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Agente Penitenciário Federal - ÁREA 1

Edital nº 01 / 2015
SUMÁRIO

Português - Prof. Carlos Zambeli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5


Redação - Prof. Carlos Zambeli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Redação Oficial - Profª Maria Tereza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Atualidades - Profª Maria Inácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
Atualidades - Profª Letícia Neves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
Ética no Serviço Público - Prof. Pedro Kuhn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Ética no Serviço Público - Prof. Edir Vieira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225
Ética no Serviço Público - Prof. Cristiano de Souza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251
Direitos Humanos - Prof. Cristiano de Souza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315
Direitos Humanos - Prof. André Vieira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 433
Direitos Humanos - Profª Alessandra Vieira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 459
Participação Social - Profª Giuliane Torres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481
Participação Social - Prof. Joerberth Nunes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 489
Execução Penal - Prof. Joerberth Nunes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 497
Execução Penal - Profª Letícia Neves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 531
Administração Pública - Prof. Rafael Ravazolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 617
Licitações e Contratos - Prof. Cristiano de Souza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 805
Administração Financeira e Orçamentária - Prof. Fábio Furtado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 815

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Professor Carlos Zambeli

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Acentuação Gráfica

ACENTUAÇÃO

Toda palavra tem uma sílaba que é pronunciada com mais intensidade que as outras. Essa sílaba
é chamada de sílaba tônica. Pode ocupar diferentes posições e, de acordo com essa colocação,
ser classificada como: oxítona, paroxítona, proparoxítona e monossílaba tônica.

Regras de acentuação

1. Proparoxítonas – todas são acentuadas.


Simpática, proparoxítona , lúcida , cômodo

2. Paroxítonas
Quando terminadas em
a) L, N, R, X, PS, I, US: amável, hífen, repórter, tórax, bíceps, tênis, vírus.
b) UM, UNS, Ã, ÃS, ÃO, ÃOS, EI:
álbum, ímã, órgão.
c) Ditongo crescente (SV +V): cárie, polícia, história.

3. Oxítonas
Quando terminadas em EM, ENS, A(S), E(S), O(S):
a) A, AS: está, guaraná, comprá-la. 

b) E, ES: jacaré, você, fazê-los.
c) O, OS: avó, paletós.
d) EM: armazém, ninguém.
e) ENS: parabéns, armazéns.

4. Monossílabos tônicos
A, AS, E, ES, O, OS: mês, pó, já.

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5. Ditongo Aberto

Antes da reforma Depois da reforma


Os ditongos ‘éi’, ‘ói’ e ‘éu’ só continuam a ser
acentuados no final da palavra (oxítonas)
ÉU, ÉI, ÓI
céu, dói, chapéu, anéis, lençóis.
idéia, colméia, bóia, céu, constrói
Desapareceram para palavras paroxítonas.
boia, paranoico, heroico

6. Hiatos I e U

Antes da reforma Depois da reforma


Í e Ú levam acento se estiverem sozinhos na Nas paroxítonas, I e U não serão mais acentuados
sílaba ou com S (hiato). se vierem depois de um ditongo:
saída, saúde, miúdo, aí, Araújo, Luís, Piauí baiuca, bocaiuva, cauila, feiura, Sauipe

7. ÊE, ÔO

Antes da reforma Depois da reforma


Hiatos em OO (s) e as formas verbais terminadas Sem acento:
em EE(m) recebem acento circunflexo:
vôo, vôos, enjôos, abençôo, perdôo; voo, voos, enjoos, abençoo, perdoo;
crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem. creem, deem, leem, veem, releem, preveem.

8. Verbos ter e vir


Ele tem e vem
Eles têm e vêm

a) Ele contém, detém, provém, intervém (singular do presente do indicativo dos verbos
derivados de TER e VIR: conter, deter, manter, obter, provir, intervir, convir);

b) Eles contêm, detêm, provêm, intervêm (plural do presente do indicativo dos verbos
derivados de TER e VIR).

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Português – Acentuação Gráfica – Prof. Carlos Zambeli

9. Acentos Diferenciais

Antes Depois
Ele pára Só existem ainda
Eu pélo
O pêlo, os pêlos Pôde (pretérito)
A pêra (= fruta) Pôr (verbo)
Pôde (pretérito)
Pôr (verbo)

10. Trema

Antes Depois
gue, gui, que, qui O trema não é mais utilizado.
quando pronunciados Exceto para palavras estrangeiras ou nomes
próprios: Müller e mülleriano...
bilíngüe
Pingüim
Cinqüenta

1. Classifique as palavras destacadas, de acordo com a posição da sílaba tônica:


a) Ninguém sabia o que fazer.
b) Era uma pessoa sábia.
c) Vivo querendo ver o tal sabiá que canta nas palmeiras.
d) Anos antes ele cantara no Teatro São Pedro.
e) Anunciaram que ele cantará no teatro.
f) Não contem com a participação dele.
g) Ele alega que nosso projeto contém erros.
h) Tudo não passou de um equívoco.
i) Raramente me equivoco.

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2. Marque as opções em que as palavras são acentuadas seguindo a mesma regra. (regras antigas)
a) ( ) magnífico - básica
b) ( ) português - saí
c) ( ) gaúcho – renúncia
d) ( ) eliminatória – platéia
e) ( ) rápido – assédio
f) ( ) cipó – após
g) ( ) distribuído – saísse
h) ( ) realizará – invés
i) ( ) européia – sóis
j) ( ) alguém – túnel
l) ( ) abençôo – pôr
m) ( ) ânsia - aluguéis
n) ( ) prevêem - soubésseis
o) ( ) imbatível – efêmera

3. Acentue ou não:
a) Sauva , sauvinha, gaucha, gauchinha, viuvo, bau, bauzinho, feri-la, medi-la, atrai-los;
b) sos, le-la, reu, odio, sereia, memoria, itens, pires, tenue;
c) America, obito, coluna, tulipa, cinico, exito, panico, penico;
d) pendulo, pancreas, bonus, impar, item, libido, ravioli, traduzi-la, egoista.

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Português

Ortografia

Os Porquês

1. Por que
Por qual motivo / Por qual razão / O motivo pelo qual / Pela qual

•• Por que não me disse a verdade?

•• Gostaria de saber por que não me disse a verdade.

•• As causas por que discuti com ele são sérias demais.

2. por quê = por que


Mas sempre bate em algum sinal de pontuação!

•• Você não veio por quê?

•• Não sei por quê.

•• Por quê? Você sabe bem por quê!

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3. porque = pois
•• Ele foi embora, porque foi demitido daqui.

•• Não vá, porque você é útil aqui.

4. porquê = substantivo
Usado com artigos, pronomes adjetivos ou numerais.

•• Ele sabe o porquê de tudo isso.

Este porquê é um substantivo.

Quantos porquês existem na Língua Portuguesa?

Existem quatro porquês.

HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS

Homônimos
Vocábulos que se pronunciam da mesma forma, e que diferem no sentido.
•• Homônimos perfeitos: vocábulos com pronúncia e grafia idênticas (homófonos e
homógrafos).
São: 3ª p. p. do verbo ser.
•• Eles são inteligentes.

São: sadio.
•• O menino, felizmente, está são.

São: forma reduzida de santo.


•• São José é meu santo protetor.

Eu cedo essa cadeira para minha professora!

Eu nunca acordo cedo!

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Ortografia – Português – Prof. Carlos Zambeli

•• Homônimos imperfeitos: vocábulos com pronúncia igual (homófonos), mas com grafia
diferente (heterógrafos).
Cessão: ato de ceder, cedência
Seção : corte, subdivisão, parte de um todo
Sessão: Espaço de tempo em que se realiza uma reunião

Parônimos
Vocábulos ou expressões que apresentam semelhança de grafia e pronúncia, mas que diferem
no sentido.
Cavaleiro: homem a cavalo
Cavalheiro: homem gentil

Acender: pôr fogo a


Ascender: elevar-se, subir

Acessório: pertences de qualquer instrumento; que não é principal


Assessório: diz respeito a assistente, adjunto ou assessor

Caçado: apanhado na caça


Cassado: anulado

Censo: recenseamento
Senso: juízo

Cerra: do verbo cerrar (fechar)


Serra: instrumento cortante; montanha; do v. serrar (cortar)

Descrição: ato de descrever


Discrição: qualidade de discreto

Descriminar: inocentar
Discriminar: distinguir, diferenciar

Emergir: sair de onde estava mergulhado


Imergir: mergulhar

Emigração: ato de emigrar


Imigração: ato de imigrar

Eminente: excelente
Iminente: sobranceiro; que está por acontecer

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Empossar: dar posse
Empoçar: formar poça

Espectador: o que observa um ato


Expectador: o que tem expectativa

Flagrante: evidente
Fragrante: perfumado

Incipiente: que está em começo, iniciante


Insipiente: ignorante

Mandado: ordem judicial


Mandato: período de permanência em cargo

Ratificar: confirmar
Retificar: corrigir

Tacha: tipo de prego; defeito; mancha moralTaxa - imposto


Tachar: censurar, notar defeito em; pôr prego emTaxar - determinar a taxa de

Tráfego: trânsito
Tráfico: negócio ilícito

Acento: inflexão de voz, tom de voz, acento


Assento: base, lugar de sentar-se

Concerto: sessão musical; harmonia


Conserto: remendo, reparação

Deferir: atender, conceder


Diferir: ser diferente, distinguir, divergir, discordar

Acerca de: Sobre, a respeito de.


Falarei acerca de vocês.
A cerca de: A uma distância aproximada de.
Mora a cerca de dez quadras do centro da cidade.
Há cerca de: Faz aproximadamente.
Trabalha há cerca de cinco anos

Ao encontro de: a favor, para junto de. Ir ao encontro dos anseios do povo.
De encontro a: contra. As medidas vêm de encontro aos interesses do povo.

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Português

Semântica e Vocabulário

Semântica

A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos para se expressar através
da linguagem.
Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas.

Polissemia

A polissemia é o fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além


de seu sentido original, guardando uma relação de sentido entre elas.

Exemplos de polissemia:

Eu adoro comer laranja. Depositei o dinheiro neste banco.


Pintei a parede de laranja. Preciso sentar em um banco.
Esse era o laranja do grupo. Essa fruta chama-se manga.
Rasguei a manga da minha camiseta.

Palavra + contexto da frase + contexto do parágrafo + ideia do texto


A soma dessa equação chama-se CONTEXTO!

Sinonímia
Sinônimo é a palavra que tem significado idêntico ou muito semelhante ao de outra.

Edgar passou um trabalho fazendo a prova de Português.


Edgar passou um sufoco fazendo a prova de Português.
Edgar passou um aperto fazendo a prova de Português.

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Tenho muita esperança com esse concurso!
Tenho muita descrença com esse concurso!
Só escuto verdades no discurso dele.
Só escuto falsidades/ fantasias no discurso dele.
Ele vive uma realidade estranha.
Ele vive um sonho estranho.

Ambiguidade
Aquilo que pode ter mais de um sentido ou significado. É aquilo que apresenta indecisão,
hesitação, imprecisão, incerteza, indeterminação.
Papa abençoa fiéis do hospital. Edgar encontrou a esposa em seu carro. A cachorra da minha
colega é linda. Os alunos viram o incêndio do prédio ao lado.

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Português

Classes de Palavras (Morfologia)/Flexão Nominal e Verbal

A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes


gramaticais.
São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição,
Conjunção e Interjeição.

Substantivo (nome)
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo é a classe gramatical de palavras
variáveis, as quais denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
também nomeiam:
•• lugares: Brasil, Rio de Janeiro...
•• sentimentos: amor, ciúmes ...
•• estados: alegria, fome...
•• qualidades: agilidade, sinceridade...
•• ações: corrida, leitura...

Destaque zambeliano
Concretos:
os que indicam elementos reais ou imaginários com existência própria, independentes
dois sentimentos ou julgamentos do ser humano.
•• Deus, fada, espírito, mesa, pedra.

Abstratos:
os que nomeiam entes que só existem na consciência humana, indicam atos,
qualidades e sentimentos.
•• vida (estado), beleza (qualidade), felicidade (sentimento), esforço (ação).

•• Dor, saudade, beijo, pontapé, chute, resolução, resposta

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Sobrecomuns
Quando um só gênero se refere a homem ou mulher.a criança, o monstro, a vítima, o
anjo.
Comuns de dois gêneros
Quando uma só forma existe para se referir a indivíduos dos dois sexos.
•• o artista, a artista, o dentista, a dentista...

Artigo

Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica se ele está sendo empregado de
maneira definida ou indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o
número dos substantivos.

Detalhe zambeliano 1
Substantivação!
•• Os milhões foram desviados dos cofres públicos.

•• Não aceito um não de você.

Detalhe zambeliano 2
Artigo facultativo diante de nomes próprios.
•• Cláudia não veio. / A Cláudia não veio.

Detalhe zambeliano 3
Artigo facultativo diante dos pronomes possessivos.
•• Nossa banca é fácil.

•• A Nossa banca é fácil.

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Emprego das Classes de Palavras/Morfologia – Português – Prof. Carlos Zambeli

Adjetivo

Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se "encaixa"


diretamente ao lado de um substantivo.
•• O querido médico nunca chega no horário!

•• O aluno concurseiro estuda com o melhor curso.

Morfossintaxe do Adjetivo:
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas relativas aos substantivos, atuando como adjunto
adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Detalhe zambeliano!
•• Os concurseiros dedicados estudam comigo.

•• Os concurseiros são dedicados.

Locução adjetiva
•• Carne de porco (suína)
•• Curso de tarde (vespertino)
•• Energia do vento (eólica)
•• Arsenal de guerra (bélico)

Pronome

Pessoais
•• a 1ª pessoa: aquele que fala (eu, nós), o locutor;
•• a 2ª pessoa: aquele com quem se fala (tu, vós) o locutário;
•• a 3ª pessoa: aquele de quem se fala (ele, ela, eles, elas), o assunto ou referente.
As palavras EU, TU, ELE, NÓS, VÓS, ELES são pronomes pessoais. São denominados desta forma
por terem a característica de substituírem os nomes, ou seja, os substantivos.

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•• Vou imprimir uma apostila da Casa do concurseiro para dar no dia da inscrição da Ana.

•• Vou imprimir uma apostila da Casa do concurseiro para dar no dia da inscrição dela.

Os pronomes pessoais classificam-se em retos e oblíquos, de acordo com a função que


desempenham na oração.
RETOS: assumem na oração as funções de sujeito ou predicativo do sujeito.
OBLÍQUOS: assumem as funções de complementos, como o objeto direto, o objeto indireto, o
agente da passiva, o complemento nominal.

“Não sei, apenas cativou-me. Então, tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que
cativa. Tu podes ser igual a todos outros no mundo, mas para mim serás único.”

Indefinidos
Algum material pode me ajudar. (afirmativo)
Material algum pode me ajudar. (negativo).
Outros pronomes indefinidos:
tudo, todo (toda, todos, todas), algo, alguém, algum (alguma, alguns, algumas), nada, ninguém,
nenhum (nenhuma, nenhuns, nenhumas), certo (certa, certos, certas), qualquer (quaisquer), o
mesmo (a mesma, os mesmos, as mesmas),outrem, outro (outra, outros, outras), cada, vários
(várias).

Demonstrativos
Este, esta, isto – perto do falante.
ESPAÇO � Esse, essa, isso – perto do ouvinte.
Aquele, aquela, aquilo – longe dos dois.
Este, esta, isto – presente/futuro
TEMPO � Esse, essa, isso – passado breve
Aquele, aquela, aquilo – passado distante
Este, esta, isto – vai ser dito
DISCURSO �
Esse, essa, isso – já foi dito
RETOMADA
Edgar e Zambeli são dois dos professores da Casa do Concurseiro. Este é ensina Português;
aquele, Matemática.

Possessivos
•• Aqui está a minha carteira. Cadê a sua?

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Verbos

As formas nominais do verbo são o gerúndio, infinitivo e particípio. Não apresentam flexão de
tempo e modo, perdendo desta maneira algumas das características principais dos verbos.

Tempo e Modo
As marcas de tempo verbal situam o evento do qual se fala com relação ao momento em que se
fala. Em português, usamos três tempos verbais: presente, passado e futuro.
Os modos verbais, relacionados aos tempos verbais, destinam-se a atribuir expressões
de certeza, de possibilidade, de hipótese ou de ordem ao nosso discurso. Essas formas são
indicativo, subjuntivo e imperativo.
O modo indicativo possui seis tempos verbais: presente; pretérito perfeito, pretérito imperfeito
e pretérito mais-que-perfeito; futuro do presente e futuro do pretérito.
O modo subjuntivo divide-se em três tempos verbais: presente, pretérito imperfeito e futuro.
O modo imperativo apresenta-se no presente e pode ser afirmativo ou negativo.

Advérbio

É a classe gramatical das palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio.
É a palavra invariável que indica as circunstâncias em que ocorre a ação verbal.

•• Ela reflete muito sobre acordar cedo!

•• Ela nunca pensa muito pouco!

•• Ela é muito charmosa.

O advérbio pode ser representado por duas ou mais palavras: locução adverbial (à direita,
à esquerda, à frente, à vontade, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de
manhã, de súbito, de propósito, de repente...)
•• Lugar: longe, junto, acima, atrás…
•• Tempo: breve, cedo, já, dentro, ainda…
•• Modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, (usa, muitas vezes, o sufixo-mente).
•• Negação: não, tampouco, absolutamente…
•• Dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, possivelmente…
•• Intensidade: muito, pouco, bastante, mais, demais, tão…
•• Afirmação: sim, certamente, realmente, efetivamente…

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Preposição
Preposição é uma palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando o segundo
ao primeiro, ou seja, o regente e o regido.
Regência verbal: Entregamos aos alunos nossas apostilas no site.

Regência nominal: Somos favoráveis ao debate.

Zambeli, quais são as preposições?


a – ante – até – após – com – contra – de – desde – em – entre – para – per – perante –
por – sem – sob – sobre – trás.

•• Lugar: Estivemos em Londres.


•• Origem: Essas uvas vieram da Argentina.
•• Causa: Ele morreu, por cair de um guindaste.
•• Assunto: Conversamos muito sobre política.
•• Meio: Fui de bicicleta ontem.
•• Posse: O carro é de Edison.
•• Matéria: Comprei pão de leite.
•• Oposição: Corinthians contra Palmeiras.
•• Conteúdo: Esse copo é de vinho.
•• Fim ou finalidade: Ele veio para ficar.
•• Instrumento: Você escreveu a lápis.
•• Companhia: Sairemos com amigos.
•• Modo: nas próximas eleições votarei em branco.

Conjunções
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois termos semelhantes
de uma mesma oração.
As conjunções podem ser classificadas em coordenativas e subordinativas
•• Edgar tropeçou e torceu o pé.

•• Espero que você seja estudiosa.

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No primeiro caso temos duas orações independentes, já que separadamente elas têm sentido
completo: período é composto por coordenação.
No segundo caso, uma oração depende sintaticamente da outra. O verbo “espero” fica sem
sentido se não há complemento.
Coordenadas – aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
Subordinadas – concessivas, conformativas, causais, consecutivas, comparativas, condicionais,
temporais, finais, proporcionais.

Curiosidade
Das conjunções adversativas, "mas" deve ser empregada sempre no início da oração:
as outras (porém, todavia, contudo, etc.) podem vir no início ou no meio.
Ninguém respondeu a pergunta, mas os alunos sabiam a resposta.

Ninguém respondeu a pergunta; os alunos, porém, sabiam a resposta

Numeral
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico. Ex.: cinco, dois, duzentos mil
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada. Ex.: primeiro, segundo, centésimo
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão. Ex.: meio, terço, três quintos
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a
quantidade foi aumentada. Ex.: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Interjeição

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Classifique a classe gramatical das palavras destacadas (substantivo, adjetivo, advérbio)
A cerveja que desce redondo.

A cerveja que eu bebo gelada.

André Vieira é um professor exigente.

O bom da aula é o ensinamento que fica para nós.

Carlos está no meio da sala.

Leu meia página da matéria.

Aquelas jovens são meio nervosas.

Ela estuda muito.

Não faltam pessoas bonitas aqui.

O bonito desta janela é o visual.

Vi um bonito filme brasileiro.

O brasileiro não desiste nunca.

A população brasileira reclama muito de tudo.

O crescimento populacional está diminuindo no Brasil.


Número de matrimônios cresce, mas gaúchos estão entre os que menos casam no país.

Classifique as palavras destacadas, usando este código


1. numeral
2. artigo indefinido
a) ( ) Um dia farei um concurso fácil!
b) ( ) Tu queres uma ou duas provas de Português?
c) ( ) Uma aluna apenas é capaz de enviar os emails.
d) ( ) Zambeli só conseguiu fazer uma prova?
e) ( ) Não tenho muitas canetas. Então pegue só uma para você!
f) ( ) Ontem uma professora procurou por você.
g) ( ) Escrevi um artigo extenso para o jornal!
h) ( ) você tem apenas um namorado né?

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Emprego das Classes de Palavras/Morfologia – Português – Prof. Carlos Zambeli

Preencha as lacunas com os pronomes demonstrativos adequados:


a) A grande verdade é ___________: foi o Zambeli o mentor do plano.
b) Embora tenha sido o melhor plano, ele nunca admitiu _________ fato.
c) Ninguém conseguiu provar sua culpa, diante _____________, o júri teve de absolvê-lo.
d) Assisti à aula de Português aqui no curso. Uma aula _________ é indispensável para mim!
e) Por que você nunca lava _________ mãos?
f) Ana, traga ____________ material que está aí do seu lado.
g) Ana, ajude-me a carregar _______ sacolas aqui.

Classifique a classe gramatical das palavras numeradas no texto extraído do jornal


Zero Hora.
Ciência mostra que estar só pode trazer benefícios, mas também prejudicar a saúde física e
mental
As (1) pessoas preferem sofrer a ficar sozinhas e desconectadas(2), mesmo que por poucos
minutos. Foi isso(3) que mostrou um recente(4) estudo realizado por pesquisadores(5) da
Universidade de(6) Virginia, nos Estados Unidos, e publicado este(7) mês na revista científica(8)
"Science". Colocados sozinhos em uma sala(9), os voluntários do experimento deveriam passar
15 minutos sem fazer(10) nada, longe de seus(11) celulares e qualquer outro estímulo, imersos
em seus pensamentos. Mas(12), caso quisessem, bastava apertar um botão(13) e tomariam
um choque(14) elétrico(15).
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.

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Português

Sintaxe da Oração (Análise Sintática)

Frase: é o enunciado com sentido completo, capaz de fazer uma comunicação. Na frase é
facultativo o uso do verbo.
Oração: é o enunciado com sentido que se estrutura com base em um verbo.
Período: é a oração composta por um ou mais verbos.

SUJEITO
É o ser da oração ou a quem o verbo se refere e sobre o qual se faz uma declaração.
Que (me) é que?
“Teus sinais me confundem da cabeça aos pés, mas por dentro eu te devoro.” (Djavan)

Existem aqui bons alunos, boas apostilas e exemplares professores.

Discutiu-se esse assunto na aula de Português da Casa.

Casos especiais
Sujeito indeterminado – quando não se quer ou não se pode identificar claramente a quem o
predicado da oração se refere. Observe que há uma referência imprecisa ao sujeito. Ocorre
a) Com o verbo na 3ª pessoa do plural, desde que o sujeito não tenha sido identificado
anteriormente.
Falaram sobre esse assunto no bar do curso.

“Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão.”

b) Com o verbo na 3ª pessoa do singular. (VI, VTI, VL) + SE


Precisa-se de muita atenção durante a aula.

Dorme-se muito bem neste hotel.

“Fica-se muito louco quando apaixonado.” (Freud)

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Inexistente (oração sem sujeito) – ocorre quando há verbos impessoais na
oração.

Fenômeno da natureza
Venta forte no litoral cearense!

Deve chover nesta madrugada.

Haver - no sentido de existir, ocorrer, ou indicando tempo decorrido.


"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.” (Rubem
Alves)

Havia muitas coisas estranhas naquele lugar.

Deve haver bons concursos neste mês.

Devem existir bons concursos neste mês.

Fazer – indicando temperatura, fenômeno da natureza, tempo.


Faz 18ºC em Porto Alegre hoje.

Deve fazer 40ºC amanhã em Recife.

Fez calor ontem na cidade.

Faz 3 anos que eu trabalho na Casa do Concurseiro.

Está fazendo 10 meses que nós nos vimos aqui.

Ser
É impessoal quando se refere a Horário, Data e Distância. A concordância será feita com o
predicativo.
Hoje são 29 de abril.

Hoje é dia 29 de abril.

Eram dezessete horas em Brasília.

Daqui até Porto Alegre são 229 km.

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Português – Sintaxe da Oração (Análise Sintática) – Prof. Carlos Zambeli

Sujeito Oracional
Estudar para concursos é muito cansativo.
É necessário que vocês estudem em casa.

“Parecia que era minha aquela solidão.”

Praticar exercícios frequentemente é bom para a saúde.

Seria interessante se você estudasse pela Casa.

TRANSITIVIDADE VERBAL

1. Verbo Intransitivo (VI) – verbo que não exige complemento.


“O poeta pena quando cai o pano, e o pano cai.” (Teatro Mágico)

“Meu coração já não bate nem apanha. ” (Arnaldo Antunes)

2. Verbo Transitivo Direto (VTD) – verbo que precisa de complemento sem preposição.
“O Eduardo sugeriu uma lanchonete, mas a Mônica queria ver o filme do Godard.” (Legião Urbana)

“Por onde andei enquanto você me procurava?” (Nando Reis)

3. Verbo Transitivo Indireto (VTI) – verbo que precisa de complemento com preposição.
"Cuida de mim, enquanto não me esqueço de você“ (Teatro Mágico)

“Acreditar por um instante em tudo que existe.” (Legião)

4. Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI) – precisa de 2 complementos. (OD e OI)


“A Mônica explicava ao Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar.” (Legião)

“Plantei uma flor no coração dela, e ela me deu um sorriso trazendo paz.” (Natiruts)

5. Verbo de Ligação (VL) – não indicam ação.


Esses verbos fazem a ligação entre 2 termos: o sujeito e suas características. Estas características
são chamadas de predicativo do sujeito.
“O sonho é a realização de um desejo.” (Freud) ser, viver, acha, encontrar, fazer,
Tu estás cansado agora? parecer, estar, continuar, ficar,
permanecer, andar, tornar, virar

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ADJUNTO ADVERBIAL
É o termo da oração que indica uma circunstância (dando ideia de tempo, instrumento, lugar,
causa, dúvida, modo, intensidade, finalidade, ...). O adjunto adverbial é o termo que modifica o
sentido de um verbo, de um adjetivo, de um advérbio.

Advérbio X Adjunto Adverbial


Hoje eu prometo a você uma taça de vinho na minha casa alegremente!
Ontem assisti à aula do Zambeli na sala confortavelmente

APOSTO X VOCATIVO
Aposto é um termo acessório da oração que se liga a um substantivo, tal como o adjunto
adnominal, mas que, no entanto sempre aparecerá com a função de explicá-lo, aparecendo de
forma isolada por pontuação.
Vocativo é o único termo isolado dentro da oração, pois não se liga ao verbo nem ao nome.
Não faz parte do sujeito nem do predicado. A função do vocativo é chamar o receptor a que se
está dirigindo. É marcado por sinal de pontuação.
Edgar, o professor de matemática, também sabe muito bem Português!

Sempre me disseram duas coisas: estude e divirta-se.

“Não chore, meu amor, tudo vai melhorar” (Natiruts)

Adjunto adnominal é o termo que caracteriza e/ou define um substantivo. As classes de


palavras que podem desempenhar a função de adjunto adnominal são adjetivo, artigos,
pronomes, numerais, locução adjetiva. Portanto se trata de um termo de valor adjetivo que
modificara o nome ao qual se refere.
Artigo – O preço do arroz subiu.
Adjetivos – A política empresarial deve ser o grande debate no seminário.
Pronome – Algumas pessoas pediram essas dicas.
Numeral – Dez alunos dedicados fizeram o nosso simulado.
Locução adjetiva – A aula de Português sempre nos emociona muito!

Complemento Nominal
É o termo preposicionado que completa o sentido de um nome (adjetivo, substantivo ou
advérbio).

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Português – Sintaxe da Oração (Análise Sintática) – Prof. Carlos Zambeli

Temos necessidade de ajuda.

Estamos confiantes na vitória.

OBS.: o complemento nominal pode ser representado por um pronome oblíquo.


Aquela atitude lhe era prejudicial.

Distinção entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal


a) Somente os substantivos podem ser acompanhados de adjuntos adnominais; já os
complementos nominais podem ligar-se a substantivos, adjetivos e advérbios. Logo, o
termo ligado por preposição a um adjetivo ou a um advérbio só pode ser complemento
nominal.
b) O complemento nominal equivale a um complemento verbal, ou seja, só se relaciona a
substantivos cujos significados transitam. Portanto, seu valor é passivo, é sobre ele que
recai a ação. O adjunto adnominal tem sempre valor ativo.

CN Adjunto Adnominal
Sempre preposicionado; Nem sempre preposicionado;
Completa substantivo, adjetivo ou advérbio; Refere-se a substantivo abstrato ou concreto;
Sentido passivo. Sentido ativo.

A vila aguarda a construção da escola.

A autora fez uma mudança de cenário.

Observamos o crescimento da economia.

Assaltaram a loja de brinquedos.

Sujeito X Objeto Direto


Existiram algumas reclamações nesta semana.

Ouvi algumas reclamações nesta semana.

Bastam três gostas do remédio.

Tomaram três gostas do remédio.

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Objeto Direto X Objeto Indireto
Gostamos de todas as matérias!

Estudamos todas as matérias!

Assisti aos vídeos no sábado.

Vi os vídeos no sábado.

Objeto Indireto X Complemento Nominal


O livro resistiu ao tempo.

O livro ofereceu resistência ao tempo.

Tenho necessidade de algum tempo livre.

Necessito de algum tempo livre.

Predicativo do sujeito X Adjunto Adverbial


Eu estava nervoso.

Eu estava na rua.

Edgar anda rápido.

Edgar anda estressado.

Classifique os elementos sublinhados das orações abaixo.


a) O aluno voltou da prova.

b) Fatos impressionantes relatou-nos aquele professor.

c) O professor do curso ofereceu-lhe um lugar melhor na sala.

d) Procurei-a por toda a cidade.

e) “Assaltaram a gramática, assassinaram a lógica...”

f) Talvez ainda haja questões difíceis.

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Português – Sintaxe da Oração (Análise Sintática) – Prof. Carlos Zambeli

g) Taxa de homicídio cresce em 15 anos no país.

h) A prova foi interessante.

i) Hotel oferece promoções aos clientes.

j) Contei-lhe uma historia verdadeira!

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Português

Concordância Verbal

Regra geral
O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.
“A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da
civilização humana.” (Freud)
Os concurseiros dedicados adoram esta matéria nas provas.
•• As alunas dedicadas estudaram esse assunto complicado ontem.

1. Se
a) Pronome apassivador – o verbo (VTD ou VTDI) concordará com o sujeito passivo.
•• Compraram-se alguns salgadinhos para a festa.
•• Estuda-se esse assunto na aula.
•• Exigem-se referências do candidato.
•• Emplacam-se os carros novos em três dias.
•• Entregou-se um brinde aos alunos durante o intervalo.

b) Índice de indeterminação do sujeito – o verbo


•• (VL, VI ou VTI) não terá sujeito claro! Terá um sujeito indeterminado.
•• Não se confia em pessoas que não estudam.
•• Necessita-se, no decorrer do curso, de uma boa revisão.
•• Assistiu-se a todas as cenas da novela no capítulo final.

2. Pronome de tratamento
O verbo fica sempre na 3ª pessoa (= ele/eles).
•• Vossa Excelência merece nossa estima. Sua obra é reconhecida por todos.

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3. Haver
No sentido de “existir ou ocorrer” ou indicando “tempo” ficará na terceira pessoa do singular. É
impessoal, ou seja, não possui sujeito.
•• Nesta sala, há bons e maus alunos.
•• Avisaram agora que a sala está desarrumada porque houve um simulado antes.
•• Há pessoas que não valorizam a vida.
•• Deve haver aprovações desde curso.
•• Devem existir aprovações desde curso.

4. Fazer
Quando indica “tempo”, “temperatura” ou “fenômenos da natureza”, também é impessoal e
deverá ficar na terceira pessoa do singular.
•• Faz 3 dias que vi essa aula no site do curso.
•• Fez 35 graus em Recife!
•• Faz frio na serra gaúcha.
•• Deve fazer 15 dias já que enviei o material.

5. Expressões partitivas ou fracionárias


Verbo no singular ou no plural (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de,
a maior parte de, grande parte de...)
•• A maioria das pessoas aceita/ aceitam os problemas sociais.
•• Um terço dos candidatos errou/ erraram aquela questão.

6. Mais de um
O verbo permanece no singular:
•• Mais de um aluno da Casa passou neste concurso.

Se expressão aparecer repetida ou associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo


deverá ficar no plural:
•• Mais de um deputado, mais de um vereador reclamaram dessa campanha.
•• Mais de um jogador se abraçaram após a partida.

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Concordância Verbal e Nominal – Português – Prof. Carlos Zambeli

7. Que x Quem
QUE: se o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome
relativo.
•• Fui eu que falei. (eu falei) Fomos nós que falamos. (nós falamos)

QUEM: se o sujeito for o pronome relativo quem, o verbo ficará na terceira pessoa do singular
ou concordará com o antecedente do pronome (pouco usado).
•• Fui eu quem falei/ falou. Fomos nós quem falamos/falou.

1. É preciso que se _________ os acertos do preço e se ___________ as regras para não _____
mal-entendidos. ( faça- façam/ fixe- fixem/ existir – existirem)

2. Não ________ confusões no casamento. (poderia haver - poderiam haver)

3. _________de convidados indesejados. (Trata-se - Tratam-se)

4. As madrinhas acreditam que _______convidados interessantes, mas sabem que _______


alguns casados. (exista- existam / podem haver- pode haver)

5. ______vários dias que não se ________casamentos aqui; ________ alguma coisa estranha
no local. (faz- fazem/ realiza - realizam/ deve haver- devem haver)

6. Não ______ emoções que ______esse momento. (existe - existem/ traduza-traduzam)

7. ______ problemas durante o Buffet. (aconteceu – aconteceram)

8. Quando se _____ de casamentos, onde se _______trajes especiais, não _____ tantos


custos para os convidados.(trata- tratam/ exige- exigem/ deve haver- devem haver)

9. _____ às 22h a janta, mas quase não______ convidados.


(Iniciou-se- Iniciaram-se/ havia- haviam)

10. No Facebook, ______fotos bizarras e ______muitas informações inúteis. (publica-se -


publicam-se/ compartilha-se - compartilham-se)

11. Convém que se ______nos problemas do casamento e que não se ____ partido da sogra.
(pense – pensem / tome – tomem)

12. Naquele dia, _____________37º C na festa. (fez - fizeram)

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13. __________aos bêbados todo auxílio. (prestou-se - prestaram–se)

14. Não se ____ boas festas de casamento como antigamente. (faz –fazem)

15. No Sul, _______ invernos de congelar. (faz - fazem)

16. É preciso que se ____ aos vídeos e que se ______ os recados.


(assista – assistam / leia – leiam)

17. Convém que se ________ às ordens da sogra e que se _________ os prometidos. (obedeça
– obedeçam / cumpra – cumpram)

18. As acusações do ex-namorado _____ os convidados às lágrimas. (levou / levaram)

19. Uma pesquisa de psicólogos especializados _______ que a maioria dos casamentos não se
_______ depois de 2 anos. (revelou / revelaram – mantém / mantêm)

20. A maior parte dos maridos _____ pela esposa durante as partidas de futebol.
(é provocada / são provocados)

21. Mais de uma esposa ___________ dos maridos. (reclama – reclamam)

Concordância Nominal

Regra geral
Os artigos, os pronomes, os numerais e os adjetivos concordam com o substantivo a que eles
se referem.

Casos especiais
Adjetivo + substantivos de gênero diferente: concordância com o termo mais próximo.
•• Aquele professor ensina complicadas regras e conteúdos.
complicados conteúdos e regras.
•• Notei caídas as camisas e os prendedores.
•• Notei caída a camisa e os prendedores.
•• Notei caído o prendedor e a camisa.

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Concordância Verbal e Nominal – Português – Prof. Carlos Zambeli

Substantivos de gêneros diferentes + adjetivo: concordância com o termo mais próximo ou uso
do masculino plural.
•• A Casa do Concurseiro anunciou a professora e o funcionário homenageado.
•• A Casa do Concurseiro anunciou a professora e o funcionário homenageados.
•• A Casa do Concurseiro anunciou o funcionário e a professora homenageada.

3. Anexo
•• Seguem anexos os valores do orçamento.
•• As receitas anexas devem conter comprovante.

4. Obrigado – adjetivo
•• “Muito obrigada”, disse a nova funcionária pública!

5. Só
•• “O impossível é só questão de opinião e disso os loucos sabem, só os loucos sabem.”
(Chorão)
•• “Eu estava só, sozinho! Mais solitário que um paulistano, que um canastrão na hora
que cai o pano”
•• “Bateu de frente é só tiro, porrada e bomba.” (Valesca Popozuda)

Observação!
A locução adverbial a sós é invariável.

6. Bastante
Adjetivo = vários, muitos
Advérbio = muito, suficiente
•• Entregaram bastantes problemas nesta repartição.
•• Trabalhei bastante.
•• Tenho bastantes razões para estudar na Casa do Concurseiro!

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7. TODO, TODA – qualquer
•• TODO O , TODA A – inteiro
•• “Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.” (Teatro Mágico)
•• Todo o investimento deve ser aplicado nesta empresa.

8. É bom, é necessário, é proibido, é permitido


Com determinante = variável
Sem determinante = invariável
•• Vitamina C é bom para saúde.
•• É necessária aquela dica na véspera da prova.
•• Neste local, é proibido entrada de pessoas estranhas.
•• Neste local, é proibida a entrada de pessoas estranhas.

9. Meio
Adjetivo = metade
Advérbio = mais ou menos
•• Comprei meio quilo de picanha.
•• Isso pesa meia tonelada.
•• O clima estava meio tenso.
•• Ana estava meio chateada.

10. Menos e Alerta


Sempre invariáveis
•• Meus professores estão sempre alerta.
•• Tayane tem menos bonecas que sua amiga.

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Concordância Verbal e Nominal – Português – Prof. Carlos Zambeli

1. Complete as lacunas com a opção mais adequada:


a) É _________ (proibido OU proibida) conversa durante a aula.
b) É _________ (proibido OU proibida) a conversa durante a aula.
c) Não é ______ (permitido OU permitida) a afixação de propagandas.
d) Saída a qualquer hora, neste curso, não é _____ (permitido OU permitida).
e) No curso, bebida não é _____ (permitido OU permitida).
f) Crise econômica não é ____ (bom OU boa) para o governo.
g) Bebeu um litro e ________ (meio OU meia) de cachaça.
h) Respondeu tudo com __________ (meio OU meias) palavras.
i) Minha colega ficou ___________ (meio OU meia) angustiada.
j) Ana estava ___________ (meio OU meia) estressada depois da prova.
k) Nesta turma há alunos _________ (meio OU meios) irrequietos.
l) Eles comeram ______________ (bastante OU bastantes).
m) Os alunos saíram da prova _________ (bastante OU bastantes) cansados.
n) Já temos provas _______ (bastante OU bastantes) para incriminá-lo.
o) Os alunos ficam _____ (só OU sós).

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Português

Regência Nominal e Verbal

A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os
complementam (objetos diretos e objetos indiretos) ou as circunstâncias (adjuntos adverbiais).
Um verbo pode assumir valor semântico diferente com a simples mudança ou retirada de uma
preposição.

Verbos Intransitivos

Os verbos intransitivos não possuem complemento. São verbos significativos, capazes de


constituir o predicado sozinhos. Sua semântica é completa.
•• O balão subiu.
•• O cão desapareceu desde ontem.
•• Aquela geleira derreteu no inverno passado.

Verbos Transitivos Diretos

Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos diretos. Isso significa que não
exigem preposição para o estabelecimento da relação de regência.
•• Zambeli comprou livros nesta loja.
•• Pedro ama, nesta loja, as promoções de inverno.

Verbos Transitivos Indiretos

Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que
esses verbos exigem uma preposição para o estabelecimento da relação de regência.
•• Edgar Abreu necessita de férias nesta semana.
•• Pedro confia em Kátia sempre!

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Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos

Há verbos que admitem duas construções: uma transitiva direta, outra indireta, sem que isso
implique modificações de sentido. Ou seja, possuem dois complementos: um OD e um OI.
•• Tereza ofereceu livros a Zambeli.
•• O professor emprestou aos alunos desta turma alguns livros novos.

Verbos de Ligação

Esse tipo de verbo tem a função de ligar o sujeito a um estado, a uma característica. A
característica atribuída ao sujeito por intermédio do verbo de ligação chama-se predicativo do
sujeito.
Uma maneira prática de se identificar o verbo de ligação é exclui-lo da oração e observar se
nesta continua a existir uma unidade significativa: Minha professora está atrasada. → Minha
professora atrasada.
São, habitualmente, verbos de ligação: ser, estar, ficar, parecer, permanecer, continuar, tornar-
se, achar-se, acabar...

Pronome relativo

QUE:
Retoma pessoas ou coisas.

•• André Vieira, que me ensinou Constitucional, é uma grande professor!

•• Os arquivos das provas de que preciso estão no meu email.

•• O colega em que confio é o Dudan.

Função sintática dos pronomes relativos

Sujeito
•• Os professores que se prepararam para a aula foram bem avaliados.

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Português – Regência Nominal e Verbal – Prof. Carlos Zambeli

Objeto direto

•• Chegaram as apostilas que comprei no site.

Objeto indireto

•• Aqui há tudo de que você precisa para o concurso.

Complemento nominal

•• São muitas aprovações de que a Casa do Concurseiro é capaz.

Predicativo do sujeito

•• Reconheço a grande mulher que você é.

Agente da passiva

•• Aquela é a turma do curso por que foste homenageado?

Adjunto adverbial

•• Este é o curso em que trabalho de segunda a sábado!

QUEM:
Só retoma pessoas. Um detalhe importante: sempre antecedido por preposição.

•• A professora em quem tu acreditas pode te ajudar.

•• O amigo de quem Pedro precisará não está em casa.

•• O colega a quem encontrei no concurso foi aprovado.

O QUAL:
Existe flexão de gênero e de número: OS QUAIS, A QUAL, O QUAL, AS QUAIS.

•• O chocolate de que gosto está em falta.

•• O chocolate do qual gosto está em falta.

•• A paixão por que lutarei.

•• A paixão pela qual lutarei.

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•• A prova a que me refiro foi anulada.

•• A prova à qual me refiro foi anulada.

CUJO:
Indica uma ideia de posse. Concorda sempre com o ser possuído.

•• A prova cujo assunto eu não sei será amanhã!

•• A professora com cuja crítica concordo estava me orientando.

•• A namorada a cujos pedidos obedeço sempre me abraça forte.

ONDE:
Só retoma lugar. Sinônimo de EM QUE

•• O país aonde viajarei é perto daqui.

•• O problema em que estou metido pode ser resolvido ainda hoje.

•• O lugar onde deixo meu carro fica próximo daqui.

Assistir
VTD: ajudar, dar assistência:

•• O policial não assistiu as vítimas durante a prova = O policial não as assistiu...

•• O conselho tutelar assiste todas as crianças.

VTI: ver, olhar, presenciar (prep. A obrigatória):

•• Assistimos ao vídeo no youtube = Assistimos a ele.

•• O filme a que eu assisti chama-se “ Intocáveis”.

Pagar e Perdoar
VTD: OD – coisa:

•• Pagou a conta.

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Português – Regência Nominal e Verbal – Prof. Carlos Zambeli

VTI: OI – A alguém:

•• Pagou ao garçom.

VTDI: alguma COISA A ALGUÉM:

•• Pagou a dívida ao banco.

•• Pagamos ao garçom as contas da mesa.

Querer
VTD – desejar, almejar:

•• Eu quero esta vaga para mim.

VTI – estimar, querer bem, gostar:

•• Quero muito aos meus amigos.

•• Quero a você, querida!

Implicar
VTD: acarretar, ter consequência

•• Passar no concurso implica sacrifícios.

•• Essas medidas econômicas implicarão mudanças na minha vida.

VTI: ter birra, implicância

•• Ela sempre implica com meus amigos!

Preferir
VTDI: exige a prep. A= X a Y

•• Prefiro concursos federais a concursos estaduais.

Ir, Voltar, Chegar


Usamos as preposições A ou DE ou PARA com esses verbos.

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•• Chegamos a casa.

•• Foste ao curso.

Esquecer-se, Lembrar-se: VTI (DE)


Esquecer, Lembrar: VTD
•• Eu nunca me esqueci de você!

•• Esqueça aquilo.

•• O aluno cujo nome nunca lembro foi aprovado.

•• O aluno de cujo nome nunca me lembro foi aprovado.

Aspirar
VTD – respirar

•• Naquele lugar, ele aspirou o perfume dela.

•• O cheiro que aspiramos era do gás!

VTI – desejar, pretender

•• Alexandre aspira ao sucesso nos concursos!

•• O cargo a que todos aspiram está neste concurso.

Obedecer/ desobedecer
VTI = prep. A

•• Zambeli nunca obedece ao sinal de trânsito.

Constar
(A) No sentido de “ser composto de”, constrói-se com a preposição DE:

•• A prova do concurso constará de trinta questões objetivas.

(B) No sentido de “estar incluído, registrado”, constrói-se com a preposição EM:

•• Seu nome consta na lista de aprovados do concurso!

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Português – Regência Nominal e Verbal – Prof. Carlos Zambeli

Visar
VTD – quando significa “mirar”

•• O atirador visou o alvo certo!

VTD – quando significa “assinar”

•• Você já visou o chegue?

VTI – quando significar “ almejar, ter por objetivo”

•• Visamos ao sucesso no vestibular de verão!

•• A vaga a que todos visam está desocupada.

Proceder
VTI (a) – iniciar, dar andamento.

•• Logo procederemos à reunião.

VTI (de) – originar-se.

•• Ele procede de boa família.

VI – ter lógica.

•• Teus argumentos não procedem.

Usufruir – VTD
•• Usufrua os benefícios da fama!

Namorar – VTD
•• Namoro Ana há cinco anos!

Simpatizar/ antipatizar – VTI


•• Eu simpatizei com ela.

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Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um substantivo, adjetivo ou advérbio transitivos e seu


respectivo complemento nominal. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição.
Deve-se considerar que muitos nomes seguem exatamente a mesma regência dos verbos
correspondentes. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime
dos nomes cognatos. Por exemplo, obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição a: obedecer a algo/a alguém; obediência a algo/a
alguém; obediente a algo/a alguém; obedientemente a algo/a alguém.

admiração a, por horror a


atentado a, contra impaciência com
aversão a, para, por medo a, de
bacharel em, doutor em obediência a
capacidade de, para ojeriza a, por
devoção a, para com, por proeminência sobre
dúvida acerca de, em, sobre respeito a, com, para com, por

Distinção entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal


a) Somente os substantivos podem ser acompanhados de adjuntos adnominais; já os
complementos nominais podem ligar-se a substantivos, adjetivos e advérbios. Logo, o ermo
ligado por preposição a um adjetivo ou a um advérbio só pode ser complemento nominal.

b) O complemento nominal equivale a um complemento verbal, ou seja, só se relaciona a


substantivos cujos significados transitam. Portanto, seu valor é passivo, é sobre ele que
recai a ação. O adjunto adnominal tem sempre valor ativo.

•• A vila aguarda a construção da escola.

•• A autor fez uma mudança de cenário.

•• Observamos o crescimento da economia.

•• Assaltaram a loja de brinquedos.

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Português

Crase

Eles foram à praia no fim de semana (A prep. + A artigo)


A aluna à qual me refiro é estudiosa (A prep. + A do pronome relativo A Qual)
A minha blusa é semelhante à de Maria (A prep. + A pronome demonstrativo)
Ele fez referência àquele aluno (A prep. + A pronome demonstrativo Aquele).

Ocorre crase

1. Substitua a palavra feminina por outra masculina correlata; em surgindo a combinação AO,
haverá crase.
•• Eles foram à praia.
•• O menino não obedeceu à professora.
•• Sou indiferente às críticas!

2. Substitua os demonstrativos Aqueles(s), Aquela(s), Aquilo por A este(s), A esta(s), A isto;


mantendo-se a lógica, haverá crase.
•• Ele fez referência àquele aluno.
•• Aquele: Refiro-me àquele rapaz.
•• Aquela: Dei as flores àquela moça!
•• Aquilo: Refiro-me àquilo que me contastes

3. Nas locuções prepositivas, conjuntivas e adverbiais.


à frente de; à espera de; à procura de; à noite; à tarde; à esquerda; à direita; às vezes; às pressas;
à medida que; à proporção que; à toa; à vontade, etc.
•• Pagamos a vista / à vista.
•• Tranquei a chave / à chave.
•• Estudaremos a sombra / à sombra.

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4. Na indicação de horas determinadas: deve-se substituir a hora pela expressão “meio-dia”;
se aparecer AO antes de “meio-dia”, devemos colocar o acento, indicativo de crase no A.
•• Ele saiu às duas horas e vinte minutos. (ao meio dia)
•• Ele está aqui desde as duas horas. (o meio-dia).

5. Antes de nome próprio de lugares, deve-se colocar o verbo VOLTAR; se dissermos VOLTO
DA, haverá acento indicativo de crase; se dissermos VOLTO DE, não ocorrerá o acento.
•• Vou à Bahia. (volto da). Vou a São Paulo (volto de).

Observação:
Se o nome do lugar estiver acompanhado
de uma característica (adjunto
adnominal), o acento será obrigatório.

•• Vou a Portugal. Vou à Portugal das grandes navegações.

6. Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais


A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se o
verbo que rege esses pronomes exigir a preposição "a", haverá crase.
•• São regras às quais todos os funcionários devem obedecer.
•• Esta foi a conclusão à qual Pedro Kuhn chegou.
•• A novela à qual assisto passa também na internet.

7. Crase com o Pronome Demonstrativo "a“


•• Minha crise é ligada à dos meus irmãos
•• Suas lutas não se comparam as dos jovens de hoje.
•• As frases são semelhantes às da minha ex-namorada.

8. Se a palavra "distância" estiver determinada, especificada, o "a" deve ser acentuado.


Observe:
•• A cidade fica à distância de 70 km daqui (determinada).
•• A cidade fica a grande distância daqui (não-determinada).

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Crase – Português – Prof. Carlos Zambeli

Crase Opcional

1. Antes de nomes próprios femininos.


•• Entreguei o presente a Ana (ou à Ana).

2. Depois da preposição ATÉ.


•• Fui até a escola. (ou até à escola).

3. Antes de pronomes possessivos femininos adjetivos no singular.


•• Fiz alusão a minha amiga (ou à minha amiga). Mas não fiz à sua.

Não ocorre crase

1. Antes de palavras masculinas.


•• Ele saiu a pé.
•• Barco a vapor.

2. Antes de verbos.
•• Estou disposto a colaborar com ele.
•• Produtos a partir de R$ 1,99.

3. Antes de artigo indefinido.


•• Fomos a uma lanchonete no centro.

4. Depois de preposição diferente de A


•• Eles foram para a praia.
•• Ficaram perante a torcida após o gol.

5. Antes de alguns pronomes


•• Passamos os dados do projeto a ela.
•• Eles podem ir a qualquer restaurante.
•• Refiro-me a esta aluna.
•• A pessoa a quem me dirigi estava atrapalhada.
•• O restaurante a cuja dona me referi é ótimo.

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6. Quando o A estiver no singular e a palavra a que ele se refere estiver no plural.
•• Refiro-me a pessoas que são competentes.
•• Entregaram tudo a secretárias do curso.

7. Em locuções formadas pela mesma palavra.


•• Tomei o remédio gota a gota.
•• A vítima ficou cara a cara com o ladrão.

Utilize o acento indicativo de crase quando necessário.


a) Chegamos a ideia de que a regra não se refere a pessoas jovens.
b) A todo momento, damos sinais de que nos apegamos a vida.
c) Ela elevou-se as alturas.
d) Os alunos davam valor as normas da escola.
e) As duas horas as pegaríamos a frente da escola.
f) Ele veio a negócios e precisa falar a respeito daquele assunto.
g) Foi a Bahia, depois a São Paulo e a Porto Alegre.
h) Eles tinham a mão as provas que eram necessárias.
i) Graças a vontade de um companheiro de trabalho, reformulamos a agenda da semana.
j) Refiro-me a irmã do colega e as cunhadas, mas nada sei sobre a mãe dele.
k) Aderiu a turma a qual todos aderem.
l) A classe a qual pertenço é a única que não fará a visita aquela praia.
m) Não podemos ignorar as catástrofes do mundo e deixar a humanidade entregue a própria
sorte.
n) Somos favoráveis as orientações dos professores.
o) O ser humano é levado a luta que tem por meta a resolução das questões relativas a
sobrevivência.
p) Sou a favor da preservação das baleias.
q) Fique a espera do chefe, pois ele chegará as 14h.
r) A situação a que me refiro tornou-se complexa, sujeita a variadas interpretações.
s) Após as 18h, iremos a procura de auxilio.
t) Devido a falta de quorum, suspendeu-se a sessão.
u) As candidatas as quais foram oferecidas as bolsas devem apresentar-se até a data marcada.

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Crase – Português – Prof. Carlos Zambeli

v) Dedicou-se a uma atividade beneficente, relacionada a continuidade do auxílio as camadas


mais pobres da população.
w) Se você for a Europa, visite os lugares a que o material turístico faz referência.
x) Em relação a matéria dada, dê especial atenção aquele caso em que aparece a crase.
y) Estaremos atendendo de segunda a sexta, das 8h as 19h.
z) A pessoa a quem me refiro dedica-se a arte da cerâmica.

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Português

Sintaxe do período

Coordenativas: Ligam orações independentes, ou seja, que possuem sentido completo.

1. Aditivas: Expressam ideia de adição, soma, acréscimo.


São elas: e, nem,não só... mas também, mas ainda, etc.
•• “A alegria evita mil males e prolonga a vida.” (Shakespeare)

•• “No banquete da vida a amizade é o pão, e o amor é o vinho”

•• Não avisaram sobre o feriado, nem cancelaram as aulas.

2. Adversativas: Expressam ideia de oposição, contraste.


São elas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, não obstante, etc.

•• “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.” (Martin Luther
King)

•• “Todos caem; apenas os fracos, porém, continuam no chão.” (Bob Marley)

3. Alternativas: Expressam ideia de alternância ou exclusão.


São elas; ou, ou... ou, ora... ora, quer... quer, etc.
•• “Toda ação humana, quer se torne positiva, quer negativa, precisa depender de
motivação.” (Dalai Lama)

•• Ora estuda com disposição, ora dorme em cima das apostilas.

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4. Conclusivas: Expressam ideia de conclusão ou uma ideia consequente do que se disse
antes. São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, assim, de modo que, em vista
disso então, pois (depois do verbo) etc.

•• Apaixonou-se; deve, pois, sofrer em breve.

•• “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se
chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente
viver.” (Dalai Lama)

5. Explicativas: A segunda oração dá a explicação sobre a razão do que se afirmou na primeira


oração. São elas: pois, porque, que.

•• “Não faças da tua vida um rascunho, pois poderás não ter tempo de passá-la a limpo.”
(Mario Quintana)

•• “Prepara, que agora é a hora do show das poderosas.” (Chico Buarque #sqn)

•• Edgar devia estar nervoso, porque não parava de gritar na aula.

Subordinativas: ligam orações dependentes, de sentido incompleto, a uma oração principal


que lhe completa o sentido. Podem ser adverbiais, substantivas e adjetivas; neste caso,
estudaremos as conjunções que introduzem as orações subordinadas adverbiais.

1. Causais: Expressam ideia de causa, motivo ou a razão do fato expresso na oração principal.
São elas: porque, porquanto, posto que, visto que, já que, uma vez que, como, etc.

•• “Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.” (Willian


Shakespeare)

•• “Que eu possa me dizer do amor (que tive): que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure.” (Vinicius de Morais)

2. Comparativas: Estabelecem uma comparação com o elemento da oração principal. São


elas: como, que (precedido de “mais”, de “menos”, de “tão”), etc.

•• “Como arroz e feijão, é feita de grão em grão nossa felicidade.” (Teatro Mágico)

•• “Esses padres conhecem mais pecados do que a gente...” (Mario Quintana)

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Sintaxe do Período – Português – Prof. Carlos Zambeli

3. Condicionais: Expressam ideia de condição ou hipótese para que o fato da oração principal
aconteça. São elas: se, caso, exceto se, a menos que, salvo se, contanto que, desde que,
etc.
“Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres, enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...” (Mario Quintana)

•• “A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria
inventado a roda..” (Mario Quintana)

4. Consecutivas: Expressam ideia de consequência ou efeito do fato expresso na oração


principal. São elas: que (precedido de termo que indica intensidade: tão, tal, tanto, etc.), de
modo que, de sorte que, de maneira que, etc.

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.” (Fernando Pessoa)

•• A gente é tão cúmplice um do outro que nem precisa se olhar!

5. Conformativas: Expressam ideia de conformidade ou acordo em relação a um fato expresso


na oração principal. São elas: conforme, segundo, consoante, como.

•• “Os homens estimam-vos conforme a vossa utilidade, sem terem em conta o vosso
valor” (Balzac)

•• Como tínhamos imaginado, a Casa do Concurseiro sempre é a melhor opção.

6. Concessivas: Expressam ideia de que algo que se esperava que acontecesse, contrariamente
às expectativas, não acontece. São elas: embora, conquanto, ainda que, se bem que,
mesmo que, apesar de que, etc.

•• “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” (Vinicius de
Moraes)

•• “É sempre amor, mesmo que mude. É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que
passou.” (Bidê ou balde)

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7. Finais: Expressam ideia de finalidade. São elas: a fim de que, para que, que, etc.

“Para ser grande, sê inteiro; nada teu exagera ou exclui;


Sê todo em cada coisa; põe quanto és
No mínimo que fazes;
Assim em cada lago, a lua toda
Brilha porque alta vive.” (Fernando Pessoa)

•• As pessoas devem estudar para que seus sonhos se realizem.

8. Proporcionais: Expressam ideia de proporção, simultaneidade. São elas: à medida que, à


proporção que, ao passo que, etc.

•• Ao passo que o tempo corre, mais nervoso vamos ficando.

9. Integrantes: Introduzem uma oração que integra ou completa o sentido do que foi expresso
na oração principal. São elas: que, se.

•• “Mas o carcará foi dizer à rosa que a luz dos cristais vem da lua nova e do girassol.”
(Natiruts)

•• “Eu não quero que você esqueça que eu gosto muito de você” (Natiruts)

10. Temporais: expressam anterioridade, simultaneidade, posteridade relativas ao que vem


expresso na oração principal. São elas: quando, enquanto, assim que, desde que, logo que,
depois que, antes que, sempre que, etc.

•• “Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti .” (Tim Maia)

•• “Só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você.” (Teatro Mágico)

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Português

Pontuação

Emprego da Vírgula

Na ordem direta da oração (sujeito + verbo + complemento(s) + adjunto adverbial), NÃO use
vírgula entre os termos. Isso só ocorrerá ao deslocarem-se o predicativo ou o adjunto adverbial.
•• As pessoas desta turma enviaram as dicas de Português aos colegas no domingo.

•• As pessoas desta turma enviaram aos colegas as dicas de Português no domingo.

Dica Zambeliana = Não se separam por vírgulas


•• predicado de sujeito = Restam, dúvidas sobre a matéria!

•• objeto de verbo = Informei, ao grupo, o sério problema.

•• adjunto adnominal de nome = A prova, do concurso, estava acessível!

Entre os termos da oração

1. Para separar itens de uma série. (Enumeração)

•• Na páscoa, preciso comer também alface, rúcula, brócolis, cenoura, tomate, chocolate!

•• Tempo é um recurso raro, valioso e não renovável.

2. Para assinalar supressão de um verbo.


•• Ele vê filmes no youtube; eu, no cinema.

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3. Para separar o adjunto adverbial deslocado.

•• "O preço que se paga, às vezes, é alto demais…"

•• No próximo domingo, farei meu concurso!

•• O tomate, em razão da sua abundância, vem caindo de preço.

Observação: Se o adjunto adverbial for pequeno, a utilização da vírgula não é necessária, a não
ser que se queira enfatizar a informação nele contida.
•• Ontem comemoramos o seu aniversário.

4. Para separar o aposto.

•• Sempre dei dois conselhos: viva muito e seja feliz!

•• São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.

5. Para separar o vocativo.

•• Colega, você pode me emprestar esta caneta?

6. Para separar expressões explicativas, retificativas, continuativas, conclusivas ou enfáticas


(aliás, além disso, com efeito, enfim, isto é, em suma, ou seja, ou melhor, por exemplo,
etc.).

•• As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão
dos lucros altos.

•• Preciso estudar, ou seja, adeus final de semana.

Entre as orações
1. Para separar orações coordenadas assindéticas.

•• ”Não me falta cadeira, não me falta sofá, só falta você sentada na sala, só falta você
estar.” (Arnaldo Antunes)

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Pontuação – Português – Prof. Carlos Zambeli

2. As orações coordenadas devem sempre ser separadas por vírgula. Orações coordenadas
são as que indicam adição (e, nem, mas também), alternância (ou, ou ... ou, ora ... ora),
adversidade (mas, porém, contudo...), conclusão (logo, portanto...) e explicação (porque,
pois).

•• Todos os alunos gostarão dessa dica, no entanto não há chances de ser cobrada na
prova.

3. Para separar orações coordenadas sindéticas ligadas por “e”, desde que os sujeitos sejam
diferentes.
•• As pessoas assistiam ao protestos pacificamente, e a polícia respeitava a todos.

•• Os sentimentos podem mudar com o tempo e as pessoas não entendem isso!

4. Para separar orações adverbiais, especialmente quando forem longas.


•• Em determinado momento, ele ficou bastante estressado, porque não encontrava vaga
para estacionar.

5. Para separar orações adverbiais antepostas à principal ou intercaladas, tanto desenvolvidas


quanto reduzidas.
•• Como pretendia retirar-se logo, aproximou-se da porta.

•• Nossas intenções, conforme todos podem comprovar, são as melhores.

6. Orações Subordinadas Adjetivas


Podem ser:
a) Restritivas: Delimitam o sentido do substantivo antecedente (sem vírgula). Encerram uma
qualidade que não é inerente ao substantivo.

•• As frutas que apodreceram foram descartadas no lixo.

•• Os protestos que ocorreram em 2013 podem voltar!

•• As rosas que são vermelhas embelezam o planeta.

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b) Explicativas: Explicações ou afirmações adicionais ao antecedente já definido plenamente
(com vírgula). Encerram uma qualidade inerente ao substantivo.

•• A telefonia móvel, que facilitou a vida do homem moderno, provocou também


situações constrangedoras.

•• Os cachorros, que são peludos, devem ser bem tratados neste canil.

•• As rosas, que são perfumadas, embelezam o planeta.

Emprego do Ponto-e-Vírgula

1. Para separar orações que contenham várias enumerações já separadas por vírgula ou que
encerrem comparações e contrastes.
•• Os jogadores estavam suados, nervosos, procurando a vitória; os espectadores
gritavam, incentivavam o time, exigiam resultados; o treinador angustiava-se, projetava
substituições.

2. Para separar orações em que as conjunções adversativas ou conclusivas estejam deslocadas.


•• As pessoas educadas, todavia, não suportaram aquela atitude.

•• Considere-se, portanto, livre deste compromisso.

•• Esperava encontrar todos os conteúdos na prova; enxerguei, porém, apenas alguns

3. Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
etc.), substituindo, assim, a vírgula.
•• Gostaria de estudar hoje; todavia, só chegarei perto dos livros amanhã.

Emprego dos Dois-Pontos


1. Para anunciar uma citação.
•• Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."
2. Para anunciar uma enumeração, um aposto, uma explicação, uma consequência ou um
esclarecimento.
•• Sempre tive três grandes amigos: Edgar, Pedro e Sérgio.

•• Não há motivo para preocupações: tudo já está resolvido.

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Português

Tempos e Modos Verbais – Verbos

Tempos verbais do Indicativo

1. Presente – é empregado para expressar um fato que ocorre no momento em que se fala;
para expressar algo frequente, habitual; para expressar um fato passado, geralmente
nos textos jornalísticos e literários (nesse caso, trata-se de um presente que substitui o
pretérito).
“Não vejo mais você faz tanto tempo. Que vontade que eu sinto de olhar em seus olhos, ganhar
seus abraços. É verdade, eu não minto.” (Caetano Veloso)
“Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido palavras de amor.” (Roberto Carlos)

2. Pretérito Perfeito – revela um fato concluído, iniciado e terminado no passado.


“Pra você guardei o amor que nunca soube dar. O amor que tive e vi sem me deixar sentir sem
conseguir provar.” (Nando Reis)
“Ela parou, olhou, sorriu, me deu um beijo e foi embora.” (Natiruts)

3. Pretérito Imperfeito – pode expressar um fato no passado, mas não concluído ou uma ação
que era habitual, que se repetia no passado.
“Quando criança só pensava em ser bandido, ainda mais quando com um tiro de soldado o pai
morreu. Era o terror da sertania onde morava...” (Legião)

4. Pretérito mais-que-perfeito – expressa um fato ocorrido no passado, antes de outro


também passado.
“E se lembrou de quando era uma criança e de tudo o que vivera até ali.” (Legião)
Eu já reservara a passagem, quando ele desistiu da viagem.

5. Futuro do presente – indica um fato que vai ou não ocorrer após o momento em que se
fala.
“Verás que um filho teu não foge à luta”. (Hino Nacional)
Os professores comentarão a prova depois do concurso.

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6. Futuro do pretérito – expressar um fato futuro em relação a um fato passado, habitualmente
apresentado como condição. Pode indicar também dúvida, incerteza.
“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você.”
“Eu aceitaria a vida como ela é, viajaria a prazo pro inferno, eu tomaria banho gelado no
inverno.” (Frejat)

Tempos verbais do Subjuntivo

1. Presente – expressa um fato atual exprimindo possibilidade, um fato hipotético


Espero que o André Vieira faça um churrasco.

Talvez eu volte com você.


Só quero que ela retorne para mim.

2. Pretérito imperfeito – expressa um fato passado dependente de outro fato passado.

“Mas se eu ficasse ao seu lado de nada adiantaria. Se eu fosse um cara diferente sabe lá como
eu seria.” (Engenheiros)

3. Futuro – indica uma ação hipotética que poderá ocorrer no futuro. Expressa um fato futuro
relacionado a outro fato futuro.

Se eu fizer 18 acertos, passarei.


Se vocês se concentrarem, a aula termina mais cedo!
Disse-me que fará quando puder.
“Quando o segundo sol chegar...” (Nando Reis)

Cuidado com eles!

Ter – tiver – Se ela mantiver a calma, passará!

Ver – vir – Quando ela vir a bagunça, ficará brava!

Vir – vier – Se isso lhe convier, será interessante!

Pôr – puser – Se você dispuser de tempo, faça o curso.

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Português – Tempos e Modos Verbais/ verbos – Prof. Carlos Zambeli

Imperativo

Presente do IMPERATIVO Presente do IMPERATIVO


indicativo AFIRMATIVO Subjuntivo NEGATIVO
EU QUE EU NÃO
TU QUE TU NÃO
ELE QUE ELE NÃO
NÓS QUE NÓS NÃO
VÓS QUE VÓS NÃO
ELES QUE ELES NÃO

1. EU

2. Ele = você
Eles = vocês

3. Presente do indicativo = tu e vós – S = Imperativo Afirmativo

4. Presente do subjuntivo (Que) – completa o restante da tabela.

Exercícios

1. Complete
a) Ele ____________ no debate. Porém, eu não _____________ (intervir – pretérito perfeito)
b) Se eles não ___________ o contrato, não haveria negócio. (manter)
c) Se o convite me _____________, aceitarei. (convir)
d) Se o convite me _____________, aceitaria. (convir)
e) Quando eles __________ o convite, tomarei a decisão. (propor)
f) Se eu ____________ de tempo, aceitarei a proposta. (dispor)
g) Se eu ______________ de tempo, aceitaria a proposta. (dispor)
h) Se elas __________ minhas pretensões, faremos o acordo. (satisfazer)
i Ainda bem que tu _________ a tempo. (intervir – pretérito perfeito)
j) Quem se ____________ de votar deverá comparecer ao TRE. (abster –futuro do subjuntivo)
k) Quando eles __________ a conta, perceberão o erro. (refazer)
l) Se eles _______________ a conta, perceberiam o erro. (refazer)
m) Quando não te ____________, assinaremos o contrato. (opor)
n) Se eu ___________ rico, haveria de ajudá-lo. (ser )
o) Espero que você _______ mais atenção a nós. (dar )
p) Se ele ________________ no caso, poderia resolver o problema. (intervir)
q) Eu não __________ nesta cadeirinha! ( caber – presente indicativo)

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r) Se nós ____________ sair, poderíamos. (querer)
s) Quando ela ___________ o namorado com outra, vai ficar uma fera! (ver – futuro do
subjuntivo)
t) e ela __________ aqui com o namorado, poderá se hospedar aqui. (vir – futuro do subj.)

2. Complete as lacunas com a forma do imperativo mais adequada:

a) Por favor, ___________ à minha sala, preciso falar com você. (vir)
b) __________ para nós. Participe do nosso programa. (ligar)
c) __________ agora os documentos que lhe pedimos hoje. (enviar)
d) __________ a sua boca e ________ quieto. (calar e ficar)
e) _______ até o guichê 5 para receber a sua ficha de inscrição. (ir)
f) _______ a sua casa e _______ o dinheiro num fundo. (vender e pôr)
g) _______ o seu trabalho e ________ os resultados. (fazer e ver)
h) Vossa Excelência está muito nervoso. _________ calma. (ter)
i) Só me resta lhe dizer uma coisa: ________ feliz. (ser)

3. Complete
a) Já lhe avisei! ____________ esse objeto com cuidado. (pegar)
b) Já te avisei! _____________ esse objeto com cuidado. (pegar)
c) Vocês aí! ________________ com mais entusiasmo. (cantar)

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Português

Identificação da Ideia Central

Trata-se de realizar “compreensão” de textos, ou seja, estabelecer relações com os


componentes envolvidos em dado enunciado, a fim de que se estabeleçam a apreensão e a
compreensão por parte do leitor.

Interpretar x Compreender

INTERPRETAR é COMPREENDER é
•• Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, •• Intelecção, entendimento, percepção
inferir. do que está escrito.
•• APARECE ASSIM NA PROVA •• APARECE ASSIM NA PROVA
•• Através do texto, infere-se que... •• é sugerido pelo autor que
•• É possível deduzir que... •• De acordo com o texto, é correta ou
•• O autor permite concluir que errada a afirmação
•• Qual é a intenção do autor ao afirmar •• O narrador afirma
que

Procedimentos

Enunciados Possíveis
“Qual é a ideia central do texto?”
“O texto se volta, principalmente, para”

Observação de
1. Fonte bibliográfica;
2. Autor;
3. Título;
4. Identificação do “tópico frasal”;
5. Identificação de termos de aparecimento frequente (comprovação do tópico);
6. Procura, nas alternativas, das palavras-chave destacadas no texto.

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EXEMPLIFICANDO
Banho de mar é energizante?
Embora não existam comprovações científicas, muitos especialistas acreditam que os banhos
de mar tragam benefícios à saúde. “A água marinha, composta por mais de 80 elementos
químicos, alivia principalmente as tensões musculares, graças à presença de sódio em sua
composição, por isso pode ser considerada energizante”, afirma a terapeuta Magnólia Prado de
Araújo, da Clínica Kyron Advanced Medical Center, de São Paulo. “Além disso, as ondas do mar
fazem uma massagem no corpo que estimula a circulação sanguínea periférica e isso provoca
aumento da oxigenação das células”, diz Magnólia.
Existe até um tratamento, chamado talassoterapia (do grego thalasso, que significa mar), surgido
em meados do século IX na Grécia, que usa a água do mar como seu principal ingrediente.
Graças à presença de cálcio, zinco, silício e magnésio, a água do mar é usada para tratar doenças
como artrite, osteoporose e reumatismo. Já o sal marinho, rico em cloreto de sódio, potássio e
magnésio, tem propriedades cicatrizantes e antissépticas. Todo esse conhecimento, no entanto,
carece de embasamento científico. “Não conheço nenhum trabalho que trate desse tema com
seriedade, mas intuitivamente creio que o banho de mar gera uma sensação de melhora e
bem-estar”, diz a química Rosalinda Montoni, do Instituto Oceanográfico da USP.
Revista Vida Simples.

