Você está na página 1de 130

FUNDAMENTOS

DA

MEDICINA

TIBETANA

1
FUNDAMENTOS
DA
MEDICINA
TIBETANA

Tsewang Jigme Tsarong


J.G. Drakton
L. Chomphel

Traduzido para a língua portuguesa por


Williams Ribeiro de Farias
Dra. Yeda Ribeiro de Farias

EDITORA CHAKPORI

2
Primeira edição por Tibetan Medical Center
McLeod Ganj, Dharamsala, Índia - 1981
Título original:
Fundamentals of Tibetan Medicine
According to the rGyud-bzhi

1996
Direitos autorais para língua portuguesa e espanhola
adquiridos por
EDITORA CHAKPORI

3
AGRADECIMENTOS À PRESENTE EDIÇÃO

Agradeço ao Sr. Lhasang Tsering, ao Venerável Dagom


Rimpoche e seu assistente Lama Tsultrim Dorge, ao Sr.
Lobsang Samten, à Srta. Nyingma Sherpa, ao Sr. Tsewang
Jigme Tsarong, Diretor do Centro Médico Tibetano em
Dharamsala, à Maria do Carmo Chagas Ribeiro e ao Sr. Sérgio
Fanelli, que ajudaram a tornar possível a edição destes livros
sobre Medicina Tibetana.

O Editor
Williams Ribeiro de Farias

4
ÍNDICE

NOTA PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO ......................................... 7

PREFÁCIO ................................................................................ 9

PRIMEIRA PARTE

CONCEITOS DA MEDICINA TIBETANA TRADICIONAL


1. INTRODUÇÃO ............................................................................ 13
2. PATOGÊNESE ........................................................................... 18
Etiologia dos Distúrbios em Nível Primordial .............................. 18
Etiologia das Doenças em Nível Imediato .................................. 25
3. DIAGNÓSTICO ........................................................................... 28
Visual ......................................................................................... 28
Exame da Urina .......................................................................... 29
Pulsologia ................................................................................... 30
Interrogatório .............................................................................. 43
4. TERAPÊUTICA ........................................................................... 47
Dieta ........................................................................................... 47
Comportamento (Mental, Emocional e Físico)............................ 48
Farmacologia .............................................................................. 49
Técnicas Terapêuticas Diversas................................................. 55
Conclusão .................................................................................. 55
SEGUNDA PARTE

A ÁRVORE ILUSTRADA
5. A RAIZ DA ETIOLOGIA ............................................................... 63
Corpo-Mente em Equilíbrio Dinâmico ......................................... 64
Corpo-Mente em Desequilíbrio Dinâmico ................................... 69
6. A RAIZ DO DIAGNÓSTICO ........................................................ 75
Diagnóstico Visual ...................................................................... 75
Pulsologia ................................................................................... 76
Interrogatório .............................................................................. 76

5
7. A RAIZ DA TERAPÊUTICA......................................................... 80
Dieta ........................................................................................... 80
Comportamento .......................................................................... 82
Drogas ........................................................................................ 83
Técnicas Terapêuticas Acessórias ............................................. 87
TERCEIRA PARTE

TEXTO ORIGINAL
VERSÃO EM TIBETANO DA OBRA:
DPAL-LDAN RTSA BA‟I RGYUD KYI SDONG-‟GREMS GSO-RIG RGYA-MTSO‟I SNYING-
PO ............................................................................................................. 88

REFERÊNCIAS ..................................................................... 107

CONTEÚDO DO RGYUD-BZHI ............................................ 108


I- rTza-rGyud - TANTRA RAIZ ............................................................ 108
II- bShad-rGyud - TANTRA EXPLICATIVO ......................................... 108
III- Man-ngag-rgyud - TANTRA ORAL SECRETO .............................. 110
IV- Phyi-ma-rgyud - TANTRA CONCLUSIVO ..................................... 113

BIBLIOGRAFIA ..................................................................... 115

GLOSSÁRIO ......................................................................... 121

TRANSLITERAÇÃO.............................................................. 125

6
NOTA PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO

Este é o primeiro volume de uma série de


trabalhos destinados a fundamentar a arte tibetana de
curar sobre uma base acadêmica correta. Durante as
últimas poucas décadas, muitas tentativas foram feitas
para apresentar esta tradição médica para a
comunidade internacional. Entretanto, como
conseqüência das barreiras lingüísticas, assim como
da complexidade da terminologia médica específica,
tais empreendimentos foram, no melhor dos casos,
mal sucedidos na apresentação dos ensinamentos de
uma maneira inteligente e adequada. Na verdade,
alguns destes trabalhos não somente geraram muitos
equívocos e confusões, mas também produziram
muito mais prejuízos que benefícios. Tornou-se,
conseqüentemente, imperativo para o Tibetan Medical
Center ocupar-se desta importante tarefa e distribuir
uma obra autorizada que superará finalmente muitas
destas sobreposições.
Os editores desta obra são igualmente
qualificados para realizar esta importante tarefa. O
professor Jampa Gyaltsen Drakton é um erudito
tibetano que dirige atualmente o nosso Departamento
de Astrologia, tendo estudado sob a supervisão de
eminentes estudiosos tibetanos, tais como Pelbar
Geshe Rimpoche, Lungtok Nyima, Khenpo Thubten
Tsondru, Gyen Lodro Gyatso e outros. O Dr. Lobsang
Chomphel é um médico tibetano qualificado que
7
estudou por sete anos sob a supervisão do Dr. Palden
Gyaltsen, um dos mais famosos professores do
Mentzi-khang, em Lhasa, capital do Tibete. O Sr.
Tsewang Jigme Tsarong foi Diretor do Centro Médico
de 1975 a 1980, ministrou várias palestras, apresentou
conferências médicas nacionais e internacionais e
atualmente dedica suas energias à pesquisa e ao
completo desenvolvimento do Centro Médico.
Esperamos sinceramente que esta publicação
seja benéfica não apenas para os estudiosos da
medicina tibetana, mas também que promova entre a
população em geral uma compreensão adequada e
uma apreciação desta valiosa tradição médica.

Maio, 1981
Tibetan Medical Center
McLeod Ganj, Dharamsala
Índia

8
PREFÁCIO

Durante as duas últimas décadas a comunidade


internacional tem se tornado mais e mais consciente
da rica herança cultural do Tibete. O sistema de
medicina tradicional constitui uma área integral da
cultura tibetana e possui uma continuidade ininterrupta
de mais de 2500 anos. Baseada no conceito budista
de integração corpo e mente, a medicina tibetana é um
sistema de cura psicofísica cuja filosofia e técnicas de
tratamento têm muito a oferecer à campanha mundial
contra a doença. Infelizmente, como conseqüência dos
vários fatores políticos e sócio-econômicos, esta
tradição médica única sofre pelo excesso de
negligência, predisposições e indiferença. Esta
publicação é parte de nossos esforços para alterar
esta situação global.
A Primeira Parte destina-se a fornecer um auxílio
introdutório para a compreensão da Segunda e da
Terceira Parte. Certos termos cruciais como rLung,
mKris-pa e Bad-kan foram esclarecidos, pois geram
erros de interpretação e confusão entre muitos. Foram
esclarecidas certas seções importantes, estritamente
fiéis ao rGyud-bzhi, não sendo possível fornecer ainda
um estudo profundo dos tópicos em particular.
A Segunda Parte é uma versão indireta e
reorganizada de um manuscrito compilado e editado
em 1911 pelo Reverendo Khenrab Norbu, Abade do
Mentzi-khang, no Tibete. É uma obra introdutória
9
apropriada, pois delineia a abordagem completa da
medicina tibetana na forma simbólica da Árvore da
Medicina: 3 raízes, 9 troncos, 47 ramos, 224 folhas, 2
flores e 3 frutos. A informação complementar foi
retirada da edição do rGyud-bzhi (século 12 D.C.)
publicada pelo Dr. Yuthog Yontan Gonpo, o mais
jovem, e da obra Vaidurya sNgon-po, escrito por Desi
Sangye Gyatso em 1703 D.C.
A Terceira Parte é a versão tibetana da obra
dPal-lDan rTsa ba'i rGyud kyi sDong-'grems gSo-rig
rGya-mtso'i sNying-po. Este trabalho foi incluído para
aqueles que desejam estudar mais profundamente,
possibilitando um acesso direto à linguagem e ao
trabalho original.
Com uma pesquisa completa e inúmeras
revisões, esforçamo-nos para tornar esta obra mais
autêntica e autorizada. Sem dúvida ainda
permanecerão erros pelos quais somente a nós cabe a
inteira responsabilidade.

Tsewang Jigme Tsarong


Jampa Gyaltsen Drakton
Lobsang Chompel

10
O Segundo Buda da Medicina
Yuthog Yontan Gonpo (708-833 a.D.) sintetizou o que havia de
melhor nas tradições médicas da Ásia Central de sua época,
fundamentou e desenvolveu a medicina tibetana no sistema de
medicina budista, que prevaleceu na Índia desde a época de
Sakyamuni (cerca de 500 a.C.) Escultura em bronze, 1200 g.,
12,5 cm., séculos 12-13 a.D. Na mão direita segura uma planta
medicinal e, na esquerda, o texto médico ―sMan-mdo brGyad-
brgya-pa‖.

11
PRIMEIRA PARTE

CONCEITOS DA MEDICINA TIBETANA


TRADICIONAL

12
1. INTRODUÇÃO

Desde tempos imemoriais a doença tem sido


parte e parcela da vida e os homens têm criado não
apenas teorias para explicar sua etiologia, mas
também desenvolvido várias técnicas de modo a
conseguir a prevenção das doenças, a eliminação dos
sintomas e a cura. Cada sociedade, de acordo com
sua cultura milenar particular, legou interpretações
específicas para a doença e a saúde. O homem
primitivo atribuía a doença às influências prejudiciais
de espíritos malignos (fantasmas, demônios etc.), à
mágica e aos encantamentos. Os judeus antigos
consideravam-na uma expressão da ira de Deus. Os
chineses atribuíam sua causa ao equilíbrio inadequado
entre as duas forças opostas de yin e yang e dos cinco
elementos. Os ayurvédicos indianos viam a doença
como resultado da proporção incorreta dos tridoshas
de Vayu, Pitta e Kapha, enquanto a medicina grega
antiga atribuía as causas das doenças ao desequilíbrio
de fleuma, bile negra, bile amarela e sangue.
Na sociedade tibetana, a interpretação da
doença e seu tratamento encontrou expressão em um
sistema de medicina conhecido como gSo-wa Rig-pa
ou o conhecimento da cura. Os ensinamentos originais
13
são geralmente atribuídos a Buda, o qual admite-se
que tenha ensinado as raízes desta tradição na forma
de uma manifestação do Buda da Medicina (em
sânscrito: Bhaishajya Guru; em tibetano: Sangs-rgyas
sMan-bla1) – os ensinamentos estão preservados até
hoje no “rGyud-bzhi” ou ―Os Quatro Tantras‖.
O título em sânscrito desta obra é “Amrta Hrdya
Astanga Guhyopadesa Tantra‖2, enquanto que o título
em tibetano é “bDud-rtzi sNying-po yan-lag brGyad-pa
gSang-ba Man-ngag gi rGyud-bzi” e literalmente
poderia ser traduzido como ―As Instruções

1 O sistema ortográfico utilizado é o da Biblioteca de Obras e Arquivos


Tibetanos
2 O uso do título em sânscrito não significa que esta seja, ou que haja uma

versão em sânscrito do atual “rGyud-bzhi”. É usual fornecer um título nesta


língua para qualquer obra de maior importância de modo a torná-la mais
autêntica e válida. Mesmo assim, é melhor utilizá-lo, uma vez que Buda
ensinou nesta língua e até hoje é utilizada para vários títulos e mantras. No
entanto, há registros sugerindo que o “rGyud-bzhi” estivesse em sânscrito e
que tenha sido Vairocana quem eventualmente o tenha traduzido para o
tibetano durante o século 8 (ver “Gyu-thog Yon-tan mGon-po rNying-ma’i
rNam-thar bKa’-rgya-ma”, publicado por Darmo Lobsang Chodrak ou
Rechung Rimpoche, “Tibetan Medicine”, Londres, Welcome Institute, 1972,
pág. 209). De fato, não fosse pela desumana e insensível destruição do
Monastério de Samye durante a Revolução Cultural, ainda teríamos
encontrado o original e a tradução do “rGyud-bzhi” no pilar conhecido como
Bum-pa-can. Não obstante, esta tradução em particular não pode ser o
“rGyud-bzhi” em sua forma atual, pois a maior parte da dieta e da matéria
médica mencionada nesta obra predomina no Tibete e não em Varanasi ou
em seus arredores. Ademais, como se explica o uso do moxabustão mongol
ou mesmo das palavras em chinês? Finalmente uma autoridade no assunto,
Zurbar Lodoe Gyalpo, afirma que o “rGyud-bzhi”, em sua forma atual, é uma
obra de Yuthog, o mais jovem (Ver “rGyud-bzhi bKa’-bstan gyi rNam-bzhag
Pan-chen Zur-mkhar-ba gNyis-pa’i Zhal-snga nas brTzal-ba bZhu-so”,
Tibetan Medical Center)

14
Quintessenciais Secretas sobre os Oito Ramos do
Tantra do Néctar Essencial‖3.
O tratado original em sânscrito foi escrito
provavelmente durante o século 4 D.C.4 e traduzido
para o tibetano por Vairocana. Foi então oferecido ao
Rei Khri-Srong lDe‘u-btsan (755-797 D.C.) e ao médico
da corte real, Yuthog Yontan Gonpo, o mais velho
(708-833 D.C.)5. É mais provável que, após a famosa
conferência médica internacional, em Samye, ele
tenha sintetizado o melhor dos então conhecidos
sistemas médicos e reescrito o “rGyud-bzhi”6. Tal

