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Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Veterinária

SEMIOLOGIA
VETERINÁRIA

Belo Horizonte, Minas Gerais


Professores:
Luiz Alberto do Lago
Rubens Antonio Carneiro
Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho

Thais Coelho Lopes, monitora de Semiologia


Veterinária, 2015.

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Semiologia Veterinária

Sumário:

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Exame de mucosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10

Exame de linfonodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Termorregulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Semiologia da Pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Semiologia do Sistema Respiratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Semiologia do Sistema Cardiovascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Semiologia do Sistema Digestivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Semiologia do Sistema Urinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Semiologia do Sistema Genital Feminino . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Semiologia do Sistema Genital Masculino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Semiologia do Sistema Locomotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Semiologia do Sistema Nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

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Semiologia Veterinária

Introdução:
A semiologia é o segmento da patologia que pesquisa sintomas com o objetivo de formar
base clínica para o diagnóstico, prognóstico e tratamento.
Semiologia funcional: explora a parte funcional, busca informações de como está o
desempenho das diversas funções.
Semiologia anatômica: informações a respeito do padrão anatômico dos vários
órgãos.
Semiologia experimental: faz experimentações para saber como uma determinada
função acontece, quando não se consegue obter a informação funcional diretamente.

É importante seguir uma sequência sistemática e estratégica no exame clínico, pois


quando você sistematiza uma sequência para o exame e segue essa sequência sempre,
você diminui o risco de esquecer de examinar alguma parte. Além disso, se inverter a
ordem do exame, pode acabar levando a um raciocínio errado (diferente) sobre o caso
clínico.

Áreas da Semiologia:
Semiotécnica: área da semiologia que ensina a examinar o doente. Ensina como pegar
o animal, como contê-lo e como explorá-lo para obter as informações.
Semiogênese: Área da Semiologia que procura explicar o mecanismo de formação
(origem) dos sintomas.
Clínica Propedêutica: ensina a agrupar e interpretar os sintomas, e, com isso, chegar
a uma conclusão.
Como os animais não se comunicam na linguagem humana, nós veterinários, temos
que aprender a linguagem deles.

Sintoma: é qualquer alteração que revele doença.


Classificação:
Quanto à manifestação:
- Objetivo: “Você bate o olho e vê”. A informação está clara. Ex: numa fratura, você
consegue facilmente ver o osso fraturado, seja através da inspeção, palpação ou
métodos auxiliares como o Raio X.

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- Subjetivo: Requer interpretação. Você precisa fazer uma avaliação. Ex: apatia,
letargia

Quanto ao mecanismo:
- Anatômico: Ex: Esplenomegalia
- Funcional: Ex: sopro cardíaco
- Reflexo: Uma manifestação que para sua produção haja necessidade de um reflexo
retrógrado. Ex: sudorese: mecanismo desencadeado por um processo anterior
(aumento de temperatura, por exemplo).

Quadro sintomático: é a coleção de sintomas que você observa no paciente.


Síndrome: é um estado orgânico revelado por um quadro sintomático específico. Ex:
Síndrome febril: traz em si um quadro sintomático, caracterizado por: animal apático,
com pêlos eriçados, hipertermia, mucosas secas.
Sinal clínico: alteração revelada após a interpretação dos sintomas.

Diagnóstico: é o reconhecimento da doença ou do estado do doente.


Classificação:
Quanto ao tipo:
- Comparativo: comparar o quadro sintomático de diversas doenças.
- Terapêutico: Desconfio desta doença ou daquela. Se eu administrar esta droga, terei
tal resposta esperada.
- Clínico ou nosológico: Reconhecimento direto da doença. Já examinei o paciente,
considerei o quadro sintomático e não foi necessário comparar ou fazer algum exame
complementar para fechar o diagnóstico.
- Etiológico: identificação do agente através de experimentação.

Quanto ao valor:
- Provisório: Em muitas ocasiões não é possível estabelecer de imediato o diagnóstico
exato da enfermidade. Solicitar exames complementares e observar a evolução do caso
para se estabelecer o diagnóstico definitivo.
- Definitivo: realizado através do exame clínico e/ou de exames complementares. É
definitivo, ou seja, não há dúvidas quanto ao diagnóstico.

Prognóstico: previsão da evolução e cura da doença.


Classificação:

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- Favorável: é aquele em que já se conhecem as ferramentas necessárias para a cura
da doença.
- Reservado: é aquele em que há recursos, mas não são totalmente eficientes. Ainda
há dúvidas sobre a possibilidade de recuperação.
- Desfavorável: é aquele em que você já sabe de antemão que não há chances de
recuperação.

Tratamento:
É o meio do qual lançamos mão para combater a doença. Quanto ao tipo pode ser
cirúrgico, manejo, terapêutico, fisioterápico.
Quanto à finalidade pode ser etiológica, sintomática e vital.
Eutanásia é uma forma de tratamento. É uma prerrogativa absoluta do veterinário e só
pode ser recomendada como tratamento depois de reconhecer a indicação. Deve ser
feita somente se não há possibilidade de cura ou aumento da sobrevida do animal.

Exame clínico:
É o conjunto de procedimentos executados pelo clinico de forma metódica e sistemática
visando o estabelecimento de um diagnóstico presuntivo. É uma busca de informações.

Métodos de exploração clínica ou Métodos de exploração semiológica:


São recursos de que dispomos para a avaliação clínica dos animais.

- Métodos clássicos ou convencionais:


 Inspeção: Tem que olhar querendo ver. Assim, ela fará 78% do exame clínico. Por isso
deve-se fotografar mentalmente tudo aquilo que vemos para utilizar comparativamente
nos exames futuros. Fazendo somente a inspeção, é possível dar um diagnóstico com
segurança, enquanto com todos os outros métodos, se utilizados isoladamente, isso
não é possível.
Pode ser direta, quando não há nada entre o olho e a área observada (utilizar uma
lanterna para iluminar a região continua sendo inspeção direta, pois não há nada entre
o olho e o que está sendo inspecionado. E pode ser indireta, quando há algo entre o
olho e o que se está vendo. Ex: lupa.

 Palpação: Sentido do tato. É direta quando se utiliza direto as mãos e indireta quando
se utiliza algum instrumento, por exemplo, uma sonda. Para ser feita uma palpação

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adequada é necessário que o animal esteja contido de uma forma adequada e que o
clínico se posicione adequadamente em relação ao animal.

 Percussão: Produção de som. É direta quando não utilizamos nenhum instrumento


(digital ou dígito-digital em pequenos animais), e indireta quando utilizamos o martelo e
o plexímetro. São importantes a técnica sistemática e a utilização de instrumentos
adequados. Também é importante que seja feita em ambiente tranquilo e silencioso,
pois a principal dificuldade que encontramos são os ruídos de baixa frequência do
ambiente.
O som que ouvimos durante a percussão não é propriamente o som que produzimos, e
sim o retorno do som produzido.
Tipos de som:
- Maciço: não tem propagação de ondas dentro dele, ou seja, não tem ar ou espaços
vazios. Ex: fígado.
- Maciço não completamente: tem um pouco de propagação, mas não chega a
metade. Igual a cerca de 2/3 de macicez e 1/3 de propagação).
- Sub-maciço: tem metade de propagação e metade de macicez.
- Claro: tem muita propagação de ondas. Ex: pulmões.
- Sub-timpânico: mais ou menos o mesmo tanto de propagação que o claro.
- Timpânico: total propagação de ondas, não há nenhuma macicez.

 Auscultação: sons produzidos pelos órgãos. Também pode ser direta (coloca-se o
ouvido diretamente na estrutura) ou indireta (utilização do estetoscópio).

- Métodos Auxiliares: série de métodos específicos que visam auxiliar os métodos


clássicos. As técnicas empregadas têm o objetivo de aumentar e potencializar a
eficiência dos sentidos.
Ex: Procedimentos cirúrgicos, endoscopia, ultrassom, biopsia, punção, exames
laboratoriais.

Importância do posicionamento do examinador e do animal para fazer o exame físico


(inspeção, palpação, percussão e auscultação): O posicionamento influencia na
eficiência da execução da metodologia. Conforme o posicionamento em relação ao
animal você pode ver tudo ou não ver nada. Além disso, é importante também para a
segurança do clínico.

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Etapas do exame clínico:
 Identificação e histórico: identificação do proprietário/tutor e do animal (nome,
telefone, endereço, raça, sexo, idade) e história contada pelo proprietário sobre o que
está acontecendo com o animal. Nesse momento o veterinário não pode falar nada, só
ouvir.

 Anamnese geral e específica: o veterinário faz perguntas estratégicas ao proprietário.


Deve ser em ordem cronológica e não induzir respostas falsas. Ex: ao invés de
perguntar: “você dá vermífugo ao seu animal? ”, perguntar: “Qual foi a última vez que o
seu animal foi vermifugado? ”
- Geral: formar um painel sobre o ambiente e a rotina diária do animal e do proprietário.
- Específica: obter respostas especificamente ligadas ao motivo da consulta. Ex: se a
queixa principal é a tosse do animal, a anamnese específica será voltada para o sistema
respiratório, dando uma atenção maior a este. Mas perguntas sobre os outros sistemas
também são extremamente importantes.

Importante: nunca censurar ou advertir o proprietário, pois pode inibi-lo de dar as


respostas verdadeiras. Se elogiá-lo, ele pode superestimar alguma informação. Portanto
deve manter-se neutro.

 Exame físico: execução da metodologia e manipulação do animal para obter


informações. Obs: essa é a primeira etapa de manipulação do animal. A inspeção à
distância (observação do comportamento) do animal é feita durante as etapas iniciais
de identificação, histórico e anamnese.

 Diagnóstico
 Prognóstico
 Tratamento

Fatores importantes para a realização do exame clínico:


- Ambiente: iluminado, tranquilo, silencioso, seguro.
- Relação médico/paciente e médico/informante: respeitar seu paciente
- Contenção: importante para a segurança do médico e do animal. O animal é bravo
porque quer se defender. Por mais manso que seja, na hora em que ele se sentir
ameaçado, ou se sentir dor durante o exame, ele vai querer se defender.

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- Posicionamento: influencia na eficiência da execução da metodologia. Conforme o
posicionamento em relação ao animal você pode ver tudo ou não ver nada. É
importante, ainda, para a segurança do clínico examinador.
- Manipulação: maneira correta de segurar o animal
- Interação e concentração: conversar com o animal para senti-lo e entendê-lo.
- Sistemática: roteiro, metodologia.
Projeção Anatomotopográfica: desenho feito na pele do animal projetando a
localização interna do órgão. Projeção do órgão na superfície corpórea do animal.

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Exame de Mucosas:

Qual é a importância de se examinar mucosas e linfonodos? Além de ser tecido ou órgão


próprio, e portando sofrer alterações, nos dá informações sobre o estado de saúde geral
do animal, ou seja, pode indicar doenças em outros sistemas.
Enfermidades próprias: inflamações, tumores, edemas.
Enfermidades de outros sistemas: icterícia.

Estrutura examinável é aquela que saudável ou doente temos acesso a ela. É a


estrutura que classicamente se examina na rotina. Ex: mucosa anal: nós temos
facilmente acesso a ela, mas ela não é uma mucosa examinável enquanto exame de
mucosa, e sim durante o exame do trato gastrointestinal.

Mucosas examináveis em uma rotina clínica:


- Conjuntiva ocular ou mucosas conjuntivais
- Mucosa oral ou bucal
- Mucosas nasais
- Mucosa vulvo-vaginal
- Mucosa prepucial ou peniana (apenas nos pequenos animais, nas demais
espécies seu exame é feito junto com o sistema genital).
Em bovinos e equinos, a mucosa prepucial é mais passível de alterações locais do
sistema genital, não sendo muito segura como fonte de alterações em outros sistemas,
por isso não é examinada enquanto exame de mucosas.

Métodos de exploração clínica ou métodos de exploração semiológica:


 Inspeção:
- Coloração: normal é róseo-avermelhado brilhante e não rosa-claro, com variações
entre espécies e raças. Alterações incluem palidez (branco-róseo à pérola), aspecto de
porcelana (comum em pequenos ruminantes com infestação por vermes hematófagos
que causa espoliação sanguínea intensa), ictérica (amarelo devido à presença de
bilirrubina), congesta ou hiperemica (vermelha), cianótica (azul devido à redução da
oxigenação). Obs.: não devemos dizer mucosa ictérica, hiperêmica, cianótica, e sim,
mucosa amarela, vermelha, azul, pois a icterícia, a hiperemia e a cianose não são cores,
e sim, condições que levam às respectivas cores.
- Umidade: são úmidas, mas não têm fluxo. Se estiver seca ou fluindo está doente.

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- Integridade: sem lesão, manchas, nódulos, ulcerações ou corpo estranho

- Vascularização: não pode ser evidente na mucosa (ex: os vasos episclerais não
podem ser excessivamente evidentes, pois é sinal de doença).

- Tempo de perfusão capilar (TPC): comprimir a mucosa afastando a circulação e


vendo o tempo que gasta para voltar após cessar a compressão. O tempo deve ser de
2 segundos, ou seja, deve ser imediato. É feito na mucosa gengival, já que nesta tem
um suporte (osso) contra o qual a mucosa é comprimida. O aumento do TPC pode
indicar desidratação, anemia, hipovolemia.

 Palpação:
Feito quando tem alguma alteração de integridade, como um aumento de volume. Palpa
para identificar a natureza do aumento de volume, qual a consistência, se tem flutuação,
mobilidade.

 Métodos auxiliares: Biópsia.

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Exame de Linfonodos:

Sistema linfático
A função primordial é a drenagem de líquidos e materiais particulados do espaço
intercelular de todo o corpo do animal; absorção de nutrientes, principalmente lípides.

Linfangite: inflamação do vaso linfático


Linfadenite: inflamação do linfonodo

Linfonodos: são órgãos de defesa, que, além de drenagem da linfa, fazem a defesa
orgânica, estando estrategicamente distribuídos pelo corpo do animal, formando
cadeias, cada uma responsável pela drenagem e defesa daquela região. Todas as
cadeias estão simetricamente dispostas nos dois lados do corpo.
Ex: cadeia da região parotídea: drena a região do ouvido e da parótida;
Cadeia retrofaringeana: drena a região da faringe e da garganta do animal (aspecto
interno da cabeça). Cadeia mandibular, drena a região ventral da cabeça. Cadeia
cervical superficial ou pré-escapular: drena as orelhas, pescoço, peito e escápula;
cadeia sub-ilíaca: drena a região posterior do tronco e craniolateral da coxa; cadeia
mamária: úbere e aspecto interno posterior das coxas; cadeia escrotal: órgãos genitais
masculinos externos; poplíteos: estruturas distais ao linfonodo, perna e coxa; por
palpação retal em bovinos: cadeia da bifurcação da aorta: drena a cavidade abdominal
e ileofemorais.

Quando verifico alteração em apenas um linfonodo de uma cadeia, temos uma alteração
local. Quando a alteração ocorre em linfonodos de uma mesma cadeia, então a
alteração é regional. Alteração sistêmica ocorre quando todas as cadeias de linfonodos
estão comprometidas.

Importância do exame dos linfonodos: além de ser tecido ou órgão próprio e, portando
sofrer alterações próprias, nos dá informações do estado de saúde geral do animal, ou
seja, pode indicar doenças em outros sistemas. Além disso, informa se a doença é local,
regional ou sistêmica.

Linfonodos examináveis: são todos aqueles a que temos acesso, estando saudável
ou doente.

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Cães: linfonodos submandibulares, pré-escapulares, poplíteos, axilares e inguinais.
Linfonodos palpáveis: submandibulares, pré-escapulares e poplíteos.

Bovinos: parotídeos, submandibulares e retrofaríngeos, cervicais superficiais, sub-


ilíacos, retromamários ou escrotais (também chamados de inguinais), íleofemurais,
bifurcação da aorta. Linfonodos palpáveis: cervicais superficiais, sub-ilíacos,
retromamários ou escrotais, ileofemurais, bifuração da aorta, sendo os dois últimos por
palpação interna.

Equinos: submandibulares, parotídeos, retrofaríngeos, cervicais superficiais ou pré-


escapulares, sub-ilíacos. Linfonodos palpáveis: submandibulares, cervicais superficiais
ou pré-escapulares, subilíacos e mamários ou escrotais.

Métodos de exploração clínica ou métodos de exploração semiológica:

- Técnica de exame: primeiro examina-se uma cadeia de um lado e depois vai para a
cadeia contralateral comparando-as. Somente depois de fazer a comparação é que se
passa apara a cadeia seguinte. Começar pelas cadeias da cabeça e seguir em direção
a região posterior do animal. Nunca saltar cadeias ou inverter a sequência.

- Inspeção: volume, forma, presença de fistulas.

- Palpação: volume, forma, consistência, sensibilidade, mobilidade, temperatura,


superfície.

- Métodos auxiliares: punção, biópsia, ultrassonografia.

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Termorregulação:

Regulação da temperatura corporal:


- Termostato hipotalâmico
- Termogênese: produção de calor através de mecanismos oxidativos.
- Termólise: eliminação de calor → vasodilatação, aumento da frequência cardíaca,
sudorese, arfagem.
Alterações da temperatura corporal:
- Fatores fisiológicos. Ex: corrida
- Fatores patológicos. Ex: doenças

Causas principais de elevação da temperatura corporal de forma patológica:


endotoxinas, bactérias, vírus, hipersensibilidades, tumores, pirógenos exógenos,
neutrófios, monócitos, eosinófilos, pirógenos endógenos (mediadores proteicos, debris
celulares, produtos do catabolismo).