1. Fonte bibliográfica: revista periódica de circulação nacional. O próprio nome da revista –


Vida Simples – indica o ponto de vista dos artigos nela veiculados.
2. O fato de o texto não ser assinado permite-nos concluir que se trata de um EDITORIAL
(texto opinativo) ou de uma NOTÍCIA (texto informativo).
3. O fato de o título do texto ser uma pergunta permite-nos concluir que o texto constitui-se
em uma resposta (geralmente, nos primeiros períodos).
4. Identificação do tópico frasal: percebido, via de regra, no 1º e no 2º períodos, por meio das
palavras-chave (expressões substantivas e verbais): não existam / comprovações científicas /
especialistas acreditam / banhos de mar / benefícios à saúde.
5. Identificação de termos cujo aparecimento frequente denuncia determinado enfoque
do assunto: água marinha / alivia tensões musculares / pode ser considerada energizante /
terapeuta / ondas do mar / estimula a circulação sanguínea / aumento da oxigenação das células
/ talassoterapia / água do mar / tratar doenças / conhecimento / carece de embasamento
científico.

1. Qual é a ideia central do texto acima?


a) Os depoimentos científicos sobre as propriedades terapêuticas do banho de mar são
contraditórios.
b) Molhar-se com água salgada é energizante, mas há necessidade de cuidados com infecções.
c) O banho de mar tem uma série de propriedades terapêuticas, que não têm comprovação
científica.
d) Os trabalhos científicos sobre as propriedades medicinais do banho de mar têm publicações
respeitadas no meio científico.
e) A água do mar é composta por vários elementos químicos e bactérias que atuam no sistema
nervoso.

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Identificação da Ideia Central – Português – Prof. Carlos Zambeli

Conclusão
1. Ideia central = palavra-chave 1º e 2º períodos.

2. Comprovação = campo lexical.

3. Resposta correta = a mais completa


(alternativa com maior número de palavras-chave destacadas no texto).

Campo Lexical

Conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento.


Exemplo:
•• Medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação
•• Concurso, prova, gabarito, resultado, candidato, gabarito

EXEMPLIFICANDO
Trecho do discurso do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, pronunciado quando da
declaração de guerra ao regime Talibã.
“Essa atrocidade (o atentado de 11/09, em NY) foi um ataque contra todos nós, contra pessoas
de todas e nenhuma religião. Sabemos que a Al-Qaeda ameaça a Europa, incluindo a Grã-
Bretanha, e qualquer nação que não compartilhe de seu fanatismo. Foi um ataque à vida e aos
meios de vida. As empresa aéreas, o turismo e outras indústrias foram afetadas, e a confiança
econômica sofreu, afetando empregos e negócios britânicos. Nossa prosperidade e padrão de
vida requerem uma resposta aos ataques terroristas.”

2. Nessa declaração, destacaram-se principalmente os interesses de ordem


a) moral.
b) militar.
c) jurídica.
d) religiosa.
e) econômica.

Gabarito: 1. C 2. E

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Português

Estratégia Linguística

Que que é isso?


Genericamente, estratégias textuais, linguísticas e discursivas seriam "táticas", "escolhas" do
falante/ escritor com relação ao modo como ele se utiliza da linguagem. 
As estratégias textuais dizem respeito especificamente à construção do texto – oral ou escrito
–, considerando que o texto é uma tessitura de linguagem que se enquadra em determinada
esfera e gênero, que detém sentido para o falante e para o interlocutor, e que depende de
certas características (como coesão e coerência) para ser adequadamente construído e
apropriadamente chamado de texto.
As estratégias linguísticas estão mais diretamente ligadas à linguagem em sua acepção
estruturalista/formalista: léxico, sintaxe, prosódia. As estratégias discursivas dizem respeito à
linguagem enquanto discurso, ou seja, interação, envolvendo sujeitos, contexto, condições de
produção.

(Gazeta do Povo, online. 05.03.2009)

www.acasadoconcurseiro.com.br 73
1. Palavras Desconhecidas = Paráfrases e Campo Semântico

Paráfrase é a reescritura do texto, mantendo-se o mesmo significado, sem prejuízo do sentido


original.
A paráfrase pode ser construída por várias formas:
•• substituição de locuções por palavras;
•• uso de sinônimos;
•• mudança de discurso direto por indireto e vice-versa;
•• conversão da voz ativa para a passiva;
•• emprego de antonomásias ou perífrases (Machado de Assis = O bruxo do Cosme Velho; o
povo lusitano = portugueses).

EXEMPLIFICANDO

1. Como o “interior” é uma região mais ampla e tem população rarefeita, a expressão “se
dissemina” está sendo empregada com o sentido de “se atenua”, “se dissolve”.
Como regra, a epidemia começa nos grandes centros e se dissemina pelo interior. A incidência
nem sempre é crescente; a mudança de fatores ambientais pode interferir em sua escalada.
( ) Certo ( ) Errado

Epidemia: manifestação muito numerosa de qualquer fato ou conduta; proliferação


generalizada.
Disseminar: espalhar(-se), difundir(-se), propagar(-se).

2. Supondo que a palavra “eclético” seja desconhecida para o leitor, a melhor estratégia de que
ele pode valer-se para tentar detectar o seu significado será
O sucesso deveu-se ao caráter eclético de sua administração. Pouco se lhe dava que lhe
exigissem sua opinião. Sua atitude consistia sempre em tomar uma posição escolhida entre as
diversas formas de conduta ou opinião manifestadas por seus assessores.
a) aproximá-la de outras palavras da língua portuguesa que tenham a mesma terminação
como “político” e “dinâmico”.
b) considerá-la como qualificação de profissionais que atuam na administração de alguma
empresa.
c) associá-la às palavras “sucesso” e “caráter”, de forma a desvendar o seu sentido correto,
“que ofusca, que obscurece os demais”.
d) observar o contexto sintático em que ela ocorre, ou seja, trata-se de um adjunto adnominal.
e) atentar para a paráfrase feita no segundo período.

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2. Observação de palavras de cunho categórico: Advérbios & Artigos

3. Seria mantida a coerência entre as ideias do texto caso o segundo período sintático fosse
introduzido com a expressão Desse modo, em lugar de “De modo geral”
Na verdade, o que hoje definimos como democracia só foi possível em sociedades de tipo
capitalista, mas não necessariamente de mercado. De modo geral, a democratização das
sociedades impõe limites ao mercado, assim como desigualdades sociais em geral não
contribuem para a fixação de uma tradição democrática.
( ) Certo ( ) Errado

4. Por meio da afirmativa destacada, o autor


Os ecos da Revolução do Porto haviam chegado ao Brasil e bastaram algumas semanas para
inflamar os ânimos dos brasileiros e portugueses que cercavam a corte. Na manhã de 26 de
fevereiro, uma multidão exigia a presença do rei no centro do Rio de Janeiro e a assinatura
da Constituição liberal. Ao ouvir as notícias, a alguns quilômetros dali, D. João mandou fechar
todas as janelas do palácio São Cristóvão, como fazia em noites de trovoadas.
a) exprime uma opinião pessoal taxativa a respeito da atitude do rei diante da iminência da
Revolução do Porto.
b) critica de modo inflexível a atitude do rei, que, acuado, passa o poder para as mãos do
filho. de modo inflexível – loc. adverbial
c) demonstra que o rei era dono de uma personalidade intempestiva, que se assemelhava a
uma chuva forte.
d) sugere, de modo indireto, que o rei havia se alarmado com a informação recebida.
e) utiliza-se de ironia para induzir o leitor à conclusão de que seria mais do que justo depor o
rei. mais do que justo – expressão adverbial

5. Do fragmento Foi o outro grande poeta chileno, infere-se que houve apenas dois grandes
poetas no Chile.
Há cem anos nasceu o poeta mais popular de língua espanhola, com uma obra cuja força
lírica supera todos os seus defeitos. Sem dúvida, há um “problema Pablo Neruda”. Foi o outro
grande poeta chileno, seu contemporâneo Nicanor Parra (depois de passar toda uma longa vida
injustamente à sombra de Neruda), quem o formulou com maliciosa concisão.
( ) Certo ( ) Errado

6. Assinale a opção correta.


Mas, como toda novidade, a nanociência está assustando. Afinal, um material com
características incríveis poderia também causar danos incalculáveis ao homem ou ao meio
ambiente. No mês passado, um grupo de ativistas americanos tirou a roupa para protestar
contra calças nanotecnológicas que seriam superpoluentes.
a) Coisas novas costumam provocar medo nas pessoas.
b) Produtos criados pela nanotecnologia só apresentam pontos positivos.
c) Os danos ao meio ambiente são provocados pela nanotecnologia.
d) Os ativistas mostraram que as calças nanotecnológicas provocam poluição.

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3. Marcadores Linguísticos
•• expressões que indicam soma ou alternância: não só... mas também, ou, etc.;
•• expressões de acréscimo, de progressão, de continuidade ou de inclusão: até, além disso,
desde, etc.;
•• preposições: até (inclusão ou limite), com (companhia ou matéria), de (diversas relações:
tempo, lugar, causa, etc.), desde (tempo, lugar, etc.), entre (intervalo, relação, etc.), para
(lugar, destinatário, etc.), etc.;
•• Exemplos matemáticos: lançado do alto / lançado para o alto; números de 12 a 25 /
números entre 12 e 25.

EXEMPLIFICANDO
7. Assinale a alternativa que encontra suporte no texto.
Profetas do possível
Até que ponto é possível prever o futuro? Desde a Antiguidade, o desafio de antecipar o dia de
amanhã tem sido o ganha-pão dos bruxos, dos místicos e dos adivinhos. Ainda hoje, quando
o planeta passa por mudanças cada vez mais rápidas e imprevisíveis, há quem acredite que 
é possível dominar as incertezas da existência por  meio das cartas do tarô e da posição dos
astros. Esse tipo de profecia nada tem a ver com a Ciência. Os cientistas também apontam seus
olhos para o futuro, todavia de uma maneira diferente. Eles avaliam o estágio do  saber de
sua própria época para projetar as descobertas que se podem esperar. Observam a natureza
para reinventá-la a serviço do homem.
Superinteressante
a) O articulador “até” indica o limite de previsibilidade do futuro.
b) A partir da Antiguidade, prever a sorte passou a ser a ocupação de místicos de toda ordem.
c) Profecias e Ciência são absolutamente incompatíveis.
d) Além das cartas de tarô e da posição dos astros, os crédulos atuais buscam saber o futuro
por meio da consulta a bruxos.
e) Os cientistas não só observam a natureza – como o fazem os místicos –, mas também
buscam moldá-la às necessidades humanas, considerando o estágio atual do conhecimento.
Gabarito: 1. E 2. E 3. E 4. D 5. C 6. A 7. E

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Estratégia linguística 2 (agora vai)

1. Observação de palavras de cunho categórico:

•• Tempos verbais
•• Expressões restritivas
•• Expressões totalizantes
•• Expressões enfáticas

Tempos Verbais

1. É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-
sucedidos na profissão.
O emprego das formas verbais grifadas acima denota
Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É uma tendência
que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que entrem na
faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão.
O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É
esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente,
que consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar. Se ainda for pouco, que
atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de encargos mais cruel para
a pobre criança.
a) hipótese passível de realização.
b) fato real e definido no tempo.
c) condição de realização de um fato.
d) finalidade das ações apontadas no segmento.
e) temporalidade que situa as ações no passado.

2. Provoca-se incoerência textual e perde-se a noção de continuidade da ação ao se substituir a


expressão verbal vem produzindo por tem produzido.
Na verdade, a integração da economia mundial — apontada pelas nações ricas e seus prepostos
como alternativa única — vem produzindo, de um lado, a globalização da pobreza e, de outro,
uma acumulação de capitais jamais vista na história, o que permite aos grandes grupos
empresariais e financeiros atuar em escala mundial, maximizando oportunidades e lucros.
( ) Certo ( ) Errado

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Expressões Restritivas

3. Depreende-se da argumentação do texto que o autor considera as instituições como as únicas


“características fixas” aceitáveis de “democracia”.
Na verdade, o que hoje definimos como democracia só foi possível em sociedades de tipo ca-
pitalista, mas não necessariamente de mercado. De modo geral, a democratização das socie-
dades impõe limites ao mercado, assim como desigualdades sociais em geral não contribuem
para a fixação de uma tradição democrática. Penso que temos de refletir um pouco a respeito
do que significa democracia. Para mim, não se trata de um regime com características fixas,
mas de um processo que, apesar de constituir formas institucionais, não se esgota nelas. [...]
Renato Lessa. Democracia em debate. In: Revista Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 (com
adaptações).

( ) Certo ( ) Errado

4. Considerado corretamente o trecho, o segmento grifado em A colonização do imaginário não


busca nem uma coisa nem outra deve ser assim entendido:
Posterior, e mais recente, foi a tentativa, por parte de alguns historiadores, de abandonar uma
visão eurocêntrica da “conquista” da América, dedicando-se a retraçá-la a partir do ponto de
vista dos “vencidos”, enquanto outros continuaram a reconstituir histórias da instalação de
sociedades europeias em solo americano. Antropólogos, por sua vez, buscaram nos documentos
produzidos no período colonial informações sobre os mundos indígenas demolidos pela
colonização. A colonização do imaginário não busca nem uma coisa nem outra.
(Adaptado de PERRONE-MOISÉS, Beatriz, Prefácio à edição brasileira de GRUZINSKI, Serge, A
colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no México espanhol (séculos XVI-
XVIII)).

a) não tenta investigar nem o eurocentrismo, como o faria um historiador, nem a presença
das sociedades europeias em solo americano, como o faria um antropólogo.
b) não quer reconstituir nada do que ocorreu em solo americano, visto que recentemente
certos historiadores, ao contrário de outros, tentam contar a história do descobrimento da
América do modo como foi visto pelos nativos.
c) não pretende retraçar nenhum perfil − dos vencidos ou dos vencedores − nem a trajetória
dos europeus na conquista da América.
d) não busca continuar a tradição de pesquisar a estrutura dos mundos indígenas e do mundo
europeu, nem mesmo o universo dos colonizadores da América.
e) não se concentra nem na construção de uma sociedade europeia na colônia − quer
observada do ponto de vista do colonizador, quer do ponto de vista dos nativos −, nem no
resgate dos mundos indígenas.

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Expressões Totalizantes

5. De acordo com o texto, no tratamento da questão da biodiversidade no Planeta,


A biodiversidade diz respeito tanto a genes, espécies, ecossistemas como a funções e coloca
problemas de gestão muito diferenciados. É carregada de normas de valor. Proteger a
biodiversidade pode significar:
•• a eliminação da ação humana, como é a proposta da ecologia radical;
•• a proteção das populações cujos sistemas de produção e de cultura repousam num dado
ecossistema;
•• a defesa dos interesses comerciais de firmas que utilizam a biodiversidade como matéria
prima, para produzir mercadorias.
a) o principal desafio é conhecer todos os problemas dos ecossistemas.
b) os direitos e os interesses comerciais dos produtores devem ser defendidos,
independentemente do equilíbrio ecológico.
c) deve-se valorizar o equilíbrio do ambiente, ignorando-se os conflitos gerados pelo uso da
terra e de seus recursos.
d) o enfoque ecológico é mais importante do que o social, pois as necessidades das populações
não devem constituir preocupação para ninguém.
e) há diferentes visões em jogo, tanto as que consideram aspectos ecológicos, quanto as que
levam em conta aspectos sociais e econômicos.

6. A argumentação do texto desenvolve-se no sentido de se compreender a razão por que


Quando alguém ouve que existem tantas espécies de plantas no mundo, a primeira reação
poderia ser: certamente, com todas essas espécies silvestres na Terra, qualquer área com um
clima favorável deve ter tido espécies em número mais do que suficiente para fornecer muitos
candidatos ao desenvolvimento agrícola.
Mas então verificamos que a grande maioria das plantas selvagens não é adequada por
motivos óbvios: elas servem apenas como madeira, não produzem frutas comestíveis e suas
folhas e raízes também não servem como alimento. Das 200.000 espécies de plantas selvagens,
somente alguns milhares são comidos por humanos e apenas algumas centenas dessas são mais
ou menos domesticadas. Dessas várias centenas de culturas, a maioria fornece suplementos
secundários para nossa dieta e não teriam sido suficientes para sustentar o surgimento de
civilizações. Apenas uma dúzia de espécies representa mais de 80% do total mundial anual
de todas as culturas no mundo moderno. Essas exceções são os cereais trigo, milho, arroz,
cevada e sorgo; o legume soja; as raízes e os tubérculos batata, mandioca e batata-doce; fontes
de açúcar como a cana-de-açúcar e a beterraba; e a fruta banana. Somente os cultivos de
cereais respondem atualmente por mais da metade das calorias consumidas pelas populações
humanas do mundo.
Com tão poucas culturas importantes, todas elas domesticadas milhares de anos atrás, é menos
surpreendente que muitas áreas no mundo não tenham nenhuma planta selvagem de grande
potencial. Nossa incapacidade de domesticar uma única planta nova que produza alimento nos
tempos modernos sugere que os antigos podem ter explorado praticamente todas as plantas
selvagens aproveitáveis e domesticado aquelas que valiam a pena.
(Jared Diamond. Armas, germes e aço)

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a) existiria uma dúzia de exceções dentre todas as espécies de plantas selvagens que seriam
monopólio das grandes civilizações.
b) tão poucas dentre as 200.000 espécies de plantas selvagens são utilizadas como alimento
pelos homens em todo o planeta.
c) algumas áreas da Terra mostraram-se mais propícias ao desenvolvimento agrícola, que
teria possibilitado o surgimento de civilizações.
d) a maior parte das plantas é utilizada apenas como madeira pelos homens e não lhes fornece
alimento com suas frutas e raízes.
e) tantas áreas no mundo não possuem nenhuma planta selvagem de grande potencial para
permitir um maior desenvolvimento de sua população.

Expressões Enfáticas
7. A afirmativa correta, em relação ao texto, é
Será a felicidade necessária?
Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas felicidade é pesada. Diante da pergunta
"Você é feliz?", dois fardos são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma
definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que pode ir da simples satisfação
de gozar de boa saúde até a conquista da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em
busca de uma resposta.
Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha ganhado um aumento no emprego
no dia anterior, o mundo parecerá belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio
e perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo aumento de salário, e se
há algo imprescindível, na difícil conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma
resposta consequente exige colocar na balança a experiência passada, o estado presente e a
expectativa futura. Dá trabalho, e a conclusão pode não ser clara.
Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É uma tendência
que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que entrem na
faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão.
O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É
esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente,
que consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar. Se ainda for pouco, que
atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de encargos mais cruel para
a pobre criança.
(Trecho do artigo de Roberto Pompeu de Toledo. Veja. 24 de março de 2010, p. 142)
a) A expectativa de muitos, ao colocarem a felicidade acima de quaisquer outras situações da
vida diária, leva à frustração diante dos pequenos sucessos que são regularmente obtidos,
como, por exemplo, no emprego.
b) Sentir-se alegre por haver conquistado algo pode significar a mais completa felicidade, se
houver uma determinação, aprendida desde a infância, de sentir-se feliz com as pequenas
coisas da vida.
c) As dificuldades que em geral são encontradas na rotina diária levam à percepção de que a
alegria é um sentimento muitas vezes superior àquilo que se supõe, habitualmente, tratar-
se de felicidade absoluta.

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d) A possibilidade de que mais pessoas venham a sentir-se felizes decorre de uma educação
voltada para a simplicidade de vida, sem esperar grandes realizações, que acabam levando
apenas a frustrações.
e) Uma resposta provável à questão colocada como título do texto remete à constatação de
que felicidade é um estado difícil de ser alcançado, a partir da própria complexidade de
conceituação daquilo que se acredita ser a felicidade.

Geralmente, a alternativa correta (ou a mais viável) é construída por meio de palavras e de
expressões “abertas”, isto é, que apontam para “possibilidades”, “hipóteses”: provavelmente,
é possível, futuro do pretérito do indicativo, modo subjuntivo, futuro do pretérito (-ria) etc.

EXEMPLIFICANDO

8. Acerca do texto, são feitas as seguintes afirmações:


No Brasil colonial, os portugueses e suas autoridades evitaram a concentração de escravos de
uma mesma etnia nas propriedades e nos navios negreiros.
Essa política, a multiplicidade linguística dos negros e as hostilidades recíprocas que trouxeram
da África dificultaram a formação de grupos solidários que retivessem o patrimônio cultural
africano, incluindo-se aí a preservação das línguas.
Porém alguns senhores aceitaram as práticas culturais africanas – e indígenas – como um mal
necessário à manutenção dos escravos. Pelo imperativo de convertê-los ao catolicismo, alguns
clérigos aprenderam as línguas africanas [...]. Outras pessoas, por se envolverem com o tráfico
negreiro [...], devem igualmente ter-se familiarizado com as línguas dos negros.
I – os portugueses impediram totalmente a concentração de escravos da mesma etnia nas
propriedades e nos navios negreiros.
II – a política dos portugueses foi ineficiente, pois apenas a multiplicidade cultural dos negros,
de fato, impediu a formação de núcleos solidários.
III – Apesar do empenho dos portugueses, a cultura africana teve penetração entre alguns
senhores e clérigos. Cada um, é bem verdade, tinha objetivos específicos para tanto.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

9. Considere as afirmações feitas acerca do texto:


Macaco Esperto
Chimpanzés, bonobos e gorilas possuem uma função cerebral relacionada à fala que se pensava
exclusiva do ser humano. Isso sugere que a evolução da estrutura cerebral da fala começou
antes de primatas e humanos tomarem caminhos distintos na linha da evolução. O mais perto
que os primatas chegaram foi gesticular com a mão direita ao emitir grunhidos.

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I – de acordo com o segundo período, a evolução da estrutura cerebral da fala está diretamente
relacionada ao fato de esta ser atribuída tão somente aos humanos.
II – os seres cujos caminhos tornaram-se distintos durante o processo evolutivo possuem
ambos função cerebral relacionada à fala.
III – a estrutura cerebral dos primatas e dos humanos, em relação à fala, teria um ponto em
comum.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

Gabarito: 1. A 2. E 3. E 4. E 5. E 6. C 7. E 8. C 9. D

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Português

Inferência

Que que é isso?


INFERÊNCIA – ideias implícitas, sugeridas, que podem ser depreendidas a partir da leitura do
texto, de certas palavras ou expressões contidas na frase.
Enunciados – “Infere-se”, Deduz-se”, “Depreende-se”,
Uma inferência incorreta é conhecida como uma falácia.

Observe a seguinte frase:


Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.

O autor transmite 2 informações de maneira explícita:


a) que ele frequentou um curso superior;
b) que ele aprendeu algumas coisas.

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Ao ligar as duas informações por meio de “mas”, comunica também, de modo implícito, sua
crítica ao ensino superior, pois a frase transmite a ideia de que nas faculdades não se aprende
muita coisa.
Além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que se encontram
subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto
os dados explícitos quanto os implícitos.

1. “O tempo continua ensolarado”,


Comunica-se, de maneira explícita, que, no momento da fala, faz sol, mas, ao mesmo tempo, o
verbo “continuar” permite inferir que, antes, já fazia sol.

2. “Pedro deixou de fumar”


Afirma-se explicitamente que, no momento da fala, Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia,
transmite a informação implícita de que Pedro fumava antes.

1. A leitura atenta da charge só não nos permite depreender que


a) é possível interpretar a fala de Stock de duas maneiras.
b) Wood revela ter-se comportado ilicitamente.
c) há vinte anos, a sociedade era mais permissiva.
d) as atividades de Wood eram limitadas.
e) levando-se em conta os padrões morais de nossa sociedade, uma das formas de entender a
fala de Stock provoca riso no leitor.

2. Observe a frase que segue:


É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um ataque norte-coreano.
Sobre ela, são feitas as seguintes afirmações:
I – O conteúdo explícito afirma que há necessidade da construção de mísseis, com a finalidade
de defesa contra o ataque norte-coreano.
II – O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é o de que os norte-coreanos
pretendem atacar o Ocidente.
III – O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é o de que a negociação com os
norte-coreanos é o único meio de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.

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Inferência – Português – Prof. Carlos Zambeli

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

Inferência Verbal X Não-verbal

Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores linguísticos como
a) certos advérbios:
Os convidados ainda não chegaram à recepção.

Pressuposto: Os convidados já deviam ter chegado ou os convidados chegarão mais tarde.

b) certos verbos:
O desvio de verbas tornou-se público.

Pressuposto: O desvio não era público antes.

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c) as orações adjetivas explicativas (isoladas por vírgulas):
Os políticos, que só querem defender seus interesses, ignoram o povo.

Pressuposto: Todos os políticos defendem tão somente seus interesses.

d) expressões adjetivas:
Os partidos “de fachada” acabarão com a democracia no Brasil.

Pressuposto: Existem partidos “de fachada” no Brasil.

Costuma-se acreditar que , quando se relatam dados da realidade, não pode haver nisso
subjetividade alguma e que relatos desse tipo merecem a nossa confiança porque são reflexos
da neutralidade do produtor do texto e de sua preocupação com a verdade objetiva dos fatos.
Mas não é bem assim. Mesmo relatando dados objetivos, o produtor do texto pode ser
tendencioso e ele, mesmo sem estar mentindo, insinua seu julgamento pessoal pela seleção
dos fatos que está reproduzindo ou pelo destaque maior que confere a certos pormenores. A
essa escolha dos fatos e à ênfase atribuída acertos tipos de pormenores dá-se o nome de viés.

3. Infere-se do texto que


a) o ato de informar pode ser manipulado em função da defesa de interesses pessoais de
quem escreve.
b) a ausência de viés compromete a carga de veracidade de dados da realidade.
c) a atitude de neutralidade é meio indispensável para a boa aceitação de uma notícia.
d) o escritor tendencioso põe em risco sua posição perante o público.
e) o bom escritor tem em mira a verdade objetiva dos fatos. 

4. Infere-se ainda o texto que


a) uma mensagem será tanto mais aceita quanto maior for a imparcialidade do escritor.
b) o escritor, fingindo neutralidade, será mais capaz de interessar o leitor.
c) o interesse da leitura centraliza-se na análise dos pormenores relatados.
d) o viés introduz uma nota de humor na transmissão de uma mensagem.
e) o leitor deve procurar reconhecer todo tipo de viés naquilo que lê.

Gabarito: 1. C 2. D 3. A 4. A

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Português

ANÁLISE DE ALTERNATIVAS/ITENS

COMPREENSÃO DE TEXTOS

Estabelecimento de relações entre os componentes envolvidos em dado enunciado. Assinalar


a resposta correta consiste em encontrar, no texto, as afirmações feitas nas alternativas, e vice-
versa.

PROCEDIMENTOS DE APREENSÃO DO TEXTO


1. Leitura da fonte bibliográfica;
2. leitura do título;
3. leitura do enunciado;
4. leitura das afirmativas;
5. destaque das palavras-chave das afirmativas;
6. procura, no texto, das palavras-chave destacadas nas alternativas.

Será a felicidade necessária? (2)


Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas felicidade é pesada. Diante da
pergunta "Você é feliz?", dois fardos são lançados às costas do inquirido. O primeiro é
procurar uma definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que pode ir
da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista da bem-aventurança. O
segundo é examinar-se, em busca de uma resposta.
Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha ganhado um aumento no
emprego no dia anterior, o mundo parecerá belo e justo; caso se esteja com dor de dente,
parecerá feio e perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo aumento
de salário, e se há algo imprescindível, na difícil conceituação de felicidade, é o caráter de
(6) permanência. Uma resposta consequente exige colocar na balança a experiência passada,
o estado presente e a expectativa futura. Dá trabalho, e a conclusão pode não ser clara.
Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É uma
tendência que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que
entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na
profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa
grandiosa. É esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se
não for suficiente, que consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar.
Se ainda for pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno
de encargos mais cruel para a pobre criança.
(Trecho do artigo de Roberto Pompeu de Toledo. Veja. 24 de março de 2010, p. 142) (1)

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(1) Observação da fonte bibliográfica: o conhecimento prévio de quem escreveu o texto
constitui-se numa estratégia de compreensão, visto que facilita a identificação da intenção
textual. Ao reconhecermos o autor do texto – Roberto Pompeu de Toledo, importante jornalista
brasileiro, cuja trajetória se marca pelo fato de escrever matérias especiais para importantes
veículos e comunicação – bem como o veículo de publicação – Veja –, podemos afirmar que se
trata de um artigo.
(2) Observação do título: o título pode constituir o menor resumo possível de um texto. Por
meio dele, certas vezes, identificamos a ideia central do texto, sendo possível, pois, descartar
afirmações feitas em determinadas alternativas. O título em questão – Será a felicidade
necessária? –, somado ao fato de nomear um artigo, permite-nos inferir que o texto será uma
resposta a tal questionamento, a qual evidenciará o ponto de vista do autor.

1. De acordo com o texto, (3)


•• Devido à expressão “De acordo com”, podemos afirmar que se trata, tão somente, de
compreender o texto.
•• Outras expressões possíveis: “Segundo o texto”, “Conforme o texto”, “Encontra suporte no
texto”, ...
Assim sendo,
Compreensão do texto: RESPOSTA CORRETA = paráfrase MAIS COMPLETA daquilo que foi
afirmado no texto.
Paráfrase: versão de um texto, geralmente mais extensa e explicativa, cujo objetivo é torná-lo
mais fácil ao entendimento.

1. De acordo com o texto,


a) a realização pessoal que geralmente faz parte da vida humana, como o sucesso no trabalho,
costuma ser percebida como sinal de plena felicidade.
b) as atribuições sofridas podem comprometer o sentimento de felicidade, pois superam os
benefícios de conquistas eventuais.
c) o sentimento de felicidade é relativo, porque pode vir atrelado a circunstâncias diversas da
vida, ao mesmo tempo que deve apresentar constância.
d) as condições da vida moderna tornam quase impossível a alguma pessoa sentir-se feliz,
devido às rotineiras situações da vida.
e) muitos pais se mostram despreparados para fazer com que seus filhos planejem sua vida
no sentido de que sejam, realmente, pessoas felizes.

Convite à Filosofia
Quando acompanhamos a história das ideias éticas, desde a Antiguidade clássica até nossos
dias, podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios
para evitá-la, diminuí-la, controlá-la.
Diferentes formações sociais e culturais instituíram conjuntos de valores éticos como padrões
de conduta, de relações intersubjetivas e interpessoais, de comportamentos sociais que
pudessem garantir a integridade física e psíquica de seus membros e a conservação do grupo
social.

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Português – Análise de Alternativas/Itens – Prof. Carlos Zambeli

Evidentemente, as várias culturas e sociedades não definiram nem definem a violência da


mesma maneira, mas, ao contrário, dão-lhe conteúdos diferentes, segundo os tempos e os
lugares. No entanto, malgrado as diferenças, certos aspectos da violência são percebidos da
mesma maneira, formando o fundo comum contra o qual os valores éticos são erguidos.
Marilena Chauí. In: Internet: <www2.uol.com.br/aprendiz> (com adaptações).

Julgue o item a seguir.


Conclui-se a partir da leitura do texto que, apesar de diferenças culturais e sociais, é por
meio dos valores éticos estabelecidos em cada sociedade que se conserva o grupo social e se
protegem seus membros contra a violência.
( x ) Certo ( ) Errado
2º parágrafo

Conclusão
Resposta correta = a mais completa (alternativa com maior número de palavras-chave
encontradas no texto).
Optar pela alternativa mais completa, quando duas parecerem corretas.

EXEMPLIFICANDO
Centenas de cães e gatos são colocados para adoção mensalmente em Porto Alegre.
Cerca de 450 animais de estimação, entre cães e gatos, aguardam um novo dono em Porto
Alegre. Trata-se do contingente de animais perdidos, abandonados ou nascidos nas ruas
e entregues ao Gabea (Grupo de Apoio ao Bem-Estar Animal) e ao CCZ (Centro de Controle
de Zoonose), órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde. Destes, cerca de 120 animais são
adotados. Os outros continuam na espera por um lar.
O Sul. (adaptado)

Conforme o texto,
a) em Porto Alegre, cães e gatos são abandonados pelos seus donos. (3)
b) animais de estimação, entre eles cães e gatos nascidos nas ruas, são entregues ao Gabea.
(4)
c) um contingente de animais de estimação – entre eles cães e gatos – nasce nas ruas,
perdem-se de seus donos ou são por eles abandonados nas ruas de Porto Alegre. (6)
d) o CCZ propicia a adoção dos animais abandonados nas ruas de Porto Alegre. (4)
e) 120 animais de estimação são adotados mensalmente em Porto Alegre. (3)

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ANÁLISE DE ALTERNATIVAS/ITENS
Parte II

ERROS COMUNS COMPREENSÃO DE TEXTOS


O primeiro passo para acertar é entender o que está sendo pedido no enunciado e o que dizem
as alternativas ou itens. Algumas questões dão "pistas" no próprio enunciado. Assim sendo, é
fundamental "decodificar" os verbos que nele e nas alternativas se encontram.
Alguns verbos utilizados nos enunciados
•• Afirmar: certificar, comprovar, declarar.
•• Explicar: expor, justificar, expressar, significar.
•• Caracterizar: distinguir, destacar as particularidades.
•• Consistir: ser, equivaler, traduzir-se por (determinada coisa), ser feito, formado ou
composto de.
•• Associar: estabelecer uma correspondência entre duas coisas, unir-se, agregar.
•• Justificar: provar, demonstrar, argumentar, explicar.
•• Comparar: relacionar (coisas animadas ou inanimadas, concretas ou abstratas, da mesma
natureza ou que apresentem similitudes) para procurar as relações de semelhança ou de
disparidade que entre elas existam; aproximar dois ou mais itens de espécie ou de natureza
diferente, mostrando entre eles um ponto de analogia ou semelhança.
•• Relacionar: fazer comparação, conexão, ligação.
•• Definir: revelar, estabelecer limites, indicar a significação precisa de, retratar, conceituar,
explicar o significado.
•• Diferenciar: fazer ou estabelecer distinção entre, reconhecer as diferenças.
•• Identificar: distinguir os traços característicos de; reconhecer; permitir a identificação,
tornar conhecido.
•• Classificar: distribuir em classes e nos respectivos grupos, de acordo com um sistema ou
método de classificação; determinar a classe, ordem, família, gênero e espécie; pôr em
determinada ordem, arrumar (coleções, documentos etc.).
•• Referir-se: fazer menção, reportar-se, aludir-se.
•• Determinar: precisar, indicar (algo) a partir de uma análise, de uma medida, de uma
avaliação; definir.
•• Citar: transcrever, referir ou mencionar como autoridade ou exemplo ou em apoio do que
se afirma.
•• Indicar: fazer com que, por meio de gestos, sinais, símbolos, algo ou alguém seja visto;
assinalar, designar, mostrar.
•• Deduzir: concluir (algo) pelo raciocínio; inferir.
•• Inferir: concluir, deduzir.
•• Equivaler: ser idêntico no peso, na força, no valor etc.
•• Propor: submeter (algo) à apreciação (de alguém); oferecer como opção; apresentar,
sugerir.
•• Depreender: alcançar clareza intelectual a respeito de; entender, perceber, compreender;
tirar por conclusão, chegar à conclusão de; inferir, deduzir.
•• Aludir: fazer rápida menção a; referir-se.
(Fonte: dicionário Houaiss)

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Português – Análise de Alternativas/Itens – Prof. Carlos Zambeli

ERROS COMUNS COMPREENSÃO DE TEXTOS

EXTRAPOLAÇÃO
Ocorre quando o leitor sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
normalmente porque já conhecia o assunto devido à sua bagagem cultural.

PRECONCEITOS

EXEMPLIFICANDO
8Canudo pela Internet
O ensino a distância avança e já existem mais de 30 mil cursos oferecidos na rede, de graduação
e pós-graduação até economia doméstica.
Passados nove anos de sua graduação em filosofia, a professora Ida Thon, 54 anos, enfiou na
cabeça que deveria voltar a estudar. Por conta do trabalho no Museu Nacional do Calçado,
na cidade gaúcha de Novo Hamburgo, onde mora, resolveu ter noções de museologia. Mas
para isso deveria contornar uma enorme dificuldade: o curso mais próximo ficava a 1.200
quilômetros de distância, em São Paulo.

1. Assinale a alternativa cuja afirmação não encontra suporte no texto.


a) A solução encontrada por Ida lançou mão das novas tecnologias educacionais.
b) O problema enfrentado por Ida, bem como a solução por ela encontrada, faz parte da
realidade de muitas pessoas no Brasil.
c) A Educação a Distância já é uma realidade brasileira.
d) O ensino oferecido pela web abrange uma vasta gama de possibilidades, buscando atender
a variadas tendências intelectuais.
e) Os cursos oferecidos pela web não podem ser considerados de grande importância, tendo
em vista não contemplarem a modalidade presencial e abordarem tão somente aspectos
triviais do conhecimento.

REDUÇÃO
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de
que o texto é um conjunto de ideias.

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EXEMPLIFICANDO

Bichos para a Saúde


Está nas livrarias a obra O poder curativo dos bichos. Os autores, Marty Becker e Daniel Morton,
descrevem casos bem-sucedidos de pessoas que derrotaram doenças ou aprenderam a viver
melhor graças à ajuda de algum animalzinho. Cães, gatos e cavalos estão entre os bichos
citados.
(ISTO É)

2. De acordo com o texto,


a) pessoas que têm animais de estimação são menos afeitas a contrair doenças.
b) a convivência entre seres humanos e animais pode contribuir para a cura de males físicos
daqueles.
c) indivíduos que têm cães e gatos levam uma existência mais prazerosa.
d) apenas cães, gatos e cavalos são capazes de auxiliar o ser humano durante uma
enfermidade.
e) pessoas bem-sucedidas costumam ter animais de estimação.
(A) EXTRAPOLAÇÃO: contrair doenças ≠ derrotar doenças.
(C) REDUÇÃO: cães e gatos < animalzinho.
(D) REDUÇÃO: cães, gatos e cavalos < animalzinho.
(E) EXTRAPOLAÇÃO: pessoas bem-sucedidas > casos bem-sucedidos de pessoas que derrotaram
doenças.

CONTRADIÇÃO
É comum as alternativas apresentarem ideias contrárias às do texto, fazendo o candidato
chegar a conclusões equivocadas, de modo a errar a questão.
Só contradiga o autor se isso for solicitado no comando da questão.
Exemplo: “Indique a alternativa que apresenta ideia contrária à do texto”.

EXEMPLIFICANDO
O que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e ciência
verdadeira. Aquele que for alheio a essa emoção, aquele que não se detém a admirar as colinas,
sentindo-se cheio de surpresa, esse já está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. O
que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso – embora mesclado de terror. Saber
que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional e radiantemente
belo, algo que compreenderemos apenas em forma muito rudimentar – é esta a experiência
que constitui a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido,
pertenço aos homens profundamente religiosos.
(Albert Einstein – Como vejo o mundo)

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Português – Análise de Alternativas/Itens – Prof. Carlos Zambeli

3. O texto afirma que a experiência do mistério é um elemento importante para a arte, não para a
ciência.

( x ) Certo ( ) Errado

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Português

Compreensão Gramatical do Texto

Estabelecimento de relações entre os aspectos semânticos e gramaticais envolvidos em dado


anunciado.
Procedimentos

1. Leitura do enunciado e das alternativas;

2. identificação do aspecto gramatical apontado no enunciado e/ou na alternativa

3. Aplicação das técnicas de compreensão, inferência e vocabulário.


Os Pais de hoje constumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. [...] É irrelevante
que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos
na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora felicdade é coisa
grandiosa. É esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não
for suficiente, que consiga cumprir todos os desejos e ambições que venham a abrigar. Se ainda
for pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de encargos
mais cruel para a pobre criança
ORA:
Advérbio = nesta ocasião; AGORA; A lei, ora apresentada, proíbe a venda de armas.
Conjunção = Ou... ou...: Ora ria, ora chorava. / Entretanto, mas: Eu ofereci ajuda; ora, orgulhosa
como é, nem aceitou.
Interjeição = manifesta surpresa, ironia, irritação etc.

1. O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. Com
a palavra grifada, o autor
a) retoma o mesmo sentido do que foi anteriormente afirmado.
b) exprime reserva em relação à opinião exposta na afirmativa anterior.
c) coloca uma alternativa possível para a afirmativa feita anteriormente.
d) determina uma situação em que se realiza a probabilidade antes considerada.
e) estabelece algumas condições necessárias para a efetivação do que se afirma.

2. Por que, enfim, tantas reservas em relação ao consumo? O primeiro foco de explicação para essa
antipatia reside no fato de que nossa economia fechada sempre encurralou os consumidores
no país. A falta de um leque efetivo de opções de compra tem deixado os consumidores à

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mercê dos produtores no Brasil. Não por acaso, os apologistas do consumo entre nós têm
sido basicamente aqueles que podem exercer seu inchado poder de compra sem tomar
conhecimento das fronteiras nacionais. O resto da população, mantida em situação vulnerável,
ignora os benefícios de uma economia baseada no consumo.
A expressão “Não por acaso”, ao iniciar o período, indica
a) justificativa.
b) ênfase.
c) indagação.
d) concessão.
e) finalidade.

3. (FCC) A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia de ações do mundo,
criada em 1602 − foi a mãe das multinacionais contemporâneas.
O segmento isolado pelos travessões constitui, no contexto, comentário que
a) busca restringir o âmbito de ação de uma antiga empresa de comércio.
b) especifica as qualidades empresariais de uma companhia de comércio.
c) contém informações de sentido explicativo, referentes à empresa citada.
d) enumera as razões do sucesso atribuído a essa antiga empresa.
e) enfatiza, pela repetição, as vantagens oferecidas pela empresa.

4. (FCC) A gênese da música do Rio Grande do Sul também pode ser vista como reflexo dessa
multiplicidade de referências. Há influências diretas do continente europeu, e isso se mistura à
valiosa contribuição do canto e do batuque africano, mesmo tendo sido perseguido, vigiado,
quase segregado.
O segmento destacado deve ser entendido, considerando-se o contexto, como
a) uma condição favorável à permanência da música popular de origem africana.
b) uma observação que valoriza a persistente contribuição africana para a música brasileira.
c) restrição ao sentido do que vem sendo exposto sobre a música popular brasileira.
d) a causa que justifica a permanência da música de origem africana no Brasil.
e) as consequências da presença dos escravos e sua influência na música popular brasileira.

5. A média universal do Índice de Desenvolvimento Humano aumentou 18% desde 1990. Mas
a melhora estatística está longe de animar os autores do Relatório de 2010. [...] O cenário
apresentado pelo Relatório não é animador. [...] Os padrões de produção e consumo atuais são
considerados inadequados. Embora não queira apresentar receitas prontas, o Relatório traça
caminhos possíveis. Entre eles, o reconhecimento da ação pública na regulação da economia
para proteger grupos mais vulneráveis. Outro aspecto ressaltado é a necessidade de considerar
pobreza, crescimento e desigualdade como temas interligados. "Crescimento rápido não
deve ser o único objetivo político, porque ignora a distribuição do rendimento e negligencia a
sustentabilidade do crescimento", informa o texto.
O trecho colocado entre aspas indica que se trata de
a) comentário pessoal do autor do texto sobre dados do Relatório.
a) insistência na correção dos dados apresentados pelo Relatório.
c) repetição desnecessária de informação já citada no texto.

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Português – Compreensão Gramatical do Texto – Prof. Carlos Zambeli

d) transcrição exata do que consta no texto do Relatório de 2010.


e) resumo do assunto principal constante do Relatório de 2010.

6. O sonho de voar alimenta o imaginário do homem desde que ele surgiu sobre a Terra. A inveja
dos pássaros e as lendas de homens alados, como Dédalo e Ícaro (considerado o primeiro mártir
da aviação), levaram a um sem-número de experiências, a maioria fatal.
(considerado o primeiro mártir da aviação) Os parênteses isolam
a) citação fiel de outro autor.
b) comentário explicativo.
c) informação repetitiva.
d) retificação necessária.
e) enumeração de fatos.

5. (FCC) Diariamente tomamos decisões (comprar uma gravata, vender um apartamento, demitir
um funcionário, poupar para uma viagem, ter um filho, derrubar ou plantar uma árvore),
ponderando custos e benefícios.
O segmento entre parênteses constitui
a) transcrição de um diálogo, que altera o foco principal do que vem sendo exposto.
b) constatação de situações habituais, com o mesmo valor de mercado, vivenciadas pelas
pessoas.
c) reprodução exata das palavras do jornalista americano citado no texto, referentes à rotina
diária das pessoas.
d) interrupção intencional do desenvolvimento das ideias, para acrescentar informações
alheias ao assunto abordado.
e) sequência explicativa, que enumera as eventuais decisões que podem ser tomadas
diariamente pelas pessoas.

Gabarito: 1. b 2. a 3. c 4. b 5. d 6. b 7. e

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Português

Denotação X Conotação

O signo linguístico (a palavra) é constituído pelo significante – parte perceptível, constituída de


sons – e pelo significado (conteúdo) – a parte inteligível, o conceito. Por isto, numa palavra que
ouvimos, percebemos um conjunto de sons (o significante), que nos faz lembrar um conceito (o
significado).
Denotação: resultado da união entre o significante e o significado, ou entre o plano da
expressão e o plano do conteúdo.
Conotação: resultado do acréscimo de outros significados paralelos ao significado de base da
palavra, isto é, outro plano de conteúdo pode ser combinado com o plano da expressão. Esse
outro plano de conteúdo reveste-se de impressões, valores afetivos e sociais, negativos ou
positivos, reações psíquicas que um signo evoca.
Assim,
Denotação é a significação objetiva da palavra – valor referencial; é a palavra em "estado de
dicionário”
Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras
realidades devido às associações que ela provoca.

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO
palavra com significação restrita palavra com significação ampla
palavra com sentido comum do dicionário palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum
palavra usada de modo automatizado palavra usada de modo criativo
linguagem comum linguagem rica e expressiva

EXEMPLIFICANDO
Para exemplificar esses dois conceitos, eis a palavra cão:
sentido denotativo quando designar o animal mamífero quadrúpede canino;
sentido conotativo quando expressar o desprezo que desperta em nós uma pessoa de mau
caráter ou extremamente servil.
(Othon M.Garcia)

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Um detalhe!
As aspas podem indicar que uma palavra está sendo empregada diferentemente do
seu sentido do dicionário!
Eu sempre “namorei” meus livros!
A “bateria” do meu filho não termina nunca! Esse menino não dorme.

Música “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis.


“O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão
O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão”

1. Assinale o segmento em que NÃO foram usadas palavras em sentido figurado.


a) Lendo o futuro no passado dos políticos.
b) As fontes é que iam beber em seus ouvidos.
c) Eram 75 linhas que jorravam na máquina de escrever com regularidade mecânica.
d) Antes do meio-dia, a tarefa estava pronta.
e) Era capaz de cortar palavras com a elegância de um golpe de florete.

2. Marque a alternativa cuja frase apresenta palavra(s) empregada(s) em sentido conotativo:


a) O homem procura novos caminhos na tentativa de fixar suas raízes.
b) “Mas lá, no ano dois mil, tudo pode acontecer. Hoje, não.”
c) “... os planejadores fizeram dele a meta e o ponto de partida.”
d) “Pode estabelecer regras que conduzam a um viver tranquilo ...”
e) “Evidentemente, (...) as transformações serão mais rápidas.”

Sinônimos X Antônimos

A semântica é a parte da linguística que estuda o significado das palavras, a parte significativa
do discurso. Cada palavra tem seu significado específico, porém podemos estabelecer relações
entre os significados das palavras, assemelhando-as umas às outras ou diferenciando-as
segundo seus significados.

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Conotação e Denotação – Português – Prof. Carlos Zambeli

Sinônimos
Palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.

A bruxa prendeu os irmãos.

A feiticeira prendeu os irmãos.

Porém os sinônimos podem ser


•• perfeitos: significado absolutamente igual, o que não é muito frequente.
Ex.: morte = falecimento / idoso = ancião
•• imperfeitos: o significado das palavras é apenas semelhante.
Ex.: belo - formoso/ adorar – amar / fobia - receio

Antônimos
Palavras que possuem significados opostos, contrários. Pode originar-se do acréscimo de
um prefixo de sentido oposto ou negativo.
Exemplos: 
mal X bem
ausência X presença
fraco X forte
claro X escuro
subir X descer
cheio X vazio
possível X impossível
simpático X antipático

3. A palavra que pode substituir, sem prejuízo do sentido, “obviamente”, é


Julgo que os homens que fazem a política externa do Brasil, no Itamaraty, são excessivamente
pragmáticos. Tiveram sempre vida fácil, vêm da elite brasileira e nunca participaram, eles
próprios, em combates contra a ditadura, contra o colonialismo. Obviamente não têm a
sensibilidade de muitos outros países ou diplomatas que conheço.
a) Necessariamente
b) Realmente
c) Justificadamente
d) Evidentemente
e) Comprovadamente

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4. O texto se estrutura a partir de antíteses, ou seja, emprego de palavras ou expressões de sentido
contrário. O par de palavras ou expressões que não apresentam no texto essa propriedade
antitética é
Toda saudade é a presença da ausência
de alguém, de algum lugar, de algo enfim
Súbito o não toma forma de sim
como se a escuridão se pusesse a luzir
Da própria ausência de luz
o clarão se produz,
o sol na solidão.
Toda saudade é um capuz transparente
que veda e ao mesmo tempo traz a visão do que não se pode ver
porque se deixou pra trás
mas que se guardou no coração.
(Gilberto Gil)

a) presença / ausência
b) não / sim
c) ausência de luz / clarão
d) sol / solidão
e) que veda / traz a visão

Gabarito: 1. D 2. A 3. D 4. D

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Português

Elementos Referenciais

Estabelecem uma relação de sentido no texto, formando um elo coesivo entre o que está
dentro do texto e fora dele também. À retomada feita para trás dá-se o nome de anáfora e a
referência feita para a frente recebe o nome de catáfora.
Observe:

1. Carlos mora com a tia. Ele faz faculdade de Direito.


Ele – retomada de Carlos = anáfora.

2. Carlos ganhou um cachorro. O cachorro chama-se Lulu.


“Um cachorro”, informação para a frente = “o cachorro” = catáfora.

Mecanismos

1. REPETIÇÃO
“Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois tripulantes, além
de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um avião bimotor Aero Commander,
da empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR). O avião prefixo PTI-EE caiu sobre quatro
sobrados da Rua Andaquara.”
A palavra AVIÃO foi repetida, principalmente por ele ter sido o veículo envolvido no acidente,
que é a notícia propriamente dita.

2. REPETIÇÃO PARCIAL
“Estavam no avião o empresário Silvio Name Júnior [...] Gabriela Gimenes Ribeiro e o marido
dela, João Izidoro de Andrade. Andrade é conhecido na região como um dos maiores
compradores de cabeças de gado do Sul do país.”
Na retomada de nomes de pessoas, a repetição parcial é o mais comum mecanismo coesivo.
Costuma-se, uma vez citado o nome completo de alguém, repetir somente o seu sobrenome.

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1. A sequência em negrito (globalização do olho da rua. É a globalização do bico. É a globalização
do dane-se.) caracteriza a globalização a partir da desestruturação do mundo do trabalho. Do
ponto de vista dos recursos da linguagem é correto afirmar que, no contexto, ocorre uma
a) gradação, com a suavização das dificuldades.
b) contradição, entre os modos de sobrevivência do desempregado.
c) ênfase, com a intensificação da afirmativa inicial.
d) retificação, pela correção gradual das informações iniciais.

e) exemplificação, pelo relato de situações específicas.

3. ELIPSE
É a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido pelo contexto.
“Três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião ficaram feridas. Elas não sofreram
ferimentos graves. Apenas escoriações e queimaduras.”
Na verdade, foram omitidos, no trecho sublinhado, o sujeito (As três pessoas) e um verbo
(sofreram): (As três pessoas sofreram apenas escoriações e queimaduras).

2. Aproveitei os feriados da semana passada para curtir algumas releituras que há muito vinha
adiando. [...] Com chuva, o Rio é uma cidade como outra qualquer: não se tem muita coisa a
fazer. [...] O melhor mesmo é aproveitar o tempo ― que de repente fica enorme e custa a passar
― revisitar os primeiros deslumbramentos, buscando no passado um aumento de pressão nas
caldeiras fatigadas que poderão me levar adiante. [...] Leituras antigas, de um tempo em que
estava longe a ideia de um dia escrever um livro. Bem verdade que, às vezes, vinha a tentação
de botar para fora alguma coisa.
I – As expressões “releituras”, “revisitar” e “Leituras antigas” deixam claro que os livros que o
narrador pretende ler já foram obras lidas por ele no passado.
II – Nas expressões “há muito” e “Bem verdade”, pode-se depreender a elipse do substantivo
“tempo” e do verbo flexionado “É”.
III – É possível inferir uma relação de causa e consequência entre as orações conectadas pelos
dois-pontos.
Quais afirmativas estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

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Português – Elementos Referenciais – Prof. Carlos Zambeli

4. PRONOMES
A função gramatical do pronome é justamente a de substituir ou acompanhar um nome. Ele
pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a ideia contida em um parágrafo ou no texto todo.
“Estavam no avião Márcio Artur Lerro Ribeiro, seus filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto e Gabriela
Gimenes Ribeiro; e o marido dela, João Izidoro de Andrade.”

O pronome possessivo seus retoma Márcio Artur Lerro Ribeiro; o pronome pessoal (d)ela
retoma Gabriela Gimenes Ribeiro.

3. “... que lhe permitem que veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa
transmiti-las aos ouvintes”.
Em transmiti-las, -las é pronome que substitui
a) a origem de todos os seres.
b) todas as coisas.
c) aos ouvintes.
d) todos os seres.

Pronomes Demonstrativos
ESSE = assunto antecedente.
“A seca é presença marcante no Sul. Esse fenômeno é atribuído a ‘El Niña’.”

ESTE = assunto posterior.


“O problema é este: não há possibilidade de reposição das peças.”

ESTE = antecedente mais próximo


AQUELE = antecedente mais distante
“Jogaram Inter e Grêmio: este perdeu; aquele ganhou.”

4. "Um relatório da Associação Nacional de Jornais revelou que, nos últimos doze meses, foram
registrados no Brasil 31 casos de violação à liberdade de imprensa. Destes, dezesseis são
decorrentes de sentença judicial - em geral, proferida por juízes de primeira instância.”
Nesse segmento do texto, o pronome demonstrativo sublinhado se refere a
a) relatórios.
b) jornais.
c) meses.
d) casos.
e) atentados.

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5. ADVÉRBIOS
Palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar, tempo, modo, causa...
“Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram à greve.”

5. Considere as afirmativas que seguem.


I. O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança.
II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no
país.
III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere
o aumento de idosos no país.
Está correto o que se afirma em
a) I apenas.
b) II apenas.
c) I e II apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.

6. EPÍTETOS
Palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo que se referem a um elemento do texto,
qualificam-no.

106 www.acasadoconcurseiro.com.br
Português – Elementos Referenciais – Prof. Carlos Zambeli

“Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o ex-Ministro dos


Esportes, a seleção...”

6. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é o melhor exemplo de que a reforma do Poder Judiciário
não está estagnada. Dez anos atrás, época em que ainda se discutia a criação do conselho, ao
qual cabia o epíteto “órgão de controle externo do Judiciário”, a existência de um órgão nesses
moldes, para controlar a atuação do Poder Judiciário, gerava polêmica.
O vocábulo “epíteto” introduz uma expressão que qualifica e explica a função do CNJ.
( ) Certo ( ) Errado

7. NOMES DEVERBAIS
São derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo
dos argumentos já utilizados.
“Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida Assis Brasil, como sinal de
protesto contra o aumento dos impostos. A paralisação foi a maneira encontrada...”

7. Assinale a alternativa cuja frase apresenta uma retomada deverbal.


a) E naquela casinha que eu havia feito, naquela habitação simples, ficava meu reino.
b) Mas como foi o negócio da Fazenda do Taquaral, lugar em que se escondiam os corruptores?
c) Ao comprar o sítio do Mané Labrego, realizou um grande sonho; tal compra redundaria em
sua independência.
d) O que ele quer lá, na fazenda Grota Funda?

Gabarito: 1. C 2. E 3. B 4. D 5. E 6. Certo 7. C

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Mecanismos

PRIORIDADE-RELEVÂNCIA
Ex.: Em primeiro lugar, Antes de mais nada, Primeiramente, Finalmente...

SEMELHANÇA, COMPARAÇÃO, CONFORMIDADE


Ex.: igualmente, da mesma forma, de acordo com, segundo, conforme, tal qual, tanto quanto,
como, assim como...
O PAVÃO
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial.
Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão.
Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta como
em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande
artista, atingir o máximo de matizes com um mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu
esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh!
minha amada; de tudo que suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas
meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glória e me faz magnífico.
Rubem Braga

1. No trecho da crônica de Rubem Braga, os elementos coesivos produzem a textualidade que


sustenta o desenvolvimento de uma determinada temática. Com base nos princípios linguísticos
da coesão e da coerência, pode-se afirmar que
a) na passagem, “Mas andei lendo livros”, o emprego do gerúndio indica uma relação de
proporcionalidade.
b) o pronome demonstrativo “este” (Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o
máximo de matizes com um mínimo de elementos.) exemplifica um caso de coesão anafórica,
pois seu referente textual vem expresso no parágrafo seguinte.
c) o articulador temporal “por fim” (Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada)
assinala, no desenvolvimento do texto, a ordem segundo a qual o assunto está sendo abordado.
d) a expressão “Oh! minha amada” é um termo resumitivo que articula a coerência entre a
beleza do pavão e a simplicidade do amor.
e) o pronome pessoal “ele”(existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me
cobre de glória e me faz magnífico.), na progressão textual, faz uma referência ambígua a
“pavão”.

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Português – Elementos Referenciais – Prof. Carlos Zambeli

2. “Por outro lado, sua eficiência macroeconômica deixa muito a desejar, menos pela incapacidade
das instituições do que pela persistência de incentivos adversos ao crescimento.”
Em “do que pela”, a eliminação de “do” prejudica a correção sintática do período.
( ) Certo ( ) Errado

CONDIÇÃO, HIPÓTESE
Ex.: se, caso, desde que...

ADIÇÃO, CONTINUAÇÃO
Ex.: Além disso, ainda por cima, também, não só...mas também ...

DÚVIDA
Ex.: talvez, provavelmente, possivelmente...

CERTEZA, ÊNFASE
Ex.: certamente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com certeza...

FINALIDADE
Ex.: a fim de, com o propósito de, para que...

3. Em ...fruto não só do novo acesso da população ao automóvel, mas também da necessidade


de maior número de viagens..., os termos em destaque estabelecem relação de
a) explicação.
b) oposição.
c) alternância.
d) conclusão.
e) adição.

4. O trecho em que a preposição em negrito introduz a mesma noção da preposição destacada


em “Na luta para melhorar” é
a) O jogador com o boné correu.
b) A equipe de que falo é aquela.
c) A busca por recordes move o atleta.
d) A atitude do diretor foi contra a comissão.
e) Ele andou até a casa do treinador.

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ESCLARECIMENTO
Ex.: por exemplo, isto é, quer dizer...

RESUMO, CONCLUSÃO
Ex.: em suma, em síntese, enfim, portanto, dessa forma, dessa maneira, logo, então...

CAUSA, CONSEQUÊNCIA, EXPLICAÇÃO


Ex.: por conseguinte, por isso, por causa de, em virtude de, assim, porque, pois, já que, uma vez
que, visto que, de tal forma que...

CONTRASTE, OPOSIÇÃO, RESTRIÇÃO, RESSALVA


Ex.: pelo contrário, salvo, exceto, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora,
apesar de, ainda que, mesmo que, se bem que...

5. “Machado pode ser considerado, no contexto histórico em que surgiu, um espanto e um


milagre, mas o que me encanta de forma mais particular é o fato de que ele estava, o tempo
todo, pregando peças nos leitores e nele mesmo.”
Foi assim que o mais importante crítico literário do mundo, o norte-americano Harold Bloom,
77, classificou Machado de Assis quando elencou, em Gênio — Os 100 Autores Mais Criativos
da História da Literatura, os melhores escritores do mundo segundo seus critérios e gosto
particular.
No segundo parágrafo do texto, a conjunção portanto poderia substituir o termo “assim”, sem
prejuízo para a coesão e a coerência textuais.
( ) Certo ( ) Errado

6. Mariza saiu de casa atrasada e perdeu o ônibus. As duas orações do período estão unidas pela
palavra “e”, que, além de indicar adição, introduz a ideia de
a) Oposição.
b) Condição.
c) Consequência.
d) Comparação.
e) União.

7. “A ação da polícia ocorre em um ambiente de incertezas, ou seja, o policial, quando sai para a
rua, não sabe o que vai encontrar diretamente;”.
A expressão sublinhada indica a presença de uma

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Português – Elementos Referenciais – Prof. Carlos Zambeli

a) retificação.
b) conclusão.
c) oposição.
d) explicação.
e) enumeração.

8. No anúncio publicitário, a substituição do elemento coesivo “para” pelo elemento coesivo


“porque” evidencia

a) a importância da liberdade como causa e não como finalidade.


b) a concepção de que a liberdade aumenta à proporção que lutamos por ela.
c) uma reflexão sobre a busca de liberdade como a principal finalidade da vida.
d) a liberdade como uma consequência de uma ação planejada com fins definidos.
e) a necessidade de compreender a liberdade como uma consequência de objetivos claros

Gabarito: 1. C 2. Errado 3. E 4. C 5. Errado 6. C 7. D 8. A

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Português

Polissemia e Figuras de Linguagem

Polissemia

Polissemia significa (poli = muitos; semia = significado) “muitos sentidos”. Contudo, assim que
se insere no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico e assume significado específico,
isto é, significado contextual.
Os vários significados de uma palavra, em geral, têm um traço em comum. A cada um deles dá-
se o nome de acepção.
•• A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.

•• Ele é o cabeça da rebelião.

•• Edgar Abreu tem boa cabeça.

Contexto!
O contexto determina a acepção de dada palavra polissêmica. Palavras como “flor”, “cabeça”,
“linha”, “ponto”, “pena”, entre outras, assumem, em variados contextos, novas acepções.

CONTEXTO ACEPÇÃO
Adoro flor vermelha! parte de uma planta
“Última flor do Lácio” descendente
Vagava à flor da água. superfície
Ela é uma flor de pessoa. amável
Ele não é flor que se cheire. indigno, falso
Está na flor da idade. juventude

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1. O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos
linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a
ideia que pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o
espaço da população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso
da família.

Exemplos:
•• Edgar ocupa um alto posto na Casa. = cargo

•• Abasteci o carro no posto da estrada. = posto de gasolina.

•• Os eventos eram de graça. = gratuitos

•• Aquela mulher era uma graça. = beleza.

•• Os fiéis agradecem a graça recebida. = auxílio divino

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Polissemia e Figuras de Linguagem – Português – Prof. Carlos Zambeli

Figuras De Linguagem

São recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em


•• figuras de som,
•• figuras de construção,
•• figuras de pensamento,
•• figuras de palavras.

Algumas Figuras de

Som
Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
•• “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

•• “Que o teu afeto me afetou é fato agora faça-me um favor...”

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Onomatópéia: consiste na reprodução de um som ou ruído natural.
•• “Não se ouvia mais que o plic-plic-plic da agulha no pano.” (Machado de Assis)

Construção
Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
•• “Em nossa vida, apenas desencontros.”

•• No curso, aprovações e mais aprovações!

Zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.


•• Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)

Pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.


•• “E rir meu riso e derramar meu pranto.”

•• O resultado da eleição, é importante anunciá-lo logo.

O pleonasmo vicioso – ao contrário do literário – é indesejável.


•• hemorragia de sangue.

2. Pleonasmo é uma figura de linguagem que tem como marca a repetição de palavras ou de
expressões, aparentemente desnecessárias, para enfatizar uma ideia. No entanto, alguns
pleonasmos são considerados “vícios de linguagem” por informarem uma obviedade e não
desempenharem função expressiva no enunciado. Considerando essa afirmação, assinale a
alternativa em que há exemplo de pleonasmo vicioso.
a) “E então abriu a torneira: a água espalhou-se”
b) “O jeito era ir comprar um pão na padaria.”
c) “Matá-la, não ia; não, não faria isso.”
d) “Traíra é duro de morrer, nunca vi um peixe assim.”
e) “Tirou para fora os outros peixes: lambaris, chorões, piaus...”

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Polissemia e Figuras de Linguagem – Português – Prof. Carlos Zambeli

Pensamento
Antítese: consiste na  aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo
sentido.
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia
Depois da Luz se segue à noite escura
Em tristes sombras morre a formosura
Em contínuas tristezas, a alegria.”

•• “Já estou cheio de me sentir vazio.” (Renato Russo)

Ironia: apresenta um termo em sentido oposto ao usual; efeito crítico ou humorístico.


•• “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças”.

3. No trecho "...dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo", a figura
de linguagem presente é chamada
a) Metáfora.
b) Hipérbole.
c) Hipérbato.
d) Anáfora.
e) Antítese.

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Hipérbato: inversão ou deslocamento de palavras ou orações dentro de um período.
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante."

Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início de frases ou versos consecutivos.


“Tende piedade, Senhor, de todas mulheres
Quem ninguém mais merece tanto amor
Que ninguém mais deseja tanto a poesia
Que ninguém mais precisa de tanta alegria.”
(Vinícius de Moraes)

Eufemismo: consiste na tentativa de suavizar expressão grosseira ou desagradável.


•• “Quando a indesejada das gentes chegar” (morte).”

•• “O problema não é você, sou eu.”

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Polissemia e Figuras de Linguagem – Português – Prof. Carlos Zambeli

Hipérbole: consiste em exagerar uma ideia com finalidade enfática.


•• “Pela lente do amor/Vejo tudo crescer/Vejo a vida mil vezes melhor”. (Gilberto Gil)

•• “Roseana Sarney (PMDB) aproveitou ontem o clima de campanha, na posse do secretariado,


para anunciar um mar de promessas.”

Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados qualidades ou


características que são próprias de seres animados.

Em um belo céu de anil,


os urubus, fazendo ronda,
discutem, em mesa redonda,
os destinos do Brasil.

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Palavras
Metáfora: A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica
subentendido.
“Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!”
(Teatro Mágico)

Catacrese: Na falta de um termo específico para designar conceito ou objeto, toma-se outro
por empréstimo. Devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado
em sentido figurado.
•• O pé da mesa estava quebrado.

•• Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida.

•• Quando embarquei no avião, fui dominado pelo o medo.

•• A cabeça do prego está torta.

Gabarito: 1. A 2. E 3. E

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Português

Tipologia Textual

O que é isso?
É a forma como um texto se apresenta. As tipologias existentes são: narração, descrição,
dissertação, exposição, argumentação, informação e injunção.

Narração
Modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não - que ocorreram em
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade
e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.
Exemplo:
COMPRAR REVISTA
Parou, hesitante; em frente à banca de jornais. Examinou as capas das revistas, uma por uma.
Tirou do bolso o recorte, consultou-o. Não, não estava incluída na relação de títulos, levantada
por ordem alfabética. Mas quem sabe havia relação suplementar, feita na véspera? Na dúvida,
achou conveniente estudar a cara do jornaleiro. Era a mesma de sempre. Mas a talvez ocultasse
alguma coisa, sob a aparência habitual. O jornaleiro olhou para ele, sem transmitir informação
especial no olhar, além do reconhecimento do freguês. Peço? Perguntou a si mesmo. Ou é
melhor sondar a barra?”
Carlos Drummond de Andrade

A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando enorme de
meninos. Nós tínhamos viajado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que
já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de mar: o mar mesmo, a maré, que é
menor que o mar, e a marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia ideia de um lago
enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré
entrava pela marola. A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha
espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda mais a imagem. Três lagoas mexendo,
esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de espumas, tudo isso
muito salgado, azul, com ventos.
Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito: o mar! Era qualquer
coisa de largo, de inesperado. Estava bem verde perto da terra, e mais longe estava azul. Nós
todos gritamos, numa gritaria infernal, e saímos correndo para o lado do mar. As ondas batiam
nas pedras e jogavam espuma que brilhava ao sol. Ondas grandes, cheias, que explodiam com
barulho. Ficamos ali parados, com a respiração apressada, vendo o mar...
(Fragmento de crônica de Rubem Braga, Mar, Santos, julho, 1938)

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1. O texto é construído por meio de
a) perfeito encadeamento entre os dois parágrafos: as explicações sobre o mar, no primeiro,
harmonizam-se com sua visão extasiada, no segundo.
b) violenta ruptura entre os dois parágrafos: o primeiro alonga-se em explicações sobre o mar
que não têm qualquer relação com o que é narrado no segundo.
c) procedimentos narrativos diversos correspondentes aos dois parágrafos: no primeiro, o
narrador é o autor da crônica; no segundo, ele dá voz ao menino que já vira o mar.
d) contraste entre os dois parágrafos: as frustradas explicações sobre o mar para quem nunca
o vira, no primeiro, são seguidas pela arrebatada visão do mar, no segundo.
e) inversão entre a ordem dos acontecimentos em relação aos dois parágrafos: o que é
narrado no primeiro só teria ocorrido depois do que se narra no segundo.

Descrição

É a modalidade na qual se apontam as características que compõem determinado objeto,


pessoa, ambiente ou paisagem. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo.
Exemplos:
“Sua estatura era alta, e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhos
negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços
bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.”

Quase todo mundo conhece os riscos de se ter os documentos usados de forma indevida por
outra pessoa, depois de tê-los perdido ou de ter sido vítima de assalto. Mas um sistema que
começou a ser implantado na Bahia pode resolver o problema em todo o país. A tecnologia
usada atualmente para a emissão de carteiras de identidade na Bahia pode evitar esse tipo de
transtorno. A foto digital, impressa no documento, dificulta adulterações. A principal novidade
do sistema é o envio imediato das impressões digitais, por computador, para o banco de dados
da Polícia Federal em Brasília. Dessa forma, elas podem ser comparadas com as de outros
brasileiros e estrangeiros cadastrados. Se tudo estiver em ordem, o documento é entregue em
cinco dias. Ao ser retirada a carteira, as digitais são conferidas novamente.
Internet: <www.g1.globo.com> (com adaptações).

2. O texto, predominantemente descritivo, apresenta detalhes do funcionamento do sistema de


identificação que deve ser implantado em todo o Brasil.
( ) Certo ( ) Errado

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Tipologia Textual – Português – Prof. Carlos Zambeli

Dissertação

A dissertação é um texto que analisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo
textual requer um pouco de reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em
relação ao que se discute têm grande importância.
O texto dissertativo é temático, pois trata de análises e interpretações; o tempo explorado é
o presente no seu valor atemporal; é constituído por uma introdução onde o assunto a ser
discutido é apresentado, seguido por uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do
autor sobre o assunto em evidência e, por último, sua conclusão.

Redes sociais: o uso exige cautela


Uma característica inerente às sociedades humanas é sempre buscar novas maneiras de se
comunicar: cartas, telegramas e telefonemas são apenas alguns dos vários exemplos de meios
comunicativos que o homem desenvolveu com base nessa perspectiva. E, atualmente, o mais
recente e talvez o mais fascinante desses meios, são as redes virtuais, consagradas pelo uso,
que se tornam cada vez mais comuns...

Exposição

Apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias, explica e avalia e reflete Não faz defesa
de uma ideia, pois tal procedimento é característico do texto dissertativo. O texto expositivo
apenas revela ideias sobre um determinado assunto. Por meio da mescla entre texto expositivo
e narrativo, obtém-se o que conhecemos por relato.
Ex.: aula, relato de experiências, etc.

Em todo o continente americano, a colonização europeia teve efeito devastador. Atingidos pelas
armas, e mais ainda pelas epidemias e por políticas de sujeição e transformação que afetavam
os mínimos aspectos de suas vidas, os povos indígenas trataram de criar sentido em meio à
devastação. Nas primeiras décadas do século XVII, índios norte-americanos comparavam a uma
demolição aquilo que os missionários jesuítas viam como “transformação de suas vidas pagãs e
bárbaras em uma vida civilizada e cristã.”

Argumentação

Modalidade na qual se expõem ideias gerais, seguidas da apresentação de argumentos que


as defendam e comprovem, persuadam o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta
pelo texto. É o tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando também
mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um texto dissertativo-argumentativo.

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“Perguntamo-nos qual é o valor da vida humana.Alguns setores da sociedade acreditam que
a vida do criminoso não tem o mesmo valor da vida das pessoas honestas. O problema é que
o criminoso pensa do mesmo modo: se a vida dele não vale nada, por que a vida do dono da
carteira deve ter algum valor? Se provavelmente estará morto antes dos trinta anos de idade
(como várias pesquisas comprovam), por que se preocupar em não matar o proprietário do
automóvel que ele vai roubar?”
Andréa Buoro et al. Violência urbana – dilemas e desafios. São Paulo: Atual, 1999, p. 26 (com
adaptações).

O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a totalidade do universo, toda a sociedade,
a história, a concepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende a
todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro,
em todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do mundo.

3. Embora o texto seja essencialmente argumentativo, seu autor se vale de estruturas narrativas
para reforçar suas opiniões.
( ) Certo ( ) Errado

Informação
O texto informativo corresponde aquelas manifestações textuais cujo emissor (escritor) expõe
brevemente um tema, fatos ou circunstâncias a um receptor (leitor). Em outras palavras,
representam as produções textuais objetivas, normalmente em prosa, com linguagem clara e
direta (linguagem denotativa), que tem como objetivo principal transmitir informação sobre
algo, isento de duplas interpretações.
Assim, os textos informativos, diferente dos poéticos ou literários (que utilizam da linguagem
conotativa), servem para conhecer de maneira breve informações sobre determinado tema,
apresentando dados e referências, sem interferência de subjetividade, desde sentimentos,
sensações, apreciações do autor ou opiniões. O autor dos textos informativos é um transmissor
que se preocupa em relatar informações da maneira mais objetiva e verossímil.