3 “bDud-rtzi sNying-po” não contém apenas a tradição médica, mas é uma


das oito partes (bDud-rtzi Yon-tan) do “sGrub-pa bKa’-brgyad”
(Ensinamentos de Padmasambha-va, Samye, Tibete). A obra “gSang-ba
Man-ngag gi rGyud” afirma que esta tradição médica consiste de um
ensinamento Tântrico cujo conhecimento e prática genuína leva o indivíduo
diretamente ao caminho da Realização final ou Nirvana. De fato, este
ensinamento médico é um dos Tantras iogues mais elevados (rNal „byor bLa-
med kyi rGyud) e o praticante deve ser muito bem preparado e formalmente
iniciado por mestres dos ensinamentos tântricos, uma vez que ele pode se
deparar com vários obstáculos em sua vida. Uma vida espiritual elevada,
associada à compaixão genuína e ao cuidado incondicional para com o
paciente, são pré-requisitos imperativos para a prática deste ensinamento
médico tântrico. O “rGyud-bzhi” é constituído de quatro tantras: 1) Tza-rgyud;
2) bShad-rgyud; 3) Man-ngag-rgyud e 4) Phyi-ma-rgyud.
4 Rechung Rimpoche, “Tibetan Medicine”, Londres, Wellcome Institute, 1973,

pág.3.
5 Tanto Yuthog, o mais novo como o mais velho, são considerados

personificações do Buda da Medicina. Para uma descrição completa da


história da vida de Yuthog, o mais velho, ver a publicação “Dar-mo sMan-pa
bLo-bzang Chis-grags” de Yu-thog Yon-tan mGon-po rNying-ma‟i rNam-thar
bKa‟-rgya-ma gZhi-brjid Rimpoche‟i gTer-mdzod. Coincidentemente, ele foi o
fundador do primeiro instituto médico, o Tanadug Medical College, em
Khongpo Menlung, Tibete.
6 Esta deve ser, na realidade a primeira Conferência Médica Internacional já

registrada na história. Ver a biografia de Yuthog, o mais velho, ou Rechung

15
trabalho foi finalmente redigido pelo seu mais famoso
descendente, Yuthog Yontan Gonpo, o mais jovem
(1112-1203 D.C.) Ele também escreveu dezoito
suplementos para o mesmo7.
O “rGyud-bzhi” está escrito em forma de
perguntas e respostas entre o Rishi Yid-las skye e o
Rishi Rig-pa‘i Ye-shes, ambos emanações do Buda da
Medicina8. A obra divide-se em quatro livros contendo
156 capítulos e 5.900 versos – todos se referem aos
seguintes oito ramos da medicina:

1. Lus O corpo (incluindo fisiologia, anatomia,


embriologia, farmacologia, patologia,
etc.)

2. Byis-pa Pediatria

3. Mo-nad Ginecologia

4. gDon Doenças associadas às influências


nocivas

5. mTson Traumatismos causados por projéteis

6. Dug Toxicologia

7. rGas Geriatria, rejuvenescimento

Rimpoche na obra “Tibetan Medicine”, Londres, Wellcome Institute, 1873,


pág.202.
7 ”Cha-lag bCho-brgyad”, Lhasa: Zhol Press, 1893.
8 De acordo com Zur-kar Lodoe Gyalpo, Rig-pa‟i Ye-shes é Yuthog, o mais

jovem, enquanto Yid-las sKyes é seu discípulo favorito, Sumthon Yeshi.

16
8. Ro-rtza 9 Fertilidade e reprodução

9Compare com os seguintes oito ramos da medicina tradicional Ayurvédica:


Kaya Cikitsa (Medicina Interna)
Salya Tantra (Cirurgia)
Salakya Tantra (Cabeça e Pescoço)
Agada Tantra (Toxicologia)
Bhutavidya (Controle das Doenças Agudas por Influências Prejudiciais e
outros Distúrbios Mentais)
Bala Tantra (Pediatria)
Rasayana Tantra (Geriatria ou Rejuvenescimento)
Vajikarana Tantra (Ciência dos Afrodisíacos)

17
2. PATOGÊNESE

Opondo-se à visão mecanicista da vida no


século 20, que reduz o homem a uma mera máquina,
o ponto de vista budista afirma que o homem é um
conjunto composto de corpo, mente e espírito.
Conseqüentemente, a arte de curar gSo-wa Rig-pa é
uma abordagem integrada ou holística aos cuidados
com a saúde. Uma doença ou um distúrbio significam
essencialmente que há um desequilíbrio dinâmico de
várias energias psicológicas e elementos cosmo-
físicos que surgem em dois níveis diferentes. A um
nível primordial, a etiologia do Nyes-pa-gsum é
explicada pela teoria do Dug-gsum e pela teoria
cosmo-física do „Byung-ba Nga10. Por outro lado, em
um nível mais imediato, um distúrbio é causado
principalmente por fatores ambientais,
comportamentais e dietéticos inadequados.

Etiologia dos Distúrbios em Nível Primordial

A Teoria Dug-gSum11

10
Corresponde aos Tridoshas da medicina Ayurvédica.
11 Observe durante a leitura do texto a utilização das palavras “aflição” ou
“sofrimento” em um nível primário e “doença” em nível de manifestação
imediata. De acordo com a doutrina budista da Roda da Vida, todos os seres
não-iluminados das seis esferas de existências (isto é, os reinos das
divindades, dos semi-deuses, dos humanos, dos animais, dos espíritos

18
O budismo parte da premissa de que todas as
coisas dentro do universo estão em constante estado
de fluxo; que todos os fenômenos são caracterizados
pela impermanência. ―Não importa se seres perfeitos
surjam ou não‖, disse Buda, ―permanece uma
necessidade rígida e real da existência, pois toda
criação é transitória‖.
É esta impermanênca real da criação que gera o
sofrimento em cada um e em todos os seres, em um
estágio ou outro. O sofrimento não é acidental mas
nasce de uma causa específica. A extinção do
sofrimento significa a libertação do círculo vicioso da
existência e isto é realizado através do próprio
conhecimento e da prática genuína do Dharma.
Buda delineou a causa especifica de todo
sofrimento no conceito de bDag-‟zin12 ou Ego,
manifestado na forma de gTi-mug (ilusão, ignorância
ou confusão). Este, por sua vez, origina o ‗Dod-chags
(apego, ganância ou desejo) e zhe-sdang (ódio,
aversão ou agressividade). Comparando estes ―três
venenos‖ como um fogo que consome o homem
permanentemente, disse Buda: ―Queima pelo fogo da
ilusão, pelo fogo do apego, pelo fogo do ódio; queima

famintos e do inferno) são afetados pelas imperfeições dos três venenos


fundamentais, Dug-gSum. Estas aflições ou sofrimentos, como sombras, já
estão presentes no interior de todo ser e podem ser eliminados através da
prática genuína do Dharma. O que o médico trata é o distúrbio ou a doença
através do uso de várias terapias como dieta, comportamento, drogas e
outras. O único propósito de dedicar-se a esta profissão médica tântrica é
escapar deste ciclo de existência imperfeita e mundana e obter a libertação
dos sofrimentos através da prática genuína da compaixão.
12
O apego ao eu como uma pessoa ou um fenômeno natural é
um conceito errôneo a respeito de uma auto-existência que
não é real e sim uma auto-criação.

19
pelo nascimento, pela velhice e pela morte; pela
mágoa, pela lamentação, dor, tristeza e desespero‖.
Os ―três venenos‖, ‗Dod-chags, zhe-sdang e gTi-
mug, respectivamente, geram as três aflições de
rLung, mKris-pa e Bad-kan. Encontra-se na filosofia e
psicologia budista um estudo mais profundo dos ―três
venenos‖ e para nosso propósito, é importante
observar a íntima correlação entre o distúrbio físico e o
mental. 13

A Teoria ‘Byung-ba lnga

Esta teoria estabelece que todos os fenômenos


físicos, quer no mundo macro como no microcósmico,
são formados pelas cinco energias cosmo-físicas da:
(1) Sa (terra); (2) Chu (água); (3) Me (fogo); (4) rLung
(ar); (5) Nam-mkha (espaço). O corpo, sendo
parcialmente físico, também é composto destas
energias e sua inter-relação é a seguinte:

Tabela 1
Inter-relação entre os Distúrbios e as Cinco Energias
Cosmo-Físicas
Energias Cosmo-Físicas Distúrbios
Terra e água Bad-kan
Fogo mKris-pa
Ar rLung

A energia espacial infiltra tudo

13 “rGyud-bzhi”, Dharamsala: Tibetan Medical Center, 1971, págs. 57-58.

20
As cinco energias cosmo-físicas não constituem
elementos físico-químicos estáticos, mas forças
dinâmicas que se comportam conforme sua função
energética inerente mais do que como seu estado real.
Por exemplo, água não é apenas uma molécula de
H2O, mas sua função energética inerente produz
qualidades como peso, flexibilidade, coesão, frialdade
etc. (ver Tabela 6). Indo além do que foi até agora
qualificado como matéria, estas energias sub-atômicas
são aplicáveis tanto no mundo macrocósmico como no
microcósmico como ilustrado a seguir:

Figura 1: Aplicação das Cinco Energias Cosmo-


Físicas ao Mundo Microcósmico e Macrocósmico

Terra = Massa, Hadrons (Quarks)


Água = Coesão (Gluon)
Fogo = Energia Cinética
Ar = Atividade Motora, Movimento
Espaço = Infiltra tudo

21
Ainda que todas estas energias sejam
responsáveis pela formação de uma única célula
tecidual, o elemento terra exerce grande influência na
formação dos tecidos musculares, dos ossos e na
olfação. A água é responsável pela formação do
sangue, dos fluidos corporais e da gustação. O fogo é
responsável pela temperatura corporal, pelo brilho da
tez e pela visão. O ar é responsável pela respiração e
pelo tato. Finalmente, o espaço é responsável pelas
cavidades corporais e pela audição.
Quando ocorre morte natural, estas energias, por
sua vez, perdem seus poderes inerentes e
desaparecem. Primeiramente, a terra é absorvida pela
água e a visão torna-se obscurecida. Depois, a água é
absorvida pelo fogo e subseqüentemente, as
cavidades corporais secam. Gradualmente, o fogo é
absorvido pelo ar e ocorre perda do calor corporal.
Finalmente, o ar é absorvido pelo espaço e a
respiração chega, então, ao fim. 14

Função Psico-Fisiológica dos Três Distúrbios 15


A função fisiólogica dos três distúrbios está
dividida em três partes inter-relacionadas. Em primeiro

14“rGyud-bzhi”, Dahramsala: Tibetan Medical Center, 1971, pág. 122.


15
rLung, mKris-pa e Bad-kan, as três energias principais do
corpo são denominadas os três Nyes-pas. Deve ser observado
que todas as três energias estão diretamente relacionadas aos
elementos cosmo-físicos do Ar, Fogo e Água respectivamente.
O equilíbrio dinâmico dos três Nyes-pas consiste em que a
entidade corpo-mente esteja saudável. Se este equilíbrio for
alterado diz-se que há um corpo doente ou não-saudável.

22
lugar, há as quinze sub-divisões de rLung16, mKris-pa17
e Bad-kan (ver Segunda Parte). Em segundo lugar, os
Lus-zungs bDun ou os sete constituintes corporais, são

16
rLung é uma das três principais energias do corpo, a qual
manifesta a natureza do elemento Ar. É caracterizado por
aspereza, leveza, frieza, sutileza, dureza e mobilidade. As
cinco sub-divisões ou aspectos de rLung são:
1. rLung da Sustentação da Vida
2. rLung Ascendente
3. rLung Penetrante
4. rLung Digestivo
5. rLung Descendente
Estes aspectos de rLung possuem funções específicas, mas
em geral são, todos eles, responsáveis pela expulsão da urina,
das fezes, da menstruação, do feto no momento do parto, da
salivação (do ato de cuspir), da eructação e da fala. Além
disso, fornecem claridade aos órgãos sensoriais e sustentam a
vida através de uma ação de intermediação entre mente e
corpo. Estes cinco rLung localizam-se nos cinco principais
centros de energia no topo da cabeça, na garganta, no
coração, no umbigo e nos chacras genitais, respectivamente.
17
Assim como rLung, mKris-pa é uma das três principais
energias do corpo e possui basicamente a natureza do Fogo.
mKris-pa é caracterizado pela oleosidade, penetrância, calor,
leveza, pelo mau cheiro, pela purgação e pela fluidez. De uma
forma geral, é responsável pela sensação de fome, sede, pela
digestão, pela assimilação dos nutrientes, pela promoção do
calor corporal, fornece brilho à compleição do corpo, promove
a coragem e a determinação. Suas cinco sub-divisões (ou
aspectos) são:
1. mKris-pa Digestivo
2. mKris-pa Regulador da Coloração
3. mKris-pa da Realização
4. mKris-pa da Visão
5. mKris-pa que Clareia a Compleição

23
formados como resultado do funcionamento adequado
destas quinze sub-divisões de rLung, mKris-pa e Bad-
kan18 e das cinco energias cosmo-físicas (ver Tabela
2).
A essência dos gêneros alimentícios ingeridos
produz Dangs-ma; a essência de Dangs-ma produz
sangue; a essência do sangue forma os tecidos
musculares e assim por diante. Finalmente, como toda
essência deve ter resíduo correspondente, existem os
Dri-ma gSum ou as três funções excretórias da
defecação, micção e perspiração.
A arte de curar como um todo, em sua tradição,
envolve a adequada associação das três divisões
acima, em um estado de equilíbrio dinâmico ou
homeostase. Se isto estiver ocorrendo, diz-se que o
corpo está em um estado de saúde ou livre das
alterações psico-fisiológicas. Um desequilíbrio em
quaisquer destas energias constitui um estado de
doença ou uma perturbação.

