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TRABALHO INDIVIDUAL RESUMO SOBRE DISTRITO SANITÁRIO

POR VANESSA NUNES DA CRUZ COELHO


PARA A PRECEPTORA SANDRA PAZOS
CENTRO UNIVERSITÁRIO FIB

A compreensão de Distrito Sanitário pode abranger duas dimensões: a primeira,


enquanto estratégia de construção do SUS num município e/ou conjunto de municípios,
envolvendo alguns elementos conceitual e operacionalmente importantes; e a outra
dimensão se refere a menor unidade de território ou de população, a ser apropriada para
o processo de planejamento e gestão.
O processo, portanto, de construção/ implementação da DS, como estratégia para
implementação dos SUS, deve ser visto como um processo social, tal qual é o SUS, isto
é, como uma expressão concreta de uma política pública de dimensão social.
Os elementos substantivos a serem trabalhados no processo de construção do
Distrito Sanitário, segundo Mendes, são: território, problemas, práticas sanitárias e
processo de trabalho.
Território: Compreende uma área demográfica que comporta uma população
com características epidemiológicas sociais e com suas necessidades a os recursos de
saúde para atendê-la.
A área geográfica é definida para cada realidade e pode ser constituída por vários
bairros de um município e vários municípios de uma região.
No processo de definição do território-distrito deve ser considerado para sua
composição as relações de fluxos existentes entre os municípios ou bairros, as
referenciais natural ou culturalmente já estabelecidas entre eles em suas diversas
atividades, principalmente na área da saúde.
A preexistência de uma eventual territorização definida pelo gestor estadual não
deve ser considerada como balizamento definitivo, mas pode ser utilizado por um pnto
de partida e ajustada de acordo com as necessidades.
Área de abrangência dos serviços básicos refere-se a uma área geográfica
definida ou a ser definido no processo de territorização, tendo como ponto de referência
os serviços básicos de saúde (centro de saúde, posto de saúde, unidade básica de atenção
à família, etc.).
Operacionalmente, significa identificar e quantificar numa dada área geográfica
a população adstrita a cada serviço de saúde, que terá a responsabilidade pelos cuidados
sanitários dessa população, num processo de identidade recíproca, que poderá ser feito
segundo diferentes modalidades.
Área de influência é quem define os serviços de saúde do município ou região
considerado como referência para as populações das áreas de abrangência dos serviços
básicos de saúde.
Essas referências dizem respeito à necessidade de realização de procedimentos
para o diagnóstico e/ou terapia e/ou reabilitação, que a maioria dos serviços básicos das
áreas de abrangência não realizam. Esses procedimentos podem ser feitos nos hospitais
(gerais ou especializados), nos ambulatórios de especialidades, nos serviços de apoio
diagnóstico ou terapêutico de média complexidade ou nos chamados procedimentos de
alto custo (SIPAC).
A definição do território de influências desses serviços em um dado município
ou região deve ser elaborada incluindo necessariamente os seguintes passos:
Identificação dos serviços que serão de referência na área do distrito; Qualificação da
oferta em termos de procedimento que realiza; quantificação (capacidade de ofertas por
mês) de cada serviço; Necessidade dos procedimentos (base mensal) para a população
da área de abrangência do serviço; Definição da oferta disponível para a população da
área de influência; Especificação da oferta mensal para a população da área de
influência segundo os municípios e/ou bairros; Estabelecimento dos mecanismos e
instrumentos de referência e contra referência; Estabelecimento de
mecanismos/instrumentos para o pagamento/ressarcimento dos procedimentos
realizados; Estabelecimentos de mecanismo/instrumentos para o processo do controle
da pertinência, oportunidade e qualidade dos procedimentos realizados; e outras
medidas de acordo com a necessidade.
A elaboração desses passos pode e deve ser feita de acordo com a chamada
Programação Pactuada Integrada (já que é um dos seus componentes) estabelecida na
Norma Operacional Básica nº 1/96.
O processo de territorialização que define a área de abrangência de cada serviço
básico de saúde e as formas de inscrição da clientela deve ser coordenada pelo gestor
municipal de saúde e se caracterizar pela flexibilidade, além de contar com a
participação das chefias, equipes de profissionais e usuários dos serviços básicos de
saúde, sempre com a aprovação do Conselho Municipal de Saúde.
Os instrumentos que facilitam essa elaboração e que estão razoavelmente
disponíveis são o mapa do município; Mapas censitários (IBGE) e Endereços dos