Injuntivo/Instrucional
Indica como realizar uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e
comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria,
empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro
do presente do modo indicativo.
Ex.: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de remédio, convenções, regras
e eventos.

Gabarito: 1. D 2. E 3. E

124 www.acasadoconcurseiro.com.br
Português

Gênero Textual

É o nome que se dá às diferentes formas de linguagem empregadas nos textos. Estas formas
podem ser mais formais ou mais informais, e até se mesclarem em um mesmo texto, porém
este será nomeado com o gênero que prevalecer!
Os gêneros textuais estão intimamente ligados à nossa situação cotidiana. Eles existem como
mecanismo de organização das atividades sociocomunicativas do dia a dia. Sendo assim,
gêneros textuais são tipos especificos de textos de qualquer natureza, literários ou não-
literários, cujas modalidades discursivas são como formas de organizar a linguagem.

Editorial

É um tipo de texto utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas, que tem por
objetivo informar, mas sem obrigação de ser neutro, indiferente.
A objetividade e imparcialidade não são características dessa tipologia textual, já que o redator
demonstra a opinião do jornal sobre o assunto narrado.
Os acontecimentos são relatados sob a subjetividade do repórter, de maneira que evidencie
a posição da empresa que está por trás do canal de comunicação, pois os editoriais não são
assinados por ninguém.
Assim, podemos dizer que o editorial é um texto mais opinativo do que informativo.
Ele possui um fato e uma opinião. O fato informa o que aconteceu e a opinião transmite a
interpretação do que aconteceu.

O alto preço do etanol


A imagem de modernidade e inovação que o Brasil projetou internacionalmente em razão do
uso combustível do etanol é incompatível com as condições desumanas a que são submetidos
de modo geral os cortadores de cana, que têm uma vida útil de trabalho comparável à dos
escravos, como indica pesquisa da Unesp divulgada hoje pela Folha.[...]
Folha de São Paulo

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1. O título do texto refere-se
a) ao reflexo do custo da terceirização da colheita da cana no preço do etanol.
b) aos problemas ambientais resultantes da expansão da cultura de cana.
c) aos preços não competitivos do etanol brasileiro no mercado internacional.
d) às precárias condições de trabalho dos trabalhadores rurais na colheita da cana.
e) ao aumento dos lucros obtidos pelos empresários que investem na produção da cana.

2. Podemos citar como características do editorial


a) Imparcialidade na informação;
b) Excesso de narração;
c) Objetividade na informação
d) Dissertativo, crítico e informativo no desenvolvimento do texto
e) poético, rítmico e emocional.

Artigos

São os mais comuns. São textos autorais – assinados –, cuja opinião é de inteira responsabilidade
de quem o escreveu. Seu objetivo é o de persuadir o leitor.
É um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado, portanto, o
escritor além de expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e
admissíveis.

3. Leia o texto e considere as afirmações.


“Antes de mais nada, acho que querer ser milionário não é um bom objetivo na vida. Meu único
conselho é: ache aquilo que você realmente ama fazer. Exerça atividade pela qual você tem
paixão. É dessa forma que temos as melhores chances de sucesso. Se você faz algo de que não
gosta, dificilmente será bom. Não há sentido em ter uma profissão somente pelo dinheiro.”
DELL, Michael. O Mago do Computador. In: Veja

I – Depreende-se, pela leitura do texto, que querer ser milionário é ruim, pois esse desejo
impossibilita o homem de amar o trabalho.
II – Para o autor, as chances de sucesso em uma profissão dependem da paixão com que ela é
exercida.
III – É consenso atribuir-se o sucesso à paixão pela atividade que se realiza.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) Apenas II e III.

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Gêneros Textuais – Português – Prof. Carlos Zambeli

Notícias

Podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu


em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas
personagens. Características do lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas
vezes, minuciosamente descritos. São autorais, apesar de nem sempre serem assinadas. Seu
objetivo é tão somente o de informar, não o de convencer.

Obra-prima de Leonardo da Vinci e uma das mais admiradas telas jamais pintadas, devido, em
parte, ao sorriso enigmático da moça retratada, a “Mona Lisa” está se deteriorando. O grito de
alarme foi dado pelo Museu do Louvre, em Paris, que anunciou que o quadro passará por uma
detalhada avaliação técnica com o objetivo de determinar o porquê do estrago. O fino suporte
de madeira sobre o qual o retrato foi pintado sofreu uma deformação desde que especialistas
em conservação examinaram a pintura pela última vez, diz o Museu do Louvre numa declaração
por escrito.
Fonte: http://www.italiaoggi.com.br (acessado em 13/11/07)

Crônica
Fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de
um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase
exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente
coloquial.

Características da crônica
•• Narração curta;
•• Descreve fatos da vida cotidiana;
•• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;
•• Possui personagens comuns;
•• Segue um tempo cronológico determinado;
•• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;
•• Linguagem simples.

Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet. O nome do teste era
tentador: “O que Freud diria de você”. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o
seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos, depois disso você
buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento”. Perfeito! Foi exatamente o que
aconteceu comigo. Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da
psicanálise, e ele acertou na mosca.
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre, 2008 (adaptado).

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4. Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os usuários, a autora expressa uma
reação irônica no trecho “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o
pai da psicanálise”.
( ) Certo ( ) Errado

Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e
reflexões éticas e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal. Consiste também
na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico,
político, social, cultural, moral, comportamental, literário, religioso, etc.), sem que se paute em
formalidades.
O ensaio assume a forma livre e assistemática sem um estilo definido. Por essa razão, um
filósofo espanhol o definiu como "a ciência sem prova explícita".

“Entre os primatas, o aumento da densidade populacional não conduz necessariamente


à violência desenfreada. Diante da redução do espaço físico, criamos leis mais fortes para
controlar os impulsos individuais e impedir a barbárie. Tal estratégia de sobrevivência tem
lógica evolucionista: descendemos de ancestrais que tiveram sucesso na defesa da integridade
de seus grupos; os incapazes de fazê-lo não deixaram descendentes. Definitivamente, não
somos como os ratos.”
Dráuzio Varella.

5. Como a escolha de estruturas gramaticais pode evidenciar informações pressupostas e


significações implícitas, o emprego da forma verbal em primeira pessoa — “criamos” — autoriza
a inferência de que os seres humanos pertencem à ordem dos primatas.
( ) Certo ( ) Errado

Texto Literário
É uma construção textual de acordo com as normas da literatura, com objetivos e
características próprias, como linguagem elaborada de forma a causar emoções no leitor. Uma
das características distintivas dos textos literário é a sua função poética, em que é possível
constatar ritmo e musicalidade, organização específica das palavras e um elevado nível de
criatividade.

Madrugada na aldeia
Madrugada na aldeia nervosa, com as glicínias escorrendo orvalho, os figos prateados de
orvalho, as uvas multiplicadas em orvalho, as últimas uvas miraculosas.
O silêncio está sentado pelos corredores, encostado às paredes grossas, de sentinela.
E em cada quarto os cobertores peludos envolvem o sono: poderosos animais benfazejos,
encarnados e negros.

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Gêneros Textuais – Português – Prof. Carlos Zambeli

Antes que um sol luarento dissolva as frias vidraças, e o calor da cozinha perfume a casa
com lembrança das árvores ardendo, a velhinha do leite de cabra desce as pedras da rua
antiquíssima, antiquíssima, e o pescador oferece aos recém-acordados os translúcidos peixes,
que ainda se movem, procurando o rio.
(Cecília Meireles. Mar absoluto, in Poesia completa.

6. Considere as afirmativas seguintes:


I – O assunto do poema reflete simplicidade de vida, coerentemente com o título.
II – Predominam nos versos elementos descritivos da realidade.
III – Há no poema clara oposição entre o frio silencioso da madrugada e o sol que surge e traz o
calor do dia.
Está correto o que consta em
a) I, II e III.
b) I, apenas.
c) III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I e II, apenas.

Peça Publicitária

Modo específico de apresentar informação sobre produto, marca, empresa, ideia ou política,
visando a influenciar a atitude de uma audiência em relação a uma causa, posição ou atuação.
A propaganda comercial é chamada, também, de publicidade. Ao contrário da busca de
imparcialidade na comunicação, a propaganda apresenta informações com o objetivo principal
de influenciar o leitor ou ouvinte. Para tal, frequentemente, apresenta os fatos seletivamente
(possibilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usa
mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação
apresentada Costuma ser estruturado por meio de frases curtas e em ordem direta, utilizando
elementos não verbais para reforçar a mensagem.

7. O anúncio publicitário a seguir é uma campanha de um adoçante, que tem como seu slogan a
frase “Mude sua embalagem”.
A palavra “embalagem”, presente no slogan da campanha, é altamente expressiva e substitui a
palavra
a) vida.
b) corpo.
c) jeito.
d) história.
e) postura.

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Piada

Dito ou pequena história espirituosa e/ou engraçada.

8. “Dois amigos conversam quando passa uma mulher e cumprimenta um deles, que fala:
Eu devo muito a essa mulher...
Por quê? Ela é sua protetora?
Não, ela é a costureira da minha esposa.”
Na piada acima, o efeito de humor
a) deve-se, principalmente, à situação constrangedora em que ficou um dos amigos quando a
mulher o cumprimentou.
b) constrói-se pela resposta inesperada de um dos amigos, revelando que não havia entendido
o teor da pergunta do outro.
c) é provocado pela associação entre uma mulher e minha esposa, sugerindo ilegítimo
relacionamento amoroso.
d) firma-se no aproveitamento de distintos sentidos de uma mesma expressão linguística,
devo muito.
e) é produzido prioritariamente pela pergunta do amigo, em que se nota o emprego malicioso
da expressão sua protetora.

Gráficos e Tabelas

130 www.acasadoconcurseiro.com.br
Gêneros Textuais – Português – Prof. Carlos Zambeli

9. Analisando as informações contidas no gráfico, é correto afirmar que


a) a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais manteve-se a mesma em
todas as regiões do país desde 2000.
b) o número de analfabetos entre as pessoas de 15 anos ou mais diminuiu entre a população
brasileira em geral nas últimas décadas.
c) a região Centro-oeste é a que vem apresentando, nos últimos vinte anos, o menor número
de analfabetos entre as pessoas de 15 anos ou mais.
d) em comparação com o ano de 1991, pode-se dizer que, no Nordeste, em 2010, o número
de analfabetos entre as pessoas de 15 anos ou mais aumentou.

Charge
É um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar algum acontecimento atual com
uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou
seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco. Apesar de ser
confundida com cartum, é considerada totalmente diferente: ao contrário da charge, que tece
uma crítica contundente, o cartum retrata situações mais corriqueiras da sociedade. Mais do
que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social mediante o artista expressa
graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira.

10. A relação entre o conjunto da charge e a frase “Brasil tem 25 milhões de telefones celulares”
fica clara porque a imagem e a fala do personagem sugerem o(a)
a) sentimento de vigilância permanente.
b) aperfeiçoamento dos aparelhos celulares.
c) inadequação do uso do telefone.
d) popularização do acesso à telefonia móvel.
e) facilidade de comunicação entre as pessoas.

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QUADRINHOS

Hipergênero, que agrega diferentes outros gêneros, cada um com suas peculiaridades.

11. A mãe identifica no discurso do menino


a) contradição
b) crueldade
c) tristeza
d) generosidade
e) acerto

Gabarito: 1. D 2. D 3. B 4. C 5. C 6. E 7. B 8. D 9. B 10. D 11. A

132 www.acasadoconcurseiro.com.br
Português

Confronto e Reconhecimento de Frases Corretas e Incorretas

Análise de períodos considerando-se:


•• Coesão
•• Coerência
•• Clareza
•• Correção

Coesão
A coesão textual refere-se à microestrutura de um texto. Ela ocorre por meio de relações
semânticas e gramaticais.
No caso de textos que utilizam linguagem verbal e não verbal (publicidade, por exemplo), a
coesão ocorre também por meio da utilização de
•• cores
•• formas geométricas
•• fontes
•• logomarcas
•• etc

Nessa peça, a Jovem Pan busca vender sua cobertura da Copa do


Mundo de futebol, mas em nenhum momento usa essa palavra.
Contudo, os elementos coesivos remetem a esse esporte.

Moldura = bolas
de futebol

Cantos =
local de
escanteio +
bola

Fontes ≈ ideograma oriental Vermelho = alusão ao Oriente

www.acasadoconcurseiro.com.br 133
O pai e seu filhinho de 5 anos caminham por uma calçada.
Repentinamente, o garoto vê uma sorveteria e fala:
– Pai, eu já sarei do resfriado, né?
– Você não vai tomar sorvete! – responde o pai.

A resposta do pai não corresponde coesivamente à pergunta do filho, mas nem por isso é
incoerente. Depreende-se que o pai conhecia o objetivo do filho.

Anáfora
Retoma algo que já foi dito antes!
Edgar é um excelente professor. Ele trabalha aqui na Casa do Concurseiro, ensinando
Conhecimentos Bancários. Essa matéria é muito relevante para concursos nacionais.

Catáfora
O termo ou expressão que faz referência a um termo subsequente, estabelecendo com ele uma
relação não autônoma, portanto, dependente. 
A Tereza olhou-o e disse: – Edgar, você está cansado?

Coerência

Na situação comunicativa, é o que dá sentido ao texto.

Fatores de Coerência
•• encadeamento
•• conhecimento da linguagem utilizada
•• equilíbrio entre o número de informações novas e a reiteração delas
•• possibilidade de inferência
•• aceitabilidade
•• intertextualidade

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Português – Confronto e Reconhecimento de Frases Corretas e Incorretas – Prof. Carlos Zambeli

http://www.wbrasil.com.br/wcampanhas/index.asp – Acesso em 22 nda agosto de 2005 – uso didático da peça

Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/projmmdir/home_portfolio.jsp - Acesso em 17 de setembro de 2005


- uso didático da peça.

www.acasadoconcurseiro.com.br 135
É fácil de notar se quando falta coerência a um texto.

“Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina de uma das avenidas de
São Paulo. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos
de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade,
perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes.
Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou o até a
calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou lhe a vida.”
(Platão & Fiorin)

Vícios De Linguagem

São palavras ou construções que deturpam, desvirtuam, ou dificultam a manifestação do


pensamento, seja pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo descuido do emissor.

BARBARISMO
Desvio na grafia, na pronúncia ou na flexão de uma palavra. Divide-se em
Cacografia – má grafia ou má flexão de uma palavra: flexa – em vez de flecha / deteu – em vez
de deteve.
Cacoépia – erro de pronúncia: marvado – em vez de malvado.
Silabada – erro de pronúncia quanto à acentuação tônica das palavras: púdico – em vez de
pudico / rúbrica – em vez de rubrica.
Estrangeirismo – emprego desnecessário de palavras estrangeiras, quando elas já foram
aportuguesadas: stress – em vez de estresse.

SOLECISMO
É qualquer erro de sintaxe. Pode ser
•• de concordância: Haviam muitos erros – em vez de Havia ...
•• de regência: Assistimos o filme – em vez de Assistimos ao filme.
•• de colocação: Escreverei-te logo – em vez de Escrever-te-ei...

AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA
Duplo sentido que ocorre em função da má construção da frase:
Carlos disse ao colega que seu irmão morreu. (irmão de quem?)

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Português – Confronto e Reconhecimento de Frases Corretas e Incorretas – Prof. Carlos Zambeli

ECO
Repetição de uma vogal formando rima:
O irmão do alemão prendeu a mão no fogão.

CACOFONIA
Som estranho que surge da união de sílabas diferentes, pela proximidade de duas palavras:
Ela tinha dezoito anos. (latinha)

NEOLOGISMO (palavra nova)


É o emprego de palavras que não passaram ainda para o corpo do idioma:
Devido ao apoiamento ao projeto, deram início às obras.

GERUNDISMO
Locução verbal na qual o verbo principal apresenta-se no gerúndio. Seu uso no português
brasileiro é recente, é considerado por muitos como vício de linguagem, uma vez que seu uso é
demasiadamente impreciso:
“A senhora pode estar respondendo algumas perguntas?”

“Nós vamos estar repassando o problema para a equipe técnica.”

“A senhora vai estar pagando uma taxa de reparo....”

1. Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:


a) Peter Burke não compartilha com a tese que os românticos viam o fenômeno da invenção
como um atributo de apenas gênios isolados.
b) Na visão de um historiador, não há feito isolado, como invenção absoluta, que
independessem de outros fatos concorrentes a ela.
c) Embora aparentemente se oponha quanto ao sentido, tradição e invenção se mesclam
como um fator de progresso extremamente inventivo.
d) Não há dúvida quanto a períodos históricos aonde ocorra especial desenvolvimento
inventivo, sejam nas artes, sejam na tecnologia.
e) Faz parte do senso comum acreditar, ainda hoje, que toda e qualquer grande invenção
decorre do talento pessoal de um gênio.

Gabarito: 1. E

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Português

Funções da Linguagem

São várias as funções da linguagem, dependendo da intenção do falante e das circunstâncias


em que ocorre a comunicação. A adequada utilização dessas funções permitirá que ocorra o
perfeito entendimento da mensagem pretendida.

6
contexto
5
referente
1 4
emissor, 7 receptor
destinador canal de comunicação ou
ou remetente destinatário
3
mensagem

2
código

O linguista russo Roman Jakobson caracterizou seis funções da linguagem. Cada uma delas está
estreitamente ligada a um dos seis elementos que compõem o ato de comunicação.

Referente
FUNÇÃO REFERENCIAL

Mensagem
FUNÇÃO POÉTICA
Emissor Receptor
FUNÇÃO FUNÇÃO
EXPRESSIVA Canal de Comunicação CONATIVA
FUNÇÃO FÁTICA

Código
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA

www.acasadoconcurseiro.com.br 139
Emissor: o que emite a mensagem.
Receptor: o que recebe a mensagem.
Mensagem: o conjunto de informações transmitidas.
Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação
só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem.
Canal de Comunicação: veículo por meio do qual a mensagem é transmitida (TV, rádio, jornal,
revista...)
Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente.
O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, ou
demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, etc; consequentemente, a
linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:
•• Função Referencial
•• Função Metalinguística
•• Função Conativa
•• Função Fática
•• Função Emotiva
•• Função Poética
Numa mensagem, é muito difícil encontrarmos uma única dessas funções isolada. O que ocorre,
normalmente, é a superposição de várias delas.
Função referencial – busca transmitir informações objetivas, a fim de informar o receptor.
Predomina nos textos de caráter científico, didático e jornalístico.
Exemplo: Pesquisas já demonstraram que o universo vocabular de nossos estudantes, mesmo
de nível universitário, é pobre.

Função emotiva ou expressiva – exterioriza emoções, opiniões, avaliações, utilizando a 1ª


pessoa (eu). Aparece nas cartas, na poesia lírica, nas músicas sentimentais, nas opiniões e
avaliações. Predomina o elemento emocional sobre o lógico.
Exemplo: Tendo passado já sete dias sem a ver, se acentuava vivamente em mim o desejo de
estar outra vez com ela, beber-lhe o olhar e o sorriso, sentir-lhe o timbre da voz ou a graça dos
gestos.
(Cyro dos Anjos – “Abdias”)

Função conativa ou apelativa – visa a influir no comportamento do receptor, persuadi-


lo, seduzi-lo. Utiliza vocativo, verbos no imperativo e ocorre, principalmente, em textos de
propaganda.
Exemplo: O filtro “purex” é indispensável para a saúde de sua família. Procure hoje mesmo o
nosso revendedor autorizado.

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Funções da Linguagem – Português – Prof. Carlos Zambeli

Função fática – tem por objetivo prolongar o contato com o receptor. Utiliza interjeições,
repetições, expressões sem valor semântico e, quando escrita, faz uso de recursos gráficos
como diferentes tipos de letras e variadas diagramações. É usada na linguagem coloquial,
especialmente nos diálogos.

•• POIS É...
•• ENTÃO... É melhor você
•• É FOGO. começar a ler
•• Ô. o Estadão.
•• NEM FALE.

Função poética – privilegia o imprevisto, a inovação, a criatividade. Produz no leitor ou no


ouvinte surpresa e prazer estético. Predomina na poesia, mas pode aparecer em textos
publicitários, jornalísticos, nas crônicas, etc. Nela, aparecem as figuras de linguagem, a
conotação.
Exemplo:
“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento”
Vinícius de Moraes

Função metalinguística – quando a linguagem procura explicar a si mesma, definindo ou


analisando o próprio código que utiliza. É empregada nos textos em que se explica o uso da
palavra, como nos dicionários, nos poemas que falam da própria poesia, nas canções que falam
de outras canções ou de como se fazem canções.
Exemplo: Literatura é ficção, é a forma de expressão mediante a qual o artista recria a realidade.

EXEMPLIFICANDO
O princípio de que o Estado necessita de instrumentos para agir com rapidez em situações
de emergência está inscrito no arcabouço jurídico brasileiro desde a primeira Constituição,
de 1824, dois anos após a Independência, ainda no Império. A figura do decreto-lei, sempre
à disposição do Poder Executivo, ficou marcada no regime militar, quando a caneta dos
generais foi acionada a torto e a direito, ao largo do Congresso, cujos poderes eram sufocados
pela ditadura. Com a redemocratização, sacramentada pela Constituição de 1988, sepultou-
se o decreto-lei, mas não o seu espírito, reencarnado na medida provisória. Não se discute
a importância de o Poder Executivo contar com dispositivos legais que permitam ao governo
baixar normas, sem o crivo imediato do Congresso, que preencham os requisitos da “relevância
e urgência”. O problema está na dosagem, que, se exagerada, como ocorre atualmente, sufoca
o Poder Legislativo.
O Globo, 19/3/2008 ( com adaptações)

www.acasadoconcurseiro.com.br 141
1. A função da linguagem predominante no texto é
a) metalinguística.
b) poética.
c) expressiva.
d) apelativa.
e) referencial.

2. Há correspondência entre ELEMENTO do processo de comunicação e FUNÇÃO da linguagem


em
a) emissor – poética.
b) destinatário – emotiva.
c) contexto – referencial.
d) código – fática.
e) canal – metalinguística.

3. O texto abaixo utiliza uma linguagem emotiva, que pode ser comprovada especialmente na
opção pela subjetividade voltada para o narrador.
“Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe
nada para depois. Diga o que tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo
dentro de casa. Nem jogue seu lixo no ambiente. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira
o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores
bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. Só existe o hoje.”
( ) Certo ( ) Errado

4. HISTÓRIA MANJADA
GALÃ CANASTRÃO
TIROS E PERSEGUIÇÕES
EFEITOS GRATUITOS
MAIS TIROS E PERSEGUIÇÕES
FINAL PREVISÍVEL
Conheça outro jeito de fazer cinema.
Cine Conhecimento.
No canal PLUS.
Além de exibir filmes de diversos países, o programa traz análises, comentários, curiosidades e
detalhes da produção. Não perca! Tem sempre um bom filme para você!
(Revista Monet)

Pelos sentidos e pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de
“Conheça” e “Não perca” indica que a função da linguagem predominante no texto é a
a) metalinguística.
b) poética.
c) conativa.
d) expressiva.

142 www.acasadoconcurseiro.com.br
Funções da Linguagem – Português – Prof. Carlos Zambeli

5. No slogan CELULAR: Não Fale no Trânsito, uma característica da função conativa da linguagem
é
a) a objetividade da informação transmitida.
b) a manutenção da sintonia entre a STTU e o público-alvo.
c) o esclarecimento da linguagem pela própria linguagem
d) o emprego do verbo no modo imperativo

6. Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a


Cidade Grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.


b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

Gabarito: 1. E 2. C 3. E 4. D 5. E 6. C

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Português

Variação Linguística

Tanto a língua escrita quanto a oral apresentam variações condicionadas por diversos fatores:
regionais, sociais, intelectuais etc.
A língua escrita obedece a normas gramaticais e será sempre diferente da língua oral, mais
espontânea, solta, livre, visto que acompanhada de mímica e entonação, que preenchem
importantes papéis significativos. Mais sujeita a falhas, a linguagem empregada coloquialmente
difere substancialmente do padrão culto.

1. A Linguagem Culta Formal ou Padrão

É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com
terminologia especial. Caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente
usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais
estável, menos sujeita a variações.

2. A Linguagem Culta Informal ou Coloquial

É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde
à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo - erros de regência e
concordância; barbarismo - erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia;
pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter
oral e popular da língua.

www.acasadoconcurseiro.com.br 145
1. Com frequência, a transgressão à norma culta constitui uma marca do registro coloquial da
língua. Nesses casos, parece existir, de um lado, a norma culta e, de outro, a “norma” coloquial
– e esta muitas vezes se impõe socialmente, em detrimento da primeira. Um exemplo de
transgressão à norma culta acontece numa das alternativas abaixo. Assinale-a.
a) Nós éramos cinco e brigávamos muito…
b) estrada lamacenta que o governo não conservava…
c) Miguel fazia muita falta, embora cada um de nós trouxesse na pele a marca de sua
autoridade.
d) Você assustou ele falando alto.
e) Se um de nós ia para o colégio, os outros ficavam tristes.

3. Linguagem Popular ou Vulgar


Existe uma linguagem popular ou vulgar, segundo Dino Preti, “ligada aos grupos extremamente
incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com a instrução formal. Na
linguagem vulgar, multiplicam-se estruturas como “nóis vai, ele fica”, “eu di um beijo nela”,
“Vamo i no mercado”, “Tu vai í cum nóis”.
Saudosa Maloca
Peguemo todas nossas coisas
E fumo pro meio da rua
Preciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada tauba que caía
Duía no coração
Mato Grosso quis gritá
Mais em cima eu falei:
Os home tá c’a razão,
Nóis arranja otro lugá.
Só se conformemo quando o Joca falô:
“Deus dá o frio conforme o cobertô”.
BARBOSA, Adoniran. In: Demônios da Garoa - Trem das 11. CD 903179209-2, Continental-Warner Music Brasil,
1995.

2. Considere as afirmações.
I – A letra de “Saudosa Maloca” pode ser considerada como realização de uma “linguagem
artística” do poeta, estabelecida com base na sobreposição de elementos do uso popular ao
uso culto.
II – Uma dessas sobreposições é o emprego do pronome oblíquo de terceira pessoa “se” em
lugar de “nos” (Só se conformemo), diferentemente do que prescreve a norma culta.
III – A letra de “Saudosa Maloca” apresenta linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a
linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.
Estão corretas
a) apenas I.
b) apenas II.

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Português – Variação Linguística – Prof. Carlos Zambeli

c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) I, II e III.

4. Gíria
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais. Esses grupos utilizam a gíria como
meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas pelo
próprio grupo. Assim, a gíria é criada por determinados segmentos da comunidade social que
divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de comunicação de
massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos; às vezes, também inventam
alguns. A gíria que circula pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no
vocabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.

3. Nas orações a seguir, as gírias sublinhadas podem ser substituídas por sinônimos.
“… e beijava tudo que era mulher que passasse dando sopa.”
“… o Papa de araque…”
“… numa homenagem também aos salgueirenses que, no Carnaval de 1967, entraram pelo
cano.”
Indique que opção equivale, do ponto de vista do sentido, a essas expressões.
a) distraidamente, falso, saíram-se mal.
b) reclamando, falso, obstruíram-se.
c) distraidamente, esperto, saíram-se vitoriosos.
d) reclamando, falso, deram-se mal.
e) distraidamente, esperto, obstruíram-se.

5. Linguagem Regional
Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto
às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista
fonológico. Há, no Brasil, por exemplo, falares amazônico, nordestino, baiano, fluminense,
mineiro, sulino.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
“Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem
arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum.
Nenhum! — é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me
faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que me vejam — é de minha certa
importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita
na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava
por ela — já o campo!
Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo
nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso
servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres,

www.acasadoconcurseiro.com.br 147
nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o ditado: “menino — trem do diabo”? E
nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do
redemunho... “
(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.)

4. O texto de Guimarães Rosa mostra uma forma peculiar de escrita, denunciada pelos recursos
linguísticos empregados pelo escritor. Entre as características do texto, está
a) o emprego da linguagem culta, na voz do narrador, e o da linguagem regional, na voz da
personagem.
b) a recriação da fala regional no vocabulário, na sintaxe e na melodia da frase.
c) o emprego da linguagem regional predominantemente no campo do vocabulário.
d) a apresentação da língua do sertão fiel à fala do sertanejo.
e) o uso da linguagem culta, sem regionalismos, mas com novas construções sintáticas e
rítmicas.

6. Linguagem das Mídias Eletrônicas


São dois os principais motivos da simplificação e da abreviação de palavras entre quem usa
a internet e costuma mandar mensagens: o primeiro, a facilidade de se escrever de modo
simplificado, e o segundo, a pressa. Esta, por sua vez, está ligada a outras duas razões: a
economia e o desejo de reproduzir virtualmente o ritmo de uma conversa oral.

Boa tarde, amigão,


Como vc está interessado em trabalhar nesta empresa, e somente poderá o fazer por meio
de concurso público, deve acessar o link Concursos, em www.fepese.org.br. Assim, tu tens
informação não apenas a respeito do concurso da CASAN, mas tb de outros que aquela
fundação coordena.
Abraços.
Manoel

5. Assinale a alternativa correta, quanto a esse tipo de correspondência.


a) Nesse tipo de correspondência o termo “amigão” é permitido, desde que realmente haja
amizade entre quem a envia e quem a recebe.
b) Nesse tipo de correspondência, são aceitáveis abreviaturas como vc e tb, comuns em
e-mails entre amigos.
c) Está correto o emprego de pessoas gramaticais diferentes: vc (você) está interessado e tu
tens; considerar isso erro gramatical é preconceito linguístico.
d) Em “somente poderá o fazer” há erro no emprego do pronome oblíquo; a correspondência
empresarial, mesmo sob a forma eletrônica, obedece à norma culta da língua.

Gabarito: 1. D 2. D 3. A 4. B 5. D

148 www.acasadoconcurseiro.com.br
Redação

Professor Carlos Zambeli

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Redação

10 dicas para começar!

1. A redação não é um texto construído por um monte de frases, é, sim, um enredo semântico
a que dados o nome de textualidade (coesão).
Por exemplo: Escreva a redação. Coloque-a sobre a mesa depois de pronta.
Essas frases possuem coesão?
Sim, pois tratam do mesmo assunto! Além disso temos o pronome “a” recuperando a palavra
“redação”.

Pedi um refrigerante. O refrigerante, porém, não estava gelado. (com coesão)

Pedi um refrigerante. Um refrigerante, porém, não estava gelado. (sem coesão)

2. Quais os tipos de erro de coesão?


a) Uso inadequado do conectivo:
Preposição: “Este governo diminuiu o salário dos professores e eliminou conteúdos importantes
no desenvolvimento de todos os estudantes.”

Pronome Relativo: “As crianças que as mães são presentes se caracterizam pela disciplina.”

Conjunção: “Aumentar a passagem, para muitas pessoas, é fundamental para qualificar o


serviço. Portanto, se as pessoas não aceitam essa verdade, devem protestar sem violência.”

b) Redundância:
Entende-se por redundância a repetição desnecessária ou exagerada da palavra, ideia ou
expressão. Quanto mais redundante for o texto mais fica provado que o candidato não tem
repertório suficiente para escrever uma boa redação.
Exemplos:
“Nesta semana, eu ganhei um brinde grátis da Casa do Concurseiro.”

“O projeto não foi aprovado, porque não houve consenso geral.”

www.acasadoconcurseiro.com.br 151
c) Ambiguidade:
Esse problema ocorre quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido,
comprometendo a compreensão do conteúdo. Isso pode provocar dúvidas no leitor e levá-lo a
conclusões equivocadas na interpretação do texto.
Ex: “A mãe discutia com a filha sentada no sofá!”
Como resolver?
Opção 1 _________________________________________________

Opção 2 _________________________________________________

3. Como estruturar a minha redação, Zambeli?


Existem vários modelos de redação. No texto expositivo-argumentativo, vamos trabalhar
com introdução, 2 desenvolvimentos e conclusão. A chave para começar essas 3 estruturas é
caprichar no tópico frasal. No texto descritivo, a análise do ser ou do produto pode ser objetiva
ou subjetiva. No texto narrativo, a organização na sequência de fatos é o grande segredo. Já
no texto instrucional (prescritivo), a base se faz como se estivéssemos orientando algo a fazer,
construir, vender algo.

4. O que é o trópico frasal?


Esse item resume o conteúdo do parágrafo. Ele enuncia a ideia a ser desenvolvida. Esse trópico
frasal deve ser claro, detalhado e específico.

5. Erro de clareza:
“Para passar em um concurso, devemos saber como fazer isso.”

“Estudar é importante.”

“Ver Big Brother é prejudicial.”

Como consertar?
O sonho de ser concursado exige muito estudo por parte dos candidatos.

O estudo desenvolve no aluno o domínio do assunto e permite a reflexão crítica.

Programas considerados fúteis podem entreter as pessoas e fazê-las perder o foco de seus reais
objetivos.

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Redação – Prof. Carlos Zambeli

6. Essa divisão do texto em três parte faz o que exatamente?


A introdução estabelece o objetivo e a ideia central do texto, ela é a promessa do debate.
O desenvolvimento explana a ideia central, é onde ficam os argumentos para sustentar sua
opinião. A conclusão sintetiza seu conteúdo.

7. O que é a falta de unidade de um texto?


A falta de unidade decorre da “emoção” na analise de um argumento em detrimento do outro.
Assim o texto não fica uniforme e o corretor pode interpretar como uma bela manha para
completar as linhas!

8. Como fugir da ausência de coerência?


Não seja repetitivo, aborde o tópico no mesmo parágrafo de desenvolvimento, não aborde um
assunto sem um encadeamento progressivo, não comece a conclusão por nexos adversativos.

9. Como manter a coesão no texto?


Use sinônimos, capriche na escolha dos nexos, seja simples no vocabulário, etc.

10. O que são frases siamesas?


São duas frase completas, escritas como se fossem uma apenas. Essas frase unem o que não
deveria estar junto.
Exemplo:
Errado: “ Quis fazer o curso de redação do Zambeli e do Cássio acho sempre importante estudar
mais.”

Certo: “ Quis fazer o curso de redação do Zambeli e do Cássio, pois acho sempre importante
estudar mais.”

10 detalhes da estrutura para um texto argumentativo!

1. A dica da introdução
Uma boa introdução é aquela que informa o que será trabalhado. Sabe o que é necessário para
ficar legal? Informar o tema e as partes em que este tema foi dividido (exatamente na ordem
como vão aparecer no decorrer do texto.)

www.acasadoconcurseiro.com.br 153
2) Tipos de introduções problemáticas
a) Introduções vagas:
Esse tipo de introdução apresenta de forma vaga ou indiretamente o assunto do texto.

“Esse tema realmente é complicado.”

“Esse produto do Banco do Brasil é tão incrível quanto o da Caixa.”

b) Introduções prolixas:
vá direto ao que interessa! Exagerar nas explicações pode gerar dúvidas no leitor!

c) Introduções abruptas:
calmaaaaaaaaaaa! Não precisa ir tão direto ao ponto! Seu leitor precisa conhecer o assunto
com uma boa explanação. Seu leitor precisa ter o roteiro adequado para começar a ler seu
texto.

3. Resumo da introdução!
Não exagere no tamanho e não comece a argumentar ainda!

Busque apresentar o tema, delimitar o assunto e deixe claro o seu posicionamento.

4 Modelos de Introdução
a) Declaratória:
Você expõe o sugerido pela banca, usando as suas palavras! Não se esqueça de que você deve
delimitar a abordagem do assunto.
Qual o problema dessa?
___________________________________________________

b) Perguntas:
Só pergunte se você tiver a resposta para desenvolver depois! Não pense em fazer a introdução
toda com pergunta, mas é um bom recurso para iniciar.
Qual o problema dessa?
___________________________________________________

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Redação – Prof. Carlos Zambeli

c) Hipóteses:
Você supõe algumas formas de abordar e as fará no desenvolvimento do texto.
Qual o problema dessa?
___________________________________________________

d) Histórica:
Você compara algo do passado com a problemática do tema de redação. Apresenta uma
trajetória histórica para reforçar sua tese.
Qual o problema dessa?
___________________________________________________

e) Comparação
Você compara fatos, países, casos, problemas, enfim, apresenta sua ideia deixando claro que
nada é tão novidade assim.
Qual o problema dessa?
___________________________________________________

f) Citação
Você abre o texto com as palavras de uma autoridade no tema em questão.
Qual o problema dessa?
___________________________________________________

5. Zambeli, posso começar como esse texto?


•• Ao contrário do que muitos pensam...
•• Muito se discute a importância de...
•• Apesar de muitos acreditarem que...
•• Pode-se afirmar que, em razão de/ devido a
•• É indiscutível que...

6. E o desenvolvimento?
É a base do seu texto! Aqui ficam suas ideias principais. Vamos trabalhar com dois
desenvolvimentos (D1 e D2).
No D1, pode-se desdobrar o tema, detalhar, analisar, demonstrar!
No D2, apresentaremos nossos argumentos a favor ou contra. De que maneira? Demonstrando,
confrontando a validade dos nossos argumentos. Apresentando ordenada, clara e
convictamente.
Neles, devemos usar todo nosso poder de convencimento!

www.acasadoconcurseiro.com.br 155
7. Como desenvolver?
a) Hipóteses:
Você apresenta hipóteses para dar as soluções! Apresenta prováveis resultados. Assim,
demonstra dominar o assunto e ter interesse por ele.

b) Causa e Consequência:
Você analisa o que leva ao problema e apresenta suas consequências!

c) Exemplificação:
Você mostra, na prática, como seus argumentos são bons! Mas cuidado!!!! Exemplificar demais
pode transformar sua dissertação em narração! Os exemplos deve ser concretos, importantes
para a sociedade.

8. Como argumentar?
O que escrever? Para que escrever? Como escrever? Para que lado puxar? Essas perguntas
podem ajudá-lo a argumentar com mais precisão, sem se perder em detalhes desnecessários.

Observe: palavras- frases; frases-parágrafos; parágrafos-texto! Simples? Então fique fiel ao


tema, evidencie sentido e associe à realidade!
•• Argumente com algo de valor universal, ou com dados estatísticos, ou com a opinião de
uma autoridade, ou com uma breve narrativa!

9. Como ligar um desenvolvimento no outro?


D1
•• É preciso frisar também...

•• É necessário, primeiramente, considerar/lembrar/ater-se...

D2
•• Nota-se, por outro lado, que...

•• Não se pode esquecer...

•• Além disso...

•• Outro fator importante é...

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10. Concluindo então? Ufa!


A conclusão não é apenas uma recapitulação do que foi trabalhado. Deixe claro o caminho que
você seguiu para chegar até ali. Nesse momento tão fundamental, admite-se um fato novo,
uma ideia, um argumento, mas não se esqueça da estrutura: tema – tese – solução.
Essa parte deve ser breve, no entanto, não use apenas um período. Para concluir use: portanto,
logo, dessa forma, definitivamente...

10 detalhes tão pequenos! Mas...

1. Registro equivocado!
•• Só que – prefira mas, porém...
•• Ter – cuide se for o sentido de “haver”.
•• A gente – prefira “nós”
•• Fazer com que – Essas injustiças fazem com que as pessoas desacreditem no sistema./
Essas injustiças fazem as pessoas desacreditarem no sistema.

2. Problemas de Semântica!
•• Redundância e obviedade: Há dois meses atrás./ Eu penso.../ No mundo em que vivemos...
•• Sentido amplo demais: A crise da educação é uma coisa enorme!
•• Uso de gírias: Após resolver esse detalhe, a vida ficou um barato!

3. Lugar-comum
•• de mão beijada, depois de um longo e tenebroso inverno, desbaratada a quadrilha, de
vento em popa...
•• agradável surpresa, amarga decepção, calor escaldante, calorosa recepção, carreira
meteórica, cartada decisiva, chuvas torrenciais, corpo escultural, crítica construtiva
•• “se cada um fizer a sua parte...”, “é preciso lembrar que dinheiro não traz felicidade...”, “as
pessoas saem de casa sem saber se voltarão...”

4. Expressões comuns!
•• Em princípio – antes de mais nada, em tese.
•• A princípio – no início, no começo.
•• Possuir – só no sentido de posse, propriedade. “Edgar possui um carro velho.”/ “Edgar
desfruta de uma boa condição de vida.”

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•• Na medida em que – = porque
•• À medida que – = proporção
•• A meu ver – não use “ao meu ver”.
•• Em frente de/ diante de – não use “frente a”

5. Gerúndio (-ndo) – ação continua


•• Suas atitudes acabam gerando intrigas. (errado)
•• Suas atitudes geram intrigas. (certo)

6. Pontuação
•• Dois-pontos: usa-se para explicações, consequências.
•• Aspas: servem para indicar estes casos: palavras estrangeiras, ironia, transcrições textuais,
neologismos, títulos.

7. Paralelismo
•• Engano no paralelismo nas comparações:
“Falar com pessoas é mais fácil do que a conversa do dia a dia.” (errado)

“Falar com pessoas é mais fácil do que conversar no dia a dia.” (certo)

•• Falso paralelismo de sentido:


“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.”

•• Falso paralelismo morfológico:


“Essas crises se devem a mágoas, humilhações, ressentimentos e a agressores que
insistentemente o humilhavam na empresa.”

•• Falso paralelismo sintático:


“A preservação dessa consciência representa não só um dever de cidadania e é para que a
ordem seja mantida.”

8. Emprego dos nexos


•• Este,esta,isto = vai ser dito / esse, essa, isso = já foi dito
•• Onde = lugar parado! Na redação, use “em que”

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Redação – Prof. Carlos Zambeli

•• Mesmo(a) = não retoma palavras ou expressões. Use ele(a)


•• Prefira entretanto, contudo, todavia, não obstante no lugar de mas e porém.

9. Dúvidas comuns!
Letra: utilize tamanho regular. Não importa a letras, apenas diferencie maiúscula de minúscula.
Retificações: (excessões) exceções
•• Linhas: veja o edital! Obedeça à indicação!

10. Ortografia nova ou antiga?


Leia o edital!!!!!

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Redação Oficial

Correspondências Oficiais

Professora Maria Tereza

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Redação Oficial

Correspondência Oficial

Correspondência Oficial: maneira pela qual o Poder Público (artigo 37 da Constituição:


"administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) redige atos normativos e comunicações.

Características (atributos decorrentes da Constituição)


•• Impessoalidade: ausência de impressões individuais de quem comunica; tratamento
homogêneo e impessoal do destinatário.
•• Uso do padrão culto de linguagem: observação das regras da gramática formal e emprego
de vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma (ausência de diferenças lexicais,
morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias
linguísticas). O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre
sua compreensão limitada.
•• Clareza: ausência de duplicidade de interpretações; ausência de vocábulos de circulação
restrita, como a gíria e o jargão.
•• Concisão: transmissão de um máximo de informações com um mínimo de palavras.
•• Formalidade: obediência a certas regras de forma; certa formalidade de tratamento;
polidez, civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
•• Uniformidade: atenção a todas as características da redação oficial e cuidado com a
apresentação dos textos (clareza da digitação, uso de papéis uniformes para o texto
definitivo e correta diagramação do texto).
•• Emissor: um único comunicador - o Serviço Público.
•• Receptor: o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro)
– ou o conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).

Uso de Pronomes de Tratamento

1. Concordância dos pronomes de tratamento


•• concordância verbal, nominal e pronominal: embora se refiram à segunda pessoa gramatical
(à pessoa com quem se fala ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância
para a terceira pessoa.
Ex.: "Vossa Excelência conhece o assunto". / "Vossa Senhoria nomeará seu substituto.”

•• adjetivos referidos a esses pronomes: o gênero gramatical coincide com o sexo da pessoa a
que se refere.
Ex.: "Vossa Excelência está atarefado." / "Vossa Excelência está atarefada."

www.acasadoconcurseiro.com.br 163
Resumindo:
1. com quem se fala (vossa(s)): verbo e pronomes na 3ª pessoa;
2. de quem se fala (sua(s)): verbo e pronomes na 3ª pessoa;
3. adjetivos: concordam com o sexo do destinatário.

2. Emprego dos Pronomes de Tratamento (uso consagrado):


•• Vossa Excelência
a) autoridades do Poder Executivo (Presidente da República; Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado*1, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-Executivos de Ministérios
e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos
Estaduais; Prefeitos Municipais).
b) autoridades do Poder Legislativo (Deputados Federais e Senadores; Ministro do Tribunal
de Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas
Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais).
c) autoridades do Poder Judiciário (Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de Tribunais;
Juízes; Auditores da Justiça Militar, Delegados*2).
*1 – São Ministros de Estado, nos termos do Decreto 4.118/2002, além dos titulares dos
Ministérios, o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe de Gabinete de Segurança
Institucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado Geral da
União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União. Posteriormente, por meio de adendos ao
Decreto, foram incluídos outros cargos, entre eles, o de Presidente do Banco Central.
*2 – A Lei nº 12.830/2013 dispõe, no art. 3º, que “O cargo de delegado de polícia é privativo de
bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem
os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados.”
OBS.1: a vereadores, conforme Manual de Redação da Presidência da República, não é
dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem as autoridades legislativas. Logo, o
pronome a ser usado é “Vossa Senhoria”.

Vocativo Correspondente a “Vossa Excelência”


•• Chefes de Poder - Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo.
Ex.: “Excelentíssimo Senhor Presidente da República” / “Excelentíssimo Senhor Presidente do
Congresso Nacional” / “Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal”

•• Demais autoridades - Senhor, seguido do cargo respectivo.


Ex.: Senhor Senador / Senhor Juiz / Senhor Ministro / Senhor Governador.

•• Vossa Senhoria
•• empregado para as demais autoridades e para particulares.

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Vocativo correspondente a “Vossa Senhoria”


•• Senhor.
•• Vossa Magnificência
•• empregado, por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade.

Vocativo correspondente a “Vossa Magnificência”


•• Magnífico Reitor.

Pronomes de tratamento para religiosos


•• de acordo com a hierarquia eclesiástica.
a) Vossa Santidade: Papa. Vocativo Santíssimo Padre.
b) Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: Cardeais. Vocativo Eminentíssimo
Senhor Cardeal ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
c) Vossa Excelência Reverendíssima: Arcebispos e Bispos.
d) Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima: Monsenhores, Cônegos e
superiores religiosos.
e) Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.
OBS. 2: O Manual de Redação da Presidência da República – bem como outros dele decorrentes
– não apresenta vocativo para Arcebispo, Bispo, Monsenhor, Cônego, Sacerdote, Clérigo e
demais religiosos. Outros manuais – de forma inconsistente – recomendam Excelentíssimo
Reverendíssimo para Arcebispo e Bispo; Reverendíssimo para as demais autoridades
eclesiásticas.

Resumindo:
1. TRATAMENTO Vossa Excelência: autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
2. VOCATIVO Excelentíssimo: chefes dos Três Poderes;
3. VOCATIVO Senhor: para os demais cargos;
4. TRATAMENTO Vossa Senhoria: para os demais.
5. VOCATIVO: Senhor.
OBS. 3: em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) para as
autoridades da lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo
público, sendo desnecessária sua repetida evocação.
OBS. 4: fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que
recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome
de tratamento Senhor.

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OBS. 5: doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evita-se usá-lo
indiscriminadamente; é empregado apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham
tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor
os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o
tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.

Envelope (endereçamento autoridades tratadas por Vossa Excelência):

Envelope (endereçamento autoridades tratadas por Vossa Senhoria):

Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua ABC, no 123
70.123 – Curitiba. PR

Verso do Envelope

Remetente: NOME (em caixa alta)


Cargo (em caixa alta e baixa)
Setor de Autarquias Sul
Quadra 4 - Bloco N
70.070-0400 – Brasília-DF

Tabela de Abreviaturas
Pronome de Abreviatura Abreviatura Usado para se dirigir a
tratamento singular plural
Vossa Alteza V. A. VV. AA. Príncipes, duques
Vossa Eminência V. Em.a V. Em.as Cardeais
Vossa Excelência V. Ex.a V. Ex.as Altas autoridades
a as
Vossa Magnificência V. Mag. V. Mag. Reitores de universidades
Vossa majestade V. M. VV. MM. Reis, imperadores
a as
Vossa Senhoria V. S. V. S. Tratamento cerimonioso

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OBS. 6: não se abreviam os pronomes de tratamento quando os destinatários são o Presidente


da República e o Papa.

Fechos para Comunicações

1. Para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:


Respeitosamente.

2. Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:


Atenciosamente.
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que
atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do
Ministério das Relações Exteriores.

CUIDADO!!!!! NÃO use Cordialmente, Graciosamente.


É ERRADO ABREVIAR QUALQUER UM DESSES FECHOS: Att., Atcs.

Identificação do Signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais
comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do
local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Ex.: (espaço para assinatura)
Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
OBS. 6: para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do
expediente. Deve ser transferida para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
OBS. 7:
•• Não se empregam PRECIOSISMOS: palavras raras, muitas vezes arcaicas, antigas, em
desuso (“Outrossim”, “Destarte”, “Subscrevemos mui atenciosamente.”...)
•• Não se empregam NEOLOGISMOS: criação de palavras.
•• Não se usam expressões que exprimam FAMILIARIDADE: “Prezados”, “caros”, no vocativo;
•• Não se utilizam expressões REDUNDANTES: “Em resposta...”; “Sem mais, subscrevemo-
nos.”; traço para a assinatura; “Vimos por meio desta...”
•• VERBORRAGIA E PROLIXIDADE constituem erro: “Temos a satisfação de comunicar...”;
“Nada mais havendo para o momento, ficamos à disposição para maiores informações
necessárias.”; “Aproveitamos o ensejo, para protestos da mais elevada estima e
consideração.”

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Padrão Ofício
Ofício
Aviso � FORMA SEMELHANTE / FINALIDADE DIFERENTE
Memorando

SEMELHANÇAS

1. Partes:
•• tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede.
Exs.: Mem. 123/2012-MF Aviso 123/2012-SG Of. 123/2012-MME

•• local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita.
Ex.: Brasília, 15 de março de 2012.

•• destinatário (o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação; no ofício, deve


ser incluído também o endereço).
Ex.:
Ofício no 524/2012/SG-PR
Brasília, 27 de maio de 2011.
A Sua Excelência o Senhor
Deputado [Nome]
Câmara dos Deputados
70.160-900 – Brasília – DF

•• assunto (resumo do teor do documento; também chamado de ementa).


Ex.: Assunto: Produtividade do órgão em 2012.

•• texto (padrão ofício)


•• introdução – apresentação do assunto que motiva a comunicação; evita-se o uso das
formas "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de", "Cumpre-me informar que”;
•• desenvolvimento – detalhamento do assunto; se houver mais de uma ideia, deve
haver parágrafos distintos;
•• conclusão – reafirmação ou reapresentação do assunto.
OBS. 8: os parágrafos devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados
em itens ou títulos e subtítulos.

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•• texto (mero encaminhamento de documentos)


•• introdução - referência ao expediente que solicitou o encaminhamento; caso contrário,
informação do motivo da comunicação (encaminhar) indicando os dados completos do
documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e assunto de que trata), e a
razão pela qual está sendo encaminhado.
Ex.: "Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 2012, encaminho, anexa, cópia do Ofício
nº 34, de 3 de abril de 2011, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição
do servidor Fulano de Tal."
Ou
"Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de
fevereiro de 2012, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste."
•• Desenvolvimento – normalmente, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou
ofício de mero encaminhamento.
•• fecho.
•• assinatura do autor da comunicação.
•• identificação do signatário.

2. Forma de diagramação:
•• Fonte
Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé.
Símbolos não existentes na fonte Times New Roman - fontes Symbol e Wingdings.
•• Número de páginas
É obrigatório constar a partir da segunda página.
•• Tamanho da folha
Todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho
A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm.
•• Orientação
O documento deverá ser impresso como Retrato.
•• Impressão
Poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens esquerda e
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”). A impressão
dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
apenas para gráficos e ilustrações.
•• Início de parágrafo
O início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda.

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•• Espaçamento entre parágrafos
Deve ser utilizado espaçamento de 2,5cm.
•• Espaçamento entre linhas
Deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo
(uma linha em branco).
•• Alinhamento
O texto deve ser justificado.
•• Margem esquerda
O campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura.
•• Margem direita
O campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm.
•• Margem superior
O campo destinado à margem superior terá 2 cm.
•• Margem inferior
O campo destinado à margem inferior terá 2 cm.
•• Armas nacionais
É obrigatório o uso das Armas Nacionais nos papéis de expediente, nos convites e nas
publicações de âmbito federal (artigo 26, inciso X, da Lei nº 5.700, de 1º de setembro
de 1971), único emblema que figurará nos modelos padronizados. As Armas Nacionais
poderão ser omitidas nos papéis e nas publicações de uso interno das repartições federais.

DIFERENÇAS

Finalidade
Aviso e Ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas.

1. Aviso: expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma


hierarquia; tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si.
Uso de vocativo seguido de vírgula.

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Exemplo de Aviso
Aviso nº xxx/SG-PR
Brasília, xx de maio de xxxx.
A Sua Excelência o Senhor
[nome e cargo]

Assunto: Blá-blá-blá

Senhor Ministro,

CORPO DO TEXTO: blá-blá-blá.

Atenciosamente,
[nome]
[cargo]

2. Ofício: expedido para e pelas demais autoridades; tratamento de assuntos oficiais pelos
órgãos da Administração Pública entre si e também com particulares.
Uso de vocativo seguido de vírgula.
No cabeçalho ou no rodapé: nome do órgão ou setor; endereço postal; telefone e endereço de
correio eletrônico.

Exemplo de Ofício
[Ministério]
[Secretaria / Departamento / Setor / Entidade]
[Endereço para correspondência]
[Telefone e endereço de correio eletrônico]

Ofício nº xxxxxxx/SG-PR
Brasília, xx de maio de xxxx.
A Sua Excelência o Senhor
Deputado Fulano
Câmara dos Deputados
CEP – município – estado

Assunto: Blá-blá-blá

Senhor Deputado,

CORPO DO TEXTO: blá-blá-blá.

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Atenciosamente,
[nome]
[cargo]
INSTITUTO FEDERAL XXXX Caixa Postal 000 74.001-970 – Brasília – DF 61-XXXXXXXX –
gabinete@ifbrasilia.edu.br
AB / CD

OBS. 9: a numeração dos ofícios recomeça a cada ano.


OBS. 10: quando houver documentos a anexar, escreve-se a palavra anexo na margem esquerda
e a sua descrição.
Ex.: Anexo: Recibo do pagamento.
OBS. 11: na última linha do papel, à esquerda, devem constar as iniciais de quem redigiu e de
quem digitou o texto, separadas por uma barra. Se forem a mesma pessoa, basta colocar a
barra e as iniciais.

2.1 Ofício Circular: segue os mesmos padrões de forma e estrutura do ofício. Entretanto, é
utilizado para tratar de um mesmo assunto com destinatários de diferentes setores/
unidades.

Exemplo de Ofício Circular


[Ministério]
[Secretaria / Departamento / Setor / Entidade]
[Endereço para correspondência]
[Telefone e endereço de correio eletrônico]
Ofício Circular nº xxxxxxx/&&-&&
Brasília, xx de maio de xxxx.
Aos Senhores
Diretores das Escolas da Rede Estadual
Região Metropolitana de ZZZZZ
Assunto: Blá-blá-blá

Senhor(a) Diretor(a),
.......

3. Memorando: comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que


podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto,
de uma forma de comunicação eminentemente interna; caráter meramente administrativo
ou de exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado
setor do serviço público.

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Característica principal: agilidade.


OBS. 12: o destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.
Ex.: Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.
OBS. 13: os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso de
falta de espaço, em folha de continuação.
OBS. 14: após a numeração de controle, devem constar, no máximo, três níveis de siglas: a
da unidade emitente, a da imediatamente superior e a do órgão/unidade responsável pela
competência regimental.
Ex.: Memorando nº xx/Seata/Coseg/Cglog

Exemplo de Memorando
Mem nº xxx/DJ
Brasília, xx de maio de xxxx.
Ao Senhor Chefe do Departamento de yyyy

Assunto: Blá-blá-blá

CORPO DO TEXTO: blá-blá-blá.

Atenciosamente,
[nome]
[cargo]

OUTROS TIPOS CORRESPONDÊNCIAS

4. Exposição de Motivos: expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-


Presidente (geralmente, por um Ministro de Estado) para informá-lo de determinado
assunto; propor alguma medida; ou submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
Caso envolva mais de um Ministério, é assinada por todos os Ministros é chamada de
Exposição Interministerial.
Forma: modelo do padrão ofício, se o caráter for tão somente informativo; pode conter
comentários se a exposição submeter à consideração do Presidente da República a sugestão de
alguma medida a ser adotada.
OBS. 15: Havendo necessidade de duas assinaturas, fica à esquerda a da autoridade
responsável (no uso das atribuições) e à direita a do co-responsável (que fornece apoio técnico
e logístico). A autoridade responsável é aquela que responde diretamente pelas competências
e pelas atribuições da unidade, e o co-responsável é a autoridade da unidade que fornecerá o
apoio técnico e/ou logístico para o desempenho da atividade. Na maioria dos casos, o próprio
documento define quem é o responsável direto e o responsável indireto.

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Forma de identificação:
(assinatura) (assinatura)
(Nome do responsável) (Nome do co-responsável)
(Cargo do signatário) (Cargo do signatário)

Exemplo de Exposição de Motivos de caráter informativo

5 cm

EM no 00146/xxxx-MRE
Brasília, xx de xxxx de xxxx.

5 cm
Excelentíssimo Senhor Presidente da República.

1,5 cm

O Presidente ZZZZZZZZ anunciou, no último dia 13, significativa


3cm mudança da posição norte-americana nas negociações que se realizam – na 3cm
Conferência do Desarmamento, em Genebra – de uma convenção multilateral
de proscrição total das armas químicas. Ao renunciar à manutenção de cerca
de dois por cento de seu arsenal químico até a adesão à convenção de todos
os países em condições de produzir armas químicas, os Estados Unidos
reaproximaram sua postura da maioria dos quarenta países participantes do
processo negociador, inclusive o Brasil, abrindo possibilidades concretas de
que o tratado venha a ser concluído e assinado em prazo de cerca de um ano.
(...)

1cm
Respeitosamente,

2,5cm

[Nome]
[cargo]

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Redação Oficial – Correspondências Oficiais – Profª Maria Tereza

Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presidente da República a sugestão


de alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora
sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes
por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo
proposto;
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para
se solucionar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser
editado para solucionar o problema.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente
preenchido, de acordo com o modelo previsto no Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.

5. Mensagem: instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos,


notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo
para informar sobre fato da Administração Pública.
Forma
•• indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontalmente, no início da margem
esquerda: Mensagem nº;
•• vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
•• texto, iniciando a 2 cm do vocativo: Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal;
•• local e data, verticalmente, a 2 cm do final do texto, e horizontalmente fazendo coincidir
seu final com a margem direita.
OBS. 16: a mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz
identificação de seu signatário.

6. Correio Eletrônico
Forma: um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem
incompatível com uma comunicação oficial. Nos termos da legislação em vigor, para que a
mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceito
como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do
remetente, na forma estabelecida em lei.

7. Fax
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma forma de comunicação que está
sendo menos usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão
de mensagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há
premência, quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. Quando
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma de praxe.

www.acasadoconcurseiro.com.br 175
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com o próprio fax,
cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapidamente.
Estrutura
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes. É
conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de folha de rosto, i. é., de
pequeno formulário com os dados de identificação da mensagem a ser enviada, conforme
exemplo a seguir:
[Órgão Expedidor]
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]
_______________________________________________________
Destinatário:_____________________________________________
No do fax de destino:_____________ Data:_______/_______/_____
Remetente:______________________________________________
Tel. p/ contato:________ Fax/correio eletrônico:________________
No de páginas: esta +______ No do documento: _________________
Observações:_____________________________________________

8. Ata: relatório escrito do que se fez ou disse em sessão de assembleia, sociedade, júri,
corporação. É o registro claro e resumido das ocorrências de uma reunião de pessoas, com fim
determinado.
Forma
•• localizadores temporais: dia, mês, ano e hora da reunião (sempre por extenso);
•• espaço da reunião: local (sede da instituição, rua, número, cidade);
•• nome e sobrenome das pessoas presentes, com respectivas qualificações;
•• declarações do presidente e secretário;
•• assuntos tratados (ordem do dia);
•• fecho;
•• assinaturas, por extenso, do presidente, secretário e participantes da reunião.

9. Apostila: averbação feita abaixo dos textos ou no verso de decretos e portarias pessoais
(nomeação, promoção, etc.), para que seja corrigida flagrante inexatidão material do texto
original (erro na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas, etc.), desde que
essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado.
Forma
•• título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: APOSTILA;

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Redação Oficial – Correspondências Oficiais – Profª Maria Tereza

•• texto, do qual deve constar a correção que está sendo feita, a ser iniciada com a remissão
ao decreto que autoriza esse procedimento;
•• data por extenso;
•• identificação do signatário (nome em maiúsculas) abaixo da assinatura;
No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser mencionada a data de publicação
da apostila no Boletim de Serviço ou no Boletim Interno.
Exemplo de Apostila:
APOSTILA
O cargo a que se refere o presente ato foi transformado em Assessor da Diretoria-
Geral de Administração, código DAS-102.2, de acordo com o Decreto no 99.411, de 25 de julho
de 1990.
Brasília, xx de xxxx de xxxx.
NOME
Subchefe da Secretaria-Geral da Presidência da República”

10. Ordem de Serviço: uma instrução (ato interno) dada a servidor ou órgão administrativo.
Encerra orientações a serem tomadas pela chefia para execução de serviços ou
desempenho de encargos. É o documento, o ato pelo qual se determinam providências a
serem cumpridas por órgãos subordinados.
Forma
•• título: Ordem de Serviço nº …...., de …... de …...................... de 20XX (Em caixa-alta e
centralizado);
•• texto;
•• nome e cargo do chefe.

11. Parecer: opinião escrita ou verbal, emitida e fundamentada por autoridade competente,
acerca de determinado assunto.
Forma
Segue o padrão ofício, suprimindo-se o destinatário, o vocativo e o fecho e incluindo-se o nome
do interessado e o número do processo.

12. Portaria: empregada para formalizar nomeações, demissões, suspensões e reintegrações


de funcionários.
Forma
•• numeração: número e data de expedição: Portaria nº ..., de ... de ... de 20XX.
•• título: denominação da autoridade que expede o ato, em geral já impresso no modelo
próprio.

www.acasadoconcurseiro.com.br 177
•• fundamentação: citação da legislação básica, seguida da palavra RESOLVE.
•• texto.
•• assinatura: nome da autoridade competente, com indicação do cargo que ocupa.

13. Relatório: tem por finalidade expor ou relatar atos e fatos sobre determinado assunto
para descrição de atividades concernentes a serviços específicos ou inerentes ao exercício
do cargo. A linguagem de um relatório deve ser clara, objetiva e concisa. Deve, ainda,
apresentar a descrição das medidas adotadas.

14. Requerimento: documento utilizado para obter um bem, um direito ou uma declaração
de uma autoridade pública. É uma petição dirigida a uma entidade oficial, organismo ou
instituição por meio da qual se solicita a satisfação de uma necessidade ou interesse. Em
sua elaboração, usa-se linguagem objetiva; incluem-se elementos como identificação,
endereço...; emprega-se a 3ª pessoa do singular e do plural; utiliza-se o Padrão Ofício,
contido no Manual de Redação da Presidência da República, para linguagem, identificação,
tipo de letra, dentre outras características.
Estrutura:
•• Designação do órgão administrativo a que se dirige;
•• Identificação do requerente pela indicação do nome, estado civil, profissão, morada e
número de contribuinte;
•• Exposição dos fatos em que se baseia o pedido e, quando tal seja possível ao requerente os
respectivos fundamentos de direito;
•• Indicação do pedido em termos claros e precisos;
•• Data e assinatura do requerente ou de outrem a seu rogo, se o mesmo não souber ou não
puder assinar.
MODELO
Destinatário/invocação
Requerente
Identificação
O que requer
Justificativa
(Amparo legal, se houver)
Fecho: cerca de 3 linhas abaixo do texto. Pode ocupar uma ou duas linhas. Não é obrigatório.
(“Termos em que pede deferimento”)
(Localidade e data)
(Assinatura)

15. Nota Técnica: tem como finalidade oferecer subsídios e contribuições a debates, esclarecer
gestores sobre a importância de determinada ação, dar orientações, no mais das vezes em
atenção a consultas recebidas.

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Exemplo de Nota Técnica


NOTA TÉCNICA Nº 018/2013
Brasília, 09 de maio de 2013.
ÁREA: Finanças
TÍTULO: Certificado Digital e a Importância para os Municípios.
REFERÊNCIA(S): Cartilha SIOPS;
Comunicado CGSN/SE nº 3, de 10 de março de 2009;
Portal Receita Federal do Brasil (RFB)
Portal e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte);
CORPO DO TEXTO (BLÁ-BLÁ-BLÁ)

16. Declaração: utilizada para afirmar a existência de um fato; a existência ou não de um


direito.
Forma
Pode-se iniciar uma declaração assim: “Declaro para fins de prova junto ao órgão tal...”,
“Declaro, para os devidos fins, que...”,...

17. Atestado: documento firmado por uma pessoa a favor de outra, asseverando a verdade
acerca de determinado fato. Difere da CERTIDÃO – que atesta fatos permanentes – visto
que afirma convicção sobre os transitórios.

18. Despacho: encaminhamento com decisão proferida por autoridade administrativa em


matéria que lhe é submetida à apreciação. É muito empregado na tramitação de processos.
Pode conter apenas: aprovo, defiro, em termos, de acordo ou ser redigido de forma mais
complexa.
Forma
Segue o padrão ofício, incluindo-se o nome do interessado e o número do processo e
suprimindo-se o vocativo e o fecho.

19. Edital: ato pelo qual se publica pela imprensa, ou em lugares públicos, certa notícia, fato ou
ordenança que deve ser divulgada para conhecimento das pessoas nele mencionadas e de
outras tantas que possam ter interesse pelo assunto.
Forma
•• timbre do órgão que o expede;
•• título: denominação do ato: Edital nº ... de ... de 20XX;
•• ementa: facultativa;

www.acasadoconcurseiro.com.br 179
•• texto: desenvolvimento do assunto tratado. Havendo muitos parágrafos, recomenda-se
numerá-los com algarismos arábicos, exceto o primeiro que não se numera;
•• local e data: se a data não for colocada junto ao título, deve aparecer após o texto;
•• assinatura: nome da autoridade competente, com indicação do cargo que ocupa.

20. Resolução: ato emanado de autarquias ou de grupos representativos, por meio do qual
a autoridade determina, delibera, decide, ordena ou baixa uma medida. As resoluções,
em geral, dizem respeito a assuntos de ordem administrativa e estabelecem normas
regulamentares. Podem expedi-las os conselhos administrativos ou deliberativos, os
institutos de previdência e assistência social, as assembleias legislativas.
Forma
•• título: Resolução nº ..., de ... de 20XX (centralizada, em caixa alta/maiúsculas e negrito);
•• ementa (em negrito, alinhada a esquerda no documento);
•• texto (alinhado à esquerda);
•• assinatura e cargo de quem expede a resolução.

21. Telegrama
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, passa a
receber o título de telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex,
etc.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos e tecnologicamente
superada, deve restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja possível
o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão
de seu custo elevado, essa forma de comunicação deve pautar-se pela concisão.
Forma
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis nas
agências dos Correios e em seu sítio na Internet.

NUMERAÇÃO DAS PARTES DE UMA CORRESPONDÊNCIA OFICIAL

Artigo: até o artigo nono (art. 9o), adota-se a numeração ordinal. A partir do de número 10,
emprega-se o algarismo arábico correspondente, seguido de ponto-final (art. 10). Os artigos
serão designados pela abreviatura "Art." sem traço antes do início do texto. Cada artigo deve
tratar de um único assunto.
Parágrafos (§§): desdobramentos dos artigos; numeração ordinal até o nono (§ 9o) e cardinal
a partir do parágrafo dez (§ 10). No caso de haver apenas um parágrafo, adota-se a grafia
Parágrafo único (e não "§ único").

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Redação Oficial – Correspondências Oficiais – Profª Maria Tereza

Incisos: elementos discriminativos de artigo se o assunto nele tratado não puder ser condensado
no próprio artigo ou não se mostrar adequado a constituir parágrafo. Os incisos são indicados
por algarismos romanos.
Alíneas: desdobramentos dos incisos e dos parágrafos; são representadas por letras. A alínea
ou letra será grafada em minúsculo e seguida de parêntese: a); b); c); etc. O desdobramento
das alíneas faz-se com números cardinais, seguidos do ponto: 1.; 2.; etc.

SIGLAS

Siglas que são pronunciáveis: no mesmo corpo do texto e somente com a inicial maiúscula.
(não se usam pontos intermediários ou pontos finais)
Exemplo: Detran
Maiúsculas: siglas com quatro letras ou mais quando se pronunciar separadamente cada uma
das letras ou parte delas.
Exemplo: INSS, BNDES, IBGE
Maiúsculas: siglas até três letras.
Exemplo: SUS
Siglas consagradas pelo uso: a primeira referência no texto deve ser acompanhada de
explicitação de seu significado.
Exemplo: Assessoria de Comunicação e Educação em Saúde (Ascom).
Manutenção da forma original: siglas que em sua origem trazem letras maiúsculas e minúsculas
na estrutura.
Exemplo: CNPq
Siglas dos órgãos estrangeiros 1: as traduzidas para o português deverão seguir essa
designação, e não a original.
Exemplo: Organização das Nações Unidas (ONU)
Siglas dos órgãos estrangeiros 2: mantém-se a sigla estrangeira não traduzida, mesmo que o
seu nome em português não corresponda perfeitamente à sigla.
Exemplo: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) Plural:
acréscimo de “s”, sem apóstrofo.
Exemplo: Organizações Não Governamentais (ONGs).

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Atualidades

Professora Mariana Inácio

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Atualidades

ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA CRIMINAL

A Justiça Criminal caracteriza-se como a estrutura do Poder de Punir do Estado. Para a compre-
ensão do seu funcionamento, importante analisar, primeiramente, os órgãos que a compõem.

1. Polícia
Os órgãos responsáveis pela fase investigativa da Justiça Criminal são as Polícias (Federal, Civil
e Militar). Em que pese a investigação ficar, precipuamente, a cargo das Polícias Civil e Federal,
a Constituição Federal trouxe a hipótese onde a Polícia Militar também participaria da fase in-
vestigativa.
Conforme a Constituição Federal:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, ser-
viços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas ou internacional e
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual
II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência;
III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

www.acasadoconcurseiro.com.br 185
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estru-
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias fede-
rais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estru-
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias fede-
rais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, ex-
ceto as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exérci-
to, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
Com relação as atribuições da Polícia Federal, a Lei 10446/2002 regulamenta que:
Art. 1º Na forma do inciso I do § 1º do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interes-
tadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do
Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados
no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder
à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:
I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal),
se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função públi-
ca exercida pela vítima;
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de
1990); e
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprome-
teu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação
interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em
mais de um Estado da Federação.
V – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos
ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 – Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013)
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal pro-
cederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou determinada
pelo Ministro de Estado da Justiça.

186 www.acasadoconcurseiro.com.br
Atualidades – Sistema de Justiça Criminal – Profª Mariana Inácio

2. Ministério Público

Este é órgão responsável pela fase processual. De acordo com a Constituição Federal, o Minis-
tério Público divide-se em: Ministério Público da União (composto pelos Ministérios Públicos
Federal, do Trabalho, Militar e do Distrito Federal e Territórios) e Ministério Público dos Esta-
dos.
Com relação as suas atribuições no sistema de Justiça Criminal dispõe a Constituição Federal:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
No mesmo sentido, segue a Lei 8.625/93:
Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e em ou-
tras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:
(...)
III – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
Ainda, o papel do Ministério Público foi ampliado com recente decisão do Pleno do Supremo
Tribunal Federal, ao julgarem o RE 395727, onde havia sido decretada Repercussão Geral, con-
forme segue ementa:
O Tribunal, por maioria, negou provimento ao recurso extraordinário e reconheceu o poder de
investigação do Ministério Público, nos termos dos votos dos Ministros Gilmar Mendes, Celso
de Mello, Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Rosa Weber e Cármen Lúcia, vencidos os
Ministros Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que davam provimento ao recur-
so extraordinário e reconheciam, em menor extensão, o poder de investigação do Ministério
Público, e o Ministro Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso extraordinário e negava
ao Ministério Público o poder de investigação. Em seguida, o Tribunal afirmou a tese de que o
Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo
razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que
assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,
sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei nº
8.906/94, art. 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilida-
de sempre presente no Estado democrático de Direito ? do permanente controle jurisdicional
dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante nº 14), praticados pelos mem-
bros dessa Instituição. Redator para o acórdão o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justifica-
damente, o Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski.
Plenário, 14.05.2015.(Disponível em http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciarepercussao/
verAndamentoProcesso.asp?incidente=2641697&numeroProcesso=593727&classeProcesso=
RE&numeroTema=184. Acesso em 20/05/2015 às 12h.)
Assim, hoje está autorizado pelo órgão máximo do Poder Judiciário a investigação criminal a ser
realizada pelos membros do Ministério Público.

www.acasadoconcurseiro.com.br 187
3. Poder Judiciário
Este é o órgão responsável por solucionar as demandas (conflitos) sociais, sendo ainda, o fiscal
do cumprimento da Constituição Federal.
O órgão máximo do Poder Judiciário é o Supremo Tribunal Federal, composto de 11 Ministros,
chamado de guardião da Constituição Federal.
Conforme a Constituição Federal:
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, caben-
do-lhe
Entretanto, dada a divisão de competências previstas dentro da própria Carta Magna, o Poder
Judiciário divide-se conforme o seguinte organograma:
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
STM TSE TST STJ
AUDITORIAS TRE TRT TRF E TJ
MILITARES JE JT JF E JD
Legenda: STM (Superior Tribunal Militar), TSE (Tribunal Superior Eleitoral), STJ (Superior Tribu-
nal de Justiça), TRE (Tribunais Regionais Eleitorais), TRT (Tribunais Regionais do Trabalho), TRF
(Tribunais Regionais Federais), TJ (Tribunais de Justiça), JE (Juiz Eleitoral), JT (Juiz do Trabalho),
JF (Juiz Federal) e JD (Juiz de Direito).
Vale destacar que, em matéria de Justiça Criminal, a Justiça do Trabalho (TST, TRT e JT) não
possui competência para julgamento de matéria criminal.