18
Bad-kan é uma das três principais energias do corpo, cuja
natureza é fria e é caracterizada por oleosidade, frieza, peso,
embotamento, maciez, firmeza e elasticidade. Em geral, Bad-
kan é responsável pela firmeza do corpo, pela estabilidade da
mente e pela indução ao sono. Além disso, Bad-kan conecta
as articulações, gera tolerância e lubrifica o corpo. Os cinco
aspectos de Bad-kan são:
1. Bad-kan da Sustentação
2. Bad-kan da Decomposição
3. Bad-kan da Expressão
4. Bad-kan da Satisfação
5. Bad-kan da Conexão

24
Tabela 2
Os Sete Constituintes Corporais
Essência resulta Sete Constituinte Corporais
em
Alimento digerido Dangs-ma (essência nutricional)
Dangs-ma Krag (sangue)
Krag Sha (tecido muscular)
Sha Tsil (gordura)
Tsil Rus (osso)
Rus rKang (medula óssea)
rKang Khu-ba (fluido degenerativo)

Etiologia das Doenças em Nível Imediato

Uma vez que o corpo saudável está em um


delicado estado de equilíbrio dinâmico, a dieta não
balanceada, a conduta inadequada (mental, emocional
ou física), o clima e as influências nocivas perturbam
facilmente este princípio homeostático. Estes quatro
fatores constituem as causas principais das doenças
em um nível imediato e, portanto, vários
procedimentos devem ser persistentemente
empreendidos de forma que tais fatores não sejam
prejudiciais.

Dieta e Comportamento (Mental, Emocional e


Físico)

A relação entre doenças e dietas e fatores


comportamentais inadequados está completamente
determinada. De fato, uma grande parte dos

25
problemas de saúde, tanto em países desenvolvidos
como em desenvolvimento pode ocorrer diretamente
ou indiretamente, pela falta de dieta e comportamentos
apropriados. A obesidade, o alcoolismo, hipertensão,
arteriosclerose, o diabetis, as doenças reumáticas, etc.
são patologias relacionadas, de um maneira ou de
outra, com os dois fatores acima.

Clima

Para estabelecer a relação entre uma doença e


as alterações climáticas ou sazonais, vamos tomar
como exemplo, o caso do terceiro e quarto meses
tibetanos conhecidos como Sos-ka (ver Tabela 3).
Este é o período no qual todas as energias cosmo-
físicas estão leves e ásperas. Durante este período, as
energias rLung se acumulam e podem ser
posteriormente agravadas por dietas e condutas leves
e ásperas tais como o consumo excessivo de alho ou
jejum prolongado. Com o advento do verão, as chuvas
pesadas acompanhadas por tempestades de ventos,


N. do T.: Sos-ka corresponde à primeira fase do verão, sendo
que a próxima fase corresponde às monções ou segunda fase
do verão. A tabela traz os meses de acordo com as estações
no hemisfério norte. No hemisfério sul, os meses 1 e 2
tibetanos correspondem ao outono. Portanto, na estação que
corresponde ao outono (final de fevereiro ao final de maio), o
organismo acumula mKris-pa se o indivíduo não tomar o
cuidado de ingerir alimentos doces, amargos e adstringentes
no final do terceiro mês do verão; as doenças de rLung se
manifestam e as mesmas serão pacificadas no começo do
inverno. Para não acumular rLung durante as monções, deve-
se ingerir alimentos quentes e salgados.

26
elevam a energia de rLung. Portanto, o indivíduo que
não observou adequadamente sua dieta e
comportamento durante Sos-ka, sofrerá
invariavelmente de um distúrbio de rLung. Os outros
dois distúrbios são influenciados da mesma maneira
pelas estações.

Tabela 3
Relação entre Doenças e Mudanças Sazonais
Mês Estações Acumula Manifesta Pacifica
doenças de
1e2 Primavera Bad-kan
3e4 Sos-ka Bad-kan
5e6 Verão rLung Bad-kan
3e4 Outono mKris-pa rLung
5e6 1ª fase do Inverno mKris-pa rLung
7e8 2ª fase do Inverno mKris-pa

Influências Nocivas

Finalmente, as influências prejudiciais podem


tambem alterar este delicado estado de equilíbrio
dinâmico. Sua influência é sentida em casos nos quais
mesmo quando diagnóstico e tratamento estão
corretos, não há resposta do paciente. As dezoito
doenças sNyan-rim mencionadas no ―Man-ngag Lhan-
thabs” são distúrbios típicos causados por estas forças
negativas.

27
3. DIAGNÓSTICO

As técnicas diagnósticas tradicionais gSo-ba Rig-


pa estão classificadas em:
1) Visual
2) Pulsologia
3) Interrogatório
Visual

Exame Físico Geral e da Língua

O diagnóstico visual consiste no exame de todas


as regiões do corpo, a compleição da pele, o aspecto
das unhas, a saliva, as fezes, etc., com atenção
especial às condições da língua do paciente e da
amostra de urina. Uma explicação suscinta sobre a
relação entre as características da língua e uma
doença é apresentada na Tabela 4.

Tabela 4
Relação entre o Exame da Língua e as Doenças
Língua Doença
Avermelhada, ligeiramente seca e áspera, rLung
com inúmeros edemas nas bordas

Coberta com crosta amarelada mKris-pa

Cinzenta com crosta viscosa, textura úmida Bad-kan


e sem aspereza

28
Exame da Urina

Certos preparativos devem ser observados no


dia anterior ao exame. Por exemplo, na noite anterior,
o paciente deve satisfazer sua sede e, ao mesmo
tempo, evitar beber muito chá, leite ou vinhos que
afetarão a coloração da urina. Além disso, o paciente
deve ter uma boa noite de sono, evitar relações
sexuais e stress mental ou emocional.
A urina equilibrada e saudável apresenta uma
coloração amarelo-esbranquiçada clara. O vapor é de
quantidade e duração moderadas e quando misturada
vigorosamente com uma vareta, bolhas de tamanho
médio aparecem. Ao evaporar, o desaparecimento do
vapor é concêntrico, da periferia para o centro. Os
sedimentos urinários são leves e espalham-se
adequadamente.
A urina desequilibrada ou patológica é
examinada quando a amostra está: 1) fresca e quente;
2) morna e 3) fria. A urina recém-eliminada é
observada pelo médico segundo sua coloração,
evaporação, odor e características das bolhas. Os
sedimentos e a turbidez são observados quando a
urina está morna. Finalmente, quando a amostra está
fria, observa-se como se processa a descoloração e a
evaporação.
A amostra de urina rLung é branco-azulada e um
pouco turva. O vapor é de quantidade moderada e
quando agitada, grandes bolhas branco-azuladas
aparecem e permanecem durante um certo tempo. A
urina mKris-pa é amarela ou vermelho-escura e
bastante turva. Há bastante vapor, um odor
característico e quando agitada surgem bolhas que

29
desaparecem rapidamente. A urina Bad-kan é branca
com bolhas semelhantes à saliva, de tamanho médio.
Possui um odor distinto, mas não penetrante como a
urina de mKris-pa.

Exame da urina
Observe as características do recipiente e das varetas

Pulsologia

Um estudo profundo do gSo-ba Rig-pa, a arte da


pulsologia revela muitas características do pulso, o
qual, até agora, foi totalmente ignorado ou pouco de-
senvolvido em sua potencialidade máxima. Os três
distúrbios de rLung, mKris-pa e Bad-kan (incluindo as
condições dos seis órgãos parenquimatosos e dos seis
órgãos ocos) e as fortes influências das energias
cosmo-físicas são todas reveladas através do pulso.
Além disso, este exame é utilizado não apenas como

30
uma técnica para o diagnóstico das doenças, mas
também para o prognóstico geral.

O Pulso e as Três Doenças

Como na urologia, na noite anterior ao exame do


pulso, tanto o médico como o paciente devem
observar certos aspectos relacionados à dieta e ao
comportamento. Ambos devem, por exemplo, evitar o
stress físico e mental, abolir a ingestão de alimentos e
bebidas produtoras de calor (carne, manteiga, álcool
etc.) Depois, devem dormir bem durante a noite e
tentar, tanto quanto possível, não perturbar as três
doenças de rLung, mKris-pa e Bad-kan.
Após obter a certeza de que os regimes
necessários foram observados e que o momento é
adequado, procede-se com o diagnóstico.
Primeiramente, o médico mede aproximadamente o
comprimento da falange distal do polegar, a partir da
primeira ruga do punho, e então coloca seus dedos
indicador, médio e anular sobre a artéria radial. 19 O
método, assim como os órgãos específicos
diagnosticados por cada dedo estão ilustrados na
Figura 2.

19 Os médicos tibetanos, séculos antes de William Harvey (1578-1657),


tinham consciência do sistema de circulação do sangue. No “rGyud-bzhi”
(Tibetan Medical Center, 1971, pág. 4 do Quarto Tantra) o posicionamento
do dedo sobre a artéria radial é comparável a um mercado central, local onde
o sangue e rLung (comparado a um grande negociante) circulam
constantemente por todos os locais do corpo e retornam com mensagens
sobre as condições dos vários órgãos. A artéria radial é a mais adequada
para este tipo de exame pois não está localizada próxima demais do
coração, nem longe demais dos órgãos a serem examinados.

31
Os dedos do médico devem estar na
temperatura normal do corpo e não devem ser
pressionados excessivamente, nem permanecerem
muito afastados. A pressão a ser aplicada por cada
dedo é a seguinte:

Dedo Pressão
Indicador Leve: Toca apenas a pele
Médio Mais forte: Pressiona até o músculo
Anular Mais forte ainda: Pressiona o rádio

O primeiro procedimento é identificar


corretamente o pulso constitucional ou inato do
paciente, cada um e todos os indivíduos nascem com
um dos três dos seguintes pulsos naturais.

Pulso Forma Pulsação


Masculino Denso Forte
Feminino Fino Tortuoso
Neutro Médio Fraco

(Se o médico, por uma razão ou outra, é incapaz de


identificar corretamente o pulso constitucional, ele
deve questionar o paciente, uma vez que um pulso
masculino pode ser confundido com um distúrbio de
rLung e o pulso feminino confunde-se com um
distúrbio de Bad-kan).

Uma vez identificado corretamente o pulso


constitucional, o médico é capaz de classificar a
doença nas categorias ―quente‖ e ―fria‖, cujos pulsos
são os seguintes:

32
Quente Frio
Drag (saliente) Zhan (fraco)
rGyal (abundante) Bying (oco)
‗Dril (ondulado e cheio) Gud (lento e achatado)
mGyogs (rápido) Bul (lento)
Grims (duro e torcido) lLhod (frouxo)
‗Khrang (duro, rijo e cheio) sTong (vazio)

Um distúrbio quente está associado geralmente,


com mKris-pa e um distúrbio frio, com Bad-kan. rLung
é neutro e, portanto, pode ser quente ou frio.
As qualidades mais perceptíveis nos pulsos dos
três distúrbios estão a seguir:

Doença Qualidade do Pulso


rLung vazio com batimentos intermitentes
mKris-pa cheio com batimentos retorcidos
Bad-kan oco com batimentos muito fracos

O Pulso e as Energias Cosmo-Físicas

Em resumo, as influências das energias cosmo-


físicas sobre o pulso são demonstradas principalmente
através das relações solares, lunares e sazonais.
Antes de examinarmos tais influências, é necessário,
em primeiro lugar, compreender as relações entre
estas próprias energias. Isto é demonstrado pelos
ciclos ―mãe-filho‖ e ―amigo-inimigo‖, como ilustrados na
Figura 3.

33
Influências Solar e Lunar

No interior do corpo humano há três canais sutis


principais para as energias positivas, negativas e
neutras. Estes canais são conhecidos respectivamente
como: rKyang-ma, Ro-ma e dBu-ma. O canal rKyang-
ma é influenciado pela Lua (energias cosmo-físicas
terra e água), Ro-ma pelo Sol (energia cosmo-física
fogo) e dBu-ma por Rahu (energia cosmo-física
espaço)20. Durante o anoitecer a influência lunar é
mais forte e as energias do pulso, por sua vez, são
mais lentas e mais frias que o normal. Por outro lado, a
energia solar é mais forte durante o dia e as energias
do pulso são mais quentes e batem mais rapidamente.
É por este motivo que o momento correto para
examinar o pulso é quando estas energias estão em
um estado de equilíbrio dinâmico – isto ocorre apenas
ao amanhecer, quando as linhas da palma da mão são
claramente visíveis.

Influência Sazonal

O calendário tibetano possui 360 dias, divididos


em 20 partes de 18 dias cada uma delas. Os primeiros
72 dias consistem da primavera, quando a energia
Madeira é predominante e exerce uma forte influência
sobre os pulsos da vesícula biliar e do fígado. Este
período é seguido pelos 18 dias da estação
intermediária, quando a energia Terra é predominante
e exerce uma forte influência sobre os pulsos da
vesícula biliar e do fígado. Este período é seguido

20Rahu é simbolizado por um pássaro, na astrologia indiana e tibetana. É


caracterizado pela energia neutra.

34
pelos 18 dias da estação intermediária, quando a
energia Terra é predominante, exercendo forte
influência sobre os pulsos do baço e do estômago
(Mais informações sobre as influências das outras
estações, ver ―Saúde Através do Equilíbrio‖, pág. 77)

Tabela 5
Influências Sazonais sobre os Órgãos Vitais e Ocos

Estações Mês Dias Elementos Órgãos


tibetano
Outono 1, 2, 3 72 Madeira Fígado/Vesícula biliar
18 Terra Baço/Estômago
Inverno 4, 5, 6 72 Fogo Coração/Int. delgado
18 Terra Baço/Estômago
Primavera 7, 8, 9 72 Metal Pulmões/Int. grosso
18 Terra Baço/Estômago
Verão 10,11,12 72 Água Rim D/Bexiga
Rim E/Órg. reprodut.
18 Terra Baço/Estômago

É imperativo que o médico conheça a estação


exata enquanto examina o pulso, ou provavelmente
seu diagnóstico estará incorreto. Por exemplo, se um
médico não estiver consciente de que está
examinando o pulso durante a primavera, os
batimentos mais fortes da vesícula biliar/fígado serão
diagnosticados como uma patologia. É precisamente
por esta razão que o “rGyud-bzhi” menciona com
detalhes como um médico pode identificar as estações

35
através da observação das estrelas, dos pássaros, das
árvores, etc.21

Prognóstico através do Exame do Pulso

O prognóstico é uma característica especial da


arte tibetana da Pulsologia. Um estudo profundo desta
arte revela a habilidade do corpo em transportar em
seu interior um elevado nível de comunicações de
energia, em grande sintonia com o ambiente. Estas
comunicações são assimiladas durante fortes
influências cósmicas assim como entre relações
familiares e individuais. Examinaremos resumidamente
a utilidade deste conhecimento, vis a vis: 1) o pulso
constitucional; 2) os ciclos mãe-filho e amigo-inimigo e
3) o pulso substitutivo dos sete pulsos
22
extraordinários.

