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Cuidados Paliativos Livro PDF
Cuidados Paliativos Livro PDF
no final da vida
Efetivos
Definições
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Estabelecimento de prognóstico é uma das
habilidades fundamentais da prática médica. É pri-
mordial em Cuidados Paliativos sendo imprescin-
dível para o processo de tomada de decisão, para
uma adequada comunicação e consequentemente
para a definição de plano de cuidados.
Instrumentos validados de prognóstico estão
relacionados à funcionalidade global, à doença de
base e às complicações agudas da doença de base.
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Recomendações
Privilegiar o tratamento visando os princípios da
Bioética: Autonomia, Beneficência, Não Maleficên-
cia e Justiça.
A qualidade da vida é a meta terapêutica, sendo
recomendável que sejam suspensos ou recusados
os tratamentos que prolonguem o morrer, o que tor-
na necessário o conhecimento sobre como prog-
nosticar e o estímulo à adequada comunicação.
O reconhecimento precoce e a avaliação siste-
mática dos sintomas são os “sinais vitais” do pa-
ciente com doença terminal.
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3ª Doença irreversível e morte iminente – os
Cuidados Paliativos devem ser exclusivos ou pre-
ferenciais.
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Cuidados Paliativos
Aspectos ético-legais
Definições
Os princípios fundamentais da bioética são a auto-
nomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça.
Visando o respeito à autonomia foi publicada a
Resolução 1.995, aprovada pelo plenário do Conselho
Federal de Medicina (CFM) em 2012, que normatiza
as diretivas antecipadas de vontade, definindo que o
paciente poderá decidir, com a ajuda de seu médico,
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os procedimentos considerados pertinentes e aqueles
aos quais não quer ser submetido em caso de termi-
nalidade da vida.
Na ausência de diretivas antecipadas, a comunica-
ção é fundamental para que a autonomia do paciente
seja respeitada, mesmo que de forma presumida.
Embora possa parecer fácil a definição dos con-
ceitos da bioética, o avanço tecnológico do mundo
moderno tem motivado amplos questionamentos
a respeito dos mesmos. Até quando um paciente
com doença de Alzheimer tem preservada sua auto-
nomia? Quando ou até quando estaremos seguindo
a beneficência ou a não maleficência ao prescrever-
mos um tratamento restaurativo a um paciente com
doença terminal? Existe diferença ética entre a sus-
pensão e a recusa de tratamentos considerados fú-
teis ou inúteis? De forma pragmática, seria possível
responder a essas perguntas. Entretanto, são ques-
tões difíceis de serem escalonadas de forma coletiva.
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Amparo ético dos Cuidados Paliativos no
final da vida
Em respeito aos princípios bioéticos, o CFM
aprovou, em 2006, a Resolução 1.805. Nesta
resolução é descrito no Artigo 1º. “É permitido
ao médico limitar ou suspender procedimentos
e tratamentos que prolonguem a vida do doente,
em fase terminal, de enfermidade grave e incu-
rável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu
representante legal”.
Esse artigo é complementado por quatro
parágrafos: “1º. O médico tem a obrigação de
esclarecer ao doente ou representante legal as
modalidades terapêuticas adequadas para cada
situação”; “2º. A decisão referida no caput deve
ser fundamentada e registrada no prontuário”;
“3º. É assegurado ao doente ou representante
legal o direito de solicitar uma segunda opinião
médica”; e “4º. Em se tratando de doente inca-
paz, ausente o representante legal, incumbirá ao
médico decidir sobre as medidas mencionadas
no caput deste artigo.”
O artigo 2º dessa resolução determina: “O
doente continuará a receber todos os cuidados
necessários para aliviar os sintomas que levam
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ao sofrimento, assegurada a assistência integral,
o conforto físico, psíquico, social, espiritual, in-
clusive assegurando a ele o direito da alta hos-
pitalar”.
Em continuidade à regulamentação do tra-
tamento no final da vida foi definido no pará-
grafo único do artigo 41 do Código de Ética
Médica publicado no Diário Oficial da União de
24/09/2009: “Nos casos de doença incurável e
terminal, deve o médico oferecer todos os Cui-
dados Paliativos disponíveis sem empreender
ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou
obstinadas, levando sempre em consideração a
vontade expressa do paciente ou, na sua impos-
sibilidade, a de seu representante legal”.