4. O Profissional da Advocacia
O profissional da advocacia também faz parte do sistema de Justiça Criminal, uma vez que a
Constituição Federal assegura a todos o direito a um advogado.
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
No Brasil somente é considerado advogado o bacharel em Direito regularmente inscrito no ór-
gão de classe, ou seja, na Ordem dos Advogados do Brasil. Para ter sua inscrição efetivada, a Lei
8.906/94 elenca os seguintes requisitos:
Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:
I – capacidade civil;

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Atualidades – Sistema de Justiça Criminal – Profª Mariana Inácio

II – diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente


autorizada e credenciada;
III – título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV – aprovação em Exame de Ordem;
V – não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI – idoneidade moral;
VII – prestar compromisso perante o conselho.

5. Defensoria Pública:
No intuito de atender a garantia constitucional de acesso à justiça, o sistema de Justiça Criminal
também é composto pela Defensoria Pública, órgão governamental que atende a todos que
necessitem de um advogado, porém não possam arcar com as custas.
De acordo com a Constituição Federal:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Esta-
do, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente,
a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
Este órgão divide-se em Defensoria Pública dos Estados e da União.

FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA CRIMINAL


A Justiça Criminal funciona em três etapas, quais sejam: Inquérito Policial, Processo Penal e
Execução Penal.

1. Fase do Inquérito Policial:


Ocorrido um ilícito penal, é obrigação dos órgãos de investigação criminal (Polícia Civil, Federal
e Militar), dentro de suas obrigações, a dar início a um inquérito policial. Este instrumento tem
por objetivo:
a) Investigar o crime, com a identificação do autor e esclarecendo como foi cometido;
b) Reunir todas as informações para que possa ser iniciado um processo contra o autor do
crime.
Dentre as regras que sistematizam o Inquérito Policial, segue o Código de Processo Penal:
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

www.acasadoconcurseiro.com.br 189
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coi-
sas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994).
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos crimi-
nais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV – ouvir o ofendido;
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Tí-
tulo Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe
tenham ouvido a leitura;
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer jun-
tar aos autos sua folha de antecedentes;
IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e ca-
ráter.
O prazo para a realização da fase inquisitorial, e posterior remessa para o Ministério Público
também encontra-se previsto no Código de Processo Penal:
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagran-
te, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem
ela.
Assim, realizadas as investigações e apurados os indícios de autoria (pessoa responsável pelo
crime) e materialidade (existência de um crime), deve ser cumprido o prazo acima referido e
enviado os respectivos documentos para o órgão responsável pela persecução penal.

2. Fase do Processo Penal:


Estando o Ministério Público munido de elementos que comprovem a autoria de um fato crimi-
noso, bem como da existência de um crime, deve o mesmo ingressar com a Ação Penal, onde,
portanto, o Estado poderá exercer seu poder de punir através da prolatação de uma sentença
penal.
Regra geral, o órgão detentor da legitimidade para propor uma ação penal é o Ministério Públi-
co. Entretanto, o legislador previu hipóteses onde tal poder pode ser restringido pela ação do
particular, ou ainda mesmo, fica totalmente dependente da atuação da vítima/ofendido.
Assim é que se fala em Ação Penal Pública (de atuação do Ministério Público) e Ação Penal Pri-
vada (de atuação do ofendido através de advogado constituído para tal fim).

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De acordo com o Código de Processo Penal:


Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofen-
dido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único re-
numerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da
União, Estado e Município, a ação penal será pública. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por
meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em
que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indi-
cando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquiva-
mento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar im-
procedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-
-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva,
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada
O instrumento utilizado pelo Ministério Público para dar início ao processo denomina-se de-
núncia, enquanto o instrumento utilizado pelo particular tem o nome de queixa-crime. Sobre
os seus requisitos, segue o Código de Processo Penal:
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstân-
cias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação
do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade poli-
cial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente
os autos.
A forma de processamento dos crimes ocorrerá, de acordo com o Código de Processo Penal,
através do procedimento comum ou especial. A regra é que todos os crimes sejam julgados
pelo procedimento comum, sendo o especial uma exceção prevista apenas para determinados
crimes. O procedimento comum divide-se:

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Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
I – ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior
a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II – sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4
(quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III – sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
No procedimento comum ordinário, após o recebimento da denúncia ou queixa-crime, o juiz ci-
tará o réu para que o mesmo apresente sua resposta a acusação, se não for caso de absolvição
sumária, será marcada audiência de instrução e julgamento, onde serão produzidas as provas
e, não sendo requeridas novas diligências, as partes farão suas alegações finais e, ao final, o juiz
proferirá sua sentença.
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a
rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá
absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabili-
dade;
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV – extinta a punibilidade do agente.
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas,
interrogando-se, em seguida, o acusado.
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alega-
ções finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis
por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
Dentre as diferenças entre o procedimento comum ordinário e o sumário, destaca-se o número
de testemunhas que podem ser arroladas pelas partes (no procedimento ordinário podem ser
arroladas até oito, enquanto no procedimento comum sumário podem ser arroladas apenas
cinco) e o prazo para a realização da audiência de instrução e julgamento:

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Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta)
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código,
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coi-
sas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate.
Uma vez prolatada a sentença, vale destacar a máxima constitucional que garante o duplo grau
de jurisdição, ou seja, diante da garantia constitucional do devido processo legal, todos os cida-
dãos brasileiros tem o direito de terem as decisões judiciais proferidas em primeiro grau revis-
tas por um órgão superior.

3. FASE DA EXECUÇÃO PENAL


Vale destacar, inicialmente, que três são as penas aceitas pelo Código Penal Brasileiro:
Art. 32 – As penas são:
I – privativas de liberdade;
II – restritivas de direitos;
III – de multa.
No que tange as penas privativas de liberdades, estas encontram-se disciplinas no Código Pe-
nal, conforme se dispõe:
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Já as penas restritivas de direitos seguem no artigo a seguir:
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I – prestação pecuniária;
II – perda de bens e valores;
III – (VETADO)
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos;
VI – limitação de fim de semana.
Por fim, a pena de multa segue disciplinada da seguinte forma:

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Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sen-
tença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa.
§ 1º O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetá-
ria.
Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença.
A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento
se realize em parcelas mensais.

CRISE DE LEGITIMIDADE DA JUSTIÇA CRIMINAL


O Brasil vive, nos dias de hoje, uma crise de legitimidade da Justiça Criminal, ou seja, a socie-
dade perdeu a crença no Poder Judiciário e na sua habilidade de resolver os conflitos sociais
existentes.
Entretanto, o cenário atual dos estabelecimentos prisionais brasileiros contraria essa sensação
de impunidade que domina a sociedade contemporânea.
Primeiramente, em que pese as informações repassadas constantemente pela mídia acerca da
impunidade que supostamente vigoraria no país, tais afirmações não são confirmadas pelas
estatísticas apresentadas pelos órgãos oficiais de controle.
No ano de 2014, o CNJ (Conselho Nacional do Poder Judiciário) levantou que, no país, 715.655
pessoas encontram-se cumprindo pena privativa de liberdade. Com o número oficial, o Brasil
ultrapassou a Rússia e hoje conta com a terceira maior população carcerária do mundo em nú-
meros absolutos. Segue a informação:
“A nova população carcerária brasileira é de 715.655 presos. Os números apresentados pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a representantes dos tribunais de Justiça brasileiros, nes-
ta quarta-feira (4/6), levam em conta as 147.937 pessoas em prisão domiciliar. Para realizar o
levantamento inédito, o CNJ consultou os juízes responsáveis pelo monitoramento do sistema
carcerário dos 26 estados e do Distrito Federal. De acordo com os dados anteriores do CNJ,
que não contabilizavam prisões domiciliares, em maio deste ano a população carcerária era de
567.655.
‘Até hoje, a questão carcerária era discutida em referenciais estatísticos que precisavam ser re-
vistos. Temos de considerar o número de pessoas em prisão domiciliar no cálculo da população
carcerária’, afirmou o supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Siste-
ma Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), conselheiro
Guilherme Calmon.
A prisão domiciliar pode ser concedida pela Justiça a presos de qualquer um dos regimes de
prisão – fechado, semiaberto e aberto. Para requerer o direito, a pessoa pode estar cumprindo
sentença ou aguardando julgamento, em prisão provisória. Em geral, a prisão domiciliar é con-
cedida a presos com problemas de saúde que não podem ser tratados na prisão ou quando não

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há unidade prisional própria para o cumprimento de determinado regime, como o semiaberto,


por exemplo.
Provisórios – Além de alterar a população prisional total, a inclusão das prisões domiciliares no
total da população carcerária também derruba o percentual de presos provisórios (aguardando
julgamento) no País, que passa de 41% para 32%. Em Santa Catarina, a porcentagem cai de 30%
para 16%, enquanto em Sergipe, passa de 76% para 43%.
‘A porcentagem de presos provisórios em alguns estados causava uma visão distorcida sobre o
trabalho dos juízos criminais e de execução penal. Quando magistrados de postura garantista
concediam prisões domiciliares no intuito de preservar direitos humanos, o percentual de pre-
sos provisórios aumentava no estado’, disse o coordenador do DMF/CNJ, juiz Douglas Martins.
Ranking – Com as novas estatísticas, o Brasil passa a ter a terceira maior população carcerária
do mundo, segundo dados do ICPS, sigla em inglês para Centro Internacional de Estudos Prisio-
nais, do King’s College, de Londres. As prisões domiciliares fizeram o Brasil ultrapassar a Rússia,
que tem 676.400 presos.
Déficit – O novo número também muda o déficit atual de vagas no sistema, que é de 210 mil,
segundo os dados mais recentes do CNJ. “Considerando as prisões domiciliares, o déficit passa
para 358 mil vagas. Se contarmos o número de mandados de prisão em aberto, de acordo com
o Banco Nacional de Mandados de Prisão – 373.991 –, a nossa população prisional saltaria para
1,089 milhão de pessoas”, afirmou o conselheiro Guilherme Calmon.
Ademais, o Ministério da Justiça, ao lançar suas estatísticas oficiais, comprovou que a popula-
ção carcerária no país vem aumentando exponencialmente.” (Disponível em: http://www.cnj.
jus.br/component/acymailing/archive/view/listid-4-boletim-do-magistrado/mailid-5632-bole-
tim-do-magistrado-09062014 Acesso em 20/05/2015 às 12h)
Assim, em que pese a crença de que as penas são brandas e inexistentes no país, a realidade
mostra o contrário, comprovando que o Brasil é um dos países que mais punem na atualidade.
Isto, portanto, serve não apenas para desconstruir o mito de que a impunidade vigora atual-
mente, como comprova que a tão almejada função de prevenção de crimes através da punição.
Se o Brasil, hoje, conta com a terceira maior população carcerária do mundo, com certeza de-
veria ter diminuído a sua taxa de criminalidade, caso punir fosse realmente capaz de evitar o
cometimento de futuros crimes.
Ainda, vale ressaltar o fenômeno da cifra oculta de crimes, que comprova que o sistema de
Justiça Criminal, com as respostas punitivas que hoje possui, não é capaz de solucionar o pro-
blema da criminalidade de forma eficaz.
Cifra oculta significa dizer que nem todos os crimes que acontecem em uma sociedade sofrem
uma punição. Mas mais que isso, muitos crimes, nem sequer chegam a ser noticiados ou até
mesmo investigados pelos órgãos do sistema de Justiça Criminal.
Quais os fatores que contribuem para a existência da cifra oculta?
a) Nem todos os crimes praticados são comunicados à polícia;
b) Nem todos os casos comunicados à polícia são investigados;
c) Nem todos os casos investigados resultam em processo;

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d) Nem todos os processos conseguem reunir prova para condenar o réu;
e) Nem toda sentença condenatória é executada.
Portanto, a cifra oculta é primeiro sintoma de que o sistema de Justiça Criminal nos dias de hoje
não atua de forma igual para todos.
Outro conceito que corrobora a crise de legitimidade do sistema de Justiça Criminal perante a
sociedade é o fenômeno da seletividade. Se nem todos os crimes cometidos resultam em uma
punição, como é determinada a seleção de determinadas pessoas pelo sistema de Justiça Cri-
minal?
Eugênio Raul Zaffaroni, jurista argentino, traz dois fatores que contribuem para a seleção exer-
cida pelo sistema de Justiça Criminal latino-americano:
a) A realização de criminalidade tosca (ou de fácil detectação);
b) Criminalidade realizada por grupos vulneráveis.
Analisando os dois critérios, tem-se as seguintes conclusões: dadas as dificuldades de atuação
do sistema de Justiça Criminal sobre todos os crimes que acontecem hoje no país, os membros
da organização desta Justiça buscam a criminalidade menos elaborada, ou seja, aquela que é
fácil de investigar. Porém, não somente o tipo de criminalidade contribui para a seleção, leva-se
em consideração também a perseguição de grupos que possuem menos força no corpo social
e, portanto, tornam-se mais vulneráveis as atuações das agências de controle.
A seletividade penal no Brasil fica facilmente corroborada com os dados hoje existentes do sis-
tema carcerário.
De acordo com as informações liberadas pelo Ministério da Justiça (InfoPen Estatística) a
maioria dos crimes hoje selecionados, em que pese o alarde do suposto crescimento do nú-
mero de crimes violentos, concentram-se em tráfico de drogas e crimes patrimoniais. A soma
destes crimes hoje totaliza 65% (29% relativo a roubo, 20% relativo a entorpecentes e 16%
relativo a furto) O homicídio, como se percebe, corresponde a apenas 12% dos crimes que
em 2009 sofreram algum tipo de penalização. (Disponível em: http://portal.mj.gov.br/main.
asp?View={D574E9CE-3C7D-437A-A5B6-22166AD2E896}&BrowserType=IE&LangID=pt-
br&params=itemID%3D%7B2627128E-D69E-45C6-8198-CAE6815E88D0%7D%3B&UIPartU-
ID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-A26F70F4CB26%7D Acesso em 15/05/2015 às 16h).
Por outro lado, o perfil do apenado nos dias de hoje demonstra que o grupo selecionado no
país corresponde àqueles que possuem menos força no corpo social, ou seja, semianalfabe-
tos e de parcas condições econômicas. 59% dos apenados são jovens entre 18 e 29 anos. No
ano de 2009, 178.540 apenados contavam apenas com Ensino Fundamental Incompleto, en-
quanto a população carcerária com Ensino Superior Completo contabilizava apenas 1.715. (Dis-
ponível em: http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={D574E9CE-3C7D-437A-A5B6-22166AD2
E896}&BrowserType=IE&LangID=pt-br&params=itemID%3D%7B2627128E-D69E-45C6-8198-
CAE6815E88D0%7D%3B&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-A26F70F4CB26%7D
Acesso em 15/05/2015 às 16h).
Assim, todos estes dados levam a comprovação de que é preciso buscar alternativas ao atual
sistema de Justiça Criminal brasileiro, uma vez que o mesmo, apesar de aumentar constante-
mente a população carcerária nacional, não se mostra eficiente no combate a real violência,
diante da existência da cifra oculta e da seletividade realizada pelo próprio sistema.

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NOVAS MODALIDADES DE JUSTIÇA CRIMINAL


Diante da comprovação de que o Sistema de Justiça Criminal clássico não consegue atuar de
forma eficaz no combate à criminalidade, uma vez que, em que pese o aumento alarmante do
numero de presos no sistema carcerário atual, a cifra oculta e a seletividade encontra-se enrai-
zadas na forma de atuação deste sistema, atualmente buscam-se novas formas de diminuir os
impactos da criminalidade na sociedade.

1. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS


Os Juizados Especiais Criminais possuem sua previsão na Constituição Federal no art. 98 que
dispõe:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a con-
ciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas
hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de pri-
meiro grau;
Os Juizados foram regulamentados pelas Leis 10259/01 (no âmbito da Justiça Federal) e
9.099/95 (no âmbito da Justiça Estadual). A competência de ambos é para as infrações penais
de menor potencial ofensivo, ou seja, infrações penais cuja pena máxima não ultrapassem dois
anos.
Na tentativa de dar uma resposta que não a privação de liberdade, estas legislações previram
dois institutos despenalizadores chamados de composição civil dos danos e transação penal.
Assim, ao invés de ser realizado inquérito policial quando da notificação da prática de uma des-
tas infrações, a autoridade policial deve utilizar o chamado termo circunstanciado:
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
No dia da audiência aprazada, antes de se dar início ao processo criminal, o juiz deverá analisar
a possibilidade de aplicação de um dos benefícios mencionados.
a) Composição Civil dos Danos:
De acordo com o a Lei 9099/95:
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da
audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua
intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato
e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá

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sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata
de pena não privativa de liberdade.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local,
preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administra-
ção da Justiça Criminal.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública con-
dicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.
Portanto, nas infrações penais onde houver ofendido, deve-se buscar uma conciliação entre as
partes, onde deve ser fixado valor de indenização a ser pago pelo infrator à vítima.
Importante destacar que ambos os participantes devem concordar com a negociação, sendo
que, posteriormente, a decisão tomada será tomada a ermo (por escrito) e homologada pelo
juiz competente.
Uma vez realizada a composição civil dos danos, está extinta a punibilidade do infrator. Em caso
do descumprimento do acordo, a vítima deverá procurar o juízo cível para executar a dívida,
uma vez que esta torna-se título executivo judicial. Ainda, em caso de processo na esfera cível
discutindo valores a serem pagos a título de indenização pelo cometimento desta infração pe-
nal, os valores pagos pelo infrator aqui deverão ser abatidos de eventual montante de conde-
nação em outro processo.
b) Transação Penal
De acordo com a Lei 9.099/95:
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportu-
nidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica
decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena res-
tritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a meta-
de.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva;
II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

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III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do
Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a
pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada ape-
nas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de ante-
cedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis,
cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Assim, passada a fase da composição civil dos danos (por falta de acordo entre infrator e ofen-
dido ou por crime que não possua ofendido direto), estando presentes os requisitos acima pre-
vistos, o Ministério Público deve oferecer a possibilidade de que o infrator cumpra, de forma
antecipada, uma pena alternativa à prisão. Ressalta-se que esta não é uma faculdade do MP,
pois uma vez preenchidos os requisitos, a transação penal torna-se direito público subjetivo do
infrator.
A vantagem da transação penal é que, assim como na composição civil dos danos, não hou-
ve início ao processo criminal, portanto, tal antecipação de pena não resulta em confissão da
infração, não havendo registro em folha de antecedentes criminais. Destaca-se, por fim, que
aquele que for beneficiado pelo instituto da transação não poderá fazê-lo novamente pelo pra-
zo de cinco anos.

2. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


Tal instituto, em que pese também previsto na Lei 9.099/95 merece ser analisado a parte, uma
vez que pode ser aplicado para todas as infrações penais previstas cuja pena mínima seja igual
ou inferior a um ano.
Neste benefício, após a apresentação pela acusação da denúncia ou queixa-crime, é oferecido
ao infrator a possibilidade de suspensão do processo pelo período de dois a quatro anos, desde
que cumpridos algumas determinações. O processo penal então é aberto, mas fica suspenso,
conforme dispõe o artigo:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou
não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do pro-
cesso, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condi-
cional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a
denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições:
I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

www.acasadoconcurseiro.com.br 199
II – proibição de frequentar determinados lugares;
III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo,
por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus
ulteriores termos.
Assim, desde que cumpridos os requisitos estabelecidos na decisão judicial, pelo período esta-
belecido, o infrator terá sua punibilidade decretada extinta. Destaca-se que, aos mesmos mol-
des do que prevê a transação penal, o instituto da suspensão condicional do processo não pode
ser considerado uma faculdade a ser aplicada pelo julgador pois, uma vez presentes os requisi-
tos, torna-se direito público subjetivo do infrator.

3. JUSTIÇA RESTAURATIVA
No intuito de reduzir os danos produzidos pelo Sistema de Justiça Criminal atual, atualmente
vem ganhando força a proposta da Justiça Restaurativa. Esta forma alternativa de Justiça Crimi-
nal baseia-se na premissa de que a melhor maneira de se atingir uma solução satisfatória para a
prática de um crime está na participação de todos os envolvidos no conflito.
“Processo restaurativo é aquele no qual vítima e agressor (e, em alguns casos, outros indivídu-
os ou membros da comunidade afetados pelo crime) participam ativamente na resolução das
questões oriundas do delito, geralmente com a ajuda de um facilitador. Os processos restaura-
tivos podem incluir a mediação, a conciliação, a reunião familiar ou comunitária e os círculos
decisórios” (CRUZ, Rogério Schietti Machado (org.). Justiça Criminal – Uma Explicação Simples.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 119).
Assim, esta nova modalidade de Justiça Criminal prega pela participação efetiva de todos aque-
les que sofreram as consequências criminosas dando voz a um ator que nunca estará presente
do atual Sistema de Justiça Criminal: a vítima.
O Poder Judiciário brasileiro defende a implementação deste modelo de Justiça. Destaca-se
que em 2013 as práticas restaurativas foram incluídas na política judiciária nacional de solução
de conflitos, promovida desde 2010 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tendo por ênfase
métodos de conciliação e de mediação, através da criação de Centros Judiciários de Solução
de Conflitos e Cidadania (CEJUSC), nas principais cidades brasileiras, a partir da Resolução n.

200 www.acasadoconcurseiro.com.br
Atualidades – Sistema de Justiça Criminal – Profª Mariana Inácio

125/2009 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tanto assim que alguns Estados, como o Rio
Grande do Sul, já utilizam em determinados casos a proposta restaurativa. Através da resolu-
ção nº 822/2010 – COMAG a Justiça Restaurativa foi institucionalizada no Estado. Tal resolução
determinou a criação da Central de Práticas Restaurativas junto ao Juizado da Infância e Juven-
tude da Comarca da capital gaúcha, com o objetivo de realizar procedimentos restaurativos em
qualquer fase do atendimento de adolescente acusado da prática de ato infracional.
Enfim, segue um quadro comparativo entre as principais propostas da Justiça Restaurativa e o
atual modelo de Justiça Criminal:
Diferenças entre o modelo de justiça restaurativa e retributiva

JUSTIÇA RESTAURATIVA JUSTIÇA RETRIBUTIVA


Conceito realístico de crime – Ato que Conceito jurídico-normativo de crime – Ato
traumatiza a vítima, causando-lhe danos – contra a sociedade representada pelo Estado –
Multidisciplinariedade Unidisciplinariedade
Justiça Criminal participativa Monopólio estatal da Justiça Criminal
Encontro Perseguição
Uso crítico e Alternativo do Direito Uso Dogmático do Direito Penal Positivo
Volta-se para o ofensor e essencialmente para as Volta-se para a persecução criminal e aplicação
vítimas de penas aos culpados
Restauração Estigmatização
Participação, discussão, e conscientização das Exclusão e afastamento das partes
partes envolvidas.
Ritual comunitário com as pessoas envolvidas Ritual solene e público
Diálogo Imposição
Diminuição das consequências do fato danoso, Maior probabilidade de ocorrência do processo
evitando, desta forma, a vitimização secundária. de vitimização.
Sistema contencioso e contraditório Sistema voluntário e colaborativo
Processo decisório a cargo das autoridades Processo decisório compartilhado com as pessoas
envolvidas

(CRUZ, Rogério Schietti Machado (org.). Justiça Criminal – Uma Explicação Simples. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2011. p. 119).

www.acasadoconcurseiro.com.br 201
Atualidades

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E CIDADANIA

PRONASCI – LEI 11.530/2007 expostas à violência urbana e de mulheres


em situação de violência;
Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de
Segurança Pública com Cidadania – PRONASCI, a VIII – ressocialização dos indivíduos que
ser executado pela União, por meio da articula- cumprem penas privativas de liberdade e
ção dos órgãos federais, em regime de coopera- egressos do sistema prisional, mediante im-
ção com Estados, Distrito Federal e Municípios plementação de projetos educativos, espor-
e com a participação das famílias e da comuni- tivos e profissionalizantes;
dade, mediante programas, projetos e ações de
assistência técnica e financeira e mobilização IX – intensificação e ampliação das medidas
social, visando à melhoria da segurança pública. de enfrentamento do crime organizado e da
corrupção policial;
Art. 2º O Pronasci destina-se a articular ações
de segurança pública para a prevenção, contro- X – garantia do acesso à justiça, especial-
le e repressão da criminalidade, estabelecendo mente nos territórios vulneráveis;
políticas sociais e ações de proteção às vítimas. XI – garantia, por meio de medidas de urba-
Art. 3º São diretrizes do Pronasci: nização, da recuperação dos espaços públi-
cos;
I – promoção dos direitos humanos, inten-
sificando uma cultura de paz, de apoio ao XII – observância dos princípios e diretrizes
desarmamento e de combate sistemático dos sistemas de gestão descentralizados e
aos preconceitos de gênero, étnico, racial, participativos das políticas sociais e das re-
geracional, de orientação sexual e de diver- soluções dos conselhos de políticas sociais
sidade cultural; e de defesa de direitos afetos ao Pronasci;

II – criação e fortalecimento de redes sociais XIII – participação e inclusão em programas


e comunitárias; capazes de responder, de modo consistente
e permanente, às demandas das vítimas da
III – fortalecimento dos conselhos tutelares; criminalidade por intermédio de apoio psi-
cológico, jurídico e social;
IV – promoção da segurança e da convivên-
cia pacífica; XIV – participação de jovens e adolescen-
tes em situação de moradores de rua em
V – modernização das instituições de segu- programas educativos e profissionalizantes
rança pública e do sistema prisional; com vistas na ressocialização e reintegração
VI – valorização dos profissionais de segu- à família;
rança pública e dos agentes penitenciários; XV – promoção de estudos, pesquisas e in-
VII – participação de jovens e adolescentes, dicadores sobre a violência que considerem
de egressos do sistema prisional, de famílias as dimensões de gênero, étnicas, raciais, ge-
racionais e de orientação sexual;

www.acasadoconcurseiro.com.br 203
XVI – transparência de sua execução, inclu- IV – compartilhamento das ações e das po-
sive por meios eletrônicos de acesso públi- líticas de segurança, sociais e de urbaniza-
co; e ção;
XVII – garantia da participação da socieda- V – comprometimento de efetivo policial
de civil. nas ações para pacificação territorial, no
caso dos Estados e do Distrito Federal;
Art. 4º São focos prioritários dos programas,
projetos e ações que compõem o Pronasci: VI – disponibilização de mecanismos de co-
municação e informação para mobilização
I – foco etário: população juvenil de 15 social e divulgação das ações e projetos do
(quinze) a 24 (vinte e quatro) anos; Pronasci;
II – foco social: jovens e adolescentes egres- VII – apresentação de plano diretor do siste-
sos do sistema prisional ou em situação de ma penitenciário, no caso dos Estados e do
moradores de rua, famílias expostas à vio- Distrito Federal;
lência urbana, vítimas da criminalidade e
mulheres em situação de violência; VIII – compromisso de implementar progra-
mas continuados de formação em direitos
III – foco territorial: regiões metropolitanas humanos para os policiais civis, policiais mi-
e aglomerados urbanos que apresentem litares, bombeiros militares e servidores do
altos índices de homicídios e de crimes vio- sistema penitenciário;
lentos; e
IX – compromisso de criação de centros de
IV – foco repressivo: combate ao crime or- referência e apoio psicológico, jurídico e so-
ganizado. cial às vítimas da criminalidade; e
Art. 5º O Pronasci será executado de forma inte- X – (VETADO)
grada pelos órgãos e entidades federais envol-
vidos e pelos Estados, Distrito Federal e Muni- Art. 7º Para fins de execução do Pronasci, a
cípios que a ele se vincularem voluntariamente, União fica autorizada a realizar convênios, acor-
mediante instrumento de cooperação federati- dos, ajustes ou outros instrumentos congêneres
va. com órgãos e entidades da administração pú-
blica dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Art. 6º Para aderir ao Pronasci, o ente federa- nicípios, assim como com entidades de direito
tivo deverá aceitar as seguintes condições, sem público e Organizações da Sociedade Civil de In-
prejuízo do disposto na legislação aplicável e do teresse Público – OSCIP, observada a legislação
pactuado no respectivo instrumento de coope- pertinente.
ração:
Art. 8º A gestão do Pronasci será exercida pelos
I – criação de Gabinete de Gestão Integrada Ministérios, pelos órgãos e demais entidades
– GGI; federais nele envolvidos, bem como pelos Esta-
II – garantia da participação da sociedade dos, Distrito Federal e Municípios participantes,
civil e dos conselhos tutelares nos fóruns de sob a coordenação do Ministério da Justiça, na
segurança pública que acompanharão e fis- forma estabelecida em regulamento.
calizarão os projetos do Pronasci; Art. 8º-A. Sem prejuízo de outros programas,
III – participação na gestão e compromisso projetos e ações integrantes do Pronasci, ficam
com as diretrizes do Pronasci; instituídos os seguintes projetos:
I – Reservista-Cidadão;

204 www.acasadoconcurseiro.com.br
Atualidades – Políticas Públicas de Segurança Pública e Cidadania – Profª Mariana Inácio

II – Proteção de Jovens em Território Vulne- § 2º A implementação do Protejo dar-se-


rável – Protejo; -á por meio da identificação dos jovens e
adolescentes participantes, sua inclusão em
III – Mulheres da Paz; e práticas esportivas, culturais e educacionais
IV – Bolsa-Formação. e formação sociojurídica realizada por meio
de cursos de capacitação legal com foco em
Parágrafo único. A escolha dos participan- direitos humanos, no combate à violência
tes dos projetos previstos nos incisos I a III e à criminalidade, na temática juvenil, bem
do caput deste artigo dar-se-á por meio de como em atividades de emancipação e so-
seleção pública, pautada por critérios a se- cialização que possibilitem a sua reinserção
rem estabelecidos conjuntamente pelos en- nas comunidades em que vivem.
tes federativos conveniados, considerando,
obrigatoriamente, os aspectos socioeconô- § 3º A União bem como os entes federativos
micos dos pleiteantes. que se vincularem ao Pronasci poderão au-
torizar a utilização dos espaços ociosos de
Art. 8º-B. O projeto Reservista-Cidadão é desti- suas instituições de ensino (salas de aula,
nado à capacitação de jovens recém-licenciados quadras de esporte, piscinas, auditórios e
do serviço militar obrigatório, para atuar como bibliotecas) pelos jovens beneficiários do
agentes comunitários nas áreas geográficas Protejo, durante os finais de semana e feria-
abrangidas pelo Pronasci. dos.
§ 1º O trabalho desenvolvido pelo Reservis- Art. 8º o-D. O projeto Mulheres da Paz é des-
ta-Cidadão, que terá duração de 12 (doze) tinado à capacitação de mulheres socialmente
meses, tem como foco a articulação com atuantes nas áreas geográficas abrangidas pelo
jovens e adolescentes para sua inclusão e Pronasci.
participação em ações de promoção da ci-
dadania. § 1º O trabalho desenvolvido pelas Mulhe-
res da Paz tem como foco: (Incluído pela Lei
§ 2º Os participantes do projeto de que tra- nº 11.707, de 2008)
ta este artigo receberão formação sociojurí-
dica e terão atuação direta na comunidade.” I – a mobilização social para afirmação da ci-
dadania, tendo em vista a emancipação das
Art. 8º-C. O projeto de Proteção de Jovens em mulheres e prevenção e enfrentamento da
Território Vulnerável – Protejo é destinado à for- violência contra as mulheres; e
mação e inclusão social de jovens e adolescen-
tes expostos à violência doméstica ou urbana II – a articulação com jovens e adolescen-
ou em situações de moradores de rua, nas áreas tes, com vistas na sua participação e inclu-
geográficas abrangidas pelo Pronasci. são em programas sociais de promoção da
cidadania e na rede de organizações parcei-
§ 1º O trabalho desenvolvido pelo Protejo ras capazes de responder de modo consis-
terá duração de 1 (um) ano, podendo ser tente e permanente às suas demandas por
prorrogado por igual período, e tem como apoio psicológico, jurídico e social.
foco a formação cidadã dos jovens e ado-
lescentes a partir de práticas esportivas, § 2º A implementação do projeto Mulheres
culturais e educacionais que visem a resga- da Paz dar-se-á por meio de:
tar a auto-estima, a convivência pacífica e o I – identificação das participantes;
incentivo à reestruturação do seu percurso
socioformativo para sua inclusão em uma II – formação sociojurídica realizada me-
vida saudável. diante cursos de capacitação legal, com

www.acasadoconcurseiro.com.br 205
foco em direitos humanos, gênero e media- § 2º Os instrumentos de cooperação não
ção pacífica de conflitos; poderão ter prazo de duração superior a 5
(cinco) anos.
III – desenvolvimento de atividades de
emancipação da mulher e de reeducação e § 3º O beneficiário policial civil ou militar,
valorização dos jovens e adolescentes; e bombeiro, agente penitenciário, agente car-
cerário e perito dos Estados-membros que
IV – colaboração com as ações desenvol- tiver aderido ao instrumento de cooperação
vidas pelo Protejo, em articulação com os receberá um valor referente à Bolsa-Forma-
Conselhos Tutelares. ção, de acordo com o previsto em regula-
§ 3º Fica o Poder Executivo autorizado a mento, desde que:
conceder, nos limites orçamentários pre- I – frequente, a cada 12 (doze) meses, ao
vistos para o projeto de que trata este ar- menos um dos cursos oferecidos ou reco-
tigo, incentivos financeiros a mulheres so- nhecidos pelos órgãos do Ministério da Jus-
cialmente atuantes nas áreas geográficas tiça, nos termos dos §§ 4º a 7º deste artigo;
abrangidas pelo Pronasci, para a capacita-
ção e exercício de ações de justiça comuni- II – não tenha cometido nem sido condena-
tária relacionadas à mediação e à educação do pela prática de infração administrativa
para direitos, conforme regulamento. grave ou não possua condenação penal nos
últimos 5 (cinco) anos; e
Art. 8º-E. O projeto Bolsa-Formação é destina-
do à qualificação profissional dos integrantes III – não perceba remuneração mensal su-
das Carreiras já existentes das polícias militar e perior ao limite estabelecido em regula-
civil, do corpo de bombeiros, dos agentes peni- mento.
tenciários, dos agentes carcerários e dos peri-
tos, contribuindo com a valorização desses pro- § 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pú-
fissionais e consequente benefício da sociedade blica do Ministério da Justiça será respon-
brasileira. sável pelo oferecimento e reconhecimento
dos cursos destinados aos peritos e aos po-
§ 1º Para aderir ao projeto Bolsa-Formação, liciais militares e civis, bem como aos bom-
o ente federativo deverá aceitar as seguin- beiros.
tes condições, sem prejuízo do disposto no
art. 6o desta Lei, na legislação aplicável e do § 5º O Departamento Penitenciário Nacio-
pactuado no respectivo instrumento de co- nal do Ministério da Justiça será responsá-
operação: vel pelo oferecimento e reconhecimento
dos cursos destinados aos agentes peniten-
I – viabilização de amplo acesso a todos os ciários e agentes carcerários.
policiais militares e civis, bombeiros, agen-
tes penitenciários, agentes carcerários e pe- § 6º Serão dispensados do cumprimento do
ritos que demonstrarem interesse nos cur- requisito indicado no inciso I do § 3º deste
sos de qualificação; artigo os beneficiários que tiverem obtido
aprovação em curso de especialização reco-
II – instituição e manutenção de programas nhecido pela Secretaria Nacional de Segu-
de polícia comunitária; e rança Pública ou pelo Departamento Peni-
tenciário Nacional do Ministério da Justiça.
III – garantia de remuneração mensal pesso-
al não inferior a R$ 1.300,00 (mil e trezentos § 7º O pagamento do valor referente à
reais) aos membros das corporações indica- Bolsa-Formação será devido a partir do
das no inciso I deste parágrafo, até 2012. mês subsequente ao da homologação do
requerimento pela Secretaria Nacional de

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Atualidades – Políticas Públicas de Segurança Pública e Cidadania – Profª Mariana Inácio

Segurança Pública ou pelo Departamento Ministério da Justiça, obedecidas as formalida-


Penitenciário Nacional, de acordo com a na- des legais.
tureza do cargo exercido pelo requerente.
Art. 9º As despesas com a execução dos proje-
§ 8º Os requisitos previstos nos incisos I a III tos correrão à conta das dotações orçamentá-
do § 3º deste artigo deverão ser verificados rias consignadas anualmente no orçamento do
conforme o estabelecido em regulamento. Ministério da Justiça.
§ 9º Observadas as dotações orçamentárias § 1º Observadas as dotações orçamentá-
do projeto, fica autorizada a inclusão dos rias, o Poder Executivo federal deverá, pro-
guardas civis municipais e dos agentes de gressivamente, até o ano de 2012, estender
trânsito, enquadrados nos limites inferior os projetos referidos no art. 8º-A para as
e superior de remuneração definidos nas regiões metropolitanas de todos os Estados.
normas de concessão da Bolsa-Formação,
como beneficiários do projeto, mediante o § 2º Os entes federados integrantes do Sis-
instrumento de cooperação federativa de tema Nacional de Informações de Seguran-
que trata o art. 5º desta Lei, observadas as ça Pública, Prisionais e sobre Drogas – SI-
demais condições previstas em regulamen- NESP que deixarem de fornecer ou atualizar
to. seus dados e informações no Sistema não
poderão receber recursos do Pronasci.
Art. 8º-F. O Poder Executivo concederá auxílio
financeiro aos participantes a que se referem os Art. 10. (Revogado pela Lei nº 11.707, de 2008).
arts. 8º-B, 8º-C e 8º-D desta Lei, a partir do exer- Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua
cício de 2008, nos seguintes valores: publicação.
I – R$ 100,00 (cem reais) mensais, no caso
dos projetos Reservista-Cidadão e Protejo;
e
II – R$ 190,00 (cento e noventa reais) men-
sais, no caso do projeto Mulheres da Paz.
Parágrafo único. A concessão do auxílio fi-
nanceiro dependerá da comprovação da
assiduidade e do comprometimento com
as atividades estabelecidas no âmbito dos
projetos de que tratam os arts. 8º-B, 8º-C
e 8º-D desta Lei, além de outras condições
previstas em regulamento, sob pena de ex-
clusão do participante.
Art. 8º-G. A percepção dos auxílios financeiros
previstos por esta Lei não implica filiação do be-
neficiário ao Regime Geral de Previdência Social
de que tratam as Leis nos 8.212 e 8.213, ambas
de 24 de julho de 1991.
Art. 8º-H. A Caixa Econômica Federal será o
agente operador dos projetos instituídos nesta
Lei, nas condições a serem estabelecidas com o

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Atualidades

Sistema Prisional Brasileiro

Professora Letícia Neves

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Legislação Específica

Sistema Prisional Brasileiro

1) Considerações inicias

1.1) Lei nº 7210/84

1.2) Reflexos Constitucionais – Jurisdicionalização da Execução Penal

1.3) Preso – sujeito de direito e deveres (artigo 39 e 41 da LEP)

1.4) Seletividade do Sistema Penal – influência na forma de condução da Execução Penal

1.5) Questão Penitenciária – extrema complexidade

1.6) Órgãos da Execução Penal – implementação da Política Criminal Penitenciária

1.4) Seletividade do Sistema Penal


“É verdade que no mundo temos sistemas penais seletivos, mais violentos,
mais reprodutores de violência e sistema menos violentos, menos
reprodutores de violência. Isso é verdade, sem dúvida. Como regra geral,
poderíamos dizer que, o sistema penal é mais seletivo, mais violento, mais
reprodutor de violência quanto mais estratificada seja a sociedade, quanto
mais seja a polarização da riqueza numa sociedade, quanto maior seja a
injustiça social numa sociedade.” (Zaffaroni).

1.5) Questão Penitenciária Complexidade

POLÍTICAS PÚBLICAS
Saúde
Educação
Assistência
Jurídica
[...]

www.acasadoconcurseiro.com.br 211
1.6) Órgãos da Execução Penal
Art. 61 da LEP – São órgãos da execução penal:
I – o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
II – o Juízo da Execução;
III – o Ministério Público;
IV – o Conselho Penitenciário;
V – os Departamentos Penitenciários;
VI – o Patronato;
VII – o Conselho da Comunidade.
VIII – a Defensoria Pública.

2) Sistema Penitenciário Brasileiro

2.1) Estrutura Penitenciária

2.2) Número da População Carcerária

2.3) Prisão Domiciliar como alternativa à ausência de vagas no Regime prisional adequado.

2.4) Direitos Humanos e Execução Penal – aspectos relevantes


•• Os Dados trabalhados a seguir foram retirados do diagnóstico de pessoas presas, elaborado
pelo CNJ (2014).
•• O material poderá ser encontrado no seguinte endereço eletrônico:
http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/pessoas_presas_no_brasil_final.pdf
•• Os dados contidos nas páginas do DEPEN e CNPCP podem ser utilizados conjuntamente.

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Legislação Específica – Sistema Prisional Brasileiro – Profª Letícia Neves

Processo 2014.02.00.000639-2

UF   População   %  Presos   Capacidade   Déficit     Presos  em   Total  de  presos     Déficit  de  Vagas   Novo  %  de  
Carcerária   Provisórios   (Vagas)   (Vagas)   cumprimento  de   (população   (c/  presos   presos  
(M/F)   prisão  domiciliar   carcerária  +   domiciliares)   provisórios  
CNIEP14   prisão  domiciliar)  

AC 4.320 27% 2.487 1.833 198 4.518 2.031 26%


AL 2.531 55% 1.813 718 480 3.011 1.198 47%
AM 5.276 63% 1.661 3.615 441 5.717 4.056 57%
AP 2.523 30% 1.609 914 1.662 4.185 2.576 18%
BA   13.913   64%   10.712   3.201   484   14.397   3.685   62%  
CE 15.447 59% 11.015 4.432 847 16.294 5.279 56%
DF 13.200 26% 6.629 6.571 6.277 19.477 12.906 17%
ES 15.548 43% 12.869 2.679 27 15.575 2.706 43%
GO 12.059 53% 8.361 3.698 1.058 13.117 4.756 49%
MA   6.315   57%   5.501   814   2.226   8.541   3.040   42%  
MG 57.498 49% 36.098 21.400 10.954 68.452 32.354 41%
MS 13.513 31% 7.357 6.156 775 14.288 6.931 30%
MT   10.321   52%   6.632   3.689   1.067   11.388   4.756   48%  
PA   12.172   43%   8.434   3.738   1.007   13.179   4.745   40%  
PB   9.270   38%   5.892   3.378   8   9.278   3.386   38%  

Processo 2014.02.00.000639-2

UF   População   %  Presos   Capacidade   Déficit     Presos  em   Total  de  presos     Déficit  de  Vagas   Novo  %  de  
Carcerária   Provisórios   (Vagas)   (Vagas)   cumprimento  de   (população   (c/  presos   presos  
(M/F)   prisão  domiciliar   carcerária  +   domiciliares)   provisórios  
CNIEP14   prisão  domiciliar)  

PE   30.149   50%   8.956   21.193   175   30.324   21.368   50%  


PI   3.240   68%   460   460   30*   3.270   490*   68%*  
PR   32.438   37%   8.758   8.758   1.347   33.785   10.105   35%  
RJ   35.611   38%   29.037   6.574   1.842   37.453   8.416   37%  
RN   6.842   34%   5.625   1.217   131   6.973   1.348   34%  
RO   7.674   20%   4.981   2.693   2.247   9.921   4.940   16%  
RR   1.676   41%   1.218   458   99   1.775   557   39%  
RS   27.336   37%   21.063   6.273   3.177   30.513   9.450   33%  
SC   16.366   30%   11.589   4.777   14.472   30.838   19.249   16%  
SE   4.666   76%   2.841   1.825   3.646   8.312   5.471   43%  
SP   204.946   35%   114.498   90.448   92.150   297.096   182.598   24%  
TO   2.805   46%   23.680   878   1.110   3.915   1.988   33%  
TOTAL 567.655 41% 357.219 210.436 147.937 715.592 358.373 32%

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Gráfico – Número de Pessoas Presas no Brasil

Ranking dos 10 países com maior população prisional


1. Estados Unidos da América 2.228.424
2. China 1.701.344
3. Rússia 676.400
4. Brasil 567.655
5. Índia 385.135
6. Tailândia 296.577
7. México 249.912
8. Irã 217.000
9. África do Sul 157.394
10. Indonésia 154.000

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Legislação Específica – Sistema Prisional Brasileiro – Profª Letícia Neves

Ranking dos 10 países com maior população prisional


•• Computadas as pessoas que estão em prisão domiciliar no Brasil, temos o seguinte ranking:
1. Estados Unidos da América 2.228.424
2. China 1.701.344
3. Brasil 715.655
4. Rússia 676.400
5. Índia 385.135
6. Tailândia 296.577
7. México 249.912
8. Irã 217.000
9. África do Sul 157.394
10. Indonésia 154.000

Panorama Brasileiro
População no sistema prisional = 567.655 presos
Capacidade do sistema = 357.219 vagas
Déficit de Vagas = 210.436
Pessoas em Prisão Domiciliar no Brasil = 148.000
Total de Pessoas Presas = 715.655
Déficit de Vagas = 358.219
Número de Mandados de Prisão em aberto no BNMP = 373.991
Total de Pessoas Presas + Cumpr. de Mandados de Prisão em aberto = 1.089.646
Déficit de Vagas = 732.427

Sugestão para leitura:


1. Depen
2. Instituto Avante – http://institutoavantebrasil.com.br/colapso-do-sistema-penitenciario-
tragedias-anunciadas/
3. CNJ – http://www.cnj.jus.br/inspecao_penal/mapa.php
4. http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/pessoas_presas_no_brasil_final.pdf

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Ética no Serviço Público

Professor Pedro Kuhn

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Ética no Serviço Público

Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994

Aprova o Código de Ética Profissional doServidor ANEXO


Público Civil do Poder Executivo Federal.
Código de Ética Profissional do Servidor Público
O Presidente da República, no uso das Civil do Poder Executivo Federal
atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37
da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117
CAPÍTULO I
da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e
nos arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992, Decreta: Seção I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder I − A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia
Executivo Federal, que com este baixa. e a consciência dos princípios morais são
primados maiores que devem nortear
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração
o servidor público, seja no exercício do
Pública Federal direta e indireta implementarão,
cargo ou função, ou fora dele, já que
em sessenta dias, as providências necessárias
refletirá o exercício da vocação do próprio
à plena vigência do Código de Ética, inclusive
poder estatal. Seus atos, comportamentos
mediante a Constituição da respectiva
e atitudes serão direcionados para a
Comissão de Ética, integrada por três servidores
preservação da honra e da tradição dos
ou empregados titulares de cargo efetivo ou
serviços públicos.
emprego permanente.
II − O servidor público não poderá jamais
Parágrafo único. A constituição da Comissão
desprezar o elemento ético de sua conduta.
de Ética será comunicada à Secretaria da
Assim, não terá que decidir somente entre
Administração Federal da Presidência da
o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
República, com a indicação dos respectivos
conveniente e o inconveniente, o oportuno
membros titulares e suplentes.
e o inoportuno, mas principalmente entre
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de o honesto e o desonesto, consoante as
sua publicação. regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da
Constituição Federal.
Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da
Independência e 106º da República. III − A moralidade da Administração Pública
não se limita à distinção entre o bem e o
Itamar Franco mal, devendo ser acrescida da ideia de que
Romildo Canhim o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
entre a legalidade e a finalidade, na conduta
Este texto não substitui o publicado no DOU de
do servidor público, é que poderá consolidar
23.06.1994.
a moralidade do ato administrativo.

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IV − A remuneração do servidor público mal uma pessoa que paga seus tributos
é custeada pelos tributos pagos direta ou direta ou indiretamente significa causar-lhe
indiretamente por todos, até por ele próprio, dano moral. Da mesma forma, causar dano
e por isso se exige, como contrapartida, que a qualquer bem pertencente ao patrimônio
a moralidade administrativa se integre no público, deteriorando-o, por descuido ou
Direito, como elemento indissociável de sua má vontade, não constitui apenas uma
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, ofensa ao equipamento e às instalações ou
como consequência, em fator de legalidade. ao Estado, mas a todos os homens de boa
vontade que dedicaram sua inteligência,
V − O trabalho desenvolvido pelo servidor seu tempo, suas esperanças e seus esforços
público perante a comunidade deve ser para construí-los.
entendido como acréscimo ao seu próprio
bem-estar, já que, como cidadão, integrante X − Deixar o servidor público qualquer
da sociedade, o êxito desse trabalho pessoa à espera de solução que compete
pode ser considerado como seu maior ao setor em que exerça suas funções,
patrimônio. permitindo a formação de longas filas,
ou qualquer outra espécie de atraso na
VI − A função pública deve ser tida como prestação do serviço, não caracteriza
exercício profissional e, portanto, se integra apenas atitude contra a ética ou ato de
na vida particular de cada servidor público. desumanidade, mas principalmente grave
Assim, os fatos e atos verificados na conduta dano moral aos usuários dos serviços
do dia a dia em sua vida privada poderão públicos.
acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
vida funcional. XI − O servidor deve prestar toda a sua
atenção às ordens legais de seus superiores,
VII − Salvo os casos de segurança nacional, velando atentamente por seu cumprimento,
investigações policiais ou interesse e, assim, evitando a conduta negligente.
superior do Estado e da Administração Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo
Pública, a serem preservados em processo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
previamente declarado sigiloso, nos de corrigir e caracterizam até mesmo
termos da lei, a publicidade de qualquer imprudência no desempenho da função
ato administrativo constitui requisito pública.
de eficácia e moralidade, ensejando sua
omissão comprometimento ético contra o XII − Toda ausência injustificada do servidor
bem comum, imputável a quem a negar. de seu local de trabalho é fator de desmo-
ralização do serviço público, o que quase
VIII − Toda pessoa tem direito à verdade. sempre conduz à desordem nas relações
O servidor não pode omiti-la ou falseá- humanas.
la, ainda que contrária aos interesses
da própria pessoa interessada ou da XIII − O servidor que trabalha em harmonia
Administração Pública. Nenhum Estado com a estrutura organizacional, respeitando
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder seus colegas e cada concidadão, colabora e
corruptivo do hábito do erro, da opressão de todos pode receber colaboração, pois sua
ou da mentira, que sempre aniquilam até atividade pública é a grande oportunidade
mesmo a dignidade humana quanto mais a para o crescimento e o engrandecimento da
de uma Nação. Nação.
IX − A cortesia, a boa vontade, o cuidado
e o tempo dedicados ao serviço público
caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar

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Decreto nº 1.171 – Ética no Serviço Público – Prof. Pedro Kuhn

Seção II i) Resistir a todas as pressões de superiores


DOS PRINCIPAIS DEVERES hierárquicos, de contratantes, interessados
e outros que visem obter quaisquer favores,
DO SERVIDOR PÚBLICO benesses ou vantagens indevidas em
XIV − São deveres fundamentais do servidor decorrência de ações imorais, ilegais ou
público: aéticas e denunciá-las;

a) Desempenhar, a tempo, as atribuições do j) Zelar, no exercício do direito de greve,


cargo, função ou emprego público de que pelas exigências específicas da defesa da
seja titular; vida e da segurança coletiva;

b) Exercer suas atribuições com rapidez, l) Ser assíduo e frequente ao serviço,


perfeição e rendimento, pondo fim ou na certeza de que sua ausência provoca
procurando prioritariamente resolver danos ao trabalho ordenado, refletindo
situações procrastinatórias, principalmente negativamente em todo o sistema;
diante de filas ou de qualquer outra espécie m) Comunicar imediatamente a seus
de atraso na prestação dos serviços pelo superiores todo e qualquer ato ou fato
setor em que exerça suas atribuições, com o contrário ao interesse público, exigindo as
fim de evitar dano moral ao usuário; providências cabíveis;
c) Ser probo, reto, leal e justo, demonstran- n) Manter limpo e em perfeita ordem o local
do toda a integridade do seu caráter, esco- de trabalho, seguindo os métodos mais
lhendo sempre, quando estiver diante de adequados à sua organização e distribuição;
duas opções, a melhor e a mais vantajosa o) Participar dos movimentos e estudos que
para o bem comum; se relacionem com a melhoria do exercício
d) Jamais retardar qualquer prestação de de suas funções, tendo por escopo a
contas, condição essencial da gestão dos realização do bem comum;
bens, direitos e serviços da coletividade a p) Apresentar-se ao trabalho com
seu cargo; vestimentas adequadas ao exercício da
e) Tratar cuidadosamente os usuários dos função;
serviços aperfeiçoando o processo de q) Manter-se atualizado com as instruções,
comunicação e contato com o público; as normas de serviço e a legislação
f) Ter consciência de que seu trabalho pertinentes ao órgão onde exerce suas
é regido por princípios éticos que se funções;
materializam na adequada prestação dos r) Cumprir, de acordo com as normas do
serviços públicos; serviço e as instruções superiores, as tarefas
g) Ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade de seu cargo ou função, tanto quanto
e atenção, respeitando a capacidade e as possível, com critério, segurança e rapidez,
limitações individuais de todos os usuários mantendo tudo sempre em boa ordem.
do serviço público, sem qualquer espécie s) Facilitar a fiscalização de todos atos ou
de preconceito ou distinção de raça, sexo, serviços por quem de direito;
nacionalidade, cor, idade, religião, cunho
político e posição social, abstendo-se, dessa t) Exercer com estrita moderação as
forma, de causar-lhes dano moral; prerrogativas funcionais que lhe sejam
atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
h) Ter respeito à hierarquia, porém sem contrariamente aos legítimos interesses
nenhum temor de representar contra dos usuários do serviço público e dos
qualquer comprometimento indevido da jurisdicionados administrativos;
estrutura em que se funda o Poder Estatal;

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u) Abster-se, de forma absoluta, de exercer gratificação, prêmio, comissão, doação
sua função, poder ou autoridade com ou vantagem de qualquer espécie, para
finalidade estranha ao interesse público, si, familiares ou qualquer pessoa, para
mesmo que observando as formalidades o cumprimento da sua missão ou para
legais e não cometendo qualquer violação influenciar outro servidor para o mesmo
expressa à lei; fim;
v) Divulgar e informar a todos os integrantes h) Alterar ou deturpar o teor de documentos
da sua classe sobre a existência deste que deva encaminhar para providências;
Código de Ética, estimulando o seu integral i) Iludir ou tentar iludir qualquer pessoa
cumprimento. que necessite do atendimento em serviços
públicos;
Seção III
j) Desviar servidor público para atendimento
DAS VEDAÇÕES
a interesse particular;
AO SERVIDOR PÚBLICO
l) Retirar da repartição pública, sem
XV − É vedado ao servidor público; estar legalmente autorizado, qualquer
documento, livro ou bem pertencente ao
a) O uso do cargo ou função, facilidades, patrimônio público;
amizades, tempo, posição e influências,
para obter qualquer favorecimento, para si m) Fazer uso de informações privilegiadas
ou para outrem; obtidas no âmbito interno de seu serviço,
em benefício próprio, de parentes, de
b) Prejudicar deliberadamente a reputação amigos ou de terceiros;
de outros servidores ou de cidadãos que
n) Apresentar-se embriagado no serviço ou
deles dependam;
fora dele habitualmente;
c) Ser, em função de seu espírito de o) Dar o seu concurso a qualquer instituição
solidariedade, conivente com erro ou que atente contra a moral, a honestidade
infração a este Código de Ética ou ao Código ou a dignidade da pessoa humana;
de Ética de sua profissão;
p) Exercer atividade profissional aética ou
d) Usar de artifícios para procrastinar ou ligar o seu nome a empreendimentos de
dificultar o exercício regular de direito por cunho duvidoso.
qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
ou material;
CAPÍTULO II
e) Deixar de utilizar os avanços técnicos DAS COMISSÕES DE ÉTICA
e científicos ao seu alcance ou do seu
conhecimento para atendimento do seu XVI − Em todos os órgãos e entidades
mister; da Administração Pública Federal direta,
indireta autárquica e fundacional, ou em
f) Permitir que perseguições, simpatias, qualquer órgão ou entidade que exerça
antipatias, caprichos, paixões ou interesses atribuições delegadas pelo poder público,
de ordem pessoal interfiram no trato deverá ser criada uma Comissão de Ética,
com o público, com os jurisdicionados encarregada de orientar e aconselhar
administrativos ou com colegas sobre a ética profissional do servidor,
hierarquicamente superiores ou inferiores; no tratamento com as pessoas e com
g) Pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou o patrimônio público, competindo-lhe
receber qualquer tipo de ajuda financeira, conhecer concretamente de imputação ou
de procedimento susceptível de censura.

222 www.acasadoconcurseiro.com.br
Decreto nº 1.171 – Ética no Serviço Público – Prof. Pedro Kuhn

XVII – Revogado. XXIII − Revogado.


XVIII − À Comissão de Ética incumbe XXIV − Para fins de apuração do
fornecer, aos organismos encarregados comprometimento ético, entende-se por
da execução do quadro de carreira servidor público todo aquele que, por força
dos servidores, os registros sobre sua de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
conduta ética, para o efeito de instruir e preste serviços de natureza permanente,
fundamentar promoções e para todos os temporária ou excepcional, ainda que sem
demais procedimentos próprios da carreira retribuição financeira, desde que ligado
do servidor público. direta ou indiretamente a qualquer órgão
do poder estatal, como as autarquias,
XIX – Revogado. as fundações públicas, as entidades
XX – Revogado. paraestatais, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista, ou em
XXI − Revogado. qualquer setor onde prevaleça o interesse
do Estado.
XXII − A pena aplicável ao servidor público
pela Comissão de Ética é a de censura e XXV − Revogado.
sua fundamentação constará do respectivo
parecer, assinado por todos os seus
integrantes, com ciência do faltoso.

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Ética no Serviço Público

Professor Edir Vieira

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Ética

MORAL E ÉTICA

•• O homem é um ser dotado de senso moral.


•• Consciência Moral: implica noção de: bem X mal/ certo X errado/ justo X injusto.
•• Senso moral se manifesta em sentimentos, atitudes, juízos de valor, etc.
•• Moral vem da palavra Mores → do latim – costumes, hábitos.
•• A moral estabelece padrões de conduta e comportamento para os indivíduos de um
determinado agrupamento social. Tem, portanto, um caráter normativo.
•• Moral: conjunto de ideias e normas que regulam as relações sociais.
•• Cada sociedade possui um código moral que está baseado nos valores que são próprios de
sua cultura.
•• Os códigos morais variam no tempo e no espaço.
•• Atenção: o relativismo moral, ou seja, o fato de que da cultura possui
seus próprios valores não justifica o desrespeito aos princípios básicos
da dignidade humana.
•• Ética vem da palavra ethikos → do grego – Significa modo de ser ou de
agir.
•• Ética é a disciplina ou área do conhecimento (filosófico, científico ou mesmo teológico) que
estuda as origens, os princípios e os fundamentos da moral.
•• A moral tem caráter prático enquanto a ética se constitui num esforço teórico.
•• Moral e ética podem coincidir ou, eventualmente, entrar em contradição.
•• Princípios éticos possuem um significado mais geral ou podem ser aplicados à situações
especificas (ética profissional, ética política, bioética, etc.).

MORAL E DIREITO
•• As relações sociais são reguladas por normas jurídicas e normas morais.
•• As normas e os regulamentos têm caráter imperativo, porque se impõem a todos os
membros de uma determinada sociedade. São anteriores aos indivíduos.
•• Norma Jurídica: Está vinculada com o Direito e o Estado.
Possui um caráter exterior e coercitivo.

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•• Norma Moral: Está vinculada às convicções pessoais de cada indivíduo.
Possui um caráter interior e depende de escolhas subjetivas.

MORAL, JUSTIÇA E DIREITO

•• Moral: é a quilo que está de acordo com o costume predominante.


•• Legal: é aquilo que está acordo com a lei, presente na legislação.
•• Justo: é aquilo que está de acordo com os critérios definidos pela ética.
•• Diferença entre moral e legal – mudança de valores e defasagem da lei.
•• Diferença entre legal e justo – existência de privilégios.
•• Nem sempre o que é legal é, também, justo.

MORAL E LIBERDADE

•• Consciência moral implica na liberdade de escolha (livre arbítrio).


•• Liberdade: condição que permite escolhas e impõem responsabilidades.
•• Virtude: inclinação para a prática do bem/ Vício: liberdade sem responsabilidade
•• As escolhas morais são influenciadas por fatores objetivos e subjetivos.
•• Escolhas morais │ Escolha moralmente boa ou correta.
│ Escolha moralmente má ou incorreta.
│ Recusa em obedecer norma ilegítima e desobediência civil.

Existem três grandes concepções básicas de liberdade

•• Determinismo: no seu extremo afirma que não existe liberdade. O comportamento humano
está sujeito a determinações biológicas, históricas, culturais, etc.
•• Livre arbítrio: na sua versão mais radical nega as determinações ou as reconhece mas
entende que, em última instância, o homem é um ser totalmente livre.
•• Dialética liberdade/determinação: Considera as determinações biológicas e culturais, mas
acredita que, quanto mais se eleva o nível de consciência dessas determinações tanto
mais se amplia o espaço de liberdade do homem. A liberdade, de acordo com a concepção
dialética, teria caráter histórico e seria a consciência da necessidade.

228 www.acasadoconcurseiro.com.br
Ética – Moral e Ética – Prof. Edir Vieira

TIPOS DE ÉTICA

•• Quanto à determinação das escolhas morais.


•• Autonomia: Determinação interna. É uma tarefa de cada indivíduo.
•• Heteronomia: Determinação externa. Como é o caso de uma ética religiosa.
•• Quanto ao conteúdo.
•• Relativista: Os valores são totalmente relativos. Não existe um bem absoluto.
•• Utilitária: Considera o Bem aquilo que causa maior benefício para a maioria.
•• Deontológica: O bem é algo universal e pode ser racionalmente determinado.

Código de Ética Profissional do Servidor Público

Das Regras Deontológicas

I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados
maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora
dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos
e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.
II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o
inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto.
III – A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal,
devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade
do ato administrativo.
IV – A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente
por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade
administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua
finalidade, erigindo-se, como conseqüência em fator de legalidade.
V – O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido
como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o
êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.
VI – A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida
particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia
em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
VII – Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do
Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado

www.acasadoconcurseiro.com.br 229
sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de
eficácia e moralidade, sua omissão constitui comprometimento ético contra o bem comum,
imputável a quem a negar.
VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que
contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum
Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que
sempre aniquilam a dignidade humana e de uma Nação.
IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam
o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma
ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.
X – Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em
que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie
de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de
desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.
XI – 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando
atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos
erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam
até mesmo imprudência no desempenho da função pública.
XII – Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização
do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
XIII – 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus
colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade
pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

230 www.acasadoconcurseiro.com.br
Ética

A ÉTICA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO

•• SOFISTAS – Acreditavam num relativismo moral. O ceticismo dos sofistas os levava a afirmar
que, não existindo verdade absoluta, não poderiam existir valores que fossem validos
universalmente. A moral variaria para cada povo, cada indivíduo e cada circunstância,
tendo um caráter relativo e subjetivo.
•• SÓCRATES – O racionalismo ético, inaugurado por Sócrates acreditava na possibilidade
de construir uma moral universal valida, baseada no conhecimento da essência humana.
Para Sócrates, essencial no ser humano é a sua alma racional. Portanto, de acordo com a
concepção socrática, é na razão que devem fundamentar as normas e os costumes morais.
O homem que age conforme a razão age de maneira moralmente correta. Aquele que age
mal o faz por ignorância.
•• PLATÃO – As virtudes não podem ser ensinadas, pois já as trazemos ao nascer. A principal
virtude é a Ideia do Bem, que só se pode alcançar por meio da razão. O corpo, que pertence
ao mundo material e imperfeito desvia o homem do caminho do Bem Supremo. A alma,
que é eterna, traz consigo o conhecimento das virtudes, que precisam ser recordadas pelo
intelecto.
•• ARISTÓTELES – Ética mais realista, sem o dualismo corpo-alma platônico. A finalidade
do homem é a eudaimonia (felicidade). O bem-viver é obtido pelo bem-agir. A virtude se
aprende pelo hábito e é um meio termo (justa medida) entre dois vícios: a falta e o excesso.
A razão nos mostra a essência da felicidade e permite realizá-la de forma consciente.
Agir corretamente significa praticar as virtudes. Aristóteles entende que a ética é para o
indivíduo o que a política é para a sociedade.
•• ESTOICISMO – O princípio ético dos estóicos é a apathéia; a atitude de aceitação de tudo
que acontece porque faz parte de um plano superior guiado por uma razão universal.
Prega o distanciamento das questões públicas e políticas e a busca da paz interior e da
tranquilidade da alma. Estimula o conformismo, a resignação, a moderação, a austeridade
e indiferença frente à dor e ao sofrimento . Liberdade é aceitar a ordem natural.
•• EPICURISMO – Para os epicuristas, adeptos de uma concepção materialista, a felicidade
consiste na satisfação dos prazeres físicos. Seu princípio ético é a ataraxia, isso é a atitude
de desvio da dor e procura do prazer. O medo da morte é a principal fonte do sofrimento.
Busca da auto-suficiência e da tranquilidade da alma através dos prazeres que são perenes.
•• SANTO AGOTINHO – Adaptou o pensamento platônico ao cristianismo. Abandonou
o racionalismo ético e retomou a dicotomia corpo-alma. Centrou a busca da perfeição
moral no amor a Deus. Afirma a necessidade da elevação ascética para compreender os
desígnios de Deus. Para explicar a origem do mal, já que Deus é bondade infinita, Agostinho

www.acasadoconcurseiro.com.br 231
introduziu a ideia de livre-arbítrio (noção de que cada indivíduo pode escolher aproximar-
se ou afasta-se de Deus).
•• SÃO TOMÁS DE AQUINO – A ética cristã medieval foi marcada pela subjetividade, pois
tratava a moral como relação entre Deus e o indivíduo, isolando-o de sua condição social.
São Tomás recuperou a noção aristotélica da felicidade como finalidade última da existência
humana sendo Deus a fonte de tal felicidade.
•• SPINOZA – Na Idade Moderna, o Renascimento e o Iluminismo promoveram uma retomada
do humanismo e do racionalismo que caracterizaram a cultura clássica. No terreno da ética
isso deu origem a uma nova concepção moral, baseada no principio da autonomia. Para
Spinoza Deus é imanente, isto é, não se distingue da natureza. A conduta ética exigiria um
entendimento da condição humana e a liberdade seria a consciência da necessidade.
•• KANT – Abandona os valores religiosos e coloca a razão como único fundamento para a
compreensão da natureza humana e da moral. Para Kant a razão humana é legisladora
e, portanto, capaz de elaborar normas universais (um imperativo categórico). Para ele as
noções de dever e liberdade se confundem; quando o indivíduo obedece uma norma moral
esta fazendo que o uso livre da razão determinou. A ética kantiana, formalista, desconsidera
questões objetivas.
•• HEGEL – As concepções éticas contemporâneas recusam qualquer fundamentação
Transcendental, centrando no homem concreto a origem dos valores e das normas morais.
Hegel questionou o formalismo da ética Kantiana e salientou os elementos históricos-
sociais que determinam o conteúdo da moralidade de cada época.
•• MARX – Entendia a moral como um produto social cuja finalidade é a regulação das
relações sociais. A moral seria uma forma de consciência própria de cada momento
histórico da existência social. Para Marx não existem, portanto, valores universais e tem
uma fundamentação ideológica, isto é, difunde valores necessários à manutenção de uma
determinada ordem social.
•• NIETZSCHE – Critica o racionalismo ético, afirmando que há um elemento repressor nessa
moral, que impede o pleno desenvolvimento da liberdade. Afirma que o cristianismo criou
uma moral de rebanho que valoriza a fraqueza e o conformismo. Propõe uma ética que
valorize forças vitais do homem.
•• SARTRE – A liberdade é o fundamento do ser humano. O homem é um ser inacabado,
em permanente construção. O ser humano é “condenado” a ser livre, isto é, precisa fazer
escolhas pelas quais se torna responsável.
•• HABERMAS – Busca os fundamentos da ética no campo da analise da linguagem. Em
oposição à razão instrumental iluminista, a razão comunicativa, que se constrói no dialogo
deve desenvolver uma ética discursiva fundada no consenso. Essa razão interpessoal e
democrática deve embasar a ética.

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Ética

CIDADANIA E POLÍTICA

CIDADANIA

•• A palavra vem do latim – civitas – significa cidade, no sentido de entidade política.


•• Refere-se ao que é próprio da condição daqueles que convivem em uma cidade.
•• Esta relacionado com aquilo que vincula os indivíduos de uma comunidade política.
•• Conjunto de direitos e deveres daqueles que fazem parte de uma sociedade
•• politicamente organizada.
•• Exercício dos direitos civis, sociais e políticos que estão previstos numa constituição.

CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES

DIREITOS DOS CIDADÃO - EXEMPLOS:


•• Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência, segurança, lazer, etc.
•• Liberdade de pensamento e de expressão, de crença religiosa, de se locomover, etc.

DEVERES DOS CIDADÃO - EXEMPLOS:


•• Votar para escolher os governantes, cumprir as leis, prestar serviço militar, etc.
•• Respeitar as autoridades, proteger a natureza, preservar o patrimônio público, etc.

ÉTICA E POLÍTICA

POLÍTICA
•• A palavra vem do grego - pólis – cidade-estado, ou seja, cidade independente, com suas
próprias leis e constituição, com governo autônomo.

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•• Para Aristóteles, o homem é um ser político, isto é, a vida em sociedade seria próprio da
natureza humana, que pode ser entendida racionalmente.
•• Na concepção aristotélica a política seria uma continuação da ética, isto é, aplicação dos
princípios éticos à vida pública para buscar a felicidade humana e o bem comum.

CIDADANIA E POLÍTICA

POLÍTICA
•• Política se refere a arte ou ciência de governar a cidade, entendida como sociedade política.
Surgiu como busca da melhor maneira de organizar e dirigir a sociedade.
•• É o campo da atividade humana relacionada com os interesses coletivos, o Estado, a
administração pública e as questões da cidadania.
•• Na política moderna, além do princípio da realização do bem comum, herdado do
pensamento antigo, é preciso considerar também o fenômeno do poder.

POLÍTICA E PODER

PODER
•• A palavra tem origem no latim – potere – e pode significar posse ou capacidade.
•• Significa, basicamente, a capacidade ou força para mobilizar os recursos e os meios
(materiais, espirituais, humanos, etc.) necessários para atingir determinados fins ou
objetivos ou produzir certos efeitos.
•• Nas sociedades modernas a política constitui um instrumento de domínio social.
•• Tipos de poder social: poder econômico, poder ideológico, poder político.

TIPOS DE PODER SOCIAL


•• O Poder Econômico: utiliza a posse de certos bens socialmente necessários para garantir o
domínio da riqueza e controlar a organização das forças produtivas.
•• O Poder Ideológico: utiliza posse de certas ideias, valores e doutrinas para influenciar o
comportamento social, determinando modos de pensar e agir dos indivíduos. Busca o
consenso social controlando os meios de comunicação, a educação, etc.
•• O Poder Político: utiliza a força institucional e jurídica para obter o controle dos meios
de coerção social, incluindo a força física legalmente autorizada pelo direito vigente, para
manter a ordem e reproduzir as relações de poder na sociedade.

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Ética – Cidadania, Política e Democracia – Prof. Edir Vieira

ESTADO E PODER POLÍTICO

ESTADO
•• A palavra tem origem no latim – status – com o significado de estar firme, no sentido de
permanência ou estabilidade de uma situação de convivência humana definida em termos
políticos.
•• Na definição tradicional formulada por Max Weber:
“O Estado é a instituição política que, dirigida por um governo soberano, reivindica o
monopólio do uso legitimo da força física em determinado território, subordinando os
membros da sociedade que nele vivem.”