21 “rGyud-bzhi”, Tibetan Medical Center, 1971, págs. 12-14 do “Phyi-ma-


rgyud”.
22 Os demais pulsos extraordinários referem-se ao prognóstico sobre: O bem

estar de uma família; Transações comerciais; Danos causados por inimigos;


Danos causados por influências desfavoráveis; Riqueza; Descendentes
masculinos e femininos.

36
37
38
O Pulso Constitucional

Como mencionado anteriormente, os pulsos


inatos ou constitucionais podem ser do tipo masculino,
feminino ou neutro. A tabela seguinte demonstra o uso
deste pulso para o prognóstico.

Tabela 6:
O Pulso Constitucional e o Prognóstico
Tipo Portador Prognóstico

Masculino Mulher Mais filhos que filhas


Masculino Marido ou Provavelmente mais filhos
esposa
Feminino Homem Vida longa
Feminino Marido ou Provavelmente mais filhas
esposa
Neutro Marido ou Vida longa; raramente
esposa adoecem; os inimigos tentam
conseqüentemente prejudicá-
los; sua linhagem não terá
continuidade

Os Ciclos Mãe-Filho e Amigo-Inimigo

O prognóstico através da utilização dos ciclos


mãe-filho e amigo-inimigo está a seguir:

Pulsos predominantes Prognóstico

1. Pulsos mãe e sazonal Poderá ocorrer o que há de


melhor para a pessoa que está
tendo seu pulso examinado

39
2. Pulsos filho e sazonal O indivíduo será muito
poderoso
3. Pulsos amigo e sazonal O indivíduo adquirirá riqueza
4. Pulsos inimigo e sazonal O indivíduo encontrará um
inimigo ou será acometido por
uma doença terminal

Para esclarecer o metodo acima, recorra aos quatro


ciclos (Figura 3) e aos pulsos sazonais ou periódicos.
Supondo-se que um indivíduo esteja sendo examinado
quanto ao pulso constitucional na primavera. Esta é a
estação na qual as energias da madeira estão em seu
pico e, portanto, as energias no interior do
fígado/vesícula biliar estão em seu nível ótimo. Se o
pulso mãe da madeira, isto é, água (rins e órgãos
gênito-urinários) apresenta batimentos fortes e
simultâneos com o pulso da estação, ou seja,
fígado/vesícula biliar, isto significa que o melhor
acontecerá para este indivíduo. O mesmo princípio é
aplicável no verão, inverno, outono e nas estações
intermediárias.

Figura 3
Ciclo de Relações Mãe-Filho e Amigo-Inimigo

O filho da Madeira é o Fogo; o filho do Fogo é a Terra,


etc. A mãe do Metal é a Terra, a mãe da Terra é o
Fogo, etc. O inimigo do Fogo é a Água, o inimigo da
Água é a Terra, etc. O amigo do Metal é a Madeira, o
amigo da Madeira é a Terra, etc.

40
41
O Pulso Substituto

Este método envolve a avaliação das condições


de um indivíduo que não se pode comparecer
pessoalmente ao médico. Tal avaliação é realizada
principalmente pelo exame de um amigo íntimo ou
parente do paciente. Por exemplo, o médico examina o
pulso de um filho e deste modo determina a
possibilidade de curar o pai que esteja doente e que
não possa visitar o médico facilmente. O “rGyud-bzhi”
revela quatro formas de utilizar o pulso substitutivo:
1. Exame do pulso do filho quando o pai está doente.
Se o pulso renal do filho apresentar batimentos fortes,
é possível curar o pai. Por outro lado, se o pulso renal
estiver fraco ou ausente, o pai falecerá.
2. Exame do pulso do pai quando o filho está doente.
Se o pulso cardíaco está presente, significa que o filho
pode ser curado e se ausente, prognostica morte.
Entretanto, se o pulso-filho estiver forte (o pulso-terra,
do baço/estômago), ainda é possível salvá-lo. Já
quando este pulso é fraco ou ausente, este é um sinal
de morte.
3. Exame do pulso da esposa quando o marido está
doente. Se o pulso hepático está ausente, o marido
falecerá; se presente, pode ainda ser curado.
4. Exame do pulso do marido quando a esposa está
doente. Se os pulsos renais estiverem ausentes, ela
falecerá; se ainda estiverem presentes, pode ser
curada.

42
Interrogatório

A anamnese constitui a mais útil e informativa


das técnicas diagnósticas, possibilitando ao médico
uma clara visão do quadro do paciente. Em geral, há
três aspectos a serem considerados no interrogatório:
1. A pesquisa dos fatores causais
2. A pesquisa sobre a localização de um distúrbio
3. A pesquisa dos sinais e sintomas
Os fatores causais implicam em questões do
tipo: Quais alimentos e bebidas tem ingerido? A que
tipos de comportamento físico e mental você tem se
submetido? A abrangência das questões auxilia o
médico na obtenção de um pista para a abordagem
clínica. Por exemplo, a ingestão excessiva de
alimentos e bebidas leves e ásperas, tais como chás
fortes, carne de porco ou hábitos como o de
permanecer longos períodos em jejum ou submeter-se
a esforço físico e mental em demasia podem causar
doenças de rLung.
De forma semelhante, a ingestão excessiva de
alimentos e bebidas quentes e ásperas, tais como
temperos, carne de carneiro, bebidas alcoólicas e
hábitos como o excesso de atividades físicas levarão
ao agravamento de doenças de mKris-pa.
A ingestão excessiva de alimentos e bebidas
oleosas e pesadas como frutas cruas, doces,
alimentos oleosos, assim como a permanência em
locais úmidos são fatores contribuintes aos distúrbios
de Bad-kan.
O questionamento sobre a localização das dores
e de outras anormalidades é útil para determinar o sítio
principal afetado pela doença.

43
Finalmente, são feitas questões relevantes sobre
a manifestação dos sinais e sintomas caracterizados
pela natureza dos distúrbios específicos para
relacioná-los com as causas e o sítio de uma doença.

44
Dr. Lhawang examinando o pulso de um paciente

A posição exata dos dedos do médico durante o exame do


pulso

45
Detalhe de manuscrito originalmente escrito por Desi
Sangye Gyatso

46
4. TERAPÊUTICA

Diferente da maioria dos métodos de cura, a arte


de cura gSo-ba Rig-pa dá ênfase a um método de
tratamento suave. Como as energias cosmo-psico-
físicas estão em um delicado estado de equilíbrio
dinâmico, qualquer distúrbio mínimo da dieta, do
comportamento, do clima ou influências prejudiciais
alterará o mecanismo homeostático como um todo. É
por esta razão que o primeiro método de tratamento
envolve a prescrição de regimes dietéticos e
comportamentais apropriados. Caso estes dois fatores
não tragam um resultado positivo, são prescritos
drogas naturais. Neste caso, novamente o médico
começa com drogas menos potentes na forma de
decocções ou pós e aumenta gradativamente a
potência, com medicamentos na forma de pílulas. As
demais técnicas terapêuticas também são divididas
em métodos suaves e agressivos, sendo que a cirurgia
é o último recurso.
Dieta
O conhecimento da dieta adequada envolve a
informação da quantidade e da qualidade do alimento.
A importância deste método de tratamento está
enfatizado no “rGyud-bzhi” que dedica três capítulos

47
inteiros sobre o tópico23. Em resumo, o conhecimento
da dieta inclui uma variedade de grãos, carnes, óleos e
bebidas. Estes gêneros alimentícios são divididos
posteriormente em várias classes conforme sua ação
específica e dependendo de suas propriedades
inerentes. Por exemplo, os grãos são classificados
entre aqueles que possuem espigas e são frios, doces,
leves e suaves – eficazes contra náuseas e diarréia.

Comportamento (Mental, Emocional e Físico)

O “rGyud-bzhi” classifica as condutas em


regulares, periódicas (sazonais) e imediatas. O
comportamento regular refere-se geralmente ao uso
correto do corpo, da fala e da mente. Atividades
arriscadas ou que afetem o indivíduo emocionalmente
são fortemente desencorajadas. A pessoa deve
assumir um compromisso regular não apenas para o
benéficio desta vida, mas também para a próxima.
Com relação ao comportamento periódico, um
indivíduo deve estar consciente das alterações
energéticas do ambiente e deve tentar harmonizar sua
conduta com tais mudanças. Por exemplo, durante a
última parte do inverno, o frio bloqueia todos os poros
do corpo e conseqüentemente, eleva a energia fogo. O
ar aumenta este calor, sendo que o indivíduo deve
comer mais alimentos contendo os sabores doce,
salgado e azedo ou, do contrário, seus constituintes
corporais enfraquecerão. A última fase do inverno é

23
Segundo Tantra, Capítulos 16-18, rGyud-bzhi, Dharamsala,
TMC, 1971.

48
também um período no qual as noites são mais longas
e quando o indivíduo sente mais fome.
O comportamento imediato refere-se à satisfação
da fome, sede e das necessidades básicas e naturais
de bocejar, espirrar, urinar, defecar, expelir muco, etc.
Todas estas necessidades não devem ser suprimidas,
mas deve-se permitir que sigam seu curso normal.

Farmacologia

Os princípios fundamentais da farmacologia gSo-


ba Rig-pa recorrem à teoria do ‗Byung-ba lNga. Como
mencionado anteriormente, estas energias não são os
elementos psico-químicos, mas conceitos sutis que
lidam mais com sua função energética inerente do que
com seu estado real. As funções energéticas destas
energias sub-atômicas sutis são fornecidas na Tabela
7 abaixo.

Tabela 7
Funções Energéticas da Energias Cosmo-Físicas
Terra Ar
lCi (pesada) Yang (leve)
bsTan (instável) gYo (móvel)
rTul (embotada) Grang (frio)
‗Jam (suave) rTsub (áspero)
sNum (untuosa) sKya ( absorbante)
sKam (seca) sKam (seco)
mKhrang (dura) Sra (duro)
sDud (consistente) Khyab (infiltrador)
pacifica rLung bsKyod (móvel)
pacifica Bad-kan e mKris-pa

49
Água Fogo
sLa (líquida) Tsa (quente)
bSil (fria) rNo (penetrante)
lCi (pesada) sKam (seco)
rTul (embotada) rTzub (áspero)
sNum (untuosa) Yang (leve)
mNyen (flexível) sNum (untuoso)
mrLan (úmida) gYo (móvel)
‗Jam (suave) sMin (maturativo)
sDud (consistente) mDog (promove brilho)
pacifica mKris-pa Pacifica Bad-kan

Estas energias são não apenas responsáveis


pelos aspectos materiais de rLung, mKris-pa e Bad-
kan, mas também pelos seis sabores e os três sabores
pós-digestivos, a partir dos quais deduzem-se
composição, propriedades e ações diversas de uma
droga específica – para suas relações ver Tabela 7,
Tabela 8 24, Tabela 9 e Tabela 10.
Trabalhos têm sido escritos sobre a matéria
médica desta tradição médica. Além do “rGyud-bzhi”, o
mais conhecido é o texto ―Dri-med Shel-gong Shal-
phreng‖ escrito pelo geshe Tenzin Phuntsog, em 1717
D.C. Este manuscrito enumera 2.294 drogas principais
in natura, as quais são classificadas pelo “rGyud-bzhi”
como segue na Tabela 12.

24Compare com as seguintes combinações Ayurvédicas:


Terra + Água = Doce
Terra + Fogo = Azedo
Terra + Ar = Adstringente
Água + Fogo = Salgado
Fogo + Ar = Picante
Ar + Espaço = Amargo

50
Tabela 8
Relações entre as 5 Energias Cosmo-Físicas com os Seis
Sabores Digestivos e 3 Pós-Digestivos
5 Energias 6 Sabores 3 Sabores Pós-
Digestivos
terra+água mNgar (doce) doce
terra+fogo sKyur (azedo) azedo
água+fogo Lan-tsa (salgado) doce
água+ar Kha-ba (amargo) amargo
fogo+ar Tsa-ba (picante) amargo
terra+ar bsKa-ba (adstringente) amargo

Tabela 9
Efeitos dos 6 Sabores sobre os Três Distúrbios
Sabor desequilibra equilibra
doce Bad-kan rLung e mKris-pa
azedo mKris-pa rLung e Bad-kan
salgado mKris-pa rLung e Bad-kan
amargo rLung e Bad-kan mKris-pa
picante mKris-pa rLung e Bad-kan
adstringente rLung e Bad-kan mKris-pa

Tabela 10
Exemplo de Substâncias e seus Sabores
Sabor Substâncias
Doce Glycyrrhiza glabra (Linn.); Vitis vinifera
(Linn.);Carthamus tinctorius (Linn.); Crocus
sativus (Linn.); mel; melaço; carne sem tempero,
etc.
Azedo Punica granatum (Linn.); Hippophae rhamnoides
(Linn.); Emblica officinalis (Gaertn.); iogurte;
leitelho (leite C), etc.
Salgado Cloreto de Sódio, Bicarbonato de Sódio, etc.

51
Amargo Aconitum heterophyllum (Wall.); Picrorhiza
kurroa( Royle e Benth.); Herpetospermum
caudigerum (Wall.); Swertia cordata (Wall.);
almíscar, bile, Berberis aristata (D.C.)
Picante Ferula narthex (Boiss.); Piper nigrum (Linn.);
Piper longum (Linn.); Allium sativum (Linn.);
Allium cepa (Linn.); Ranunculus acris (Linn.)
Adstringente Santalum album (Linn.); Terminalia chebula
(Retz.); Terminalia belerica (Roxb.); Myricaria
gemenica (var.); Mecanopsis (sp.)

