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FAMENE
NETTO, Arlindo Ugulino.
MICROBIOLOGIA
ESTREPTOCOCOS
(Professora Socorro Vieira)
ESTRUTURA ANTIGÊNICA
Assim como todo microrganismo, os estreptococos apresentam ant…genos (qualquer subst„ncia capaz de induzir
a produ€ˆo de anticorpos) na sua superf…cie (ou na cƒpsula ou na parede celular). Esses ant…genos sˆo de uma
variedade imensa: mais de 80 tipos de substancias antig•nicas podem ser encontradas na sua superf…cie celular.
A partir desse fato, foi poss…vel divid…-los em grupos sorol‚gicos baseados nas suas caracter…sticas antig•nicas.
Tomando por base estes grupos, os estreptococos foram divididos em 20 grupos sorol‚gicos (grupos de Lancefield):
de A – U, recebendo mais import„ncia os enquadrados no grupo A (mais patog•nicos, com patologias de pior
progn‚stico).
Como ant…genos mais importantes, podemos destacar:
Proteína M: fator de virul•ncia, principalmente para os estreptococos beta-hemol…ticos do grupo A. Estes sˆo
responsƒveis por causarem a febre reumática.
Substância T: prote…na que serve principalmente para a classifica€ˆo desses estreptococos.
Nucleoproteínas: ajudam no processo de classifica€ˆo e taxonomia dessas bact†rias.
TOXINAS E ENZIMAS
Estreptoquinase: toxina com a€ˆo de fibrinolisina que favorece a dissemina€ˆo dos estreptococos,
caracterizados justamente por essa alta capacidade de difusˆo e dissemina€ˆo nos tecidos (principalmente por
parte do Streptococcus pyogenes).
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Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Estreptodornase (desoxirribonuclease estreptoc€cica): enzima produzida por estas bact†rias que tem a
capacidade de quebrar a mol†cula de DNA de c†lulas teciduais, facilitando a sua propaga€ˆo.
Hialuronidase: † um fator de propaga•‚o das bact†rias que quebra o ƒcido hialurŒnico do tecido conjuntivo,
faciltando a dissemina€ˆo das bact†rias pelos tecidos.
Exotoxinas pirogƒnicas (toxina eritrogƒnica/escarlatase): enterotoxina que alcan€a o centro regulador da
temperatura no hipotƒlamo, gerando febres alt…ssimas nos infectados.
Hemolisinas: enzimas com capacidade de lisar hemƒcias. Estreptococos β-hemol…ticos, por serem hemolisina-
positivo, t•m a capacidade de causar hem‚lise total onde estas crescem. Os estreptococos α-hemol…ticos
apresentam uma pequena capacidade hemol…tica, enquanto que os γ-hemol…ticos nˆo apresentam nenhuma
capacidade hemol…tica. As hemolisinas que contribuem para essas quebras sˆo: estreptolisina O e
estreptolisina S.
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OBS : A estriptolisina O apresenta propriedades altamente imunog•nicas. Para se diagnosticar a febre reumƒtica, por
exemplo, ou a presen€a de bact†rias produtoras desta hemolisina como agente infeccioso, faz-se a pesquisa do
anticorpo anti-estreptolisina O (ASLO), exame sorol‚gico essencial para diagn‚stico da febre reumˆtica. Entre o
t…tulo de 160 – 200 ui/ml (unidades internacionais/ml), diagnostica-se a presen€a de febre reumƒtica, que † uma
consequ•ncia da infec€ˆo por estreptococos.
Faringite estreptocócica: inflamação da faringe causada por S. pyogenes, a área situada entre as tonsilas e a
laringe, que provoca muitas vezes dor, febre e rouquidão. Caracteriza-se por uma infecção localizada (o que é
comum do S. pyogenes) com a presença de pus na região.
Endocardite bacteriana: infecção que atinge parte da membrana que encobre as válvulas cardíacas. Pode
atingir também várias partes do coração. Pode ter origem bacteriana, após uma bacteremia. Essa endocardite
resulta em um processo infeccioso em todo músculo cardíaco e válvulas com a presença de estreptococos que
vão culminar na formação de granulomas. Outro mecanismo etiogênico dessa endocardite consiste em uma
consequência de uma infecção pós-estreptocócica: as pessoas que são hiperssensíveis, ao serem infectadas
por estreptococos (geralmente nos quadros de faringoamigdalite), criam anticorpos que reconhecem proteínas
da cápsula dessas bactérias. O caso é que algumas células das válvulas cardíacas apresentam em sua
membrana proteínas semelhantes às reconhecidas por esses anticorpos, os quais, por uma reação cruzada,
passarão a agredí-las, acarretando nessa patologia. Quanto aos sintomas, podem ocorrer, entre outros, febre,
calafrios, sudorese (suor excessivo), emagrecimento, mal estar, perda de apetite, tosse, dor de cabeça,náuseas
e vômitos.
DOENÇAS PÓS-ESTREPTOCÓCICAS
Glomerulonefrite aguda: esta glomerulonefrite aguda é causada por cepas de bactérias etiológicas de impertigo.
Cerca de 14 dias após a manifestação desta doença, a criança começa a se queixar de sintomas renais,
caracterizados, principalmente, por uma síndrome nefrítica (diminuição do débito urinário, hipertensão arterial,
edema, hematúria).
Febre reumática: é uma doença reumática, inflamatória, de origem auto-imune, em resposta do organismo a
infecções pelo estreptococo (Streptococcus pyogenes) do grupo A de Lancefield. O paciente acometido apresenta
poliartrites, febre e endocardite. Esta é causada pelo fato de a parede celular dos estreptococos apresentar
antígenos semelhantes às células cardíacas; estas sofrerão a ação de anticorpos que foram preveamente
produzidos para combater a célula bacteriana, caracterizando uma reação cruzada. A febre reumática deve ser
controlada, quando verificada, por um tratamento profilaxico: a cada 21 dias, o paciente deve tomar uma penicilina
(bezetasil), isso porque a primeira reação causa uma crise de forma leve. Mas a partir desse momento, a cada crise,
as lesões se tornam maiores e mais severas.
DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS
Amostras: Swab de garganta, amostras de pus ou sangue.
Esfregaços é corado pelo método de Gram
O material é empregado em meio de cultura ideal: ágar sangue
Provas sorológicas : ASLO (pesquisa do anticorpo anti-estreptolisina O).
RESPOSTA IMUNE
A reposta imune desencadeada por esta bactéria é do tipo adaptativa humoral, uma vez que ela irá produzir
toxinas que serão liberadas para o meio sanguíneo. Essas toxinas desencadeam, então, a produção de anticorpos
específicos, principalmente aqueles denominados de anticorpos anti-estreptolisina O.
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Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
Esses anticorpos (produzidos pelo plasmócito, que consiste na diferenciação do próprio linfócito B) são
responsáveis por realizar: a opsonização, ou seja, uma facilitação à fagocitose realizada pelo macrófago; apresentam
um poder bactericida, agindo direto na parede bacteriana; ativam o sistema complemento, conjunto de proteínas
responsáveis por realizar a lise das bactérias, opsonização e participação na resposta inflamatória.
TRATAMENTO
Os estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, grupo de bactérias responsáveis pelas infecções de caráter mais
graves e comuns, são sensíveis à Penicilina G e Eritromicina. Lembremo-nos, porém, que o antibiograma é sempre
indispensável antes de se realizar o tratamento.