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Disciplina: Análise Matemática para

engenharia II

Aula 09: Operadores Diferenciais


Apresentação

Nesta penúltima aula apresentaremos os operadores lineares, com isso vamos voltar um pouco nos conceitos das aulas
iniciais, onde foram abordadas as operações nas quais eram utilizados os vetores.

Estudaremos três operadores diferenciais, o Gradiente, o Rotacional e o Divergente, não deixando de lado a associação do
conteúdo com a Física, onde o mesmo é muito aplicado.

Objetivos

Reconhecer o conceito de operadores diferenciais;

Aplicar os conceitos de Gradiente, Divergente e Rotacional;

Estabelecer a relação entre os operadores diferencias e a Física.


Operadores Diferenciais
Estão diretamente ligados a conceitos físicos, podemos ver esses conceitos, por exemplo:

No Gradiente, onde a ideia associada a um declive pode provar como uma encosta é mais íngreme.

No caso do Divergente, dois conceitos (fontes e sorvedouro) são fundamentais na eletrostática.

Ao abordarmos o conceito de Rotacional, observamos a sua nalidade em dois exemplos: ao colocarmos um torniquete,
cujo movimento rotativo dependerá do momento angular, e quando fazemos uso desse conceito para de nição de campo
conservatório em regime estacionário.

Não temos por intenção fazer uso desses conceitos físicos nesta aula, mas achamos fundamental fazermos essa introdução
para mostrarmos como o conteúdo é importante.

Veremos agora como se comporta cada um desses conceitos, separadamente, e como se dão os seus cálculos.

Gradiente
Quando falamos no vetor gradiente, devemos ter em mente que para a realização dos cálculos precisamos retornar ao conteúdo
de derivadas parciais, pois elas serão muito utilizadas nesse conteúdo.

Aqui, as derivadas parciais estarão diretamente ligadas às funções vetoriais. Uma das de nições que encontramos para o
Gradiente ou vetor Gradiente, como também é conhecida, é a seguinte:

O gradiente de uma função f , é a representação de todas as derivadas parciais que uma


função vetorial possui, cuja sua representação é 𝛻𝑓 ( lê-se Nabla f).

Já a sua representação matemática é feita da seguinte maneira:

Se f é uma função de duas variáveis x e y, então o gradiente de f é uma função vetorial 𝛻𝑓 de nida por:

∂f ∂f
𝛻f(x, y) = ⟨fx  (x, y),  fy  (x, y)⟩ = ∂x
 i +
∂y
 j

De igual modo, se tivermos trabalhando em três dimensões, temos:


∂f ∂f ∂f
𝛻f(x, y) = ⟨fx  (x, y, z),  fy  (x, y), fz  (x, y, z)⟩ = ∂x
 i +
∂y
 j +
∂z
k

Uma forma de entendermos ∇f é quando sua entrada está no R2, temos um resultado em duas dimensões, não esquecendo que
esta é uma função cujo valor é vetorial. Assim, podemos compreender/visualizar melhor esse conceito como sendo um campo
vetorial presente no domínio da função f cujo plano é o xy, conforme vemos na Figura 1.

Figura 1: Representação de uma função com campo gradiente

Na introdução desta aula, quando demos exemplo da utilização do Gradiente, falamos que ele poderia ajudar a escolhermos uma
subida menos íngreme de uma montanha. Vejamos mais sobre isso agora.

Quando pensamos em uma área situada em uma região de colina, como representado na Figura 2, ao nos posicionarmos seja
acima ou abaixo de um ponto genérico (x0, y0), a inclinação da área a ser percorrida vai depender da escolha do caminho, isto é,
das derivadas parciais de cada uma das funções x e y.

Caso a escolha seja em favor de x, a Caso a escolha seja feita em favor de y, a


inclinação será dada por: inclinação será dada por:
∂f  ∂f 
 ou f  ou f
x ∂y y
∂x
Figura 2: Representação da aplicação do gradiente

Podemos resumir o que foi dito acima, da seguinte maneira:

Quando avaliamos o gradiente da função vetorial f em um ponto genérico (x0, y0), ele
servirá para nos apontar onde a subida de uma colina é mais íngreme.

Cálculo Gradiente
Para calcularmos o gradiente de uma função vetorial usaremos o conceito de derivadas parciais; se estivermos trabalhando no R2
usaremos as componentes: i e j; e se estivermos trabalhando no R3 com as componentes, i, j e k; vejamos alguns exemplos:

Exemplo
Dada a função 𝑓(𝑥,𝑦)=𝑦𝕖 −𝑥 determine o gradiente da função.

Resolução:
Derivando as funções, temos:
f x = −ye
−x
   e f y = 𝕖 −x

Substituindo na de nição de gradiente temos:

𝛻f(x, y) = (−y𝕖 𝕖
−x −x
)i + ( )j

Exemplo

Antes de continuar seus estudos, veja outros exemplos <galeria/aula9/anexo/doc01.pdf> .


