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Vitor Izecksohn começa em seu capitulo sobre Guerra do Paraguai

situando o ambiente anterior a guerra, a forma que a divisão do território hoje chamado
de Argentina e o Uruguai se dividiram, expondo as guerras civis que começaram na
Argentina e foram remediadas pelo ditador Paraguaio Solano Lopez e posteriormente
no Uruguai que seria o estopim para o início da Guerra. No Uruguai os Blancos e
Colorados disputavam o poder dentro da guerra civil, com os Blancos no poder a
taxação dos brasileiros mato-grossenses que possuíam grande parte do território
Uruguaio, aonde criavam gados e cultivavam pastos e plantações.
A ação dos Blancos de taxar esses brasileiros criou um clima nada
amistoso entre as nações e foi a cartada principal para o apoio brasileiro na guerra
civil, dando suporte para os Colorados tomarem o poder, tal atitude brasileira
incomodaria os Paraguaios que antes já tinham remediado uma situação parecida na
Argentina, tendo um sucesso considerável, a entrada sem medir consequências pelo
lado brasileiro deu a entender uma falta de respeito ao governo de Solano Lopez que
se sentiu extremamente afrontado, além desse fato o apoio do Brasil dava certo
controle no rio da prata que era a principal rota comercial paraguaia e possivelmente
sul-americana, diante esses acontecidos o terceiro ditador Lopez vai tomar a primeira
atitude que iniciaria os conflitos, apreendendo o navio brasileiro Marquês de Olinda e
sua tripulação que carregava o recém eleito presidente da província mato-grossense.
Após a primeira investida Solano vai entrar no território do Mato
Grosso com a esperança de uma ajuda dos argentinos que eram contra Bartolomé
Mitre, os blancos uruguaios e os separatistas do Mato Grosso, entretanto a guerra civil
Uruguaia não permitia um deslocamento de reforços, por outro lado as atitudes de
Dom Pedro ll ao entrar numa guerra em defesa desses mato-grossenses vai esfriar a
situação separatista, entretanto as primeiras investidas de Solano vão funcionar bem.
Mesmo com uma investida positiva para o Paraguai, Solano percebe o perigo de ter
entrado praticamente sozinho no território brasileiro, logo em seguida pede permissão
a Mitre para adentrar o território argentino, visando intervir na guerra civil Uruguaia,
entretanto o pedido e negado e Solano invade as províncias de Corrientes e Missiones
tendo assim mais um adversário na guerra e perdendo grande fonte de recursos
alimentícios e bélicos.
A primeira atitude do regente brasileiro Dom Pedro ll foi criar o
pelotão de voluntários, como não é segredo para ninguém o Brasil não tinha um
exército robusto e nem perto de um exército funcional para uma Guerra, logo a criação
de um pelotão de voluntários era necessária, o imperador vai ser o primeiro a se alistar
simbolizando uma igualdade entre todos e gerando propagandas de uma defesa a
honra brasileira. A esperança de uma guerra curta vai fazer com que o pelotão de
voluntários tenha um certo sucesso em suas primeiras chamadas, a promessa de
terras e benesses pós-guerra também brilhavam aos olhos dos jovens brasileiros, era
certo que a vitória viria, a guerra era quase impossível para os paraguaios, entretanto
a duração da guerra iria surpreender a todos. Muitos mandaram seus escravos para
a guerra em troca de isenção de serviço patriótico, os pelotões vão ser um grande
avanço na caminhada brasileira para a vitória, logo se formaria a tríplice aliança, os
Colorados uruguaios, Bartolomé Mitre e os Argentinos se juntariam a Dom Pedro ll
por uma campanha rápida e arrasadora contra Solano Lopez.
Com a assinatura da aliança o destino dos paraguaios já estava
decidido, logo era questão de tempo a rendição de Lopez, entretanto o ditador recuou
suas tropas para o próprio território e esperava o fim da aliança por desentendimento,
logo Solano tinha uma defesa quase indestrutível pelos rios com a fortaleza de
Humaitá e um combate extremamente complicado nos pântanos paraguaios. As
primeiras atitudes de invasão da aliança foram boas e obtiveram vitórias como a
batalha de Tuiuti que viria a ser a maior batalha já travada em solo, entretanto uma
vitória em setembro do mesmo ano iria travar as investidas dos aliados e geraria uma
certa desesperança por parte deles.