Amparo jurídico para os Cuidados Paliati-
vos no final da vida
No que diz respeito às implicações legais da
ortotanásia, pode-se afirmar que o direito à vida
não implica uma obrigação de sobrevida.
Segundo o jurista José Henrique R. Torre: “Do
ponto de vista jurídico, pode-se questionar se a
ortotanásia pode ser considerada omissão. En-
tretanto, o médico, ao limitar ou suspender tera-
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pêutica, somente será considerado o causador
da morte do doente se a terapêutica tiver poten-
cial para evitar a morte. Portanto, a suspensão
ou a recusa de terapia fútil ou inútil não pode ser
enquadrada como homicídio. No caso do doente
terminal, em face de doença incurável, os apa-
relhos de suporte são ligados ou mantidos não
para evitar a morte, que é inevitável, irreversível
e inexorável, mas sim para manter a vida arti-
ficialmente. O médico não pode evitar a morte.
A situação é irreversível e não é transitória. Os
procedimentos e tratamentos não têm qualquer
sentido curativo. Portanto, não existe o dever de
manter esses procedimentos”.
O parecer final do processo judicial
2007.34.00.014809-3, assinado pelo Juiz federal
Roberto Luis Luchi Demo, julgou improcedente a
ação do Ministério Público que apontava a incons-
titucionalidade da Resolução do Conselho Federal
de Medicina número 1805/06, que permite a orto-
tanásia. No seu parecer, o Juiz escreveu que: “1)
o CFM tem competência para editar a Resolução
nº 1805/2006, que não versa sobre direito penal
e, sim, sobre ética médica e consequências dis-
ciplinares; 2) a ortotanásia não constitui crime de
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homicídio, interpretado o Código Penal à luz da
Constituição Federal; 3) a edição da Resolução
nº 1805/2006 não determinou modificação
significativa no dia-a-dia dos médicos que lidam
com pacientes terminais, não gerando, portanto,
os efeitos danosos propugnados pela inicial; a
Resolução nº 1805/2006 deve, ao contrário,
incentivar os médicos a descrever exatamente
os procedimentos que adotam e os que deixam
de adotar, em relação a pacientes terminais,
permitindo maior transparência e possibilitando
maior controle da atividade médica”.
Diante do relatado pode-se concluir que:
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Cuidados Paliativos
Comunicação em situações de conflito
Definições
O estresse gera um importante impacto na saúde
física e mental dos pacientes e de seus familiares
levando a uma diminuição da capacidade de com-
preensão das informações fornecidas e da capaci-
dade de tomada de decisões.
Saber se comunicar com o paciente e seus fa-
miliares é uma habilidade médica que permite mais
do que uma boa troca de informações entre estas
partes; acima de tudo é uma habilidade essencial
no processo de construção de uma relação de con-
fiança do paciente e familiares com a equipe. Essa
relação de confiança por sua vez vai facilitar o pla-
nejamento do final de vida do paciente, incluindo os
ajustes necessários nestes planos a partir dos desa-
fios que a evolução natural da doença venha a trazer.
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Enquanto habilidade médica, uma boa comuni-
cação é melhor adquirida através de treinamento ba-
seado em estratégias de comunicação que oferecem
as melhores evidências de sucesso medido através
de desfechos como melhores tomadas de decisões
de final de vida e maior satisfação de pacientes, fa-
miliares e equipe. Algumas das estratégias de comu-
nicação fundamentais em cuidados paliativos são:
comunicação empática, identificação das necessi-
dades específicas de informações e de envolvimento
em tomadas de decisão de pacientes e familiares e
condução de conferência estruturada sobre cuida-
dos de final de vida.
