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O INCRA E SUA RELAÇÃO COM MOVIMENTOS PELA

REFORMA AGRÁRIA

De modo geral, o texto trata do protagonismo do Instituto Nacional de Colonização


e Reforma Agrária na luta, em especial, pela Reforma Agrária, questão trazida no seu
próprio nome, bem como sua relação com partidos políticos. Além disso, se analisa como
essas relações institucionais podem ajudar na resolução de conflitos sociais e na produção
e execução de novas políticas públicas.

O INCRA, como explana o texto, foi criado em 1970. Era o momento ainda do
regime militar que durou 21 anos (1964-1985). Com a criação desse instituto, o objetivo
do governo militar da época era “colonizar” regiões não ocupadas, como a Amazônia.
Esse objetivo é totalmente coerente com a metodologia ideológica neoliberalista que vê
regiões como a Amazônia, um potencial econômico de exploração (animal, territorial e
vegetal). Por isso, o INCRA nasce com a proposta paradoxal em redistribuir as terras já
ocupadas, no caso da reforma agrária.

Os cargos administrativos do alto escalão do instituto, também chamado de


“burocratas”, de acordo com o artigo, costumavam variar em consonância com o partido
político que estivesse na cúpula do governo. Isso representava, às vezes melhorias, às
vezes regressos. Por isso, os autores vão retratar um panorama entre as últimas décadas
do século XX e em dois lugares, Recife (PE) e Marabá (PA). Dentro desses dois limites,
as superintendências regionais (SR’s) concentram os estudos do artigo.

Os autores falam, ainda, sobre a administração dessas SR’s durante os anos de 2003
em diante, sob o governo do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo os autores, quando
o PT com Lula chegou à presidência, movimentos de caráter agrária tiveram um maior
engajamento político, sobretudo porque os líderes das superintendências eram filiados ao
partido. Isso facilitava a participação dos movimentos e do governo na produção de
políticas públicas e tinham o “importante papel de garantir a coesão dos aliados na
aprovação de matérias no Congresso, além do controle sobre o processo de produção de
políticas públicas” (PENNA; ROSA, 2015, p. 67).
Além desses resultados para os movimentos, o engajamento político e a luta de
movimentos de base, fomentaram mudanças também na própria estrutura da autarquia.
Movimentos como a ocupação de sedes das SR’s suscitaram a ampliação do corpo de
funcionários, pauta a muito tempo levantada como ferramenta para desenvolver a atuação
do órgão na luta, sobretudo, pela reforma agrária. Com a realização de concursos
públicos, a autarquia pode começar a desenvolver e aplicar políticas que facilitavam a
construção de assentamentos, distribuição de terras e a própria articulação para que isso
fosse possível. Essa movimentação foi influenciada também pós massacre de Eldorado
em Carajás, onde a polícia matou vários integrantes do MST.

Por fim, com o artigo do professores e pesquisadores, foi possível entender toda
problemática que é a relação entre uma autarquia do governo federal, sua relação com
movimentos sociais e com o próprio Estado. O órgão foi criado com um intuito e com o
passar do tempo, em outras gestões ganhou nova forma de atuação. Ora os movimentos
sociais pressionavam o escalão do governo, ora eles pressionavam o próprio órgão afim
de conseguir seus ideais. Sempre em busca a equidade e distribuição de terra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PENNA, Camila. ROSA, Marcelo C. Estado, Movimentos e Reforma agrária No


Brasil: Reflexões A Partir Do Incra. Lua Nova, São Paulo, 95: 57-85, 2015

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