Hipertermia é diferente de febre. A febre é caracterizada por aumento da temperatura


+ sintomas típicos da síndrome febril).
A hipertermia pode ser: por retenção (climas e ambientes quentes), esforço (trabalhos
musculares) ou mista.

Pirexia ou febre:
- Hiperpirexia: crise febril onde a temperatura está muito elevada.
- Hipopirexia

Síndrome febril: indicativa de doença


Sinais: congestão de mucosas (vasodilatação), secas e sem brilho
Taquicardia, taquipnéia, pêlos eriçados, desidratação, apatia.

Tipos de febre:
Febre contínua: levada e com pequenas variações diárias.
Febre Intermitente: períodos de febre alternados com períodos apiréticos ao longo
do dia. Ex: Hemoparasitose
Febre Recurrente: períodos de febre alternados com períodos de dias apiréticos. Ex:
anemia infecciosa equina, tuberculose.

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Febre remitente: oscilações ultrapassam 1°C, sem alcançar limite fisiológico no dia.
Febre Inversa: se eleva pela manhã e cai à tarde
Febre Efêmera: aparece e desaparece rapidamente ao longo do dia
Atípica: quando não se enquadrar nos tipos acima.

Técnicas de mensuração: termômetro.

Temperaturas normais:

Animal Jovem Adulto


Equinos 37,5 – 38,5 37,5 – 38.0
Bovinos 38,5 – 40,0 38,5 – 39,0
Ovinos 38,5 – 39,0 38,5 – 40,0
Caprinos 38,5 – 41,0 38,5 – 40,5
Caninos 38,0 – 39,5 38,0 – 39,0
Felinos 38,0 – 39,5 38,0 – 39,5
Aves - 39,5 – 44,0

Classificação da febre (quanto a elevação térmica):


Ligeira: 0 – 1 °C
Regular: 1 – 2 °C
Alta: 2 – 3 ° C
Muito alta: > 3 °C

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Semiologia da pele

Funções da pele:
Proteção contra perdas: água, eletrólitos, macromoléculas.
Proteção contra injúrias externas: químicas, físicas e microbiológicas.
Produção de estruturas queratinizadas: pêlos, unhas e camada córnea – proteção e
movimentação.
Flexibilidade: mamíferos realizam diferentes movimentos.
Termorregulação: mano piloso, regulação dos vasos sanguíneos, função glandular.
Reservatório: água, eletrólitos, vitaminas, ácidos graxos, carboidratos, proteínas
Imunorregulação: imunidade celular e humoral
Pigmentação: melanina, cor dos pelos e da pele, proteção contra os raios solares.
Produção de vitaminas D: necessita de ativação cutânea.
Identificação: superfície das narinas são como as impressões digitais dos humanos
Percepção: rede nervosa cutânea – a pele é o órgão receptor sensitivo do calor, frio,
dor, tato.
Secreção (glândulas sudoríparas e sebáceas): manutenção e lubrificação do
recobrimento piloso, termorregulação, determinação de odores.

Morfologia da pele:

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Epiderme: camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida (coxins palmo-plantares e
narinas) e córnea.
Células de Merckel (2%): funções táteis e sensitivas.
Derme superficial: contato com a epiderme. Abrange os folículos pilosos e glândulas
Derme profunda: feixes de fibras colágenas paralelos à superfície.

Pêlos e folículos:
- Pêlo primário: Glândula Sebácea, 1 músculo eretor do pêlo e 1 poro para cada pêlo.
Felinos, caninos, caprinos, ovinos e suínos
- Pêlo secundário: vários pêlos por poro. Bovinos e equinos
Proporção: 1 primário/5-20 secundários

Ciclo do pêlo:
- Fase anágena: crescimento, intensa atividade da matriz.
- Fase catágena: interrupção do crescimento, redução do tamanho.
- Fase telógena: folículos quiescentes, pêlos prestes a desprender.

Por que um pitbull suja mais a casa de pêlos do que um poodle? Porque, por se tratar
de um animal de pêlo curto, o ciclo do pêlo nele é mais rápido.

Glândulas sudoríparas:
- Epitriquiais: função antimicrobiana e ferormônios. Todos os mamíferos domésticos
possuem.
- Atriquiais: presentes nos coxins dos carnívoros.

Sudorese:
- Equinos: termorregulação – grande quantidade de suor.
- Ruminantes: termorregulação – pequena quantidade de suor.
- Cães e gatos: coxins palmo-plantares.

Vascularização:
- Plexo profundo, subdérmico ou subcutâneo
- Plexo intermediário ou cutâneo
- Plexo Superficial ou subpapilar
Hipoderme:
Tecido subcutâneo ou panículo adiposo.

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Depósito nutritivo de reserva
Isolamento térmico.
Proteção mecânica
Deslizamento da pele.

Exame da pele:
Erros x ansiedade do proprietário: o exame da pele deve ser feito por completo,
analisando o animal como um todo.
Passos para o exame:
1. Identificação:
- Etária: doenças da infância: demodicose em cães, dermatofitose em gatos,
papilomatose em bezerros.
Alergias: adultos jovens e maduros
Alterações hormonais: adultos maduros
Idosos: neoplasias, outras doenças não específicas ligadas à idade.
- Sexual: dermatopatias relacionadas a hormônios sexuais. Tendências: fístulas
perianais em cães, abcessos em gatos.
Estro: acometimento marcante.
Metaestro: a progesterona causa queda do pêlo.
- Racial: Akita – adenite sebácea
Felino Persa: complexo granuloma eosinofílico
Equino Apaloosa: Pênfigo foliáceo
Bovino Simental: astenia cutânea.
Suíno Landrace: dermatose vegetante.
- Cor do pelame: doença do mutante de cor em cães de pêlos azulados; carcinoma
espinocelular em gatos brancos; melanoma em equinos tordilhos; fotossensibilização
em gado claro ou branco.

2. Anamnese
- Primordial e completa!
- Queixa principal
- Antecedentes: recentes e distantes
- Início do quadro e evolução: agudo x crônico
- Periodicidade
- Contactantes: animais e humanos, rebanhos
- Terapia: já utilizada, em utilização no momento, resultados

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- Ambiente e manejo
- Ectoparasitas
- Sintomas relacionados a outros órgãos
- Sintomas: lesões dermatológicas
- PRURIDO: avaliação da presença do prurido, intensidade do prurido, manifestações
do prurido: lamber, roçar, mordiscar, esfregar-se, localização do prurido.

3. Exame físico:
- Palpação
- Sensibilidade das lesões, volume, espessura, elasticidade, temperatura, consistência,
umidade, untuosidade. Edemas, digitopressão: diferenciar eritema de púrpura.
Reflexo Otopedal: você coça a orelha do animal e ele tem um reflexo de movimentação
característico dos pés.
- Olfação
- Inspeção direta: ambiente claro, distância de 1,5-2,0m, depois aproximar-se do
animal. Analisar recobrimento piloso:
Suínos: recobrimento piloso pouco denso
Equinos: alopécia abdome ventral, região axilar e face interna da orelha.
Bovinos e caprinos: alopécia abdome ventral, região axilar e face interna da orelha.
Ovinos: Farto recobrimento piloso em toda a superfície corporal.
Caninos: alopécia abdome ventral, região axilar e face interna da orelha. Raças de
recobrimento piloso em toda a superfície corporal. Raças com alopécia na face externa
da orelha, cervical, torácica e abdominal ventral. Raças com recobrimento piloso
somente nas extremidades.
Felinos: alopécia na face interna da orelha e rarefação pilosa entre a órbita e a base da
orelha. Raças com recobrimento piloso em toda a superfície, recobrimento ausente ou
só nas extremidades.
- Quedas fisiológicas: o pêlo cai, mas não há alopécia e nem outras alterações como
descamações.
- Quedas patológicas
- Cor da pele: rósea, rósea-clara (pálida), cianótica (azul), ictérica (amarela), hiperêmica
(vermelha).
- Sudorese: Anidrose (ausência de suor), hipoidrose (pouco suor), Hiperidrose (muito
suor).

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Classificação das lesões cutâneas:

- Quanto à distribuição:
Localizada: de 1-5 lesões individualizadas
Disseminada: mais de 5 lesões individualizadas
Generalizada: acometimento difuso de mais de 60% da superfície corpórea.
Universal: toda a superfície corpórea.

- Quanto à origem:
Lesões primárias: desenvolvem-se espontaneamente como reflexo direto da doença
subjacente. Ex: mancha, pápula ou placa, pústula, vesícula, nódulo, tumor, cisto.
Lesões secundárias: evoluem das lesões primárias ou ocorrem por envolvimento do
paciente ou de outros fatores. Ex: colarete epidérmico, cicatriz, exulceração e úlcera,
fissura, liquenificação.
Lesões que podem ser tanto primárias quanto secundárias. Ex: alopécia, escamas,
crostas, comedo, alterações pigmentares.

- Quanto à topografia:
Simétricas ou assimétricas
Uma lesão em relação à outra
Endocrinopatias: a maioria se caracteriza por apresentar lesões simétricas.
Doenças não endócrinas.

Quanto à profundidade:
Superficial: quadros mais brandos

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Profunda: quadros mais graves

Classificação morfológica:
Alterações de cor:
- Manchas vásculo-sanguíneas:
Eritema: coloração avermelhada da pele decorrente de vasodilatação. Volta à coloração
normal quando submetido a digitopressão ou vitropressão.
Exantema: eritema disseminado, agudo, efêmero.
Eritrodermia: eritema crônico.
Púrpura: coloração avermelhada da pele decorrente de extravasamento de hemáceas
na derme e interstício. Não volta à coloração normal quando submetido a digitopressão
ou vitropressão.
Petéquias: até 1cm
Equimose: mais de 1 cm
Víbice: linear
Cianose: coloração arroxeada, por congestão passiva ou venosa, com dinimuição de
temperatura
Enatema: eritema de mucosas
Mancha lívida: cor plúmbea, de pálido ao azulado, por isquemia
Mancha anêmica: branca, permanente, por agenesia vascular
Teleangectasia: evidenciação dos vasos cutâneos através da pele, decorrente do
adelgaçamento desta. Os vasos revelam-se sinuosos

- Manchas pigmentares ou discrômicas:


Hipopigmentação ou hipocromia: diminuição do pigmento melânico, lesão do
melanócito.
Acromia: ausência do pigmento melânico, também denominada leucodermia ou
leudermia, leucotriquia, leuconiquia, leucoplasia.
Hiperpigmentação ou hipercromia: aumento de pigmento de qualquer natureza.
Pigmento biliar, hemossiderina; melanodermia (alopécia, área escurece e fica mais
espessa) x cronicidade; mancha senil em abdome ventral.
- Alterações de espessura:
Hiperqueratose ou queratose: espessamento da pele decorrente do aumento da
camada córnea. Áspera, inelástica, dura e de coloração acinzentada.
Liquenificação ou lignificação: espessamento da pele decorrente do aumento a
camada malpighiana-espinhosa. Acentuação dos sulcos cutâneos normais.

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Edema: difícil estar ligado somente a problemas da pele, normalmente está ligado a
outras alterações. Aumento de espessura da pele, depressível (Sinal de Godet –
pressão digital no local do edema, se a impressão do dedo permanecer no local trata-
se de um edema – Godet positivo) O edema ocorre devido ao extravasamento de
plasma na derme e/ou hipoderme, inflamação aguda, irrigação linfática deficiente,
hipoproteinemia ou cardiopatias.
Cicatriz: lesão de aspecto variável, saliente ou deprimida, móvel, retrátil ou aderente.
Não apresenta estruturas foliculares, nem sulcos cutâneos, decorrente de reparação de
lesão da pele.

- Formações sólidas:
Resultam de processo inflamatório, infeccioso ou neoplásico, atingindo, isolada ou
conjuntamente a epiderme, derme e hipoderme.
Pápula: lesão sólida circunscrita, elevada, que pode medir até 1cm de diâmetro.
Placa: área elevada da pele com mais de 2cm de diâmetro, geralmente pelo
coalescimento de pápulas.
Nódulo: lesão sólida circunscrita, saliente ou não, de 1 a 3 cm de diâmetro
Tumor ou nodosidade: lesão sólida circunscrita, saliente ou não de mais de 3 cm de
diâmetro. O termo tumor deve ser utilizado preferencialmente para neoplasia.
Goma: nódulo ou nodosidade que sofre depressão ou ulceração na região central e
elimina material necrótico.
Vegetação: lesão sólida, que cresce se distanciando da pele (exofítica) avermelhada e
brilhante (semelhante a couve-flor). Se deve ao aumento da camada espinhosa.
Verrucosidade: lesão sólida, exofítica, acinzentada, áspera, dura e inelástica. Se deve
ao aumento da camada córnea.

- Coleções líquidas:
Vesícula: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro, contendo líquido claro. Este
conteúdo inicialmente claro (seroso), pode se tornar turvo (purulento) ou avermelhado
(hemorrágico)
Bolha: elevação circunscrita de mais de 1 cm de diâmetro, contendo líquido claro.
Pústula: elevação circunscrita de até 1 cm de diâmetro, contendo pus.
Cisto: formação elevada ou não, constituída por cavidade fechada, envolta por epitélio
e contendo líquido ou substância semissólida.

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Abcesso: formação circunscrita de tamanho variável, encapsulado, proeminente ou
não, contendo líquido purulento na pele ou tecidos subjacentes. Há calor, dor e
flutuação.
Flegmão: aumento de volume de consistência flutuante, não encapsulado, de tamanho
variável, proeminente ou não, contendo líquido purulento na pele ou tecidos
subjacentes. Há calor e dor.
Hematoma: formação circunscrita de tamanho variável, proeminente ou não, decorrente
de derramamento sanguíneo na pele ou tecidos subjacentes.

- Perdas e reparações teciduais:


Escamas: placas de células da camada córnea que se desprendem da superfície
cutânea, por alteração da queratinização. Podem ser classificadas em farinácea,
furfurácea ou micácea (se desprende em forma de lâminas).
Erosão ou exulceração: perda superficial da epiderme ou de camadas da epiderme.
Ulceração: perda circunscrita da epiderme e derme, podendo atingir a hipoderme e
tecidos subjacentes. Podem ser: ulceração crônica, úlcera tenebrante (muito
profundas), afta (pequena ulceração em mucosas)
Colarete epidérmico: fragmento de epiderme circular que resta na pele após a ruptura
de vesículas, bolhas ou pústulas.
Crosta: concreção amarelo claro (crosta raelicérica), esverdeada ou vermelha escura
(crosta hemorrágica), que se forma em área de perda tecidual, decorrente do
dessecamento de serosidade, pus ou sangue, além de restos epiteliais.
Escara: área de cor lívida ou preta, limitada por necrose tecidual. O termo também é
empregado para designar a eliminação do esfacelo (porção central e necrosada da
escara).
Fístula: canal com percurso na pele que drena foco de supuração ou necrose e elimina
material purulento ou sanguinolento.

- Lesões associadas: papulocrostosas, eritêmato-papulosas, vesicobolhosas,


ulcerocrostosas.

- Lesões particulares: celulite: inflamação de todas as camadas da pele (epiderme,


derme e hipoderme); comedo; corno; milium ou mílio: semelhante a um grão de arroz
embaixo da pele; cilindro folicular.

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Exames complementares:
- Exame direto do pelame: TRICOGRAMA
Para identificar os microrganismos: Microsporum e Trichophyton
E alterações do pêlo.

- Cultura: fungos e bactérias.


Para a coleta do fungo, limpar o local com álcool 70% e não utilizar óleo mineral para
acondicionar a amostra.

- Citologia: células inflamatórias, neoplásicas e agentes infecciosos.


Esfregaço por aposição ou técnica de Tzanch.
Coleta com swab e imprint na lâmina.
Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) com squash ou esfregaço do material coletado
em lâmina.

- Biópsia e exame histopatológico: “Punch”

- Diascopia ou vitropressão para diferenciar eritema de púrpura.

- Lâmpada de Wood: utilizada para fluorescer cepas de Microsporum canis

- Parasitológico: raspado cutâneo para a identificação ácaros


Raspado profundo: Demodex (sarna demodécica)
Raspado superficial: Sarcoptes (sarna sarcóptica)
Colocar o material em óleo mineral em uma lâmina, e cercar com uma fita adesiva os
bordos da lâmina.
*Reflexo Otopedal: ao coçar a orelha do animal, ele responde com movimentos das
patas traseiras como se estivesse querendo coçar. SUGESTIVO DE ESCABIOSE OU
SARNA SARCOPTICA (Sarcoptes). Esta sarna também tem predileção por espaços
interdigitais, face anterior do antebraço, cotovelos, axilas, etc.

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Semiologia do Sistema Respiratório:

Função principal: garantir a hematose com segurança; estabelecer um contato direto


com segurança entre o meio interno e externo.
Especializações que mantêm a natureza e funcionalidade:
- Estruturas que mantêm abertos os canais. Ex: anéis cartilaginosos na traqueia.
- Aquecimento e umedecimento do ar
- Transporte: lençol mucociliar jogam substâncias nocivas para fora
- Surfactante: se adere às partículas para serem transportadas para o exterior.
- Defesa celular: imunoglobulinas, macrófagos alveolares.

Cabeça:
Nariz e anexos;
Tecidos perinasais: muflo, cartilagens perinasais, fossas nasais.
Seios.