Comunicação Empática:
Empatia pode ser definida como a capacidade de
compreender a perspectiva e a dor do outro e de-
monstrar ativamente ao outro esta compreensão. É
esse processo de demonstração ativa da empatia
o que faz da comunicação empática uma estratégia
efetiva e passível de treinamento. Saber escutar, por
exemplo, é uma estratégia básica de boa comuni-
cação. Sob a ótica da comunicação empática, no
entanto, não basta ouvir o paciente e os seus fami-
liares; é preciso que os mesmos se sintam ouvidos.
Isto pode ser alcançado através de demonstrações
ativas de escuta tais como: olhar nos olhos de quem
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está falando, não interromper a fala do outro e usar
gestos tais como balançar a cabeça em sinal de en-
tendimento.
Outra estratégia de comunicação empática efe-
tiva é o bom uso da identificação das emoções
demonstradas pelo outro e responder às mesmas
com empatia. Expressões que veiculem mensagens
de empatia, apoio, parceria, validação e não julga-
mento são formas de responder adequadamente
às emoções. Diante de um paciente que demonstra
uma imensa tristeza e medo em decorrência de uma
fase difícil de sua doença o uso de expressões em-
páticas como “eu estou vendo como está sendo duro
para você passar por isso”, “é compreensível que você
sinta medo diante dos desafios que essa doença tem
lhe trazido”, “não se esqueça que você pode contar co-
migo durante todo esse processo” e “o que de mais
importante posso fazer por você neste momento?”
pode oferecer algum consolo ao paciente e contribuir
imensamente para a solidificação de uma relação de
confiança e que em si própria possa ser terapêutica.
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to sobre a doença e sua evolução, expectativas,
dúvidas, potenciais fontes de conflito, dificuldades
enfrentadas e emoções demonstradas pelos fami-
liares
• Responder empaticamente as emoções de-
monstradas
Informação
• Informar em linguagem clara e sem excesso de
detalhes: diagnóstico, tratamento e prognóstico
• Fracionar e titular o volume de informações de
acordo com as preferências dos presentes
• Avaliar se houve compreensão das informações
oferecidas
• Responder com empatia às emoções demons-
tradas
• Incentivar perguntas
Tomada de decisões
• Demonstrar interesse nos valores dos envolvidos,
expressões de desejos prévios, presença de direti-
vas antecipadas de vontade
• Tomar decisões se apropriado e de acordo
com o grau de envolvimento que os presentes
desejam ter e status emocional dos mesmos
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• Oferecer uma recomendação sobre o melhor
caminho
• Focar nos cuidados que serão prestados e não
no que será suspenso
• Verbalizar compromisso com a dignidade e o
não sofrimento do paciente
• Assegurar a continuidade dos cuidados até a
morte
• Verbalizar apoio à decisão tomada pelos pre-
sentes e dissipar sentimentos de culpa
• Encerramento
• Breve resumo dos pontos mais importantes da
conferência
• Agradecer presença de todos novamente e
valorizar a importância da participação dos mes-
mos
• Agendar nova conferência se necessário e co-
locar a equipe a disposição para novos esclare-
cimentos.
• Registrar a conferência em prontuário (data,
participantes, assuntos discutidos e decisões
tomadas.
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Cuidados Paliativos
Definição do Status de Terminalidade
AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA
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ser considerada tanto a natureza dinâmica e complexa
do corpo humano quanto a sua resposta particular a
cada um dos diferentes eventos clínicos enfrentados
ao longo do tempo.
Dessa forma pode-se deduzir que os prognósticos
não são expressões de certeza absoluta, atribuíveis a
este ou àquele paciente, mas sim estimativas obtidas
através do método científico das probabilidades de
desfechos, entre eles, a morte.
Predições clínicas de morte são tão mais acuradas,
quanto mais próximo o paciente se encontra do evento,
especialmente ao longo das últimas 3 semanas de vida.
Existem indicadores gerais de declínio que são ob-
servados em pacientes com curta expectativa de vida:
Queda do status funcional, maior dependência,
marcha lenta;
Doença crônica avançada, com piora no padrão
de resposta ao tratamento; (internações/exacerba-
ções mais longas e mais frequentes);
Perda não intencional de peso (>10%) nos últi-
mos seis meses;
Presença de eventos sentinela: quedas, luto,
transferência para casas de repouso.