Rotacional e Divergente
Tanto o cálculo do rotacional quanto do divergente são importantes para áreas da Física como Mecânica dos uidos, eletricidades
e magnetismos, esses conteúdos, quando você estiver estudando esses conceitos físicos, irá se lembrar desta aula!.
Começaremos esta parte do conteúdo com apresentação do Rotacional.

Rotacional
Seja uma função vetorial 𝐹=𝐴𝒊+𝐵𝒋+C𝑘, existindo as derivadas parciais de A, B e C, de nimos um Rotacional de 𝐹 como sendo um
campo vetorial em 𝑅3, da seguinte forma:

∂C ∂B ∂A ∂C ∂B ∂A
rot F = ( − )i + ( − )j + ( − )k
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y

Para simpli car os cálculos, podemos reescrever da seguinte maneira:

∂ ∂  ∂
𝛻 = ∂x  i +
∂y
j+
∂z
 k

∂f  ∂f  ∂f
𝛻f = ∂x
i+
∂y
j+
∂z
 k

O rotacional também é compreendido como sendo o produto vetorial de 𝛻 pelo campo vetorial F, sendo assim, temos:

∣ i j k ∣
∣ ∣
∂ ∂ ∂
𝛻 x F = ∣ ∂x ∂y ∂z

∣ ∣
∣ A B C ∣

Efetuando esse determinante, encontramos:

∂C ∂B ∂A ∂C ∂B ∂A
( − )i + ( − )j + ( − )k = rot  F
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y

Então, todas as fórmulas de rotacional se resume a:

rot F = 𝛻 x F
Vejamos alguns exemplos dos cálculos do rotacional.

Exemplo
Determine o rotacional da função F, tal que:

𝐅(𝑥,𝑦,𝑧)=𝑥𝑦𝑧𝑖 + 𝑥 2𝑦𝑘

Resolução:
Ainda que não tenham sido apresentados na função F os componentes de j a resolução acontece da mesma maneira, sendo
assim:

∣ i j k ∣
∣ ∣
∂ ∂ ∂
𝛻 x F = ∣ ∂x ∂y ∂z

∣ ∣
2
∣ xyz 0 x y∣

Repetindo a primeira e a segunda coluna, temos:

∣ i j k ∣ i j
∣ ∣
∂ ∂ ∂ ∂ ∂
𝛻 x F = ∣ ∂x ∂y ∂z

∂x ∂y
∣ ∣
2
∣ xyz 0 x y ∣ xyz 0

Efetuando o determinante, encontramos:

∂ 2 ∂ ∂ 2 ∂ ∂ 2 ∂
[ (x  y)− (0) ]i − [ (x  y)− (xyz) ]j + [ (x  y)− (xyz) ]k
∂y ∂z ∂x ∂z ∂x ∂y

2xi + (2x − xy)j − xzk

Divergente
Chegamos agora no último tópico desta aula, o Divergente. Quando foi trabalhado o conceito de Rotacional, vimos que o seu
resultado se dava em forma de uma função vetorial, até mesmo por que esse resultado era originário de um produto vetorial.

Quando formos abordar o conceito será necessário o entendimento que o resultado de


divergente, diverso do rotacional, será um número como resposta, um escalar, até mesmo
por que o cálculo do divergente será fornecido pelo produto escalar.
Veja como é dada a de nição de um divergente.

Seja uma função vetorial 𝐹=𝐴𝒊+𝐵𝒋+𝐶𝒌, existindo as derivadas parciais de A, B e C, de nimos um Divergente F como sendo uma
função vetorial de três variáveis representada pela função:

∂A ∂B ∂C
div F = ( )i + ( )j + ( )k
∂x ∂y ∂z

Agora que foi feita a representação do divergente de 𝐹, podemos fazer uma comparação com o rotacional de 𝐹, onde percebemos
que a grande diferença entre os dois é que o 𝑟𝑜𝑡 𝐹 representa um campo vetorial e a 𝑑𝑖𝑣 𝐹 é um campo escalar.

O divergente de 𝐹 pode ser representado pelo produto escalar de 𝛻 x F:

div F = 𝛻  ∙  F

Vejamos alguns exemplos de cálculo do divergente.

Exemplo
Se 𝐅 (𝑥,𝑦,𝑧)=𝑠𝑒𝑛𝑦𝑧𝑖+ 𝑠𝑒𝑛𝑧𝑥𝑗+ 𝑠𝑒𝑛𝑥𝑦𝑘 determine o 𝑑𝑖𝑣 𝐹

Resolução:
Calculando as derivadas parciais de cada componente:

∂  ∂ ∂
div F = (senyz) + (senzx) +  (senxy)
∂x ∂y ∂z

Efetuando as derivadas parciais, temos:

div F = 0 + (0) + (0) 

        div F = 0

Como podemos observar, o cálculo da div F é bem mais simples que o rot F, o que parece óbvio quando lembramos dos conceitos
de produto escalar e produto vetorial.

Exemplo

Antes de encerrar seus estudos, veja mais alguns exemplos <galeria/aula9/anexo/doc02.pdf> .