Muflo: parte glabra, sensível.


Exame físico:
1. Inspeção: observar a integridade, a umidade e se há pigmentação. O animal troca calor
através do muflo. A sua umidade reflete a hidratação do animal: quando úmido indica
que o animal está adequadamente hidratado, quando seco pode indicar desidratação
(tem que observar o contexto, por exemplo, se o animal acabou de se alimentar é normal
que o muflo esteja seco). Doenças neuronais podem comprometer o formato.
2. Palpação: presença de fluxo uni ou bilateral, quantidade, coloração, odor em cada
narina (inodoro, pútrido ou repugnante). Bovinos têm fluxo nasal fisiológico; cães, gatos
e equinos às vezes podem tem gotículas nas mucosas nasais.
Parâmetros para a avaliação do fluxo nasal:
- Ocorrência: tem fluxo? Unilateral ou bilateral? Bilateral indica que a origem do fluxo
pode ser nas vias aéreas superiores ou inferiores, enquanto que o unilateral deve ser
de origem na narina em que ocorre (mas isso não é regra).
- Quantidade: é discreta nas espécies que possuem fluxo nasal fisiológico. Quando
patológico pode ser de moderada a intensa.
- Odor: o fluxo fisiológico é inodoro. O fluxo patológico pode ser inodoro, repugnante ou
pútrido (o odor pútrido é repugnante, mas ele é classificado antes como pútrido).

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- Coloração: deve-se fazer associação da sua cor com a sua origem. Ex: associação
com o alimento ingerido, sangue, etc. De acordo com a cor, também pode ser feita a
associação com a progressão (evolução) da doença.
Coloração vermelha uni ou bilateral intensa: rinorragia
Coloração vermelha uni ou bilateral discreta: epistaxe
Coloração vermelha bilateral com origem no pulmão: hemoptise
Coloração vermelha bilateral com origem no TGI: hematoemese.
- Composição: pode-se examinar com metodologia auxiliar ou não. Obs: retirar a
secreção de cada narina com uma mão diferente para não misturá-las. O odor da
secreção deve ser sentido longe do animal para que o cheiro dele não seja influenciado
pelo cheiro do animal.

3. Ar expirado:
- Ocorrência e simetria: o ar está sendo expirado pelas duas narinas?
Avaliar internamente, pois alguns poxvírus podem induzir a formação de pólipos nasais.
- Frequência
- Temperatura: deve ser adequada com a temperatura normal do animal
- Intensidade: avaliar se a corrente de ar expirado é forte ou fraco, e também a simetria
da intensidade (se em uma narina for mais forte do que na outra pode indicar obstrução
parcial ou total).
Obs: Baixar as luvas para avaliar a temperatura, a ocorrência e frequência do ar
inspirado.
- Odor: inodoro, repugnante, pútrido ou específico (acetonemia, alguns tipos de
envenenamento apresentam odores específicos. Com as mãos em formato de concha,
dividindo as narinas e isolando a que está sendo examinada, cheirar o ar com a cabeça
um pouco distante do animal.

4. Ruídos nasais:
Começam a ser examinados desde o início do exame do sistema respiratório.
- Nomais: bufido (existem pincipalmente em equídeos. Indicam advertência de
aproximação de alguma pessoa ou animal), espirro e olfação (inspiração rápida e com
grande volume de ar. Ex: animal sentido algum odor que o agrada).
- Anormais:
Tipo: zumbido (vibração das lâminas do palato e de sustentação de colunas paranasais,
indica paralisia do nervo recorrente), ronqueira (movimentação de massa catarral nos

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tecidos) e sibilo (presença de massa catarral com extrema dificuldade de movimentação,
firmemente aderida aos tecidos).
Origem: nasal, laringe, traquéia e brônquios. O sibilo é mais comum na traquéia e
brônquios.
5. Seios
Seios examináveis: paranasais (são os mais acessíveis), maxilares e frontal (segundo
mais acessível).
Função: são espaços vazios para a condução do ar, que auxiliam também na
vocalização e na umidificação do ar.
Seus tamanhos variam nas espécies.
Animais braquicefálicos (boxer, buldogue,etc): mais difícil examinar os seios devido ao
menor tamanho nessas raças.
Bovinos: seios amplos, fácil de examinar.

Exame Físico dos seios nasais:


Inspeção:
Avaliar:
Integridade, presença de nódulo, corpo estranho, perda de pêlos, parasitas, feridas.
Simetria posicionar-se de frente para o animal e observar a simetria de perfil, dando um
passo para o lado.

Palpação direta:
Ainda de frente para o animal, palpar os dois seios ao mesmo tempo (em animais
grandes, palpar com as duas mãos e em animais pequenos, palpar com a mesma mão)
buscando perceber anormalidades anatômicas, como mobilidade de alguma placa
óssea, consistência, temperatura, sensibilidade dolorosa.

Percussão: digital, digito-digital ou martelo pleximétrica.


Realizar a metodologia de percussão, mantendo a simetria entre os locais percutidos
para permitir a comparação de sons. Devido ao seio maxilar estar recoberto pelo
músculo masséter, fica um pouco mais complicado ouvir o som neste local. Ficar atendo
a ruídos anormais. Em equinos e pequenos animais, pode-se fazer a percussão com a
boca do animal aberta para amplificar o som.
Interpretação dos sons:
Claro: som normal durante a percussão dos seios (mesmo som ouvido na percussão
dos pulmões). Se não ouvir o som claro, há alguma alteração.

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Palpação indireta: sonda
Pode ser necessária em alguns casos, nos seios paranasais, quando encontrada
alguma indicação clínica durante a inspeção, palpação e percussão, em que há
necessidade de uma exploração mais profunda. A indicação clínica pode ser percebida
mesmo antes, através da verificação, por exemplo, de fluxo nasal unilateral ou
ocorrência de ar unilateral, que indicam que pode estar ocorrendo uma obstrução do
seio paranasal unilateral. A isso pode estar associado um aumento de volume dos seios
paranasais durante a inspeção e/ou alteração do som produzido durante a percussão.
Caso haja alguma alteração utilizar palpação indireta (sonda).

6. Bolsa gutural: só equinos


Função: especula-se que seja importante para o aquecimento do sangue da carótida
que vai para o cérebro e na comunicação entre os animais, já que eles conseguem emitir
com a boca fechada ruídos de baixa frequência (ruídos guturais) que humanos não
conseguem captar.
É um divertículo faríngeo da tuba auditiva, estrutura de formato piriforme (estrutura
sacular), localizada no triângulo de Viborg. Ela está localizada dentro do triângulo, mas
quando sofre algum processo como timpanismo, empiema, acúmulo de líquido, ela
aumenta de volume e se projeta na região do triângulo, podendo ser confundida com o
linfonodo parotídeo. CUIDADO!

Exame físico da bolsa gutural:


- Inspeção: verificar se há aumento de volume.
- Palpação: feita de forma bilateral, verificando se o animal tem sensibilidade dolorosa.
Depois abaixar a cabeça do cavalo e massagear a região da bolsa gutural direita e
esquerda, pois ao massagear haverá aumento do fluxo. Ter cuidado, pois se o animal
tiver rinite, o fluxo aumentará só de abaixar a cabeça.
- Percussão: pode ser feita se ela estiver aumentada de volume. Se tiver acúmulo de
ar (timpanismo), a percussão resultará em um som timpânico.
- Métodos auxiliares:
Endoscopia: visualizar a bolsa gutural, verificando sua abertura e o seu interior.
Raio-X: ver o tamanho, se tem depósito de secreção, se stá dilatada por ar (timpanismo)
ou se tem placas de fungo. São três as patologias que acometem mais comumente a
bolsa gutural: Guturite micótica, timpanismo (acúmulo de ar) e empiema (doença
bacteriana).

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Pescoço:
7. Laringe e traquéia:
- Inspeção: observar a anatomia topográfica, simetria dos lados, integridade das
estruturas.
- Palpação: em pequenos e em grandes é igual: deve ser feita com o animal em estação
e com uma mão palpa-se os dois lados. Nos pequenos, a palpação é feita de cima, e
nos grandes é feita de lado (posicionamento ao lado do animal).
Laringe: tocar a laringe, observar a mobilidade, consistência, reflexo de deglutição e a
sensibilidade. A superfície deve ser lisa e móvel.
Traquéia: a palpação é móvel, inodolor,com ausência de tosse. Anormalidade podem
ser percebidas em caso de inflamação ou de fratura dos anéis (obs: a região dorsal dos
anéis é aberta). Se durante esse exame o animal tiver uma crise de tosse, esperar ele
parar de tossir para continuar o exame.
- Auscultação: é feita quando são avaliados os ruídos respiratórios, ou seja, junto com
a auscultação pulmonar.

Exame interno:
1. Inspeção do fundo da boca:
Integridade da laringe, mobilidade da epiglote. Se tiver indicação clínica, fazer exame
interno com metodologia auxiliar. Ex: endoscopia.
Obs: a posição para exame de pescoço em bovinos é junto ao membro anterior, com o
pé próximo ao casco (a posição adotada é a mesma para o exame dos linfonodos
cervicais superficiais).

8. Tórax:
- Inspeção:
Contorno torácico:
Alterações:
Dilatação unilateral. Ex: enfisema unilateral
Dilatação bilateral. Ex: enfisema bilateral.
Estreitamento unilateral
Estreitamento bilateral. Ex: hipovitaminoses, intoxicações (podem causar calcificação
das cartilagens).
Alterações locais. Ex: edema, fraturas, neoplasias

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Posicionamento: olhar de cima para baixo nos pequenos animais. Em bovinos olhar
próximo à cernelha (levantar os pés e olhar dos dois lados), e depois olhar o animal por
trás.
Obs: rosário raquítico: calcificação das junções costocondrais, com retração e
esgotamento da cartilagem. Ocorre estreitamento do tórax porque a cartilagem que era
elástica e ampla, fica imóvel, rígida e curta, e com isso, a costela adquire um aspecto
reto. Ao mesmo tempo, vai engrossando a calcificação nas junções costocondrais que
ficam mais evidentes e com o aspecto de rosário.

Movimento respiratórios:
Tipos: Costo-abdominal: movimento normal em todos os animais
Costal: se há dor abdominal, o animal movimentará apenas o tórax.
Abdominal: se há dor torácica, o animal movimentará apenas o abdômen. Ex:
pleurites, tumores intercostais.
Ritmos: Bovinos: 1 inspiração/1.2 expirações
Equinos: 1 inspiração/1.8 expirações
Caninos: 1 inspiração/1.6 expirações
Alterações:
Arritmias – observar o tipo, número de movimentos
Inspiração interrompida: dor torácica
Inspiração prolongada: obstruções parciais das vias aéreas
Expiração prolongada
Expiração entrecortada
Encurtamento das duas fases

Frequência respiratória:

Bovinos 10 a 30 mpm
Equinos 8 a 20 mpm
Cães 10 a 30 mpm
Gatos 20 a 30 mpm
Suínos 8 a 18 mpm
Ovinos 10 a 20 mpm

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Alterações na frequência:
Taquipnéia: aumento da frequência respiratória
Bradipnéia: redução da frequência respiratória
Dispnéia: dificuldade respiratória. Envolve o tipo, ritmo e a frequência. Pode estar
presente na taquipnéia, na bradipinéia ou na normopnéia.
Podem ser: Dispnéia inspiratória
Dispnéia expiratória
Dispnéia mista.
Obs: tem que especificar qual é o tipo de dispnéia, pois se falar apenas dispnéia fica
subentendido que se trata de dispnéia mista.

Exame dos movimentos respiratórios:


Posicionar-se atrás do animal e observar do lado direito (em ruminantes esse lado tem
a vantagem de não ter a concorrência dos movimentos ruminais, mas pode ser feito do
lado esquerdo também) e lado esquerdo em equinos. Observar o tipo de movimento
respiratório (o normal é costo-abdominal) e contar a frequência respiratória.

- Inspeção e palpação:
Musculatura intercostal: inspecionar e palpar (grandes animais com as duas mãos e
pequenos com apenas uma) dos dois lados a musculatura intercostal e a costela ao
longo de todo o seu trajeto, principalmente nas articulações, observando sua mobilidade
e volume.
Costelas e articulações: Identificar na palpação mobilidade anormal e soluções de
continuidade (às vezes o animal não demonstra dor).

- Percussão de tórax:
Técnica e objetivo: primeiro fazer a delimitação anatomotopográfica do pulmão através
da projeção anatomotopográfica dos órgãos na superfície do corpo do animal. Outro
objetivo da percurssão de tórax é examinar a sonoridade afim de verificar o tamanho do
órgão, a sua saúde interna e confirmar se a sua posição está de acordo com a anatomia
topográfica normal do órgão. Cada órgão vai emitir um som específico que vai permitir
a sua delimitação externa, e essas sonoridades específicas são alteradas por doenças.
Ex: uma pneumonia pode alterar a sonoridade do pulmão, mas isso pode ocorrer apenas
em um espaço de 2cm, por esse motivo, a percussão precisa ser feita ao longo de todo
o espaço intercostal para que não se perca nenhum ponto.

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Para proceder a percussão é necessário um ambiente silencioso, sem ruídos de baixa
frequência.
Instrumentos: martelo e plexímetro para grandes animais e percussão dígito-digital para
pequenos.
Característica sonora: a natureza dos tecidos determina diferentes sons, de acordo com
a presença, quantidade e distribuição dos espaços vazios. Ex: durante a percussão do
pulmão, foi encontrado um ponto de som maciço onde era para ser som claro. Primeiro,
repetir a percussão no ponto para confirmar, segundo, delimitar a área, fazendo a
percussão em pontos ao redor o ponto alterado, ou seja, acima e abaixo no mesmo
espaço intercostal e depois na mesma altura os espaços intercostais anterior e posterior
ao que foi identificada a alteração.

Delimitação topográfica do pulmão:


 Cães: 11° Espaço intercostal na altura do íleo.
10° EIC na altura da tuberosidade isquiádica.
6º EIC na altura da articulação escápulo-umeral.

 Equinos: Limite dorsal: linha situada a mais ou menos 3 a 4 dedos abaixo da coluna
vertebral, até o 17º espaço intercostal, onde temos o limite caudal.
Limite dorso-ventral: do limite caudal passa-se uma linha ventro-cranial, passando
pelo 16º espaço intercostal (ao nível da asa o íleo), para o 14º espaço intercostal (ao
nível do ísquio), 10º espaço intercostal (correspondente a linha escápulo umeral) e 6º
espaço intercostal, na direção do esterno (4 a 5 dedos acima deste).
Limite cranial: Borda caudal da escápula

 Bovinos: para delimitar os pulmões, é necessário que o animal esteja com os membros
juntos num piso plano. Fazer uma avaliação de aprumos para ver se o animal tem
alguma alteração grave.
11º EIC no lado esquerdo: limite caudo dorsal. (No lado direito: 12º EIC)
Metade na 9º costela: ponto caudo ventral.
6º EIC três dedos acima do olécrano: ponto ventral.
Apófises transversas: limite dorsal.
Musculatura que recobre a escápula e o úmero: limite cranial.

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- Percussão: Objetivo: identificar e delimitar o órgão. Conferir se essa delimitação
coincide com a posição marcada pelos limites pré-definidos. Além disso, tem o objetivo
de examinar o som normal e pesquisar sons anormais.

- Auscultação:
Técnica:
Focos de auscultação: é a região do animal onde vai ser feira a auscultação. Foco é
diferente de ponto de auscultação. Foco é a região, enquanto o ponto é apenas um
único ponto dentro da região que corresponde ao foco. Um foco pode ter vários pontos
de auscultação.
- Laringo traqueal (LT): possui somente um ponto de auscultação localizado na junção
da laringe com a traqueia. Som grave, áspero, agressivo, alto – Som laringo traqueal.
- Traqueo brônquico (TB): possui dois pontos de auscultação que varia de acordo com
a espécie animal. Possui som com características intermediárias entre o LT e BB – Som
traqueo brônquico.
- Bronquíolo bronquiolar (BB): são dois focos, um do lado direito e o outro do lado
esquerdo, com vários pontos de auscultação. Possui som débil, suave, discreto, sutil –
Som Murmúrio Vesicular (ou som bronquíolo bronquiolar).
- Pré- escapular: presente somente nos bovinos e bubalinos, dos dois lados. Está
localizado logo acima da cadeia de linfonodos cervicais superficiais, onde conseguimos
introduzir a mão. O som auscultado é o murmúrio vesicular ou bronquíolo bronquiolar.
É importante porque existem situações em que não é possível auscultar o som
bronquíolo bronquiolar no foco bronquíolo bronquiolar, devido a lesões, dor, ou presença
de edema subcutâneo, que alteram o som. Nesses casos, em bovinos e bubalinos,
podemos fazer a auscultação no foco pré-escapular.
Obs: não confundir os sons da percussão com os sons da auscultação. Os sons da
percussão sou eu quem produz e nós escutamos o retorno dele, o som da auscultação
são produzidos pelo animal. Ex: durante a percussão do pulmão, na área central foi
identificado uma área de som maciço. Qual é o ruído que eu vou ouvir nessa mesma
região durante a auscultação? R: nenhum ruído será ouvido.
Em ruminantes, a percussão é feita no sentido caudo-cranial. Em equinos, é feita no
sentido cranio-caudal.