No caso de doenças crônico-degenerativas e cân-
cer, a constatação de que a vida se aproxima do final,
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é facilitada quando são avaliados dados referentes a
três momentos distintos do curso da doença, inde-
pendente do diagnóstico de base.
1. Funcionalidade prévia verificada pela capa-
cidade do paciente realizar suas atividades de vida
diária (deambulação, trabalho, hobbies, higiene, ali-
mentação) de maneira autônoma, não dependendo de
especificidades das doenças.
Existem diversas escalas clínicas já validadas
e amplamente utilizadas que conferem ao paciente
maior chance de mortalidade em curto prazo, quanto
menor sua pontuação. Dentre elas, destaca-se a Es-
cala de Performance de Karnofsky (Figura 1) e a Escala
de Performance Paliativa (Figura 2).
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Escala de Performance Paliativa (PPS)
% Deambulação Atividade e evidência Autocuidado Ingesta Nível de consciência
da doença
40 Maior Incapaz para a maioria Assistência quase Normal ou reduzida Completo ou sonolência, +
parte do tempo das atividades, doença completa ou - confusão
acamado extensa
0 Morte - - - -
http://www.victoriahospice.org/sites/default/files/pps_portugese_0.pdf
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rência ou recidiva, o câncer rapidamente determina queda
funcional abrupta e esgotamento das reservas fisiológicas.
Doenças crônicas, especialmente cardíacas e respira-
tórias, apresentam evolução marcada por piora clínica pro-
gressiva alternada com períodos de exacerbação, até que
haja esgotamento e falência orgânica, não mais responsiva
ao tratamento.
O último padrão a ser analisado é o das doenças neuro-
lógicas de evolução lenta, como demências, mal de Alzhei-
mer e Parkinson. Eventos infecciosos, ou cardiovasculares
geralmente acometem os pacientes quando já marcada-
mente debilitados, levando-os à morte.
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3. Padrão de resposta ao tratamento da exacerbação
aguda avaliação do efeito que o tratamento proposto
alcançou ou não, e análise concomitante das reservas fi-
siológicas do organismo, para que possa haver ajuste de
expectativas quanto ao prognóstico.
É importante o conhecimento de que estabelecer um
mau prognóstico (de morte provável nos próximos dias
ou horas) não deve ser interpretado como sinônimo de
desesperança e tampouco desistência ou abandono, mas
como um meio de permitir o ajuste do plano de cuidados
com enfoque especial na busca pelo conforto, proporcio-
nando assim, uma morte sem sofrimento com consequente
maior satisfação familiar. A pergunta principal não deve ser:
“Quanto tempo o paciente tem de vida?” e sim, “Diante da
probabilidade de que o paciente tenha pouco tempo de
vida, o que deve ser feito a fim de beneficiá-lo?”.
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Identificação do paciente em processo de morte
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Cuidados Paliativos
Cuidados no final da vida
Definições
Os últimos dias/horas da vida são momentos
cheios de dúvidas, tristeza, medo. O paciente e seus
familiares estão sofrendo e, mais do que nunca, ne-
cessitam de um atendimento integral.
O melhor lugar para morrer é aquele onde o pa-
ciente e seus familiares estejam tranquilos e recebam
a assistência necessária.
O reconhecimento do morrer torna-se primordial
para que seja administrado o tratamento adequado ao
paciente no final da vida e aos seus familiares.
Nos dias/horas que precedem a morte é essen-
cial o controle adequado dos sintomas e a aceitação,
por parte dos profissionais da saúde, da futilidade e
consequentemente da necessidade da recusa ou sus-
pensão de alguns tipos de procedimentos ou terapias.
Reconhecimento do morrer
Como foi descrito no capítulo anterior, nos últimos
dias/horas da vida a atenção fica cada vez mais limi-
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tada e o doente dorme a maior parte do tempo, em
especial quando os sintomas estão bem controlados
e quando a família e o ambiente se mantêm serenos.
Nesse momento, podem ocorrer quadros de de-
lirium. A imobilidade é crescente e a dor é presente.