Tabela 11
Farmacodinâmica dos 6 Sabores
Doce
moderado Nutritivo e agradável ao corpo
Eleva os 7 constituintes corporais
Promove aumento do peso corporal
Agradável ao idoso, ao jovem e ao debilitado
Alivia a garganta
Suprime a tosse
Promove a cura das lesões
Clareia os cinco sentidos
Pacifica rLung e mKris-pa
excesso Eleva o peso
Diminui o calor corporal
Desequilibra Bad-kan
Promove obesidade, poliúria, bócio e agitação
Abre todas as formas de bloqueio no interior do
corpo
Salgado
Moderado Induz a perspiração (especialmente compressas
quentes)
Proporciona calor corporal
Aumenta o apetite
Excesso Promove a perda de cabelos
Promove rugas e branqueamente prematuro dos

52
cabelos
Reduz o volume corporal
Promove sede
Desenvolve certas patologias da pele
Desequilibra mKris-pa
Amargo
moderado Desenvolve o apetite
Sacia a sede
Agente anti-bacteriano e anti-tóxico
Controla infecções, fraquezas e mKris-pa
Resseca a oleosidade, a gordura, a medula óssea,
as fezes e a urina
excesso Enfraquece os 7 constituintes corporais
Desequilibra rLung e Bad-kan
Picante
moderado Proporciona calor ao intestino
Age como um digestivo
Aumenta o apetite
Cura patologias da garganta
Abre todos os canais
Resseca gordura e tecidos necrosados
excesso Reduz a produção de sêmen
Enfraquece o corpo
Causa contrações no corpo
Promove tremores, desmaios e dor na região da
cintura
Resseca o sangue, a gordura e os tecidos
necrosados
Adstringente
moderado Cura lesões
Proporciona brilho à gordura e à compleição
excesso Desequilibra Bad-kan
Gera edema do abdome
Bloqueia os canais corporais
Promove constipação
Proporciona enfraquecimento geral do corpo
Promove doenças coronarianas

53
Azedo
moderado Proporciona calor ao corpo
Aumenta o apetite
Sacia a sede
Eleva o metabolismo corporal
Controla a diarréia
Age como um digestivo
Desenvolve o sentido do tato
Abre os canais bloqueados de rLung
excesso Desequilibra mKris-pa
Proporciona indolência
Prejudica a visão e promove vertigem
Promove sede
Prejudica o sistema imunológico e o corpo
tornando-o mais susceptível às várias infecções
acompanhadas de náuseas

Tabela 12
Classificação das drogas naturais
Classificação Exemplo Farmacodinâmica
Rimpoche (precioso) turquesa antitóxica, hepática e
antiinflamatória,
constipante, antitérmica
rDo (pedras e cinabre hemostática
minerais) (especialmente nas
hemorragias nasais)
Sa (solos e minerais) enxofre antitérmica (coração e
fígado)
Shing (árvores) Santalum album antitérmica (coração e
(Linn.) fígado)
rTsi (mucilagem) Cinnamomum age nas febres agudas e
camphora crônicas
srog-chags (produto almíscar antitóxico, vermífugo,
animal) nefrítico, hepático
Thang (arbustos) Picrorhiza kurroa hepática, coagulante,
(Royle) antitérmica

54
A partir da classificação acima, os seguintes
tipos de drogas são preparados utilizando-se tais
substâncias:
1. Thang (decocção)
2. Ril-bu (pílulas)
3. Phyi-ma (pós)
4. lDe-gu (papas)
5. sMan-mar (manteiga medicinal)
6. Thal-sman (composto de minerais ou metais
calcinados)
7. Kan-dra (decocções secativas)
8. sMan-chang (cerveja medicinal)
9. Rin-po-che (composto com pedras preciosas)
10.sNgo-Sbyor (composto de ervas)

Técnicas Terapêuticas Diversas


Além da prescrição das drogas naturais, o
médico pode necessitar de outras técnicas
terapêuticas. Estas são novamente classificadas em
medidas suaves e agressivas. A massagem, as
compressas quentes ou frias, a terapia por fontes de
águas minerais e os banhos de vapor medicinal são as
técnicas mais suaves. A venissecção, a ―sucção‖, o
moxabustão, a terapia com agulha de ouro são
considerados métodos agressivos. A cirurgia é muito
desencorajada sendo um método utilizado como último
recurso.

Conclusão
Recapitulando alguns dos aspectos
proeminentes da tradição médica gSo-ba Rig-pa,

55
observamos sua abordagem holística para a medicina.
As doenças que afetam o homem não são apenas
físicas, mas também cosmo-psíquicas. As teorias Dug-
gSum, ‗Byung-ba lNga e dos três distúrbios estão
fundamentadas no conhecimento perfeito da psicologia
e da cosmologia Budista e não em mágica ou
encantamento como algumas críticas mal informadas
têm difundido. As técnicas diagnósticas, especialmente
a pulsologia e a urologia, revela muitos aspectos
característicos do corpo os quais, até agora, têm sido
ignorados ou insuficientemente revelados. Os
principais ensinamentos sobre a abordagem suave ou
tratamento (com dieta e comportamento mental,
emocional e físico corretos), como a melhor medicação
possível, o uso de drogas naturais e o cuidado
incondicional e compassivo para com o paciente são
lições que cada um e todo médico deve fazer
prevalecer.

56
Funcionários do Departamento de Farmácia limpando
ingredientes medicinais

57
Pesagem dos ingredientes de acordo com a formulação.

Triturando ingredientes em pulverizador.

58
As pílulas recebem uma camada protetora. Na foto,
farmacêutico trabalha com máquina própria para este fim.

Secagem das pílulas sob o sol.

59
Dr. Tenzin Choedrak aplicando moxabustão na
6ª vértebra.

Moxabustão nos pontos do joelho em paciente portadora


de artrite.

60
SEGUNDA PARTE

A ÁRVORE ILUSTRADA

J. G. Drakton, L. Chomphel, T. J. Tsarong

61
Tanka mostrando detalhe do Tronco do Corpo Saudável,
suas 2 Flores (Saúde e Longevidade) e seus 3 Frutos
(Prosperidade, Desenvolvimento Espiritual e Felicidade).

62
5. A RAIZ DA ETIOLOGIA

O uso de ilustrações para os estudantes de


medicina tibetana, desde o início do treinamento, é um
dos principais métodos de ensinamento. Este método
é utilizado na assimilação dos princípios essenciais da
medicina tibetana para que os iniciantes se adaptem
às teorias básicas simples em um curto período de
tempo. Sua utilidade estende-se à leitura de textos
longos e de comentários e dispõe o conhecimento
teórico de uma maneira prática.
O Tantra Raiz faz uma sinopse das teorias e
práticas médicas tibetanas. É o coração ou a semente
dos Tantras seguintes, pois todas as teorias e práticas
da medicina tibetana estão baseadas e se
desenvolvem a partir deste texto.
Na Raiz da Etiologia há dois troncos. O primeiro
tronco refere-se à entidade Corpo-mente em um
estado de equilíbrio dinâmico e o segundo tronco
refere-se à entidade Corpo-mente em desequilíbrio
dinâmico.

63
Tronco 1
Corpo-Mente em Equilíbrio Dinâmico

Os Quinze Aspectos do Corpo

1.rLung Srog-‟dzhin:
Reside no chacra do topo da cabeça
Percorre a região da faringe para baixo até o final do
esôfago
Responsável por funções como salivação, respiração,
pelo ato de cuspir, soluçar e pela eructação
Clareia os órgãos sensoriais
Responsável pela concentração

2.rLung Gyen-rgyu:
Reside em torno da região torácica
Percorre a região do nariz, língua e garganta
64
Responsável pela fala, pela boa aparência, volume
corporal, coloração da pele, pela memória, pela
vivacidade e atenção.

3.rLung Khyab-byed:
Reside na região do coração
Circula por todo o corpo
Responsável pelo funcionamento adequado dos
tecidos musculares: caminhar, levantar-se,
espreguiçar-se, abraçar, abrir e fechar a boca, as
pálpebras etc.

4.rLung Me-mnyam:
Reside na região gástrica
Percorre os seis órgãos parenquimatosos e os seis
órgãos ocos
Responsável pela digestão e metabolismo
Amadurece os sete constituintes corporais

5.rLung Thur-sel:
Reside na região perineal
Caminha através do intestino grosso, da bexiga
urinária, órgãos sexuais e coxas
Responsável pela defecação, micção, ejaculação,
menstruação e pelas contrações uterinas durante o
parto

6.mKris-pa „Ju-byed:
Reside na região gástrica
Responsável pela separação de certos nutrientes
essenciais dos gêneros alimentícios
Proporciona calor corporal

65
Facilita o funcionamento adequado das outras quatro
energias mKris-pa

7.mKris-pa sGrub-byed:
Reside na região cardíaca
Responsável pelos pensamentos iniciais do desejo, da
ambição, do orgulho, etc.

8.mKris-pa mDangs-sgyur:
Reside no fígado
Responsável pela coloração vermelha do sangue e
tecidos musculares (hemoglobina)

9.mKris-pa mThong-byed:
Reside nos olhos
Responsável pela visão

10.mKris-pa mDog-gsal:
Reside na pele
Responsável pela coloração da pele (melanina)

11.Bad-kan rTen-byed:
Reside em torno das regiões torácica e abdominal
Equilibra os fluidos corporais
Sustenta as outras quatro energias Bad-kan

12.Bad-kan Myad-byed:
Reside na região epigástrica
Responsável pela quebra dos alimentos sólidos para o
estado semi-líquido

13.Bad-kan Myong-byed:
Reside na língua

66
Responsável pela experimentação dos seis sabores:
doce (glucose), azedo (limão), salgado (sal), amargo
(Cinchona ledgeriana - quinina), adstringente (noz da
Piper chavica - bétele) e picante (pimenta de caiena)

14.Bad-kan Tsim-byed:
Reside na cabeça
Responsável pela satisfação dos cinco sentidos

15.Bad-kan „Byor-byed:
Reside em todas as articulações do corpo
Responsável pela conexão entre as várias articulações
do corpo, pela flexão, abdução, circundução, adução,
etc.

Os Sete Constituintes Corporais

1.Dangs-ma: Nutrientes essenciais dos alimentos


ingeridos

2.Krag: O sangue é formado a partir da essência de


Dangs-ma

3.Sha: Os tecidos musculares são formados a


partir da essência do sangue

4.Tsil: A gordura é formada pela essência dos


tecidos musculares

5.Rus: Os ossos são formados a partir da essência


das gorduras corporais

67
6.rKang: A medula óssea é formada pela essência
dos ossos

7.Khu-ba: O fluido regenerativo é formado a partir


da essência da medula óssea

As Três Funções Excretoras

1.bShang: Defecação

2.gCin: Micção

3.rNgul: Perspiração

As Duas Flores

1.A Saúde

2.A Longa Vida

Os Três Frutos

1.Uma Vida Espiritual Elevada

2.A Riqueza

3.A Felicidade

68
Tronco 2
Corpo-Mente em Desequilíbrio Dinâmico

Causas Primárias dos Três Distúrbios

1.‗Dhod-chags causa rLung


2.Zhe-sdang causa mKris-pa
3.gTi-mug causa Bad-kan

Causas Imediatas dos Três Distúrbios

1.Dieta inadequada
2.Comportamento inadequado
3.Clima
4.Influências prejudiciais

69
Entrada Geral das Doenças 25

1.Pele: Inicialmente, o distúrbio afeta a pele


2.Tecidos musculares: Depois, os tecidos
musculares são afetados
3.Canais: A seguir, a doença percorre os canais
(vasos sangüíneos, nervos)
4.Ossos: É então absorvida pelos ossos
5.Don-lnga (os cinco órgãos parenquimatosos): A
doença penetra os cinco órgãos parenquimatosos, ou
seja, coração, fígado, pulmões, baço e rins
6.sNod-drug (os seis órgãos ocos): E finalmente a
doença infiltra os seis órgãos ocos, ou seja, estômago,
intestino grosso, vesícula biliar, bexiga urinária,
intestino delgado e órgãos reprodutivos

Localização Geral dos Três Distúrbios

1.Bad-kan, sustentado pelo cérebro, localiza-se na


região superior do corpo
2.mKris-pa, sustentado pelo fígado, localiza-se na
região mediana do corpo.
3. rLung, sustentado pelas regiões da cintura e dos
quadris, localiza-se na região inferior do corpo

Caminhos Específicos dos Três Distúrbios

25
Refere-se ao local de entrada das doenças em geral com
relação às trajetórias correspondentes. Não significa, no
entanto, que todo distúrbio siga a mesma seqüência descrita,
uma vez que certas doenças também percorrem a seqüência
contrária.