Sons respiratórios:
- Som murmúrio vesicular: nos focos pulmonares ou bronquíolo bronquiolares.
- Som tráqueo-brônquico: dois pontos de ausculta

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- Som laringo traqueal: um ponto de ausculta.

Sons anormais:
- Estertores úmidos: indicam movimentação de líquido. Ex: pneumonia em fase inicial.
- Estertores secos: indicam movimentação de massas (catarro). Ex: pneumonia em
fase final.
- Ruídos pleurais: normalmente não tem. Se identificados indicam pleurite, com
deposição de fibrina entre os folhetos.

Obs: bovinos: auscultar todo um lado primeiro e depois retomar todo o percurso até o
foco laringo-traqueal (LT). No lado oposto, examinar apenas o foco brônquio-bronquiolar
(BB). Sentido da auscultação do pulmão: ventro-dorsal e cranio-caudal, fazendo zigue-
zague.

Equinos: a auscultação começa pelo ruído laringo-traqueal ao longo da traquéia, até a


entrada do tórax, e depois passa para o tórax. No tórax, auscultar o ruído traqueo-
brônquico na área em que a traquéia se bifurca nos brônquios principais. A medida em
que se aproxima da borda do pulmão, o brônquio se ramifica e forma os bronquíolos, e
temos o ruído bronquíolo-bronquiolar ou murmúrio vesicular. Os bronquíolos formam os
alvéolos e temos o ruído bronquíolo-alveolar, que não produz um fluxo de ar suficiente
para auscultar. A auscultação da traquéia vai produzir um ruído mais alto, límpido, mais
áspero, e a medida que vai diminuindo o diâmetro, vai diminuindo também o som
produzido, ou seja, o som acompanha a anatomia do pulmão. A auscultação tem que
percorrer toda a área pulmonar tem que ser feita de forma sistemática. Não importa se
começa a auscultar ventro-dorsal ou dorso-ventral, mas deve-se auscultar sempre da
mesma maneira, isso é o método, os dois lados precisam ser auscultados da mesma
maneira.

Cães: divide-se o tórax em três partes longitudinalmente e na primeira parte ausculta-


se os pontos localizados nos EIC 8,6 e 4, e na segunda parte dividida, ausculta-se os
pontos presentes nos EIC 6 e 4.

Teste de sensibilidade: realizar ao final do exame clínico.


Técnica: apoiar-se de costas no bovino, apoiar a mão esquerda no animal e com a mão
fechada em punho, golpear o animal. Este teste pode ser realizado com o martelo, pois
este concentra mais a pressão.

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Exame da tosse: faz a qualquer momento que o animal estiver tossindo.
Classificação da tosse:
- Frequente/rara
- Dolorosa
- Forte/moderada/fraca
- Seca/úmida

Teste da tosse: se faz ao final do exame clínico e não ao final do exame do sistema
respiratório.
Técnica: compressão da traquéia para todas as espécies: com a mão, comprimir a
traquéia no terço superior nos bovinos, no terço médio nos caninos e terço médio e
inferior nos equinos. Comprimir até 3 vezes a traquéia, de forma vigorosa para promover
o desconforto interno da traquéia e desencadear a tosse. Em bovinos, devido ao vigor
dos anéis de cartilagem da traquéia, é possível que após três compressões o animal
ainda não tenha tossido. Então fazemos o teste de oclusão das narinas, que é mais
eficiente.
- Oclusão das narinas: somente para bovinos, pois estes têm o temperamento linfático
(reações mais tranquilas, reagem lentamente). Equinos, cães, suínos têm
temperamento sanguíneo, com reações mais intempestivas, bruscas e inconsequentes.
A oclusão de narinas só é usada se a compressão da traquéia não funcionar. Coloca-
se uma luva nas narinas do animal, o CO2 vai se acumular nas vias respiratórias
causando irritação. Se o animal tem o sintoma de tosse em seu quadro clínico, basta
tossir uma vez para desencadear uma crise. Se após três minutos o animal não tossir,
é porque não possui o sintoma tosse no seu quadro.
Obs: durante o exame, tem que provocar pelo menos uma tosse. Se conseguir isso na
compressão da traquéia não precisa fazer a oclusão de narinas. Fazemos primeiro a
compressão da traquéia porque ela é mais tolerável para o animal.

Exames complementares:
Toracocentese: perfuração do tórax para um objetivo qualquer (ex: biópsia, punção).
Equino: 5º e 6º EIC esquerdo.
Bovino: área ventral ao campo pulmonar do lado do diagnóstico.
Cães: limite posterior do pulmão com o animal sentado.

35
Semiologia do Sistema Cardiovascular

Funções:
Principal: transporte de nutrientes, células de defesa, material para ser excretado
(metabólitos e catabólitos). É através dele que as substâncias circulam por todo o
organismo.
Sistema Linfático: toda a linfa que circula no sistema linfático é entregue ao sistema
circulatório.
Órgãos de interesse: coração, artérias e veias.
O método de exploração semiológica de maior valor no exame do sistema
cardiovascular é a auscultação. Todas as conclusões dependem do que estamos
ouvindo. Quais os parâmetros que levamos em conta quando fazemos a auscultação
do coração? Frequência cardíaca é apenas UM deles. É necessário o conhecimento da
fisiologia do coração para saber interpretar o que está ouvindo.

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Átrio não é câmara, pois não se fecha. O átrio direito é apenas uma dilatação do tronco
da veia cava, e o átrio esquerdo é a dilatação das veias pulmonares. Os átrios são o
local de chegada do sangue. É importante saber disso para identificar a origem dos
sopros cardíacos.

Sistema elétrico do coração:


- Nodo sinoatrial
- Nodo atrioventricular
Modulação: feita pelo Sistema Nervoso Autônomo. O sistema nervoso simpático
aumenta a frequência cardíaca. O parassimpático reduz a frequência cardíaca. Esse
sistema central é modulador. Se o coração tem em algum momento bradicardia, o SNA
aumentará a frequência cardíaca, buscando normalizar a situação. Do mesmo modo,
se ocorrer uma taquicardia, o sistema nervoso autônomo modula a frequência cardíaca
de modo a reduzí-la.

Semiologia do coração:
Anatomia topográfica:

Posição Posição do
Formato média da Posição da choque
anatômico base ponta cardíaco
6ª junção
Equídeos Cônico 3ª costela costocondral, 5º Espaço
a 2 cm do intercostal
esterno
6ª Junção
Bovinos Cônico 2ª costela costocondral 4º EIC

7ª junção
Cães/Felinos Globuloso 3ª costela costocondral 5º EIC
– próximo ao
diafragma

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Exame Clínico:

 Histórico/Identificação:
Espécie, raça, idade, sexo, uso e ambiente em que vive.

 Anamnese:
Queixa principal, sinais e sintomas, evolução clínica da doença, manejo nutricional e
higiênico-sanitário, condicionamento físico, medicamentos (dose e frequência), se o
animal apresenta tosse, síncopes, intolerância ao exercício.

Relembrando Patovet:

 Sinais Clínicos da Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) em pequenos animais:


- Esquerda: congestão venosa pulmonar com sintomatologia de tosse,
dispnéia/taquipnéia e edema pulmonar.
- Direita: edema de membros, hepato e esplenomegalia, ascite e efusão pleural,
anasarca

 Em grandes animais:
Edema: Bovinos: cabeça, barbela e peito
Equinos: peito e abdome.

 Exame Físico:

Métodos de exploração semiológica:


 Inspeção:
- Avaliação Física e Comportamental: verificar edemas, pulso venoso, postura dos
membros torácicos (abdução na tentativa de respirar melhor (posição ortopnéica),
diminuir dor em casos de reticulopericardite traumática), observar se há dilatação de
veias (Ex.: jugular, epigástrica cranial superficial) e anóxia (palidez de mucosas).

- Edemas apresentam sinal de Godet positivo.

- Exame das Mucosas: avaliação da coloração (coloração azulada – distúrbio


relacionado à hematose)

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- Avaliação do Estado Circulatório Periférico: TPC – para avaliar o estado hídrico do
animal (sinais de desidratação, anemia, hipovolemia).

- Avaliação dos Vasos Sanguíneos: avaliação da veia jugular (dilatações – massas


intratorácicas, endocardite, efusão pericárdica ou sobrecarga iatrogênica de volume são
causas de dilatação na veia jugular).

Inspeção da área cardíaca:

Objetivo: observar a integridade da área cardíaca (esquerda e direita) e o choque


cardíaco.
O choque cardíaco é a vibração da parede torácica decorrente da movimentação do
coração durante a sístole. É a manifestação funcional do coração. Em animais obesos
é difícil inspecionar o choque. Em pequenos animais, e em grandes animais magros, é
facilmente visualizável. Para fazer a inspeção é necessário saber o local correto do
choque em cada espécie animal.

 Palpação:
É além e avaliar o choque cardíaco, ainda avalia a manifestação funcional do coração.
Objetivos: localizar e avaliar a força (grau de agressividade que ele faz no meu dedo)
e o ritmo do choque, além de verificar a sensibilidade dolorosa da área cardioreticular
(comprimir a área cardioreticular com um bastão de ferro ou madeira para ver se o
animal sente dor). Pode ser feita pelo método direto ou indireto (com o bastão de vidro
ou acrílico).
Obs.: o exame do choque é o exame do coração, pois quando avalio a força do choque,
estou avaliando a força de contração do coração, e quando avalio o ritmo do choque,
estou avaliando o ritmo cardíaco.
Se o choque está fora do lugar, é indicativo de ectopia cardíaca.

Alterações do choque cardíaco:


Aumentado ou diminuído: Fisiológico (exercício), patológico.
Ex: A diminuição ocorre na pericardite em estágio inicial (está enchendo o saco
pericárdico de edema, o que reduz a propagação da vibração do coração na parede),
na obesidade (porque aumenta a espessura da parede), na dilatação cardíaca (redução
da força de contração do coração).

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Ausência: Piotórax, hidrotórax

Obs: como saber se a alteração no choque é fisiológica ou patológica? Dando um tempo


para o animal se recuperar de um possível exercício ou estresse. Se for fisiológico, ele
vai se normalizar após esse tempo.

Desviado:
- Cranial: uma peritonite avançada desloca o choque do 5º para o 4º ou 3º EIC nos cães.
- Caudal: abcesso de linfonodo do mediastino desloca do 5º para o 6º ou 7º EIC no cão.
- Lateral: ectopia cardíaca por desvio lateral – pode se deslocar para o lado direito. Ex:
um tumor intercostal esquerdo pode deslocar o choque para o lado direito.

 Percussão:
Objetivo: delimitação topográfica da área cardíaca, cujo som é do tipo maciço absoluto
em equinos e maciço absoluto com uma área de som maciço relativo em bovinos.
Método: direto e indireto. Digital, digito-digital ou martelo pleximétrico.
Obs.: no bovino, só consigo fazer a percussão do 5º EIC, e em pequenos animais é feito
no 4º EIC esse som maciço. O som maciço relativo encontrado dentro da área
topográfica do coração revela que ele está na posição anatomotopográfica correta.

 Auscultação:
Método direto (colocar o ouvido diretamente na área cardíaca do animal), e indireto
(estetoscópio).
A primeira coisa a se levar em conta na auscultação são os principais fatores que
interferem no exame clínico: interação com o animal, concentração, manipulação,
ambiente, silêncio.
Focos de auscultação cardíaca: todos só têm um ponto de auscultação.

- Na área cardíaca esquerda:

BOVINOS:
Foco pulmonar (P): 3º EIC, na extremidade mais ventral;
Foco aórtico (A): 4º EIC, no extremo mais dorsal;
Foco mitral (M): 5º EIC, no extremo dorsal ligeiramente abaixo do foco aórtico.
Auscultação no sentido cranio-caudal (PAM)

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EQUINOS:
Foco Pulmonar (P): 3º EIC, três dedos abaixo de uma linha imaginária que passa pela
articulação escápulo-umeral;
Foco Aórtico (A): 4º EIC, um dedo abaixo de uma linha imaginária que passa pela
articulação escápulo-umeral;
Foco Mitral (M): 5º EIC, dois dedos abaixo de uma linha imaginária que passa pela
articulação escápulo-umeral.
Auscultação no sentido cranio-caudal (PAM)

CÃES:
Foco Pulmonar (P): 3º EIC, na junção costocondral;
Foco Aórtico (A): 4º EIC, um pouco acima da junção costocondral;
Foco Mitral (M): 5º EIC, na junção costocondral.
Auscultação no sentido caudo-cranial (MAP)

Na área cardíaca direita:

BOVINOS:
Foco tricúspide: 4º EIC, região mediana
EQUINOS:
Foco tricúspide: 4º EIC, 3 a 4 dedos abaixo da articulação escapuloumeral.

CÃES:
Foco tricúspide: 4º EIC, na junção costocondral.

O que levar em conta na auscultação do coração?


Bulha: é o som produzido pelo funcionamento do coração durante a sístole e a diástole.

Revolução cardíaca ou Ciclo Cardíaco:


1º bulha: Sístole (mais grave, mais forte e mais prolongada) – predomínio muscular;
pequeno silêncio; 2ª bulha (mais curta, mais aguda, mais alta e mais fraca) –
predomínio valvular; grande silêncio.

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O pequeno e o grande silêncio também são entidades clínicas. Se é silêncio, não pode
ter ruído. Tem que saber separar pequeno silêncio e grande silêncio. Alterações nos
silêncios alteram o ritmo cardíaco.

1º bulha: ocorre durante a sístole ventricular. Resulta dos seguintes eventos: contração
do miocárdio, fechamento das válvulas átrio-ventriculares (Tricúspide e Mitral),
vibrações das cordas tendíneas. Esta bulha coincide com o pulso jugular.

2º bulha: ocorre durante a diástole. Resulta do seguinte evento: fechamento das


válvulas semilunares (Pulmonar e Aórtica).

Obs.: válvula só faz ruído quando se fecha.


O ventrículo se enche e faz aumentar a tensão sobre a válvula. A válvula se abre sempre
no sentido da corrente sanguínea.

Avaliar nas bulhas:


1. Frequência:
- Taquicardia: aumento da frequência cardíaca;
- Bradicardia: diminuição da frequência cardíaca.
Ambas podem ser fisiológicas ou patológicas.

2. Intensidade ou força:
A primeira bulha é mais nítida no foco mitral e tricúspide e a segunda no foco pulmonar
e aórtico. O aumento da intensidade chama-se hiperfonese.
Quando ocorre nas duas bulhas é causado por: exercício físico, excitação, atelectasia
pulmonar, anemia, febre, baixo escore corporal. Quando ocorre na primeira bulha:
hipertrofia cardíaca, hemorragia grave, doenças febris, anemia e estenose da mitral.
Quando ocorre na segunda bulha: foco pulmonar – enfisema, pneumonia crônica,
trombose da artéria pulmonar, edema pulmonar, insuficiência da mitral e em todos os
casos onde há aumento da pressão na artéria pulmonar; foco aórtico: hipertensão
aórtica – nefrite crônica, estenose aórtica.
A diminuição da intensidade denomina-se hipofonese.
Quando ocorre nas duas bulhas é causada por: obesidade, musculatura muito
desenvolvida, fibrina no saco pericárdico, tumores subcutâneos, edema e enfizema
subcutâneo, hemo ou hidropericárdio, pericardite exsudativa e debilidade cardíaca.
Quando ocorre na primeira bulha: insuficiência mitral, insuficiência tricúspide e

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insuficiência aórtica. Quando ocorre na segunda bulha: foco aórtico – estenose aórtica,
hemorragia aguda, insuficiência aórtica (diminuição da pressão arterial).

3. Timbre ou qualidade sonora:


- Ressonância: tem uma vibração no som em casos de hemorragias, anemias,
pneumotórax, inflamação da aorta.
- Metálico: pneumotórax e dilatação gástrica gasosa. Qualquer acúmulo de gás próximo
ao coração.

4. Número/duplicação:
- Fisiológico: ocorre no equino e é transitório, ocorre quando se submete o equino a um
estresse.
- Patológico/. É permanente.

5. Ritmo:
- Dissociação ou desdobramento de bulhas: a bulha se torna mais prolongada, pode
ser fisiológico ou patológico (não se relaciona com os movimentos respiratórios)
- Duplicação: bulha substituída por dois ruídos distintos
- Ritmo tríplice: três bulhas no foco mitral. Pode ocorrer na estenose mitral
- Ritmo de galope: aparecem três sons. A nova bulha ocorre na diástole, pelo rápido
enchimento do ventrículo ou na pré-sístole – momento de contração atrial. Ocorre pela
perda de tonicidade da musculatura cardíaca (dilatação cardíaca, degeneração do
miocárdio). Ritmo pendular: - Prolongamento da sístole ventricular devido a uma
hipertensão (alguns casos de glomérulo-nefrite).
- Ritmo fetal: ritmo pendular acompanhado de taquicardia (cardiopatias, doenças
infecciosas graves).

6. Sopros cardíacos:
Classificação:
- Tempo: ocorre durante a sístole ou durante a diástole?
- Sede: em qual foco? P?A?M?T?
- Propagação: pela corrente sanguínea (é diferente da ressonância)
- Som: intensidade (forte ou fraco, geralmente o sopro é mais forte na estenose quando
comparado à insuficiência); tonalidade (alto ou baixo, o som da estenose é mais alto
quando comparado à insuficiência), se tem ressonância; timbre (sopro na estenose é
mais suave, na insuficiência é mais áspero).