usuários dos serviços, registrados nos prontuários e/ou fichas de atendimentos.
Além disso, devem ser consideradas como pontos fundamentais as condições
econômicas, sociais e culturais da população da área, alem da disponibilidade,
regularidade e custos do transporte coletivo.
O processo de territorialização que define os serviços de referências
(hospitalares, ambulatoriais e/ou de apoio diagnóstico ou terapêutico) e suas respectivas
áreas de influencia e os demais mecanismos/instrumentos de controle qualitativo e
quantitativo deve fazer parte da Programação Pactuada Integrada, tendo como atores
participantes os secretários municipais da Saúde e os diretores dos serviços (públicos e
privados do SUS), preferencialmente sob a coordenação e ponderação do gestor
estadual de saúde da região, reunindo-se, pactuando e negociando constantemente
(mensalmente) como um lócus organicamente instituído ou não, denominado Comissão
Intergestora Regional de Saúde.
O conceito e classificação de problemas no processo de construção do distrito
sanitário se caracterizam por uma “situação insatisfatória acumulada”, com tendência de
se persistir ou agravar-se se nada for feito.
Evidentemente, é um conceito que tem presente um componente de relatividade,
pois depende do juízo de valor de quem olha e julga a “situação insatisfatória”; além do
que, depende da situação a ser comparada para se dar juízo à outra condição de
insatisfação, ou seja, é um conceito que depende de quem olha, da realidade e do tempo.
Considerando os elementos substantivos relacionados ao conceito de Distrito
Sanitário, os problemas são classificados em problemas intermediários aqueles
referentes à organização e funcionamento do conjunto dos recursos de saúde que tem
como exemplos a inexistência ou pouca oferta de leitos para pacientes com queimaduras
(leito de queimados); falta de médicos nos serviços de saúde para atendimento; e gastos
excessivos com transporte de doentes. Outra classificação são os problemas terminais
que referem-se às necessidades e demandas de saúde e de vida daqueles que são a razão
da existência do sistema, ou seja, a população. “São os problemas de saúde sensu
stricto, definidos em função do perfil ou padrão epidemiológico de uma dada
população, expressos em indicadores de morbidade e mortalidade...”
Os problemas terminais podem ser enfrentados de duas formas distintas pode
ser a forma continua são aqueles que constituem o objeto de um modelo de atenção que
privilegia a pratica sanitária de vigilância à saúde e se instrumentaliza com o apoio de
varias disciplinas, especialmente a epidemiologia. A outra forma é chamada de
ocasional que se trata de um enfretamento dos problemas autopercebidos pelos
indivíduos da população que os motivam e os conduzem aos serviços de saúde em busca
de diagnóstico e cura. Esse fenômeno pode ser denominado demanda espontânea. E seu
conhecimento, em termos quantitativos e qualitativos, é fundamental, pois constitui
referencial imprescindível para a organização dos serviços de saúde e dos processos de
trabalho desses serviços no Distrito Sanitário.
Os problemas do processo de distritalização podem ser classificados quanto à
sua natureza em Atuais (intermediários ou terminais) são aquele objeto de intervenção
imediata e dinâmica identificados como presente, enfrentados de forma continua e
ocasional e monitorados por meio de dados e informações de natureza quantitativa e/ou
qualitativa. Exemplo: a alta incidência de tuberculose, urgências e emergências.
Problemas Potenciais são aqueles que estão presentes, mas na realidade
epidemiológica (sensu lato) do Distrito Sanitário há evidências de uma série de
condições e/ou fatores que predispõem o seu aparecimento. Exemplo é a possibilidade
de ocorrência de epidemia de dengue em alguns municípios do Brasil.
Problemas Solucionados são os que ocorrem no passado recente e estão sob
controle epidemiológico, exigindo ainda ações de manutenção ou de prevenção.
Exemplo à incidência de poliomielite no Brasil.
Problemas Normativos são aqueles predefinidos como existentes e
generalizados para diferentes realidades, sem que realmente sejam verdadeiros para
todas elas. Essa percepção ou enfoque/proposta de trabalhar de acordo com os
problemas na construção/organização do Distrito Sanitário traz em seu bojo a
intencionalidade/capacidade de determinar ou influenciar as práticas sanitárias que
estarão presentes, configurando um novo modelo assistencial.
O processamento desses problemas, ou seja, como identificá-los e desenhar as
operações articuladas intra e extra-setor da saude, bem como viabilizá-las estratégica e
taticamente serão estudados em outra ocasião.

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