ESTADO E GOVERNO

ESTADO
•• O Estado é constituído pelo conjunto das instituições e órgãos que representam o poder
político e os meios de coerção social: o governo, os parlamentos, as leis, os juízes e os
tribunais, o exército, a policia, etc.
•• O governo é o agente do Estado. O governo possui um caráter transitório, enquanto o
Estado é representado pelos elementos permanentes da ordem política.
•• Existem formas de governo (monarquia e república) e sistemas políticos diferentes que
caracterizam o funcionamento do Estado (presidencialismo, parlamentarismo).

ORIGEM DO ESTADO
•• As sociedades comunais primitivas não conheciam a existência do Estado, como uma
instituição permanente e as funções políticas não estavam bem definidas. O poder de
decisão não estava separado da sociedade. Predominava nas comunidades primitivas uma
autoridade natural ou patriarcal. Nas sociedades tribais, o chefe exercia funções militares e
religiosas e tinha o papel de mediador nas disputas que eventualmente ocorriam entre os
membros da comunidade.
•• O Estado surgiu com o aparecimento da civilização e das sociedades estratificadas, isto
é, divididas em classes sociais. Embora tenha sido um processo bastante complexo, sua
formação está relacionada com o aprofundamento da divisão social do trabalho e com
a separação de certas funções religiosas, militares e administrativas do trabalho braçal
e do esforço produtivo direto. Essas funções acabaram sendo assumidas por um grupo
específico de pessoas que passou a deter o poder, como classe dirigente.

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A FUNÇÃO DO ESTADO
EXISTEM DUAS GRANDES CONCEPÇÕES SOBRE O PAPEL DO ESTADO:
•• Concepção Liberal: A função do Estado seria agir como mediador dos conflitos entre
os indivíduos e diversos grupos que compõe a sociedade. O Estado deveria promover a
conciliação dos interesses divergentes dentro da sociedade, buscando sua harmonia. Entre
os pensadores liberais clássicos destacam-se John Locke e J.-J. Rousseau.
•• Concepção Marxista: A função do Estado seria garantir a dominação de uma classe sobre
o conjunto da sociedade. Embora se legitime por um consenso, obtido pela hegemonia
ideológica, seu papel seria, em última instância, proteger a propriedade privada e
reproduzir as relações de dominação na sociedade.

SOCIEDADE CIVIL E PARTIDOS POLÍTICOS


•• SOCIEDADE CIVIL: O termo se refere ao extenso campo das relações sociais que se
desenvolvem fora do poder institucional do Estado. Fazem parte da sociedade civil, por
exemplo, os sindicatos, as empresas, as escolas, as igrejas, os clubes, os movimentos
populares, as associações culturais que representam os diversos segmentos sociais
organizados.
•• PARTIDOS POLÍTICOS: São agremiações ou associações, organizadas com base num
programa político, que representam os interesses de grupos ou classes sociais. Sua função
é mediar a relação entre a sociedade civil e o Estado. Os partidos políticos, devem captar as
aspirações e demandas da sociedade civil e encaminhá-las para o campo institucional das
decisões políticas do Estado.

REGIMES POLÍTICOS

REGIME POLÍTICO: O termo se refere ao modo característico e específico pelo qual cada Estado
se relaciona com a sociedade civil. Essa relação pode ser caracterizada como um esquema
fechado (quando a relação entre governantes e governados é marcada pelo autoritarismo e
pela opressão) ou um esquema aberto (marcado pela maior participação política da sociedade
nas questões do Estado).
Existem, no mundo contemporâneo, dois tipos de regime político:
•• Democracia – palavra de origem grega que significa “poder do povo”.
•• Ditadura – palavra de origem latina que significa “cargo daquele que dita ordens”.

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Ética – Cidadania, Política e Democracia – Prof. Edir Vieira

CARACTERÍSTICAS DA DEMOCRACIA

•• A democracia moderna é representativa (exercida por representantes eleitos). No seu


surgimento, na Grécia Antiga, a democracia era exercida diretamente pelo cidadãos que
participavam das assembleias e podiam ser sorteados para ocupar os cargos.
•• A participação política do povo ocorre por meio do voto direto e secreto em eleições
que se realizam periodicamente. A participação popular ocorre não somente através de
representantes eleitos mas também na realização de plebiscitos, referendos, passeatas.
•• O poder político está organizado com base na divisão funcional dos três poderes, isto é, o
legislativo, o executivo e o judiciário que possuem funções próprias e autonomia. Vigora o
Estado de direito e são respeitados os direitos e as liberdades dos cidadãos, a liberdade de
imprensa, de associação e organização, de greve, etc.

CARACTERÍSTICAS DA DITADURA

•• Governos autoritários existiram ao longo de toda a História. Nas civilizações antigas do


oriente predominavam regimes políticos despóticos de caráter teocrático. Quando não
era exercido diretamente por um monarca, o poder estava concentrado nas mãos de um
conselho aristocrático, como na República romana. Monarquias absolutistas existiram na
Europa até as revoluções burguesas que iniciaram a era contemporânea.
•• Os regimes políticos ditatoriais contemporâneos se caracterizam pela concentração
de poderes nas mãos do governante, hipertrofia do poder executivo e eliminação da
participação popular nas decisões políticas. O Estado de direito é substituído pelo Estado
de exceção. São suspensas as liberdades e os direitos individuais e criados órgãos de
repressão política. A imprensa é censurada. O governo controla os meios de comunicação e
a educação. São proibidas as manifestações e associações livres.

FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO

FORMAS DE GOVERNO
•• Monarquia – Poder tem caráter vitalício e é transmitido hereditariamente.
•• República – Poder tem caráter temporário e é transmitido por eleição.

SISTEMAS DE GOVERNO
•• Parlamentarismo – Poder concentrado no legislativo, na pessoa do primeiro ministro.
•• Presidencialismo – Poder concentrado no executivo, na pessoa do presidente.

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Ética

A POLÍTICA NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO

PLATÃO (428-347 a.C.)


Foi o primeiro grande filósofo que elaborou teorias políticas. Na sua obra A República ele
explica que o indivíduo possui três “almas” que correspondem aos princípios: racional, irascível
e passional. A sociedade idealizada por Platão esta organizada como um corpo, em que cada
parte cumpre uma função. O filósofo faz uma analogia entre as três partes que compõe o
indivíduo e a cidade (pólis). Assim os agricultores e artesãos deveriam produzir o sustento da
cidade, os guerreiros seriam responsáveis pela sua defesa e os filósofos deveriam governá-la.
Para Platão os sábios, por conhecerem a essência da justiça deveriam governar a sociedade. É a
teoria do rei-filósofo, isto é, o governo de uma elite que detém o conhecimento.

ARISTÓTELES (384-322 a.C.)


Para Aristóteles o homem é, por natureza, um ser social, pois só consegue sobreviver em
sociedade. Para ele o homem é um “animal político”, pois a existência da pólis (cidade-estado)
era algo natural e a vida digna do homem supunha, então, a participação, como homem livre
e racional, nos assuntos de interesse coletivo. Na sua obra A Política, Aristóteles afirma que a
política é para a cidade aquilo que a ética significa para o indivíduo. Entende, entretanto, que
a sociedade antecede o indivíduo e, assim, boas leis produziriam bons cidadãos e cidadãos
virtuosos criariam boas leis. Foi Aristóteles, também, que elaborou a conhecida classificação
das formas de governo: monarquia, aristocracia e politeia (democracia).

TEORIA DO DIREITO DIVINO DOS REIS


Na passagem da Idade Antiga para a Idade Média o cristianismo se impôs como força ideológica
dominante e a Igreja estabeleceu sua hegemonia sobre a vida cultural na Europa dessa época.
Santo Agostinho e, séculos mais tarde, São Tomas de Aquino procuraram estabelecer a distinção
entre as esferas do poder temporal (reis e príncipes) e do poder espiritual (bispos e papa). A
submissão do primeiro aos desígnios do segundo era um consenso entre os teólogos. Na Idade
Moderna os reis absolutistas tinham, ainda, seu poder justificado pela Teoria do Direito Divino,
que afirmava que o poder real representava a vontade de Deus e, por isso, não poderia ser
contestado. Foram defensores dessa tese pensadores como Bodin e Bossuet.

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NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)
Esse pensador renascentista italiano é considerado o fundador da ciência política moderna.
Na obra intitulada, O Príncipe, ele separa, pela primeira vez, a política das questões morais e
religiosas, dando autonomia para o pensamento político. Maquiavel defende que, em política,
os fins justificam os meios e, para manter o poder, o príncipe deve utilizar todos os meios ao
seu alcance. Seu realismo político o leva a afirmar, também, que o príncipe sábio “deve preferir
ser temido do que ser amado”. É preciso considerar, todavia, o contexto histórico em que a
obra de Maquiavel foi produzida, ou seja, uma Itália fragmentada politicamente, marcada por
conflitos e disputas internas e por pressões e invasões externas.

THOMAS HOBBES (1588-1679)


Hobbes foi um pensador que viveu na Inglaterra do século XVII, período que foi marcado
por guerra civil e instabilidade política. Nesse contexto, concluiu que a natureza humana
é intrinsecamente má (homo homini lupus) e em “estado de natureza”, antes de conhecer a
lei e o governo os homens viviam numa “guerra de todos contra todos”. Para conseguir paz e
segurança os homens teriam, através de um pacto social, criado um poder soberano: o Estado.
A concepção Hobbesiana da origem do Estado influenciou outros filósofos que são, por isso,
denominados “contratualistas”. Na sua obra denominada O Leviatã Hobbes afirma que, quando
criam uma sociedade política, os homens abrem mão da sua liberdade em favor de um poder
absoluto que se estabelece sobre todos eles.

JOHN LOCKE (1770-1831)


John Locke é considerado o pai do liberalismo político e precursor do movimento iluminista. Sua
teoria reflete as transformações políticas ocorridas na Inglaterra, no fim do século XVII, quando
uma revolução burguesa derrubou o absolutismo e implantou uma monarquia parlamentarista.
Foi o primeiro pensador a afirmar os direitos naturais do homem: a vida, a propriedade e a
liberdade. Segundo ele, quando os homens fazem um pacto social que origina o Estado eles
não abrem mão da sua liberdade. O estado liberal teria como função conciliar os interesses dos
indivíduos e proteger seus direitos naturais. Na obra Segundo Tratado do Governo Civil, Locke
afirma que um governo só é legitimo se for representativo e que o povo tem direito a rebelião
contra um governo opressor.

MONTESQUIEU (1689-1755)
Na sua obra O Espírito das Leis, Montesquieu estudou as diversas formas de governo e concluiu
que “todo indivíduo que tem o poder tende a abusar dele”. Para evitar a tirania o pensador
iluminista francês formulou a teoria da divisão dos três poderes: legislativo, executivo e
judiciário. Através do principio dos “freios e contrafreios” Montesquieu propôs autonomia de
cada uma dessas esferas e mecanismos que permitam a cada um dos poderes controlar os
demais. Para ele, a forma ideal de governo seria a monarquia constitucional, isso é, o poder do
rei limitado por uma constituição, e um parlamento com representantes eleitos pelos cidadãos.

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Ética – A Política na História do Pensamento – Prof. Edir Vieira

JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-78)


Rousseau é considerado o pai da democracia moderna. Na sua obra mais famosa O Contrato
Social, ele defende o princípio da soberania popular como base de um governo legítimo. O
governo deve expressar a vontade geral mas a soberania do povo, segundo ele, não pode ser
representada. Rousseau defende, portanto, uma democracia direta. Para o mais radical dos
pensadores iluministas, as desigualdades sociais, e com elas a opressão e os conflitos, tinham
nascido com a propriedade privada. Para Rousseau, a sociedade perfeita seria formada por
homens livres, pequenos proprietários capazes de prover seu sustento, que decidiriam, em
liberdade e igualdade sobre o seu destino comum. A melhor forma de governo na concepção
rousseauniana seria a república.

GEÖRG W. F. HEGEL (1770-1831)


Para Hegel não existe o homem em “estado de natureza” e o indivíduo isolado é uma abstração.
Na concepção hegeliana o indivíduo esta sempre historicamente situado dentro de um povo
e de uma cultura sendo parte orgânica de um todo: o Estado. Segundo Hegel, o indivíduo
humano é um ser social e só encontra o seu sentido no Estado. O Estado, por sua vez não é a
simples soma de muitos indivíduos, não tem origem na vontade dos homens nem é fruto de
um contrato social. O Estado precede o indivíduo e é o fundador da sociedade civil. Para Hegel
o Estado representa o ponto culminante do desenvolvimento da Razão, ou seja, a realização do
Espírito objetivo que se manifestava na história, num processo dialético e contraditório.

K. MARX (1818-83) E F. ENGELS (1820-95)


Para Marx e Engels a sociedade humana primitiva era comunal, pois não conhecia classes
sociais nem poder político permanente. O Estado teria surgido com a propriedade e a formação
de uma elite dirigente, que passou a monopolizar as decisões políticas através do controle
das funções administrativas, militares e religiosas. Na concepção marxista, o Estado, em última
instancia, é um instrumento de dominação de uma classe social, os proprietários, sobre o resto
da sociedade, isto é, aqueles que produzem a riqueza e são explorados. Marx propôs, para a
construção de uma nova sociedade, que os trabalhadores tomassem o poder e instalassem
uma “ditadura do proletariado” que abolisse a propriedade privada dos meios de produção.
Com o fim das classes sociais, acreditava ele, o Estado desapareceria.

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Ética

CIDADANIA E CONTROLE SOCIAL

CIDADANIA

•• A palavra vem do latim – civitas – significa cidade, no sentido de entidade política.


•• Refere-se ao que é próprio da condição daqueles que convivem em uma cidade.
•• Esta relacionado com aquilo que vincula os indivíduos de uma comunidade política.
•• Conjunto de direitos e deveres daqueles que fazem parte de uma sociedade politicamente
organizada.
•• Exercício dos direitos civis, sociais e políticos que estão previstos numa constituição.

CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES

DIREITOS DO CIDADÃO - EXEMPLOS:


•• Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência, segurança, lazer, etc.
•• Liberdade de pensamento e de expressão, de crença religiosa, de se locomover, etc.

DEVERES DO CIDADÃO - EXEMPLOS:


•• Votar para escolher os governantes, cumprir as leis, pagar os impostos, etc.
•• Respeitar as autoridades, proteger a natureza, preservar o patrimônio público, etc.

POLÍTICA

•• A palavra vem do grego – pólis – cidade-estado, ou seja, cidade independente, com suas
próprias leis e constituição, com governo autônomo.

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•• Para Aristóteles, o homem é um ser político, isto é, a vida em
sociedade seria próprio da natureza humana, que pode ser
entendida racionalmente.
•• Na concepção aristotélica a política seria uma continuação da
ética, isto é, aplicação dos princípios éticos à vida pública para
buscar a felicidade humana e do bem comum.

POLÍTICA

•• Política se refere a arte ou ciência de governar a cidade, entendida como sociedade política.
Surgiu como busca da melhor maneira de organizar e dirigir a sociedade.
•• É o campo da atividade humana relacionada com os interesses coletivos, o Estado, a
administração pública e as questões da cidadania.
•• Na política moderna, além do princípio da realização do bem comum, herdado do
pensamento antigo, é preciso considerar também o fenômeno do poder.

PODER

•• A palavra tem origem no latim – potere – e pode significar posse ou capacidade.


•• Significa, basicamente, a capacidade ou força para mobilizar os recursos e os meios
(materiais, espirituais, humanos, etc.) necessários para atingir determinados fins ou
objetivos ou produzir certos efeitos.
•• Nas sociedades modernas a política constitui um instrumento de domínio social.
•• Tipos de poder social: poder econômico, poder ideológico, poder político.

ESTADO

•• A palavra tem origem no latim – status – com o significado de estar


firme, no sentido de permanência ou estabilidade de uma situação
de convivência humana definida em termos políticos.
•• Na definição tradicional formulada por Max Weber:
“O Estado é a instituição política que, dirigida por
um governo soberano, reivindica o monopólio do uso
legitimo da força física em determinado território,
subordinando os membros da sociedade que nele
vivem.”

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Ética – Cidadania e Controle Social – Prof. Edir Vieira

Os elementos que constituem um Estado: governo, território, população.


•• O Estado é constituído pelo conjunto das instituições e órgãos que representam o poder
político e os meios de coerção social: o governo, os parlamentos, as leis, os juízes e os
tribunais, o exército, a policia, etc.
•• O governo é o agente do Estado. O governo possui um caráter transitório, enquanto o
Estado é representado pelos elementos permanentes da ordem política.
•• Existem formas de governo (monarquia e república) e sistemas políticos diferentes que
caracterizam o funcionamento do Estado (presidencialismo, parlamentarismo).

EXISTEM DUAS GRANDES CONCEPÇÕES SOBRE O PAPEL DO ESTADO:


•• Concepção Liberal: A função do Estado seria agir como mediador dos conflitos entre
os indivíduos e diversos grupos que compõe a sociedade. O Estado deveria promover a
conciliação dos interesses divergentes dentro da sociedade, buscando sua harmonia. Entre
os pensadores liberais clássicos destacam-se John Locke e J.J. Rousseau.
•• Concepção Marxista: A função do Estado seria garantir a dominação de uma classe sobre
o conjunto da sociedade. Embora se legitime por um consenso, obtido pela hegemonia
ideológica, seu papel seria, em última instância, proteger a propriedade privada e
reproduzir as relações de dominação na sociedade.
•• SOCIEDADE CIVIL: O termo se refere ao extenso campo das relações sociais que se
desenvolvem fora do poder institucional do Estado. Fazem parte da sociedade civil, por
exemplo, os sindicatos, as empresas, as escolas, as igrejas, os clubes, os movimentos
populares, as associações culturais que representam os diversos segmentos sociais
organizados.
•• PARTIDOS POLÍTICOS: São agremiações ou associações, organizadas com base num
programa político, que representam os interesses de grupos ou classes sociais. Sua função
é mediar a relação entre a sociedade civil e o Estado. Os partidos políticos, devem captar as
aspirações e demandas da sociedade civil e encaminhá-las para o campo institucional das
decisões políticas do Estado.
•• REGIME POLÍTICO: O termo se refere ao modo característico e específico pelo qual cada
Estado se relaciona com a sociedade civil. Essa relação pode ser caracterizada como um
esquema fechado (quando a relação entre governantes e governados é marcada pelo
autoritarismo e pela opressão) ou um esquema aberto (marcado pela maior participação
política da sociedade nas questões do Estado).

Existem, na era contemporâneo, dois tipos de regime político:


Democracia – palavra de origem grega significa poder do povo.
Ditadura – palavra de origem latina que significa ditar ordens.

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CARACTERÍSTICAS DA DEMOCRACIA
•• A democracia moderna é representativa (exercida por representantes eleitos). No seu
surgimento, na Grécia Antiga, a democracia era exercida diretamente pelo cidadãos.
•• A participação política do povo ocorre por meio do voto direto e secreto em eleições
que se realizam periodicamente. A participação popular ocorre não somente através de
representantes eleitos mas também na realização de plebiscitos, referendos, passeatas.
•• O poder político está organizado com base na divisão funcional dos três poderes, isto é, o
legislativo, o executivo e o judiciário que possuem funções próprias e autonomia. Vigora o
Estado de direito e são respeitados os direitos e as liberdades dos cidadãos, a liberdade de
imprensa, de associação e organização, de greve, etc.

CARACTERÍSTICAS DA DITADURA
•• Governos autoritários existiram ao longo de toda a História. Nas civilizações antigas do
oriente predominavam regimes políticos despóticos de caráter teocrático. Monarquias
absolutistas existiram na Europa até as revoluções burguesas que iniciaram a era
contemporânea.
•• Os regimes políticos ditatoriais se caracterizam pela concentração de poderes nas mãos
do governante, hipertrofia do poder executivo e eliminação da participação popular nas
decisões políticas. O Estado de direito é substituído pelo Estado de exceção. A liberdade
e os direitos individuais são suspensos e criados órgãos de repressão política. A imprensa
é censurada. O governo controla os meios de comunicação e a educação. Manifestações
públicas e associações são proibidas.

FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO

FORMAS DE GOVERNO
•• Monarquia – Poder tem caráter vitalício e é transmitido
hereditariamente.
•• República – Poder tem caráter temporário e é transmitido
por eleição.

SISTEMAS DE GOVERNO
•• Parlamentarismo – Poder concentrado no legislativo, na
pessoa do primeiro ministro.
•• Presidencialismo – Poder concentrado no executivo, na
pessoa do presidente.

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Ética – Cidadania e Controle Social – Prof. Edir Vieira

A expressão “controle social” pode ser entendida em 3 sentidos:


•• Primeiro: Como as formas de controle informal que a sociedade exerce sobre os indivíduos
que a compõem.
•• Segundo: Como mecanismos de controle formal que o Estado pode exercer sobre a
sociedade e sobre as pessoas.
•• Terceiro: Como conjunto de instrumentos que a sociedade civil dispõem para poder
controlar e limitar a ação do Estado.

O controle informal que a sociedade exerce sobre os indivíduos:


•• São instituições responsáveis pela manutenção da coesão social, que atuam de maneira
informal e influenciam o comportamento dos indivíduos que a integram.
•• As principais instituições com essa função seriam a
família, a escola, a igreja, os meios de comunicação, etc.
•• Existem também códigos morais, relacionados com a
cultura de cada povo, que regulam as relações entre os
indivíduos e entre eles e as instituições.

O controle formal que o Estado exerce sobre a


sociedade:
•• O Estado é a instituição que exerce o poder político
na sociedade. Ele é representado por um governo
soberano que detém o monopólio, isto é, o direito
exclusivo do uso legítimo da força e da violência
para fazer valer suas decisões e manter a ordem
social.
•• As normas jurídicas estabelecidas pelo Estado têm caráter imperativo
(são impostas para todos) e coercitivo (seu respeito pode ser garantido
pela força). As normas são definidas em códigos, assim como as
punições previstas (civil, penal, etc.)
•• O respeito às normas jurídicas é garantido por um conjunto de órgãos
e instituições, como a polícia, os juízes e tribunais, o exército, etc. O
desrespeito a essas normas pode ser punido com multas, prisão ou
outras penas.

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CONTROLE DO ESTADO PELA SOCIEDADE

•• A questão da relação dos indivíduos e da sociedade com


o Estado apareceu com as próprias teorias políticas, entre
os pensadores da Antiguidade, como Aristóteles.
•• Na Idade Média, as concepções elaboradas pelos
teólogos afirmavam a origem divina do poder dos reis e
príncipes e subordinava, em última instância seu poder
temporal ao poder espiritual dos bispos e do papa.
•• No processo de formação do Estado Moderno, a limitação
ao poder do Estado tem origem na Inglaterra do século
XIII, quando a nobreza inglesa , através da Magna Carta (1215)
estabeleceu limites ao poder do rei.
•• Os filósofos políticos da Idade Moderna, entretanto, afirmavam
que não deveriam existir limites ao poder dos governantes.
Maquiavel afirma que “em política os fins justificam os meios” e
Hobbes defende um poder soberano e absoluto, que seria o
resultado de um pacto social para obter segurança.
•• O Bill of Rights que resultou da Revolução Gloriosa (1688), na
Inglaterra, estabeleceu o princípio de que “o rei reina, mas é o
parlamento que governa”, definindo as bases de um governo
representativo. John Locke, o pai do liberalismo político afirmava
que o povo tem direito a rebelar-se contra a tirania.
•• Nas cartas constitucionais dos países ocidentais foi adotado o
princípio da divisão dos três poderes (legislativo, executivo e
judiciário), formulado por Montesquieu, como forma de evitar o
abuso do poder. O Contrato Social, obra de Rousseau, outro filósofo
iluminista, afirmava o princípio da soberania popular, base da
democracia moderna.
•• Nas sociedade contemporânea, em regimes políticos democráticos,
existem limites constitucionais ao poder do Estado e mecanismos que permitem aos
cidadãos e às organizações da sociedade civil fiscalizar as ações dos agentes públicos.
•• Além dos dispositivos constitucionais de controle social sobre a administração pública,
existem os direitos e liberdades, como a realização de comícios, passeatas e outras
manifestações pacíficas para influenciar governantes e legisladores.
•• Também existem iniciativas para que a sociedade possa ter acesso a informações e dados
sobre os gastos públicos, como o Portal Transparência, que contribuem para um maior
controle da sociedade sobre a administração pública.
•• Audiência Pública: Trata-se de um dispositivo legal que garante o direito de participação
dos cidadãos nos assuntos da administração pública. A audiência é uma reunião informal
e acontece por iniciativa espontânea da sociedade civil através, de seus representantes.
Normalmente, é convocada por parlamentares e aberta para a a participação da

248 www.acasadoconcurseiro.com.br
Ética – Cidadania e Controle Social – Prof. Edir Vieira

comunidade. Permite que os legisladores ou governantes possam, ouvir ou consultar a


parcela da população diretamente interessada em determinada questão.

•• Ação Popular: Trata-se de um dispositivo constitucional, previsto no Artigo 5º inciso LXXIII


da Constituição Brasileira, que permite a qualquer cidadão ou organização da sociedade
civil propor a anulação de ato governamental que lese ou prejudique os interesses ou
direitos coletivos. A ação popular é, então, um instrumento de defesa da sociedade contra
atos lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente ou outro interesse público. Também
pode ser utilizada em favor da exigência de moralidade na gestão dos assuntos públicos.
•• Ação Civil Pública: É um instrumento processual, previsto no Art. 129 da Constituição, que
permite ao Ministério Público mover processo em defesa de interesses coletivos ou para
garantir o cumprimento de direitos previstos.
•• Orçamento Participativo: Trata-se de um
mecanismo adotado por governos em nível estadual
ou municipal para consultar a sociedade a respeito
dos gastos públicos. Em reuniões abertas, com
votação por parte dos cidadãos e representantes
da sociedade civil, são estabelecidas as prioridades
para os gastos e investimentos públicos que serão
estabelecidos no orçamento do município ou do
Estado.
•• Existem formas comuns, mas muito importantes, de qualquer cidadão fiscalizar a ação
dos governantes, a eficiência na administração dos assuntos de interesse coletivos e a
honestidade na gestão dos recursos públicos.
•• Votar de maneira consciente na escolha dos representantes que ocuparão os cargos
no Poder Executivos e no Poder Legislativo, e cobrar para que os eleitos cumpram seus
compromissos e promessas eleitorais é uma forma de controlar o Estado.
•• Conhecer a Constituição Federal, a Constituição Estadual, as Leis Municipais os direitos
humanos, os direitos dos idosos, das crianças, adolescentes, portadores de necessidades
especiais, etc. e exigir seu cumprimento também é controle social.

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Ética no Serviço Público

Professor Cristiano de Souza

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Direito Administrativo

TÍTULO IV

Do Regime Disciplinar

CAPÍTULO I
DOS DEVERES
Art. 116. São deveres do servidor:
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II – ser leal às instituições a que servir;
III – observar as normas legais e regulamentares;
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V – atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por
sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações
de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI – levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da
autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de
outra autoridade competente para apuração;
VII – zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX – manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X – ser assíduo e pontual ao serviço;
XI – tratar com urbanidade as pessoas;
XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica
e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao
representando ampla defesa.

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CAPÍTULO II
DAS PROIBIÇÕES
Art. 117. Ao servidor é proibido:

Das proibições Penalidades Penalidades


I – ausentar-se do serviço Art. 129. A advertência será Art. 130. A suspensão
durante o expediente, aplicada por escrito, nos será aplicada em caso de
sem prévia autorização do casos de violação de proibição reincidência das faltas punidas
chefe imediato; constante do art. 117, incisos I com advertência [...]
a VIII e XIX, e de inobservância
de dever funcional previsto em
lei, regulamentação ou norma
interna, que não justifique
imposição de penalidade mais
grave.
II – retirar, sem prévia
anuência da autoridade
competente, qualquer
documento ou objeto da
repartição;

III – recusar fé a
documentos públicos;

IV – opor resistência
injustificada ao andamento
de documento e processo
ou execução de serviço;

V – promover manifestação
de apreço ou desapreço no
recinto da repartição;

VIII – manter sob sua


chefia imediata, em cargo
ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou
parente até o 2º grau civil;
IX – valer-se do cargo para Art. 132. A demissão será Art. 137. A demissão ou a
lograr proveito pessoal ou aplicada nos seguintes destituição de cargo em
de outrem, em detrimento casos: comissão, por infringência
da dignidade da função do art. 117, incisos IX e XI,
pública; incompatibiliza o ex-servidor
XIII – transgressão dos para nova investidura em cargo
incisos IX a XVI do art. 117. público federal, pelo prazo de 5
(cinco) anos.

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X – participar de gerência
ou administração de
sociedade privada,
personificada ou não
personificada, exercer
o comércio, exceto na
qualidade de acionista,
cotista ou comanditário;
(ver o parágrafo único)
XI – atuar, como procurador Art. 137. A demissão ou a
ou intermediário, junto destituição de cargo em
a repartições públicas, comissão, por infringência
salvo quando se tratar de do art. 117, incisos IX e XI,
benefícios previdenciários incompatibiliza o ex-servidor
ou assistenciais de para nova investidura em cargo
parentes até o 2ª grau, e de público federal, pelo prazo de 5
cônjuge ou companheiro; (cinco) anos.

XII – receber propina,


comissão, presente ou
vantagem de qualquer
espécie, em razão de suas
atribuições;
XIII – aceitar comissão,
emprego ou pensão de
estado estrangeiro;

XIV – praticar usura sob


qualquer de suas formas;

XV – proceder de forma
desidiosa;

XVI – utilizar pessoal ou


recursos materiais da
repartição em serviços ou
atividades particulares;
XVII – cometer a outro Art. 130. A suspensão
servidor atribuições será aplicada em caso de
estranhas ao cargo reincidência das faltas punidas
que ocupa, exceto em com advertência e de violação
situações de emergência e das demais proibições que
transitórias; não tipifiquem infração sujeita
a penalidade de demissão,
XVIII – exercer quaisquer
não podendo exceder de 90
atividades que sejam
(noventa) dias.
incompatíveis com o
exercício do cargo ou
função e com o horário de
trabalho;

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XIX – recusar-se a atualizar Art. 129. A advertência Art. 130. A suspensão
seus dados cadastrais será aplicada por escrito, será aplicada em caso de
quando solicitado. nos casos de violação de reincidência das faltas punidas
proibição constante do art. com advertência [...]
117, incisos I a VIII e XIX

Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos
seguintes casos:
I – participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que
a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e
II – gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei,
observada a legislação sobre conflito de interesses.

CAPÍTULO III
Da Acumulação
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
cargos públicos.

Dica: CF/88 Art. 37


XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;
XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do
art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os
cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

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§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias,


fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da
compatibilidade de horários.
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego
público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas
remunerações forem acumuláveis na atividade.
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto
no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
coletiva.

Dica: Art. 9º A nomeação far-se-á:


[...]
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial
poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança,
sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participação
em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista,
suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União,
direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado o que, a respeito,
dispuser legislação específica.
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos,
quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um
deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.

CAPÍTULO IV
DAS RESPONSABILIDADES
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

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§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na
forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via
judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública,
em ação regressiva.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até
o limite do valor da herança recebida.
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor,
nessa qualidade.
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no
desempenho do cargo ou função.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
entre si.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente
por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a
outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes
ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
emprego ou função pública.

CAPÍTULO V
DAS PENALIDADES
Art. 127. São penalidades disciplinares:
I – advertência;
II – suspensão;
III – demissão;
IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V – destituição de cargo em comissão;
VI – destituição de função comissionada.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração
cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
atenuantes e os antecedentes funcionais.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a
causa da sanção disciplinar.

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Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do
art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação
ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e
de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão,
não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente,
recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente,
cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o
decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver,
nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

I – crime contra a Art. 137. Parágrafo único. Não


administração pública; poderá retornar ao serviço
público federal o servidor que for
xxxxxxxxxxxxxxxxx demitido ou destituído do cargo
em comissão por infringência do
art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.

II – abandono de cargo;

III – inassiduidade habitual;

IV – improbidade Art. 136. A demissão ou Art. 137. Parágrafo único. Não


administrativa; a destituição de cargo em poderá retornar ao serviço
comissão, nos casos dos incisos público federal o servidor que for
IV, VIII, X e XI do art. 132, implica demitido ou destituído do cargo
a indisponibilidade dos bens e em comissão por infringência do
o ressarcimento ao erário, sem art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
prejuízo da ação penal cabível.
V – incontinência pública
e conduta escandalosa, na
repartição;

VI – insubordinação grave
em serviço;

VII – ofensa física, em


serviço, a servidor ou a
particular, salvo em legítima
defesa própria ou de outrem;

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VIII – aplicação irregular de Art. 136. A demissão ou Art. 137. Parágrafo único. Não
dinheiros públicos; a destituição de cargo em poderá retornar ao serviço
comissão, nos casos dos incisos público federal o servidor que for
IV, VIII, X e XI do art. 132, implica demitido ou destituído do cargo
a indisponibilidade dos bens e em comissão por infringência do
o ressarcimento ao erário, sem art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
prejuízo da ação penal cabível.

IX – revelação de segredo do
qual se apropriou em razão
do cargo;
X – lesão aos cofres públicos Art. 136. A demissão ou Art. 137. Parágrafo único. Não
e dilapidação do patrimônio a destituição de cargo em poderá retornar ao serviço
nacional; comissão, nos casos dos incisos público federal o servidor que for
IV, VIII, X e XI do art. 132, implica demitido ou destituído do cargo
a indisponibilidade dos bens e em comissão por infringência do
o ressarcimento ao erário, sem art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
prejuízo da ação penal cabível.

XI – corrupção; Art. 136. A demissão ou Art. 137. Parágrafo único. Não


a destituição de cargo em poderá retornar ao serviço
comissão, nos casos dos incisos público federal o servidor que for
IV, VIII, X e XI do art. 132, implica demitido ou destituído do cargo
a indisponibilidade dos bens e em comissão por infringência do
o ressarcimento ao erário, sem art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
prejuízo da ação penal cabível.

XII – acumulação ilegal de


cargos, empregos ou funções
públicas;
XIII – transgressão dos
incisos IX a XVI do art. 117.

Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia
imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de 10 dias, contados da data da ciência
e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização
imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:
I – instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por 02
servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão
objeto da apuração;
II – instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
III – julgamento.
§ 1º A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor,
e a materialidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação de
acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
trabalho e do correspondente regime jurídico.

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§ 2º A comissão lavrará, até 03 dias após a publicação do ato que a constituiu, termo de
indiciação em que serão transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como
promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata,
para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo
na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.
§ 3º Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à
responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a
licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo
à autoridade instauradora, para julgamento.
§ 4º No prazo de 05 dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora
proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3º do art. 167.
§ 5º A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé,
hipótese em que se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
§ 6º Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão,
destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos
ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades
de vinculação serão comunicados.
§ 7º O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar submetido ao rito sumário
não excederá 30 dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
admitida a sua prorrogação por até 15 dias, quando as circunstâncias o exigirem.
§ 8º O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste artigo, observando-se, no que
lhe for aplicável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na
atividade, falta punível com a demissão.
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será
aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada nos
termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão.
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do
art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação
penal cabível.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX
e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5
(cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou
destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 30
dias consecutivos.
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por 60
dias, interpoladamente, durante o período de 12 meses.

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Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será adotado o
procedimento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que:
I – a indicação da materialidade dar-se-á:
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do período de ausência intencional
do servidor ao serviço superior a trinta dias;
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta ao serviço sem causa
justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período
de doze meses;
II – após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à
inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre
a intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à
autoridade instauradora para julgamento.
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I – pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e
cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder,
órgão, ou entidade;
II – pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas
mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
III – pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou
regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
IV – pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em
comissão.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria
ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares
capituladas também como crime.
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição,
até a decisão final proferida por autoridade competente.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que
cessar a interrupção.

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Direito Administrativo

TÍTULO V ou ilícito penal, a denúncia será arquivada,


por falta de objeto.
Do Processo Administrativo Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
Disciplinar
I – arquivamento do processo;
II – aplicação de penalidade de advertência
ou suspensão de até 30 (trinta) dias;
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS III – instauração de processo disciplinar.

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de Parágrafo único. O prazo para conclusão da
irregularidade no serviço público é obrigada a sindicância não excederá 30 (trinta) dias,
promover a sua apuração imediata, mediante podendo ser prorrogado por igual período,
sindicância ou processo administrativo a critério da autoridade superior.
disciplinar, assegurada ao acusado ampla Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo
defesa. servidor ensejar a imposição de penalidade
§ 1º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
de demissão, cassação de aposentadoria ou
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) disponibilidade, ou destituição de cargo em
comissão, será obrigatória a instauração de
§ 3º A apuração de que trata o caput, por processo disciplinar.
solicitação da autoridade a que se refere,
poderá ser promovida por autoridade de
órgão ou entidade diverso daquele em que
tenha ocorrido a irregularidade, mediante CAPÍTULO II
competência específica para tal finalidade,
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
delegada em caráter permanente ou
temporário pelo Presidente da República, Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que
pelos presidentes das Casas do Poder o servidor não venha a influir na apuração da
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo irregularidade, a autoridade instauradora do
Procurador-Geral da República, no âmbito processo disciplinar poderá determinar o seu
do respectivo Poder, órgão ou entidade, afastamento do exercício do cargo, pelo prazo
preservadas as competências para o de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da
julgamento que se seguir à apuração. remuneração.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades Parágrafo único. O afastamento poderá ser
serão objeto de apuração, desde que contenham prorrogado por igual prazo, findo o qual
a identificação e o endereço do denunciante cessarão os seus efeitos, ainda que não
e sejam formuladas por escrito, confirmada a concluído o processo.
autenticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado
não configurar evidente infração disciplinar

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CAPÍTULO III contados da data de publicação do ato
DO PROCESSO DISCIPLINAR que constituir a comissão, admitida a sua
prorrogação por igual prazo, quando as
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento circunstâncias o exigirem.
destinado a apurar responsabilidade de § 1º Sempre que necessário, a comissão
servidor por infração praticada no exercício dedicará tempo integral aos seus trabalhos,
de suas atribuições, ou que tenha relação com ficando seus membros dispensados do
as atribuições do cargo em que se encontre ponto, até a entrega do relatório final.
investido.
§ 2º As reuniões da comissão serão
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido registradas em atas que deverão detalhar as
por comissão composta de três servidores deliberações adotadas.
estáveis designados pela autoridade
competente, observado o disposto no § 3º Seção I
do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu
DO INQUÉRITO
presidente, que deverá ser ocupante de cargo
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá
nível de escolaridade igual ou superior ao do ao princípio do contraditório, assegurada ao
indiciado. acusado ampla defesa, com a utilização dos
§ 1º A Comissão terá como secretário meios e recursos admitidos em direito.
servidor designado pelo seu presidente, Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o
podendo a indicação recair em um de seus processo disciplinar, como peça informativa da
membros. instrução.
§ 2º Não poderá participar de comissão Parágrafo único. Na hipótese de o relatório
de sindicância ou de inquérito, cônjuge, da sindicância concluir que a infração está
companheiro ou parente do acusado, capitulada como ilícito penal, a autoridade
consangüíneo ou afim, em linha reta ou competente encaminhará cópia dos autos
colateral, até o terceiro grau. ao Ministério Público, independentemente
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades da imediata instauração do processo
com independência e imparcialidade, disciplinar.
assegurado o sigilo necessário à elucidação do Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão
fato ou exigido pelo interesse da administração. promoverá a tomada de depoimentos,
Parágrafo único. As reuniões e as audiências acareações, investigações e diligências cabíveis,
das comissões terão caráter reservado. objetivando a coleta de prova, recorrendo,
quando necessário, a técnicos e peritos, de
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve modo a permitir a completa elucidação dos
nas seguintes fases: fatos.
I – instauração, com a publicação do ato que Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de
constituir a comissão; acompanhar o processo pessoalmente ou por
intermédio de procurador, arrolar e reinquirir
II – inquérito administrativo, que
testemunhas, produzir provas e contraprovas
compreende instrução, defesa e relatório;
e formular quesitos, quando se tratar de prova
III – julgamento. pericial.

Art. 152. O prazo para a conclusão do processo § 1º O presidente da comissão poderá


disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, denegar pedidos considerados

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

impertinentes, meramente protelatórios, ou Art. 160. Quando houver dúvida sobre a


de nenhum interesse para o esclarecimento sanidade mental do acusado, a comissão
dos fatos. proporá à autoridade competente que ele seja
submetido a exame por junta médica oficial,
§ 2º Será indeferido o pedido de prova da qual participe pelo menos um médico
pericial, quando a comprovação do fato psiquiatra.
independer de conhecimento especial de
perito. Parágrafo único. O incidente de sanidade
mental será processado em auto apartado
Art. 157. As testemunhas serão intimadas e apenso ao processo principal, após a
a depor mediante mandado expedido pelo expedição do laudo pericial.
presidente da comissão, devendo a segunda via,
com o ciente do interessado, ser anexado aos Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será
autos. formulada a indiciação do servidor, com a
especificação dos fatos a ele imputados e das
Parágrafo único. Se a testemunha for respectivas provas.
servidor público, a expedição do mandado
será imediatamente comunicada ao chefe § 1º O indiciado será citado por mandado
da repartição onde serve, com a indicação expedido pelo presidente da comissão
do dia e hora marcados para inquirição. para apresentar defesa escrita, no prazo de
10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do
Art. 158. O depoimento será prestado processo na repartição.
oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito
à testemunha trazê-lo por escrito. § 2º Havendo dois ou mais indiciados, o
prazo será comum e de 20 (vinte) dias.
§ 1º As testemunhas serão inquiridas
separadamente. § 3º O prazo de defesa poderá ser
prorrogado pelo dobro, para diligências
§ 2º Na hipótese de depoimentos reputadas indispensáveis.
contraditórios ou que se infirmem,
proceder-se-á à acareação entre os § 4º No caso de recusa do indiciado em apor
depoentes. o ciente na cópia da citação, o prazo para
defesa contar-se-á da data declarada, em
Art. 159. Concluída a inquirição das termo próprio, pelo membro da comissão
testemunhas, a comissão promoverá o que fez a citação, com a assinatura de (2)
interrogatório do acusado, observados os duas testemunhas.
procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada fica obrigado a comunicar à comissão o lugar
um deles será ouvido separadamente, onde poderá ser encontrado.
e sempre que divergirem em suas
declarações sobre fatos ou circunstâncias, Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar
será promovida a acareação entre eles. incerto e não sabido, será citado por edital,
publicado no Diário Oficial da União e em jornal
§ 2º O procurador do acusado poderá de grande circulação na localidade do último
assistir ao interrogatório, bem como à domicílio conhecido, para apresentar defesa.
inquirição das testemunhas, sendo-lhe
vedado interferir nas perguntas e respostas, Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a
intermédio do presidente da comissão. partir da última publicação do edital.

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Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, caberá à autoridade competente para a
regularmente citado, não apresentar defesa no imposição da pena mais grave.
prazo legal.
§ 3º Se a penalidade prevista for a
§ 1º A revelia será declarada, por termo, demissão ou cassação de aposentadoria
nos autos do processo e devolverá o prazo ou disponibilidade, o julgamento caberá às
para a defesa. autoridades de que trata o inciso I do art.
141.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a
autoridade instauradora do processo § 4º Reconhecida pela comissão a inocência
designará um servidor como defensor do servidor, a autoridade instauradora do
dativo, que deverá ser ocupante de cargo processo determinará o seu arquivamento,
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter salvo se flagrantemente contrária à prova
nível de escolaridade igual ou superior ao dos autos.
do indiciado.
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão comissão, salvo quando contrário às provas dos
elaborará relatório minucioso, onde resumirá autos.
as peças principais dos autos e mencionará as
provas em que se baseou para formar a sua Parágrafo único. Quando o relatório
convicção. da comissão contrariar as provas dos
autos, a autoridade julgadora poderá,
§ 1º O relatório será sempre conclusivo motivadamente, agravar a penalidade
quanto à inocência ou à responsabilidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor
do servidor. de responsabilidade.
§ 2º Reconhecida a responsabilidade do Art. 169. Verificada a ocorrência de vício
servidor, a comissão indicará o dispositivo insanável, a autoridade que determinou
legal ou regulamentar transgredido, bem a instauração do processo ou outra de
como as circunstâncias agravantes ou hierarquia superior declarará a sua nulidade,
atenuantes. total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a
constituição de outra comissão para instauração
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório de novo processo.
da comissão, será remetido à autoridade que
determinou a sua instauração, para julgamento. § 1º O julgamento fora do prazo legal não
implica nulidade do processo.
Seção II
§ 2º A autoridade julgadora que der causa à
DO JULGAMENTO
prescrição de que trata o art. 142, § 2o, será
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados responsabilizada na forma do Capítulo IV do
do recebimento do processo, a autoridade Título IV.
julgadora proferirá a sua decisão. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição,
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a autoridade julgadora determinará o registro
a alçada da autoridade instauradora do fato nos assentamentos individuais do
do processo, este será encaminhado à servidor.
autoridade competente, que decidirá em Art. 171. Quando a infração estiver capitulada
igual prazo. como crime, o processo disciplinar será
§ 2º Havendo mais de um indiciado e remetido ao Ministério Público para instauração
diversidade de sanções, o julgamento da ação penal, ficando trasladado na repartição.

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

Art. 172. O servidor que responder a processo Art. 177. O requerimento de revisão do
disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou processo será dirigido ao Ministro de Estado
aposentado voluntariamente, após a conclusão ou autoridade equivalente, que, se autorizar a
do processo e o cumprimento da penalidade, revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do
acaso aplicada. órgão ou entidade onde se originou o processo
disciplinar.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de
que trata o parágrafo único, inciso I do art. Parágrafo único. Deferida a petição, a
34, o ato será convertido em demissão, se autoridade competente providenciará a
for o caso. constituição de comissão, na forma do art.
149.
Art. 173. Serão assegurados transporte e
diárias: Art. 178. A revisão correrá em apenso ao
processo originário.
I – ao servidor convocado para prestar
depoimento fora da sede de sua repartição, Parágrafo único. Na petição inicial, o
na condição de testemunha, denunciado ou requerente pedirá dia e hora para a
indiciado; produção de provas e inquirição das
testemunhas que arrolar.
II – aos membros da comissão e ao
secretário, quando obrigados a se Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta)
deslocarem da sede dos trabalhos para dias para a conclusão dos trabalhos.
a realização de missão essencial ao
esclarecimento dos fatos. Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da
comissão revisora, no que couber, as normas
Seção III e procedimentos próprios da comissão do
processo disciplinar.
DA REVISÃO DO PROCESSO
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de
ofício, quando se aduzirem fatos novos ou Parágrafo único. O prazo para julgamento
circunstâncias suscetíveis de justificar a será de 20 (vinte) dias, contados do
inocência do punido ou a inadequação da recebimento do processo, no curso do qual
penalidade aplicada. a autoridade julgadora poderá determinar
diligências.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou
desaparecimento do servidor, qualquer Art. 182. Julgada procedente a revisão, será
pessoa da família poderá requerer a revisão declarada sem efeito a penalidade aplicada,
do processo. restabelecendo-se todos os direitos do servidor,
exceto em relação à destituição do cargo em
§ 2º No caso de incapacidade mental do comissão, que será convertida em exoneração.
servidor, a revisão será requerida pelo
respectivo curador. Parágrafo único. Da revisão do processo
não poderá resultar agravamento de
Art. 175. No processo revisional, o ônus da penalidade.
prova cabe ao requerente.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da
penalidade não constitui fundamento para a
revisão, que requer elementos novos, ainda não
apreciados no processo originário.

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Slides – Lei nº 8.112/90 – Processo Administrativo Disciplinar

LEI 8.112/90 – SERVIDORES PÚBLICOS

Prof. Cristiano de Souza

PAD – NOÇÕES PRELIMINARES


ABRANGÊNCIA: quando servidor deixa de observar dever funcional ou
transgride proibição prevista em lei.

- Aplicado aos servidores estatutários federais ocupante de cargo efetivo


ou cargo em comissão.

OBS: não se aplica aos cargos de natureza especial, pois são


considerados agentes políticos.

OBS: não se confunde com o conceito de funcionário público (art. 327,


CP) e agente público (art. 2º, Lei 8.429/92).

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – NOÇÕES PRELIMINARES


ABRANGÊNCIA: quando servidor deixa de observar dever funcional ou
transgride proibição prevista em lei.

- Aplicado aos servidores estatutários federais ocupante de cargo efetivo


ou cargo em comissão.

OBS: não se aplica aos cargos de natureza especial, pois são


considerados agentes políticos.

OBS: não se confunde com o conceito de funcionário público (art. 327,


CP) e agente público (art. 2º, Lei 8.429/92).

PAD – NOÇÕES PRELIMINARES


CIÊNCIA DAS IRREGULARIDADES

- DEVER de apuração (ato vinculado): Art. 143. A autoridade que tiver


ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.

Forma: sindicância ou processo administrativo disciplinar propriamente


dito.

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PAD – NOÇÕES PRELIMINARES
Requisitos da denúncia:

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração,


desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e
sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.

OBS: forma escrita; proibido o anonimato!

PAD – NOÇÕES PRELIMINARES


Dever de Representação

Art. 116. São deveres do servidor:

VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo


ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de
envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente
para apuração;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – NOÇÕES PRELIMINARES


Revisão do Processo (Art. 174 – 182)

- O processo poderá ser revisto a qualquer tempo;


- Legitimado: a pedido do servidor ou da família do morto ou ausente;
De ofício por interesse da administração.
- Motivo: fatos novos ou circunstância suscetíveis de justificar a
inocência do punido ou inadequação da penalidade aplicada;
- Ônus da prova: cabe ao requerente;
- Reformatio in pejus: Revisão em prejuízo não é admitida, ou seja, não
poderá agravar a pena já aplicada.

LEI 8.112/90 – SERVIDORES PÚBLICOS

Prof. Cristiano de Souza

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SINDICÂNCIA
CONCEITO: procedimento administrativo que visa à apuração de
irregularidades.

Tipos:
a) Sindicância inquisitorial – investigativa
b) Sindicância acusatória

SINDICÂNCIA
a) Sindicância inquisitorial – investigativa:

Procedimento investigativo sem a formalização de acusação a qualquer


servidor.

Prescinde de contraditório ou ampla defesa!!!

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

SINDICÂNCIA
b) Sindicância Acusatória:

Procedimento célere destinado a apurar a responsabilidade de menor


gravidade.

Deve assegurar a ampla defesa e o contraditório.

SINDICÂNCIA
COMISSÃO DE SINDICÂNCIA

PORTARIA CGU Nº 335, DE 30 DE MAIO DE 2006


Art. 12. § 1º No caso de sindicância meramente investigativa ou
preparatória, o procedimento poderá ser instaurado com um ou mais
servidores.
§ 2º No caso de sindicância acusatória ou punitiva a comissão deverá
ser.
§ 3º A comissão de pcomposta por dois ou mais servidores
estáveisrocesso administrativo disciplinar deverá ser constituída por três
servidores estáveis, nos termos do art. 149 da Lei nº 8.112/90.

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SINDICÂNCIA
COMISSÃO DE SINDICÂNCIA

OBS: impedido de participar da comissão.

Art. 149. § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de


inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consangüíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.

SINDICÂNCIA
FASES da SINDICÂNCIA

A Lei 8.112/90 não estabelece nenhuma fase ou rito para a sindicância.

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

SINDICÂNCIA
CONSEQUÊNCIAS DA SINDICÂNCIA

Art. 145. Da sindicância poderá resultar:

I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
(trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.

SINDICÂNCIA
CONSEQUÊNCIAS DA SINDICÂNCIA

Art. 145. Da sindicância poderá resultar:

I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
(trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.

www.acasadoconcurseiro.com.br 275
SINDICÂNCIA
PRAZO DA SINDICÂNCIA

Art. 145. Da sindicância poderá resultar:


[...]
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30
(trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da
autoridade superior.

LEI 8.112/90 – SERVIDORES PÚBLICOS

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES

CONCEITO: Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a


apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício
de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo
em que se encontre investido.

PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES

OBRIGATÓRIO: será obrigatório quando:

a) Suspensão por mais de 30 dias


b) Demissão
c) Cassação de aposentadoria ou disponibilidade
d) Destituição de cargo em comissão

www.acasadoconcurseiro.com.br 277
PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES

COMISSÃO DO PAD

Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de


três servidores estáveis designados pela autoridade competente, observado o
disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
deverá. ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível
de escolaridade igual ou superior ao do indiciado

2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge,


companheiro ou parente do acusado, consangüíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau.

PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES


PRAZO DO PAD

CONCLUSÃO: Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar


não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo,
quando as circunstâncias o exigirem.

JULGAMENTO: Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do


recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES


FASES DO PAD

A) INSTAURAÇÃO
B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO ( instrução, defesa e relatório)
C) JUNGAMENTO

PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES


CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO PAD

Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do


contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos
meios e recursos admitidos em direito.

A falta de defesa técnica por advogado em PAD não ofende a CF –


Súmula Vinculante nº 5 – STF)

www.acasadoconcurseiro.com.br 279
PAD – RITO ORDINÁRIO - NOÇÕES
AFASTAMENTO PREVENTIVO NO PAD

Art. 147. Como medida cautelar (NÃO É PENALIDADE) e a fim de


que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a
autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias,
sem prejuízo da remuneração.

Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual


prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o
processo.

LEI 8.112/90 – SERVIDORES PÚBLICOS

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES

FASES DO PAD

A) INSTAURAÇÃO
B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
C) JULGAMENTO

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


A) INSTAURAÇÃO

- Inicia-se com a publicação do ato que constituir a comissão.


- Deve haver indícios de materialidade e autoria.

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PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES
B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO

B.1) INSTRUÇÃO
B.2) DEFESA
B.3) RELATÓRIO

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
B.1) INSTRUÇÃO

- Busca elementos para amparar a formação da convicção da comissão.


- Durante essa fase é assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
processo.
- Atos de instrução probatória (diligências, perícias, depoimentos,
interrogatórios)
- INDICIAÇÃO: é o último ato da instrução, pois representa a acusação
formal contra o servidor que passa de acusado para indiciado.

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
B.2) DEFESA
Forma: escrita – princípio do formalismo.

Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do


servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas
provas.
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da
comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias,
assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte)
dias.
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências
reputadas indispensáveis.

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
B.2) DEFESA
Consequência pela não apresentação da defesa:

Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não


apresentar defesa no prazo legal.
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e
devolverá o prazo para a defesa.
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do
processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

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PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES
B) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
B.3) RELATÓRIO

Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde


resumirá as peças principais dos autos e mencionará as provas em que se
baseou para formar a sua convicção.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à
responsabilidade do servidor.
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o
dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias
agravantes ou atenuantes.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será
remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para julgamento.

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


C) JULGAMENTO

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do


processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade
instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade
competente, que decidirá em igual prazo.
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o
julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena
mais grave.

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Direito Administrativo – Lei nº 8.112/90 Processo Administrativo Disciplinar – Prof. Cristiano de Souza

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


C) JULGAMENTO

Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que


determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior
declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a
constituição de outra comissão para instauração de novo processo.

§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do


processo.

PAD – RITO ORDINÁRIO - FASES


C) JULGAMENTO
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser
exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão
do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão,
se for o caso.

Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou


de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;

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Direito Administrativo

Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992).

O dever de punição dos atos de improbidade administrativa tem fundamento constitucional no


art. 37, § 4º, da CF/88, senão vejamos:

Art. 37, § 4º – Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos


políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Consequentemente, a condenação por improbidade administrativa poderá implicar em


suspensão dos direitos políticos por força do art. 15, inciso IV, da Carta Maior.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Mas foi somente em 1992, que o legislador regulamentou o texto constitucional com a
publicação da Lei nº 8.429/1992 dispondo sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública direta, indireta ou fundacional a qual passamos a analisar a partir de
agora.

Anotações:

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Lei nº 8.429, de 2 de Junho de 1992.
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá
outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte lei:

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Os atos de improbidade praticados por qualquer AGENTE PÚBLICO, servidor ou não, contra
a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de
entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta
por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos.

Dica: Entidades ou Bens protegidos pela Lei:


•• administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território,
•• Empresa incorporada ao patrimônio público ou de
•• Entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais
de 50% do patrimônio ou da receita anual
•• contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público,
•• bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a
sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
mencionadas no artigo anterior.

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Direito Administrativo – Improbidade Administrativa – Prof. Cristiano de Souza

Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público (terceiro particular), induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos
assuntos que lhe são afetos.

Dica: Cade o princípio da eficiência? R: esta lei é de 1992 e o princípio da eficiência foi
introduzido somente em 1998, com a EC nº 19 na CF/1988.

Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente
ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os
bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público OU ensejar
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar
ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.
Art. 8º O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente
está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

CAPÍTULO II
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

QUADRO SISTEMÁTICO SOBRE OS ATOS DE IMPROBIDADE


Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento
ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.

Art. 5º Ocorrendo lesão ao


Art. 6º No caso de
patrimônio público por ação
enriquecimento ilícito, perderá
ou omissão, dolosa ou culposa,
o agente público ou terceiro
do agente ou de terceiro, dar-
beneficiário os bens ou valores
se-á o integral ressarcimento do
acrescidos ao seu patrimônio.
dano.

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Seção III
Seção I Seção II
Dos Atos de Improbidade
Dos Atos de Improbidade Dos Atos de Improbidade
Administrativa que Atentam
Administrativa que Importam Administrativa que Causam
Contra os Princípios da
Enriquecimento Ilícito Prejuízo ao Erário
Administração Pública
Art. 9º Constitui ato de Art. 10. Constitui ato de Art. 11. Constitui ato de
improbidade administrativa improbidade administrativa improbidade administrativa que
importando enriquecimento que causa lesão ao erário atenta contra os princípios da
ilícito auferir qualquer tipo de qualquer ação ou omissão, administração pública qualquer
vantagem patrimonial indevida dolosa ou culposa, que enseje ação ou omissão que viole
em razão do exercício de cargo, perda patrimonial, desvio, os deveres de honestidade,
mandato, função, emprego apropriação, malbaratamento imparcialidade, legalidade,
ou atividade nas entidades ou dilapidação dos bens e lealdade às instituições, e
mencionadas no art. 1º desta ou haveres das entidades notadamente:
lei, e notadamente: referidas no art. 1º desta lei, e
I – praticar ato visando
notadamente:
I – receber, para si ou fim proibido em lei ou
para outrem, dinheiro, I – facilitar ou concorrer regulamento ou diverso
bem móvel ou imóvel, ou por qualquer forma daquele previsto, na regra
qualquer outra vantagem para a incorporação ao de competência;
econômica, direta ou patrimônio particular, de
II – retardar ou deixar de
indireta, a título de pessoa física ou jurídica,
praticar, indevidamente,
comissão, percentagem, de bens, rendas, verbas
ato de ofício;
gratificação ou presente ou valores integrantes do
de quem tenha interesse, acervo patrimonial das III – revelar fato ou
direto ou indireto, que entidades mencionadas no circunstância de que tem
possa ser atingido ou art. 1º desta lei; ciência em razão das
amparado por ação ou atribuições e que deva
II – permitir ou concorrer
omissão decorrente das permanecer em segredo;
para que pessoa física
atribuições do agente IV – negar publicidade aos
ou jurídica privada utilize
público; atos oficiais;
bens, rendas, verbas ou
II – perceber vantagem valores integrantes do V – frustrar a licitude de
econômica, direta ou acervo patrimonial das concurso público;
indireta, para facilitar a entidades mencionadas
aquisição, permuta ou no art. 1º desta lei, VI – deixar de prestar
locação de bem móvel ou sem a observância das contas quando esteja
imóvel, ou a contratação formalidades legais ou obrigado a fazê-lo;
de serviços pelas entidades regulamentares aplicáveis VII – revelar ou
referidas no art. 1º por à espécie; permitir que chegue ao
preço superior ao valor de conhecimento de terceiro,
III – doar à pessoa física
mercado; antes da respectiva
ou jurídica bem como ao
III – perceber vantagem ente despersonalizado, divulgação oficial, teor
econômica, direta ou ainda que de fins de medida política ou
indireta, para facilitar a educativos ou assistências, econômica capaz de afetar
alienação, permuta ou bens, rendas, verbas ou o preço de mercadoria,
locação de bem público valores do patrimônio de bem ou serviço.
ou o fornecimento de qualquer das entidades
serviço por ente estatal por mencionadas no art. 1º
preço inferior ao valor de desta lei, sem observância
mercado; das formalidades legais e

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IV – utilizar, em obra ou regulamentares aplicáveis


serviço particular, veículos, à espécie;
máquinas, equipamentos
IV – permitir ou facilitar a
ou material de qualquer
alienação, permuta ou ou
natureza, de propriedade
à disposição de locação
qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º de bem integrante do
desta lei, bem como o patrimônio de qualquer
trabalho de servidores das entidades referidas no
públicos, empregados ou art. 1º desta lei, ou ainda
terceiros contratados por a prestação de serviço
essas entidades; por parte delas, por preço
inferior ao de mercado;
V – receber vantagem
econômica de qualquer V – permitir ou facilitar
natureza, direta ou a aquisição, permuta ou
indireta, para tolerar a locação de bem ou serviço
exploração ou a prática por preço superior ao de
de jogos de azar, de mercado;
lenocínio, de narcotráfico, VI – realizar operação
de contrabando, de usura financeira sem observância
ou de qualquer outra das normas legais e
atividade ilícita, ou aceitar regulamentares ou aceitar
promessa de tal vantagem; garantia insuficiente ou
VI – receber vantagem inidônea;
econômica de qualquer
VII – conceder benefício
natureza, direta ou
administrativo ou fiscal
indireta, para fazer
sem a observância das
declaração falsa sobre
formalidades legais ou
medição ou avaliação em
regulamentares aplicáveis
obras públicas ou qualquer
outro serviço, ou sobre à espécie;
quantidade, peso, medida, VIII – frustrar a licitude
qualidade ou característica de processo licitatório
de mercadorias ou bens ou dispensá-lo
fornecidos a qualquer das indevidamente;
entidades mencionadas no
art. 1º desta lei; IX – ordenar ou permitir
a realização de despesas
VII – adquirir, para si não autorizadas em lei ou
ou para outrem, no regulamento;
exercício de mandato,
cargo, emprego ou função X – agir negligentemente
pública, bens de qualquer na arrecadação de tributo
natureza cujo valor seja ou renda, bem como
desproporcional à evolução no que diz respeito à
do patrimônio ou à renda conservação do patrimônio
do agente público; público;

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VIII – aceitar emprego, XI – liberar verba pública
comissão ou exercer sem a estrita observância
atividade de consultoria das normas pertinentes
ou assessoramento ou influir de qualquer
para pessoa física ou forma para a sua aplicação
jurídica que tenha irregular;
interesse suscetível de
ser atingido ou amparado
XII – permitir, facilitar ou
por ação ou omissão
concorrer para que terceiro
decorrente das atribuições
se enriqueça ilicitamente;
do agente público,
durante a atividade;
IX – perceber vantagem XIII – permitir que se
econômica para utilize, em obra ou serviço
intermediar a liberação ou particular, veículos,
aplicação de verba pública máquinas, equipamentos
de qualquer natureza; ou material de qualquer
natureza, de propriedade
X – receber vantagem
ou à disposição de
econômica de qualquer
qualquer das entidades
natureza, direta ou
mencionadas no art.
indiretamente, para omitir
1º desta lei, bem como
ato de ofício, providência
o trabalho de servidor
ou declaração a que esteja
público, empregados ou
obrigado;
terceiros contratados por
XI – incorporar, por essas entidades.
qualquer forma, ao
XIV – celebrar contrato
seu patrimônio bens,
ou outro instrumento
rendas, verbas ou valores
que tenha por objeto a
integrantes do acervo
prestação de serviços
patrimonial das entidades
públicos por meio da
mencionadas no art. 1º
gestão associada sem
desta lei;
observar as formalidades
XII – usar, em proveito previstas na lei;
próprio, bens, rendas,
XV – celebrar contrato de
verbas ou valores
rateio de consórcio público
integrantes do acervo
sem suficiente e prévia
patrimonial das entidades dotação orçamentária,
mencionadas no art. 1º ou sem observar as
desta lei. formalidades previstas na
lei.

PENAS Art. 12

I – na hipótese do art. 9 II – na hipótese do art. 10 III – na hipótese do art. 11

•• ressarcimento integral
•• ressarcimento integral do •• ressarcimento integral do
do dano, quando
dano, dano, se houver,
houver,

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•• perda dos bens ou valores


•• perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao
acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer
patrimônio,
esta circunstância,

•• perda da função pública, •• perda da função pública, •• perda da função pública,

•• suspensão dos direitos •• suspensão dos direitos •• suspensão dos direitos


políticos de 8 a 10 anos, políticos de 5 a 8 anos, políticos de 3 a 5 anos,

•• pagamento de multa civil


•• pagamento de multa civil •• pagamento de multa civil
de até 100 vezes o valor
de até 03 vezes o valor do de até 02 vezes o valor do
da remuneração percebida
acréscimo patrimonial e dano e
pelo agente e

•• proibição de contratar com •• proibição de contratar com •• proibição de contratar com


o Poder Público ou receber o Poder Público ou receber o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos benefícios ou incentivos benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta fiscais ou creditícios, direta fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda ou indiretamente, ainda ou indiretamente, ainda
que por intermédio de que por intermédio de que por intermédio de
pessoa jurídica da qual pessoa jurídica da qual pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo seja sócio majoritário, pelo seja sócio majoritário, pelo
prazo de 10 anos; prazo de 05 anos; prazo de 03 anos.

CAPÍTULO III
DAS PENAS
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
I – na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II – na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do
dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

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III – na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes
o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

CAPÍTULO IV
DA DECLARAÇÃO DE BENS
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração
dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de
pessoal competente.
§ 1º A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e
qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e,
quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos
filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público
deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras
sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do
prazo determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada
à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e
proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência
contida no caput e no § 2º deste artigo.

CAPÍTULO V
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação
do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que
tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se
esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a
representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.

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§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração


dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos
arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 (trata do Processo Disciplinar) e, em
se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou
Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de
improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério
Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do
Código de Processo Civil. (forma de Medida Cautelar)

Dica: CPC – Do Sequestro


Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o sequestro:
I – de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade
ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;
II – dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado
por sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;
III – dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se
o cônjuge os estiver dilapidando;
IV – nos demais casos expressos em lei.
Art. 823. Aplica-se ao sequestro, no que couber, o que este Código estatui acerca do
arresto.
Art. 824. Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens sequestrados. A escolha poderá,
todavia, recair:
I – em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes;
II – em uma das partes, desde que ofereça maiores garantias e preste caução idônea.
Art. 825. A entrega dos bens ao depositário far-se-á logo depois que este assinar o
compromisso.
Parágrafo único. Se houver resistência, o depositário solicitará ao juiz a requisição de
força policial.

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§ 2º Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos
tratados internacionais.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela
pessoa jurídica interessada, dentro de 30 dias da efetivação da medida cautelar.

Dica: Medida Cautelar no Código de Processo Civil

Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da
efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório.

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação (TAC) nas ações de que trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à complementação
do ressarcimento do patrimônio público.
§ 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que
couber, o disposto no § 3º do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965.

Dica: Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965 – Regula a ação popular.

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades


referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto
de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado
do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.

§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente,


como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes
da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade
de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as
disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.

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Dica: CPC – Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual

Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou
interveniente.
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
Vl – provocar incidentes manifestamente infundados.
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.
Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-
fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a
parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as
despesas que efetuou.
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na
proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2º O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a
20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do


requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
justificações, dentro do prazo de 15 dias.
§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 dias, em decisão fundamentada, rejeitará
a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
inadequação da via eleita.
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento (A.I.).
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz
extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o
disposto no art. 221, caput e § 1º, do Código de Processo Penal.

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Dica: CPP – Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os
secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às
Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes
dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do
Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e
o juiz.
§ 1º O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da
Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de
depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas
pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício.

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos
bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em
favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado
pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o
afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I – da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
II – da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
Conselho de Contas.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento
de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no
art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.

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CAPÍTULO VII
DA PRESCRIÇÃO
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I – até 05 anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão (CC) ou de
função de confiança (FC);
II – dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

Dica: Lei nº 8.112/1990. Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:

I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de


aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.

Anotações:

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Direito Administrativo

LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.

Regula o processo administrativo no âmbito da contraditório, segurança jurídica, interesse


Administração Pública Federal. público e eficiência.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que Parágrafo único. Nos processos administra-
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a tivos serão observados, entre outros, os cri-
seguinte Lei: térios de:
I – atuação conforme a lei e o Direito;
II – atendimento a fins de interesse geral,
CAPÍTULO I vedada a renúncia total ou parcial de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS poderes ou competências, salvo autorização
em lei;
Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas
sobre o processo administrativo no âmbito III – objetividade no atendimento do inte-
da Administração Federal direta e indireta, resse público, vedada a promoção pessoal
visando, em especial, à proteção dos direitos de agentes ou autoridades;
dos administrados e ao melhor cumprimento
IV – atuação segundo padrões éticos de
dos fins da Administração.
probidade, decoro e boa-fé;
§ 1º Os preceitos desta Lei também se
V – divulgação oficial dos atos administrati-
aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo
vos, ressalvadas as hipóteses de sigilo pre-
e Judiciário da União, quando no
vistas na Constituição;
desempenho de função administrativa.
VI – adequação entre meios e fins, vedada
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
a imposição de obrigações, restrições
I – órgão – a unidade de atuação integrante e sanções em medida superior àquelas
da estrutura da Administração direta e da estritamente necessárias ao atendimento
estrutura da Administração indireta; do interesse público;
II – entidade – a unidade de atuação dotada VII – indicação dos pressupostos de fato e
de personalidade jurídica; de direito que determinarem a decisão;
III – autoridade – o servidor ou agente VIII – observância das formalidades
público dotado de poder de decisão. essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;
Art. 2º A Administração Pública obedecerá,
dentre outros, aos princípios da legalidade, IX – adoção de formas simples, suficientes
finalidade, motivação, razoabilidade, para propiciar adequado grau de certeza,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança e respeito aos direitos dos
administrados;

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X – garantia dos direitos à comunicação, CAPÍTULO III
à apresentação de alegações finais, à DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
produção de provas e à interposição de
recursos, nos processos de que possam Art. 4º São deveres do administrado perante a
resultar sanções e nas situações de litígio; Administração, sem prejuízo de outros previstos
em ato normativo:
XI – proibição de cobrança de despesas
processuais, ressalvadas as previstas em lei; I – expor os fatos conforme a verdade;

XII – impulsão, de ofício, do processo II – proceder com lealdade, urbanidade e


administrativo, sem prejuízo da atuação dos boa-fé;
interessados; III – não agir de modo temerário;
XIII – interpretação da norma administrativa IV – prestar as informações que lhe
da forma que melhor garanta o atendimento forem solicitadas e colaborar para o
do fim público a que se dirige, vedada esclarecimento dos fatos.
aplicação retroativa de nova interpretação.

CAPÍTULO IV
CAPÍTULO II DO INÍCIO DO PROCESSO
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Art. 5º O processo administrativo pode iniciar-
se de ofício ou a pedido de interessado.
Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos
perante a Administração, sem prejuízo de outros Art. 6º O requerimento inicial do interessado,
que lhe sejam assegurados: salvo casos em que for admitida solicitação
oral, deve ser formulado por escrito e conter os
I – ser tratado com respeito pelas seguintes dados:
autoridades e servidores, que deverão
facilitar o exercício de seus direitos e o I – órgão ou autoridade administrativa a
cumprimento de suas obrigações; que se dirige;

II – ter ciência da tramitação dos processos II – identificação do interessado ou de quem


administrativos em que tenha a condição o represente;
de interessado, ter vista dos autos, obter III – domicílio do requerente ou local para
cópias de documentos neles contidos e recebimento de comunicações;
conhecer as decisões proferidas;
IV – formulação do pedido, com exposição
III – formular alegações e apresentar dos fatos e de seus fundamentos;
documentos antes da decisão, os quais
serão objeto de consideração pelo órgão V – data e assinatura do requerente ou de
competente; seu representante.
IV – fazer-se assistir, facultativamente, Parágrafo único. É vedada à Administração
por advogado, salvo quando obrigatória a a recusa imotivada de recebimento de
representação, por força de lei. documentos, devendo o servidor orientar
o interessado quanto ao suprimento de
eventuais falhas.