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Tipo: Orgânico: provocado por lesão de orifício. Ex: estenose
Anorgânico: provocado por diminuição da viscosidade do sangue
Funcional: desaparece com o exercício} defeito muscular (sequela comum da
Febre Aftosa.

*Estenose: defeito na abertura da válvula


Insuficiência: defeito no fechamento da válvula

Graduação do Sopro Cardíaco

Grau I: baixa intensidade que pode ser auscultado apenas após alguns
poucos minutos de ausculta e sobre uma área bem localizada.
Grau II: sopro de baixa intensidade, identificado após a colocação do
estetoscópio.
Grau III: sopro de intensidade moderada, audível logo após a colocação do
estetoscópio, e que se separa uma ampla área de ausculta, mas que não
produz frêmito palpável.
Grau IV: sopro de alta intensidade que é ouvido em uma ampla área, sem
frêmito palpável.
Grau V: sopro de alta intensidade que gera um frêmito palpável

Grau VI: sopro de alta intensidade suficiente para ser auscultado estando o
estetoscópio apenas próximo à superfície torácica e que gera um frêmito
facilmente palpável.

Sons Extracardíacos:

- Atrito pericárdico: atrito das lâminas (parece ruído de atrito de tecidos). Causa:
pericardite em fase aguda.
- Ruído de roda d’água: exsudato no saco pericárdico. Causa: pericardite (som de
chacoalhar líquido dentro de um saco).

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 Métodos Auxiliares de exploração:
Punção exploratória do pericárdio: para fazer biópsia, coletar materiais.

Provas de sensibilidade dolorosa:


- Golpeamento da área cardíaca com a mão fechada
- Teste de Götize: área cardioreticular
- Reflexo víscero-cutâneo

Exame da Circulação Periférica:


 Artérias examináveis:
Pequenos animais: femoral (eleita na rotina), digital comum
Bovinos: coccígea média (na rotina), facial, digital comum e aorta abdominal (palpação
interna)
Equinos: mediana, ramo mandibular da artéria facial e ramo orbital da artéria facial,
digital comum e aorta abdominal.

Examinar artérias é examinar o pulso.


Pulso arterial: método de exploração semiológica: Palpação.

Frequência de Pulso
Equinos 28-40 ppm
Bovinos 40-80 ppm
Gatos 100-130 ppm
Cães 60-130 ppm

Frequência de pulso não é a mesma da frequência cardíaca. Elas coincidem, mas não
são a mesma. A medida que você examina um maior número de vezes, mais fácil de
notar que são diferentes.

Alterações da frequência do pulso:


- Fisiológicas: exercício, gestação, etc
- Patológicas: anemia, febre, venenos, etc.
- Aumento: taquisfigmia
- Diminuição: bradisfigmia

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Parâmetros para a avaliação do pulso:
- Frequência: número de pulsações por minuto (ppm)
- Plenitude: dimensão do calibre arterial. Classificado como cheio (normal) e vazio
(anemia, hemorragia, insuficiência cardíaca)
- Amplitude: altura do pulso percebida pelo dedo. Relacionado com a diferença entre a
pressão sistólica e diastólica. Classificado como amplo (insuficiência aórtica), pequeno
(estenose aórtica).
- Dureza ou tensão: grau de pressão para fazer desaparecer a pulsação. Classificado
com pulso duro (hipertensão, nefrite crônica, tétano) e pulso mole (hipotensão,
insuficiência cardíaca)
- Celeridade: velocidade com que a artéria se expande e se retrai. Classificado como
célere (insuficiência aórtica) e pulso tardio ou lento (estenose aórtica).

 Veias examináveis:
Pequenos animais: Jugulares, braquicefálicas, safenas
Equinos: Jugulares
Bovinos: Jugulares e veia epigástrica cranial superficial (veia mamária).
[Lembrar de sempre examinar a esquerda e a direita].

Métodos de exploração semiológica:

1. Inspeção:
Integridade, calibre (é muito importante, pois quando está muito aumentado indica
estase venosa).

- Prova de estase da jugular: o objetivo é identificar dificuldade no fluxo de sangue. Se


o animal já tem estase (aumento do calibre = veia ingurgitada), fazer a prova da estase
da jugular do mesmo jeito! Ela não é para avaliar estase, e sim, avaliar o fluxo. Fluxo
normal: faz o garroteamento e vai ter ingurgitamento somente anterior ao dedo.
Animal com estase: a veia ingurgita antes e depois do dedo. Observo a velocidade com
que ocorre o fluxo e estimo a dificuldade do retorno venoso (vai estar diminuído e com
acumulo de sangue). Essa dificuldade de retorno venoso pode ser por insuficiência ou
estenose da válvula tricúspide, pode ser por estenose da válvula pulmonar, da mitral,
da aorta, da aorta abdominal, pode ser também no rim.
2. Palpação:
Verificar a integridade e sensibilidade venosa (para avaliar flebites)

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- Prova de pulso venoso: palpação associada a auscultação (lembrar que veias não
têm pulso). Posiciona-se o estetoscópio em qualquer dos focos de auscultação cardíaca
e com a outra mão, palpar a veia jugular. Se durante a sístole sentirmos o pulso venoso,
dizemos que o animal tem pulso venoso positivo. Significa que o animal tem refluxo de
sangue do ventrículo direito para a jugular.
Negativo: movimento normal.
Positivo: o animal tem insuficiência da tricúspide. Devido a insuficiência da tricúspide, o
sangue não vai todo para o pulmão, parte dele volta para a jugular (ocorre um refluxo).
Isso causa o pulso venoso, o qual podemos sentir pela palpação, enquanto auscultamos
a 1ªbulha (sístole). Se coincidirem, o animal é pulso venoso positivo. É característico,
só ocorre durante a sístole.

O movimento da veia jugular é normal em duas situações: uma contínua (quando o


coração contrai, ocorre na região da jugular mais próxima do mediastino o movimento
de ancoramento de sangue no momento em que a tricúspide se fecha, e durante a
contração da carótida), e outra esporádica (devido ao movimento do esôfago em
ruminantes durante a regurgitação para remastigar).

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Semiologia do Sistema Digestivo

Função Primordial: fazer com que o organismo receba tudo o que ele precisa, ou seja,
o aporte de nutrientes (nutrição). Tarefas que levam a isso:
- Coleta do alimento do qual vai extrair os nutrientes;
- Processar o alimento (as espécies desenvolveram diversos mecanismos). Começa
pela acomodação do alimento na boca, quebrando o alimento ou armazenando para
processar depois (no caso de ruminantes, que fazem uma grande coleta de alimento e
processa tudo posteriormente).

Exame clínico:
Identificação/Histórico do Paciente: data da consulta, nome, espécie, raça, sexo, idade,
nome e endereço do proprietário e procedência.

Anamnese: informações sobre o paciente (vacinação, vermifugação), ambiente, dieta


(sobrecarga ou mudança brusca da dieta, relação volumoso concentrado), início, curso
e evolução da doença, criação extensiva ou intensiva, características das fezes, número
de animais afetados, se houve tratamento (doses, princípio ativo, via de administração
e resposta).

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Exame Funcional: se examina quando ocorre, ou seja, não esperamos chegar no exame
do aparelho digestivo para examinar a manifestação funcional. Por exemplo, se o animal
defecar, interrompo o exame que estou fazendo e examino as fezes naquele momento,
pois pode ser que não se tenha a oportunidade de examinar essa manifestação de novo.
O sistema digestivo é o sistema que mais apresenta manifestações funcionais. No
desempenho dessas funções é possível identificar alterações que não seriam possíveis
de identificar durante o exame físico.

- Apetite;
- Sede;
- Apreensão;
- Mastigação;
- Deglutição:
- Eructação;
- Ruminação;
- Defecação;
- Vômito;
- Regurgitação.

Em ruminantes:
Na deglutição o impacto na parede da faringe e do esôfago é maior se comparado à
redeglutição. A ruminação se refere ao movimento do rúmen, ocorre ao longo de todo o
dia e não depende da vontade do animal. No caso de ruminantes há a mastigação,
remastigação, deglutição e redeglutição. Esses processos adaptativos foram
evolutivamente selecionados, proporcionando ao animal a possibilidade de ingerir
grande quantidade de volumoso, se esconder em um local tranquilo para fugir de
predadores e neste local continuar a digestão.

Ruminantes, aves e carnívoros, regurgitam fisiologicamente. Suínos e equinos não


regurgitam nem vomitam.

1. Apetite: Interesse em identificar e colher o alimento. “Vontade de comer”.


- Bulimia: Apetite exagerado. O animal perde o controle da quantidade de alimento que
ingere, mesmo estando saciado. Não confundir com aqueles casos em que o animal
come muito para não sobrar para os outros (ex: cachorro com atitude bulímica quando
um outro cachorro se aproxima, mas não tem bulimia como sintoma). Tem que ter bom

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senso para diferenciar. Animais em jejum também vão comer mais quando for fornecido
alimento, não quer dizer que o animal tenha bulimia. Carnívoros podem comer muito até
regurgitar o alimento (regurgitar não é vomitar).
- Inapetência: O animal ainda tem algum interesse e alguma vontade de comer. (ex: o
animal se desloca até o alimento, dá uma ou duas bocadas e sai). Está relacionada com
o capricho (apetite caprichoso); o animal separa o alimento. Ex: ração colorida para
cães; bovinos separam a ração e lambem só a silagem.
- Anorexia: O animal não tem nenhum interesse e nenhuma vontade de comer.
Ausência total de apetite. A anorexia absoluta ou contínua é rara, mas períodos de
anorexia é comum (ex: uma síndrome febril causa anorexia periódica).
- Parorexia: O animal come alimentos que não são normalmente de interesse dele.
Perversão do apetite Ex: cães comendo tijolo, bovinos comendo ossos, búfalos
comendo madeira, osso, terra, couro de animais mortos.
A bulimia e a parorexia estão muito frequentemente associadas a desordens do Sistema
Nervoso.

2. Sede:
- Polidipsia: interesse exagerado em beber água.
- Adipsia: Nenhum interesse em beber água. Ex: encefalite desencadeada pela raiva.
Sempre usar o bom senso para identificar aquilo que é muito e o que é pouco.

3. Apreensão de alimentos:
- Língua: Base da língua de ruminantes é muito forte e desenvolvida: promontório. 805
da colheita do ruminante é feita pela língua. A habilidade do bovino com a língua é
comparável à habilidade das mãos em humanos.
- Lábios: Superior: equinos. Estes utilizam os lábios para apreender o alimento e os
dentes para cortar.
- Dentes
- Bico
Obs.: é importante saber como o animal faz normalmente a apreensão do alimento para
saber se a situação está irregular.

4. Mastigação:
Ocorre em movimentos de lateralidade. Dependendo do alimento disponibilizado vai
ficando nos bordos laterais dos molares e isso pode ser causa de ferimentos na
cavidade bucal.

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É rápida em ruminantes e demorada em monogástricos, nestes ocorre a particularização
do alimento, em ruminantes ocorre a acomodação do alimento durante a mastigação.
Em ruminantes haverá a particularização do alimento durante a remastigação.

Avaliação da atividade salivar dos animais:


- Ptialismo: excesso de produção de saliva.
- Sialorréia: nem sempre está ligada ao ptialismo. É saliva em grande quantidade fluindo
pela boca. Pode ocorrer também por problemas da deglutição.
- Aptialismo: ausência de produção de saliva. O animal que tem aptialismo ou hipossialia
(produção reduzida de saliva), tem um prejuízo enorme de função digestiva. Ele não vai
conseguir disponibilizar o nutriente, pois não há digestão completa do alimento que ele
ingeriu. Pode ocorrer por obstrução de ductos de glândula salivar (neste caso, nos cães,
o aco da glândula vai enchendo, e a evolução disso é a desidratação e a calcificação.
O aumento de volume do saco da glândula salivar devido à obstrução é chamado de
rânula.
- Hipossialia: redução da produção ode saliva.
- Rânula: obstrução do ducto da glândula salivar.
- Sialólito: calcificação da saliva dentro do ducto salivar.
Obs: rânula e sialólitos podem causar aptialismo e hipossialia. Diferença entre
aptialismo e hipossialia é difícil, porém é importante. Se a boca está toda ressecada, é
aptialismo, mas se tiver um pouquinho de umidade, é hipossialia.

5. Deglutição:
- Disfagia: Dificuldade para deglutir. Pode ser acompanhado ou não de alimento caindo
pela boca. Ocorre em várias doenças, como obstrução parcial, paralisia muscular,
processos dolorosos, etc.
- Aerofagia: deglutição de ar. Comum em animais em situação de bem-estar animal
pobre, como equinos estabulados.
- Odinofagia: deglutição dolorosa.

Ruminantes: deglutição e redeglutição. A língua dos ruminantes tem uma base forte. Na
hora da deglutição ocorre a contração concêntrica da musculatura da faringe. Nos
ruminantes, por causa da necessidade de colher grandes quantidades de alimento e
fazer essa grande quantidade chegar ao depósito de armazém, que é o rúmen, eles
desenvolveram essa base musculosa na língua chamada promontório. A contração da

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musculatura da faringe mais o movimento retrógrado da língua vai literalmente
“socando” o alimento no esôfago.
O promontório determina o tônus da língua, empurra o alimento que é apreendido e
acumulado no esôfago. Obs.: encefalites e outras doenças centrais causam paralisia do
nervo glossofaríngeo, levando a problemas na
deglutição.

5. Eructação:
Os ruminantes eructam grandes quantidades de gás. Os outros animais também
eructam, com exceção dos equinos.
A eructação pode estar:
- Aumentada: grande quantidade de concentrado no rúmen. Há fermentação intensa,
com alta produção de gás → risco de timpanismo em ruminantes e torção gástrica em
cães.
- Diminuída
- Ausente: morte da microbiota ruminal, pode haver a não eliminação dos gases;
ausência de material de qualidade clara na alimentação animal.
Se os equídeos eructarem: grave dispersia, produção exagerada de gases.
Os ruminantes não eliminam gases por via retal, os equídeos sim.

6. Ruminação: Movimento específico do rúmen.


Sentido do movimento: inicia nos pilares craniais longitudinais, prosseguindo pelos
pilares caudais longitudinais. A onda de contração vem deste movimento. A contração
leva à movimentação do material que está dentro do rúmen. O retículo tem
mecanorreceptores que identificam a superfície e a tensão do alimento. Se predomina
uma quantidade de alimento fibroso, o retículo sinaliza para o animal que ele está em
regressão rumenal e precisa ir a um lugar tranquilo para processar o alimento ingerido.
Esse processamento é a remastigação, que é precedida por movimentos anti-
peristálticos no esôfago (regurgitação), e possui um componente voluntário. A
ruminação, por outro lado, é involuntária.

Camadas do rúmen:
- 1ª Camada: sólida → partículas mais densas, material que já foi remastigado e se
deposita facilmente no fundo. Som maciço a percussão.
- 2ª Camada: líquida → é a maior camada. O som não é maciço à percussão, pois
devido à ação de microrganismos, ocorre produção de gás, que atravessa

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constantemente essa camada. Por esse motivo apresenta som maciço não
completamente
- 3ª Camada: pastosa → alimento que o animal acabou de comer. Som sub-maciço.
- 4ª Camada: gasosa → Som timpânico
Essas camadas ocorrem no repouso, quando ocorre o movimento ruminal, elas se
misturam e depois retomam os seus lugares.

Funções da ruminação:
Expor o alimento para ação dos microrganismos e de enzimas.
Conduzir o alimento até o retículo.

Alterações:
- Atonia: parada do rúmen. É incompatível com a vida. O animal morre rapidamente por
insuficiência respiratória. Tem microrganismos dependentes da movimentação do
rúmen que morrem se cessar a movimentação, e o ruminante é dependente desses
microrganismos.
- Hipotonia: diminuição dos movimentos do rúmen/movimentos incompletos.

Movimentos ruminais: são irregulares. Podem ocorrer 13 movimentos em 1 minuto e


permanecer por 3 minutos sem ter movimento nenhum. Por isso os movimentos
ruminais são o único parâmetro fisiológico avaliado em 5 minutos.
Cuidado! Ruminar não é remastigar! Ruminação é a movimentação do rúmen. Quando
o animal regurgita haverá a remastigação do alimento.

8. Defecação:
A primeira coisa a levar em conta na avaliação é o comportamento e a postura na hora
da defecação:
- O cão procura um lugar isolado do grupo para defecar ou faz onde está?
- O equino ou bovino defeca andando?
Padrão podrômico: arqueamento do dorso, concentração, o animal para tudo o que está
fazendo, elevação da cauda, adiantamento discreto dos posteriores, enrijecimento das
orelhas. O padrão podrômico são todos os comportamentos que o animal apresenta
durante um ato fisiológico. Bovinos e equinos que defecam andando, só fazem isso
porque o homem os obriga.

