Você está na página 1de 3

A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA

O seguinte trabalho foi desenvolvido a partir das autoras Ferreiro e Teberosky


pertencentes à escola de Jean Piaget, que contribuíram e revolucionaram, a maneira de
considerar a aquisição do conhecimento pelo sujeito.

O ensino de leitura e escrita são comumente ensinados através de dois métodos o


sintético e o analítico. O método sintético é caracterizado pela correspondência entre o
oral e o escrito, entre grafia e som. O processo se destaca em iniciar a alfabetização a
parte da "parte" do todo; tendo as letras como elementos mínimos da escrita.

Dentro dessa metodologia se destaca a alfabetização Alfabética (ensino das


letras e combinações silábicas e posteriormente montar palavras, frases, sentenças e
história), Silábica (tem nas sílabas as unidades mínimas como unidade básica de ensino)
e fônica (ensino dos sons das letras e suas funções).

Em contrapartida o método Analítico preza o reconhecimento global das


palavras ou orações, partindo do todo para a análise dos componentes da leitura e
escrita. Se destacam nesta metodologia a Alfabetização por palavração (a palavra como
unidade mínima para a aprendizagem), Sentenciarão (a frase inteira para iniciar a
aprendizagem) e a global (utilização de textos com começo, meio e fim).

Ferreiro e Teberosky (1999) em seu livro dizem que entendem a teoria de Piaget
como uma teoria dos processos de aquisição do conhecimento. Assim baseadas na obra
de Piaget compreende a escrita como parte do conhecimento o sujeito da aprendizagem
como sujeito que busca ou toma o conhecimento sobre algo, por que para Piaget, os
estímulos não atuam diretamente, mas:

São transformados pelos sistemas de assimilação


do sujeito (seus ‘esquemas de assimilação’): neste
ato de transformação, o sujeito interpreta o
estímulo (o objeto, em termos gerais), e é somente
em consequência dessa interpretação que a
conduta do sujeito se faz compreensível. [...].
Então, um mesmo estímulo (ou objeto) não é o
mesmo, a menos que os esquemas assimiladores à
disposição também o sejam (FERREIRO e
TEBEROSKY, 1999, p.29-30).

Para as autoras a construção do conhecimento não ocorrem sem os conflitos cognitivos,


elas ocorrem

[...] quando a presença de um objeto (no sentido


amplo de objeto de conhecimento) não assimilável
force o sujeito a modificar seus esquemas
assimiladores, ou seja, a realizar um esforço de
acomodação que tenda a incorporar o que
resultava inassimilável (e que constitui,
tecnicamente, uma perturbação) (FERREIRO;
TEBEROSKY, 1999, p.34).

Sendo assim os autores expõem que as literaturas sobre escrita estão divididas
em dois enfoques: um sobre a metodologias que pretendem ensinar a escrita e outra
sobre as habilidades necessárias para a aquisição da escrita e a maturidade para a
lectoescrita.

Todavia Ferreiro e Teberosky acreditam que reduzir a capacidade do sujeito a


aprender escrever apenas por possuir ou não os pré-requisitos; ou atribuir aos métodos a
função de desenvolver a capacidade de o sujeito escrever é algo que vai contra a teoria
Piagetiana que atribui ao sujeito a capacidade de aprender através das suas ações sobre o
mundo.

Deste modo os autores acreditam que o sujeito é ativo no processo da aquisição


da escrita, e desde antes a escolarização ele tem contado com as letras em outros
contextos, criando assim conflitos cognitivos capazes de nortear os seus próprios
processos de aprendizagem.

Segundo Emília Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da escrita


tem uma lógica individual, na escola ou fora dela. No processo de aprendizagem, toda
criança passa por etapas com avanços e recuos, até dominar o código linguístico nativo.
No entanto, o tempo para o aluno transpor cada uma das etapas é bem variado e
depende de muitos fatores, dentre os quais, podemos citar: a qualidade da estimulação e
da linguagem.
A teoria exposta em “Psicogênese da Língua Escrita” revela que toda criança
passa por quatro fases até sua alfabetização:

 Pré-silábica: quando ainda não consegue relacionar as letras com os sons da


língua falada;
 Silábica: quando interpreta de sua maneira, atribuindo valor a cada sílaba;
 Silábico-alfabética: quando mistura a lógica da fase anterior com a
identificação de cada silaba;
 Alfabética: quando já tem domínio sobre o valor das letras e sílabas.
Piaget não construí um método para aprendizagem da escrita, ele produziu uma
teoria na qual as autoras se apoiaram para pensar como as crianças aprendem a ler e
a escrever. Piaget não está preocupado com o método e sim com o sujeito e sua
interação com objeto de aprendizagem, ou seja, ele queria compreender o processo
de aquisição de conhecimento. Baseada na teoria psicológica e epistemológica de
Piaget, as pesquisadoras mostram que a criança constrói seus sistemas
interpretativos.

Referências

FERREIRO, E. TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Trad. Diana Myrian


Lichtenstein et all. Ed. Artmed, Porto Alegre, 1999. Reimpressão 2008.

Você também pode gostar