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Direito Administrativo – Lei 9.784 - Processo Administrativo Federal – Prof. Cristiano de Souza

Art. 7º Os órgãos e entidades administrativas Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular
deverão elaborar modelos ou formulários poderão, se não houver impedimento legal,
padronizados para assuntos que importem delegar parte da sua competência a outros
pretensões equivalentes. órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe
sejam hierarquicamente subordinados, quando
Art. 8º Quando os pedidos de uma pluralidade for conveniente, em razão de circunstâncias de
de interessados tiverem conteúdo e índole técnica, social, econômica, jurídica ou
fundamentos idênticos, poderão ser formulados territorial.
em um único requerimento, salvo preceito legal
em contrário. Parágrafo único. O disposto no caput deste
artigo aplica-se à delegação de competência
dos órgãos colegiados aos respectivos
presidentes.
CAPÍTULO V
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
DOS INTERESSADOS
I – a edição de atos de caráter normativo;
Art. 9º São legitimados como interessados no
processo administrativo: II – a decisão de recursos administrativos;
I – pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem III – as matérias de competência exclusiva
como titulares de direitos ou interesses do órgão ou autoridade.
individuais ou no exercício do direito de
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação
representação;
deverão ser publicados no meio oficial.
II – aqueles que, sem terem iniciado o
§ 1º O ato de delegação especificará as
processo, têm direitos ou interesses que
matérias e poderes transferidos, os limites
possam ser afetados pela decisão a ser
da atuação do delegado, a duração e os
adotada;
objetivos da delegação e o recurso cabível,
III – as organizações e associações podendo conter ressalva de exercício da
representativas, no tocante a direitos e atribuição delegada.
interesses coletivos;
§ 2º O ato de delegação é revogável a
IV – as pessoas ou as associações legalmente qualquer tempo pela autoridade delegante.
constituídas quanto a direitos ou interesses
§ 3º As decisões adotadas por delegação
difusos.
devem mencionar explicitamente esta
Art. 10. São capazes, para fins de processo qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
administrativo, os maiores de dezoito anos, delegado.
ressalvada previsão especial em ato normativo
Art. 15. Será permitida, em caráter
próprio.
excepcional e por motivos relevantes
devidamente justificados, a avocação
temporária de competência atribuída a órgão
CAPÍTULO VI hierarquicamente inferior.
DA COMPETÊNCIA Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas
divulgarão publicamente os locais das
Art. 11. A competência é irrenunciável e se respectivas sedes e, quando conveniente, a
exerce pelos órgãos administrativos a que unidade fundacional competente em matéria
foi atribuída como própria, salvo os casos de de interesse especial.
delegação e avocação legalmente admitidos.

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Art. 17. Inexistindo competência legal CAPÍTULO VIII
específica, o processo administrativo deverá ser DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS
iniciado perante a autoridade de menor grau
hierárquico para decidir. ATOS DO PROCESSO
Art. 22. Os atos do processo administrativo
não dependem de forma determinada senão
quando a lei expressamente a exigir.
CAPÍTULO VII
DOS IMPEDIMENTOS E DA § 1º Os atos do processo devem ser
SUSPEIÇÃO produzidos por escrito, em vernáculo,
com a data e o local de sua realização e a
Art. 18. É impedido de atuar em processo assinatura da autoridade responsável.
administrativo o servidor ou autoridade que:
§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento
I – tenha interesse direto ou indireto na de firma somente será exigido quando
matéria; houver dúvida de autenticidade.
II – tenha participado ou venha a participar § 3º A autenticação de documentos exigidos
como perito, testemunha ou representante, em cópia poderá ser feita pelo órgão
ou se tais situações ocorrem quanto ao administrativo.
cônjuge, companheiro ou parente e afins
§ 4º O processo deverá ter suas páginas
até o terceiro grau;
numeradas sequencialmente e rubricadas.
III – esteja litigando judicial ou
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-
administrativamente com o interessado ou
se em dias úteis, no horário normal de
respectivo cônjuge ou companheiro.
funcionamento da repartição na qual tramitar o
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer processo.
em impedimento deve comunicar o fato à
Parágrafo único. Serão concluídos depois
autoridade competente, abstendo-se de atuar.
do horário normal os atos já iniciados, cujo
Parágrafo único. A omissão do dever de adiamento prejudique o curso regular do
comunicar o impedimento constitui falta procedimento ou cause dano ao interessado
grave, para efeitos disciplinares. ou à Administração.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de Art. 24. Inexistindo disposição específica,
autoridade ou servidor que tenha amizade os atos do órgão ou autoridade responsável
íntima ou inimizade notória com algum dos pelo processo e dos administrados que dele
interessados ou com os respectivos cônjuges, participem devem ser praticados no prazo de
companheiros, parentes e afins até o terceiro cinco dias, salvo motivo de força maior.
grau.
Parágrafo único. O prazo previsto neste
Art. 21. O indeferimento de alegação de artigo pode ser dilatado até o dobro,
suspeição poderá ser objeto de recurso, sem mediante comprovada justificação.
efeito suspensivo.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-
se preferencialmente na sede do órgão,
cientificando-se o interessado se outro for o
local de realização.

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Direito Administrativo – Lei 9.784 - Processo Administrativo Federal – Prof. Cristiano de Souza

CAPÍTULO IX Parágrafo único. No prosseguimento do


DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS processo, será garantido direito de ampla
defesa ao interessado.
Art. 26. O órgão competente perante o qual Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos
tramita o processo administrativo determinará do processo que resultem para o interessado
a intimação do interessado para ciência de em imposição de deveres, ônus, sanções ou
decisão ou a efetivação de diligências. restrição ao exercício de direitos e atividades e
§ 1º A intimação deverá conter: os atos de outra natureza, de seu interesse.

I – identificação do intimado e nome do


órgão ou entidade administrativa;
CAPÍTULO X
II – finalidade da intimação;
DA INSTRUÇÃO
III – data, hora e local em que deve
comparecer; Art. 29. As atividades de instrução destinadas
a averiguar e comprovar os dados necessários
IV – se o intimado deve comparecer à tomada de decisão realizam-se de ofício
pessoalmente, ou fazer-se representar; ou mediante impulsão do órgão responsável
V – informação da continuidade do pelo processo, sem prejuízo do direito dos
processo independentemente do seu interessados de propor atuações probatórias.
comparecimento; § 1º O órgão competente para a instrução
VI – indicação dos fatos e fundamentos fará constar dos autos os dados necessários
legais pertinentes. à decisão do processo.

§ 2º A intimação observará a antecedência § 2º Os atos de instrução que exijam a


mínima de três dias úteis quanto à data de atuação dos interessados devem realizar-se
comparecimento. do modo menos oneroso para estes.

§ 3º A intimação pode ser efetuada por Art. 30. São inadmissíveis no processo
ciência no processo, por via postal com administrativo as provas obtidas por meios
aviso de recebimento, por telegrama ou ilícitos.
outro meio que assegure a certeza da Art. 31. Quando a matéria do processo envolver
ciência do interessado. assunto de interesse geral, o órgão competente
§ 4º No caso de interessados poderá, mediante despacho motivado, abrir
indeterminados, desconhecidos ou com período de consulta pública para manifestação
domicílio indefinido, a intimação deve ser de terceiros, antes da decisão do pedido, se não
efetuada por meio de publicação oficial. houver prejuízo para a parte interessada.

§ 5º As intimações serão nulas quando feitas § 1º A abertura da consulta pública será


sem observância das prescrições legais, mas objeto de divulgação pelos meios oficiais,
o comparecimento do administrado supre a fim de que pessoas físicas ou jurídicas
sua falta ou irregularidade. possam examinar os autos, fixando-se prazo
para oferecimento de alegações escritas.
Art. 27. O desatendimento da intimação não
importa o reconhecimento da verdade dos fatos, § 2º O comparecimento à consulta
nem a renúncia a direito pelo administrado. pública não confere, por si, a condição de
interessado do processo, mas confere o
direito de obter da Administração resposta

www.acasadoconcurseiro.com.br 305
fundamentada, que poderá ser comum a propostas pelos interessados quando sejam
todas as alegações substancialmente iguais. ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias.
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da
autoridade, diante da relevância da questão, Art. 39. Quando for necessária a prestação de
poderá ser realizada audiência pública para informações ou a apresentação de provas pelos
debates sobre a matéria do processo. interessados ou terceiros, serão expedidas
intimações para esse fim, mencionando-se data,
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, prazo, forma e condições de atendimento.
em matéria relevante, poderão estabelecer
outros meios de participação de administrados, Parágrafo único. Não sendo atendida a
diretamente ou por meio de organizações e intimação, poderá o órgão competente,
associações legalmente reconhecidas. se entender relevante a matéria, suprir
de ofício a omissão, não se eximindo de
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência proferir a decisão.
pública e de outros meios de participação de
administrados deverão ser apresentados com a Art. 40. Quando dados, atuações ou
indicação do procedimento adotado. documentos solicitados ao interessado forem
necessários à apreciação de pedido formulado,
Art. 35. Quando necessária à instrução do o não atendimento no prazo fixado pela
processo, a audiência de outros órgãos ou Administração para a respectiva apresentação
entidades administrativas poderá ser realizada implicará arquivamento do processo.
em reunião conjunta, com a participação
de titulares ou representantes dos órgãos Art. 41. Os interessados serão intimados de
competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser prova ou diligência ordenada, com antecedência
juntada aos autos. mínima de três dias úteis, mencionando-se
data, hora e local de realização.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos
que tenha alegado, sem prejuízo do dever Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente
atribuído ao órgão competente para a instrução ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá
e do disposto no art. 37 desta Lei. ser emitido no prazo máximo de quinze
dias, salvo norma especial ou comprovada
Art. 37. Quando o interessado declarar que necessidade de maior prazo.
fatos e dados estão registrados em documentos
existentes na própria Administração responsável § 1º Se um parecer obrigatório e vinculante
pelo processo ou em outro órgão administrativo, deixar de ser emitido no prazo fixado,
o órgão competente para a instrução proverá, o processo não terá seguimento até a
de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectiva apresentação, responsabilizando-
respectivas cópias. se quem der causa ao atraso.
Art. 38. O interessado poderá, na fase § 2º Se um parecer obrigatório e não
instrutória e antes da tomada da decisão, juntar vinculante deixar de ser emitido no
documentos e pareceres, requerer diligências e prazo fixado, o processo poderá ter
perícias, bem como aduzir alegações referentes prosseguimento e ser decidido com sua
à matéria objeto do processo. dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
de quem se omitiu no atendimento.
§ 1º Os elementos probatórios deverão ser
considerados na motivação do relatório e Art. 43. Quando por disposição de ato
da decisão. normativo devam ser previamente obtidos
laudos técnicos de órgãos administrativos
§ 2º Somente poderão ser recusadas, e estes não cumprirem o encargo no prazo
mediante decisão fundamentada, as provas

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assinalado, o órgão responsável pela instrução CAPÍTULO XII


deverá solicitar laudo técnico de outro órgão DA MOTIVAÇÃO
dotado de qualificação e capacidade técnica
equivalentes. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado motivados, com indicação dos fatos e dos
terá o direito de manifestar-se no prazo máximo fundamentos jurídicos, quando:
de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente I – neguem, limitem ou afetem direitos ou
fixado. interesses;
Art. 45. Em caso de risco iminente, a II – imponham ou agravem deveres,
Administração Pública poderá motivadamente encargos ou sanções;
adotar providências acauteladoras sem a prévia
manifestação do interessado. III – decidam processos administrativos de
concurso ou seleção pública;
Art. 46. Os interessados têm direito à vista
do processo e a obter certidões ou cópias IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade
reprográficas dos dados e documentos que o de processo licitatório;
integram, ressalvados os dados e documentos V – decidam recursos administrativos;
de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito
à privacidade, à honra e à imagem. VI – decorram de reexame de ofício;
Art. 47. O órgão de instrução que não for VII – deixem de aplicar jurisprudência
competente para emitir a decisão final elaborará firmada sobre a questão ou discrepem de
relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo pareceres, laudos, propostas e relatórios
das fases do procedimento e formulará oficiais;
proposta de decisão, objetivamente justificada,
encaminhando o processo à autoridade VIII – importem anulação, revogação,
competente. suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1º A motivação deve ser explícita,
clara e congruente, podendo consistir
CAPÍTULO XI em declaração de concordância com
DO DEVER DE DECIDIR fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que,
Art. 48. A Administração tem o dever de neste caso, serão parte integrante do ato.
explicitamente emitir decisão nos processos
administrativos e sobre solicitações ou § 2º Na solução de vários assuntos da
reclamações, em matéria de sua competência. mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos
Art. 49. Concluída a instrução de processo das decisões, desde que não prejudique
administrativo, a Administração tem o prazo de direito ou garantia dos interessados.
até trinta dias para decidir, salvo prorrogação
por igual período expressamente motivada. § 3º A motivação das decisões de órgãos
colegiados e comissões ou de decisões orais
constará da respectiva ata ou de termo
escrito.

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CAPÍTULO XIII administrativa que importe impugnação à
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS validade do ato.
DE EXTINÇÃO DO PROCESSO Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não
acarretarem lesão ao interesse público nem
Art. 51. O interessado poderá, mediante prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
manifestação escrita, desistir total ou defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
parcialmente do pedido formulado ou, ainda, própria Administração.
renunciar a direitos disponíveis.
§ 1º Havendo vários interessados, a
desistência ou renúncia atinge somente
CAPÍTULO XV
quem a tenha formulado.
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA
§ 2º A desistência ou renúncia do REVISÃO
interessado, conforme o caso, não prejudica
o prosseguimento do processo, se a Art. 56. Das decisões administrativas cabe
Administração considerar que o interesse recurso, em face de razões de legalidade e de
público assim o exige. mérito.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar § 1º O recurso será dirigido à autoridade
extinto o processo quando exaurida sua que proferiu a decisão, a qual, se não a
finalidade ou o objeto da decisão se tornar reconsiderar no prazo de cinco dias, o
impossível, inútil ou prejudicado por fato encaminhará à autoridade superior.
superveniente.
§ 2º Salvo exigência legal, a interposição
de recurso administrativo independe de
caução.
CAPÍTULO XIV § 3º Se o recorrente alegar que a decisão
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E administrativa contraria enunciado da
CONVALIDAÇÃO súmula vinculante, caberá à autoridade
prolatora da decisão impugnada, se não a
Art. 53. A Administração deve anular seus reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar
próprios atos, quando eivados de vício de o recurso à autoridade superior, as razões
legalidade, e pode revogá-los por motivo de da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
conveniência ou oportunidade, respeitados os súmula, conforme o caso.
direitos adquiridos.
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no
Art. 54. O direito da Administração de anular máximo por três instâncias administrativas,
os atos administrativos de que decorram salvo disposição legal diversa.
efeitos favoráveis para os destinatários decai
em cinco anos, contados da data em que foram Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso
praticados, salvo comprovada má-fé. administrativo:

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais I – os titulares de direitos e interesses que


contínuos, o prazo de decadência contar- forem parte no processo;
se-á da percepção do primeiro pagamento. II – aqueles cujos direitos ou interesses
§ 2º Considera-se exercício do direito de forem indiretamente afetados pela decisão
anular qualquer medida de autoridade recorrida;

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III – as organizações e associações IV – após exaurida a esfera administrativa.


representativas, no tocante a direitos e
interesses coletivos; § 1º Na hipótese do inciso II, será indicada
ao recorrente a autoridade competente,
IV – os cidadãos ou associações, quanto a sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
direitos ou interesses difusos.
§ 2º O não conhecimento do recurso não
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de impede a Administração de rever de ofício o
dez dias o prazo para interposição de recurso ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão
administrativo, contado a partir da ciência ou administrativa.
divulgação oficial da decisão recorrida.
Art. 64. O órgão competente para decidir o
§ 1º Quando a lei não fixar prazo diferente, recurso poderá confirmar, modificar, anular
o recurso administrativo deverá ser ou revogar, total ou parcialmente, a decisão
decidido no prazo máximo de trinta dias, a recorrida, se a matéria for de sua competência.
partir do recebimento dos autos pelo órgão
competente. Parágrafo único. Se da aplicação do
disposto neste artigo puder decorrer
§ 2º O prazo mencionado no parágrafo gravame à situação do recorrente, este
anterior poderá ser prorrogado por igual deverá ser cientificado para que formule
período, ante justificativa explícita. suas alegações antes da decisão.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação
requerimento no qual o recorrente deverá de enunciado da súmula vinculante, o órgão
expor os fundamentos do pedido de reexame, competente para decidir o recurso explicitará as
podendo juntar os documentos que julgar razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
convenientes. súmula, conforme o caso.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal
recurso não tem efeito suspensivo. Federal a reclamação fundada em violação
de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á
Parágrafo único. Havendo justo receio ciência à autoridade prolatora e ao órgão
de prejuízo de difícil ou incerta reparação competente para o julgamento do recurso,
decorrente da execução, a autoridade que deverão adequar as futuras decisões
recorrida ou a imediatamente superior administrativas em casos semelhantes, sob
poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito pena de responsabilização pessoal nas esferas
suspensivo ao recurso. cível, administrativa e penal.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão Art. 65. Os processos administrativos de
competente para dele conhecer deverá intimar que resultem sanções poderão ser revistos,
os demais interessados para que, no prazo de a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
cinco dias úteis, apresentem alegações. quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
Art. 63. O recurso não será conhecido quando relevantes suscetíveis de justificar a
interposto: inadequação da sanção aplicada.

I – fora do prazo; Parágrafo único. Da revisão do processo não


poderá resultar agravamento da sanção.
II – perante órgão incompetente;
III – por quem não seja legitimado;

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CAPÍTULO XVI administrativos em que figure como parte ou
DOS PRAZOS interessado:
I – pessoa com idade igual ou superior a 60
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir (sessenta) anos;
da data da cientificação oficial, excluindo-se da
contagem o dia do começo e incluindo-se o do II – pessoa portadora de deficiência, física
vencimento. ou mental;
§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o III – (VETADO)
primeiro dia útil seguinte se o vencimento
cair em dia em que não houver expediente IV – pessoa portadora de tuberculose
ou este for encerrado antes da hora normal. ativa, esclerose múltipla, neoplasia
maligna, hanseníase, paralisia irreversível e
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se incapacitante, cardiopatia grave, doença de
de modo contínuo. Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave,
§ 3º Os prazos fixados em meses ou anos estados avançados da doença de Paget
contam-se de data a data. Se no mês do (osteíte deformante), contaminação por
vencimento não houver o dia equivalente radiação, síndrome de imunodeficiência
àquele do início do prazo, tem-se como adquirida, ou outra doença grave, com base
termo o último dia do mês. em conclusão da medicina especializada,
Art. 67. Salvo motivo de força maior mesmo que a doença tenha sido contraída
devidamente comprovado, os prazos após o início do processo.
processuais não se suspendem. § 1º A pessoa interessada na obtenção
do benefício, juntando prova de sua
condição, deverá requerê-lo à autoridade
CAPÍTULO XVII administrativa competente, que
determinará as providências a serem
DAS SANÇÕES cumpridas.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por § 2º Deferida a prioridade, os autos
autoridade competente, terão natureza receberão identificação própria que
pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer evidencie o regime de tramitação prioritária.
ou de não fazer, assegurado sempre o direito de
defesa. Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178º da Independência e
111º da República.
CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Renan Calheiros
Art. 69. Os processos administrativos específicos Paulo Paiva
continuarão a reger-se por lei própria,
aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os
preceitos desta Lei.
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em
qualquer órgão ou instância, os procedimentos

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Direito Administrativo

DECRETO Nº 5.483, DE 30 DE JUNHO DE 2005.

Regulamenta, no âmbito do Poder Executi- § 1º A atualização anual de que trata o ca-


vo Federal, o art. 13 da Lei nº 8.429, de 2 put será realizada no prazo de até quinze
de junho de 1992, institui a sindicância pa- dias após a data limite fixada pela Secretaria
trimonial e dá outras providências. da Receita Federal do Ministério da Fazenda
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das para a apresentação da Declaração de Ajus-
atribuições que lhe confere o art. 84, incisos te Anual do Imposto de Renda Pessoa Física.
IV e VI, alínea "a", da Constituição, e tendo
em vista o disposto na Lei nº 8.429, de 2 de § 2º O cumprimento do disposto no § 4º do
junho de 1992, art. 13 da Lei nº 8.429, de 1992, poderá, a
DECRETA: critério do agente público, realizar-se me-
diante autorização de acesso à declaração
Art. 1º A declaração dos bens e valores que in- anual apresentada à Secretaria da Receita
tegram o patrimônio privado de agente públi- Federal, com as respectivas retificações.
co, no âmbito do Poder Executivo Federal, bem
como sua atualização, conforme previsto na Lei Art. 4º O serviço de pessoal competente man-
nº 8.429, de 2 de junho de 1992, observarão as terá arquivo das declarações e autorizações pre-
normas deste Decreto. vistas neste Decreto até cinco anos após a data
em que o agente público deixar o cargo, empre-
Art. 2º A posse e o exercício de agente público go ou função.
em cargo, emprego ou função da administração
pública direta ou indireta ficam condicionados à Art. 5º Será instaurado processo administrativo
apresentação, pelo interessado, de declaração disciplinar contra o agente público que se recu-
dos bens e valores que integram o seu patrimô- sar a apresentar declaração dos bens e valores
nio, bem como os do cônjuge, companheiro, na data própria, ou que a prestar falsa, ficando
filhos ou outras pessoas que vivam sob a sua sujeito à penalidade prevista no § 3º do art. 13
dependência econômica, excluídos apenas os da Lei nº 8.429, de 1992.
objetos e utensílios de uso doméstico. Art. 6º Os órgãos de controle interno fiscaliza-
Parágrafo único. A declaração de que trata rão o cumprimento da exigência de entrega das
este artigo compreenderá imóveis, móveis, declarações regulamentadas por este Decreto, a
semoventes, dinheiro, títulos, ações e qual- ser realizado pelo serviço de pessoal competen-
quer outra espécie de bens e valores patri- te.
moniais localizados no País ou no exterior. Art. 7º A Controladoria-Geral da União, no âm-
Art. 3º Os agentes públicos de que trata este bito do Poder Executivo Federal, poderá anali-
Decreto atualizarão, em formulário próprio, sar, sempre que julgar necessário, a evolução
anualmente e no momento em que deixarem patrimonial do agente público, a fim de verifi-
o cargo, emprego ou função, a declaração dos car a compatibilidade desta com os recursos e
bens e valores, com a indicação da respectiva disponibilidades que compõem o seu patrimô-
variação patrimonial ocorrida. nio, na forma prevista na Lei nº 8.429, de 1992,
observadas as disposições especiais da Lei nº
8.730, de 10 de novembro de 1993.

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Parágrafo único. Verificada a incompatibi- deral, ao Tribunal de Contas da União, à Contro-
lidade patrimonial, na forma estabelecida ladoria-Geral da União, à Secretaria da Receita
no caput, a Controladoria-Geral da União Federal e ao Conselho de Controle de Atividades
instaurará procedimento de sindicância pa- Financeiras.
trimonial ou requisitará sua instauração ao
órgão ou entidade competente. Art. 11. Nos termos e condições a serem defi-
nidos em convênio, a Secretaria da Receita Fe-
Art. 8º Ao tomar conhecimento de fundada no- deral poderá fornecer à Controladoria-Geral da
tícia ou de indícios de enriquecimento ilícito, in- União, em meio eletrônico, cópia da declaração
clusive evolução patrimonial incompatível com anual do agente público que houver optado
os recursos e disponibilidades do agente pú- pelo cumprimento da obrigação, na forma pre-
blico, nos termos do art. 9º da Lei nº 8.429, de vista no § 2º do art. 3º deste Decreto.
1992, a autoridade competente determinará a
instauração de sindicância patrimonial, destina- § 1º Compete à Controladoria-Geral da
da à apuração dos fatos. União informar à Secretaria da Receita Fe-
deral o rol dos optantes, nos termos do § 2o
Parágrafo único. A sindicância patrimonial do art. 3º deste Decreto, com o respectivo
de que trata este artigo será instaurada, número de inscrição no Cadastro de Pesso-
mediante portaria, pela autoridade compe- as Físicas e o exercício ao qual correspon-
tente ou pela Controladoria-Geral da União. dem as mencionadas declarações.
Art. 9º A sindicância patrimonial constituir- § 2º Caberá à Controladoria-Geral da União
-se-á em procedimento sigiloso e meramen- adotar medidas que garantam a preserva-
te investigatório, não tendo caráter puniti- ção do sigilo das informações recebidas, re-
vo. lativas à situação econômica ou financeira
do agente público ou de terceiros e à natu-
§ 1º O procedimento de sindicância patri- reza e ao estado de seus negócios ou ativi-
monial será conduzido por comissão com- dades.
posta por dois ou mais servidores ou em-
pregados efetivos de órgãos ou entidades Art. 12. Para a realização dos procedimentos
da administração federal. previstos neste Decreto, poderão ser utilizados
recursos de tecnologia da informação.
§ 2º O prazo para conclusão do procedi-
mento de sindicância patrimonial será de Art. 13. A Controladoria-Geral da União e o Mi-
trinta dias, contados da data da publicação nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão
do ato que constituir a comissão, podendo expedirão, no prazo de noventa dias, as instru-
ser prorrogado, por igual período ou por pe- ções necessárias para o cumprimento deste
ríodo inferior, pela autoridade competente Decreto no âmbito do Poder Executivo Federal,
pela instauração, desde que justificada a salvo em relação ao convênio a que se refere o
necessidade. art. 11.
§ 3º Concluídos os trabalhos da sindicância Art. 14. Caberá aos titulares dos órgãos e enti-
patrimonial, a comissão responsável por dades da administração pública federal direta
sua condução fará relatório sobre os fatos ou indireta, sob pena de responsabilidade, velar
apurados, opinando pelo seu arquivamento pela estrita observância do disposto neste De-
ou, se for o caso, por sua conversão em pro- creto.
cesso administrativo disciplinar.
Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de
Art. 10. Concluído o procedimento de sindicân- sua publicação.
cia nos termos deste Decreto, dar-se-á imediato
conhecimento do fato ao Ministério Público Fe-

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Direito Administrativo – Decreto nº 5.483/2005 - Sindicância Patrimonial – Prof. Cristiano de Souza

Art. 16. Fica revogado o Decreto nº 978, de 10


de novembro de 1993.
Brasília, 30 de junho de 2005; 1840 da
Independência e 1170 da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Murilo Portugal Filho
Paulo Bernardo Silva
Waldir Pires
Este texto não substitui o publicado no
D.O.U. de 1º.7.2005

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Direitos Humanos

Professor Cristiano de Souza

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Direitos Humanos

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Adotada e proclamada pela Resolução nº 217 A direitos humanos e liberdades fundamentais e a


(III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em observância desses direitos e liberdades,
10 de dezembro de 1948. Assinada pelo Brasil
na mesma data. Considerando que uma compreensão comum
desses direitos e liberdades é da mais alta im-
Considerando que o reconhecimento da digni- portância para o pleno cumprimento desse
dade inerente a todos os membros da família compromisso,
humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é
o fundamento da liberdade, da justiça e da paz A Assembléia Geral proclama:
no mundo, A presente Declaração Universal dos Direitos
Considerando que o desprezo e o desrespeito Humanos como o ideal comum a ser atingido
pelos direitos humanos resultam em atos bár- por todos os povos e todas as nações, com o
baros que ultrajam a consciência da humanida- objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
de e que o advento de um mundo em que os ho- sociedade, tendo sempre em mente esta Decla-
mens gozem de liberdade de palavra, de crença ração, se esforce, através do ensino e da educa-
e da liberdade de viverem a salvo do temor e da ção, por promover o respeito a esses direitos e
necessidade foi proclamado como a mais alta liberdades, e, pela adoção de medidas progres-
aspiração do homem comum, sivas de caráter nacional e internacional, por
assegurar o seu reconhecimento e a sua obser-
Considerando essencial que os direitos huma- vância universal e efetiva, tanto entre os povos
nos sejam protegidos pelo Estado de Direito, dos próprios Estados-Membros, quanto entre
para que o homem não seja compelido, como os povos dos territórios sob sua jurisdição.
último recurso, à rebelião contra a tirania e a
opressão, Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotadas de razão
Considerando essencial promover o desenvol- e consciência e devem agir em relação umas às
vimento de relações amistosas entre as nações, outras com espírito de fraternidade.
Considerando que os povos das Nações Unidas Art. 2º Toda pessoa tem capacidade para gozar
reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos hu- os direitos e as liberdades estabelecidas nesta
manos fundamentais, na dignidade e no valor Declaração, sem distinção de qualquer espécie,
da pessoa humana e na igualdade de direitos seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
dos homens e das mulheres, e que decidiram política ou de outra natureza, origem nacional
promover o progresso social e melhores condi- ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer ou-
ções de vida em uma liberdade mais ampla, tra condição.
Considerando que os Estados-Membros se Não será tampouco feita qualquer distinção fun-
comprometeram a promover, em cooperação dada na condição política, jurídica ou interna-
com as Nações Unidas, o respeito universal aos cional do país ou território a que pertença uma
pessoa, quer se trate de um território indepen-

www.acasadoconcurseiro.com.br 317
dente, sob tutela, sem governo próprio, quer não constituíam delito perante o direito na-
sujeito a qualquer outra limitação de soberania. cional ou internacional. Tampouco será im-
posta pena mais forte do que aquela que,
Art. 3º Toda pessoa tem direito à vida, à liberda- no momento da prática, era aplicável ao ato
de e à segurança pessoal. delituoso.
Art. 4º Ninguém será mantido em escravidão Art. 12. Ninguém será sujeito a interferências na
ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na
serão proibidos em todas as suas formas. sua correspondência, nem a ataques à sua hon-
Art. 5º Ninguém será submetido à tortura, nem ra e reputação. Toda pessoa tem direito à prote-
a tratamento ou castigo cruel, desumano ou de- ção da lei contra tais interferências ou ataques.
gradante. Art. 13 .
Art. 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em § 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de
todos os lugares, reconhecida como pessoa pe- locomoção e residência dentro das frontei-
rante a lei. ras de cada Estado.
Art. 7º Todos são iguais perante a lei e têm di- § 2º Toda pessoa tem o direito de deixar
reito, sem qualquer distinção, a igual proteção qualquer país, inclusive o próprio, e a este
da lei. Todos têm direito a igual proteção con- regressar.
tra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal Art. 14.
discriminação.
§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição,
Art. 8º Toda pessoa tem direito a receber dos tem o direito de procurar e de gozar asilo
tribunais nacionais competentes remédio efe- em outros países.
tivo para os atos que violem os direitos funda-
mentais que lhe sejam reconhecidos pela cons- § 2º Este direito não pode ser invocado em
tituição ou pela lei. caso de perseguição legitimamente motiva-
da por crimes de direito comum ou por atos
Art. 9º Ninguém será arbitrariamente preso, de- contrários aos propósitos e princípios das
tido ou exilado. Nações Unidas.
Art. 10. Toda pessoa tem direito, em plena Art. 15.
igualdade, a uma audiência justa e pública por
parte de um tribunal independente e imparcial, § 1º Toda pessoa tem direito a uma nacio-
para decidir sobre seus direitos e deveres ou nalidade.
do fundamento de qualquer acusação criminal § 2º Ninguém será arbitrariamente priva-
contra ele. do de sua nacionalidade, nem do direito de
Art. 11. mudar de nacionalidade.

§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delitu- Art. 16. Os homens e mulheres de maior idade,
oso tem o direito de ser presumida inocen- sem qualquer restrição de raça, nacionalidade
te até que a sua culpabilidade tenha sido ou religião, têm o direito de contrair matrimô-
provada de acordo com a lei, em julgamen- nio e fundar uma família. Gozam de iguais direi-
to público no qual lhe tenham sido assegu- tos em relação ao casamento, sua duração e sua
radas todas as garantias necessárias à sua dissolução.
defesa. § 1º O casamento não será válido senão
§ 2º Ninguém poderá ser culpado por qual- como o livre e pleno consentimento dos nu-
quer ação ou omissão que, no momento, bentes.

318 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direitos Humanos – Declaração Universal dos Direitos Humanos – Prof. Cristiano de Souza

§ 2º A família é o núcleo natural e funda- Art. 22. Toda pessoa, como membro da socieda-
mental da sociedade e tem direito à prote- de, tem direito à segurança social e à realização,
ção da sociedade e do Estado. pelo esforço nacional, pela cooperação interna-
cional de acordo com a organização e recursos
Art. 17. de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais
§ 1º Toda pessoa tem direito à propriedade, e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao
só ou em sociedade com outros. livre desenvolvimento da sua personalidade.

§ 2º Ninguém será arbitrariamente privado Art. 23.


de sua propriedade. § 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à
Art. 18. Toda pessoa tem direito à liberdade de livre escolha de emprego, a condições justas
pensamento, consciência e religião; este direito e favoráveis de trabalho e à proteção contra
inclui a liberdade de mudar de religião ou cren- o desemprego.
ça e a liberdade de manifestar essa religião ou § 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção,
crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e tem direito a igual remuneração por igual
pela observância, isolada ou coletivamente, em trabalho.
público ou em particular.
§ 3º Toda pessoa que trabalha tem direito
Art. 19. Toda pessoa tem direito à liberdade de a uma remuneração justa e satisfatória, que
opinião e expressão; este direito inclui a liberda- lhe assegure, assim como à sua família, uma
de de, sem interferência, ter opiniões e de pro- existência compatível com a dignidade hu-
curar, receber e transmitir informações e idéias mana, e a que se acrescentarão, se necessá-
por quaisquer meios e independentemente de rio, outros meios de proteção social.
fronteiras.
§ 4º Toda pessoa tem direito a organizar sin-
Art. 20. dicatos e a neles ingressar para a proteção
§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de de seus interesses.
reunião e associação pacíficas. Art. 24. Toda pessoa tem direito a repouso e la-
§ 2º Ninguém pode ser obrigado a fazer zer, inclusive a limitação razoável das horas de
parte de uma associação. trabalho e a férias periódicas remuneradas.

Art. 21. Art. 25.

§ 1º Toda pessoa tem o direito de tomar § 1º Toda pessoa tem direito a um padrão
parte no governo de seu país, diretamente de vida capaz de assegurar a si e a sua fa-
ou por intermédio de representantes livre- mília saúde e bem-estar, inclusive alimenta-
mente escolhidos. ção, vestuário, habitação, cuidados médicos
e os serviços sociais indispensáveis, e direi-
§ 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso to à segurança em caso de desemprego, do-
ao serviço público do seu país. ença, invalidez, viuvez, velhice ou outros ca-
sos de perda dos meios de subsistência em
§ 3º A vontade do povo será a base da au-
circunstâncias fora de seu controle.
toridade do governo; esta vontade será ex-
pressa em eleições periódicas e legítimas, § 2º A maternidade e a infância têm direito
por sufrágio universal, por voto secreto ou a cuidados e assistência especiais. Todas as
processo equivalente que assegure a liber- crianças, nascidas dentro ou fora de matri-
dade de voto. mônio, gozarão da mesma proteção social.
Art. 26.

www.acasadoconcurseiro.com.br 319
§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. exigências da moral, da ordem pública e do
A instrução será gratuita, pelo menos nos bem-estar de uma sociedade democrática.
graus elementares e fundamentais. A ins-
trução elementar será obrigatória. A ins- § 3º Esses direitos e liberdades não podem,
trução técnico-profissional será acessível a em hipótese alguma, ser exercidos contra-
todos, bem como a instrução superior, esta riamente aos propósitos e princípios das
baseada no mérito. Nações Unidas.

§ 2º A instrução será orientada no sentido Art. 30. Nenhuma disposição da presente De-
do pleno desenvolvimento da personalida- claração pode ser interpretada como o reco-
de humana e do fortalecimento do respeito nhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes-
pelos direitos humanos e pelas liberdades soa, do direito de exercer qualquer atividade ou
fundamentais. A instrução promoverá a praticar qualquer ato destinado à destruição de
compreensão, a tolerância e a amizade en- quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabe-
tre todas as nações e grupos raciais ou re- lecidos.
ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na-
ções Unidas em prol da manutenção da paz.
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na es-
colha do gênero de instrução que será mi-
nistrada a seus filhos.
Art. 27.
§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar
livremente da vida cultural da comunidade,
de fruir as artes e de participar do processo
científico e de seus benefícios.
§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos
interesses morais e materiais decorrentes
de qualquer produção científica, literária ou
artística da qual seja autor.
Art. 28. Toda pessoa tem direito a uma ordem
social e internacional em que os direitos e li-
berdades estabelecidos na presente Declaração
possam ser plenamente realizados.
Art. 29.
§ 1º Toda pessoa tem deveres para com a
comunidade, em que o livre e pleno desen-
volvimento de sua personalidade é possível.
§ 2º No exercício de seus direitos e liber-
dades, toda pessoa estará sujeita apenas
às limitações determinadas por lei, exclusi-
vamente com o fim de assegurar o devido
reconhecimento e respeito dos direitos e li-
berdades de outrem e de satisfazer às justas

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Direitos Humanos

Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos - 1955

Adotadas pelo Primeiro Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o
Tratamento dos Delinqüentes, realizado em Genebra em 1955, e aprovadas pelo Conselho
Econômico e Social das Nações Unidas através das suas resoluções 663 C (XXIV), de 31 de Julho
de 1957 e 2076 (LXII), de 13 de Maio de 1977.Resolução 663 C (XXIV) do Conselho Econômico e
Social

O Conselho Econômico e Social

1. Aprova as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos, adotadas pelo Primeiro


Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes
(37);

2. Chama a atenção dos Governos para o Conjunto destas regras e recomenda:

a) Que a sua adoção e aplicação nos estabelecimentos penitenciários e correcionais seja


favoravelmente encarada;
b) Que o Secretário-Geral seja informado de cinco em cinco anos dos progressos feitos
relativamente à sua aplicação;
c) Que os Governos adotem as medidas necessárias para dar a mais ampla publicidade
possível às Regras Mínimas, não apenas junto dos organismos públicos interessados, mas
também junto das organizações não governamentais que se ocupam da defesa social;

3. Autoriza o Secretário-Geral a adotar os procedimentos necessários para assegurar, em


termos adequados a publicação das informações recebidas nos termos da alínea b) do
parágrafo 2, supra, e a pedir, se necessário, informações suplementares.

Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos

Resolução adotada a 31 de Agosto de 1955


O Primeiro Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos
Delinquentes,

www.acasadoconcurseiro.com.br 321
Tendo adotado as Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos, anexas à presente resolução,

1. Solicita ao Secretário-Geral que, de acordo com a alínea d) do anexo à Resolução 415(V) da


Assembléia Geral das Nações Unidas, submeta estas Regras à aprovação da Comissão dos
Assuntos Sociais do Conselho Econômico e Social;

2. Confia em que estas Regras sejam aprovadas pelo Conselho Econômico e Social e, se o
Conselho considerar oportuno, pela Assembléia Geral, e que sejam transmitidas aos
Governos com a recomendação de (a) que examinem favoravelmente a sua adoção e
aplicação na administração dos estabelecimentos penitenciários, e (b) que o Secretário-
Geral seja informado de três em três anos dos progressos realizados no que respeita à sua
aplicação;

3. Expressa o desejo de que, para manter os Governos informados dos progressos realizados
neste domínio, se solicite ao Secretário-Geral que publique na Revista Internacional de
Política Criminal as informações enviadas pelos Governos, em cumprimento do disposto no
parágrafo 2, e que autorize o pedido de informação suplementar, se necessário;

4. Expressa ainda o desejo de que se solicite ao Secretário-Geral que tome as medidas


necessárias para assegurar que a mais ampla publicidade seja dada a estas Regras.
ANEXO
Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES

1. As regras que se seguem não pretendem descrever em pormenor um modelo de sistema


penitenciário. Procuram unicamente, com base no consenso geral do pensamento atual
e nos elementos essenciais dos mais adequados sistemas contemporâneos, estabelecer
os princípios e regras de uma boa organização penitenciária e as práticas relativas ao
tratamento de reclusos.

2. Tendo em conta a grande variedade das condições legais, sociais, econômicas e geográficas
do mundo, é evidente que nem todas as regras podem ser aplicadas indistinta e
permanentemente em todos os lugares. Devem, contudo, servir como estímulo de esforços
constantes para ultrapassar dificuldades práticas na sua aplicação, na certeza de que
representam, em conjunto, as condições mínimas aceites pelas Nações Unidas.

3. Além disso, os critérios que se aplicam às matérias tratadas por estas regras evoluem
constantemente. Não se pode excluir a possibilidade de experiências e da adoção de novas
práticas, desde que estas se ajustem aos princípios e objetivos que informaram a adoção
das regras. De acordo com este princípio, pode a administração penitenciária central
autorizar exceções às regras.

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Direitos Humanos – Regras Mínimas Para o Tratamento de Pessoas Presas da ONU – Prof. Cristiano de Souza

4.

1. A primeira parte das regras trata das matérias relativas à administração geral dos
estabelecimentos penitenciários e é aplicável a todas as categorias de reclusos, dos foros
criminal ou civil, em regime de prisão preventiva ou já condenados, incluindo os que
estejam detidos por aplicação de medidas de segurança ou que sejam objeto de medidas
de reeducação ordenadas por um juiz.

2. A segunda parte contém as regras que são especificamente aplicáveis às categorias de


reclusos de cada secção. Contudo as regras da secção A, aplicáveis aos reclusos condenados,
serão também aplicadas às categorias de reclusos a que se referem às secções B, C e D,
desde que não sejam contraditórias com as regras específicas destas secções e na condição
de constituírem uma melhoria de condições para estes reclusos.

5.

1. Estas regras não têm como objetivo enquadrar a organização dos estabelecimentos para
jovens delinquentes (estabelecimentos Borstal, instituições de reeducação, etc.). Contudo,
e na generalidade, deve considerar-se que a primeira parte destas regras mínimas também
se aplica a esses estabelecimentos.

2. A categoria de jovens reclusos deve, em qualquer caso, incluir os menores que dependem
da jurisdição dos Tribunais de Menores. Como norma geral, não se deveriam condenar os
jovens delinquentes a penas de prisão.

PARTE I

Regras de aplicação geral

Princípio básico

6.

1. As regras que se seguem devem ser aplicadas imparcialmente. Não haverá discriminação
alguma com base em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem
nacional ou social, meios de fortuna, nascimento ou outra condição.

2 Por outro lado, é necessário respeitar as crenças religiosas e os preceitos morais do grupo
a que pertença o recluso.

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Registro

7.

1. Em todos os locais em que haja pessoas detidas, haverá um livro oficial de registro, com
páginas numeradas, no qual serão registrados, relativamente a cada recluso:
a) A informação respeitante à sua identidade;
b) Os motivos da detenção e a autoridade competente que a ordenou;
c) O dia e a hora da sua entrada e saída.

2. Nenhuma pessoa deve ser admitida num estabelecimento penitenciário sem uma ordem
de detenção válida, cujos pormenores tenham sido previamente registrados no livro de
registro.

Separação de categorias

8. As diferentes categorias de reclusos devem ser mantidas em estabelecimentos


penitenciários separados ou em diferentes zonas de um mesmo estabelecimento
penitenciário, tendo em consideração o respectivo sexo e idade, antecedentes penais,
razões da detenção e medidas necessárias a aplicar. Assim:
a) Na medida do possível, homens e mulheres devem estar detidos em estabelecimentos
separados; nos estabelecimentos que recebam homens e mulheres, a totalidade dos locais
destinados às mulheres será completamente separada;
b) Presos preventivos devem ser mantidos separados dos condenados;
c) Pessoas presas por dívidas ou outros reclusos do foro civil devem ser mantidos separados
de reclusos do foro criminal;
d) Os jovens reclusos devem ser mantidos separados dos adultos.

Locais de reclusão

9.

1. As celas ou locais destinados ao descanso notório não devem ser ocupados por mais de
um recluso. Se, por razões especiais, tais como excesso temporário de população prisional,
for necessário que a administração penitenciária central adote exceções a esta regra, deve
evitar-se que dois reclusos sejam alojados numa mesma cela ou local.

2. Quando se recorra à utilização de dormitórios, estes devem ser ocupados por reclusos
cuidadosamente escolhidos e reconhecidos como sendo capazes de serem alojados nestas

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condições. Durante a noite, deverão estar sujeitos a uma vigilância regular, adaptada ao
tipo de estabelecimento prisional em causa.

Locais destinados aos reclusos

10. As acomodações destinadas aos reclusos, especialmente dormitórios, devem satisfazer


todas as exigências de higiene e saúde, tomando-se devidamente em consideração as
condições climatéricas e especialmente a cubicagem de ar disponível, o espaço mínimo, a
iluminação, o aquecimento e a ventilação.

11. Em todos os locais destinados aos reclusos, para viverem ou trabalharem:


a) As janelas devem ser suficientemente amplas de modo a que os reclusos possam ler ou
trabalhar com luz natural, e devem ser construídas de forma a permitir a entrada de ar
fresco, haja ou não ventilação artificial;
b) A luz artificial deve ser suficiente para permitir aos reclusos ler ou trabalhar sem prejudicar
a vista.
12. As instalações sanitárias devem ser adequadas, de modo a que os reclusos possam efetuar
as suas necessidades quando precisarem, de modo limpo e decente.

13. As instalações de banho e ducha devem ser suficientes para que todos os reclusos possam,
quando desejem ou lhes seja exigido, tomar banho ou ducha a uma temperatura adequada
ao clima, tão freqüentemente quanto necessário à higiene geral, de acordo com a estação
do ano e a região geográfica, mas pelo menos uma vez por semana num clima temperado.

14. Todas as zonas de um estabelecimento penitenciário usadas regularmente pelos reclusos


devem ser mantidas e conservadas sempre escrupulosamente limpas.

Higiene pessoal

15. Deve ser exigido a todos os reclusos que se mantenham limpos e, para este fim, ser-lhes-ão
fornecidos água e os artigos de higiene necessários à saúde e limpeza.

16. A fim de permitir aos reclusos manter um aspecto correto e preservar o respeito por si
próprios, ser-lhes-ão garantidos os meios indispensáveis para cuidar do cabelo e da barba;
os homens devem poder barbear-se regularmente.

Vestuário e roupa de cama

17.

www.acasadoconcurseiro.com.br 325
1. Deve ser garantido vestuário adaptado às condições climatéricas e de saúde a todos
os reclusos que não estejam autorizados a usar o seu próprio vestuário. Este vestuário não
deve de forma alguma ser degradante ou humilhante.
2. Todo o vestuário deve estar limpo e ser mantido em bom estado. As roupas
interiores devem ser mudadas e lavadas tão freqüentemente quanto seja necessário para
manutenção da higiene.
3. Em circunstâncias excepcionais, sempre que um recluso obtenha licença para sair do
estabelecimento, deve ser autorizado a vestir as suas próprias roupas ou roupas que não
chamem a atenção.

18. Sempre que os reclusos sejam autorizados a utilizar o seu próprio vestuário, devem ser
tomadas disposições no momento de admissão no estabelecimento para assegurar que
este seja limpo e adequado.

19. A todos os reclusos, de acordo com padrões locais ou nacionais, deve ser fornecido um
leito próprio e roupa de cama suficiente e própria, que estará limpa quando lhes for
entregue, mantida em bom estado de conservação e mudada com a frequência suficiente
para garantir a sua limpeza.

Alimentação

20.

1. A administração deve fornecer a cada recluso, há horas determinadas, alimentação de valor


nutritivo adequado à saúde e à robustez física, de qualidade e bem preparada e servida.

2. Todos os reclusos devem ter a possibilidade de se prover com água potável sempre que
necessário.

Exercício e desporto

21.

1. Todos os reclusos que não efetuam trabalho no exterior devem ter pelo menos uma hora
diária de exercício adequado ao ar livre quando o clima o permita.

2. Os jovens reclusos e outros de idade e condição física compatíveis devem receber durante o
período reservado ao exercício, educação física e recreativa. Para este fim, serão colocados
à disposição dos reclusos o espaço, instalações e equipamento adequados.

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Serviços médicos

22.

1. Cada estabelecimento penitenciário deve dispor dos serviços de pelo menos um médico
qualificado, que deverá ter alguns conhecimentos de psiquiatria. Os serviços médicos
devem ser organizados em estreita ligação com a administração geral de saúde da
comunidade ou da nação. Devem incluir um serviço de psiquiatria para o diagnóstico, e em
casos específicos, o tratamento de estados de perturbação mental.

2. Os reclusos doentes que necessitem de cuidados especializados devem ser transferidos


para estabelecimentos especializados ou para hospitais civis. Quando o tratamento
hospitalar é organizado no estabelecimento este deve dispor de instalações, material
e produtos farmacêuticos que permitam prestar aos reclusos doentes os cuidados e o
tratamento adequados; o pessoal deve ter uma formação profissional suficiente.

3. Todos os reclusos devem poder beneficiar dos serviços de um dentista qualificado.

23.

1. Nos estabelecimentos penitenciários para mulheres devem existir instalações especiais


para o tratamento das reclusas grávidas, das que tenham acabado de dar à luz e das
convalescentes. Desde que seja possível, devem ser tomadas medidas para que o parto
tenha lugar num hospital civil. Se a criança nascer num estabelecimento penitenciário, tal
fato não deve constar do respectivo registro de nascimento.

2. Quando for permitido às mães reclusas conservar os filhos consigo, devem ser tomadas
medidas para organizar um inventário dotado de pessoal qualificado, onde as crianças
possam permanecer quando não estejam ao cuidado das mães.

24. O médico deve examinar cada recluso o mais depressa possível após a sua admissão no
estabelecimento penitenciário e em seguida sempre que, necessário, com o objetivo
de detectar doenças físicas ou mentais e de tomar todas as medidas necessárias para o
respectivo tratamento; de separar reclusos suspeitos de serem portadores de doenças
infecciosas ou contagiosas; de detectar as deficiências físicas ou mentais que possam
constituir obstáculos a reinserção dos reclusos e de determinar a capacidade física de
trabalho de cada recluso.

25.

1. Ao médico compete vigiar a saúde física e mental dos reclusos. Deve visitar diariamente
todos os reclusos doentes, os que se queixem de doença e todos aqueles para os quais a
sua atenção é especialmente chamada.

www.acasadoconcurseiro.com.br 327
2. O médico deve apresentar relatório ao diretor, sempre que julgue que a saúde física ou
mental foi ou será desfavoravelmente afetada pelo prolongamento ou pela aplicação de
qualquer modalidade de regime de reclusão.

26.

1. O médico deve proceder a inspeções regulares e aconselhar o diretor sobre:


a) A quantidade, qualidade, preparação e distribuição dos alimentos;
b) A higiene e asseio do estabelecimento penitenciário e dos reclusos;
c) As instalações sanitárias, aquecimento, iluminação e ventilação do estabelecimento;
d) A qualidade e asseio do vestuário e da roupa de cama dos reclusos;
e) A observância das regras respeitantes à educação física e desportiva, nos casos em que não
haja pessoal especializado encarregado destas atividades.

2. O diretor deve tomar em consideração os relatórios e os conselhos do médico referidos nas


regras 25(2) e 26 e, se houver acordo, tomar imediatamente as medidas sugeridas para que
estas recomendações sejam seguidas; em caso de desacordo ou se a matéria não for da sua
competência, transmitirá imediatamente à autoridade superior a sua opinião e o relatório
médico.

Disciplina e sanções

27. A ordem e a disciplina devem ser mantidas com firmeza, mas sem impor mais restrições
do que as necessárias para a manutenção da segurança e da boa organização da vida
comunitária.

28.

1. Nenhum recluso poderá desempenhar nos serviços do estabelecimento qualquer atividade


que comporte poder disciplinar.

2. Esta regra, contudo, não deve impedir o bom funcionamento de sistemas baseados
na autogestão, nos quais certas atividades ou responsabilidades sociais, educativas ou
desportivas podem ser confiadas, sob controlo, a grupos de reclusos tendo em vista o seu
tratamento.

29. Os seguintes pontos devem ser determinados por lei ou regulamentação emanada da
autoridade administrativa competente:

328 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direitos Humanos – Regras Mínimas Para o Tratamento de Pessoas Presas da ONU – Prof. Cristiano de Souza

a) A conduta que constitua infração disciplinar;


b) O tipo e a duração das sanções disciplinares que podem ser aplicadas;
c) A autoridade competente para pronunciar essas sanções.

30.

1. Um recluso só pode ser punido de acordo com as disposições legais ou regulamentares e


nunca duas vezes pela mesma infração.

2. Nenhum recluso pode ser punido sem ter sido informado da infração de que é acusado
e sem que lhe seja dada uma oportunidade adequada para apresentar a sua defesa. A
autoridade competente examinará o caso exaustivamente.

3. Quando necessário e possível, o recluso deve ser autorizado a defender-se por meio de um
intérprete.

31. As penas corporais, a colocação em "segredo escuro" bem como todas as punições
cruéis, desumanas ou degradantes devem ser completamente proibidas como sanções
disciplinares.

32.

1. As penas de isolamento e de redução de alimentação não devem nunca ser aplicadas, a


menos que o médico tenha examinado o recluso e certificado, por escrito, que ele está
apto para as suportar.

2. O mesmo se aplicará a outra qualquer sanção que possa ser prejudicial à saúde física ou
mental do recluso. Em nenhum caso devem tais sanções contrariar ou divergir do princípio
estabelecido na regra 31.

3. O médico deve visitar diariamente os reclusos submetidos a tais sanções e deve apresentar
relatório ao diretor, se considerar necessário pôr fim ou modificar a sanção por razões de
saúde física ou mental.

Instrumentos de coação

33. A sujeição a instrumentos tais como algemas, correntes, ferros e coletes de força nunca
deve ser aplicada como sanção. Mais ainda, correntes e ferros não devem ser usados como
instrumentos de coação. Quaisquer outros instrumentos de coação só podem ser utilizados
nas seguintes circunstâncias:

www.acasadoconcurseiro.com.br 329
a) Como medida de precaução contra uma evasão durante uma transferência, desde
que sejam retirados logo que o recluso compareça perante uma autoridade judicial ou
administrativa;
b) Por razões médicas sob indicação do médico;
c) Por ordem do diretor, depois de se terem esgotado todos os outros meios de dominar o
recluso, a fim de o impedir de causar prejuízo a si próprio ou a outros ou de causar estragos
materiais; nestes casos o diretor deve consultar o médico com urgência e apresentar
relatório à autoridade administrativa superior.

34. O modelo e o modo de utilização dos instrumentos de coação devem ser decididos pela
administração penitenciária central. A sua aplicação não deve ser prolongada para além do
tempo estritamente necessário.

Informação e direito de queixa dos reclusos

35.

1. No momento da admissão, cada recluso deve receber informação escrita sobre o regime
aplicável aos reclusos da sua categoria, sobre as regras disciplinares do estabelecimento
e sobre os meios autorizados para obter informações e formular queixas; e sobre todos
os outros pontos que podem ser necessários para lhe permitir conhecer os seus direitos e
obrigações, e para se adaptar à vida do estabelecimento.

2. Se o recluso for analfabeto estas informações devem ser-lhe comunicadas oralmente.

36.

1. Todo o recluso deve ter, em qualquer dia útil, a oportunidade de apresentar requerimentos
ou queixas ao diretor do estabelecimento ou ao funcionário autorizado a representá-lo.

2. Qualquer recluso deve poder apresentar requerimentos ou queixas ao inspetor das


prisões no decurso da sua visita. O recluso pode dirigir-se ao inspetor ou a qualquer outro
funcionário incumbido da inspeção fora da presença do diretor ou de outros membros do
pessoal do estabelecimento.

3. Qualquer recluso deve ser autorizado a dirigir, pela via prescrita, sem censura quanto ao
fundo, mas em devida forma, requerimentos ou queixas à administração penitenciária
central, à autoridade judiciária ou a qualquer outra autoridade competente.

4. O requerimento ou queixa deve ser estudado sem demora e merecer uma resposta em
tempo útil, salvo se for manifestamente inconsistente ou desprovido de fundamento.

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Contactos com o mundo exterior

37. Os reclusos devem ser autorizados, sob a necessária supervisão, a comunicar periodicamente
com as suas famílias e com amigos de boa reputação, quer por correspondência quer
através de visitas.

38.

1. A reclusos de nacionalidade estrangeira devem ser concedidas facilidades razoáveis para


comunicarem com os representantes diplomáticos e consulares do Estado a que pertencem.

2. A reclusos de nacionalidade de Estados sem representação diplomática ou consular no


país, e a refugiados ou apátridas, devem ser concedidas facilidades semelhantes para
comunicarem com representantes diplomáticos do Estado encarregado de zelar pelos seus
interesses ou com qualquer autoridade nacional ou internacional que tenha a seu cargo a
proteção dessas pessoas.

39. Os reclusos devem ser mantidos regularmente informados das notícias mais importantes
através da leitura de jornais, periódicos ou publicações penitenciárias especiais através de
transmissões de rádio, conferências ou quaisquer outros meios semelhantes, autorizados
ou controlados pela administração.

Biblioteca

40. Cada estabelecimento penitenciário deve ter uma biblioteca para o uso de todas as
categorias de reclusos, devidamente provida com livros de recreio e de instrução e os
reclusos devem ser incentivados a utilizá-la plenamente.

Religião

41.

1. Se o estabelecimento reunir um número suficiente de reclusos da mesma religião, deve


ser nomeado ou autorizado um representante qualificado dessa religião. Se o número de
reclusos o justificar e as circunstâncias o permitirem, deve ser encontrada uma solução
permanente.

2. O representante qualificado, nomeado ou autorizado nos termos do parágrafo 1), deve


ser autorizado a organizar periodicamente serviços religiosos e a fazer, sempre que for
aconselhável, visitas pastorais, em particular aos reclusos da sua religião.

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3. O direito de entrar em contacto com um representante qualificado da sua religião nunca
deve ser negado a qualquer recluso. Por outro lado, se um recluso se opõe à visita de um
representante de uma religião, a sua vontade deve ser respeitada.

42. Tanto quanto possível cada recluso deve ser autorizado a satisfazer as exigências da sua
vida religiosa, assistindo aos serviços ministrados no estabelecimento e tendo na sua posse
livros de rito e prática de ensino religioso da sua confissão.

Depósito de objetos pertencentes aos reclusos

43.

1. Quando o regulamento não autorizar aos reclusos a posse de dinheiro, objetos de valor,
peças de vestuário e outros objetos que lhes pertençam, estes devem, no momento de
admissão no estabelecimento, ser guardados em lugar seguro. Deve ser elaborada uma
lista destes objetos, assinada pelo recluso. Devem ser tomadas medidas para conse rvar
estes objetos em bom estado.

2. Estes objetos e o dinheiro devem ser restituídos ao recluso no momento da sua libertação,
com exceção do dinheiro que tenha sido autorizado a gastar, dos objetos que tenham sido
enviados pelo recluso para o exterior ou das peças de vestuário que tenham sido destruídas
por razões de higiene. O recluso deve entregar recibo dos objetos e do dinheiro que lhe
tenham sido restituídos.

3. Na medida do possível, os valores e objetos enviados do exterior estão submetidos a estas


mesmas regras.

4. Se o recluso for portador de medicamentos ou estupefacientes no momento da admissão,


o médico decidirá sobre a sua utilização.

Notificação de morte, doença, transferência, etc.

44.

1. No caso de morte, doença grave, ou acidente grave de um recluso ou da sua mudança


para um estabelecimento para o tratamento de doenças mentais, o diretor deve informar
imediatamente o cônjuge, se o recluso for casado, ou o parente mais próximo e, em
qualquer caso, a pessoa previamente designada pelo recluso.

2. Um recluso deve ser informado imediatamente da morte ou doença grave de qualquer


parente próximo. No caso de doença crítica de um parente próximo, o recluso deve ser

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autorizado, quando as circunstâncias o permitirem, a ir junto dele, quer sob escolta quer
só.

3. Cada recluso deve ter o direito de informar imediatamente a sua família da sua prisão ou
da sua transferência para outro estabelecimento penitenciário.

Transferência de reclusos

45.

1. Quando os reclusos sejam transferidos de ou para outro estabelecimento, devem ser vistos
o menos possível pelo público, e devem ser tomadas medidas apropriadas para os proteger
de insultos, curiosidade e de qualquer tipo de publicidade.

2. Deve ser proibido o transporte de reclusos em veículos com deficiente ventilação


ou iluminação, ou que de qualquer outro modo os possa sujeitar a sacrifícios físicos
desnecessários.

3. O transporte de reclusos deve ser efetuado a expensas da administração, em condições de


igualdade para todos eles.

Pessoal penitenciário

46.

1. A administração penitenciária deve selecionar cuidadosamente o pessoal de todas as


categorias, dado que é da sua integridade, humanidade, aptidões pessoais e capacidades
profissionais que depende uma boa gestão dos estabelecimentos penitenciários.

2. A administração penitenciária deve esforçar-se permanentemente para suscitar e manter


no espírito do pessoal e da opinião pública a convicção de que esta missão representa um
serviço social de grande importância; para o efeito, devem ser utilizados todos os meios
adequados para esclarecer o público.

3. Para a realização daqueles fins, os membros do pessoal devem desempenhar funções a


tempo inteiro na qualidade de funcionários penitenciários profissionais, devem ter o
estatuto de funcionários do Estado e ser-lhes garantida, por conseguinte, segurança no
emprego dependente apenas de boa conduta, eficácia no trabalho e aptidão física. A
remuneração deve ser suficiente para permitir recrutar e manter ao serviço homens e
mulheres competentes; as vantagens da carreira e as condições de emprego devem ser
determinadas tendo em conta a natureza penosa do trabalho.

www.acasadoconcurseiro.com.br 333
47.

1. O pessoal deve possuir um nível intelectual adequado.

2. Deve frequentar, antes de entrar em funções, um curso de formação geral e especial e


prestar provas teóricas e práticas.

3. Após a entrada em funções e ao longo da sua carreira, o pessoal deve conservar e melhorar
os seus conhecimentos e competências profissionais, seguindo cursos de aperfeiçoamento
organizados periodicamente.

48. Todos os membros do pessoal devem, em todas as circunstâncias, comportar-se e


desempenhar as suas funções de maneira que o seu exemplo tenha boa influência sobre os
reclusos e mereça o respeito destes.

49.

1. Na medida do possível, deve incluir-se no pessoal um número suficiente de especialistas,


tais como psiquiatras, psicólogos, trabalhadores sociais, professores e instrutores técnicos.

2. Os trabalhadores sociais, professores e instrutores técnicos devem exercer as suas funções


de forma permanente, mas poderá também se recorrer a auxiliares em tempo parcial ou a
voluntários.

50.

1. O diretor do estabelecimento deve ser bem qualificado para a sua função, quer pelo seu
caráter, quer pelas suas competências administrativas, formação e experiência.

2. Deve exercer a sua função oficial a tempo inteiro.

3. Deve residir no estabelecimento ou nas imediações deste.

4. Quando dois ou mais estabelecimentos estejam sob a autoridade de um único diretor,


este deve visitar ambos com freqüência. Em cada um dos estabelecimentos deve haver um
funcionário responsável.

51.

1. O diretor, o seu adjunto e a maioria dos outros membros do pessoal do estabelecimento


devem falar a língua da maior parte dos reclusos ou uma língua entendida pela maioria
deles.

2. Deve recorrer-se aos serviços de um intérprete sempre que seja necessário.

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52.

1. Nos estabelecimentos cuja dimensão exija os serviços de um ou mais de um médico a tempo


inteiro, um deles pelo menos deve residir no estabelecimento ou nas suas imediações.

2. Nos outros estabelecimentos, o médico deve visitar diariamente os reclusos e residir


suficientemente perto para acudir a casos de urgência.

53.

1. Nos estabelecimentos destinados a homens e mulheres, a secção das mulheres deve ser
colocada sob a direção de um funcionário do sexo feminino responsável que terá à sua
guarda todas as chaves dessa secção.

2. Nenhum funcionário do sexo masculino pode entrar na parte do estabelecimento destinada


às mulheres sem ser acompanhado por um funcionário do sexo feminino.

3. A vigilância das reclusas deve ser assegurada exclusivamente por funcionários do


sexo feminino. Não obstante, isso não impede que funcionários do sexo masculino,
especialmente médicos e professores, desempenhem as suas funções profissionais em
estabelecimentos ou secções de estabelecimentos destinados a mulheres.

54.

1. Os funcionários dos estabelecimentos penitenciários não devem usar, nas suas relações
com os reclusos, de força, exceto em legítima defesa ou em casos de tentativa de fuga, ou
de resistência física ativa ou passiva a uma ordem baseada na lei ou nos regulamentos.
Os funcionários que tenham de recorrer à força não devem usar senão a estritamente
necessária, e devem informar imediatamente o diretor do estabelecimento penitenciário
quanto ao incidente.

2. Os membros do pessoal penitenciário devem receber se necessário uma formação técnica


especial que lhes permita dominar os reclusos violentos.

3. Salvo circunstâncias especiais, os agentes que assegurem serviços que os ponham em


contacto direto com os reclusos não devem estar armados. Aliás, não deverá ser confiada
uma arma a um membro do pessoal sem que ele seja treinado para o seu uso.

Inspeção

55. Haverá uma inspeção regular dos estabelecimentos e serviços penitenciários, por
inspetores qualificados e experientes, nomeados por uma autoridade competente. É seu
dever assegurar que estes estabelecimentos sejam administrados de acordo com as leis

www.acasadoconcurseiro.com.br 335
e regulamentos vigentes, para prossecção dos objetivos dos serviços penitenciários e
correcionais.

PARTE II

Regras aplicáveis a categorias especiais

A. Reclusos condenados

Princípios gerais

56. Os princípios gerais a seguir enunciados têm por finalidade a definição do espírito dentro
do qual os sistemas penitenciários devem ser administrados e os objetivos a que devem
tender, de acordo com a declaração feita na observação preliminar 1 do presente texto.

57. A prisão e outras medidas que resultam na separação de um criminoso do mundo exterior
são dolorosas pelo próprio fato de retirarem à pessoa o direito de autodeterminação, por
a privarem da sua liberdade. Logo, o sistema penitenciário não deve, exceto pontualmente
por razões justificáveis de segregação ou para a manutenção da disciplina, agravar o
sofrimento inerente a tal situação.

58. O fim e a justificação de uma pena de prisão ou de uma medida semelhante que priva de
liberdade é, em última instância, de proteger a sociedade contra o crime. Este fim só pode
ser atingido se o tempo de prisão for aproveitado para assegurar, tanto quanto possível,
que depois do seu regresso à sociedade, o criminoso não tenha apenas à vontade, mas
esteja apto a seguir um modo de vida de acordo com a lei e a sustentar-se a si próprio.

59. Nesta perspectiva, o regime penitenciário deve fazer apelo a todos os meios terapêuticos,
educativos, morais, espirituais e outros e a todos os meios de assistência de que pode
dispor, procurando aplicá-los segundo as necessidades do tratamento individual dos
delinquentes.

60.

1) O regime do estabelecimento deve procurar reduzir as diferenças que podem existir entre
a vida na prisão e a vida em liberdade na medida em que essas diferenças tendam a esbater
o sentido de responsabilidade do detido ou o respeito pela dignidade da sua pessoa.

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2. Antes do termo da execução de uma pena ou de uma medida é desejável que sejam
adotadas as medidas necessárias a assegurar ao recluso um regresso progressivo à
vida na sociedade. Este objetivo poderá ser alcançado, consoante os casos, por um
regime preparatório da libertação, organizado no próprio estabelecimento ou em outro
estabelecimento adequado, ou por uma libertação condicional sob um controlo que não
deve caber à polícia, mas que comportará uma assistência social.

61. O tratamento não deve acentuar a exclusão dos reclusos da sociedade, mas sim fazê-los
compreender que eles continuam fazendo parte dela. Para este fim, há que recorrer, na
medida do possível, à cooperação de organismos da comunidade destinados a auxiliar o
pessoal do estabelecimento na sua função de reabilitação das pessoas. Assistentes sociais
colaborando com cada estabelecimento devem ter por missão a manutenção e a melhoria
das relações do recluso com a sua família e com os organismos sociais que podem ser-lhe
úteis. Devem adoptar-se medidas tendo em vista a salvaguarda, de acordo com a lei e a
pena imposta, dos direitos civis, dos direitos em matéria de segurança social e de outros
benefícios sociais dos reclusos.

62. Os serviços médicos de o estabelecimento esforçar-se-ão por descobrir e tratar quaisquer


deficiências ou doenças físicas ou mentais que podem constituir um obstáculo à reabilitação
do recluso. Qualquer tratamento médico, cirúrgico e psiquiátrico considerado necessário
deve ser aplicado tendo em vista esse objetivo.

63.

1. A realização destes princípios exige a individualização do tratamento e, para este fim, um


sistema flexível de classificação dos reclusos por grupos; é por isso desejável que esses
grupos sejam colocados em estabelecimentos separados em que cada um deles possa
receber o tratamento adequado.

2. Estes estabelecimentos não devem possuir o mesmo grau de segurança para cada grupo.
É desejável prever graus de segurança consoante as necessidades dos diferentes grupos.
Os estabelecimentos abertos, pelo próprio fato de não preverem medidas de segurança
física contra as evasões, mas remeterem neste domínio à autodisciplina dos reclusos, dão a
reclusos cuidadosamente escolhidos as condições mais favoráveis à sua reabilitação.

3. É desejável que nos estabelecimentos fechados a individualização do tratamento não seja


prejudicada pelo número demasiado elevado de reclusos. Nalguns países entende-se que
a população de semelhantes estabelecimentos não deve ultrapassar os quinhentos. Nos
estabelecimentos abertos, a população deve ser tão reduzida quanto possível.

4. Por outro lado, não é desejável manter estabelecimentos demasiado pequenos para se
poder organizar neles um regime conveniente.

64. O dever da sociedade não cessa com a libertação de um recluso. Seria por isso necessário
dispor de organismos governamentais ou privados capazes de trazer ao recluso colocado

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em liberdade um auxílio pós-penitenciário eficaz, tendente a diminuir os preconceitos a
seu respeito e permitindo-lhe a sua reinserção na sociedade.

Tratamento

65. O tratamento das pessoas condenadas a uma pena ou medida privativa de liberdade deve
ter por objetivo, na medida em que o permitir a duração da condenação, criar nelas à
vontade e as aptidões que as tornem capazes, após a sua libertação, de viver no respeito
da lei e de prover às suas necessidades. Este tratamento deve incentivar o respeito por si
próprias e desenvolver o seu sentido da responsabilidade.

66.

1. Para este fim, há que recorrer nomeadamente à assistência religiosa nos países em que seja
possível, à instrução, à orientação e à formação profissionais, aos métodos de assistência
social individual, ao aconselhamento relativo ao emprego, ao desenvolvimento físico e à
educação moral, de acordo com as necessidades de cada recluso. Há que ter em conta o
passado social e criminal do condenado, as suas capacidades e aptidões físicas e mentais, as
suas disposições pessoais, a duração da condenação e as perspectivas da sua reabilitação.

2. Para cada recluso condenado a uma pena ou a uma medida de certa duração, o diretor do
estabelecimento deve receber, no mais breve trecho após a admissão do recluso, relatórios
completos sobre os diferentes aspectos referidos no número anterior. Estes relatórios
devem sempre compreender um relatório de um médico, se possível especializado em
psiquiatria, sobre a condição física e mental do recluso.

3. Os relatórios e outros elementos pertinentes devem ser colocados num arquivo individual.
Este arquivo deve ser atualizado e classificado de modo a poder ser consultado pelo pessoal
responsável sempre que necessário.

Classificação e individualização

67. As finalidades da classificação devem ser:


a) De afastar os reclusos que pelo seu passado criminal ou pelas suas tendências exerceriam
uma influência negativa sobre os outros reclusos;
b) De repartir os reclusos por grupos tendo em vista facilitar o seu tratamento para a sua
reinserção social.

68. Há que dispor, na medida do possível, de estabelecimentos separados ou de secções


distintas dentro de um estabelecimento para o tratamento das diferentes categorias de
reclusos.

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69. Assim que possível depois da admissão e depois de um estudo da personalidade de cada
recluso condenado a uma pena ou a uma medida de uma certa duração deve ser preparado
um programa de tratamento que lhe seja destinado, à luz dos dados de que se dispõe sobre
as suas necessidades individuais, as suas capacidades e o seu estado de espírito.

Privilégios

70. Há que instituir em cada estabelecimento um sistema de privilégios adaptado às diferentes


categorias de reclusos e aos diferentes métodos de tratamento, com o objetivo de encorajar
o bom comportamento, de desenvolver o sentido da responsabilidade e de estimular o
interesse e a cooperação dos reclusos no seu próprio tratamento.

Trabalho

71.

1. O trabalho na prisão não deve ser penoso.

2. Todos os reclusos condenados devem trabalhar, em conformidade com as suas aptidões


física e mental, de acordo com determinação do médico.

3. Deve ser dado trabalho suficiente de natureza útil aos reclusos de modo a conservá-los
ativos durante o dia normal de trabalho.

4. Tanto quanto possível, o trabalho proporcionado deve ser de natureza que mantenha
ou aumente as capacidades dos reclusos para ganharem honestamente a vida depois de
libertados.

5. Deve ser proporcionado treino profissional em profissões úteis aos reclusos que dele tirem
proveito, e especialmente a jovens reclusos.

6. Dentro dos limites compatíveis com uma seleção profissional apropriada e com as
exigências da administração e disciplina penitenciária, os reclusos devem poder escolher o
tipo de trabalho que querem fazer.

72.

1. A organização e os métodos do trabalho penitenciário devem aproximar-se tanto quanto


possível dos que regem um trabalho semelhante fora do estabelecimento, de modo a
preparar os reclusos para as condições normais do trabalho em liberdade.

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2. No entanto o interesse dos reclusos e da sua formação profissional não deve ser
subordinado ao desejo de realizar um benefício por meio do trabalho penitenciário.

73.

1. As indústrias e explorações agrícolas devem de preferência ser dirigidas pela administração


e não por empresários privados.