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Alterações:
- Difícil: dificuldade, desconforto para defecar.
- Tenesmo: contrações rítmicas muito fortes e excessivas da musculatura retal. Esforço
improdutivo e repetido de defecação. Não significa defecação dolorosa (disquesia).
- Frequente: com diarreia (fezes amolecidas) ou sem, devido a irritação intestinal.
- Ausente: ocorre em muitos casos:
Anorexia;
Obstrução intestinal: fecalomas provocando constipação (parada na movimentação
intestinal normalmente acompanhada de fecalomas);
Volvo, intussuscepção, torção.
Junto com as primeiras fezes quando o animal volta a defecar, vem grande quantidade
de muco, que foi produzido pela mucosa intestinal e foi se acumulando.
- Involuntária: problemas nos centros que controlam os esfíncteres, ou alterações
locais como lesões que causam perda de controle sobre os esfíncteres.
- Flatulência: eliminação de gases por via retal. Em ruminante é indicativo de doença
grave, pois estes em estado normal não têm flatulência. Quando introduzimos a mão no
reto do animal durante a palpação retal, levamos gás (pneumorreto), que depois é
eliminado, mas isso não é flatulência!
- Disquesia: defecação dolorosa. Pode estar acompanhada de tenesmo, defecação
difícil (pode ter disquesia acompanhada de defecação difícil causada por tenesmo). Mas
pode também estar sozinha.
- Diarréia: aumento do volume fecal, da frequência de defecação e do conteúdo líquido
nas fezes.

9. Vômito: Involuntário.
Sintoma que denuncia um quadro de enfermidade. Não confundir com regurgitação, que
é uma ferramenta utilizada para sobrevivência.
Desconforto, ansiedade, sudorese. Identificar primeiro a sua origem.
Origem:
Central: algo estimula o centro do vômito. Ex: encefalites meningites, hipertermia na
febre, insuficiência renal.
Periférica: algo acontecendo no estômago ou intestino, causando desconforto, irritação
(algo que comeu e causou irritação).
Mista.

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O vômito é sempre involuntário, enquanto a regurgitação é sempre voluntária. Na
regurgitação, o animal escolhe um local seguro longe de outros animais para regurgitar,
deita ao lado do material para vigiar ou esconde para comer com mais calma depois (o
alimento sai em bolus não digeridos). O vômito ocorre em qualquer lugar, a qualquer
momento. É precedido por ansiedade, desconforto, sudorese, contrações abdominais
desordenadas (mímica) e o alimento sai em jatos e não em bolus. Este é o padrão
podrômico do vômito.

Parâmetros para a avaliação:


- Frequência: o animal vomita quantas vezes ao dia? Algumas doenças causam
episódios de vômito frequentes.
- Momento: perguntas: acabou de comer e vomita? Ou vomita após um tempo? Na hora
de beber água? Após beber água? Durante o exercício?
- Odor: acre, pútrido, odor específico de alguma coisa (ex: sabonete, cetônico).
- Aspecto: variado
- Cor: variado.
Hematêmese: presença de sangue no vômito.

10. Regurgitação:
Ao contrário do vômito, é voluntária. Ocorre em ruminantes, carnívoros e aves.

Exame físico do Sistema Digestivo:


Relembrando...
Qual é a diferença entre exame físico e exame clínico?
O exame clínico inclui todas as etapas, começando pela identificação/histórico,
anamnese e depois é que vem o exame físico. O exame físico é, portanto, uma etapa
do exame clínico.

O abdômen tem importância como entidade clínica separadamente, assim como o tórax,
observando o seu contorno, forma, integridade.

- Boca:
1. Inspeção:
- Lábios: integridade, simetria (assimetria pode ocorrer devido à paralisia do nervo facial
e causar ptose = paralisia da musculatura dos lábios e parece que o lábio está caindo
de um lado).

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- Mucosa: integridade, coloração (mucosas amareladas, por exemplo, decorrem do
acúmulo de bilirrubina nos tecidos, podendo ser de origem hepática). Muitas lesões por
fungos, actinobacilose (formam pústulas e pequenos abcessos), placas diftéricas,
lesões devido ao movimento dos dentes, interferem na integridade da mucosa.
- Dentes: Presença, desgaste, integridade, tártaros, se estão muito gastos e quebrados,
número de dentes. A saúde deles é fundamental porque são responsáveis pela
particularização do alimento se o alimento não for particularizado do alimento. Se o
alimento não for particularizado, a função digestiva fica comprometida: o animal não vai
aproveitar adequadamente os nutrientes, podem ocorrer perda de peso.
Arrasamento de dentes: gasto normal.
Obs.: Equinos: o movimento de lateralidade para mastigar provoca desgastes, que
formam cristas laterais nos molares, os quais são agentes de ferimentos da parte interna
da boca. Periodicamente é necessário medicar o animal e grosar os dentes (fazer a
correção) para evitar ferimentos que impeçam que o animal se alimente.
Cães: a maior preocupação são os tártaros, causados principalmente ela modificação
da alimentação.
- Odor: indicativo de doença periodontal, patologias internas (estômago, rúmen).
- Língua: tônus, habilidade em pegar alimentos, integridade, movimentação. Ferimentos
na língua podem impedir o animal de mastigar adequadamente, interferindo também na
deglutição. Olhar a integridade na face dorsal e ventral, e tônus da língua (força que a
língua faz na nossa mão).

- Faringe:
Exame do fundo da boca.
1. Inspeção:
Integridade (a mucosa da faringe sofre lesões dependendo da natureza do alimento, e
isso pode provocar problemas na deglutição, o que leva ao emagrecimento e
inapetência). Observar: lesões traumáticas, placas diftéricas, tumores, abcessos,
papilomas.
Principalmente em pequenos animais, observar as tonsilas palatinas, rânula (aumento
sacular da glândula salivar que ocorre somente em pequenos animais), e as glândulas
salivares (nos cães, submandibular, sublingual, zigomática e parótida).
Em grandes animais: inspeção direta usando um tubo e lanterna (laringoscopia),
observando a faringe, epiglote e a parte rostral da língua.
Em pequenos animais: abrir a boca e observar o fundo.

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2. Palpação:
Amígdalas
Glândulas salivares: rânula é a obstrução de ductos salivares com aumento de volume
na região submandibular, presente apenas em cães.
A palpação é feita principalmente em grandes animais.

- Esôfago:
1. Inspeção:
- Externa: trajeto do esôfago no sulco da jugular. Observar a integridade.
- Interna: só com metodologia auxiliar. Ex: endoscopia.

2. Palpação
- Externa: grandes animais palpam-se com as duas mãos.
- Interna: é obrigatória em ruminantes, pois devido à natureza do alimento que eles
comem, a possibilidade abrasiva da musculatura da faringe e esôfago é muito grande.
Dependendo do período em que o animal está vivendo (imunossupressão, falta de
alimentos, etc), e da idade do animal, ele pode desenvolver nódulos, tumores e
carcinomas, comprometendo a passagem de alimento, ou resultando em obstrução
parcial e até obstrução total do esôfago (isso por causar um timpanismo recurrente).
Para isso, faz-se o uso de sondas, e aproveita-se para iniciar o exame do rúmen (coleta
de material ruminal).

- Abdômen:
1. Inspeção:
- Forma: observar o contorno abdominal. Feito em visão posterior em grandes animais
e em cães coloca-se o animal em pé (não em estação, mas sobre as duas patas
posteriores. Isso vai sacular todo o líquido presente do abdômen no caso de ascite,
evidenciando o aumento de volume).
- Volume
- Integridade

2. Palpação:

- Externa:
Pressionar o abdômen com as mãos espalmadas. Verificar a tensão, sensibilidade,
conteúdo, integridade, número de movimentos ruminais (nos ruminantes), superfície.

57
Nos pequenos animais, faz-se a palpação dos órgãos internos (mãos espalmadas ao
longo de toda a parede abdominal). Dividir o abdômen em três partes: epigastro,
mesogastro e hipogastro.
Prova de piparote ou balotamento para a identificação de ascite (acúmulo de líquido na
cavidade abdominal). Obs.: Piparote e Balotamento são testes diferentes!
Ruminantes: só camadas do rúmen (outros órgãos é difícil fazer a palpação externa,
devido à grande extensão dos órgãos.
- Interna: mais frequente em grandes animais por via retal.
Em bovinos analisar:
- Mucosa retal: tem que estar lisa. Muitas alterações provocadas por parasitas e
bactérias (ex: bacilos da paratuberculose, tuberculose, provocam a formação de
nódulos na parede retal). Limpar adequadamente o intestino grosso para fazer a
palpação, removendo, inclusive, o ar introduzido.
- Rúmen: palpar o saco cego dorsal, sentir a movimentação, conteúdo, etc.
- Rim esquerdo: superfície lobulada no bovino (volume, forma, mobilidade, superfície).-
Alças intestinais
- Linfonodos da bifurcação da aorta e íleo-femurais
- Bexiga: volume (quando vazia, a parede é espessa em enrugada), sensibilidade (se
tiver cistite ou urolitíase, o animal vai sentir dor), conteúdo (urina, pus, sangue, tumor,
etc).
- Genitália interna: primeiro se preocupar com a presença dos órgãos. Identificar a
genitália em todos os seus componentes, lembrando das alterações patológicas
possíveis: má-formações, agenesias, aplasia segmentar de trompas uterinas, etc.
observar também a mobilidade.
- Aorta abdominal: fazer o exame de artérias: frequência do pulso, intensidade,
amplitude, dureza, plenitude, celeridade.

Equinos: Mucosa retal


Baço
Rim esquerdo
Alças intestinais
Anéis inguinais (abertura pela qual passam os cordões espermáticos no
macho).
Base do ceco
Cólon Ventral Esquerdo CVE, flexura pélvica FP, Cólon Dorsal Esquerdo CDE
– Somente peritos conseguem identificar cada um.

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Bexiga
Genitália interna
Aorta abdominal

Cães:
Pode ser feita com dois dedos ou com apenas um.
Mucosa retal
Cólon descendente
Bolsas adanais
Próstata
Ossos pélvicos
Uretra

Limitações da palpação retal: Só um terço da cavidade abdominal é explorada

3. Percussão:
O abdômen tem naturalmente em seus órgãos gás, líquido e sólido, e dependendo da
proporção entre eles, teremos uma resposta sonora diferente na percussão: som
timpânico, sub-maciço, maciço não completamente. Pode ser feita em todas as
espécies, mas é mais utilizado em grandes animais.
Objetivo: perceber se o conteúdo das alças é gás, líquido ou sólido.
Constipação intestinal: pouca mobilidade intestinal, fezes endurecidas, formando os
fecalomas.
Obstipação: quando os fecalomas são muito exagerados, promovendo obstruções
sérias no intestino.
Meteorismo abdominal: acúmulo de gás no abdômen.

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Pequenos animais: direta - dígito-digital.
Grandes animais: indireta - martelo pleximétrica.

4. Auscultação:
Equinos: Borborigmos – 4 a 8 por minuto
Avaliar os ruídos intestinais (borborigmos) em relação à freqüência, intensidade,
duração, amplitude, se os movimentos estão completos, presença de gás, presença de
líquido, presença de espasmos.

Lado direito: ceco (avaliar os movimentos e a descarga da válvula íleo-cecal); cólon


ventral e cólon dorsal; intestino delgado (cranio-ventral)
Lado esquerdo: fossa paralombar – cólon menor; avaliar cólon ventral e dorsal;
intestino delgado (acima e cranial ao cólon menor)
Ventralmente: cólon ventral e flexura pélvica; estômago.

Bovinos: Movimentos ruminais: 5 a 13 por 5 (CINCO!) minutos

Anatomia topográfica:
- Rúmen:
Limites:
CRANIAL: Cúpula diafragmática
CRANIO-VENTRAL: Retículo
CAUDAL: Crista da pelve
VENTRAL: Linha branca
DORSAL: Apófises transversas

60
Camadas: gasosa, sólido-pastosa, líquida, sólida (maciça).
Sempre vai ter quatro camadas, o que muda é a proporção de cada uma. Seu
comportamento e tamanho variam conforme o estado nutricional do animal (ex: o animal
acabou de comer), mas sempre estarão presentes todas as quatro. Se não encontrar
alguma delas, pode indicar alteração. Identifica-se as quatro camadas palpação e
depois delimita o seu tamanho pela percussão. Ex: se a camada sólido-pastosa
aumentar muito e suprimir as outras camadas, significa que há sobrecarga do rúmen,
se predominar a camada gasosa, pode indicar timpanismo. Na impactação ruminal,
verifica-se consistência maciça por todos o rúmen.

- Retículo:
6º Espaço intercostal até a cartilagem xifóide; limite posterior: linha traçada a partir da
articulação escápulo-umeral até a cicatriz do umbigo. Por estar dentro da cúpula
diafragmática, o retículo escapa da maioria dos exames semiológicos só se faz o teste
da sensibilidade.
Testes de sensibilidades dolorosa:
- Golpeamento da área cárdio-reticular
- Prova de Götze (bastão)
- Reflexo víscero-cutâneo

- Omaso: Não temos acesso a ele, pois está escondido. Porém, é feita a projeção
anatomotopográfica dele.
Projeção anatomotopográfica: Amplitude toracoabdominal: área compreendida entre as
apófises transversas e cartilagens costocondrais. Divide-se essa área em três partes

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iguais. O omaso se localiza no terço médio, do bordo caudal da 9ª ao bordo caudal da
7ª. O exame só é feito por metodologia auxiliar: Laparotomia e laparoscopia exploratória

- Fígado:
1. Inspeção: integridade da área hepática.
Bovinos: Sob a 12ª costela, lado direito (região cranial a fossa paralombar direita).

2. Palpação: procuro o fígado na fossa paralombar direita, mas só vou encontra-lo se o


animal tiver hepatomegalia.

3. Percussão: delimitação da macicez e sensibilidade dolorosa.

Fezes: o exame é feito quando tiver oportunidade, ou seja, quando o animal defecar.
Parâmetros:
- Forma: bolo fecal de formato diferente em ruminantes, equinos e pequenos animais.
Alteração na forma indica doença digestiva.
- Cor: semelhante ou oriunda da cor do alimento. Deve-se ter bom senso para
diferenciar coloração anormal da normal.
- Odor: odores característicos e cada espécie.
- Consistência: diferencias consistência firme de dura, a qual pode indicar constipação.
- Corpos estranhos: acúmulo de muco ou catarral decorrente da excessiva produção
de muco devido a enterites.
- Tamanho das partículas: Quanto mais particularizado estiver o alimento, mais saúde
digestiva tem o animal.

Termos:
Melena: sangue digerido. Lesão no abomaso ou anterior a ele
Hematoquesia: sangue vivo nas fezes. Lesões no intestino

Provas de sensibilidade dolorosa:


- Percussão abdominal dolorosa
- Teste de Götize: área cardioreticular
- Reflexo Víscero cutâneo

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- Baço
Geralmente não palpável. Só é palpável se houver alterações.
Palpação externa no abdômen cranial de cães.
Palpação retal em equinos e bovinos.
Regiões do abdômen: epigastro, mesogastro, hipogastro. O baço, em condições
normais, localiza-se no epigastro.

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Semiologia do Sistema Urinário:

Rins: Parênquima Renal: Córtex. Medula – Néfrons


Ureteres
Bexiga
Uretra

Anatomia:
 Equinos:
Rim direito: 15ª costela – 1ª vértebra lombar: 13 a 15 cm
Rim esquerdo: 17ª costela – 1ª vértebra lombar: 15 – 20 cm
Uretra
Bexiga: vazia: cavidade pélvica
Cheia: cavidade abdominal

 Bovinos:
Rim direito: 13ª costela – 1ª vértebra lombar: 18 a 24 cm
Rim esquerdo: 1ª, 2ª, 3ª vértebras lombares:19 a 24 cm

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Bexiga: Vazia: cavidade pélvica
Cheia: cavidade abdominal
Uretra: Flexura sigmoide

 Caninos:
Rim direito: 13ª costela
Rim esquerdo: 2ª, 3ª vértebras lombares
Bexiga: vazia: cavidade pélvica (Hipogastro)
Cheia: Cavidade abdominal (Mesogastro)
Uretra: Prostática, pélvica e peniana – osso peniano

 Felinos:
Rim direito: 1 – 4ª vértebras lombares
Rim esquerdo: 2ª, 5ª vértebras lombares
Bexiga: cavidade abdominal
Uretra: Prostática, pélvica, peniana – afunilamento

Fisiologia:
Unidade funcional do rim: NÉFRON

65
Formação da Urina:

Etapas da formação da urina:


1º Filtração Glomerular:
Primeira etapa de formação da urina. O sangue arterial entra no glomérulo através da
arteríola aferente, é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa alta
pressão é responsável pela passagem do plasma para a cápsula de Bowman, onde
substâncias pequenas como água, sais, vitaminas, açucares, aminoácidos e excretas,
saem do glomérulo e entram na cápsula. Somente as células sanguíneas (não é
possível filtrar) e as proteínas (devido ao seu alto peso molecular e à sua carga, que é
igual a da barreira de filtração) não vão ser filtradas. Esse processo resulta em um
líquido que recebe o nome de filtrado glomerular.

2º Reabsorção e Secreção Tubular:


A secreção tubular atua em direção oposta à reabsorção. Na secreção, as substâncias
são transportadas do interior dos capilares para a luz dos túbulos, de onde são
eliminadas pela urina. Já na reabsorção, há o transporte de substâncias da luz dos
túbulos para o interior dos capilares. Os mecanismos de secreção tubular, à semelhança
dos mecanismos de reabsorção, podem ser ativos ou passivos, quando incluem a
utilização de energia pela célula para a sua execução ou não.
Túbulo proximal: alta reabsorção de H2O, Na+, glicose e aminoácidos; secreção de
ácidos e bases; impermeabilidade à uréia.
Alça de Henle: Porção descendente: impermeável a Na+, reabsorção de H2O; Porção
ascendente: impermeável a H2O,reabsorção de Na+, Cl-.
Túbulo distal inicial: Semelhante à porção ascendente; aparelho justaglomerular.
Túbulo distal final: redução da permeabilidade à H2O; células principais; células
intercaladas: secreção de H+;

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Túbulo coletor: redução da permeabilidade à H2O; aumento da permeabilidade à uréia;
secreção de H+.