O doente depende integralmente de cuidados, não se
vira no leito, praticamente não consegue ingerir ali-
mentos ou fluidos e a medicação por via oral se torna
inviável.
Surgem os problemas relacionados ao acúmulo
de saliva e secreções brônquicas (ronco da morte), o
ritmo respiratório pode ser irregular, com longos perío-
dos de apnéia e respiração superficial.
São frequentes sinais de desconforto como in-
quietude, gemência, fácies de dor e mioclonia.
Podem surgir também: eventos tromboembólicos
causando dispneia súbita, edema agudo pulmonar,
hemorragias, estridor laríngeo, dor aguda, delirium
agitado, vômitos por estase ou de conteúdo fecal, etc.
Recomendações
Na fase final da vida os Cuidados Paliativos devem
ser fornecidos de forma exclusiva e/ou preferencial.
O plano de cuidados deve ser readequado, sendo
indicada a suspensão de medidas fúteis e geradoras
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de desconforto como: coletas de exames cujo resul-
tado não irá interferir no plano terapêutico, controle de
glicemias, monitoração de sinais vitais, medicações
que não contribuem com conforto.
Os controles de enfermagem e o tratamento mul-
tidisciplinar (fisioterapia, psicologia, assistente social)
devem intervir com ações que visem o conforto do
paciente e de seus familiares.
Devem ser suspensas as medicações que não
estejam controlando os sintomas, ou que tenham um
objetivo de prevenção/controle de doenças à longo
prazo como: anti-hipertensivos, vitaminas, antide-
pressivos, anticoagulantes, albumina, antibióticos por
longa permanência, etc.
São medicamentos essenciais àqueles que pro-
movem o conforto do paciente como analgésicos,
anti-eméticos, sedativos, ansiolíticos.
Quando conveniente, é aconselhável a implanta-
ção de metas terapêuticas. Por exemplo, a prescrição
de antimicrobianos por 72 horas, seguida da reavalia-
ção e suspensão caso haja falha terapêutica.
É sugerida a adaptação das vias de administração
de medicamentos. Preferir a via oral e, quando esta
não é possível, a via subcutânea.
É imprescindível que seja disponibilizado suporte
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emocional ao paciente e seus familiares; que seja oti-
mizada a informação e que seja checada a compreen-
são da informação prestada.
São essenciais a avaliação sistemática (escala de
ESAS) e o controle dos sintomas.
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Cuidados Paliativos
Controle dos principais sintomas
Recomendações:
Ações Não Farmacológicas
→ Otimizar a comunicação: Informar aos familiares
sobre as especificidades do morrer e incentivar acom-
panhamento permanente;
→ Manter ambiente tranquilo e adequá-lo conforme
as preferências prévias do paciente (som / iluminação
/ etc.);
→ Em casos de dispneia – adequar a ventilação
com janelas abertas e/ ou ventilador;
→ Adequar a posição no leito e a mobilização do
paciente, evitando insistências e tentativas desneces-
sárias;
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→ Avaliar ajustes de higiene e umidificação oral.
Umedecer os lábios e oferecer pedacinhos de gelo.
Providenciar cuidado oral mecânico para remoção
da placa dentária por escovação (escova pequena de
cerdas macias) e/ou enxague com swab oral.
Ações farmacológicas
D o r 5º Sinal Vital
Definições
É importante o adequado reconhecimento do tipo
de dor para que seja escolhida a terapêutica adequada.
A dor aguda ou crônica, de origem neoplásica ou não,
de acordo com mecanismos fisiopatológicos pode ser
classificada em:
→ Nociceptiva: somática (metástese óssea) ou vis-
ceral (obstrução, cólica renal),
→ Neuropática: por lesão das vias nociceptivas: cen-
tral (doença de Parkinson, pós acidente vascular
cerebral) ou periférica (polineuropatia diabética)
→ Mista – frequente na dor oncológica (crescimento
do tumor e compressão em estruturas neurais)
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Pontos Chave no tratamento da dor
1. Identificar as causas potencialmente reversíveis (in-
fecção aguda, retenção urinária, fecalomas, úlcera de
pressão, imobilismo, mau posicionamento no leito);
2. Identificar fatores reversíveis que possam contribuir
para o aumento da dor (emocionais, sociais, espiri-
tuais)
3. Usar opióides corretamente;
4. Usar adjuvantes analgésicos;
5. Prescrever doses resgate;
6. Ajustar diariamente a dose somando com a dose
resgate;
7. Associar drogas com mecanismos de ação dife-
rentes;
8. Ao trocar um opióide diminuir 30% da dose;
9. Avaliar o rodízio dos opióides principalmente no
caso de náuseas, sintomas mau controlados ou alu-
cinação.