2. Quando os reclusos forem empregues para trabalho não controlado pela administração,
devem ser sempre colocados sob vigilância do pessoal penitenciário. Salvo nos casos em
que o trabalho seja efetuado por outros departamentos do Estado, as pessoas às quais esse
trabalho seja prestado devem pagar à administração a remuneração normal exigível para
esse trabalho, tendo, todavia em conta a remuneração auferida pelos reclusos.

74.

1. Os cuidados prescritos destinados a proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores em


liberdade devem igualmente existir nos estabelecimentos penitenciários.

2. Devem ser adotadas disposições para indenizar os reclusos dos acidentes de trabalho e
doenças profissionais, nas mesmas condições que a lei concede aos trabalhadores em
liberdade.

75.

1. As horas diárias e semanais máximas de trabalho dos reclusos devem ser fixadas por lei
ou por regulamento administrativo, tendo em consideração regras ou costumes locais
respeitantes ao trabalho dos trabalhadores em liberdade.

2. As horas devem ser fixadas de modo a deixar um dia de descanso semanal e tempo
suficiente para educação e para outras atividades necessárias como parte do tratamento e
reinserção dos reclusos.

76.

1. O tratamento dos reclusos deve ser remunerado de modo equitativo.

2. O regulamento deve permitir aos reclusos a utilização de pelo menos uma parte da sua
remuneração para adquirir objetos autorizados destinados ao seu uso pessoal e para enviar
outra parte à sua família.

3) O regulamento deve prever igualmente que uma parte da remuneração seja reservada
pela administração de modo a constituir uma poupança que será entregue ao recluso no
momento da sua colocação em liberdade.

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Educação e recreio

77.

1. Devem ser tomadas medidas no sentido de melhorar a educação de todos os reclusos


que daí tirem proveito, incluindo instrução religiosa nos países em que tal for possível. A
educação de analfabetos e jovens reclusos será obrigatória, prestando-lhe a administração
especial atenção.

2. Tanto quanto for possível, a educação dos reclusos deve estar integrada no sistema
educacional do país, para que depois da sua libertação possam continuar, sem dificuldades,
a sua educação.

78. Devem ser proporcionadas atividades de recreio e culturais em todos os estabelecimentos


penitenciários em benefício da saúde mental e física dos reclusos.

A. Relações sociais e assistência pós-prisional

79. Deve ser prestada atenção especial à manutenção e melhoramento das relações entre o
recluso e a sua família, que se mostrem de maior vantagem para ambos.

80. Desde o início do cumprimento da pena de um recluso deve ter-se em consideração o


seu futuro depois de libertado, sendo estimulado e ajudado a manter ou estabelecer as
relações com pessoas ou organizações externas, aptas a promover os melhores interesses
da sua família e da sua própria reinserção social.

81.

1. Serviços ou organizações governamentais ou outras, que prestam assistência a reclusos


colocados em liberdade para se reestabelecerem na sociedade, devem assegurar, na medida
do possível e do necessário, que sejam fornecidos aos reclusos libertados documentos de
identificação apropriados, garantidas casas adequadas e trabalho, adequado vestuário,
tendo em conta o clima e a estação do ano e recursos suficientes para chegarem ao seu
destino e para subsistirem no período imediatamente seguinte à sua libertação.

2. Os representantes oficiais dessas organizações terão o acesso necessário ao estabelecimento


penitenciário e aos reclusos, sendo consultados sobre o futuro do recluso desde o início do
cumprimento da pena.

3. É recomendável que as atividades destas organizações estejam centralizadas ou sejam


coordenadas, tanto quanto possível, a fim de garantir a melhor utilização dos seus esforços.

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B. Reclusos alienados e doentes mentais

82.

1. Os reclusos alienados não devem estar detidos em prisões, devendo ser tomadas medidas
para os transferir para estabelecimentos para doentes mentais o mais depressa possível.

2. Os reclusos que sofrem de outras doenças ou anomalias mentais devem ser examinados e
tratados em instituições especializadas sob vigilância médica.

3. Durante a sua estada na prisão, tais reclusos serão postos sob especial supervisão de um
médico.

4. O serviço médico ou psiquiátrico dos estabelecimentos penitenciários deve proporcionar


tratamento psiquiátrico a todos os reclusos que necessitem de tal tratamento.

83. É desejável que sejam adotadas disposições, de acordo com os organismos competentes,
para que o tratamento psiquiátrico seja mantido, se necessário, depois da colocação em
liberdade e que uma assistência social pós-penitenciária de natureza psiquiátrica seja
assegurada.

C. Reclusos detidos ou aguardando julgamento

84.

1. Os detidos ou presos em virtude de lhes ser imputada à prática de uma infração penal quer
estejam detidos sob custódia da polícia, quer num estabelecimento penitenciário, mas
que ainda não foram julgados e condenados, são a seguir designados por "preventivos não
julgados" nas disposições seguintes.

2. Os preventivos presumem-se inocentes e como tal devem ser tratados.

3. Sem prejuízo das disposições legais sobre a proteção da liberdade individual ou que
prescrevem os trâmites a ser observados em relação a preventivos, estes reclusos devem
beneficiar de um regime especial cujos elementos essenciais são os seguintes.

85.

1. Os preventivos devem ser mantidos separados dos reclusos condenados.

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2. Os jovens preventivos devem ser mantidos separados dos adultos e ser, em princípio,
detidos em estabelecimentos penitenciários separados.

86. Os preventivos dormirão sós em quartos separados sob reserva de diferente costume local
relativo ao clima.

87. Dentro dos limites compatíveis com a boa ordem do estabelecimento, os preventivos
podem, se o desejarem, mandar vir alimentação do exterior a expensas próprias, quer
através da administração, quer através da sua família ou amigos. Caso contrário à
administração deve fornecer-lhes a alimentação.

88.

1. O preventivo é autorizado a usar a sua própria roupa se estiver limpa e for adequada.

2. Se usar roupa do estabelecimento penitenciário, esta será diferente da fornecida aos


condenados.

89. Será sempre dada ao preventivo oportunidade para trabalhar, mas não lhe será exigido
trabalhar. Se optar por trabalhar, será remunerado.

90. O preventivo deve ser autorizado a obter a expensas próprias ou a expensas de terceiros,
livros, jornais, material para escrever e outros meios de ocupação compatíveis com os
interesses da administração da justiça e a segurança e boa ordem do estabelecimento.

91. O preventivo deve ser autorizado a ser visitado e tratado pelo seu médico pessoal ou
dentista se existir motivo razoável para o seu pedido e puder pagar quaisquer despesas em
que incorrer.

92. O preventivo deve ser autorizado a informar imediatamente a sua família da detenção
e devem ser-lhe dadas todas as facilidades razoáveis para comunicar com a sua família
e amigos e para receber as suas visitas sob reserva apenas das restrições e supervisão
necessárias aos interesses da administração da justiça e à segurança e boa ordem do
estabelecimento.

93. Para efeitos de defesa, o preventivo deve ser autorizado a pedir a designação de um
defensor oficioso, onde tal assistência exista, e a receber visitas do seu advogado com
vista à sua defesa, bem como a preparar e entregar-lhe instruções confidenciais. Para estes
efeitos ser-lhe-á dado, se assim o desejar, material de escrita. As entrevistas entre o recluso
e o seu advogado podem ser vistas, mas não ouvidas por um funcionário da polícia ou do
estabelecimento.

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D. Condenados por dívidas ou a prisão civil

94. Nos países cuja legislação prevê a prisão por dívidas ou outras formas de prisão
pronunciadas por decisão judicial na sequência de processo que não tenha natureza penal,
estes reclusos não devem ser submetidos a maiores restrições nem ser tratados com maior
severidade do que for necessário para manter a segurança e a ordem. O seu tratamento
não deve ser menos favorável do que o dos preventivos, sob reserva, porém, da eventual
obrigação de trabalhar.

E. Reclusos detidos ou presos sem acusação

95. Sem prejuízo das regras contidas no artigo 9 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis
e Políticos, deve ser concedida às pessoas detidas ou presas sem acusação à proteção
conferida nos termos da Parte I e da secção C da Parte II. As disposições relevantes da secção
A da Parte II serão igualmente aplicáveis sempre que a sua aplicação possa beneficiar esta
categoria especial de reclusos, desde que não seja tomada nenhuma medida implicando
que a reeducação ou a reinserção é de algum modo adequada a pessoas não condenadas
por uma infração penal.
(37) A/CONF/6/1, anexo I, A. Publicação das Nações Unidas, número de venda 1956.IV.4.
A presente tradução seguiu parcialmente uma anterior versão em língua portuguesa, publicada
pelo Centro dos Direitos do Homem das Nações Unidas (publicação GE.9415440).

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Direitos Humanos

Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009.

Aprova o Programa Nacional de a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de


Direitos Humanos − PNDH-3 e dá outras desenvolvimento sustentável, com inclusão
providências. social e econômica, ambientalmente
equilibrado e tecnologicamente
responsável, cultural e regionalmente
diverso, participativo e não discriminatório;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana
atribuição que lhe confere o art. 84, inciso como sujeito central do processo de
VI, alínea “a”, da Constituição, desenvolvimento; e
DECRETA: c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos
Art. 1o Fica aprovado o Programa Nacional de ambientais como Direitos Humanos,
Direitos Humanos − PNDH-3, em consonância incluindo as gerações futuras como sujeitos
com as diretrizes, objetivos estratégicos e ações de direitos;
programáticas estabelecidos, na forma do III − Eixo Orientador III: Universalizar direitos
Anexo deste Decreto. em um contexto de desigualdades:
Art. 2o O PNDH-3 será implementado de acordo a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos
com os seguintes eixos orientadores e suas Humanos de forma universal, indivisível e
respectivas diretrizes: interdependente, assegurando a cidadania
I − Eixo Orientador I: Interação democrática plena;
entre Estado e sociedade civil: b) Diretriz 8: Promoção dos direitos
a) Diretriz 1: Interação democrática entre de crianças e adolescentes para o seu
Estado e sociedade civil como instrumento desenvolvimento integral, de forma não
de fortalecimento da democracia discriminatória, assegurando seu direito de
participativa; opinião e participação;
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos c) Diretriz 9: Combate às desigualdades
Humanos como instrumento transversal estruturais; e
das políticas públicas e de interação
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na
democrática; e
diversidade;
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos
IV − Eixo Orientador IV: Segurança Pública,
sistemas de informações em Direitos
Acesso à Justiça e Combate à Violência:
Humanos e construção de mecanismos
de avaliação e monitoramento de sua a) Diretriz 11: Democratização e
efetivação; modernização do sistema de segurança
pública;
II − Eixo Orientador II: Desenvolvimento e
Direitos Humanos: b) Diretriz 12: Transparência e participação
popular no sistema de segurança pública e
justiça criminal;

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c) Diretriz 13: Prevenção da violência e a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória
da criminalidade e profissionalização da e da verdade como Direito Humano da
investigação de atos criminosos; cidadania e dever do Estado;
d) Diretriz 14: Combate à violência b) Diretriz 24: Preservação da memória
institucional, com ênfase na erradicação da histórica e construção pública da verdade; e
tortura e na redução da letalidade policial e c) Diretriz 25: Modernização da legislação
carcerária; relacionada com promoção do direito
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das à memória e à verdade, fortalecendo a
vítimas de crimes e de proteção das pessoas democracia.
ameaçadas; Parágrafo único. A implementação do
f) Diretriz 16: Modernização da política de PNDH-3, além dos responsáveis nele
execução penal, priorizando a aplicação de indicados, envolve parcerias com outros
penas e medidas alternativas à privação órgãos federais relacionados com os temas
de liberdade e melhoria do sistema tratados nos eixos orientadores e suas
penitenciário; e diretrizes.
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de Art. 3o As metas, prazos e recursos necessários
justiça mais acessível, ágil e efetivo, para para a implementação do PNDH-3 serão
o conhecimento, a garantia e a defesa de definidos e aprovados em Planos de Ação de
direitos; Direitos Humanos bianuais.
V − Eixo Orientador V: Educação e Cultura Art. 4o Fica instituído o Comitê de
em Direitos Humanos: Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos 3, com a finalidade de:
princípios da política nacional de educação I − promover a articulação entre os órgãos
em Direitos Humanos para fortalecer uma e entidades envolvidos na implementação
cultura de direitos; das suas ações programáticas;
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios II − elaborar os Planos de Ação dos Direitos
da democracia e dos Direitos Humanos Humanos;
nos sistemas de educação básica, nas III − estabelecer indicadores para o
instituições de ensino superior e nas acompanhamento, monitoramento e
instituições formadoras; avaliação dos Planos de Ação dos Direitos
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação Humanos;
não formal como espaço de defesa e IV − acompanhar a implementação das
promoção dos Direitos Humanos; ações e recomendações; e
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em V − elaborar e aprovar seu regimento
Direitos Humanos no serviço público; e interno.
e) Diretriz 22: Garantia do direito à § 1o O Comitê de Acompanhamento e
comunicação democrática e ao acesso Monitoramento do PNDH-3 será integrado
à informação para consolidação de uma por um representante e respectivo suplente
cultura em Direitos Humanos; e de cada órgão a seguir descrito, indicados
VI − Eixo Orientador VI: Direito à Memória e pelos respectivos titulares:
à Verdade: I − Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República, que o
coordenará;

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II − Secretaria Especial de Políticas para as § 4o O Comitê convidará representantes dos


Mulheres da Presidência da República; demais Poderes, da sociedade civil e dos
III − Secretaria Especial de Políticas entes federados para participarem de suas
de Promoção da Igualdade Racial da reuniões e atividades.
Presidência da República; Art. 5o Os Estados, o Distrito Federal, os
IV − Secretaria-Geral da Presidência da Municípios e os órgãos do Poder Legislativo, do
República; Poder Judiciário e do Ministério Público, serão
convidados a aderir ao PNDH-3.
V − Ministério da Cultura;
Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de
VI − Ministério da Educação; sua publicação.
VII − Ministério da Justiça; Art. 7o Fica revogado o Decreto no 4.229, de 13
VIII − Ministério da Pesca e Aqüicultura; de maio de 2002.

IX − Ministério da Previdência Social; Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188o da


X − Ministério da Saúde; Independência e 121o da República.
XI − Ministério das Cidades; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
XII − Ministério das Comunicações; Celso Luiz Nunes Amorim
XIII − Ministério das Relações Exteriores; Guido Mantega
Alfredo Nascimento
XIV − Ministério do Desenvolvimento
José Geraldo Fontelles
Agrário;
Fernando Haddad
XV − Ministério do Desenvolvimento Social André Peixoto Figueiredo Lima
e Combate à Fome; José Gomes Temporão
XVI − Ministério do Esporte; Miguel Jorge
Edison Lobão
XVII − Ministério do Meio Ambiente; Paulo Bernardo Silva
XVIII − Ministério do Trabalho e Emprego; Hélio Costa
José Pimentel
XIX − Ministério do Turismo;
Patrus Ananias
XX − Ministério da Ciência e Tecnologia; e João Luiz Silva Ferreira
XXI − Ministério de Minas e Energia. Sérgio Machado Rezende
Carlos Minc
§ 2o O Secretário Especial dos Direitos Orlando Silva de Jesus Junior
Humanos da Presidência da República Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
designará os representantes do Comitê de Geddel Vieira Lima
Acompanhamento e Monitoramento do Guilherme Cassel
PNDH-3. Márcio Fortes de Almeida
§ 3o O Comitê de Acompanhamento Altemir Gregolin
e Monitoramento do PNDH-3 poderá Dilma Rousseff
constituir subcomitês temáticos para Luiz Soares Dulci
a execução de suas atividades, que Alexandre Rocha Santos Padilha
poderão contar com a participação de Samuel Pinheiro Guimarães Neto
representantes de outros órgãos do Edson Santos
Governo Federal.
Este texto não substitui o publicado no DOU
de 22.12.2009

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Anexo

Eixo Orientador I:
•• Interação democrática entre Estado e sociedade civil

A partir da metade dos anos 1970, começam a ressurgir no Brasil iniciativas de rearticulação
dos movimentos sociais, a despeito da repressão política e da ausência de canais democráticos
de participação. Fortes protestos e a luta pela democracia marcaram esse período.
Paralelamente, surgiram iniciativas populares nos bairros reivindicando direitos básicos como
saúde, transporte, moradia e controle do custo de vida. Em um primeiro momento, eram
iniciativas atomizadas, buscando conquistas parciais, mas que ao longo dos anos foram se
caracterizando como movimentos sociais organizados.
Com o avanço da democratização do País, os movimentos sociais multiplicaram-se. Alguns
deles institucionalizaram-se e passaram a ter expressão política. Os movimentos populares e
sindicatos foram, no caso brasileiro, os principais promotores da mudança e da ruptura política
em diversas épocas e contextos históricos. Com efeito, durante a etapa de elaboração da
Constituição Cidadã de 1988, esses segmentos atuaram de forma especialmente articulada,
afirmando-se como um dos pilares da democracia e influenciando diretamente os rumos do
País.
Nos anos que se seguiram, os movimentos passaram a se consolidar por meio de redes com
abrangência regional ou nacional, firmando-se como sujeitos na formulação e monitoramento
das políticas públicas. Nos anos 1990, desempenharam papel fundamental na resistência
a todas as orientações do neoliberalismo de flexibilização dos direitos sociais, privatizações,
dogmatismo do mercado e enfraquecimento do Estado. Nesse mesmo período, multiplicaram-
se pelo País experiências de gestão estadual e municipal em que lideranças desses movimentos,
em larga escala, passaram a desempenhar funções de gestores públicos.
Com as eleições de 2002, alguns dos setores mais organizados da sociedade trouxeram
reivindicações históricas acumuladas, passando a influenciar diretamente a atuação do governo
e vivendo de perto suas contradições internas.
Nesse novo cenário, o diálogo entre Estado e sociedade civil assumiu especial relevo, com
a compreensão e a preservação do distinto papel de cada um dos segmentos no processo de
gestão. A interação é desenhada por acordos e dissensos, debates de idéias e pela deliberação
em torno de propostas. Esses requisitos são imprescindíveis ao pleno exercício da democracia,
cabendo à sociedade civil exigir, pressionar, cobrar, criticar, propor e fiscalizar as ações do
Estado.
Essa concepção de interação democrática construída entre os diversos órgãos do Estado e
a sociedade civil trouxe consigo resultados práticos em termos de políticas públicas e avanços
na interlocução de setores do poder público com toda a diversidade social, cultural, étnica e
regional que caracteriza os movimentos sociais em nosso País. Avançou-se fundamentalmente
na compreensão de que os Direitos Humanos constituem condição para a prevalência da
dignidade humana, e que devem ser promovidos e protegidos por meio do esforço conjunto do
Estado e da sociedade civil.

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Uma das finalidades do PNDH-3 é dar continuidade à integração e ao aprimoramento


dos mecanismos de participação existentes, bem como criar novos meios de construção e
monitoramento das políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil.
No âmbito institucional o PNDH-3, amplia as conquistas na área dos direitos e garantias
fundamentais, pois internaliza a diretriz segundo a qual a primazia dos Direitos Humanos
constitui princípio transversal a ser considerado em todas as políticas públicas.
As diretrizes deste capítulo discorrem sobre a importância de fortalecer a garantia e os
instrumentos de participação social, o caráter transversal dos Direitos Humanos e a construção
de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação. Isso inclui a construção de
sistema de indicadores de Direitos Humanos e a articulação das políticas e instrumentos de
monitoramento existentes.
O Poder Executivo tem papel protagonista na coordenação e implementação do PNDH-3,
mas faz-se necessária a definição de responsabilidades compartilhadas entre a União, Estados,
Municípios e do Distrito Federal na execução de políticas públicas, tanto quanto a criação de
espaços de participação e controle social nos Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério
Público e nas Defensorias, em ambiente de respeito, proteção e efetivação dos Direitos
Humanos. O conjunto dos órgãos do Estado – não apenas no âmbito do Executivo Federal –
deve estar comprometido com a implementação e monitoramento do PNDH-3.
Aperfeiçoar a interlocução entre Estado e sociedade civil depende da implementação de
medidas que garantam à sociedade maior participação no acompanhamento e monitoramento
das políticas públicas em Direitos Humanos, num diálogo plural e transversal entre os vários
atores sociais e deles com o Estado. Ampliar o controle externo dos órgãos públicos por meio
de ouvidorias, monitorar os compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro,
realizar conferências periódicas sobre a temática, fortalecer e apoiar a criação de conselhos
nacional, distrital, estaduais e municipais de Direitos Humanos, garantindo-lhes eficiência,
autonomia e independência são algumas das formas de assegurar o aperfeiçoamento das
políticas públicas por meio de diálogo, de mecanismos de controle e das ações contínuas da
sociedade civil. Fortalecer as informações em Direitos Humanos com produção e seleção de
indicadores para mensurar demandas, monitorar, avaliar, reformular e propor ações efetivas,
garante e consolida o controle social e a transparência das ações governamentais.
A adoção de tais medidas fortalecerá a democracia participativa, na qual o Estado atua
como instância republicana da promoção e defesa dos Direitos Humanos e a sociedade civil
como agente ativo – propositivo e reativo – de sua implementação.
Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de
fortalecimento da democracia participativa.
Objetivo estratégico I:
Garantia da participação e do controle social das políticas públicas em Direitos Humanos, em
diálogo plural e transversal entre os vários atores sociais.
Ações programáticas:
a) Apoiar, junto ao Poder Legislativo, a instituição do Conselho Nacional dos Direitos Humanos,
dotado de recursos humanos, materiais e orçamentários para o seu pleno funcionamento,
e efetuar seu credenciamento junto ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas

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para os Direitos Humanos como “Instituição Nacional Brasileira”, como primeiro passo
rumo à adoção plena dos “Princípios de Paris”.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
b) Fomentar a criação e o fortalecimento dos conselhos de Direitos Humanos em todos os
Estados e Municípios e no Distrito Federal, bem como a criação de programas estaduais de
Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Criar mecanismos que permitam ação coordenada entre os diversos conselhos de direitos,
nas três esferas da Federação, visando a criação de agenda comum para a implementação
de políticas públicas de Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,
Secretaria-Geral da Presidência da República
d) Criar base de dados dos conselhos nacionais, estaduais, distrital e municipais, garantindo
seu acesso ao público em geral.
Responsáveis: Secretaria-Geral da Presidência da República; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República
e) Apoiar fóruns, redes e ações da sociedade civil que fazem acompanhamento, controle
social e monitoramento das políticas públicas de Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria-Geral da Presidência da República
f) Estimular o debate sobre a regulamentação e efetividade dos instrumentos de participação
social e consulta popular, tais como lei de iniciativa popular, referendo, veto popular e
plebiscito.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria-Geral da Presidência da República
g) Assegurar a realização periódica de conferências de Direitos Humanos, fortalecendo a
interação entre a sociedade civil e o poder público.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.
Ações programáticas:
a) Ampliar a divulgação dos serviços públicos voltados para a efetivação dos Direitos Humanos,
em especial nos canais de transparência.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Propor a instituição da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, em substituição à
Ouvidoria-Geral da Cidadania, com independência e autonomia política, com mandato e

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indicação pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos, assegurando recursos humanos,
materiais e financeiros para seu pleno funcionamento.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Fortalecer a estrutura da Ouvidoria Agrária Nacional.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas
públicas e de interação democrática.
Objetivo estratégico I:
Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores das políticas públicas e das
relações internacionais.
Ações programáticas:
a) Considerar as diretrizes e objetivos estratégicos do PNDH-3 nos instrumentos de
planejamento do Estado, em especial no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias
e na Lei Orçamentária Anual.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria-Geral da Presidência da República; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
b) Propor e articular o reconhecimento do status constitucional de instrumentos internacionais
de Direitos Humanos novos ou já existentes ainda não ratificados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República
c) Construir e aprofundar agenda de cooperação multilateral em Direitos Humanos que
contemple prioritariamente o Haiti, os países lusófonos do continente africano e o Timor-
Leste.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
d) Aprofundar a agenda Sul-Sul de cooperação bilateral em Direitos Humanos que contemple
prioritariamente os países lusófonos do continente africano, o Timor-Leste, Caribe e a
América Latina.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
Objetivo estratégico II:
Fortalecimento dos instrumentos de interação democrática para a promoção dos Direitos
Humanos.
Ações programáticas:
a) Criar o Observatório Nacional dos Direitos Humanos para subsidiar, com dados e
informações, o trabalho de monitoramento das políticas públicas e de gestão governamental
e sistematizar a documentação e legislação, nacionais e internacionais, sobre Direitos
Humanos.

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Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Estimular e reconhecer pessoas e entidades com destaque na luta pelos Direitos Humanos
na sociedade brasileira e internacional, com a concessão de premiação, bolsas e outros
incentivos, na forma da legislação aplicável.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
c) Criar selo nacional “Direitos Humanos”, a ser concedido às entidades públicas e privadas
que comprovem atuação destacada na defesa e promoção dos direitos fundamentais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informação em Direitos Humanos e
construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação.
Objetivo estratégico I:
Desenvolvimento de mecanismos de controle social das políticas públicas de Direitos Humanos,
garantindo o monitoramento e a transparência das ações governamentais.
Ações programáticas:
a) Instituir e manter sistema nacional de indicadores em Direitos Humanos, de forma
articulada com os órgãos públicos e a sociedade civil.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Integrar os sistemas nacionais de informações para elaboração de quadro geral sobre a
implementação de políticas públicas e violações aos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Articular a criação de base de dados com temas relacionados aos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Utilizar indicadores em Direitos Humanos para mensurar demandas, monitorar, avaliar,
reformular e propor ações efetivas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério
da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Justiça;
Ministério das Cidades; Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Cultura; Ministério do
Turismo; Ministério do Esporte; Ministério do Desenvolvimento Agrário
e) Propor estudos visando a criação de linha de financiamento para a implementação de
institutos de pesquisa e produção de estatísticas em Direitos Humanos nos Estados.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

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Objetivo estratégico II:


Monitoramento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro em
matéria de Direitos Humanos.
Ações programáticas:
a) Elaborar relatório anual sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil, em diálogo
participativo com a sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
b) Elaborar relatórios periódicos para os órgãos de tratados da ONU, no prazo por eles
estabelecidos, com base em fluxo de informações com órgãos do governo federal e com
unidades da Federação.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
c) Elaborar relatório de acompanhamento das relações entre o Brasil e o sistema ONU que
contenha, entre outras, as seguintes informações:
Recomendações advindas de relatores especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU;
•• Recomendações advindas dos comitês de tratados do Mecanismo de Revisão Periódica;

Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;


Ministério das Relações Exteriores
d) Definir e institucionalizar fluxo de informações, com responsáveis em cada órgão do
governo federal e unidades da Federação, referentes aos relatórios internacionais de
Direitos Humanos e às recomendações dos relatores especiais do Conselho de Direitos
Humanos da ONU e dos comitês de tratados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
e) Definir e institucionalizar fluxo de informações, com responsáveis em cada órgão do governo
federal, referentes aos relatórios da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e às
decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
f) Criar banco de dados público sobre todas as recomendações dos sistemas ONU e OEA
feitas ao Brasil, contendo as medidas adotadas pelos diversos órgãos públicos para seu
cumprimento.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores

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Eixo Orientador II:
Desenvolvimento e Direitos Humanos
O tema “desenvolvimento” tem sido amplamente debatido por ser um conceito complexo
e multidisciplinar. Não existe modelo único e preestabelecido de desenvolvimento, porém,
pressupõe-se que ele deva garantir a livre determinação dos povos, o reconhecimento de
soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, respeito pleno à sua identidade cultural e a
busca de equidade na distribuição das riquezas.
Durante muitos anos, o crescimento econômico, medido pela variação anual do Produto
Interno Bruto (PIB), foi usado como indicador relevante para medir o avanço de um país.
Acreditava-se que, uma vez garantido o aumento de bens e serviços, sua distribuição ocorreria
de forma a satisfazer as necessidades de todas as pessoas. Constatou-se, porém, que, embora
importante, o crescimento do PIB não é suficiente para causar, automaticamente, melhoria do
bem estar para todas as camadas sociais. Por isso, o conceito de desenvolvimento foi adotado
por ser mais abrangente e refletir, de fato, melhorias nas condições de vida dos indivíduos.
A teoria predominante de desenvolvimento econômico o define como um processo que faz
aumentar as possibilidades de acesso das pessoas a bens e serviços, propiciadas pela expansão
da capacidade e do âmbito das atividades econômicas. O desenvolvimento seria a medida
qualitativa do progresso da economia de um país, refletindo transições de estágios mais baixos
para estágios mais altos, por meio da adoção de novas tecnologias que permitem e favorecem
essa transição. Cresce nos últimos anos a assimilação das idéias desenvolvidas por Amartya
Sem, que abordam o desenvolvimento como liberdade e seus resultados centrados no bem
estar social e, por conseguinte, nos direitos do ser humano.
São essenciais para o desenvolvimento as liberdades e os direitos básicos como
alimentação, saúde e educação. As privações das liberdades não são apenas resultantes da
escassez de recursos, mas sim das desigualdades inerentes aos mecanismos de distribuição,
da ausência de serviços públicos e de assistência do Estado para a expansão das escolhas
individuais. Este conceito de desenvolvimento reconhece seu caráter pluralista e a tese de
que a expansão das liberdades não representa somente um fim, mas também o meio para seu
alcance. Em consequência, a sociedade deve pactuar as políticas sociais e os direitos coletivos
de acesso e uso dos recursos. A partir daí, a medição de um índice de desenvolvimento humano
veio substituir a medição de aumento do PIB, uma vez que o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) combina a riqueza per capita indicada pelo PIB aos aspectos de educação
e expectativa de vida, permitindo, pela primeira vez, uma avaliação de aspectos sociais não
mensurados pelos padrões econométricos.
No caso do Brasil, por muitos anos o crescimento econômico não levou à distribuição
justa de renda e riqueza, mantendo-se elevados índices de desigualdade. As ações de Estado
voltadas para a conquista da igualdade socioeconômica requerem ainda políticas permanentes,
de longa duração, para que se verifique a plena proteção e promoção dos Direitos Humanos. É
necessário que o modelo de desenvolvimento econômico tenha a preocupação de aperfeiçoar
os mecanismos de distribuição de renda e de oportunidades para todos os brasileiros, bem
como incorpore os valores de preservação ambiental. Os debates sobre as mudanças climáticas
e o aquecimento global, gerados pela preocupação com a maneira com que os países vêm
explorando os recursos naturais e direcionando o progresso civilizatório, está na agenda
do dia. Esta discussão coloca em questão os investimentos em infraestrutura e modelos de
desenvolvimento econômico na área rural, baseados, em grande parte, no agronegócio, sem

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a preocupação com a potencial violação dos direitos de pequenos e médios agricultores e das
populações tradicionais.
O desenvolvimento pode ser garantido se as pessoas forem protagonistas do processo,
pressupondo a garantia de acesso de todos os indivíduos aos direitos econômicos, sociais,
culturais e ambientais, e incorporando a preocupação com a preservação e a sustentabilidade
como eixos estruturantes de proposta renovada de progresso. Esses direitos têm como foco a
distribuição da riqueza, dos bens e serviços.
Todo esse debate traz desafios para a conceituação sobre os Direitos Humanos no sentido
de incorporar o desenvolvimento como exigência fundamental. A perspectiva dos Direitos
Humanos contribui para redimensionar o desenvolvimento. Motiva a passar da consideração
de problemas individuais a questões de interesse comum, de bem-estar coletivo, o que alude
novamente o Estado e o chama à corresponsabilidade social e à solidariedade.
Ressaltamos que a noção de desenvolvimento está sendo amadurecida como parte de
um debate em curso na sociedade e no governo, incorporando a relação entre os direitos
econômicos, sociais, culturais e ambientais, buscando a garantia do acesso ao trabalho, à saúde,
à educação, à alimentação, à vida cultural, à moradia adequada, à previdência, à assistência
social e a um meio ambiente sustentável. A inclusão do tema Desenvolvimento e Direitos
Humanos na 11a Conferência Nacional reforçou as estratégias governamentais em sua proposta
de desenvolvimento.
Assim, este capítulo do PNDH-3 propõe instrumentos de avanço e reforça propostas para
políticas públicas de redução das desigualdades sociais concretizadas por meio de ações de
transferência de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à expansão da
reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e do extrativismo e da promoção do
turismo sustentável.
O PNDH-3 inova ao incorporar o meio ambiente saudável e as cidades sustentáveis
como Direitos Humanos, propõe a inclusão do item “direitos ambientais” nos relatórios
de monitoramento sobre Direitos Humanos e do item “Direitos Humanos” nos relatórios
ambientais, assim como fomenta pesquisas de tecnologias socialmente inclusivas.
Nos projetos e empreendimentos com grande impacto socioambiental, o PNDH-3 garante
a participação efetiva das populações atingidas, assim como prevê ações mitigatórias e
compensatórias. Considera fundamental fiscalizar o respeito aos Direitos Humanos nos projetos
implementados pelas empresas transnacionais, bem como seus impactos na manipulação das
políticas de desenvolvimento. Nesse sentido, avalia como importante mensurar o impacto da
biotecnologia aplicada aos alimentos, da nanotecnologia, dos poluentes orgânicos persistentes,
metais pesados e outros poluentes inorgânicos em relação aos Direitos Humanos.
Alcançar o desenvolvimento com Direitos Humanos é capacitar as pessoas e as comunidades
a exercerem a cidadania, com direitos e responsabilidades. É incorporar, nos projetos, a própria
população brasileira, por meio de participação ativa nas decisões que afetam diretamente
suas vidas. É assegurar a transparência dos grandes projetos de desenvolvimento econômico
e mecanismos de compensação para a garantia dos Direitos Humanos das populações
diretamente atingidas.
Por fim, este PNDH-3 reforça o papel da equidade no Plano Plurianual, como instrumento
de garantia de priorização orçamentária de programas sociais.

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Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social
e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e
regionalmente diverso, participativo e não discriminatório.
Objetivo estratégico I:
Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com inclusão social.
Ações programáticas:
a) Ampliar e fortalecer as políticas de desenvolvimento social e de combate à fome, visando a
inclusão e a promoção da cidadania, garantindo a segurança alimentar e nutricional, renda
mínima e assistência integral às famílias.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
b) Expandir políticas públicas de geração e transferência de renda para erradicação da extrema
pobreza e redução da pobreza.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
c) Apoiar projetos de desenvolvimento sustentável local para redução das desigualdades inter
e intrarregionais e o aumento da autonomia e sustentabilidade de espaços sub-regionais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento Agrário
d) Avançar na implantação da reforma agrária, como forma de inclusão social e acesso aos
direitos básicos, de forma articulada com as políticas de saúde, educação, meio ambiente e
fomento à produção alimentar.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
e) Incentivar as políticas públicas de economia solidária, de cooperativismo e associativismo e
de fomento a pequenas e micro empresas.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Agrário;
Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
f) Fortalecer políticas públicas de apoio ao extrativismo e ao manejo florestal comunitário
ambientalmente sustentáveis.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Desenvolvimento Agrário;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
g) Fomentar o debate sobre a expansão de plantios de monoculturas que geram impacto no
meio ambiente e na cultura dos povos e comunidades tradicionais, tais como eucalipto,
cana-de-açúcar, soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineração, turismo e
pesca.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
h) Erradicar o trabalho infantil, bem como todas as formas de violência e exploração sexual
de crianças e adolescentes nas cadeias produtivas, com base em códigos de conduta e no
Estatuto da Criança e do Adolescente.

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Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;


Ministério do Turismo
i) Garantir que os grandes empreendimentos e projetos de infraestrutura resguardem os
direitos dos povos indígenas e de comunidades quilombolas e tradicionais, conforme
previsto na Constituição e nos tratados e convenções internacionais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério dos Transportes; Ministério da Integração
Nacional; Ministério de Minas e Energia; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente; Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Pesca e Aquicultura; Secretaria
Especial de Portos da Presidência da República
j) Integrar políticas de geração de emprego e renda e políticas sociais para o combate à
pobreza rural dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas,
indígenas, famílias de pescadores e comunidades tradicionais.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério
da Integração Nacional; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Trabalho e
Emprego; Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério da Pesca e Aquicultura
k) Integrar políticas sociais e de geração de emprego e renda para o combate à pobreza
urbana, em especial de catadores de materiais recicláveis e população em situação de rua.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Meio Ambiente; Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério das Cidades; Secretaria dos Direitos
Humanos da Presidência da República
l) Fortalecer políticas públicas de fomento à aquicultura e à pesca sustentáveis, com foco nos
povos e comunidades tradicionais de baixa renda, contribuindo para a segurança alimentar
e a inclusão social, mediante a criação e geração de trabalho e renda alternativos e inserção
no mercado de trabalho.
Responsáveis: Ministério da Pesca e Aquicultura; Ministério do Trabalho e Emprego;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
m) Promover o turismo sustentável com geração de trabalho e renda, respeito à cultura local,
participação e inclusão dos povos e das comunidades nos benefícios advindos da atividade
turística.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior
Objetivo estratégico II:
Fortalecimento de modelos de agricultura familiar e agroecológica.
Ações programáticas:
a) Garantir que nos projetos de reforma agrária e agricultura familiar sejam incentivados os
modelos de produção agroecológica e a inserção produtiva nos mercados formais.

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Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
b) Fortalecer a agricultura familiar camponesa e a pesca artesanal, com ampliação do crédito,
do seguro, da assistência técnica, extensão rural e da infraestrutura para comercialização.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Pesca e Aquicultura
c) Garantir pesquisa e programas voltados à agricultura familiar e pesca artesanal, com base
nos princípios da agroecologia.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Meio Ambiente;
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério da Pesca e Aquicultura;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
d) Fortalecer a legislação e a fiscalização para evitar a contaminação dos alimentos e danos à
saúde e ao meio ambiente causados pelos agrotóxicos.
Responsáveis: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do Meio
Ambiente; Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Agrário
e) Promover o debate com as instituições de ensino superior e a sociedade civil para a
implementação de cursos e realização de pesquisas tecnológicas voltados à temática
socioambiental, agroecologia e produção orgânica, respeitando as especificidades de cada
região.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento Agrário
Objetivo estratégico III:
Fomento à pesquisa e à implementação de políticas para o desenvolvimento de tecnologias
socialmente inclusivas, emancipatórias e ambientalmente sustentáveis.
Ações programáticas:
a) Adotar tecnologias sociais de baixo custo e fácil aplicabilidade nas políticas e ações públicas
para a geração de renda e para a solução de problemas socioambientais e de saúde pública.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome; Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Desenvolvimento Agrário;
Ministério da Saúde
b) Garantir a aplicação do princípio da precaução na proteção da agrobiodiversidade e da
saúde, realizando pesquisas que avaliem os impactos dos transgênicos no meio ambiente e
na saúde.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Meio Ambiente; Ministério de Ciência e
Tecnologia
c) Fomentar tecnologias alternativas para substituir o uso de substâncias danosas à saúde
e ao meio ambiente, como poluentes orgânicos persistentes, metais pesados e outros
poluentes inorgânicos.

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Responsáveis: Ministério de Ciência e Tecnologia; Ministério do Meio Ambiente; Ministério


da Saúde; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
d) Fomentar tecnologias de gerenciamento de resíduos sólidos e emissões atmosféricas para
minimizar impactos à saúde e ao meio ambiente.
Responsáveis: Ministério de Ciência e Tecnologia; Ministério do Meio Ambiente; Ministério
da Saúde; Ministério das Cidades
e) Desenvolver e divulgar pesquisas públicas para diagnosticar os impactos da biotecnologia e
da nanotecnologia em temas de Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde; Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento; Ministério de Ciência e Tecnologia
f) Produzir, sistematizar e divulgar pesquisas econômicas e metodologias de cálculo de custos
socioambientais de projetos de infraestrutura, de energia e de mineração que sirvam como
parâmetro para o controle dos impactos de grandes projetos.
Responsáveis: Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério de Minas e Energia; Ministério
do Meio Ambiente; Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República; Ministério
da Integração Nacional
Objetivo estratégico IV:
Garantia do direito a cidades inclusivas e sustentáveis.
Ações programáticas:
a) Apoiar ações que tenham como princípio o direito a cidades inclusivas e acessíveis como
elemento fundamental da implementação de políticas urbanas.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
b) Fortalecer espaços institucionais democráticos, participativos e de apoio aos Municípios
para a implementação de planos diretores que atendam aos preceitos da política urbana
estabelecidos no Estatuto da Cidade.
Responsável: Ministério das Cidades
c) Fomentar políticas públicas de apoio aos Estados, Distrito Federal e Municípios em ações
sustentáveis de urbanização e regularização fundiária dos assentamentos de população
de baixa renda, comunidades pesqueiras e de provisão habitacional de interesse social,
materializando a função social da propriedade.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Pesca e
Aquicultura
d) Fortalecer a articulação entre os órgãos de governo e os consórcios municipais para atuar
na política de saneamento ambiental, com participação da sociedade civil.

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Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Ambiente; Secretaria de
Relações Institucionais da Presidência da República
e) Fortalecer a política de coleta, reaproveitamento, triagem, reciclagem e a destinação
seletiva de resíduos sólidos e líquidos, com a organização de cooperativas de reciclagem,
que beneficiem as famílias dos catadores.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério do Meio Ambiente
f) Fomentar políticas e ações públicas voltadas à mobilidade urbana sustentável.
Responsável: Ministério das Cidades
g) Considerar na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento urbano os impactos na
saúde pública.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério das Cidades
h) Fomentar políticas públicas de apoio às organizações de catadores de materiais recicláveis,
visando à disponibilização de áreas e prédios desocupados pertencentes à União, a fim de
serem transformados em infraestrutura produtiva para essas organizações.
Responsáveis: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério das Cidades;
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
i) Estimular a produção de alimentos de forma comunitária, com uso de tecnologias de bases
agroecológicas, em espaços urbanos e periurbanos ociosos e fomentar a mobilização
comunitária para a implementação de hortas, viveiros, pomares, canteiros de ervas
medicinais, criação de pequenos animais, unidades de processamento e beneficiamento
agroalimentar, feiras e mercados públicos populares.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento.
Objetivo estratégico I:
Garantia da participação e do controle social nas políticas públicas de desenvolvimento com
grande impacto socioambiental.
Ações programáticas:
a) Fortalecer ações que valorizem a pessoa humana como sujeito central do desenvolvimento,
enfrentando o quadro atual de injustiça ambiental que atinge principalmente as populações
mais pobres.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Meio Ambiente
b) Assegurar participação efetiva da população na elaboração dos instrumentos de gestão
territorial e na análise e controle dos processos de licenciamento urbanístico e ambiental
de empreendimentos de impacto, especialmente na definição das ações mitigadoras e
compensatórias por impactos sociais e ambientais.

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Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das Cidades


c) Fomentar a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), incorporando o sócio e
etnozoneamento.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Ambiente
d) Assegurar a transparência dos projetos realizados, em todas as suas etapas, e dos recursos
utilizados nos grandes projetos econômicos, para viabilizar o controle social.
Responsáveis: Ministério dos Transportes; Ministério da Integração Nacional; Ministério de
Minas e Energia; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Garantir a exigência de capacitação qualificada e participativa das comunidades afetadas
nos projetos básicos de obras e empreendimentos com impactos sociais e ambientais.
Responsáveis: Ministério da Integração Nacional; Ministério de Minas e Energia; Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Definir mecanismos para a garantia dos Direitos Humanos das populações diretamente
atingidas e vizinhas aos empreendimentos de impactos sociais e ambientais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
g) Apoiar a incorporação dos sindicatos de trabalhadores e centrais sindicais nos processos de
licenciamento ambiental de empresas, de forma a garantir o direito à saúde do trabalhador.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
da Saúde
h) Promover e fortalecer ações de proteção às populações mais pobres da convivência com
áreas contaminadas, resguardando-as contra essa ameaça e assegurando-lhes seus direitos
fundamentais.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das Cidades; Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde
Objetivo estratégico II:
Afirmação dos princípios da dignidade humana e da equidade como fundamentos do processo
de desenvolvimento nacional.
Ações programáticas:
a) Reforçar o papel do Plano Plurianual como instrumento de consolidação dos Direitos
Humanos e de enfrentamento da concentração de renda e riqueza e de promoção da
inclusão da população de baixa renda.
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
b) Reforçar os critérios da equidade e da prevalência dos Direitos Humanos como prioritários
na avaliação da programação orçamentária de ação ou autorização de gastos.
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
c) Instituir código de conduta em Direitos Humanos para ser considerado no âmbito do poder

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público como critério para a contratação e financiamento de empresas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Regulamentar a taxação do imposto sobre grandes fortunas previsto na Constituição.
Responsáveis: Ministério da Fazenda; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
e) Ampliar a adesão de empresas ao compromisso de responsabilidade social e Direitos
Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Objetivo estratégico III:
Fortalecimento dos direitos econômicos por meio de políticas públicas de defesa da
concorrência e de proteção do consumidor.
Ações programáticas:
a) Garantir o acesso universal a serviços públicos essenciais de qualidade.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Educação; Ministério de Minas e Energia;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério das Cidades
b) Fortalecer o sistema brasileiro de defesa da concorrência para coibir condutas
anticompetitivas e concentradoras de renda.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Fazenda
c) Garantir o direito à informação do consumidor, fortalecendo as ações de acompanhamento
de mercado, inclusive a rotulagem dos transgênicos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
d) Fortalecer o combate à fraude e a avaliação da conformidade dos produtos e serviços no
mercado.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior
Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as
gerações futuras como sujeitos de direitos.
Objetivo estratégico I:
Afirmação dos direitos ambientais como Direitos Humanos.
Ações programáticas:
a) Incluir o item Direito Ambiental nos relatórios de monitoramento dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Meio Ambiente

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b) Incluir o tema dos Direitos Humanos nos instrumentos e relatórios dos órgãos ambientais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Meio Ambiente
c) Assegurar a proteção dos direitos ambientais e dos Direitos Humanos no Código Florestal.
Responsável: Ministério do Meio Ambiente
d) Implementar e ampliar políticas públicas voltadas para a recuperação de áreas degradadas
e áreas de desmatamento nas zonas urbanas e rurais.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das Cidades
e) Fortalecer ações que estabilizem a concentração de gases de efeito estufa em nível
que permita a adaptação natural dos ecossistemas à mudança do clima, controlando a
interferência das atividades humanas (antrópicas) no sistema climático.
Responsável: Ministério do Meio Ambiente
f) Garantir o efetivo acesso a informação sobre a degradação e os riscos ambientais, e
ampliar e articular as bases de informações dos entes federados e produzir informativos
em linguagem acessível.
Responsável: Ministério do Meio Ambiente
g) Integrar os atores envolvidos no combate ao trabalho escravo nas operações correntes de
fiscalização ao desmatamento e ao corte ilegal de madeira.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Meio Ambiente
Eixo Orientador III:
Universalizar direitos em um contexto de desigualdades
A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma em seu preâmbulo que o
“reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. No
entanto, nas vicissitudes ocorridas no cumprimento da Declaração pelos Estados signatários,
identificou-se a necessidade de reconhecer as diversidades e diferenças para concretização do
princípio da igualdade.
No Brasil, ao longo das últimas décadas, os Direitos Humanos passaram a ocupar uma
posição de destaque no ordenamento jurídico. O País avançou decisivamente na proteção e
promoção do direito às diferenças. Porém, o peso negativo do passado continua a projetar no
presente uma situação de profunda iniquidade social.
O acesso aos direitos fundamentais continua enfrentando barreiras estruturais, resquícios
de um processo histórico, até secular, marcado pelo genocídio indígena, pela escravidão e por
períodos ditatoriais, práticas que continuam a ecoar em comportamentos, leis e na realidade
social.
O PNDH-3 assimila os grandes avanços conquistados ao longo destes últimos anos, tanto
nas políticas de erradicação da miséria e da fome, quanto na preocupação com a moradia e

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saúde, e aponta para a continuidade e ampliação do acesso a tais políticas, fundamentais para
garantir o respeito à dignidade humana.
Os objetivos estratégicos direcionados à promoção da cidadania plena preconizam a
universalidade, indivisibilidade e interdependência dos Direitos Humanos, condições para sua
efetivação integral e igualitária. O acesso aos direitos de registro civil, alimentação adequada,
terra e moradia, trabalho decente, educação, participação política, cultura, lazer, esporte e
saúde, deve considerar a pessoa humana em suas múltiplas dimensões de ator social e sujeito
de cidadania.
À luz da história dos movimentos sociais e de programas de governo, o PNDH-3 orienta-se
pela transversalidade, para que a implementação dos direitos civis e políticos transitem pelas
diversas dimensões dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Caso contrário,
grupos sociais afetados pela pobreza, pelo racismo estrutural e pela discriminação dificilmente
terão acesso a tais direitos.
As ações programáticas formuladas visam enfrentar o desafio de eliminar as desigualdades,
levando em conta as dimensões de gênero e raça nas políticas públicas, desde o planejamento
até a sua concretização e avaliação. Há, neste sentido, propostas de criação de indicadores que
possam mensurar a efetivação progressiva dos direitos.
Às desigualdades soma-se a persistência da discriminação, que muitas vezes se manifesta
sob a forma de violência contra sujeitos que são histórica e estruturalmente vulnerabilizados.
O combate à discriminação mostra-se necessário, mas insuficiente enquanto medida
isolada. Os pactos e convenções que integram o sistema regional e internacional de proteção
dos Direitos Humanos apontam para a necessidade de combinar estas medidas com políticas
compensatórias que acelerem a construção da igualdade, como forma capaz de estimular a
inclusão de grupos socialmente vulneráveis. Além disso, as ações afirmativas constituem
medidas especiais e temporárias que buscam remediar um passado discriminatório. No rol de
movimentos e grupos sociais que demandam políticas de inclusão social encontram-se crianças,
adolescentes, mulheres, pessoas idosas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais,
pessoas com deficiência, pessoas moradoras de rua, povos indígenas, populações negras e
quilombolas, ciganos, ribeirinhos, varzanteiros e pescadores, entre outros.
Definem-se, neste capítulo, medidas e políticas que devem ser efetivadas para reconhecer
e proteger os indivíduos como iguais na diferença, ou seja, para valorizar a diversidade presente
na população brasileira para estabelecer acesso igualitário aos direitos fundamentais. Trata-
se de reforçar os programas de governo e as resoluções pactuadas nas diversas conferências
nacionais temáticas, sempre sob o foco dos Direitos Humanos, com a preocupação de assegurar
o respeito às diferenças e o combate às desigualdades, para o efetivo acesso aos direitos.
Por fim, em respeito à primazia constitucional de proteção e promoção da infância, do
adolescente e da juventude, o capítulo aponta suas diretrizes para o respeito e a garantia
das gerações futuras. Como sujeitos de direitos, as crianças, os adolescentes e os jovens são
frequentemente subestimadas em sua participação política e em sua capacidade decisória.
Preconiza-se o dever de assegurar-lhes, desde cedo, o direito de opinião e participação.
Marcadas pelas diferenças e por sua fragilidade temporal, as crianças, os adolescentes
e os jovens estão sujeitos a discriminações e violências. As ações programáticas promovem
a garantia de espaços e investimentos que assegurem proteção contra qualquer forma de

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violência e discriminação, bem como a promoção da articulação entre família, sociedade e


Estado para fortalecer a rede social de proteção que garante a efetividade de seus direitos.
Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente,
assegurando a cidadania plena.
Objetivo estratégico I:
Universalização do registro civil de nascimento e ampliação do acesso à documentação básica.
Ações programáticas:
a) Ampliar e reestruturar a rede de atendimento para a emissão do registro civil de nascimento
visando a sua universalização.
•• Interligar maternidades e unidades de saúde aos cartórios, por meio de sistema manual
ou informatizado, para emissão de registro civil de nascimento logo após o parto,
garantindo ao recém nascido a certidão de nascimento antes da alta médica.
•• Fortalecer a Declaração de Nascido Vivo (DNV), emitida pelo Sistema Único de
Saúde, como mecanismo de acesso ao registro civil de nascimento, contemplando a
diversidade na emissão pelos estabelecimentos de saúde e pelas parteiras.
•• Realizar orientação sobre a importância do registro civil de nascimento para a cidadania
por meio da rede de atendimento (saúde, educação e assistência social) e pelo sistema
de Justiça e de segurança pública.
•• Aperfeiçoar as normas e o serviço público notarial e de registro, em articulação com o
Conselho Nacional de Justiça, para garantia da gratuidade e da cobertura do serviço de
registro civil em âmbito nacional.
•• Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome; Ministério da Previdência Social; Ministério da Justiça; Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
b) Promover a mobilização nacional com intuito de reduzir o número de pessoas sem registro
civil de nascimento e documentação básica.
Instituir comitês gestores estaduais, distrital e municipais com o objetivo de articular as
instituições públicas e as entidades da sociedade civil para a implantação de ações que visem à
ampliação do acesso à documentação básica.
•• Realizar campanhas para orientação e conscientização da população e dos agentes
responsáveis pela articulação e pela garantia do acesso aos serviços de emissão de
registro civil de nascimento e de documentação básica.
•• Realizar mutirões para emissão de registro civil de nascimento e documentação básica,
com foco nas regiões de difícil acesso e no atendimento às populações específicas
como os povos indígenas, quilombolas, ciganos, pessoas em situação de rua,
institucionalizadas e às trabalhadoras rurais.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Ministério da Defesa; Ministério da Fazenda; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da
Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Criar bases normativas e gerenciais para garantia da universalização do acesso ao registro
civil de nascimento e à documentação básica.

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•• Implantar sistema nacional de registro civil para interligação das informações de
estimativas de nascimentos, de nascidos vivos e do registro civil, a fim de viabilizar a
busca ativa dos nascidos não registrados e aperfeiçoar os indicadores para subsidiar
políticas públicas.
•• Desenvolver estudo e revisão da legislação para garantir o acesso do cidadão ao registro
civil de nascimento em todo o território nacional.
•• Realizar estudo de sustentabilidade do serviço notarial e de registro no País.
•• Desenvolver a padronização do registro civil (certidão de nascimento, de casamento e
de óbito) em território nacional.
•• Garantir a emissão gratuita de Registro Geral e Cadastro de Pessoa Física aos
reconhecidamente pobres.
•• Desenvolver estudo sobre a política nacional de documentação civil básica.
•• Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério da Fazenda;
Ministério da Justiça; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Previdência
Social; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Incluir no questionário do censo demográfico perguntas para identificar a ausência de
documentos civis na população.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Acesso à alimentação adequada por meio de políticas estruturantes.
Ações programáticas:
a) Ampliar o acesso aos alimentos por meio de programas e ações de geração e transferência
de renda, com ênfase na participação das mulheres como potenciais beneficiárias.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
b) Vincular programas de transferência de renda à garantia da segurança alimentar da criança,
por meio do acompanhamento da saúde e nutrição e do estímulo de hábitos alimentares
saudáveis, com o objetivo de erradicar a desnutrição infantil.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da
Educação; Ministério da Saúde
c) Fortalecer a agricultura familiar e camponesa no desenvolvimento de ações específicas
que promovam a geração de renda no campo e o aumento da produção de alimentos
agroecológicos para o autoconsumo e para o mercado local.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome
d) Ampliar o abastecimento alimentar, com maior autonomia e fortalecimento da economia
local, associado a programas de informação, de educação alimentar, de capacitação, de
geração de ocupações produtivas, de agricultura familiar camponesa e de agricultura
urbana.

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Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do Desenvolvimento Agrário
e) Promover a implantação de equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional,
com vistas a ampliar o acesso à alimentação saudável de baixo custo, valorizar as culturas
alimentares regionais, estimular o aproveitamento integral dos alimentos, evitar o
desperdício e contribuir para a recuperação social e de saúde da sociedade.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
f) Garantir que os hábitos e contextos regionais sejam incorporados nos modelos de
segurança alimentar como fatores da produção sustentável de alimentos.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
g) Realizar pesquisas científicas que promovam ganhos de produtividade na agricultura
familiar e assegurar estoques reguladores.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério do
Desenvolvimento Agrário; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Objetivo estratégico III:
Garantia do acesso à terra e à moradia para a população de baixa renda e grupos sociais
vulnerabilizados.
Ações programáticas:
a) Fortalecer a reforma agrária com prioridade à implementação e recuperação de
assentamentos, à regularização do crédito fundiário e à assistência técnica aos assentados,
atualização dos índices Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau de Eficiência na Exploração
(GEE), conforme padrões atuais e regulamentação da desapropriação de áreas pelo
descumprimento da função social plena.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento
b) Integrar as ações de mapeamento das terras públicas da União.
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
c) Estimular o saneamento dos serviços notariais de registros imobiliários, possibilitando o
bloqueio ou o cancelamento administrativo dos títulos das terras e registros irregulares.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Agrário
d) Garantir demarcação, homologação, regularização e desintrusão das terras indígenas,
em harmonia com os projetos de futuro de cada povo indígena, assegurando seu
etnodesenvolvimento e sua autonomia produtiva.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Assegurar às comunidades quilombolas a posse dos seus territórios, acelerando a
identificação, o reconhecimento, a demarcação e a titulação desses territórios, respeitando
e preservando os sítios de valor simbólico e histórico.

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Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério do Desenvolvimento Agrário
f) Garantir o acesso a terra às populações ribeirinhas, varzanteiras e pescadoras, assegurando
acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física,
cultural e econômica.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Meio Ambiente
g) Garantir que nos programas habitacionais do governo sejam priorizadas as populações
de baixa renda, a população em situação de rua e grupos sociais em situação de
vulnerabilidade no espaço urbano e rural, considerando os princípios da moradia digna, do
desenho universal e os critérios de acessibilidade nos projetos.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome
h) Promover a destinação das glebas e edifícios vazios ou subutilizados pertencentes à União,
para a população de baixa renda, reduzindo o déficit habitacional.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
i) Estabelecer que a garantia da qualidade de abrigos e albergues, bem como seu caráter
inclusivo e de resgate da cidadania à população em situação de rua, estejam entre os
critérios de concessão de recursos para novas construções e manutenção dos existentes.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome
j) Apoiar o monitoramento de políticas de habitação de interesse social pelos conselhos
municipais de habitação, garantindo às cooperativas e associações habitacionais acesso às
informações.
Responsável: Ministério das Cidades
k) Garantir as condições para a realização de acampamentos ciganos em todo o território
nacional, visando a preservação de suas tradições, práticas e patrimônio cultural.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Cidades
Objetivo estratégico IV:
Ampliação do acesso universal a sistema de saúde de qualidade.
Ações programáticas:
a) Expandir e consolidar programas de serviços básicos de saúde e de atendimento domiciliar
para a população de baixa renda, com enfoque na prevenção e diagnóstico prévio de
doenças e deficiências, com apoio diferenciado às pessoas idosas, indígenas, negros e
comunidades quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas em situação de rua, lésbicas,
gays, bissexuais, travestis, transexuais, crianças e adolescentes, mulheres, pescadores
artesanais e população de baixa renda.

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Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da


Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República; Ministério da Pesca e Aquicultura
b) Criar programas de pesquisa e divulgação sobre tratamentos alternativos à medicina
tradicional no sistema de saúde.
Responsável: Ministério da Saúde
c) Reformular o marco regulatório dos planos de saúde, de modo a diminuir os custos para
a pessoa idosa e fortalecer o pacto intergeracional, estimulando a adoção de medidas de
capitalização para gastos futuros pelos planos de saúde.
Responsável: Ministério da Saúde
d) Reconhecer as parteiras como agentes comunitárias de saúde.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
e) Aperfeiçoar o programa de saúde para adolescentes, especificamente quanto à saúde de
gênero, à educação sexual e reprodutiva e à saúde mental.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Criar campanhas e material técnico, instrucional e educativo sobre planejamento
reprodutivo que respeite os direitos sexuais e reprodutivos, contemplando a elaboração de
materiais específicos para a população jovem e adolescente e para pessoas com deficiência.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
g) Estimular programas de atenção integral à saúde das mulheres, considerando suas
especificidades étnico-raciais, geracionais, regionais, de orientação sexual, de pessoa com
deficiência, priorizando as moradoras do campo, da floresta e em situação de rua.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
h) Ampliar e disseminar políticas de saúde pré e neonatal, com inclusão de campanhas
educacionais de esclarecimento, visando à prevenção do surgimento ou do agravamento
de deficiências.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
i) Expandir a assistência pré-natal e pós-natal por meio de programas de visitas domiciliares
para acompanhamento das crianças na primeira infância.
Responsável: Ministério da Saúde
j) Apoiar e financiar a realização de pesquisas e intervenções sobre a mortalidade materna,
contemplando o recorte étnico-racial e regional.

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Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
k) Assegurar o acesso a laqueaduras e vasectomias ou reversão desses procedimentos
no sistema público de saúde, com garantia de acesso a informações sobre as escolhas
individuais.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
l) Ampliar a oferta de medicamentos de uso contínuo, especiais e excepcionais, para a pessoa
idosa.
Responsável: Ministério da Saúde
m) Realizar campanhas de diagnóstico precoce e tratamento adequado às pessoas que
vivem com HIV/AIDS para evitar o estágio grave da doença e prevenir sua expansão e
disseminação.
Responsável: Ministério da Saúde
n) Proporcionar às pessoas que vivem com HIV/AIDS programas de atenção no âmbito da
saúde sexual e reprodutiva.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
o) Capacitar os agentes comunitários de saúde que realizam a triagem e a captação nas
hemorredes para praticarem abordagens sem preconceito e sem discriminação.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
p) Garantir o acompanhamento multiprofissional a pessoas transexuais que fazem parte do
processo transexualizador no Sistema Único de Saúde e de suas famílias.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
q) Apoiar o acesso a programas de saúde preventiva e de proteção à saúde para profissionais
do sexo.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
r) Apoiar a implementação de espaços essenciais para higiene pessoal e centros de referência
para a população em situação de rua.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
s) Investir na política de reforma psiquiátrica fomentando programas de tratamentos
substitutivos à internação, que garantam às pessoas com transtorno mental a possibilidade
de escolha autônoma de tratamento, com convivência familiar e acesso aos recursos
psiquiátricos e farmacológicos.

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Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da


Presidência da República; Ministério da Cultura
t) Implementar medidas destinadas a desburocratizar os serviços do Instituto Nacional de
Seguro Social para a concessão de aposentadorias e benefícios.
Responsável: Ministério da Previdência Social
u) Estimular a incorporação do trabalhador urbano e rural ao regime geral da previdência
social.
Responsável: Ministério da Previdência Social
v) Assegurar a inserção social das pessoas atingidas pela hanseníase isoladas e internadas em
hospitais-colônias.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde
w) Reconhecer, pelo Estado brasileiro, as violações de direitos às pessoas atingidas pela
hanseníase no período da internação e do isolamento compulsórios, apoiando iniciativas
para agilizar as reparações com a concessão de pensão especial prevista na Lei no
11.520/2007.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
x) Proporcionar as condições necessárias para conclusão do trabalho da Comissão
Interministerial de Avaliação para análise dos requerimentos de pensão especial das
pessoas atingidas pela hanseníase, que foram internadas e isoladas compulsoriamente em
hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico V:
Acesso à educação de qualidade e garantia de permanência na escola.
Ações programáticas:
a) Ampliar o acesso a educação básica, a permanência na escola e a universalização do ensino
no atendimento à educação infantil.
Responsável: Ministério da Educação
b) Assegurar a qualidade do ensino formal público com seu monitoramento contínuo e
atualização curricular.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Desenvolver programas para a reestruturação das escolas como pólos de integração de
políticas educacionais, culturais e de esporte e lazer.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
d) Apoiar projetos e experiências de integração da escola com a comunidade que utilizem
sistema de alternância.

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Responsável: Ministério da Educação
e) Adequar o currículo escolar, inserindo conteúdos que valorizem as diversidades, as práticas
artísticas, a necessidade de alimentação adequada e saudável e as atividades físicas e
esportivas.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Ministério do Esporte;
Ministério da Saúde
f) Integrar os programas de alfabetização de jovens e adultos aos programas de qualificação
profissional e educação cidadã, apoiando e incentivando a utilização de metodologias
adequadas às realidades dos povos e comunidades tradicionais.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Pesca e Aquicultura
g) Estimular e financiar programas de extensão universitária como forma de integrar o
estudante à realidade social.
Responsável: Ministério da Educação
h) Fomentar as ações afirmativas para o ingresso das populações negra, indígena e de baixa
renda no ensino superior.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça
i) Ampliar o ensino superior público de qualidade por meio da criação permanente de
universidades federais, cursos e vagas para docentes e discentes.
Responsável: Ministério da Educação
j) Fortalecer as iniciativas de educação popular por meio da valorização da arte e da cultura,
apoiando a realização de festivais nas comunidades tradicionais e valorizando as diversas
expressões artísticas nas escolas e nas comunidades.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República
k) Ampliar o acesso a programas de inclusão digital para populações de baixa renda em
espaços públicos, especialmente escolas, bibliotecas e centros comunitários.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Ministério da Ciência e
Tecnologia; Ministério da Pesca e Aquicultura
l) Fortalecer programas de educação no campo e nas comunidades pesqueiras que estimulem
a permanência dos estudantes na comunidade e que sejam adequados às respectivas
culturas e identidades.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério
da Pesca e Aquicultura

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Objetivo estratégico VI:


Garantia do trabalho decente, adequadamente remunerado, exercido em condições de
equidade e segurança.
Ações programáticas:
a) Apoiar a agenda nacional de trabalho decente por meio do fortalecimento do seu comitê
executivo e da efetivação de suas ações.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
b) Fortalecer programas de geração de emprego, ampliando progressivamente o nível de
ocupação e priorizando a população de baixa renda e os Estados com elevados índices de
emigração.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
c) Ampliar programas de economia solidária, mediante políticas integradas, como alternativa
de geração de trabalho e renda, e de inclusão social, priorizando os jovens das famílias
beneficiárias do Programa Bolsa Família.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
d) Criar programas de formação, qualificação e inserção profissional e de geração de emprego
e renda para jovens, população em situação de rua e população de baixa renda.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome; Ministério da Educação
e) Integrar as ações de qualificação profissional às atividades produtivas executadas com
recursos públicos, como forma de garantir a inserção no mercado de trabalho.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
f) Criar programas de formação e qualificação profissional para pescadores artesanais,
industriais e aquicultores familiares.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Pesca e Aquicultura
g) Combater as desigualdades salariais baseadas em diferenças de gênero, raça, etnia e das
pessoas com deficiência.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República
h) Acompanhar a implementação do Programa Nacional de Ações Afirmativas, instituído
pelo Decreto no 4.228/2002, no âmbito da administração pública federal, direta e indireta,
com vistas à realização de metas percentuais da ocupação de cargos comissionados pelas
mulheres, população negra e pessoas com deficiência.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

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i) Realizar campanhas envolvendo a sociedade civil organizada sobre paternidade
responsável, bem como ampliar a licença-paternidade, como forma de contribuir para a
corresponsabilidade e para o combate ao preconceito quanto à inserção das mulheres no
mercado de trabalho.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República; Ministério do Trabalho e Emprego
j) Elaborar diagnósticos com base em ações judiciais que envolvam atos de assédio
moral, sexual e psicológico, com apuração de denúncias de desrespeito aos direitos das
trabalhadoras e trabalhadores, visando orientar ações de combate à discriminação e abuso
nas relações de trabalho.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
k) Garantir a igualdade de direitos das trabalhadoras e trabalhadores domésticos com os dos
demais trabalhadores.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República; Ministério da Previdência Social
l) Promover incentivos a empresas para que empreguem os egressos do sistema penitenciário.
Responsáveis: Ministério da Fazenda; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da
Justiça
m) Criar cadastro nacional e relatório periódico de empregabilidade de egressos do sistema
penitenciário.
Responsável: Ministério da Justiça
n) Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da
regulamentação de sua profissão.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República.
● Objetivo estratégico VII:
● Combate e prevenção ao trabalho escravo.
Ações programáticas:
a) Promover a efetivação do Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República
b) Apoiar a coordenação e implementação de planos estaduais, distrital e municipais para
erradicação do trabalho escravo.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

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c) Monitorar e articular o trabalho das comissões estaduais, distrital e municipais para a


erradicação do trabalho escravo.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República
d) Apoiar a alteração da Constituição para prever a expropriação dos imóveis rurais e urbanos
nos quais forem encontrados trabalhadores reduzidos à condição análoga a de escravos.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria de Relações Institucionais da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Identificar periodicamente as atividades produtivas em que há ocorrência de trabalho
escravo adulto e infantil.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República
f) Propor marco legal e ações repressivas para erradicar a intermediação ilegal de mão de
obra.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
g) Promover a destinação de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para
capacitação técnica e profissionalizante de trabalhadores rurais e de povos e comunidades
tradicionais, como medida preventiva ao trabalho escravo, assim como para implementação
de política de reinserção social dos libertados da condição de trabalho escravo.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República
h) Atualizar e divulgar semestralmente o cadastro de empregadores que utilizaram mão-de-
obra escrava.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República
Objetivo estratégico VIII:
Promoção do direito à cultura, lazer e esporte como elementos formadores de cidadania.
Ações programáticas:
a) Ampliar programas de cultura que tenham por finalidade planejar e implementar políticas
públicas para a proteção e promoção da diversidade cultural brasileira, em formatos
acessíveis.
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
b) Elaborar programas e ações de cultura que considerem os formatos acessíveis, as demandas
e as características específicas das diferentes faixas etárias e dos grupos sociais.
Responsável: Ministério da Cultura

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c) Fomentar políticas públicas de esporte e lazer, considerando as diversidades locais, de
forma a atender a todas as faixas etárias e aos grupos sociais.
Responsável: Ministério do Esporte
d) Elaborar inventário das línguas faladas no Brasil.
Responsável: Ministério da Cultura
e) Ampliar e desconcentrar os pólos culturais e pontos de cultura para garantir o acesso das
populações de regiões periféricas e de baixa renda.
Responsável: Ministério da Cultura
f) Fomentar políticas públicas de formação em esporte e lazer, com foco na intersetorialidade,
na ação comunitária na intergeracionalidade e na diversidade cultural.
Responsável: Ministério do Esporte
g) Ampliar o desenvolvimento de programas de produção audiovisual, musical e artesanal
dos povos indígenas.
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
h) Assegurar o direito das pessoas com deficiência e em sofrimento mental de participarem
da vida cultural em igualdade de oportunidade com as demais, e de desenvolver e utilizar o
seu potencial criativo, artístico e intelectual.
Responsáveis: Ministério do Esporte; Ministério da Cultura; Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República
i) Fortalecer e ampliar programas que contemplem participação dos idosos nas atividades de
esporte e lazer.
Responsáveis: Ministério do Esporte; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
j) Potencializar ações de incentivo ao turismo para pessoas idosas.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Objetivo estratégico IX:
Garantia da participação igualitária e acessível na vida política.
Ações programáticas:
a) Apoiar campanhas para promover a ampla divulgação do direito ao voto e participação
política de homens e mulheres, por meio de campanhas informativas que garantam a
escolha livre e consciente.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
b) Apoiar o combate ao crime de captação ilícita de sufrágio, inclusive com campanhas de
esclarecimento e conscientização dos eleitores.

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Responsável: Ministério da Justiça


c) Apoiar os projetos legislativos para o financiamento público de campanhas eleitorais.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Garantir acesso irrestrito às zonas eleitorais por meio de transporte público e acessível e
apoiar a criação de zonas eleitorais em áreas de difícil acesso.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
e) Promover junto aos povos indígenas ações de educação e capacitação sobre o sistema
político brasileiro.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Apoiar ações de formação política das mulheres em sua diversidade étnico-racial,
estimulando candidaturas e votos de mulheres em todos os níveis.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
g) Garantir e estimular a plena participação das pessoas com deficiência no ato do sufrágio,
seja como eleitor ou candidato, assegurando os mecanismos de acessibilidade necessários,
inclusive a modalidade do voto assistido.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento
integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação.
Objetivo estratégico I:
Proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes por meio da consolidação das
diretrizes nacionais do ECA, da Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos
da Criança e do Adolescente e da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU.
Ações programáticas:
a) Formular plano de médio prazo e decenal para a política nacional de promoção, proteção e
defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Desenvolver e implementar metodologias de acompanhamento e avaliação das políticas e
planos nacionais referentes aos direitos de crianças e adolescentes.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Elaborar e implantar sistema de coordenação da política dos direitos da criança e do
adolescente em todos os níveis de governo, para atender às recomendações do Comitê
sobre Direitos da Criança, dos relatores especiais e do Comitê sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais da ONU.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores

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d) Criar sistema nacional de coleta de dados e monitoramento junto aos Municípios, Estados
e Distrito Federal acerca do cumprimento das obrigações da Convenção dos Direitos da
Criança da ONU.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Assegurar a opinião das crianças e dos adolescentes que estiverem capacitados a formular
seus próprios juízos, conforme o disposto no artigo 12 da Convenção sobre os Direitos da
Criança, na formulação das políticas públicas voltadas para estes segmentos, garantindo
sua participação nas conferências dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Consolidar o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes, com o fortalecimento
do papel dos Conselhos Tutelares e de Direitos.
Ações programáticas:
a) Apoiar a universalização dos Conselhos Tutelares e de Direitos em todos os Municípios e no
Distrito Federal, e instituir parâmetros nacionais que orientem o seu funcionamento.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Implantar escolas de conselhos nos Estados e no Distrito Federal, com vistas a apoiar a
estruturação e qualificação da ação dos Conselhos Tutelares e de Direitos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Apoiar a capacitação dos operadores do sistema de garantia dos direitos para a proteção
dos direitos e promoção do modo de vida das crianças e adolescentes indígenas,
afrodescendentes e comunidades tradicionais, contemplando ainda as especificidades da
população infanto-juvenil com deficiência.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
d) Fomentar a criação de instâncias especializadas e regionalizadas do sistema de justiça, de
segurança e defensorias públicas, para atendimento de crianças e adolescentes vítimas e
autores de violência.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
e) Desenvolver mecanismos que viabilizem a participação de crianças e adolescentes no
processo das conferências dos direitos, nos conselhos de direitos, bem como nas escolas,
nos tribunais e nos procedimentos judiciais e administrativos que os afetem.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Estimular a informação às crianças e aos adolescentes sobre seus direitos, por meio de
esforços conjuntos na escola, na mídia impressa, na televisão, no rádio e na Internet.