70
rLung percorre:
1. Ossos (Lus-zung)
2. Ouvidos (dBang-po)
3. Pele (Dri-ma)
4. Coração - vasos, nervos (Don)
5. Intestino delgado (sNod)

mKris-pa percorre:
1. Sangue (Lus-zung)
2. Olhos (dBang-po)
3. Glândulas sudoríparas (Dri-ma)
4. Fígado ( Don)
5. Vesícula biliar e intestino delgado (sNod)

Bad-kan percorre:
1. Dangs-ma, tecidos musculares, gordura, medula
óssea, fluidos regenerativos (Lus-zung)
2. Nariz e língua (dBang-po)
3. Canais relacionados com a micção e a defecação
(Dri-ma)
4. Pulmões, baço e rins (Don)
5. Estômago e bexiga urinária (sNod)

Condições Gerais que Favorecem as Doenças

Idade:
1. rLung é a condição natural da velhice, na qual todas
as energias corporais estão muito reduzidas
2. mKris-pa é a condição natural da juventude, na qual
todas as energias corporais estão em seu pico
3. Bad-kan é a condição natural da infância, na qual
todas as energias corporais estão apenas se
desenvolvendo

71
Região:
4. rLung desenvolve-se e acumula-se nas regiões frias
5. mKris-pa desenvolve-se e acumula-se nas regiões
quentes e secas
6. Bad-kan desenvolve-se e acumula-se nas regiões
úmidas e férteis
Estações e Horários:
7. As energias rLung estão em seu nível ótimo durante
o verão (dByar-ka), à noite (dGong) e ao amanhecer
(Tho-rangs)
8. As energias mKris-pa estão em seu nível ótimo
durante o outono (ston-ka), ao meio-dia (Nyin-dgung) e
à meia-noite (mTsan-dgung)
9. As energias Bad-kan estão em seu nível ótimo
durante a primavera, os terceiro e quarto meses
tibetanos (Sos-ka) e pela manhã (sNga-dro)

Resultado Final (Morte) dos Três Distúrbios

1. O tempo de vida, as forças kármicas do


indivíduo e os méritos acumulados que finalmente
chegam ao fim
2. O tratamento adequado com dieta,
comportamento ou drogas que simplesmente não surte
efeito
3. A prescrição incorreta de um tratamento idêntico
à natureza da doença que posteriormente aumenta o
desequilíbrio
4. Lesões fatais causadas por quaisquer tipos de
armas, assim como flechas, pedras, etc.
5. rLung está além do tratamento quando a
trajetória da energia cosmo-física neutra (dBu-ma) é
interrompido

72
6. Uma doença quente que está além do seu limite
de tratamento
7. Uma doença fria que degenera abaixo de seu
limite de recuperação
8. Os Lus-zung lDun (os sete constituintes
corporais) simplesmente não respondem ao
tratamento
9. A morte chega quando a força vital e a energia
vital do indivíduo é dominada por forças prejudiciais

Iatrogênese ou Inclinação Natural das Doenças

1. O tratamento para rLung é excessivo, rLung é


controlado, mas mKris-pa eleva-se ou
2. O tratamento para rLung é excessivo, rLung é
controlado, mas Bad-kan eleva-se
3. O tratamento para rLung é instituído, mas este
não é controlado e mKris-pa eleva-se ou
4. O tratamento para rLung é instituído, mas este
não é controlado e Bad-kan eleva-se
5. O tratamento para mKris-pa é excessivo, este é
controlado, mas rLung eleva-se ou
6. O tratamento para mKris-pa é excessivo, este é
controlado, mas Bad-kan eleva-se
7. O tratamento para mKris-pa é instituído, mas
este não é controlado e rLung eleva-se ou
8. O tratamento para mKris-pa é instituído, mas
este não é controlado e Bad-kan eleva-se
9. O tratamento para Bad-kan é excessivo, este é
controlado, mas rLung eleva-se ou
10. O tratamento para Bad-kan é excessivo, este é
controlado, mas mKris-pa eleva-se

73
11. O tratamento para Bad-kan é instituído, mas
Bad-kan não é controlado e rLung eleva-se ou
12. O tratamento para Bad-kan é instituído, mas
Bad-kan não é controlado e mKris-pa eleva-se

Condensação

1. Frio: rLung e Bad-kan, como a água, são frios


por natureza
2. Quente: sangue e mKris-pa, como o fogo, são
quentes por natureza.

(Os microorganismos e os fluidos corporais são


neutros por natureza e podem ser tanto quentes como
frios dependendo da predominância dos Nyes-pas)

74
6. A RAIZ DO DIAGNÓSTICO

Diagnóstico Visual

Língua

1.A língua rLung é avermelhada, sua textura é


levemente seca e áspera com inúmeras pústulas nas
bordas
2. A língua mKris-pa é coberta por uma grossa
crosta amarelada com um sabor amargo
3. A língua Bad-kan é acinzentada e apresenta
uma crosta viscosa, de textura lustrosa, macia e úmida

75
Urina

4. A urina rLung é semelhante à água e grandes


bolhas surgem quando agitada vigorosamente
5. A urina mKris-pa possui coloração ambárica,
odor fétido, vapor e as bolhas que surgem quando a
amostra é agitada com vigor desaparecem
rapidamente
6. A urina Bad-kan é esbranquiçada, com pouco
odor e vapor, bolhas semelhantes às da saliva, de
tamanho médio que surgem quando a amostra é
agitada vigorosamente

Pulsologia
1. O pulso rLung é vazio com batimentos
intermitentes

2. O pulso mKris-pa é fino com batimentos


ondulantes

3. O pulso Bad-kan é profundo com muitos


batimentos fracos

Interrogatório

Questionamento para rLung

 Causa

76
1. rLung foi causado por dieta e comportamento
excessivamente leves e ásperos (excesso de
carne de porco ou cabrito e excesso de jejum)

 Sintomas

2. Bocejos e tremores excessivos


3. Chora e espreguiça-se freqüentemente
4. Calafrios
5. Dores, especialmente nos quadris, cintura, ossos
e articulações
6. Dores em todo o corpo
7. Náuseas
8. Embotamento dos sentidos
9. Entorpecimento do estado mental
10. Dor quando faminto

 Tratamento

11. Tratamento dietético e aplicação de ungüentos


controlam rLung

Questionamento de mKris-pa

 Causa

1. mKris-pa é causado por dieta e comportamento


excessivamente quentes ou produtores de calor
(excesso de álcool ou carne e exposição ao fogo)

 Sintomas

2. Sabor amargo na boca

77
3. Cefaléia
4. Hipertermia
5. Dor especialmente na região superior do corpo
6. Dor após a ingestão de alimentos

 Tratamento

7. Dieta e conduta frias (ingerir iogurte, manteiga,


permanecer no litoral ou equilibrar o próprio
temperamento) controlam mKris-pa

Questionamento de Bad-kan

 Causa

1. Bad-kan é gerado por dieta e comportamento


excessivamente pesados e gordurosos (ou úmidos
quando aplicados às regiões), por exemplo, ingestão
de carne de marmota ou carne velha e dormir em
superfície úmida

 Sintomas

2. Anorexia
3. Plenitude gástrica mesmo quando não há
alimentos
4. Eructações constantes
5. Sensação de peso do corpo e da mente
6. Indigestão
7. Vômitos freqüentes
8. Insensibilidade ao sabor dos alimentos
9. Sensação de frio interno e externo
10. Desconforto após alimentar-se

78
 Tratamento

11. Dieta quente (vinho envelhecido, carne de


carneiro, etc.) e conduta que gere calor (roupas
quentes ou exposição ao sol) controlam Bad-kan

79
7. A RAIZ DA TERAPÊUTICA

Dieta
-Sólidos para rLung
1. Carne de cavalo26
2. Carne de macaco
3. Carne de marmota
4. Sha-chen
5. Óleo de mostarda
6. Manteiga envelhecida
7. Melaço marrom escuro

26
Os textos revelam que tais tipos de tecido muscular possuem
a qualidade inerente de aliviar rLung, as carnes citadas não
são consumidas por tibetanos, no entanto, as carnes de iaque
e de carneiro são abundantes.

80
8. Allium sativum, Linn.
9. Allium cepa, Linn.
10. Carne envelhecida

Líquidos para rLung


1. Leite quente
2. Zan-chang27 produzido a partir de Angelica sp.
e Polygonatum cirrhifolium, Royale.
3. Vinho de melaço
4. Vinho de osso

Sólidos para mKris-pa


1. Iogurte de leite de vaca ou de cabra
2. Manteiga de leite de vaca ou de cabra
3. Manteiga fresca
4. Carne de animais herbívoros
5. Carne de cabrito
6. Carne fresca de rTol 28
7. Mingau de cevada que esteja quase
amadurecida
8. Folhas de Taraxacum sp. maduras e fervidas
(dente-de-leão)
9. Folhas de Taraxacum officinale, Web. fervidas

Líquidos para mKris-pa


1. Água fervida
2. Água fria da neve ou de geleiras
3. Água fervida e fria

27
Um tipo de doce preparado com cevada torrada,
primeiramente fermentada e depois seca.
28
O resultado do cruzamente entre um touro e uma dzo-mo
(fêmea descendente do cruzamento de um touro e com a
fêmea do iaque)

81
Sólidos para Bad-kan
1. Carne de carneiro
2. Carne de iaque selvagem
3. Carne de animais carnívoros
4. Peixe
5. Mel
6. Sopa preparada com cevada envelhecida que
tenha sido cultivada em solo seco

Líquidos para Bad-kan


1. Iogurte e manteiga de leite de Dri (a fêmea do
iaque)
2. Chang concentrado (uma cerveja tibetana)
3. Água fervida

Comportamento
Conduta para rLung
1. Viver em regiões quentes e permanecer em
salas aquecidas e com cores suaves
2. Permanecer constantemente entre amigos
íntimos e queridos

Conduta para mKris-pa


1. Viver em locais frios ou no litoral
2. Suprimir a natureza agressiva e assumir um
temperamento suave

Conduta para Bad-kan


1. Exercícios constantes e exposição ao sol
2. Permanecer em salas quentes e bem
aquecidas

82
Drogas
-Sabores das Drogas que Controlam rLung:
1. Doce (açúcar, melaço)
2. Azedo
3. Salgado (cloreto de sódio)

-Qualidades Inerentes das Drogas para rLung:


1. Oleosidade (Aquilaria agallocha, Roxb.)
2. Peso (sal negro)
3. Suavidade e maciez (Rubus idaeopsis,
Focke.)

-Sabores das Drogas que Controlam mKris-pa


1. Doce (Vitis vinifera, Linn.)
2. Amargo (Herpetospermum caudigerum, Wall.)
3. Adstringente (Santalum album, Linn.)

-Qualidades Inerentes das Drogas para mKris-pa:


1. Refrigerantes (Cinnamomum camphora, Nees.
e Eberm.)
2. Liquidificantes (Cassia fistula, Linn.)
3. Embotadas (Bambusa textilis, Mc Clure)

-Sabores das Drogas que Controlam Bad-kan:


1. Picante (Piper nigrum, Linn.)
2. Azedo (Punica granatum, Linn.)
3. Adstringente (Costus speciosus, Koen,
Smith.)29

-Qualidades Inerentes das Drogas para Bad-kan:

29
Alguns pesquisadores identificaram esta planta como
Saussurea lappa (C.B. Clarke).

83
1. Estimulantes (sal-gema)
2. Ásperas (Hippophae rhamnoides, Linn.)
3. Leves (Plumbago zeylanica, Linn.)

-Líquidos que Controlam rLung:


1. Sopa de carne preparada com as articulações do
joelho e tornozelo de animais
2. Sopa de carne, manteiga derretida, açúcar
mascavado indiano e chang envelhecida
3. Caldo preparado com cabeça de carneiro
envelhecida

-Manteigas Medicinais que Controlam rLung:


1. Manteiga medicinal cujo principal ingrediente é
Myristica fragrans, Houtt. (noz-moscada)
2. Cujo principal ingrediente é Allium sativum, Linn.
(alho)
3. Cujos principais ingredientes são as três frutas:
Terminalia chebula, Retz., Terminalia belerica, Roxb.
e Emblica officinalis, Gaertn.
4. Cujos principais ingredientes são as cinco raízes
da Withania somnifera, Linn. e Dunal. ou
Ashwaganda, Tribulus terrestris, Linn., Angelica sp.,
Polygonatum cirrhifolium, Wall. e Royle, Asparagus
filicinus (Ham.)
5. Cujo principal ingrediente é Aconitum ferox, Wall.

-Decocções que controlam mKris-pa:


1. Decocções cujo principal ingrediente é Inula
racemosa, Hook. f.
2. Decocções cujo principal ingrediente é Tinospora
cordifolia, Miers.

84
3. Decocções cujo principal ingrediente é um grupo
de plantas conhecido como Tik-ta (Gentiana sp.)
4. Decocções cujos principais ingredientes são as
três frutas da Terminalia chebula, Retz., Terminalia
belerica, Roxb. e Emblica officinalis, Gaertn.

-Pós Medicinais que Controlam mKris-pa:


1. Cujo principal ingrediente é Cinnamomum
camphora, Nees. e Ebern.
2. Cujo principal ingrediente é Santalum album, Linn.
3. Cujo principal ingrediente é Carthamus tinctorium,
Linn.
4. Cujo principal ingrediente é Bambusa textilis,
McClure

-Pílulas Medicinais que Controlam Bad-kan:


1. Pílulas medicinais cujo principal ingrediente é
Aconitum heterophylum, Wall.
2. Cujos principais ingredientes são vários sais como
cloreto de sódio, sal negro, sal-gema etc.

-Pós Medicinais que Controlam Bad-kan:


1. Cujo principal ingrediente é Punica granatum,
Linn.
2. Cujo principal ingrediente é Rhododendron aff.
cephalanthum, Franch.
3. Cuja fórmula é conhecida como rGod-ma Kha
(conhecida por sua forte ação produtora de calor)
4. Cujos ingredientes são sais calcinados
5. Cujo principal ingrediente é calcita calcinada

85
-Supositórios para rLung:
1. sLe-‟jam: um enema suave, cuja fórmula consiste
de Costus speciosus, Koen., Smith., Terminalia
chebula, Retz., Piper longum, Linn. etc., para
eliminar um distúrbio de rLung
2. bKru-‟jam: um enema moderado composto de
sLe-‟jam, ao qual adiciona-se uma outra fórmula
preparada com peixe, ostra, siri, etc. além de sopa,
leite, manteiga, etc., fornecido ao paciente que deve
deitar-se sobre seu dorso enquanto o médico bate
suavemente nas solas de seus pés. Para eliminar
distúrbios combinados de mKris-pa/rLung
3. bKru-ma-slen: Um enema forte cuja fórmula é
adicionada a bKru-‟jam e fonecida ao paciente para
eliminar distúrbios combinados de Bad-kan/rLung. O
médico segura-o pelos pés e movimenta-o para
cima e para baixo

-Purgativos para mKris-pa:


1. sPyi-bshal: Primeiramente o paciente é submetido
a um banho com ervas
2. sGos-bshal: Depois administra-se um purgativo
específico, após o qual o paciente deve enxagüar
sua boca
3. Drag-bshal: Um purgativo potente e mais
perigoso, que induz invariavelmente à emese, que
deve ser suprimida pressionando o paciente pelos
ombros ou puxando seus cabelos
4. „Jam-bshal: Finalmente, uma compressa quente é
colocada sobre o estômago do paciente

86
-Eméticos para Bad-kan:
1. Drags-skyugs: o paciente flexiona seus joelhos
acima dos ombros e permanece agachado
2. „Jam-skyugs: o paciente cobre-se com cobertas
quentes e permanece agachado

Técnicas Terapêuticas Acessórias

-Técnicas Diversas para rLung:


1. Massagem com manteiga ou Sesamum indicum,
Linn.
2. Moxabustão mongol: depositar Carum carvi, Linn.,
sobre um tecido e imergir em óleo quente. Após,
fazer compressas sobre vários meridianos de rLung,
tais como no topo da cabeça ou sobre a 6ª ou a 7ª
vértebra

-Técnicas Diversas para mKris-pa


1. Induzir a perspiração prescrevendo o uso de
vestimentas quentes e grossas
2. Venisecção de vários pontos específicos do corpo
3. Colocar o paciente sob uma cachoeira ou ducha
fria

-Técnicas Diversas para Bad-kan:


1. Compressas quentes ou frias sobre o estômago
2. Moxabustão em pontos específicos sobre as
articulações

87
TEXTO ORIGINAL

VERSÃO EM TIBETANO DA OBRA

dPal-lDan rTsa ba’i rGyud kyi sDong-’grems gSo-


rig rGya-mtso’i sNying-po

88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
REFERÊNCIAS

1. Bod-ljongas rGyun-spyod Krung-dbyi‟i sMan-rigs,


Pequim, 1973.
2. Dash, Bhagwan e L. Kashyapa. Basic Principles
of Ayurveda. Nova Delhi: Concept Publishing Co.,
1980.
3. Dorland‟s Pocket Medical Dictionary, 22ª edição,
Filadelfia: W. B. Sauders, 1977.
4. Gyatso, Desi Sangye. rGyud-bzhi‟i gSal-byed
Vaidurya sNgon-po. Lhasa: Zhol Press, 1893.
5. Khenrab, Norbu. rTza-rgyud sDong-‟grems gSo-rig
rGya-mtso‟i sNying-po. Sarnath: Tibetan Monastery
Press, 1966.
6. Sharma, P. V. Introduction to Dravyaguna,
Varanasi: Chaukhambha Orientalia, 1976.
7. Yuthog, Yontan Gonpo (Sarma). bDud-rtzi sNying-
po Yan-lag brGyad-pa gSang-ba Man-ngag gi rGyud-
bzhi, Lhasa: Chakpori Press, 1888.
8. Zurkar, Lodroe Gyalpo. Tza-bshad, Grel-pa Me-
po‟i Zhal-lung, Lhasa: Zhol Press, 1893.

107
CONTEÚDO DO RGYUD-BZHI

I- rTza-rGyud - TANTRA RAIZ


(6 capítulos)
1. Gling-gzhi: A base original (mandala) do discurso
sobre medicina: uma descrição resumida do local e
daqueles reunidos para o discurso.
2. Gling-glong: Enumeração do assunto do discurso.
3. gZhi: A árvore ilustrada do corpo-mente em
equilíbrio e desequilíbrio dinâmicos.
4. Ngos-‟zhin: Diagnóstico e sintomas das doenças.
5. gSo-thabs: Tratamento das doenças.
6. rTzis: Resumo dos capítulos 3, 4 e 5.
II- bShad-rGyud - TANTRA EXPLICATIVO
(31 capítulos)
1. bShad-pa‟i sDom: Resumo do bShad-rgyud.
2. Chags-tsul: Embriologia.
3. ‗Dra-dpe: Anatomia básica comparada.
4. gNas-lugs: Anatomia quantitativa, quantidade de
constituintes corporais dentro do corpo.
5. mTsan-nyid: Fisiologia básica do corpo e da mente.
6. dBye-ba: Divindades corporais quanto ao sexo, à
idade, ao temperamento, à saúde e à doença.
7. „Jig-ltas: Sinais de morte.
8. rGyu: Causas primordiais das doenças.
9. Nad-kyi-rkyen: Causas imediatas das doenças.

108
10. Zhugs-tsul: Formas de surgimento de doenças
específicas.
11. mTsan-nyid: Qualidades inerentes dos três
distúrbios.
12. dBye-ba: Classificação dos 404 tipos deferentes de
doenças.
13. rGyun-spyod: Comportamento normal.
14. Dus-spyod: Comportamento periódico.
15. gNas-skabs-sPyod: Comportamentos sob
circunstâncias imediatas.
16. Zas-tsul: Dietética.
17. Zas-bsdam: Regimes dietéticos.
18. Zas-tsod Ran-pa: Quantidade adequada de
alimentos a serem ingeridos.
19. sMan-gyi Ro: Sabores das drogas.
20. sMan-gyi Nus-pa: Qualidades inerentes das
drogas.
21. sMan-gyi sByar-thabs: Farmacologia.
22. Cha-byad: Técnicas terapêuticas diversas.
23. Me-na-gnas: Diversas dietas, condutas e drogas
profiláticas para conservar o corpo e a mente em um
estado de homeostase.
24. Nyes-pa dNgos-ston: Técnicas gerais para um
diagnóstico correto.
25. Ngan-gyo sKyon-brtag: Técnicas para obter a
confiança do paciente.
26. sPang-blang Mu-bzhir: Técnicas diagnósticas para
prognosticar se o paciente pode ser curado ou não.
27. gSo-tsul-sPyi: Técnicas terapêuticas gerais.
28. Khyad-par gSo-thabs: Técnicas terapêuticas
específicas.

109
29. gSo-thabs-gNyis: Métodos de cura através de
várias combinações de dieta, comportamento e
drogas.
30. gSo-thabs-dNgos: A arte de curar os três
distúrbios.
31. sMan-pa‟i Le‟u: Qualidades e obrigações
necessárias para um médico.
III- Man-ngag-rgyud - TANTRA ORAL SECRETO
(92 capítulos)
1. Zhus-pa: O assunto do discurso.
2. rLung: Ver texto.
3. mKris-pa: Ver texto.
4. Bad-kan: Ver texto.
5. „Dus-pa: Combinações de rLung, mKris-pa e Bad-
kan.
6. Ma-zhu-ba: Indigestão.
7. sKran: Tumores intestinais.
8. sKya-rbab: Distúrbios metabólicos.
9. dMu-chu: Ascites.
10. gCong-chen zad-byed: Patologias gastro-intestinais
que transformam todos os alimentos ingeridos em
resíduos.
11. ‗or: Edema generalizado.
12. Tsa-ba sPyi: Febres em geral.
13. Gal-mdo: A arte de distinguir uma doença quente.
14. Ri-thang-mtsams: Patologias que não são quentes
nem frias.
15. Ma-smin: Febre não desenvolvida ou imatura.
16. rGyas: Febre elevada.
17. sTong: Febre vazia.
18. Gab: Febre madura.
19. rNyings: Febre crônica.
20. rNyogs-pa: Febre associada com edema.
110
21. ‗Grams-pa: Febre disseminada.
22. ‗Krugs: Um tipo de febre oculta ou ―falsa‖.
23. Rims: Febre infecciosa.
24. ‗Brum-pa: Varíola.
25. rGyu-gzer: Disenteria.
26. Gag-lhog: Febre associada com úlceras e
furúnculos na região torácica.
27. Cham-pa: Resfriados.
28. mGo: Craniopatias.
29. Mig: Oftalmopatias.
30. rNa-ba: Patologias do ouvido.
31. sNa-ba: Patologias do nariz.
32. Kha: Patologias bucais.
33. lBa-ba: Bócio.
34. sNying: Patologias cardíacas.
35. Glo-ba: Patologias pulmonares.
36. mChen-pa: Patologias hepáticas.
37. mCher-pa: Patologias esplênicas.
38. mKhal-ma: Patologias renais.
39. Pho-ba: Patologias gástricas.
40. rGyu-ma: Patologias do intestino delgado.
41. Long: Patologias do intestino grosso.
42. Pho-mtsan: Patologias dos órgãos genitais
masculinos.
43. Mo-mtsan: Patologia dos órgãos genitais
femininos.
44. sKad-‟gag: Patologias da voz.
45. Yi-ga- 'chus: Disfagia.
46. sKom: Sede excessiva.
47. sKyig-bu: Eructação.
48. dBugs-mi-bde: Distúrbios respiratórios.
49. gGlang-thabs: Uma patologia específica associada
a dor gastro-intestinal súbita.

111
50. Srin- nad: Doenças causadas por
microorganismos.
51. sKyugs: Doenças que cursam com emese.
52. ‗Khru-ba: Doenças associadas com diarréia.
53. Dri-ma-‟gags: Doenças associadas com
constipação.
54. gChin-‟gags: Retenção urinária.
55. gChin-snyi: Poliúria.
56. Tsad-‟khru: Febre acompanhada de diarréia.
57. Dreg-nad: Gota.
58. Grum-bu: Artrites.
59. Chu-ser: Distúrbios do sono.
60. rTsa-dkar: Doenças do sistema nervoso central
associadas com distúrbios dos ―vasos‖ (artérias, veias
e nervos).
61. Pags-nad: Patologias dermatológicas.
62. Phran-bu‟i nad: Doenças menores diversas tais
como queimaduras, contusões, etc.
63. „Bras-nad: Uma doença sangüínea congênita que
resulta em lesões internas e externas.
64. gZhang-‟brum: Hemorróidas.
65. Me-dbal: Eczema.
66. Sur-ya: Doença sangüínea associada com lesões
em órgãos específicos.
67. Men-bu: Linfadenopatia.
68. rLigs-rlugs: Hidrocele.
69. rKang-‟bam: Doenças associadas com edemas dos
membros inferiores.
70. mTsan-bar-rdol: Abscesso localizado entre o reto e
os órgãos genitais.
71. Byi-pa-Nyer-spyod: Obstetrícia.
72. Byis-nad: Patologias pediátricas

112
73. Byis-pa‟i gDon: Influências prejudiciais causadas
por patologias pediátricas.
74. Mo-nad sPyi: Patologias ginecológicas gerais.
75. Mo-nad Bye-brag: Patologias ginecológicas
específicas.
76. Mo-nad Phal-ba: Patologias ginecológicas comuns.
77. ‗Byung-po: Uma doença específica causada por
influências prejudiciais.
78. sMyo: Insanidade.
79. brJed: Amnésia.
80. gZa: Doenças do sistema nervoso central,
especialmente epilepsia e parkinsonismo.
81. Klu‟i gDon: Uma doença causada por uma força
prejudicial específica.
82. rMa-spyi: Ferimentos em geral.
83. mGo-rma: Lesões cefálicas.
84. sKe‟i-rma: Lesões cervicais.
85. Byang-khog gi-rMa: Lesões que afetam a região
torácica.
86. Yan-lag gi-rMa: Lesões nos membros.
87. sByar-dug: Venenos produzidos.
88. Gyur-dug: Intoxicação alimentar.
89. dNgos-dug: Toxinas naturais.
90. rGas-pa gSo-ba‟i bCud-len: Tônicos geriátricos.
91. Ro-tza Khu-ba gSo-ba: Impotência.
92. Bud-med bTsal: Fertilidade.

IV- Phyi-ma-rgyud - TANTRA CONCLUSIVO


(24 capítulos)
1. rtza: Pulsologia.
2. Chu: Urinálise.
3. Thang: Decocções.
4. Phyi-ma: Drogas poderosas.
113
5. Ril-bu: Pílulas medicinais.
6. lDe-gu: Ungüentos medicinais.
7. sMan-mar: Manteigas medicinais.
8. Thal-sman: Cinzas medicinais.
9. Khan-dra: Decocções secativas.
10. sMan-chang: Bebidas medicinais.
11. Rin-po-che: Pedras preciosas medicinais.
12. sNgo-sbyor: Ervas medicinais.
13. sNum-‟cos: Óleos medicinais.
14. bShal: Purgativos.
15. sKyugs: Eméticos.
16. sNa-sman: Medicação nasal.
17.‘Jam-rtzi: Supositórios suaves.
18. Ne-ru-ha: Supositórios potentes.
19. rTza-sbyong: Laxantes potentes.
20. gTar: Venissecção.
21. bSreg: Moxabustão.
22. Dugs: Compressas quentes e frias.
23. Lums: Banhos de vapor medicinais.
24. Byugs-pa: Massagens medicinais.
25. Thur-dpyad: Curetagem (cirurgia com ―cureta‖).

114
BIBLIOGRAFIA

Estão relacionados a seguir importantes


trabalhos sobre ―gSo-ba Rig-pa‖, adquiridos pelo
Tibetan Medicial Center durante seu período de exílio.
Em seus esforços insensatos para eliminar qualquer
traço da civilização tibetana, a China comunista
destruiu milhares de obras da valiosa literatura médica
e atualmente podemos apenas esperar que aquelas
obras que foram salvas encontrem a saída para o
mundo livre.

-Barshi, Phuntsog Wangyal. ―Tza-chu‘i Lhan-thabs


mGus-pa‘i mDzes-brgyan‖. Dharamsala: Tibetan
Medical Center, 1979.
-Chos-kyi Sangye (ed.) ―gYu-thog sNying-thig gi Cho-
ga‘i Las-byang Cha-tsang‖. Lhasa: Chakpori, 1888.
-Chos-kyi Tinlay. ―Zab-don Yid-bzhin Nor-bu‖. Escrito
originalmente por volta do século 15 D.C. e reimpresso
em Leh: Tashigang, 1976.
-Darmo Menrampa, Lobsang Chodrak. ―Dar-mo bKa‘
rGya-ma‖. Leh: Tashigang, 1978.
—―gYu-thog Yon-tan mGon-po rNying-ma‘i rNam-thar
bKa‘-rgya-ma‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
— ―Man-dig gSer-rgyan‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
— ―Phyi-rgyud Me-po‘i Zhal-lung‖. Lhasa: Zhol Press,
1893.