3º Concentração e diluição da urina:


Mecanismos:
ADH:
ADH (Hipotálamo) → liberação na circulação → Aumento da permeabilidade de H2O
nos TCD e TC.

Aldosterona:
Células principais: aumento da reabsorção de Na+ e H2O e secreção de K+

Angiotensina II:
Túbulos proximais: Aumento da reabsorção de Na+
Aumento da aldosterona: Aumento da reabsorção de Na+
Vasoconstricção: Aumento reabsorção de Na+

Eliminação da urina:
Inervação da bexiga: Nervo pélvico e plexo, gânglio mesentérico caudal, nervo
hipogástrico
Inervação do esfíncter uretral: Nervo pudendo

Exame Clínico:
1. Identificação/Histórico
2. Anamnese:
Apetite
Urina: quantidade, coloração, odor
Micção:
- Frequência:
Poliúria: aumento na produção de urina
Polaquiúria: Aumento da frequência de micções. Em cães machos pode ocorrer a
Polaquiúria fisiológica: aumento na frequência de micções para marcar território.
Oligúria: redução da produção de urina
Anúria: não há produção de urina
Iscúria: Há produção de urina, mas não há eliminação dessa urina.

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Enurese ou Incontinência: é a eliminação involuntária da urina. “Incapacidade de
segurar a urina”.
- Disúria: engloba tanto a dificuldade quanto dor ao urinar. Estrangúria: eliminação
lenta e dolorosa da urina em decorrência de espasmo uretral ou vesical.
- Ingestão de água: normal? Alterada? Em excesso? Pouca ingestão?
- Doença anterior
- Sinais relacionados a outros órgãos.

Frequência de micção para adultos em 24 horas:


Equinos e bovinos: 5 – 7 vezes
Ovinos e caprinos: 1 – 4 vezes
Cães: variável
Cadelas: 2 – 4 vezes
Gatos: 2 – 4 vezes

Quantidade de urina em 24 horas:


Equinos: 3 – 6 litros
Bovinos: 6 – 12 litros
Ovinos e caprinos: 0,5 – 2 litros
Cães grandes: 0,5 – 2 litros
Cães pequenos e gatos: 40 – 200 ml

3. Exame físico:
- Geral
- Exame da urina: Cor, odor, turbidez, volume, viscosidade.
- Urinário:
Rins: Palpação: tamanho, formato, consistência dor
Equinos e bovinos: Palpação retal: Rim esquerdo
Bexiga: Posição: palpação retal e abdominal
Tamanho
Consistência
Parede
Dor
Cálculos
Próstata: posição, tamanho, consistência, dor, simetria
Uretra: Meato urinário, secreção, obstruções

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Exames Complementares
 Urinálise:
- Coleta da urina:
Micção natural: TODAS as espécies.
Cateterismo vesical: caninos, felinos, equinos. Bovinos NÃO. MOTIVO: Flexura
sigmóide
Cistocentese: caninos e felinos

Coleta:
Primeiro fazer a antissepsia do local
URETRA – Primeiro jato
PROSTATA – Segundo jato
BEXIGA – Terceiro jato
Resfriar e enviar ao laboratório protegida da luz, em ATÉ seis horas após a coleta.

 Diagnóstico por imagem: Radiografias


Ultrassonografia
Urografia excretora
Uretrocistografia Retrógrada

 Provas de função renal: Sanguínea: Uréia e creatinina


Teste de privação hídrica: Para diagnóstico de diabetes insípidus
 Biópsia

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Semiologia do Sistema Genital Feminino

Importância: Clínica
Econômica

Considerações Fisiológicas:
Animais monoéstricos: Aparecimento do estro anual
Animais poliéstricos: Mais de um período de estro durante um ano.

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A estacionalidade da reprodução é um processo fisiológico de adaptação, utilizado
pelos animais para equilibrar as mudanças estacionais da temperatura com a
disponibilidade de alimentos e a exigência nutricional.
 Vaca:
Poliestral não estacional
Duração do ciclo estral de 21 dias e cio de 24 horas

 Égua:
Poliestral estacional
Duração do ciclo estral de 21 dias e cio de 7 dias
Ovulação no 4º dia
Cio do potro ou "cio post-partum": é o primeiro cio depois do parto. Acontece no 7º ao
11º dia. Neste cio é recomendado seu aproveitamento para nova cobertura, se o parto
foi normal e os órgãos genitais se encontram em boas condições.

 Cadela:
Monoestral estacional
Duração do cio: 14 dias

 Gata:
Poliestral não estacional

1. Considerações importantes durante a anamnese:


- Regime reprodutivo
- Última parturição
- Dequitação: período do parto que vai da saída do feto à expulsão da
placenta e das membranas
- Proporção macho/fêmea
- Detecção de cio
- Vacinas e controle parasitário
-  Condição clínica: se o animal já teve algum problema de saúde
- Medicações anteriores
- Vida reprodutiva
- Lactação
- Nutrição

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Sobre o rebanho: índices zootécnicos
- Intervalo entre partos
- Período de serviço: é definido como intervalo entre o parto e o primeiro cio fértil
(concepção)
- Idade ao primeiro parto
- Fertilidade
- Número de montas ou inseminações/prenhez
- Produção de leite

Fatores ambientais: local onde o animal vive, introdução de outros animais

2. Exame funcional:
Exaltação da libido:
- Ninfomania: Sintomas: inquietação, mugido frequente, cios com intervalos curtos, a
vaca montas nas outras vacas presentes no pasto, mas não permite que outras vacas
montem nela.
Causas: Disfunção hipofisária, tumores ovarianos
Redução ou ausência da libido:
- Anafrodisia: Sintomas: cios ausentes, intervalos entre cios longos
Causas: disfunções ovarianas, disfunções uterinas

Sinais de estro:
- Égua: cauda em bandeira, abertura dos posteriores, eversão do clitóris, micção,
aceitação da monta.
- Vaca: Fase ativa: monta em todas as vacas do pasto.
Fase passiva: aceitação da monta (do touro ou de outras vacas)
- Porca: reflexo de parada

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3. Exame Físico:
 Exame do abdômen:
Inspeção: forma, integridade e volume
Palpação externa: identificação de conteúdos
Auscultação: Batimentos cardíacos fetais

 Exame da genitália externa:


- Vulva: Inspeção e palpação: Forma, integridade, tamanho, simetria, corrimentos,
edema, coaptação e sensibilidade

 Exame da genitália interna:


- Vagina: Inspeção: integridade e coloração da mucosa. Secreções e hemorragias
- Óstio da cérvix: Inspeção: forma, integridade, tampão, secreções e hemorragias
- Corpo da Cérvix: Inspeção: espéculo, vaginoscópio. Palpação: abdominal externa
em pequenos animais e via retal em grandes animais. Forma e tamanho, fibroses e
desvios, sensibilidade.
- Útero: Palpação: Forma, tamanho e posição; Simetria dos cornos e parede;
Conteúdo e mobilidade
- Tubas uterinas: Palpação: forma e tamanho, simetria e mobilidade.

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- Ovários: Palpação: forma, tamanho e consistência, mobilidade e superfície, corpo
lúteo e formações vesiculares, sensibilidade

Exames complementares:
 Ultrassonografia
 Histeroscopia
 Swab vaginal

Exame de úbere e tetas:


1. Inspeção:
Tamanho, coloração, integridade, implantação, simetria: quartos, tetas

2. Palpação:
Sensibilidade, consistência, temperatura

3. Exame do leite

Em cadelas:

Mama ou par de glândulas mamárias inguinal, abdominal caudal, abdominal cranial,


torácica caudal e torácica cranial.

74
Semiologia do Sistema Genital Masculino:

Anatomia:

75
Particularidades anatômicas:
Ruminantes: Flexura sigmoide
Caninos: Osso peniano
Felinos: Espículas penianas
Equinos: Esmegma
Ovinos e caprinos: Processo uretral

Característica Garanhão Cão Varrão Touro Bode Carneiro

Próstata + + + + + +

Ves. Seminal + - + + + +

Bulbouretral + - + + + +

Ampola canal + + - + + +
def.

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Maturidade 12-18 7-11 5-7 8-12 6-10 6-10
sexual (meses)

Importância do macho:
- Fertilidade
- Doenças transmissíveis
- Valor genético agregado
1. Identificação/Histórico

2. Anamnese:
- Manejo nutricional, reprodutivo e sanitário
- Vacinação, vermifugação
- Como é feita a reprodução: monta natural ou inseminação artificial
- Alterações observadas
- Número de fêmeas que emprenharam
- Proporção machos/fêmeas
- Dificuldade de monta
- Alterações da libido

3. Exame Funcional
- Satiríase: aumento da libido
Causas: Falhas no manejo reprodutivo, criptorquidia, neuropatias, doenças
reprodutivas.

- Priapismo: ereções frequentes


Causas: Irritação peniana, dor abdominal (cistite)

- Onanismo: Masturbação
Causas: alterações comportamentais, divertículo prepucial nos varrões, falhas de
manejo reprodutivo.

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- Anafrodisia: Diminuição da libido
Causas: desnutrição, atrofia testicular, falhas de manejo reprodutivo, doenças
debilitantes, dor.

Reflexo de Flehmen: Captação de ferormônios da fêmea. Demonstra o interesse do


animal pela fêmea.

4. Exame físico:
Prepúcio:
- Inspeção: integridade, secreções, prolapso, volume e desvios
- Palpação: Fimose: dificuldade para expor a glande
Parafimose: ocorre quando o prepúcio consegue ser retraído, mas não
consegue retornar ao seu ponto de origem, causando estrangulamento da glande e
obstrução do fluxo sanguíneo.
Acrobustite: inflamação do prepúcio

Pênis:
- Exposição do pênis: Natural (fêmea no cio)
Manual no cão, química nos bovinos e manual ou com
tranquilização nos equinos.
- Inspeção: integridade, desvios, balanite (inflamação da mucosa que reveste a glande),
postite (face interna do prepúcio), hipospadia (malformação congênita, caracterizada
pela abertura do meato urinário na face ventral do pênis), epispadia (malformação

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congênita do sulco e canal uretral que faz com que a uretra se abra na face dorsal do
pénis), aderências, corrimento uretral. Posição do pênis em ereção
- Palpação: sensibilidade, superfície, fraturas e nódulos.

Bolsa escrotal:
- Inspeção: forma, volume, simetria e integridade
- Palpação: sensibilidade, temperatura, conteúdo, espessura da pele
Alterações na pele e pelagem: cor, odor, temperatura, edema, prurido, aumento de
volume, neoformações, perda de substância, infestação parasitária ou alterações
micóticas.

Testículos:
- Inspeção: Presença da bolsa, tamanho, simetria, diâmetro dos testículos. Forma: em
bovinos e equinos é oval alongada com boa convexidade lateral. Se estiver cilíndrica
ou arredondada: distúrbios na espermatogênese.
- Palpação: consistência, sensibilidade, mobilidade, número. Realizar balotamento para
identificar presença de líquido.
Consistência normal: tensa elástica
Macia elástica a flácida: degeneração testicular
Firme elástica, dura elástica ou dura: fibrose testicular
Alterações: Difusas ou localizadas

Principais alterações testiculares:


Microrquidia: testículos pequenos
Hipoplasia testicular, degeneração testicular
Atrofia testicular
Orquite, periorquite
Monorquidismo verdadeiro, criptorquidismo.

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Epidídimo: Responsável pelo transporte, armazenamento e maturação dos
espermatozóides
- Inspeção: volume da cabeça e da cauda, fístulas
- Palpação: cabeça, corpo e cauda, consistência, sensibilidade, temperatura e forma.
Alterações:
Aplasia total ou segmentar
Hipoplasia uni ou bilateral da cauda
Assimetria: aumento: epididimite, espermiostase, espermatocele ou galactocele

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Cordão ou funículo espermático:
- Palpação: consistência, sensibilidade e forma

Glândulas:
- Palpação retal: tamanho, sensibilidade, forma e consistência

5. Exame da Potência:
- Impotência coeunde: Libido normal, mas não copula.
Causas: Afecções locomotoras, neuropatias, desvio do pênis

- Impotência erigendi: Libido normal ou alterada


Causas: Não tem ereção, feridas, úlceras – balanopostite

- Impotência generandi: alterações do sêmen. Libido e cópula normais

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Causas: Não ejacula ou espermatozoides inviáveis (azoospermia), ou ausentes
(aspermia).
Exames Complementares:

 Ultrassonografia
 Biópsia testicular: aspiração, coleta de fragmentos
 Lavado prepucial
 Raio X no cão: osso peniano
 Colheita e avaliação seminal

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Semiologia do Sistema Locomotor

1. Identificação/ Histórico:
Raça: determina a atividade que o animal vai exercer. Ex: Quarto de milha: cavalo de
explosão: patologia comum: Osteoartrite o jarrete.
Idade e sexo: Doenças degenerativas articulares. Em algumas doenças fêmeas são
mais acometidas.

2. Anamnese:
Aspectos nutricionais: Pasto bem manejado. Forageiras ricas em oxalato: reabsorção
óssea e substituição por tecido conjuntivo fibroso: “cara inchada”
Balanço na quantidade de ração que o animal consome. O excesso de carboidratos
solúveis é prejudicial ao desenvolvimento do animal.
Caqueamento e Ferrageamento
Problemas anteriores do Sistema Locomotor
Mudança de cavaleiro ou condutor
Queda de desempenho e alterações no comportamento
Tropeços
Tipo de atividade
Intensidade e condicionamento
Superfície de trabalho: firme ou macia

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Perguntar também sobre a claudicação: Início, se aumenta ou para no momento do
exercício, tratamento ou repouso. O que foi feito? Antiinflamatórios? Massagem?
Compressas?

3. Exame físico:
- Inspeção geral:
Ambiente tranquilo: deixar o animal se acostumar
Posição quadrupedal? O animal está com algum membro levantado? (Sem tocar o
chão).
Distância
Aspectos gerais: Postura, comportamento, anormalidades anatômicas
Aprumos:
Frente:
A – Conformação normal
B – Aberto de frente
C – Fechado de frente
D – Aberto com pinças para dentro
E – Fechado com pinças para fora
No aprumo ideal, a distribuição do impacto é mais eficiente.

Membros pélvicos vistos de perfil:


A – Conformação normal

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B – Conformação sobre si
C – Acampado

Membros pélvicos vistos de trás:


A – Conformação normal
B – Aberta de trás
C – Fechada de trás
D – Jarretes cambaios
E – Jarretes abertos

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Membros torácicos:
Traçar linha imaginária a partir da crista da escápula
Alterações:
Sobre si ou debruçado
Acampado
Ajoelhado
Transcurvo

Pescoço, linha dorso lombar:


Inspeção e palpação.
- Cifose: desvio dorsal da coluna
- Lordose: “cavalo selado”. Desvio ventral da coluna
- Escoliose: Desvio lateral da coluna

Inspeção em movimento:
Classificar a gravidade da claudicação
Identificar os membros afetados
Grau de incoordenação: Sistema nervoso
Animal caminhando de frente, perfil e trás em superfícies duras e macias
Curvas, inclinação, obstáculos

Observar:
Cabeça: quando o membro torácico afetado toca o solo, o animal levanta a cabeça.
Asa do íleo: quando o membro pélvico afetado toca o solo, a asa do íleo se levanta
deste lado.

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Observar a movimentação da garupa, tem que ser simétrica no animal normal.
Fase cranial e fase caudal: o animal normal tem essas fases simétricas.

A partir desta análise, classificar:

Gravidade da Claudicação:
 Grau 1: Apenas ao trote, sem movimentos evidentes da cabeça e pescoço
 Grau 2: Alterações discretas ao passo. Ao trote, movimentação da cabeça, pescoço e
assimetria
 Grau 3: Claudicação clara tanto ao passo quanto ao trote. Movimentação da cabeça,
pescoço e garupa são evidentes.
 Grau 4: Muito evidente ao passo, associado à relutância em se movimentar.
 Grau 5: O membro afetado não suporta o peso e o animal o mantem levantado.

Inspeção do membro afetado:


Mais próxima, mais detalhes
Distal para próximal. 95% dos problemas locomotores ocorrem na região distal do
membro: Casco, boleto, quartela, metacarpo.

a. Casco:
Linhas de estresse: lesão, inflamação
Simetria
Pegar e erguer o membro do animal, limpar e observar a sola, ranilha, muralha, linha
branca
Eixo-podofalângico: é o alinhamento do dígito do cavalo. Quando o eixo é alinhado, o
impacto é equilibrado.

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b. Quartela
c. Boleto: sinovite, tenossinovite
d. Metacarpo/tarso
e. Carpo
f. Tarso
g. Região próximal dos membros torácicos e pélvicos

- Palpação:
a. Casco:
Indireta: pinça de casco. Sola-dorso, Sola-talão, Abaxial-axial
Direta: Calor, sensibilidade, faixa coronária, cartilagem e coxin digital

b. Quartela: Palpar a superfície óssea. Tirar o peso do membro e palpar a face flexora.
c. Boleto: Sesamóides proximais, ligamentos.
Flexão: flexiona-se normalmente e solta

Teste de flexão: Flexionar o máximo que puder e colocar o animal para sair ao trote. O
que queremos é testar se há dor. Articulação interfalângica distal, proximal e boleto.
Pulso da artéria digital: leve, moderado, grave. No caso de laminites está forte,
aumentado.
d. Metacarpo/metatarso: Calor, dor, mobilidade, contorno.