A guerra civil argentina estava voltando a ter um tamanho
considerado e logo as tropas argentinas foram em sua grande maioria realocadas para
o próprio território junto a seu comandante Mitre, a partir desse momento a influência
da Argentina na guerra viria a ser quase que somente moral, os problemas internos
afetariam muito a guerra e com a diminuição de contingente era inevitável estender o
tempo de embates, a tão sonhada guerra curta e fácil já não era mais realidade nesse
momento. Com as baixas no exército e a lentidão na guerra a desmotivação para o
pelotão de voluntários vai crescer, os números começam a reduzir drasticamente e
com isso o exército fica refém de um contingente pequeno e uma guerra que só piora
a cada dia.
Desde o início alguns escravos eram mandados para o campo de
batalha, entretanto com a baixa dos voluntários Dom Pedro ll vai começar a liberar os
escravos da nação para a guerra, incentivando também as igrejas a libertarem os seus
e comprando os escravos dos fazendeiros, entretanto a preocupação era grande e
Duque de Caxias emite uma carta mostrando sua insatisfação e preocupação com a
ida de escravos para a guerra, tendo como foco avisar que a segurança e organização
do exército estava afetada, afinal ninguém liberava os escravos bons e recatados,
apenas os piores eram liberados e o exército ficava refém desses homens para a
batalha. A restrição para a guerra era grande, homens casados, funcionários públicos
e entre outros tipos dentro da sociedade eram livres da guerra, entretanto nesse
momento os que eram livres para a guerra começavam a fugir do alistamento e muitos
casos de mutilação e entrada para a guarda nacional aconteceram, fugir da guerra
era a prioridade para a maioria da população e isso dificultava a vida do imperador.
Com a saída de Mitre da liderança do tríplice aliança a
responsabilidade foi passada para Duque de Caxias, sua imagem seria importante
para controlar as disputas internas do exército e reorganizar o exército, escolha muito
criticada pelos liberais, afinal Caxias era conservador e sua entrada facilitaria a
mudança das diretrizes do governo. A entrada de Caxias não iria afetar somente nisso,
sua primeira atitude foi treinar o exército durante 17 meses, tal posição foi muito
criticada por estender a guerra e usar mais recursos que já estavam escassos. A
tabela de gastos do Brasil já tinha explodido e muito, o déficit já era muito grande e o
pedido de empréstimos ao tesouro e externos ao país iria endividar muito o Brasil,
entretanto era o que Dom Pedro ll julgava necessário para vencer a guerra. Uma das
principais consequências da entrada de Caxias foi o fechamento do gabinete
progressista, dando mais autonomia ao próprio para moldar o governo e tocar a
guerra, atitude essa que foi não foi bem vista pelos liberais e diminuiu a moral do
imperador.
Após uma campanha bem sucedida no comando de Caxias os
brasileiros conseguiram invadir e destruir a fortaleza de Humaitá, nesse momento a
guerra já estava visivelmente ganha, Lopez recuou e se escondeu, uma invasão a
Assunção era eminente, Caxias demonstra sua satisfação com a vitória e solicita o fim
da guerra, entretanto a chance de Lopez reorganizar os exércitos e solicitar um tratado
era grande e seria humilhante para os brasileiros. Em dezembro de 1868 a vitória foi
realmente concretizada em campo de batalha, os brasileiros ganharam conflitos
seguidos e o massacre foi chamado de Dezembrada, após esses conflitos Caxias
solicita o fim da guerra e Dom Pedro ll novamente recusa e Caxias abandona a guerra,
tal ação iria desmotivar o exército e o pedido de retorno era quase geral.
Com a saída do Duque vitorioso da guerra o imperador brasileiro
manda seu genro Conde d’Eu para a liderança do exército, como membro da família
real talvez sua entrada motivaria o exército, mas suas tentativas de ações
diplomáticas geraria uma escassez de recursos e abastecimentos e isso destruiria sua
imagem como líder, após essas ações o d’Eu solicitou inúmeras vezes a retirada da
guerra, tais ações iriam ridicularizar sua imagem e destruir o resto de moral que talvez
ainda existisse, em março de 1870 Lopez é cercado e morto pelo exército, sua morte
porem não era o ideal para a moral brasileira e isso o transformaria em mártir, sua
morte foi ridicularizada para o lado brasileiro que facilmente poderia ter capturado e
usado a vida de Lopez para outras coisas, entretanto não foi o que aconteceu. Após
a morte de Lopez as tropas solicitaram a volta para o Brasil e com medo de possíveis
rebeliões chefiadas pelos Liberais os contingentes foram realocados lentamente e
causando uma imensa insatisfação aos soldados que não tiveram nem uma volta
honrosa para sua nação, o saldo da guerra iria ser negativo tanto financeiramente
como em moral, a imagem de Dom Pedro ll estava fragilizada e sua atitude de
dissolver o exército só piorava tudo, afinal os heróis da pátria eram eles e não o
imperador.

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