegrar, porque a verá novamente.


Ambos se emudecem por um tempo.

Iracema: Vem!

Desceram o bosque. Iracema faz um gesto de espera.

Iracema prepara uma bebida e dá para Martim.

Iracema: Bebe!

Martim adormece e sonha com Iracema.

Cena 5

Iracema anda suavemente pelo bosque, até que surge um guerreiro tabajara.

Guerreiro: Iracema!

Guerreiro: Contaram a Irapuã que o estrangeiro adentrou o bosque contigo!

Irapuã surge na cena.

Irapuã: O coração de Irapuã pula de raiva. O estrangeiro está no bosque e


Iracema o acompanhava. Quero beber-lhe o sangue todo!

Iracema: Nunca Iracema daria seu seio (ou coração) a você.

Irapuã: Que o guerreiro branco venha, e o coração de Iracema se abra para o


vencedor.

Iracema segura com voracidade seu arco, e Irapuã seu tacape.

Irapuã: Se Iracema não se afastar de Martim eu o matarei. Declaro a morte do


estrangeiro.

Cena 6

Martim acorda no Bosque, e vê Iracema próxima a uma árvore. Se entristecem


pela impossibilidade de seu amor.
Martim sai cabisbaixo andando sozinho até a cabana do Pajé, onde ele está
dormindo.

O Pajé Araquém acorda com a entrada de Martim.

Martim: O Pajé dorme!

Fala como se pedisse desculpa.

Pajé: O estrangeiro aqui é senhor. Fale; o Pajé te escuta.

Martim: Vim anunciar que partirei.

Pajé: Todos os caminhos estão abertos para você. Que Tupã te leve a sua terra.

Caubi e Iracema chegam à tenda.

Caubi: Caubi voltou, traz o melhor de sua caça.

Pajé: Filha de Araquém, escolhe para teu hóspede o presente de volta e prepara
comida para a viagem. Se o estrangeiro precisa de guia, Caubi o levará.

Iracema presenteia Martim com sua rede.

A tarde começa a se findar.

Caubi: O dia entristece. É tempo de partir.

Iracema chama o pajé Araquém.

Iracema: Ele vai.

Pajé: Bem-ido seja o hóspede como foi bem-vindo a cabana de Araquém.

Dizia isso fumando, e voltou para sua rede sumindo entre a fumaça.

Saindo da cabana, Iracema lamenta a ida de Martim, e ele volta rapidamente e a


beija despedindo-se.

Cena 7

Cena ocorrida no por do Sol.


Iracema está chorando parada próxima a posta da cabana do Pajé.

Ouve-se um grito.

O Pajé acorda.

Pajé: Foi o canto da inhuma que despertou Araquém?

Iracema: É o grito de guerra do guerreiro Caubi.

Iracema correu pela mata para ver o que ocorria.

Um arco de guerreiros indígenas formava-se. Caubi estava tenso e desafiador,


com armas empunhadas. Irapuã liderava os guerreiros indígenas.

Martim estava sentado vendo o que se passava.

Irapuã: Exijo que entregue o estrangeiro.

Caubi: Matai Caubi antes.

Iracema vai para perto de Martim.

Iracema: Vem!

Martim fica imóvel.

Iracema: Se tu não vens, Iracema morrerá contigo.

Martim se levanta e se direciona a Irapuã.

Martim: Os guerreiros de meu sangue, chefe, jamais recusaram comabte.

Quando Irapuã vai atacar a Martim e Martim a ele, Caubi fica entre os dois e eles
começam a brigar. Os guerreiros se afastaram.

Iracema e Martim se retiram até a cabana de Araquém e contam o que se


passara, quando vêem Irapuã entrar.

Irapuã: Pajé, Irapuã veio buscar o guerreiro branco.

Pajé: O hóspede é amigo de tupã. Quem o ofender ouvirá o rugir do trovão.

Irapuã: O hóspede é quem ofende Tupã, roubando sua virgem.


Pajé: Se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de seu corpo, ela
morrerá. O hóspede é sagrado.

Irapuã revolta-se com o Pajé.

Andira entra com o tacape e ameaça Irapuã.

Pajé: Paz e silêncio, Andira.

Irapuã: O senhor do trovão é por ti. O senhor da guerra será por Irapuã.

Cena 8

Durante a noite ouve-se o grito de guerra de Poti, amigo de Martim.

Martim se levanta e sai da cabana.

Iracema: Aonde vai o guerreiro branco?

Martim: Adiante de Poti.

Iracema: Irapuã te matará.

Martim: Todo guerreiro tem seu dia.

Voltando de um ritual, surge o Pajé.

Pajé: Martim há de ficar escondido.

Iracema partiu para avisar Poti de que Martim o esperava.

Contou Iracema para Poti da cólera de Irapuã.

Iracema retorna.

Pajé: Vá esconder Martim, Irapuã procura por seu sangue.

Iracema: Eles vem, mas Tupã salvará seu hóspede.

Ouve-se o som de um trovão. Iracema e Martim vão para o esconderijo.


No esconderijo, Iracema deita-se no peito de Martim, que a repele lembrando
das palavras do Pajé.

Passou-se um dia e uma noite. O Pajé e a tribo faziam um ritual. Iracema e


Martim estavam juntos.

Martim: Iracema, essa é minha ultima noite aqui. Faze que meu sono seja alegre
e feliz.

Iracema: Manda, e Iracema te obedece.

Martim: Vai, e torna com o vinho de Tupã.

Iracema vai até a cabana do Pajé, pega a bebida e dá a Martim. Seu corpo
desfalece.

Martim e Iracema trocam beijos e sorrisos, e ela dorme no peito de Martim.

Narrador: As águas do rio depuraram o corpo casto da recente esposa. A


jandaia não tornou à cabana. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos
tabajaras.

Amanhece. Passa-se o dia e o Pajé reúne a todos em um ritual, onde todos


clamam por Tupã. Iracema dá de sua bebida aos guerreiros e o Pajé decreta
seus sonhos.

Iracema sai dali, e vai de encontro a Martim.

Iracema: Toma tuas armas, é tempo de partir.

Martim: Leva-me ao meu irmão.

Iracema caminha com Martim pela mata.

Iracema: Chama teu irmão.

Martim faz seu grito por Poti.

Poti vem e se encontra com Martim.

Iracema diz que quer ir com Martim, mas ele diz que ela não pode o
acompanhar.
Martim: Filha de Araquém, tu não podes me acompanhar.

Iracema: Tua esposa e escrava não pode te deixar, porque o sangue dela
repousa em teu seio.

Martim se assusta e entristece por saber que não havia apenas sonhado.

Aparece Poti.

Poti: Os guerreiros tabajaras te esperam.

Cena 9

Ambiente externo, ao amanhecer.

Poti: O povo tabajara caminha na floresta!

Iracema salta da rede, acorda Martim e pega as armas do esposo.

Martim: Fuja o chefe Poti e salve Iracema. Só deve morrer o guerreiro mau, que
não escutou a voz de seu irmão e o pedido de sua esposa.

Poti: A alma do guerreiro branco não escutou sua boca. Poti e seu irmão só têm
uma vida.

Iracema sorri, e eles seguem caminhando.

Os tabajaras chegam ao local, e travam sua briga.

Você também pode gostar