Atividades
1. Dada a função 𝑓(𝑥,𝑦)=2𝑥𝑦4− 4𝑥 4𝑦 determine o gradiente da função.

a) 2𝑦4i − 4𝑥4j
b) 𝑦4i − 4𝑥4j
c) 𝑥4i − 𝑥4j
d) 𝑥4i − 4𝑥4j
e) 𝑦4i − 4𝑦4j

2. . Dada a função 𝑓(𝑥,𝑦,𝑧)=𝑠𝑒𝑛(3𝑥−2𝑦+𝑧) , determine o gradiente da função.

a) 𝑐𝑜𝑠 (3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐢−2 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐣+ 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐤


b) 3 𝑐𝑜𝑠 (3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐢− 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐣+ 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐤
c) 3 𝑐𝑜𝑠 (3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐢−2 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐣+ 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐤
d) 3 𝑐𝑜𝑠 (3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐢−2 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐣+ 2𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐤
e) 3 𝑐𝑜𝑠 (3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐢−2 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐣+ 𝑐𝑜𝑠 ( 3𝑥−2𝑦+𝑧)𝐤

3. Se 𝐹(𝑥,𝑦,𝑧)=𝑥𝑦𝑖+𝑥𝑧𝑗+𝑦2 𝑘 , determine o rot F.

a) 𝛻 x 𝐹=(2𝑦−1)𝑖+𝑗+(𝑧+𝑥)𝑘
b) 𝛻 x 𝐹=(2𝑦−1)𝑖+0𝑗+(𝑧−𝑥)𝑘
c) 𝛻 x 𝐹=(𝑦−1)𝑖+0𝑗+(𝑧+𝑥)𝑘
d) 𝛻 x 𝐹=(2𝑦+1)𝑖+0𝑗+(𝑧+𝑥)𝑘
e) 𝛻 x 𝐹=(2𝑦−1)𝑖+0𝑗+(𝑧+𝑥)𝑘

4. Se F(𝑥,𝑦,𝑧)=𝑥 2𝑧3𝑖+2𝑥𝑧3𝑗+2𝑦2𝑧2𝑘 determine a divergente de F.

a) div F=−2𝑥𝑧3+4𝑦2𝑧
b) div F= 𝑥𝑧3+4𝑦2𝑧
c) div F= 2𝑥𝑧3+4𝑦2𝑧
d) div F= 2𝑥𝑧3+𝑦2𝑧
e) div F= 𝑥𝑧3+𝑦2𝑧
5. Se F(𝑥,𝑦,𝑧)=3𝑥 2𝑦3𝑖+2𝑦𝑥 3𝑗+2𝑥 2𝑧2𝑘 determine a divergente de F.

a) div F=6𝑥𝑦3+2𝑥3+𝑥2𝑧
b) div F=6𝑥𝑦3+𝑥3+4𝑥2𝑧
c) div F=𝑥𝑦3+2𝑥3+4𝑥2𝑧
d) div F=6𝑥𝑦3+2𝑥3+4𝑥2𝑧
e) div F=6𝑥𝑦3+2𝑥3+4𝑥2𝑧

Notas

eSocial1

O Decreto nº 8373/2014 instituiu o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas
(eSocial).

Por meio desse sistema, os empregadores passarão a comunicar ao Governo, de forma uni cada, as informações relativas aos
trabalhadores, como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento, comunicações de acidente de trabalho, aviso
prévio, escriturações scais e informações sobre o FGTS.

Disponível em: http://portal.esocial.gov.br/institucional/conheca-o. <http://portal.esocial.gov.br/institucional/conheca-o.>

Acesso em: 8 fev. 2019.

itens mais sustentáveis2

A lei de ne como materiais biodegradáveis todos aqueles que não são derivados de polímeros sintéticos fabricados à base de
petróleo. Ou seja, os que são elaborados a partir de matérias orgânicas, como o amido de mandioca, bagaço de cana e outras
bras naturais.

Referências

BROCHI, A. Cálculo diferencial e integral II (livro proprietário). Rio de Janeiro: SESES, 2015.

FINNEY, R. L.; WEIR, M. D.; GIORDANO, F. R. (Ed.). Cálculo George B. Thomas. São Paulo: Pearson, 2009. v. 1 e 2.

FLEMMING, D. M., GONÇALVES, M. B. Cálculo B. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007

MORETTIN, P. A; HAZZAN, S.; BUSSAND, W. O. Cálculo Funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva. 2013

STEWART, James. Cálculo volume 2. São Paulo: Cegage Learning, 2013.

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Nos links abaixo você usufruirá de objetos de aprendizagem, que oferecem uma visão mais ampla do conteúdo apresentado até
aqui. Faça bom uso e não deixe de visitar cada link indicado.

Objetos de Aprendizagem:

Calculadora Gradiente <https://www.geogebra.org/m/d3gjhVrQ> ;

Interpretação Geométrica do Gradiente <https://www.geogebra.org/m/m5jfSAP6> ;

Interpretação geométrica entre o gradiente e a derivada direcional <https://www.geogebra.org/m/QK2A4AgV> ;

O Gradiente <https://pt.khanacademy.org/math/multivariable-calculus/multivariable-derivatives/modal/a/the-gradient> .

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