115
-Deumar, Tenzin Phuntsog. ―sMan-gyi Nus-pa Dri-med
Shel-‘phreng‖. Escrito originalmente em 1927.
Reimpresso em Lhasa: Chakpori Press, (?) .
— ―Lag-len gCes-bsdus‖: Manuscrito; data e local
desconhecidos.
— ―dPyad-mchog gTar-kha‘i gDam-pa‖. Manuscrito;
data e local desconhecidos.
— ―Me-rtza‘i gDam-pa‖. Manuscrito; data e local
desconhecidos.
— ―Dug-nad gSo-ba‘i Zin-tig‖. Manuscrito; data e local
desconhecidos.
— ―Ya-srin bCo-bsdus Don gSum-pa‖. Manuscrito;
data e local desconhecidos.
— ―rNgul-‘byin gyi gDam-pa‖. Manuscrito; data e local
desconhecidos.
— ―Bi-sha bCos-pa‘i Man-ngag‖. Manuscrito; data e
local desconhecidos.
— ―rMa bCos kyi-bskor‖. Manuscrito; data e local
desconhecidos.
-Drigung Chodrak Tinlay. ―Bam-bchos Tse-‘zhin Srog-
skyobs‖. Manuscrito; aproximadamente do século 17
D.C.
— ―Bam-bchos Khag-gnyis‖. Manuscrito; cerca do
século 18 D.C.
— ―Byi-pa‘i rNa-rtsa dang Zho bkra brTag-thabs‖.
Manuscrito; aproximadamente no século 18 D.C.
-Gongmen Kunchog Phendar. ―Nyam-yig brGya-rtza‖.
Manuscrito; Ladakh, aproximadamente no século 16
D.C.
-Gongmen Kunchog Deleg. ―gSo -rig dGos-pa Kun-
‘byung‖. Leh: Tashigang, 1976.
-Guruphel, Drungyid. ―Si-tu‘i sNan-rgyud‖. Manuscrito;
aproximadamente no século 18 D.C.

116
— ―dNgu-chu rTzo-chen dang Rin-chen Ril-bu‘i sByor-
sde Zla-ba dBud-rtzi Thig-le‖. Degye: Degye Press, (?).
-Gyatso, Desi Sangye. ―Khog-dbug Drang-srong rGyas-
pa‖. Leh: Tashigang, 1973.
— ―rGyud-bzhi‘i gSal-byed Vaidurya sNgon-po‖. Lhasa:
Zhol Press, 1893.
— ―Man-ngag Lhan-thabs‖. Degye Press, 1734.
— ―Man-ngag Lhan-thabs kyi Lag-rgyun Zab-mo‘i Zin-
bris‖. Leh: Tashigang, 1969.
-Ju-Mipham, Jamyang Namgyal. ―sMan-sbyor bDud-rtzi
Thig-le‖. Lhasa: Mentzi Khang Press, (?).
-Kathog, Tsojed Dorje. ―Bam-bchos Lag-len sNying-
po‖. Manuscrito; data e local desconhecidos.
-Kongpo Jangthod, Karma Rinchen. ―Phan-bde ‗Bum-
phrag gyi sDe-mig‖. Leh: Tashigang, 1969.
— ―Man-ngag Phan-bde ‗Bum-phrag‖. Leh: Tashigang,
1969.
-Karma, Dhondup Palden. ―bsDus-spos ‗Dod-dgu‘i
bang-mdzod Zhes sByor-dpe‖. Degye: Degye Press,
(?).
-Kongtrul, Yontan Gyatso. ―Zin-tig bDud-rtzi‘i Thig-pa‖.
Lhasa: Mentzi Khang Press, 1916.
-Khenrab, Norbu. ―rGyud-bzhi‘i Sa-bcad sTag-mo‘i
rNgam-thabs‖. Sarnath: Tibetan Monastery Press,
1966.
— ―rTza-rgyud sDong-‘grems gSo-rig rGya-mtso‘i
sNying-po‖. Sarnath: Tibetan Monastery Press, 1966.
— ―bShad-rgyud sDong-‘grems Zla-shel Nor-bu‘i Me-
long‖. Sarnath: Tibetan Monastery Press, 1966.
— ―Nyam-yig bsDus-‘bring Rin-chen ‗Phreng-ba‖.
Sarnath: Tibetan Monastery Press, 1966.
— ―Phyi-rgyud bsDoms-tsigs‖. Sarnath: Tibetan
Monastery Press, 1966.

117
— ―Lus-thig rGyas-pa Zla-ba Nor-bu‘i Me-long‖.
Sarnath: Tibetan Monastery Press, 1966.
— ―rTza-chu‘i Lhan-thabs‖. Sarnath: Tibetan Monastery
Press, 1966.
— ―gTar-rtza‘i bsDoms-tsigs gZhon-nu‘i Ngag-brgyan‖.
Sarnath: Tibetan Monastery Press, 1966.
— ―Khrong-sman ‗Khrung-dpe ‗Dog-‘jo‘i Bum-bzang‖.
Sarnath: Tibetan Monastery Press, 1966.
— ―sNgo-sman ‗Khrung-dpe Ngo-btsar gSer gyi sNye-
ma‖. Dharamsala: Tibetan Medical Center, 1971.
— ―sByor-dpe bDud-rtzi Bum-bzang‖. Dharamsala:
Tibetan Medical Center, 1968.
-Kyempa‘m, Lhata Tsewang. ―sKyem-paí gDam-ngag‖.
Manuscrito, aproximadamente do século 16 D.C.
— ―sLob-bu la gDam-pa‘i Man-ngag‖,
aproximadamente do século 17 D.C., original.
-Ngawang Palsang. ―Man-ngag Lhan-thabs kyi sDe-
mig‖. Degye Press, 1734.
-Ngawang Rigned Gyatso. ―rTza-rgyud rNam-bshad
Zhal-lung Don-gsal‖. Leh: Tashigang, 1977.
-Pael. ―gSo-rig Man-ngag Phan-bde‘i Yang-snying‖.
Leh: Tashigang, 1969.
-Situen, Karma Ngyelek Tenzin. ―gSo-rig bsTan-bchos
Phan-bde Zla-gser Ae‖. Leh: Tashigang, 1973.
— ―Man-phyi‘i Lhan-thabs Phan-bde dBang mdzod
Vam‖. Leh: Tashigang, 1973.
-Sakya‘i Jetsum Dragpa Gyaltsen. ―gSo-dpyad rGyal-
po‘i dKor-mdzod‖. Gangtok: Sir Tashi Namgyal Institute
of Tibetology, 1966.
-Sogpo Jampal Dorje. ―Man-ngag Rin-chen ‗Byung-
gnas‖. Leh: Tashigang, 1974.
-Sogpo Lungrik Tendar. ―rGyud-bzhi brDa-don bKrol-ba
rNam-rgyal A-ru-ra yi ‗Phreng-ba‖.

118
-Rinchen Gyatso. ―Lhan-thabs Zur-brgyan‖. Manuscrito,
aproximadamente no século 18 d.C.
-Tashi Palsang. ―rTza-phy‘i rGyud-‘grel rGyu-don Rab-
gsal‖. Leh: Tashigang, 1977.
-Tekhang, Jampa Thubwang. ―Byi-pa Ner-spyong ‗Gro-
phan sNying-nor‖. Lhasa: Mentzi Khang Press, 1916.
-Terton Tagsham. ―sTag-sham gTer-ma gNyan-bchos
Ral-gri Phung-brgyan‖. Manuscrito; data e local
desconhecidos.
-Urgan Tenzin. ―Zin-tig mDzes-rgyan‖. Leh:
Tashigang,1973.
-Yuthog, Yontan Gonpo (Sarma). ―bDud-rtzi sNyingpo
Yan-lag brgyad- pa gSang-ba Mann-ngag gi rGyud-tza-
rgyud‖. Lhasa: Zhol Press, 1893. Reimpresso em
Dharamsala: Tibetan Medical Center, 1971.
— ―bShad-pa‘i-rgyud‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
— ―Man-ngag rGyud‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
— ―Phyi-ma-rgyu‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
— ―rGyud-bzhi dPe-rnying Man-phyi gNyis‖. Tsang:
Phuntsog Ling Press, 1460.
— ―rGyud-bzhi Tza Shad Phyi‖. Dharamsala: Tibetan
Medical Center, 1971.
— ―Cha-lag bCho-brgyad‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
-Zurkar, Lodroe Gyalpo. ―Tza-bshad ‗Grel-pa Me-po‘i
Zhal-lung‖. Lhasa: Zhol Press, 1893.
— ―Phyi-rgyud Tza-‘grel Me-po‘i Zhal-lung‖. Lhasa: Zhol
Press, 1893.
— ―dPon-tsang Phan-dar Par bTang-ba‘i Dri-ba Tzu-ta‘i
‗Khri-shing‖. Manuscrito; aproximadamente no século
15 D.C.
— ―rGyud-bzhi bKa-bstan gyi rNam-bzhag‖.
Manuscrito; data e local desconhecidos.

119
-Zurkar, Nyamnid Dorje. ―Bye-ba Ring-srel gyi sDe‘u-
mig‖. Manuscrito; aproximadamente no século 16 D.C.
— ―Zur-khyad Mu-zi‘i gDam-pa‖. Manuscrito;
aproximadamente no século 15 D.C.
— ―Zur-khyad Nir-bu‘i ‗Phreng-ba‖. Manuscrito;
aproximadamente no século 15 D.C.
— ―Zur-khyad ‗Brum-nag bChos‖. Manuscrito;
aproximadadmente no século 15 D.C.
— ―Zur-khyad Mo-nad bChos‖. Manuscrito;
aproximadamente no século 15 D.C.
— ―Zur-khyad Dug-sbyor Rin-chen ‗Phreng-ba‖.
Manuscrito; aproximadamente no século 15 D.C.

120
GLOSSÁRIO

(Na ordem em que aparecem no texto)

Tibetano Português

gSo-ba Rig-pa -conhecimento da cura


Sangs-rgyas -Buda da Medicina
sMan-bla
rGyud-bzhi -quatro tantras
Lus -corpo
Byis-pa -criança
Mo-nad -patologias das mulheres
gDon -forças prejudiciais
mTson -projetéis, armas
Dug -veneno
rGas -velho
Ro-rtza -fertilidade
Dug-gsum -três venenos mentais do apego, do
ódio e da ilusão
„Byung-ba Nga -cinco energias cosmo-físicas
bDag-‟zhin -ego
gTi-mug -ilusão
Zhe-sdang -ódio
„Dhod-chags -apego
rLung -vento, ar
mKris-pa -bile
121
Bad-kan -fleuma
Sa -terra
Chu -água
Me -fogo
Nam-mkha -espaço
Dangs-ma -nutrientes essenciais
Khrag -sangue
Sha -tecidos musculares
Tsil -gordura
Rus -osso
rKang -medula óssea
Khu-ba -fluido regenerativo
Dri-ma gSum -três funções excretoras: defecação,
micção e perspiração
Sos-ka -terceiro e quarto meses tibetanos
sNyan-rim -doenças específicas causadas por
forças negativas
Drag -que dá pulos
rGyal -superabundante, exuberante
„Dril -ondulante, ressonante e cheio
mGyogs -rápido
Grims -trançado, torcido
„Khrang -duro, rígido
Zhan -fraco
Bying -profundo, encovado
Gud -lento e achatado
Bul -lento
sLhod -frouxo
sTong -vazio
rKyang-ma -canal de energia positivo
Ro-ma -canal de energia negativo
dBu-ma -canal de energia neutro
lChi -pesado

122
sTan -constante, estável
rTul -embotado
„Jam -liso, macio
sNum -óleo
sKam -seco
bDud -liga, união
sLa -liquefazer
bSil -fresco
mNyen -flexível
mrLan -úmido
Tsa -quente
rNo -penetrante, agudo
rTzub -áspero, grosseiro
Yang -leve
gYo -móvel
sMin -maduro, desenvolver
mDog -que proporciona brilho, esplendor
Grang -frio
sKya -absorvente
Khyab -que infiltra, penetra
bsKyod -mobilidade
mNgar -doce
sKyur -azedo
Lan-tsa -salgado
Kha-ba -amargo
Tsa-ba -picante
bsKa-ba -adstringente
Rin-po-che -precioso
rDho -pedra
Sa -solo
Shing -árvore
rTsi -mucilaginoso
Thang -suco ou decocção

123
Ngo -planta
Ril-bu -pílula
Phyi-ma -pó
sDe-gu -sopa
sMan-mar -manteiga medicinal
Thal-sman -cinzas medicinais
Khan-dra -decocções secativas
sMan-chang -bebidas medicinais
sNgo-sbyor -erva medicinal
bShang -fezes
gCin -urina
rNgul -suor
Don-lnga -cinco órgãos parenquimatosos
sNod-drug -seis órgãos ocos
dBang-po -sentidos
Dri-ma -sabor
dByar-ka -verão
dGong -noite
Tho-rangs -amanhecer
sTon-ka -outono
Nyin-dgung -anoitecer
mTsan-dgung -meia-noite
sNga-dro -manhã
Zan-chang -um doce
rTol -filhote resultante do cruzamento
do dzo-mo com um búfalo

124
TRANSLITERAÇÃO

125
Tabela 1

PULSOLOGIA AYURVÉDICA, CHINESA E TIBETANA

Localização do Pulso Ayurvédico


Artéria Radial Meridianos
Indicador Vata
Médio Pitta
Anular Kapha
O pulso é checado sobre o punho direito do homem e sobre o punho direito da
mulher

Localização do Pulso Chinês


Yang (Superficial) Yin (Profundo)
Art. Radial Esquerda
Indicador Intestino Delgado Coração
Médio Vesícula Biliar Fígado
Anular Bexiga Urinária Rins
Art. Radial Direita

126
Localização do Pulso Tibetano

Artéria Radial Esquerda


Paciente Mão Direita Órgãos Sólidos Órgãos Ocos Energia Pulso Dias da
do Médico Localização Superior Localização Inferior Cósmica Periódico Estação
Mulher Indicador Pulmões Intestino Grosso Metal (Espaço) Outono 72
Homem Indicador Coração Intestino Delgado Fogo Verão 72
Ambos Médio Baço Estômago Terra Intermediária 18
Ambos Anelar Rim Esquerdo Órgãos Reprodutores Água Inverno 72

Artéria Radial Direita


Paciente Mão Esquerda Órgãos Sólidos Órgãos ocos Energia Pulso Dias da
do Médico Localização Superior Localização Inferior Cósmica Periódico Estação
Mulher Indicador Coração Intestino Delgado Fogo Verão 72
Homem Indicador Pulmões Intestino Grosso Metal Outono 72
Ambos Médio Fígado Vesícula Biliar Madeira (Ar) Primavera 72
ambos Anular Rim Direito Bexiga Urinária Água Inverno 72

127
128
129
130

Você também pode gostar