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Palpar: Tendão flexor digitar superficial e tendão flexor digital profundo.
e. Carpo: Articulação radiocárpica e flexão} teste de flexão
f. Tarso: Existe aumento de volume? Calor?
Flexão e teste de flexão: flexionar por 1,5 min
g. Região proximal dos membros torácicos
h. Região proximal dos membros pélvicos
i. Pescoço, dorso lombo e garupa

Bloqueios anestésicos:
Finalidade: Confirmar estrutura ou área afetada no membro claudicante. Anestesiando
o local sob suspeita, o animal para de claudicar se for mesmo aquele local o afetado.
Ocorrência de lesões: Distal >>>>>> Proximal
Contensão adequada
Bursas, bainhas e articulações: Tricotomia e antissepsia adequadas
Anestésico: Lidocaína a 2% em vasoconstrictor
Agulha sem seringa
Seringa sem rosca para facilitar a colocação/retirada
- Bursa do osso navicular
- Nervos digitais palmares medial e lateral
Este bloqueio vai anestesiar: Região palmar do casco, 1/3 palmar da falange distal.

- Nervos digitais palmares nos sesamóides proximais (abaxial do sesamóide)


- Articulação metacarpo/tarso falangicas
- Nervos palmares e matarcápicos palmares

Em pequenos animais:
Na palpação, além de palpar a musculatura, fazer os testes funcionais em cada
articulação: Flexão, extensão, rotação, adução, abdução, avulsão.

Testes específicos
- Coluna vertebral: Hiperextensão, hiperflexão, rotação, palpação dos corpos
vertebrais.

- Membros anteriores: Palpação de acrômio e processo espinhoso da escápula,


luxação do cotovelo.

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- Membros posteriores:
Articulação fêmuro-tibio-patelar: Teste de gaveta (ligamento Cruzado cranial e caudal)
Adução e abdução de articulação fêmurotibiopatelar
(ligamentos colaterais)
Teste de luxação de patela: Medial e lateral

Articulação coxo-femural: Teste do sentar


Carrinho de mão (Stand Test)
Comprimento dos membros
Palpação de acetábulo e cabeça do fêmur

Exames Complementares:
 Líquido sinovial:
Visual; cor, turbidez, viscosidade, mucina
Laboratorial: proteínas e celularidade
Intensidade da inflamação

 Termografia
 Ultrassonografia
 Cintilografia: Uso de substâncias radioativas (absorção de radioisótopos).
 Artroscopia, tenoscopia
 Ressonância magnética
 Tomografia computadorizada

90
Semiologia do Sistema Nervoso

Cérebro: telencéfalo, diencéfalo


Encéfalo Cerebelo
SNC Tronco encefálico: mesencéfalo, ponte, bulbo

Medula Espinhal

Nervos Epinhais
SNP Cranianos

Gânglios

Classificação Funcional:
 Via Aferente ou Sensorial: Internas
Externas

 Central: Captação e codificação: Cérebro


Medula

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 Via Motora ou Eferente:
Sistema Nervoso Autônomo: Simpático
Parassimpático
Sistema Nervoso Somático: Neurônios motores superiores e N.M.Inferiores.
Objetivos do Exame Neurológico:
- Os sinais clínicos observados são decorrentes de lesão neurológica?
- Determinar disfunção: Paralisia, ataxia, paresia
- Estabelecer a localização e extensão da lesão
- Tentar direcionar o diagnóstico e prognóstico do animal: Inflamação, neoplasia,
hemorragia, hereditário, infecção, trauma

1. Identificação/Histórico:
Ingestão e deglutição: dificuldade de apreensão, salivação, ingestão de água, tosse,
dor?
Distúrbios de locomoção: Claudicação, paresia, paralisia, ataxia
Definições:
Claudicação: A claudicação é uma indicação de um distúrbio estrutural ou funcional em
um ou mais membros, que é manifestada durante a progressão ou em posição de
estação e em algumas vezes é chamada de manqueira.
Paresia: Perda parcial da atividade motora voluntária (fraqueza dos membros).
Paralisia: Perda total da atividade motora
Ataxia: Incoordenação motora. Pode ser causada por lesão cerebelar, sensorial e
vestibular. Por lesão cerebelar há movimentos incoordenados, espasmódicos e
interrompidos chamados de Dismetria. Movimentos exagerados dos membros é
chamado de Hipermetria e reduzidos, Hipometria.
Head Tilt: Inclinação lateral da cabeça. Pode ser causado por lesões vestibulares. O
animal inclina a cabeça para o lado da lesão. Leões cerebelares também causam Head
Tilt, nessas lesões há discreto tremor da cabeça ("tremor de intenção", pois se agrava
quando o animal tem a intenção de iniciar o movimento).
Mudança de hábitos ou movimentos: convulsões, vocalização, desmaios,
agressividade, ansiedade, movimentos compulsivos, andar constante.

2. Anamnese:
Espécie: Cães – cinomose, felinos – FiV, FelV
Raça

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Sexo
Idade: Doenças infecciosas são mais comuns em animais jovens
Atividade: Animais de competição? Corrida? Tração?
Evolução: Quando começou?
Duração
Substâncias tóxicas
Doenças infecciosas
Rebanho
Nutrição
Vacinação
Traumatismos

Material para o exame neurológico:


Martelo plessimétrico
Agulhas
Lanterna
Pinça dente de rato
Midriacil: Colírio para a dilatação da pupila
Otoscópio
Oftalmoscópio

3. Exame Físico:
- Inspeção:
Observação do animal solto a distância
Nível de consciência:
Alerta (normal)
Deprimido (sopor) quieto, sonolento, mas responsivo a mínimos estímulos
Estupor: somente pode ser acordado por estímulos fortes, dolorosos
Em delírio (responsivo não direcionado)
Comado (arresponsivo/dor ausente)
Demente: inconsciente e indiferente ao meio

Comportamento:
Bocejos
Mugidos
Roncos

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Andar
Micção
Defecação
Olfato/audição
Situação na sala/relação com os móveis

Postura:
Membros: Base aberta → cerebelar, vestibular, medular
Espasticidade: Vias motoras do SNC
Claudicação
Tronco: Cifose, escoliose, cabeça girada ou pendente, cabeça caída, lordose, cauda
caída

Locomoção:
Coordenada, simétrica, com equilíbrio entre cabeça, tronco e membros
Os movimentos são iniciados pelo córtex cerebral e mesencéfalo: Neurônios motores
superiores. O cerebelo coordena movimentos e o sistema vestibular mantém a posição
do corpo. A medula espinhal atua como condutor para as mensagens motoras.

Distúrbios:
1. Força muscular
Paresia – Força muscular reduzida
Monoparesia: Apenas um membro
Hemiparesia: Um lado todo envolvido
Paraparesia: Membros pélvicos
Ambulatória: Redução da força, mas o animal consegue andar
Não ambulatória: Animal não consegue mais andar
Tetraparesia: Todos os membros

Paralisia – Perda total da força muscular


Monoparalisia: Apenas um membro
Paraplegia: Membros pélvicos
Tetraplegia: Todos os membros

2. Coordenação:
Ataxia: Incoordenação motora

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Dismetria, hipermetria, hipometria: Lesão cerebelar, medula, tronco encefálico,
nervos
Espasticidade: NMS
Andar em círculos: Tronco encefálico, cerebelo, vestibular

3. Movimentos Involuntários:
Tremores: Rítmicos
Tiques: Não rítmicas
Mioclonias: Contrações rítmicas exacerbadas

Reações de atitude e postura:

Habilidade de reconhecer a posição dos membros em relação ao resto do corpo sem


informação visual.
Avaliam fibras proprioceptivas dos nervos periféricos, medula espinhal, tronco
cerebral, cérebro e cerebelo.
Não permitem localização exata da lesão

Testes:
Reação de propriocepção: Carrinho de mão
Hemicaminhada – hemiestação
Saltitar: Reação extensora de suporte
Reação de posição e localização
Reação de aprumo vestibular

Avaliação da propriocepção em grandes animais:


Parar o animal subitamente após locomoção em linha reta, círculos ou após afastá-lo –
observar o tempo necessário para o retorno dos membros à posição normal. Afastar ou
cruzar os membros.

Lesões medulares discretas ou parciais causam anormalidades locomotoras e


sensoriais.

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As alterações de origem neurológica causam:

 Sinais de fraqueza muscular (paresia ou incapacidade parcial de realizar movimentos


voluntários). Caracterizada pela diminuição do arco durante a troca do passo, passos
mais curtos, retardo na troca do passo, pisar sobre o boleto, pivô sobre o membro interno
durante a manobra de andar em círculos fechados, raspar a pinça no chão, tropeçar em
objetos, diminuição da força para resistir a deslocamentos laterais (quando puxado pela
cauda ou empurrado)

 Sinais de ataxia: caracterizada pelo aumento dos deslocamentos laterais do tronco e da


garupa, passo mais largo, abdução do membro posterior posicionado externamente
durante os movimentos em círculos, cruzar os membros abaixo do corpo e pisar no
membro oposto.

 Sinais de espasticidade: diminuição da flexão articular acarretando em passos mais


curtos, definida como andar rígido ou espástico. Os animais irão resistir às manobras
de deslocamento lateral (observado nas lesões de neurônios motores superiores na
substância branca da medula espinhal)

 Sinais de hipermetria: caracterizada pela exagerada flexão articular, sendo


particularmente observadas em lesões do trato espinocerebral na medula espinhal.

Exame da cabeça:
1. Inspeção:
Posição em relação ao pescoço e tronco: Girada, estendida, fletida, virada
lateralmente
Forma: Simetria (edema, atrofia muscular)
Assimetria (neoplasia, hematoma, fratura)
Músculos mastigatórios: Temporal, masseter, mandibular (nervo trigêmio)
Deglutição: Nervo vago e glossofaríngeo
Músculos faciais: Nervo facial
Pálpebras: Músculo orbicular do olho (nervo facial), elevador da pálpebra superior
(nervo oculomotor).

Avaliação dos pares de nervos cranianos:


Podem ser: motores, sensoriais ou ambos

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Origem cerebral e tronco encefálico.

I. OLFATÓRIO:
Localiza-se fora do tronco encefálico. Está no bulbo olfatório.
Aroma, atração por alimentos.
Anosmia: perda total do olfato
Hiposmia: pouco olfato

II. ÓPTICO:
Também localiza-se fora do tronco encefálico
Relação com o meio ambiente
Resposta à ameaça
Testes:
Piscar/ teste do algodão
Teste da ameaça
Anisocoria: Uma pupila responde mais que a outra.

III. OCULOMOTOR:
Núcleos motores e parassimpáticos se encontram no mesencéfalo
Inervação: reto dorsal, ventral, medial; oblíquo ventral e elevador da pálpebra superior
Estrabismo ventrolateral, ptose
Testes:
Movimento e posicionamento do globo ocular
Simetria de pupilas, reflexo pupilar e reflexo consensual

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IV. TROCLEAR:
Núcleos no mesencéfalo
Movimento e posicionamento do globo ocular.
Músculo oblíquo dorsal
Estrabismo dorsomedial

V. TRIGÊMIO:
Três ramos: uma motora (ramo mandibular) e duas sensitivas (ramo maxilar e ramo
oftálmico)
Emerge dos núcleos na ponte.
Sensibilidade facial (oftálmico e maxilar)
Oftálmico (canto medial do olho, espelho nasal)
Maxilar (canto lateral do olho)
Reflexo palpebral
Estímulo da mucosa nasal
Beliscamento da face
Inervação motora: Mandibular (região mandibular)
Tamanho e simetria dos músculos mastigatórios
Resistência a abertura de boca.

VI. ABDUCENTE:
Núcleos parte rostral do bulbo
Movimento e posicionamento do globo ocular
Músculo reto lateral
Músculo retrator do bulbo
Olho se retrai quando toca a córnea
Estrabismo medial

98
VII. FACIAL:
Núcleos parte rostral do bulbo
Inervação motora dos músculos da face
Inervação de glândula lacrimal e salivares
Avaliação:
Paladar parte rostral da língua
Secreção lacrimal (Teste de Schirmer)
Expressão Facial
Resposta à ameaça
Paralisia facial, lábio caído, desvio de narina para o lado que o nervo está normal.

VIII. VESTIBULOCOCLEAR:
Núcleos no bulbo
Equilíbrio e Audição
Posicionamento de cabeça
Ataxia: incoordenação motora
Andar em círculos
Cabeça inclinada: Head Tilt
Nistagmo: movimento constante dos olhos

IX. GLOSSOFARÍNGEO:
Núcleo parte caudal do bulbo
Inervação da faringe e palato
Inervação sensorial terço caudal da língua
Reflexo deglutição
Regurgitação, alimento na narina, assimetria

X. VAGO:
Núcleo parte caudal do bulbo
Principal nervo motor visceral
Funções autonômicas
Dispnéia, tosse, queda performance
Teste deglutição e pressão do globo ocular: essa pressão causa bradicardia reflexa.

XI. ACESSÓRIO:
Núcleo parte caudal do bulbo

99
Inervação do Músculo trapézio
Atrofia muscular, paralisia cervical

XII. HIPOGLOSSO:
Núcleo parte caudal do bulbo
Atividade motora da língua
Língua pendente, desvios
Teste: Oferecer alimento

Reflexos espinhais ou miotáticos:


Formam uma unidade básica de investigação do SNC
Devem ser realizados com o animal em decúbito lateral
Membro tenso pode anular a atividade do reflexo
Começar o exame com reflexos que causam menos desconforto

Reflexo espinhal ausente ou deprimido é indicador de doença de Neurônio Motor


Inferior.

Reflexos espinhais hiperativos estão associados com lesões do Neurônio Motor


Superior em qualquer parte rostral da medula espinhal, tronco e córtex cerebral.

100
Localização da Lesão:

C1-C5: Tetraparesia/plegia, dor no pescoço


Reflexos espinhais normais ou exacerbados
Perda progressiva de sensibilidade na extremidade de membros

C6-T2: Tetraparesia/plegia, dor no pescoço


Reflexos torácicos diminuídos/ausentes
Reflexos pélvicos normais/exacerbados

T3-L3: Paraparesia/plegia, dor no dorso


Reflexos torácicos normais
Reflexos pélvicos normais/exacerbados

L4-S3: Paraparesia/plegia, dor inferior dorso


Reflexos torácicos normais
Reflexos pélvicos diminuídos/ausentes

Cauda: Paresia/plegia da cauda


Diminuição do tônus e sensibilidade da cauda

Membros torácicos:
Reflexo extensor carpo radial (C7, T2)

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Reflexo Tríceps (C8, T2)
Reflexo Bíceps (C6, T2)

Membros pélvicos:
Reflexo patelar (L4,5, 6) nervo femoral
Reflexo Tibial cranial (L6,7) nervos ciáticos e tibial
Reflexo Gastrocnêmio (L1,2) nervo ciático
Ciático superior (flexor pélvico) (L6 S1).

Períneo:
Reflexo anal: Nervo pudendo
Reflexo bulbo cavernoso
Reflexo vulvar: Nervo pudendo

Sensibilidade superficial e profunda:

Reflexo flexor ou reflexo de retirada:


Última parte do exame. Sentido crânio-caudal.
Dor Superficial: pressionar membrana interdigital
Dor Profunda: pressionar o periósteo

Sinal de Babinski

Reflexo cruzado: Indicam lesão mais cranial da medula espinhal

Síndromes neurológicas

Cerebral: Movimento anormais ou postura anormal: andar compulsivo, círculos, mesmo


lado da lesão
Demência, apatia, incapacidade de aprender, desorientação, agressividade e
hiperexcitabilidade. Convulsões, alucinações

Hipotalâmica: Comportamento alterado, locomoção normal, comprometimento visual,


distúrbios endócrinos

Mesencefálica: Depressão, coma, opistótomo, paresia espástica contralateral a lesão

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Vestibular: Inclinação da cabeça, nistagmo

Cerebelar: Hipermetria
Movimentos rígidos e desajeitados
Base de apoio aberta, tremores
Resposta ipsilateral.

Pontebulbar: Múltiplos sinais nervos cranianos


Reflexos intactos nos membros
Reflexos referentes aos pares de nervos cranianos reduzidos:
estrabismo, redução reflexo palpebral, sensibilidade em face.

Exames Complementares:
 Exame do Líquor
 Tomografia computadorizada
 Radiografia

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Referências:

Professores:
Luiz Alberto do Lago

Adriane Pimenta da Costa-Val

Rubens Antonio Carneiro

Roteiro de Aulas Práticas – Semiologia de Equinos, Professoras Maristela


Palhares e Renata Maranhão. UFMG.

FEITOSA F.L.F. Semiologia Veterinária: A arte do diagnóstico. 2 ed. São


Paulo: Roca, 2008.

PDF Exame Clínico - Neurológico em Cães e Gatos – Bernardo de Caro


Martins

Thais Coelho, Monitora de Semiologia Veterinária, 2015.

Agradecimentos:
Aos animais, que exaustivamente nos proporcionam a possibilidade de
aprendizado: Crioula, Jersinha, Snoopy, Spock, Tigresa, Thor, Branca
Augusta, Preta Maria, Pavão, Soraia, Andreia, Catarina.

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