10. Monitorar e pautar o tratamento de forma indivi-
dualizada avaliando o tipo e a intensidade da dor.
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Princípios do tratamento analgésico
Pela Boca
Pelo relógio
Para o indivíduo
Com adjuvantes
Pela escada analgésica
Com atenção para os detalhes
Recomendações:
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Dor Leve - Para o controle da dor de fraca intensi-
dade tanto de origem visceral (cólica), quanto óssea
(metástese), muscular ou articular, são indicados os
salicilatos, a dipirona ou o paracetamol.
No final da vida a dor geralmente aumenta de intensi-
dade, tornando-se necessária a prescrição de analgé-
sicos mais potentes.
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2. Tramadol (opióide like)
Aumenta a liberação da serotonina e inibe a recep-
tação da noradrenalina. É mais nauseante e menos
constipante que os opióides. Tem boa absorção por
via oral, com meia vida plasmática de 6-7 horas. Sua
potência analgésica é 10 vezes menor que morfina.
Dose- 50 a 100 mg cada 4 a 6 horas. A dose máxima
diária é de 400mg/dia (efeito teto).
Medicações propostas:
Opióides
A morfina é o fármaco de primeira escolha neste
contexto. Em casos de dispneia leve pode ser indicada
a administração de codeína na dose de 30mg via oral
a cada 4 horas.
Para a dispneia grave pode-se iniciar, para pacientes vir-
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gens de tratamento, 2,5 a 5 mg de morfina a cada 4 horas.
Devendo-se prescrever doses resgate se necessário.
Benzodiazepínicos
O uso de Midazolam na dose inicial de 5 a 10 mg nas
24 horas pode ser benéfico para os pacientes com
componente emocional importante.
Oxigênio
Existem poucas evidências do benefício do uso de oxi-
gênio na fase final da vida.
A melhora da sintomatologia ocorre pelo estímulo do
fluxo aéreo em receptores na região da face. Esse estí-
mulo pode também ocorrer pelo fluxo de ar gerado por
ventiladores ou vento oriundo de uma janela.
Ventilação não invasiva
Não é estabelecida sua eficácia para o controle sinto-
mático da dispneia. Indicada somente nos casos de
dispneia como processo reversível, como por exem-
plo, em edema pulmonar, num quadro infeccioso ou
em intoxicação por drogas.
Nos casos de VNI paliativa é inadequado que seja
setada frequência mínima no aparelho, a monitora-
ção de oximetria não é necessária, devendo sim ser
avaliado o conforto do paciente. Deve-se também
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permitir intervalos para alimentação, ingesta hídrica, e
comunicação, conforme o desejo do paciente.
Se for indicada a VNI paliativa e houver sensação de
sufocamento do paciente está indicada a prescrição
concomitante de ansiolítico em dose baixa.
Delirium
Ansiedade
Soluços
Tosse
51
Sedação Paliativa
Vias de administração
(http://www.ebserh.gov.br/documents/147715/393018/hipodermoclise_artigo.pdf).
54
Bibliografia Recomendada
55
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cos do viver e do morrer. Brasilia: CFM; 2011. p15-
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10. Moritz RD, Deicas A, Capalbo M, et al. II
Fórum do “Grupo de Estudos do Fim da Vida do Cone
Sul”: definições, recomendações e ações integradas
para cuidados paliativos na unidade de terapia inten-
siva de adultos e pediátrica. RBTI (2011) 23(1):24
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11. Siouta N, van Beek K , Preston N, Hasselaar J
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tive pulmonary disease: a systematic literature review of
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