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Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;


Ministério da Educação
Objetivo estratégico III:
Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes com maior vulnerabilidade.
Ações programáticas:
a) Promover ações educativas para erradicação da violência na família, na escola, nas
instituições e na comunidade em geral, implementando as recomendações expressas no
Relatório Mundial de Violência contra a Criança da ONU.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Desenvolver programas nas redes de assistência social, de educação e de saúde para o
fortalecimento do papel das famílias em relação ao desenvolvimento infantil e à disciplina
não violenta.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério
da Saúde
c) Propor marco legal para a abolição das práticas de castigos físicos e corporais contra
crianças e adolescentes.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
d) Implantar sistema nacional de registro de ocorrência de violência escolar, incluindo as
práticas de violência gratuita e reiterada entre estudantes (bullying), adotando formulário
unificado de registro a ser utilizado por todas as escolas.
Responsável: Ministério da Educação
e) Apoiar iniciativas comunitárias de mobilização de crianças e adolescentes em estratégias
preventivas, com vistas a minimizar sua vulnerabilidade em contextos de violência.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça; Ministério do Esporte; Ministério do Turismo
f) Extinguir os grandes abrigos e eliminar a longa permanência de crianças e adolescentes
em abrigamento, adequando os serviços de acolhimento aos parâmetros aprovados pelo
CONANDA e CNAS.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
g) Fortalecer as políticas de apoio às famílias para a redução dos índices de abandono e
institucionalização, com prioridade aos grupos familiares de crianças com deficiências.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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h) Ampliar a oferta de programas de famílias acolhedoras para crianças e adolescentes em
situação de violência, com o objetivo de garantir que esta seja a única opção para crianças
retiradas do convívio com sua família de origem na primeira infância.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
i) Estruturar programas de moradia coletivas para adolescentes e jovens egressos de abrigos
institucionais.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
j) Fomentar a adoção legal, por meio de campanhas educativas, em consonância com o ECA e
com acordos internacionais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
k) Criar serviços e aprimorar metodologias para identificação e localização de crianças e
adolescentes desaparecidos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
l) Exigir em todos os projetos financiados pelo Governo Federal a adoção de estratégias
de não discriminação de crianças e adolescentes em razão de classe, raça, etnia, crença,
gênero, orientação sexual, identidade de gênero, deficiência, prática de ato infracional e
origem.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
m) Reforçar e centralizar os mecanismos de coleta e análise sistemática de dados desagregados
da infância e adolescência, especialmente sobre os grupos em situação de vulnerabilidade,
historicamente vulnerabilizados, vítimas de discriminação, de abuso e de negligência.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
n) Estruturar rede de canais de denúncias (Disques) de violência contra crianças e
adolescentes, integrada aos Conselhos Tutelares.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
o) Estabelecer instrumentos para combater a discriminação religiosa sofrida por crianças e
adolescentes.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico IV:
Enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Ações programáticas:
a) Revisar o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes, em consonância com as recomendações do III Congresso Mundial sobre o
tema.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

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b) Ampliar o acesso e qualificar os programas especializados em saúde, educação e assistência


social, no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e de suas
famílias
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Desenvolver protocolos unificados de atendimento psicossocial e jurídico a vítimas de
violência sexual.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
d) Desenvolver ações específicas para combate à violência e à exploração sexual de crianças e
adolescentes em situação de rua.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
e) Estimular a responsabilidade social das empresas para ações de enfrentamento da
exploração sexual e de combate ao trabalho infantil em suas organizações e cadeias
produtivas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Turismo;
f) Combater a pornografia infanto-juvenil na Internet, por meio do fortalecimento do Hot Line
Federal e da difusão de procedimentos de navegação segura para crianças, adolescentes,
famílias e educadores.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação
Objetivo estratégico V:
Garantir o atendimento especializado a crianças e adolescentes em sofrimento psíquico e
dependência química.
Ações programáticas:
a) Universalizar o acesso a serviços de saúde mental para crianças e adolescentes em cidades
de grande e médio porte, incluindo a garantia de retaguarda para as unidades de internação
socioeducativa.
Responsável: Ministério da Saúde
b) Fortalecer políticas de saúde que contemplem programas de desintoxicação e redução de
danos em casos de dependência química.
Responsável: Ministério da Saúde
Objetivo estratégico VI:
Erradicação do trabalho infantil em todo o território nacional.

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Ações programáticas:
a) Erradicar o trabalho infantil, por meio das ações intersetoriais no Governo Federal, com
ênfase no apoio às famílias e educação em tempo integral.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Educação; Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Fomentar a implantação da Lei de Aprendizagem (Lei no 10.097/2000), mobilizando
empregadores, organizações de trabalhadores, inspetores de trabalho, Judiciário,
organismos internacionais e organizações não governamentais.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
c) Desenvolver pesquisas, campanhas e relatórios periódicos sobre o trabalho infantil, com
foco em temas e públicos que requerem abordagens específicas, tais como agricultura
familiar, trabalho doméstico, trabalho de rua.
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres da Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome; Ministério da Justiça
Objetivo estratégico VII:
Implementação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).
Ações programáticas:
a) Elaborar e implementar um plano nacional socioeducativo e sistema de avaliação da
execução das medidas daquele sistema, com divulgação anual de seus resultados e
estabelecimento de metas, de acordo com o estabelecido no ECA.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Implantar módulo específico de informações para o sistema nacional de atendimento
educativo junto ao Sistema de Informação para a Infância e Adolescência, criando base de
dados unificada que inclua as varas da infância e juventude, as unidades de internação e os
programas municipais em meio aberto.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Implantar centros de formação continuada para os operadores do sistema socioeducativo
em todos os Estados e no Distrito Federal.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
d) Desenvolver estratégias conjuntas com o sistema de justiça, com vistas ao estabelecimento
de regras específicas para a aplicação da medida de privação de liberdade em caráter
excepcional e de pouca duração.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Apoiar a expansão de programas municipais de atendimento socioeducativo em meio
aberto.

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Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria


Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Apoiar os Estados e o Distrito Federal na implementação de programas de atendimento
ao adolescente em privação de liberdade, com garantia de escolarização, atendimento
em saúde, esporte, cultura e educação para o trabalho, condicionando a transferência
voluntária de verbas federais à observância das diretrizes do plano nacional.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Saúde; Ministério do Esporte; Ministério da Cultura;
Ministério do Trabalho e Emprego
g) Garantir aos adolescentes privados de liberdade e suas famílias informação sobre sua
situação legal, bem como acesso à defesa técnica durante todo o período de cumprimento
da medida socioeducativa.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
h) Promover a transparência das unidades de internação de adolescentes em conflito com
a lei, garantindo o contato com a família e a criação de comissões mistas de inspeção e
supervisão.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
i) Fomentar a desativação dos grandes complexos de unidades de internação, por meio do
apoio à reforma e construção de novas unidades alinhadas aos parâmetros estabelecidos
no SINASE e no ECA, em especial na observância da separação por sexo, faixa etária e
compleição física.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
j) Desenvolver campanhas de informação sobre o adolescente em conflito com a lei,
defendendo a não redução da maioridade penal.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
k) Estabelecer parâmetros nacionais para a apuração administrativa de possíveis violações
dos direitos e casos de tortura em adolescentes privados de liberdade, por meio de sistema
independente e de tramitação ágil.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais.
Objetivo estratégico I:
Igualdade e proteção dos direitos das populações negras, historicamente afetadas pela
discriminação e outras formas de intolerância.
Ações programáticas:
a) Apoiar, junto ao Poder Legislativo, a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

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Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Promover ações articuladas entre as políticas de educação, cultura, saúde e de geração de
emprego e renda, visando incidir diretamente na qualidade de vida da população negra e
no combate à violência racial.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde
c) Elaborar programas de combate ao racismo institucional e estrutural, implementando
normas administrativas e legislação nacional e internacional.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República
d) Realizar levantamento de informações para produção de relatórios periódicos de
acompanhamento das políticas contra a discriminação racial, contendo, entre outras,
informações sobre inclusão no sistema de ensino (básico e superior), inclusão no mercado
de trabalho, assistência integrada à saúde, número de violações registradas e apuradas,
recorrências de violações, e dados populacionais e de renda.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Analisar periodicamente os indicadores que apontam desigualdades visando à formulação
e implementação de políticas públicas afirmativas que valorizem a promoção da igualdade
racial.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde
f) Fortalecer a integração das políticas públicas em todas as comunidades remanescentes de
quilombos localizadas no território brasileiro.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Cultura
g) Fortalecer os mecanismos existentes de reconhecimento das comunidades quilombolas
como garantia dos seus direitos específicos.
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Cultura; Secretaria
Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República
h) Fomentar programas de valorização do patrimônio cultural das populações negras.
Responsável: Ministério da Cultura; Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República
i) Assegurar o resgate da memória das populações negras, mediante a publicação da história
de resistência e resgate de tradições das populações das diásporas.

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Responsável: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da


Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Garantia aos povos indígenas da manutenção e resgate das condições de reprodução,
assegurando seus modos de vida.
Ações programáticas:
a) Assegurar a integridade das terras indígenas para proteger e promover o modo de vida dos
povos indígenas.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Proteger os povos indígenas isolados e de recente contato para garantir sua reprodução
cultural e etnoambiental.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Aplicar os saberes dos povos indígenas e das comunidades tradicionais na elaboração de
políticas públicas, respeitando a Convenção no 169 da OIT.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Apoiar projetos de lei com objetivo de revisar o Estatuto do Índio com base no texto
constitucional de 1988 e na Convenção no 169 da OIT.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políticas indigenistas que contemple
dados sobre os processos de demarcações das terras indígenas, dados sobre intrusões e
conflitos territoriais, inclusão no sistema de ensino (básico e superior), assistência integrada
à saúde, número de violações registradas e apuradas, recorrências de violações e dados
populacionais.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Proteger e promover os conhecimentos tradicionais e medicinais dos povos indígenas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
g) Implementar políticas de proteção do patrimônio dos povos indígenas, por meio dos
registros material e imaterial, mapeando os sítios históricos e arqueológicos, a cultura, as
línguas e a arte.
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
h) Promover projetos e pesquisas para resgatar a história dos povos indígenas.
Responsável: Ministério da Justiça
i) Promover ações culturais para o fortalecimento da educação escolar dos povos indígenas,
estimulando a valorização de suas próprias formas de produção do conhecimento.
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça

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j) Garantir o acesso à educação formal pelos povos indígenas, bilíngues e com adequação
curricular formulada com a participação de representantes das etnias indigenistas e
especialistas em educação.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
k) Assegurar o acesso e permanência da população indígena no ensino superior, por meio de
ações afirmativas e respeito à diversidade étnica e cultural.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
l) Adotar medidas de proteção dos direitos das crianças indígenas nas redes de ensino, saúde
e assistência social, em consonância com a promoção dos seus modos de vida.
Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico III:
Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das condições necessárias para sua
plena cidadania.
Ações programáticas:
a) Desenvolver ações afirmativas que permitam incluir plenamente as mulheres no processo
de desenvolvimento do País, por meio da promoção da sua autonomia econômica e de
iniciativas produtivas que garantam sua independência.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
b) Incentivar políticas públicas e ações afirmativas para a participação igualitária, plural e
multirracial das mulheres nos espaços de poder e decisão.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
c) Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políticas para mulheres com recorte
étnico-racial, que contenha dados sobre renda, jornada e ambiente de trabalho, ocorrências
de assédio moral, sexual e psicológico, ocorrências de violências contra a mulher, assistência
à saúde integral, dados reprodutivos, mortalidade materna e escolarização.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
d) Divulgar os instrumentos legais de proteção às mulheres, nacionais e internacionais,
incluindo sua publicação em formatos acessíveis, como braile, CD de áudio e demais
tecnologias assistivas.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
e) Ampliar o financiamento de abrigos para mulheres em situação de vulnerabilidade,
garantindo plena acessibilidade.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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f) Propor tratamento preferencial de atendimento às mulheres em situação de violência


doméstica e familiar nos Conselhos Gestores do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social e junto ao Fundo de Desenvolvimento Social.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República; Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
g) Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia
das mulheres para decidir sobre seus corpos.
g) Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de
saúde. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Ministério da Justiça
h) Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às
profissionais do sexo.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade.
Objetivo estratégico I:
Afirmação da diversidade para construção de uma sociedade igualitária.
Ações programáticas:
a) Realizar campanhas e ações educativas para desconstrução de estereótipos relacionados
com diferenças étnico-raciais, etárias, de identidade e orientação sexual, de pessoas com
deficiência, ou segmentos profissionais socialmente discriminados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da
Cultura
b) Incentivar e promover a realização de atividades de valorização da cultura das comunidades
tradicionais, entre elas ribeirinhos, extrativistas, quebradeiras de coco, pescadores
artesanais, seringueiros, geraizeiros, varzanteiros, pantaneiros, comunidades de fundo de
pasto, caiçaras e faxinalenses.
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome; Ministério do Esporte
c) Fomentar a formação e capacitação em Direitos Humanos, como meio de resgatar a
autoestima e a dignidade das comunidades tradicionais, rurais e urbanas.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério da Cultura
d) Apoiar políticas de acesso a direitos para a população cigana, valorizando seus
conhecimentos e cultura.

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Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
e) Apoiar e valorizar a associação das mulheres quebradeiras de coco, protegendo e
promovendo a continuidade de seu trabalho extrativista.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
f) Elaborar relatórios periódicos de acompanhamento das políticas direcionadas às
populações e comunidades tradicionais, que contenham, entre outras, informações sobre
população estimada, assistência integrada à saúde, número de violações registradas e
apuradas, recorrência de violações, lideranças ameaçadas, dados sobre acesso à moradia,
terra e território e conflitos existentes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais como Direito Humano.
Ações programáticas:
a) Promover ações de afirmação do direito à diversidade das expressões culturais, garantindo
igual dignidade e respeito para todas as culturas.
Responsável: Ministério da Cultura
b) Incluir nos instrumentos e relatórios de políticas culturais a temática dos Direitos Humanos.
Responsável: Ministério da Cultura
Objetivo estratégico III:
Valorização da pessoa idosa e promoção de sua participação na sociedade.
Ações programáticas:
a) Promover a inserção, a qualidade de vida e a prevenção de agravos aos idosos, por meio
de programas que fortaleçam o convívio familiar e comunitário, garantindo o acesso a
serviços, ao lazer, à cultura e à atividade física, de acordo com sua capacidade funcional.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
b) Apoiar a criação de centros de convivência e desenvolver ações de valorização e socialização
da pessoa idosa nas zonas urbanas e rurais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Cultura
c) Fomentar programas de voluntariado de pessoas idosas, visando valorizar e reconhecer
sua contribuição para o desenvolvimento e bem-estar da comunidade.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

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d) Desenvolver ações que contribuam para o protagonismo da pessoa idosa na escola,


possibilitando sua participação ativa na construção de uma nova percepção intergeracional.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Potencializar ações com ênfase no diálogo intergeracional, valorizando o conhecimento
acumulado das pessoas idosas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Desenvolver ações intersetoriais para capacitação continuada de cuidadores de pessoas
idosas.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Cultura
g) Desenvolver política de humanização do atendimento ao idoso, principalmente em
instituições de longa permanência.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Cultura
h) Elaborar programas de capacitação para os operadores dos direitos da pessoa idosa.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
i) Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políticas para pessoas idosas que
contenha informações sobre os Centros Integrados de Atenção a Prevenção à Violência, tais
como: quantidade existente; sua participação no financiamento público; sua inclusão nos
sistemas de atendimento; número de profissionais capacitados; pessoas idosas atendidas;
proporção dos casos com resoluções; taxa de reincidência; pessoas idosas seguradas e
aposentadas; famílias providas por pessoas idosas; pessoas idosas em abrigos; pessoas
idosas em situação de rua; principal fonte de renda dos idosos; pessoas idosas atendidas,
internadas e mortas por violência ou maus-tratos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde; Ministério da Previdência Social; Ministério da Justiça; Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Objetivo estratégico IV:
Promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiência e garantia da acessibilidade
igualitária.
Ações programáticas:
a) Garantir às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção legal contra a discriminação.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
b) Garantir salvaguardas apropriadas e efetivas para prevenir abusos a pessoas com deficiência
e pessoas idosas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

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c) Assegurar o cumprimento do Decreto de Acessibilidade (Decreto no 5.296/2004), que
garante a acessibilidade pela adequação das vias e passeios públicos, semáforos, mobiliários,
habitações, espaços de lazer, transportes, prédios públicos, inclusive instituições de ensino,
e outros itens de uso individual e coletivo.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério das Cidades
d) Garantir recursos didáticos e pedagógicos para atender às necessidades educativas
especiais.
Responsável: Ministério da Educação
e) Disseminar a utilização dos sistemas braile, tadoma, escrita de sinais e libras tátil para
inclusão das pessoas com deficiência em todo o sistema de ensino.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
f) Instituir e implementar o ensino da Língua Brasileira de Sinais como disciplina curricular
facultativa.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
g) Propor a regulamentação das profissões relativas à implementação da acessibilidade, tais
como: instrutor de Libras, guia-intérprete, tradutor-intérprete, transcritor, revisor e ledor
da escrita braile e treinadores de cães-guia.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
h) Elaborar relatórios sobre os Municípios que possuam frota adaptada para subsidiar
o processo de monitoramento do cumprimento e implementação da legislação de
acessibilidade.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Objetivo estratégico V:
Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero.
Ações programáticas:
a) Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura de respeito à livre orientação
sexual e identidade de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento social.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
c) Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos.

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Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da


Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República
d) Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações
familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na
desconstrução da heteronormatividade.
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
e) Desenvolver meios para garantir o uso do nome social de travestis e transexuais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Acrescentar campo para informações sobre a identidade de gênero dos pacientes nos
prontuários do sistema de saúde.
Responsável: Ministério da Saúde
g) Fomentar a criação de redes de proteção dos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), principalmente a partir do apoio à implementação
de Centros de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia e
de núcleos de pesquisa e promoção da cidadania daquele segmento em universidades
públicas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
h) Realizar relatório periódico de acompanhamento das políticas contra discriminação à
população LGBT, que contenha, entre outras, informações sobre inclusão no mercado
de trabalho, assistência à saúde integral, número de violações registradas e apuradas,
recorrências de violações, dados populacionais, de renda e conjugais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico VI:
Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia da laicidade do Estado.
Ações programáticas:
a) Instituir mecanismos que assegurem o livre exercício das diversas práticas religiosas,
assegurando a proteção do seu espaço físico e coibindo manifestações de intolerância
religiosa.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República
b) Promover campanhas de divulgação sobre a diversidade religiosa para disseminar cultura
da paz e de respeito às diferentes crenças.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Cultura; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República

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c) Desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em
estabelecimentos públicos da União. (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
(Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
d) Estabelecer o ensino da diversidade e história das religiões, inclusive as derivadas de
matriz africana, na rede pública de ensino, com ênfase no reconhecimento das diferenças
culturais, promoção da tolerância e na afirmação da laicidade do Estado.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
e) Realizar relatório sobre pesquisas populacionais relativas a práticas religiosas, que
contenha, entre outras, informações sobre número de religiões praticadas, proporção de
pessoas distribuídas entre as religiões, proporção de pessoas que já trocaram de religião,
número de pessoas religiosas não praticantes e número de pessoas sem religião.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Eixo Orientador IV:
Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência
Por muito tempo, alguns segmentos da militância em Direitos Humanos mantiveram-
se distantes do debate sobre as políticas públicas de segurança no Brasil. No processo
de consolidação da democracia, por diferentes razões, movimentos sociais e entidades
manifestaram dificuldade no tratamento do tema. Na base dessa dificuldade, estavam a
memória dos enfrentamentos com o aparato repressivo ao longo de duas décadas de regime
ditatorial, a postura violenta vigente, muitas vezes, em órgãos de segurança pública, a
percepção do crime e da violência como meros subprodutos de uma ordem social injusta a ser
transformada em seus próprios fundamentos.
Distanciamento análogo ocorreu nas universidades, que, com poucas exceções, não se
debruçaram sobre o modelo de polícia legado ou sobre os desafios da segurança pública. As
polícias brasileiras, nos termos de sua tradição institucional, pouco aproveitaram da reflexão
teórica e dos aportes oferecidos pela criminologia moderna e demais ciências sociais, já
disponíveis há algumas décadas às polícias e aos gestores de países desenvolvidos. A cultura
arraigada de rejeitar as evidências acumuladas pela pesquisa e pela experiência de reforma
das polícias no mundo era a mesma que expressava nostalgia de um passado de ausência de
garantias individuais, e que identificava na idéia dos Direitos Humanos não a mais generosa
entre as promessas construídas pela modernidade, mas uma verdadeira ameaça.
Estavam postas as condições históricas, políticas e culturais para que houvesse um fosso
aparentemente intransponível entre os temas da segurança pública e os Direitos Humanos.
Nos últimos anos, contudo, esse processo de estranhamento mútuo passou a ser
questionado. De um lado, articulações na sociedade civil assumiram o desafio de repensar a
segurança pública a partir de diálogos com especialistas na área, policiais e gestores. De outro,
começaram a ser implantadas as primeiras políticas públicas buscando caminhos alternativos
de redução do crime e da violência, a partir de projetos centrados na prevenção e influenciados
pela cultura de paz.

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Programa nacional de direitos humanos - DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 – Prof. Cristiano de Souza

A proposição do Sistema Único de Segurança Pública, a modernização de parte das nossas


estruturas policiais e a aprovação de novos regimentos e leis orgânicas das polícias, a consciência
crescente de que políticas de segurança pública são realidades mais amplas e complexas do
que as iniciativas possíveis às chamadas “forças da segurança”, o surgimento de nova geração
de policiais, disposta a repensar práticas e dogmas e, sobretudo, a cobrança da opinião pública
e a maior fiscalização sobre o Estado, resultante do processo de democratização, têm tornado
possível a construção de agenda de reformas na área.
O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e os investimentos já
realizados pelo Governo Federal na montagem de rede nacional de altos estudos em segurança
pública, que têm beneficiado milhares de policiais em cada Estado, simbolizam, ao lado do
processo de debates da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, acúmulos históricos
significativos, que apontam para novas e mais importantes mudanças.
As propostas elencadas neste eixo orientador do PNDH-3 articulam-se com tal processo
histórico de transformação e exigem muito mais do que já foi alcançado. Para tanto, parte-se
do pressuposto de que a realidade brasileira segue sendo gravemente marcada pela violência e
por severos impasses estruturais na área da segurança pública.
Problemas antigos, como a ausência de diagnósticos, de planejamento e de definição
formal de metas, a desvalorização profissional dos policiais e dos agentes penitenciários, o
desperdício de recursos e a consagração de privilégios dentro das instituições, as práticas de
abuso de autoridade e de violência policial contra grupos vulneráveis e a corrupção dos agentes
de segurança pública, demandam reformas tão urgentes quanto profundas.
As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, nesse contexto, as contribuições
oferecidas pelo processo da 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos e avançam
também sobre temas que não foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3 parte do
acúmulo crítico que tem sido proposto ao País pelos especialistas e pesquisadores da área.
Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a necessidade de ampla reforma no modelo de
polícia e propõe o aprofundamento do debate sobre a implantação do ciclo completo de
policiamento às corporações estaduais. Prioriza transparência e participação popular, instando
ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de dados, assim como à reformulação do
Conselho Nacional de Segurança Pública. Contempla a prevenção da violência e da criminalidade
como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo e indicando a necessidade de
profissionalização da investigação criminal.
Com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária,
confere atenção especial ao estabelecimento de procedimentos operacionais padronizados,
que previnam as ocorrências de abuso de autoridade e de violência institucional, e confiram
maior segurança a policiais e agentes penitenciários. Reafirma a necessidade de criação de
ouvidorias independentes em âmbito federal e, inspirado em tendências mais modernas
de policiamento, estimula as iniciativas orientadas por resultados, o desenvolvimento do
policiamento comunitário e voltado para a solução de problemas, elencando medidas que
promovam a valorização dos trabalhadores em segurança pública. Contempla, ainda, a criação
de sistema federal que integre os atuais sistemas de proteção a vítimas e testemunhas,
defensores de Direitos Humanos e crianças e adolescentes ameaçados de morte.
Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda reforma da Lei de Execução Penal que
introduza garantias fundamentais e novos regramentos para superar as práticas abusivas, hoje

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comuns. E trata as penas privativas de liberdade como última alternativa, propondo a redução
da demanda por encarceramento e estimulando novas formas de tratamento dos conflitos,
como as sugeridas pelo mecanismo da Justiça Restaurativa.
Reafirma-se a centralidade do direito universal de acesso à Justiça, com a possibilidade de
acesso aos tribunais por toda a população, com o fortalecimento das defensorias públicas e a
modernização da gestão judicial, de modo a garantir respostas judiciais mais céleres e eficazes.
Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça em matéria de conflitos agrários e urbanos e o
necessário estímulo aos meios de soluções pacíficas de controvérsias.
O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamentalmente, propostas para que o Poder Público
se aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públicas de prevenção ao crime e à violência,
reforçando a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, e sustentando que
a democracia, os processos de participação e transparência, aliados ao uso de ferramentas
científicas e à profissionalização das instituições e trabalhadores da segurança, assinalam os
roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar no caminho da paz pública.
Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública
Objetivo estratégico I:
Modernização do marco normativo do sistema de segurança pública.
Ações programáticas:
a) Propor alteração do texto constitucional, de modo a considerar as polícias militares não
mais como forças auxiliares do Exército, mantendo-as apenas como força reserva.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Propor a revisão da estrutura, treinamento, controle, emprego e regimentos disciplinares
dos órgãos de segurança pública, de forma a potencializar as suas funções de combate
ao crime e proteção dos direitos de cidadania, bem como garantir que seus órgãos
corregedores disponham de carreira própria, sem subordinação à direção das instituições
policiais.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Propor a criação obrigatória de ouvidorias de polícias independentes nos Estados e no
Distrito Federal, com ouvidores protegidos por mandato e escolhidos com participação da
sociedade.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Assegurar a autonomia funcional dos peritos e a modernização dos órgãos periciais oficiais,
como forma de incrementar sua estruturação, assegurando a produção isenta e qualificada
da prova material, bem como o princípio da ampla defesa e do contraditório e o respeito
aos Direitos Humanos.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Promover o aprofundamento do debate sobre a instituição do ciclo completo da atividade
policial, com competências repartidas pelas polícias, a partir da natureza e da gravidade
dos delitos.

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Programa nacional de direitos humanos - DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 – Prof. Cristiano de Souza

Responsável: Ministério da Justiça


f) Apoiar a aprovação do Projeto de Lei no 1.937/2007, que dispõe sobre o Sistema Único de
Segurança Pública.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
Modernização da gestão do sistema de segurança pública.
Ações programáticas:
a) Condicionar o repasse de verbas federais à elaboração e revisão periódica de planos
estaduais, distrital e municipais de segurança pública que se pautem pela integração e pela
responsabilização territorial da gestão dos programas e ações.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Criar base de dados unificada que permita o fluxo de informações entre os diversos
componentes do sistema de segurança pública e a Justiça criminal.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Redefinir as competências e o funcionamento da Inspetoria-Geral das Polícias Militares e
Corpos de Bombeiros Militares.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Defesa
Objetivo estratégico III:
Promoção dos Direitos Humanos dos profissionais do sistema de segurança pública,
assegurando sua formação continuada e compatível com as atividades que exercem.
Ações programáticas:
a) Proporcionar equipamentos para proteção individual efetiva para os profissionais do
sistema federal de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Condicionar o repasse de verbas federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
à garantia da efetiva disponibilização de equipamentos de proteção individual aos
profissionais do sistema nacional de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Fomentar o acompanhamento permanente da saúde mental dos profissionais do sistema
de segurança pública, mediante serviços especializados do sistema de saúde pública.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
d) Propor projeto de lei instituindo seguro para casos de acidentes incapacitantes ou morte
em serviço para os profissionais do sistema de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça;

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e) Garantir a reabilitação e reintegração ao trabalho dos profissionais do sistema de segurança
pública federal, nos casos de deficiência adquirida no exercício da função.
Responsável: Ministério da Justiça;
Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça
criminal.
Objetivo estratégico I:
Publicação de dados do sistema federal de segurança pública.
Ação programática
a) Publicar trimestralmente estatísticas sobre:
● Crimes registrados, inquéritos instaurados e concluídos, prisões efetuadas, flagrantes
registrados, operações realizadas, armas e entorpecentes apreendidos pela Polícia Federal
em cada Estado da Federação;
● Veículos abordados, armas e entorpecentes apreendidos e prisões efetuadas pela Polícia
Rodoviária Federal em cada Estado da Federação;
● Presos provisórios e condenados sob custódia do sistema penitenciário federal e
quantidade de presos trabalhando e estudando por sexo, idade e raça ou etnia;
● Vitimização de policiais federais, policiais rodoviários federais, membros da Força
Nacional de Segurança Pública e agentes penitenciários federais;
● Quantidade e tipos de laudos produzidos pelos órgãos federais de perícia oficial.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
Consolidação de mecanismos de participação popular na elaboração das políticas públicas de
segurança.
Ações programáticas:
a) Reformular o Conselho Nacional de Segurança Pública, assegurando a participação da
sociedade civil organizada em sua composição e garantindo sua articulação com o Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Fomentar mecanismos de gestão participativa das políticas públicas de segurança, como
conselhos e conferências, ampliando a Conferência Nacional de Segurança Pública.
Responsável: Ministério da Justiça
Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação
de atos criminosos.

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Objetivo estratégico I:
Ampliação do controle de armas de fogo em circulação no País.
Ações programáticas:
a) Realizar ações permanentes de estímulo ao desarmamento da população.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Propor reforma da legislação para ampliar as restrições e os requisitos para aquisição de
armas de fogo por particulares e empresas de segurança privada.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Propor alteração da legislação para garantir que as armas apreendidas em crimes que não
envolvam disparo sejam inutilizadas imediatamente após a perícia.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Registrar no Sistema Nacional de Armas todas as armas de fogo destruídas.
Responsável: Ministério da Defesa
Objetivo estratégico II:
Qualificação da investigação criminal.
Ações programáticas:
a) Propor projeto de lei para alterar o procedimento do inquérito policial, de modo a admitir
procedimentos orais gravados e transformar em peça ágil e eficiente de investigação
criminal voltada à coleta de evidências.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Fomentar o debate com o objetivo de unificar os meios de investigação e obtenção de
provas e padronizar procedimentos de investigação criminal.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Promover a capacitação técnica em investigação criminal para os profissionais dos sistemas
estaduais de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Realizar pesquisas para qualificação dos estudos sobre técnicas de investigação criminal.
Responsável: Ministério da Justiça

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Objetivo estratégico III:
Produção de prova pericial com celeridade e procedimento padronizado.
Ações programáticas:
a) Propor regulamentação da perícia oficial.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Propor projeto de lei para proporcionar autonomia administrativa e funcional dos órgãos
periciais federais.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Propor padronização de procedimentos e equipamentos a serem utilizados pelas unidades
periciais oficiais em todos os exames periciais criminalísticos e médico-legais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Desenvolver sistema de dados nacional informatizado para monitoramento da produção e
da qualidade dos laudos produzidos nos órgãos periciais.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Fomentar parcerias com universidades para pesquisa e desenvolvimento de novas
metodologias a serem implantadas nas unidades periciais.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Promover e apoiar a educação continuada dos profissionais da perícia oficial, em todas as
áreas, para a formação técnica e em Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Objetivo estratégico IV:
Fortalecimento dos instrumentos de prevenção à violência.
Ações programáticas:
a) Elaborar diretrizes para as políticas de prevenção à violência com o objetivo de assegurar o
reconhecimento das diferenças geracionais, de gênero, étnico-racial e de orientação sexual.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República
b) Realizar anualmente pesquisas nacionais de vitimização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Fortalecer mecanismos que possibilitem a efetiva fiscalização de empresas de segurança
privada e a investigação e responsabilização de policiais que delas participem de forma
direta ou indireta.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República

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d) Desenvolver normas de conduta e fiscalização dos serviços de segurança privados que


atuam na área rural.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Elaborar diretrizes para atividades de policiamento comunitário e policiamento orientado
para a solução de problemas, bem como catalogar e divulgar boas práticas dessas
atividades.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Elaborar diretrizes para atuação conjunta entre os órgãos de trânsito e os de segurança
pública para reduzir a violência no trânsito.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
g) Realizar debate sobre o atual modelo de repressão e estimular a discussão sobre modelos
alternativos de tratamento do uso e tráfico de drogas, considerando o paradigma da
redução de danos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Gabinete de Segurança Institucional; Ministério da Saúde
Objetivo estratégico V:
Redução da violência motivada por diferenças de gênero, raça ou etnia, idade, orientação
sexual e situação de vulnerabilidade.
Ações programáticas:
a) Fortalecer a atuação da Polícia Federal no combate e na apuração de crimes contra os
Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
b) Garantir aos grupos em situação de vulnerabilidade o conhecimento sobre serviços
de atendimento, atividades desenvolvidas pelos órgãos e instituições de segurança e
mecanismos de denúncia, bem como a forma de acioná-los.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
República
c) Desenvolver e implantar sistema nacional integrado das redes de saúde, de assistência
social e educação para a notificação de violência.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da
Educação; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
República

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d) Promover campanhas educativas e pesquisas voltadas à prevenção da violência contra
pessoas com deficiência, idosos, mulheres, indígenas, negros, crianças, adolescentes,
lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e pessoas em situação de rua.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do Turismo;
Ministério do Esporte
e) Fortalecer unidade especializada em conflitos indígenas na Polícia Federal e garantir sua
atuação conjunta com a FUNAI, em especial nos processos conflituosos de demarcação.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Fomentar cursos de qualificação e capacitação sobre aspectos da cultura tradicional
dos povos indígenas e sobre legislação indigenista para todas as corporações policiais,
principalmente para as polícias militares e civis especialmente nos Estados e Municípios
em que as aldeias indígenas estejam localizadas nas proximidades dos centros urbanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
g) Fortalecer mecanismos para combater a violência contra a população indígena, em especial
para as mulheres indígenas vítimas de casos de violência psicológica, sexual e de assédio
moral.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres da Presidência da República
h) Apoiar a implementação do pacto nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres
de forma articulada com os planos estaduais de segurança pública e em conformidade com
a Lei Maria da Penha (Lei no 11.340/2006).
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República; Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
i) Avaliar o cumprimento da Lei Maria da Penha com base nos dados sobre tipos de violência,
agressor e vítima.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
j) Fortalecer ações estratégicas de prevenção à violência contra jovens negros.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Justiça
k) Estabelecer política de prevenção de violência contra a população em situação de rua,
incluindo ações de capacitação de policiais em Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República

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l) Promover a articulação institucional, em conjunto com a sociedade civil, para implementar


o Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da
Saúde
m) Fomentar a implantação do serviço de recebimento e encaminhamento de denúncias de
violência contra a pessoa idosa em todas as unidades da Federação.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
n) Capacitar profissionais de educação e saúde para identificar e notificar crimes e casos de
violência contra a pessoa idosa e contra a pessoa com deficiência.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde; Ministério da Educação
o) Implementar ações de promoção da cidadania e Direitos Humanos das lésbicas, gays,
bissexuais, transexuais e travestis, com foco na prevenção à violência, garantindo redes
integradas de atenção.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Objetivo estratégico VI:
Enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Ações programáticas:
a) Desenvolver metodologia de monitoramento, disseminação e avaliação das metas do Plano
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, bem como construir e implementar o II
Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Turismo; Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres da Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Estruturar, a partir de serviços existentes, sistema nacional de atendimento às vítimas do
tráfico de pessoas, de reintegração e diminuição da vulnerabilidade, especialmente de
crianças, adolescentes, mulheres, transexuais e travestis.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da
Justiça
c) Implementar as ações referentes a crianças e adolescentes previstas na Política e no Plano
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Consolidar fluxos de encaminhamento e monitoramento de denúncias de casos de tráfico
de crianças e adolescentes.

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Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República
e) Revisar e disseminar metodologia para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de
tráfico.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Fomentar a capacitação de técnicos da gestão pública, organizações não governamentais e
representantes das cadeias produtivas para o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Responsável: Ministério do Turismo
g) Desenvolver metodologia e material didático para capacitar agentes públicos no
enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Turismo; Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
h) Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de pessoas, inclusive sobre exploração sexual
de crianças e adolescentes.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Turismo; Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na
redução da letalidade policial e carcerária.
Objetivo estratégico I:
Fortalecimento dos mecanismos de controle do sistema de segurança pública.
Ações programáticas:
a) Criar ouvidoria de polícia com independência para exercer controle externo das atividades
das Polícias Federais e da Força Nacional de Segurança Pública, coordenada por um ouvidor
com mandato.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
b) Fortalecer a Ouvidoria do Departamento Penitenciário Nacional, dotando-a de recursos
humanos e materiais necessários ao desempenho de suas atividades, propondo sua
autonomia funcional.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Condicionar a transferência voluntária de recursos federais aos Estados e ao Distrito
Federal ao plano de implementação ou à existência de ouvidorias de polícia e do sistema
penitenciário, que atendam aos requisitos de coordenação por ouvidor com mandato,
escolhidos com participação da sociedade civil e com independência para sua atuação.

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Responsável: Ministério da Justiça


d) Elaborar projeto de lei para aperfeiçoamento da legislação processual penal, visando
padronizar os procedimentos da investigação de ações policiais com resultado letal.
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República
e) Dotar as Corregedorias da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento
Penitenciário Nacional de recursos humanos e materiais suficientes para o desempenho de
suas atividades, ampliando sua autonomia funcional.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Fortalecer a inspetoria da Força Nacional de Segurança Pública e tornar obrigatória a
publicação trimestral de estatísticas sobre procedimentos instaurados e concluídos e sobre
o número de policiais desmobilizados.
Responsável: Ministério da Justiça
g) Publicar trimestralmente estatísticas sobre procedimentos instaurados e concluídos pelas
Corregedorias da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, e sobre a quantidade de
policiais infratores e condenados, por cargo e tipo de punição aplicada.
Responsável: Ministério da Justiça
h) Publicar trimestralmente informações sobre pessoas mortas e feridas em ações da Polícia
Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
Responsável: Ministério da Justiça
i) Criar sistema de rastreamento de armas e de veículos usados pela Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança Pública, e fomentar a criação de sistema
semelhante nos Estados e no Distrito Federal.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
Padronização de procedimentos e equipamentos do sistema de segurança pública.
Ações programáticas:
a) Elaborar procedimentos operacionais padronizados para as forças policiais federais, com
respeito aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
b) Elaborar procedimentos operacionais padronizados sobre revistas aos visitantes de
estabelecimentos prisionais, respeitando os preceitos dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República

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c) Elaborar diretrizes nacionais sobre uso da força e de armas de fogo pelas instituições
policiais e agentes do sistema penitenciário.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Padronizar equipamentos, armas, munições e veículos apropriados à atividade policial
a serem utilizados pelas forças policiais da União, bem como aqueles financiados com
recursos federais nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
e) Disponibilizar para a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e para a Força Nacional de
Segurança Pública munição, tecnologias e armas de menor potencial ofensivo.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico III:
Consolidação de política nacional visando à erradicação da tortura e de outros tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Ações programáticas:
a) Elaborar projeto de lei visando a instituir o Mecanismo Preventivo Nacional, sistema de
inspeção aos locais de detenção para o monitoramento regular e periódico dos centros de
privação de liberdade, nos termos do protocolo facultativo à convenção da ONU contra a
tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores;
b) Instituir grupo de trabalho para discutir e propor atualização e aperfeiçoamento da Lei no
9.455/1997, que define os crimes de tortura, de forma a atualizar os tipos penais, instituir
sistema nacional de combate à tortura, estipular marco legal para a definição de regras
unificadas de exame médico-legal, bem como estipular ações preventivas obrigatórias
como formação específica das forças policiais e capacitação de agentes para a identificação
da tortura.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Promover o fortalecimento, a criação e a reativação dos comitês estaduais de combate à
tortura.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Propor projeto de lei para tornar obrigatória a filmagem dos interrogatórios ou
audiogravações realizadas durante as investigações policiais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
e) Estabelecer protocolo para a padronização de procedimentos a serem realizados nas
perícias destinadas a averiguar alegações de tortura.

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Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da


Presidência da República
f) Elaborar matriz curricular e capacitar os operadores do sistema de segurança pública e
justiça criminal para o combate à tortura.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
g) Capacitar e apoiar a qualificação dos agentes da perícia oficial, bem como de agentes
públicos de saúde, para a identificação de tortura.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
h) Incluir na formação de agentes penitenciários federais curso com conteúdos relativos ao
combate à tortura e sobre a importância dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
i) Realizar campanhas de prevenção e combate à tortura nos meios de comunicação para
a população em geral, além de campanhas específicas voltadas às forças de segurança
pública, bem como divulgar os parâmetros internacionais de combate às práticas de
tortura.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
j) Estabelecer procedimento para a produção de relatórios anuais, contendo informações
sobre o número de casos de torturas e de tratamentos desumanos ou degradantes levados
às autoridades, número de perpetradores e de sentenças judiciais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
● Objetivo estratégico IV:
● Combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes do Estado.
Ações programáticas:
a) Fortalecer ações de combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes do Estado,
assegurando a investigação dessas violações.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
b) Desenvolver e apoiar ações específicas para investigação e combate à atuação de milícias e
grupos de extermínio.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas
ameaçadas.

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Objetivo estratégico I:
Instituição de sistema federal que integre os programas de proteção.
Ações programáticas:
a) Propor projeto de lei para integração, de forma sistêmica, dos programas de proteção
a vítimas e testemunhas ameaçadas, defensores de Direitos Humanos e crianças e
adolescentes ameaçados de morte.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Desenvolver sistema nacional que integre as informações das ações de proteção às pessoas
ameaçadas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Ampliar os programas de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, defensores dos
Direitos Humanos e crianças e adolescentes ameaçados de morte para os Estados em que
o índice de violência aponte a criação de programas locais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Garantir a formação de agentes da Polícia Federal para a proteção das pessoas incluídas
nos programas de proteção de pessoas ameaçadas, observadas suas diretrizes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
e) Propor ampliação os recursos orçamentários para a realização das ações dos programas de
proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças
e adolescentes ameaçados de morte.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Consolidação da política de assistência a vítimas e a testemunhas ameaçadas.
Ações programáticas:
a) Propor projeto de lei para aperfeiçoar o marco legal do Programa Federal de Assistência
a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, ampliando a proteção de escolta policial para as
equipes técnicas do programa, e criar sistema de apoio à reinserção social dos usuários do
programa.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
b) Regulamentar procedimentos e competências para a execução do Programa Federal de
Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, em especial para a realização de escolta
de seus usuários.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República

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c) Fomentar a criação de centros de atendimento a vítimas de crimes e a seus familiares,


com estrutura adequada e capaz de garantir o acompanhamento psicossocial e jurídico dos
usuários, com especial atenção a grupos sociais mais vulneráveis, assegurando o exercício
de seus direitos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
d) Incentivar a criação de unidades especializadas do Serviço de Proteção ao Depoente
Especial da Polícia Federal nos Estados e no Distrito Federal.
Responsável: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República
e) Garantir recursos orçamentários e de infraestrutura ao Serviço de Proteção ao Depoente
Especial da Polícia Federal, necessários ao atendimento pleno, imediato e de qualidade
aos depoentes especiais e a seus familiares, bem como o atendimento às demandas de
inclusão provisória no programa federal.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico III:
Garantia da proteção de crianças e adolescentes ameaçados de morte.
Ações programáticas:
a) Ampliar a atuação federal no âmbito do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes
Ameaçados de Morte nas unidades da Federação com maiores taxas de homicídio nessa
faixa etária.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Formular política nacional de enfrentamento da violência letal contra crianças e
adolescentes.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Desenvolver e aperfeiçoar os indicadores de morte violenta de crianças e adolescentes,
assegurando publicação anual dos dados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde
d) Desenvolver programas de enfrentamento da violência letal contra crianças e adolescentes
e divulgar as experiências bem sucedidas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça

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Objetivo estratégico IV:
Garantia de proteção dos defensores dos Direitos Humanos e de suas atividades.
Ações programáticas:
a) Fortalecer a execução do Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos
Humanos, garantindo segurança nos casos de violência, ameaça, retaliação, pressão ou
ação arbitrária, e a defesa em ações judiciais de má-fé, em decorrência de suas atividades.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
b) Articular com os órgãos de segurança pública de Direitos Humanos nos Estados para
garantir a segurança dos defensores dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Capacitar os operadores do sistema de segurança pública e de justiça sobre o trabalho dos
defensores dos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Fomentar parcerias com as Defensorias Públicas dos Estados e da União para a defesa
judicial dos defensores dos Direitos Humanos nos processos abertos contra eles.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
e) Divulgar em âmbito nacional a atuação dos defensores e militantes dos Direitos Humanos,
fomentando cultura de respeito e valorização de seus papéis na sociedade.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e
medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário.
Objetivo estratégico I:
Reestruturação do sistema penitenciário.
Ações programáticas:
a) Elaborar projeto de reforma da Lei de Execução Penal (Lei no 7.210/1984), com o propósito
de:
•• Adotar mecanismos tecnológicos para coibir a entrada de substâncias e materiais
proibidos, eliminando a prática de revista íntima nos familiares de presos;
•• Aplicar a Lei de Execução Penal também a presas e presos provisórios e aos sentenciados
pela Justiça Especial;
•• Vedar a divulgação pública de informações sobre perfil psicológico do preso e eventuais
diagnósticos psiquiátricos feitos nos estabelecimentos prisionais;
•• Instituir a obrigatoriedade da oferta de ensino pelos estabelecimentos penais e a
remição de pena por estudo;
•• Estabelecer que a perda de direitos ou a redução de acesso a qualquer direito ocorrerá
apenas como consequência de faltas de natureza grave;

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•• Estabelecer critérios objetivos para isolamento de presos e presas no regime disciplinar


diferenciado;
•• Configurar nulidade absoluta dos procedimentos disciplinares quando não houver
intimação do defensor do preso;
•• Estabelecer o regime de condenação como limite para casos de regressão de regime;
•• Assegurar e regulamentar as visitas íntimas para a população carcerária LGBT.

Responsável: Ministério da Justiça


b) Elaborar decretos extraordinários de indulto a condenados por crimes sem violência real,
que reduzam substancialmente a população carcerária brasileira.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Fomentar a realização de revisões periódicas processuais dos processos de execução penal
da população carcerária.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Vincular o repasse de recursos federais para construção de estabelecimentos prisionais nos
Estados e no Distrito Federal ao atendimento das diretrizes arquitetônicas que contemplem
a existência de alas específicas para presas grávidas e requisitos de acessibilidade.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
e) Aplicar a Política Nacional de Saúde Mental e a Política para a Atenção Integral a Usuários
de Álcool e outras Drogas no sistema penitenciário.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
f) Aplicar a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher no contexto prisional,
regulamentando a assistência pré-natal, a existência de celas específicas e período de
permanência com seus filhos para aleitamento.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres da Presidência da República
g) Implantar e implementar as ações de atenção integral aos presos previstas no Plano
Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário.
Responsável: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
h) Promover estudo sobre a viabilidade de criação, em âmbito federal, da carreira de oficial
de condicional, trabalho externo e penas alternativas, para acompanhar os condenados em
liberdade condicional, os presos em trabalho externo, em qualquer regime de execução, e
os condenados a penas alternativas à prisão.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
i) Avançar na implementação do Sistema de Informações Penitenciárias (InfoPen),
financiando a inclusão dos estabelecimentos prisionais dos Estados e do Distrito Federal e
condicionando os repasses de recursos federais à sua efetiva integração ao sistema.

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Responsável: Ministério da Justiça
j) Ampliar campanhas de sensibilização para inclusão social de egressos do sistema prisional.
Responsável: Ministério da Justiça
k) Estabelecer diretrizes na política penitenciária nacional que fortaleçam o processo de
reintegração social dos presos, internados e egressos, com sua efetiva inclusão nas políticas
públicas sociais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome; Ministério da Saúde; Ministério da Educação; Ministério do Esporte
l) Debater, por meio de grupo de trabalho interministerial, ações e estratégias que visem
assegurar o encaminhamento para o presídio feminino de mulheres transexuais e travestis
que estejam em regime de reclusão.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República
Objetivo estratégico II:
Limitação do uso dos institutos de prisão cautelar.
Ações programáticas:
a) Propor projeto de lei para alterar o Código de Processo Penal, com o objetivo de:
•• Estabelecer requisitos objetivos para decretação de prisões preventivas que consagrem
sua excepcionalidade;
•• Vedar a decretação de prisão preventiva em casos que envolvam crimes com pena
máxima inferior a quatro anos, excetuando crimes graves como formação de quadrilha
e peculato;
•• Estabelecer o prazo máximo de oitenta e um dias para prisão provisória.

Responsável: Ministério da Justiça


b) Alterar a legislação sobre abuso de autoridade, tipificando de modo específico as condutas
puníveis.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Objetivo estratégico III:
Tratamento adequado de pessoas com transtornos mentais.
Ações programáticas:
a) Estabelecer diretrizes que garantam tratamento adequado às pessoas com transtornos
mentais, em consonância com o princípio de desinstitucionalização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde

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b) Propor projeto de lei para alterar o Código Penal, prevendo que o período de cumprimento
de medidas de segurança não deve ultrapassar o da pena prevista para o crime praticado,
e estabelecendo a continuidade do tratamento fora do sistema penitenciário quando
necessário.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
c) Estabelecer mecanismos para a reintegração social dos internados em medida de segurança
quando da extinção desta, mediante aplicação dos benefícios sociais correspondentes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome
Objetivo estratégico IV:
Ampliação da aplicação de penas e medidas alternativas.
Ações programáticas:
a) Desenvolver instrumentos de gestão que assegurem a sustentabilidade das políticas
públicas de aplicação de penas e medidas alternativas.
Responsáveis: Ministério da Justiça
b) Incentivar a criação de varas especializadas e de centrais de monitoramento do
cumprimento de penas e medidas alternativas.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Desenvolver modelos de penas e medidas alternativas que associem seu cumprimento ao
ilícito praticado, com projetos temáticos que estimulem a capacitação do cumpridor, bem
como penas de restrição de direitos com controle de frequência.
Responsável: Ministério da Justiça
d) Desenvolver programas-piloto com foco na educação, para aplicação da pena de limitação
de final de semana.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento,
a garantia e a defesa dos direitos.
Objetivo estratégico I:
Acesso da população à informação sobre seus direitos e sobre como garanti-los.
Ações programáticas:
a) Difundir o conhecimento sobre os Direitos Humanos e sobre a legislação pertinente com
publicações em linguagem e formatos acessíveis.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República

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b) Fortalecer as redes de canais de denúncia (disque-denúncia) e sua articulação com
instituições de Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
c) Incentivar a criação de centros integrados de serviços públicos para prestação de
atendimento ágil à população, inclusive com unidades itinerantes para obtenção de
documentação básica.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
d) Fortalecer o governo eletrônico com a ampliação da disponibilização de informações e
serviços para a população via Internet, em formato acessível.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico II:
Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas jurídicas para proteção dos Direitos
Humanos.
Ações programáticas:
a) Implementar o Observatório da Justiça Brasileira, em parceria com a sociedade civil.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Aperfeiçoar o sistema de fiscalização de violações aos Direitos Humanos, por meio do
aprimoramento do arcabouço de sanções administrativas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Saúde; Ministério da Justiça; Ministério do Trabalho e Emprego
c) Ampliar equipes de fiscalização sobre violações dos Direitos Humanos, em parceria com a
sociedade civil.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Propor projeto de lei buscando ampliar a utilização das ações coletivas para proteção
dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, garantindo a consolidação de
instrumentos coletivos de resolução de conflitos.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Propor projetos de lei para simplificar o processamento e julgamento das ações judiciais;
coibir os atos protelatórios; restringir as hipóteses de recurso ex officio e reduzir recursos e
desjudicializar conflitos.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Aperfeiçoar a legislação trabalhista, visando ampliar novas tutelas de proteção das relações
do trabalho e as medidas de combate à discriminação e ao abuso moral no trabalho.

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Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Justiça; Secretaria Especial


de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
g) Implementar mecanismos de monitoramento dos serviços de atendimento ao aborto
legalmente autorizado, garantindo seu cumprimento e facilidade de acesso.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
Objetivo estratégico III:
Utilização de modelos alternativos de solução de conflitos.
Ações programáticas:
a) Fomentar iniciativas de mediação e conciliação, estimulando a resolução de conflitos por
meios autocompositivos, voltados à maior pacificação social e menor judicialização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério
das Cidades
b) Fortalecer a criação de núcleos de justiça comunitária, em articulação com os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, e apoiar o financiamento de infraestrutura e de
capacitação.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Capacitar lideranças comunitárias sobre instrumentos e técnicas de mediação comunitária,
incentivando a resolução de conflitos nas próprias comunidades.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Incentivar projetos pilotos de Justiça Restaurativa, como forma de analisar seu impacto e
sua aplicabilidade no sistema jurídico brasileiro.
Responsável: Ministério da Justiça
e) Estimular e ampliar experiências voltadas para a solução de conflitos por meio da mediação
comunitária e dos Centros de Referência em Direitos Humanos, especialmente em áreas de
baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com dificuldades de acesso a serviços
públicos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
Objetivo estratégico IV:
Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.
Ações programáticas:
a) Propor a ampliação da atuação da Defensoria Pública da União.
Responsável: Ministério da Justiça

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b) Fomentar parcerias entre Municípios e entidades de proteção dos Direitos Humanos para
atendimento da população com dificuldade de acesso ao sistema de justiça, com base
no mapeamento das principais demandas da população local e no estabelecimento de
estratégias para atendimento e ações educativas e informativas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Apoiar a capacitação periódica e constante dos operadores do Direito e servidores da
Justiça na aplicação dos Direitos Humanos voltada para a composição de conflitos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Dialogar com o Poder Judiciário para assegurar o efetivo acesso das pessoas com deficiência
à justiça, em igualdade de condições com as demais pessoas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
e) Apoiar os movimentos sociais e a Defensoria Pública na obtenção da gratuidade das perícias
para as demandas judiciais, individuais e coletivas, e relacionadas a violações de Direitos
Humanos.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico V:
Modernização da gestão e agilização do funcionamento do sistema de justiça.
Ações programáticas:
a) Propor legislação de revisão e modernização dos serviços notariais e de registro.
Responsável: Ministério da Justiça
b) Desenvolver sistema integrado de informações do Poder Executivo e Judiciário e
disponibilizar seu acesso à sociedade.
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico VI:
Acesso à Justiça no campo e na cidade.
Ações programáticas:
a) Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e mediação de conflitos fundiários
urbanos, garantindo o devido processo legal e a função social da propriedade.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
b) Propor projeto de lei voltado a regulamentar o cumprimento de mandados de reintegração
de posse ou correlatos, garantindo a observância do respeito aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento
Agrário

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c) Promover o diálogo com o Poder Judiciário para a elaboração de procedimento para o


enfrentamento de casos de conflitos fundiários coletivos urbanos e rurais.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento
Agrário
d) Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicial das
demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva
com os envolvidos, com a presença do Ministério Público, do poder público local, órgãos
públicos especializados e Polícia Militar, como medida preliminar à avaliação da concessão
de medidas liminares, sem prejuízo de outros meios institucionais para solução de conflitos.
d) Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação nas demandas de
conflitos coletivos agrários e urbanos, priorizando a oitiva do INCRA, institutos de terras
estaduais, Ministério Público e outros órgãos públicos especializados, sem prejuízo de
outros meios institucionais para solução de conflitos. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177,
de 2010)
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Justiça
Eixo Orientador V:
Educação e cultura em Direitos Humanos
A educação e a cultura em Direitos Humanos visam à formação de nova mentalidade
coletiva para o exercício da solidariedade, do respeito às diversidades e da tolerância. Como
processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos, seu
objetivo é combater o preconceito, a discriminação e a violência, promovendo a adoção de
novos valores de liberdade, justiça e igualdade.
A educação em Direitos Humanos, como canal estratégico capaz de produzir uma sociedade
igualitária, extrapola o direito à educação permanente e de qualidade. Trata-se de mecanismo
que articula, entre outros elementos: a) a apreensão de conhecimentos historicamente
construídos sobre Direitos Humanos e a sua relação com os contextos internacional, regional,
nacional e local; b) a afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura
dos Direitos Humanos em todos os espaços da sociedade; c) a formação de consciência cidadã
capaz de se fazer presente nos níveis cognitivo, social, ético e político; d) o desenvolvimento
de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens
e materiais didáticos contextualizados; e) o fortalecimento de políticas que gerem ações e
instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos Direitos Humanos, bem
como da reparação das violações.
O PNDH-3 dialoga com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) como
referência para a política nacional de Educação e Cultura em Direitos Humanos, estabelecendo
os alicerces a serem adotados nos âmbitos nacional, estadual, distrital e municipal.
O PNEDH, refletido neste programa, se desdobra em cinco grandes áreas:
Na educação básica, a ênfase do PNDH-3 é possibilitar, desde a infância, a formação de
sujeitos de direito, priorizando as populações historicamente vulnerabilizadas. A troca de
experiências entre crianças de diferentes raças e etnias, imigrantes, com deficiência física ou
mental, fortalece, desde cedo, sentimento de convivência pacífica. Conhecer o diferente, desde

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a mais tenra idade, é perder o medo do desconhecido, formar opinião respeitosa e combater o
preconceito, às vezes arraigado na própria família.
No PNDH-3, essa concepção se traduz em propostas de mudanças curriculares, incluindo
a educação transversal e permanente nos temas ligados aos Direitos Humanos e, mais
especificamente, o estudo da temática de gênero e orientação sexual, das culturas indígena e
afro-brasileira entre as disciplinas do ensino fundamental e médio.
No ensino superior, as metas previstas visam a incluir os Direitos Humanos, por meio
de diferentes modalidades como disciplinas, linhas de pesquisa, áreas de concentração,
transversalização incluída nos projetos acadêmicos dos diferentes cursos de graduação e pós-
graduação, bem como em programas e projetos de extensão.
A educação não formal em Direitos Humanos é orientada pelos princípios da emancipação
e da autonomia, configurando-se como processo de sensibilização e formação da consciência
crítica. Desta forma, o PNDH-3 propõe inclusão da temática de Educação em Direitos Humanos
nos programas de capacitação de lideranças comunitárias e nos programas de qualificação
profissional, alfabetização de jovens e adultos, entre outros. Volta-se, especialmente, para
o estabelecimento de diálogo e parcerias permanentes como o vasto leque brasileiro de
movimentos populares, sindicatos, igrejas, ONGs, clubes, entidades empresariais e toda sorte
de agrupamentos da sociedade civil que desenvolvem atividades formativas em seu cotidiano.
A formação e a educação continuada em Direitos Humanos, com recortes de gênero,
relações étnico-raciais e de orientação sexual, em todo o serviço público, especialmente entre
os agentes do sistema de Justiça de segurança pública, são fundamentais para consolidar o
Estado Democrático e a proteção do direito à vida e à dignidade, garantindo tratamento igual a
todas as pessoas e o funcionamento de sistemas de Justiça que promovam os Direitos Humanos.
Por fim, aborda-se o papel estratégico dos meios de comunicação de massa, no sentido
de construir ou desconstruir ambiente nacional e cultura social de respeito e proteção aos
Direitos Humanos. Daí a importância primordial de introduzir mudanças que assegurem
ampla democratização desses meios, bem como de atuar permanentemente junto a todos os
profissionais e empresas do setor (seminários, debates, reportagens, pesquisas e conferências),
buscando sensibilizar e conquistar seu compromisso ético com a afirmação histórica dos
Direitos Humanos.
Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em
Direitos Humanos para fortalecer cultura de direitos.
Objetivo estratégico I:
Implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos − PNEDH
Ações programáticas:
a) Desenvolver ações programáticas e promover articulação que viabilizem a implantação e a
implementação do PNEDH.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça
b) Implantar mecanismos e instrumentos de monitoramento, avaliação e atualização do
PNEDH, em processos articulados de mobilização nacional.

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Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;


Ministério da Educação; Ministério da Justiça
c) Fomentar e apoiar a elaboração de planos estaduais e municipais de educação em Direitos
Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça
d) Apoiar técnica e financeiramente iniciativas em educação em Direitos Humanos, que
estejam em consonância com o PNEDH.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça
e) Incentivar a criação e investir no fortalecimento dos comitês de educação em Direitos
Humanos em todos os Estados e no Distrito Federal, como órgãos consultivos e propositivos
da política de educação em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça
Objetivo Estratégico II:
Ampliação de mecanismos e produção de materiais pedagógicos e didáticos para Educação em
Direitos Humanos.
Ações programáticas:
a) Incentivar a criação de programa nacional de formação em educação em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
b) Estimular a temática dos Direitos Humanos nos editais de avaliação e seleção de obras
didáticas do sistema de ensino.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação;
c) Estabelecer critérios e indicadores de avaliação de publicações na temática de Direitos
Humanos para o monitoramento da escolha de livros didáticos no sistema de ensino.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
d) Atribuir premiação anual de educação em Direitos Humanos, como forma de incentivar a
prática de ações e projetos de educação e cultura em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
e) Garantir a continuidade da “Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul” e o
“Festival dos Direitos Humanos” como atividades culturais para difusão dos Direitos
Humanos.

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Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
f) Consolidar a revista “Direitos Humanos” como instrumento de educação e cultura em
Direitos Humanos, garantindo o caráter representativo e plural em seu conselho editorial.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
g) Produzir recursos pedagógicos e didáticos especializados e adquirir materiais e
equipamentos em formato acessível para a educação em Direitos Humanos, para todos os
níveis de ensino.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
h) Publicar materiais pedagógicos e didáticos para a educação em Direitos Humanos em
formato acessível para as pessoas com deficiência, bem como promover o uso da Língua
Brasileira de Sinais (Libras) em eventos ou divulgação em mídia.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação.
i) Fomentar o acesso de estudantes, professores e demais profissionais da educação às
tecnologias da informação e comunicação.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas
de educação básica, nas instituições de ensino superior e outras instituições formadoras.
Objetivo Estratégico I:
Inclusão da temática de Educação e Cultura em Direitos Humanos nas escolas de educação
básica e em outras instituições formadoras.
Ações Programáticas:
a) Estabelecer diretrizes curriculares para todos os níveis e modalidades de ensino da
educação básica para a inclusão da temática de educação e cultura em Direitos Humanos,
promovendo o reconhecimento e o respeito das diversidades de gênero, orientação sexual,
identidade de gênero, geracional, étnico-racial, religiosa, com educação igualitária, não
discriminatória e democrática.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República
b) Promover a inserção da educação em Direitos Humanos nos processos de formação inicial
e continuada de todos os profissionais da educação, que atuam nas redes de ensino e nas
unidades responsáveis por execução de medidas socioeducativas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
c) Incluir, nos programas educativos, o direito ao meio ambiente como Direito Humano.

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Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da


Presidência da República; Ministério da Educação
d) Incluir conteúdos, recursos, metodologias e formas de avaliação da educação em Direitos
Humanos nos sistemas de ensino da educação básica.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
e) Desenvolver ações nacionais de elaboração de estratégias de mediação de conflitos e de
Justiça Restaurativa nas escolas, e outras instituições formadoras e instituições de ensino
superior, inclusive promovendo a capacitação de docentes para a identificação de violência
e abusos contra crianças e adolescentes, seu encaminhamento adequado e a reconstrução
das relações no âmbito escolar.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça
f) Publicar relatório periódico de acompanhamento da inclusão da temática dos Direitos
Humanos na educação formal que contenha, pelo menos, as seguintes informações:
•• Número de Estados e Municípios que possuem planos de educação em Direitos
Humanos;
•• Existência de normas que incorporam a temática de Direitos Humanos nos currículos
escolares;
•• Documentos que atestem a existência de comitês de educação em Direitos Humanos;
•• Documentos que atestem a existência de órgãos governamentais especializados em
educação em Direitos Humanos.

Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República


g) Desenvolver e estimular ações de enfrentamento ao bullying e ao cyberbulling.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
h) Implementar e acompanhar a aplicação das leis que dispõem sobre a inclusão da história e
cultura afro-brasileira e dos povos indígenas em todos os níveis e modalidades da educação
básica.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
Objetivo Estratégico II:
Inclusão da temática da Educação em Direitos Humanos nos cursos das Instituições de Ensino
Superior.
Ações Programáticas:
a) Propor a inclusão da temática da educação em Direitos Humanos nas diretrizes curriculares
nacionais dos cursos de graduação.

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Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
b) Incentivar a elaboração de metodologias pedagógicas de caráter transdisciplinar e
interdisciplinar para a educação em Direitos Humanos nas Instituições de Ensino Superior.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
c) Elaborar relatórios sobre a inclusão da temática dos Direitos Humanos no ensino superior,
contendo informações sobre a existência de ouvidorias e sobre o número de:
•• cursos de pós-graduação com áreas de concentração em Direitos Humanos;
•• grupos de pesquisa em Direitos Humanos;
•• cursos com a transversalização dos Direitos Humanos nos projetos políticos
pedagógicos;
•• disciplinas em Direitos Humanos;
•• teses e dissertações defendidas;
•• associações e instituições dedicadas ao tema e com as quais os docentes e
pesquisadores tenham vínculo;
•• núcleos e comissões que atuam em Direitos Humanos;
•• educadores com ações no tema Direitos Humanos;
•• projetos de extensão em Direitos Humanos;
•• Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
d) Fomentar a realização de estudos, pesquisas e a implementação de projetos de extensão
sobre o período do regime 1964-1985, bem como apoiar a produção de material didático, a
organização de acervos históricos e a criação de centros de referências.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça
e) Incentivar a realização de estudos, pesquisas e produção bibliográfica sobre a história e a
presença das populações tradicionais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Ministério da Justiça

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Objetivo Estratégico III:


Incentivo à transdisciplinariedade e transversalidade nas atividades acadêmicas em Direitos
Humanos.
Ações Programáticas:
a) Incentivar o desenvolvimento de cursos de graduação, de formação continuada e programas
de pós-graduação em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República
b) Fomentar núcleos de pesquisa de educação em Direitos Humanos em instituições de ensino
superior e escolas públicas e privadas, estruturando-as com equipamentos e materiais
didáticos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Ciência e Tecnologia
c) Fomentar e apoiar, no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a
criação da área “Direitos Humanos” como campo de conhecimento transdisciplinar e
recomendar às agências de fomento que abram linhas de financiamento para atividades de
ensino, pesquisa e extensão em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Fazenda
d) Implementar programas e ações de fomento à extensão universitária em direitos humanos,
para promoção e defesa dos Direitos Humanos e o desenvolvimento da cultura e educação
em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos
Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico I:
Inclusão da temática da educação em Direitos Humanos na educação não formal.
Ações programáticas:
a) Fomentar a inclusão da temática de Direitos Humanos na educação não formal, nos
programas de qualificação profissional, alfabetização de jovens e adultos, extensão rural,
educação social comunitária e de cultura popular.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento Agrário; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República

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b) Apoiar iniciativas de educação popular em Direitos Humanos desenvolvidas por
organizações comunitárias, movimentos sociais, organizações não governamentais e outros
agentes organizados da sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da
Cultura; Ministério da Justiça
c) Apoiar e promover a capacitação de agentes multiplicadores para atuarem em projetos de
educação em Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
d) Apoiar e desenvolver programas de formação em comunicação e Direitos Humanos para
comunicadores comunitários.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério das Comunicações; Ministério da Cultura
e) Desenvolver iniciativas que levem a incorporar a temática da educação em Direitos
Humanos nos programas de inclusão digital e de educação à distância.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério das Comunicações; Ministério de Ciência e Tecnologia
f) Apoiar a incorporação da temática da educação em Direitos Humanos nos programas e
projetos de esporte, lazer e cultura como instrumentos de inclusão social.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
g) Fortalecer experiências alternativas de educação para os adolescentes, bem como para
monitores e profissionais do sistema de execução de medidas socioeducativas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
Resgate da memória por meio da reconstrução da história dos movimentos sociais.
Ações programáticas:
a) Promover campanhas e pesquisas sobre a história dos movimentos de grupos
historicamente vulnerabilizados, tais como o segmento LGBT, movimentos de mulheres,
quebradeiras de coco, castanheiras, ciganos, entre outros.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
b) Apoiar iniciativas para a criação de museus voltados ao resgate da cultura e da história dos
movimentos sociais.

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Responsáveis: Ministério da Cultura; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da


Presidência da República
Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público.
Objetivo Estratégico I:
Formação e capacitação continuada dos servidores públicos em Direitos Humanos, em todas as
esferas de governo.
Ações programáticas:
a) Apoiar e desenvolver atividades de formação e capacitação continuadas interdisciplinares
em Direitos Humanos para servidores públicos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão; Ministério das Relações Exteriores
b) Incentivar a inserção da temática dos Direitos Humanos nos programas das escolas de
formação de servidores vinculados aos órgãos públicos federais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República
c) Publicar materiais didático-pedagógicos sobre Direitos Humanos e função pública,
desdobrando temas e aspectos adequados ao diálogo com as várias áreas de atuação dos
servidores públicos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Objetivo Estratégico II:
Formação adequada e qualificada dos profissionais do sistema de segurança pública.
Ações programáticas:
a) Oferecer, continuamente e permanentemente, cursos em Direitos Humanos para os
profissionais do sistema de segurança pública e justiça criminal.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
República
b) Oferecer permanentemente cursos de especialização aos gestores, policiais e demais
profissionais do sistema de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça
c) Publicar materiais didático-pedagógicos sobre segurança pública e Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República

www.acasadoconcurseiro.com.br 423
d) Incentivar a inserção da temática dos Direitos Humanos nos programas das escolas de
formação inicial e continuada dos membros das Forças Armadas.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Defesa
e) Criar escola nacional de polícia para educação continuada dos profissionais do sistema de
segurança pública, com enfoque prático.
Responsável: Ministério da Justiça
f) Apoiar a capacitação de policiais em direitos das crianças, em aspectos básicos do
desenvolvimento infantil e em maneiras de lidar com grupos em situação de vulnerabilidade,
como crianças e adolescentes em situação de rua, vítimas de exploração sexual e em
conflito com a lei.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos.
Objetivo Estratégico I:
Promover o respeito aos Direitos Humanos nos meios de comunicação e o cumprimento de seu
papel na promoção da cultura em Direitos Humanos.
Ações Programáticas:
a) Propor a criação de marco legal regulamentando o art. 221 da Constituição, estabelecendo
o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos,
permitidos ou autorizados, como condição para sua outorga e renovação, prevendo penalidades
administrativas como advertência, multa, suspensão da programação e cassação, de acordo
com a gravidade das violações praticadas.
a) Propor a criação de marco legal, nos termos do art. 221 da Constituição, estabelecendo o
respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos,
permitidos ou autorizados. (Redação dada pelo decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério da Cultura
b) Promover diálogo com o Ministério Público para proposição de ações objetivando a
suspensão de programação e publicidade atentatórias aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Suspender patrocínio e publicidade oficial em meios que veiculam programações
atentatórias aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça

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Programa nacional de direitos humanos - DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 – Prof. Cristiano de Souza

d) Elaborar critérios de acompanhamento editorial a fim de criar ranking nacional de veículos


de comunicação comprometidos com os princípios de Direitos Humanos, assim como os que
cometem violações. (Revogado pelo decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República; Ministério da Cultura; Ministério da Justiça (Revogado pelo decreto nº 7.177, de
2010)
e) Desenvolver programas de formação nos meios de comunicação públicos como instrumento
de informação e transparência das políticas públicas, de inclusão digital e de acessibilidade.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
f) Avançar na regularização das rádios comunitárias e promover incentivos para que se
afirmem como instrumentos permanentes de diálogo com as comunidades locais.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
g) Promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso de pessoas com deficiência
sensorial à programação em todos os meios de comunicação e informação, em conformidade
com o Decreto no 5.296/2004, bem como acesso a novos sistemas e tecnologias, incluindo
Internet.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça
Objetivo Estratégico II:
Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação.
Ações Programáticas:
a) Promover parcerias com entidades associativas de mídia, profissionais de comunicação,
entidades sindicais e populares para a produção e divulgação de materiais sobre Direitos
Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Cultura; Ministério das Comunicações
b) Incentivar pesquisas regulares que possam identificar formas, circunstâncias e
características de violações dos Direitos Humanos na mídia.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República
c) Incentivar a produção de filmes, vídeos, áudios e similares, voltada para a educação em
Direitos Humanos e que reconstrua a história recente do autoritarismo no Brasil, bem
como as iniciativas populares de organização e de resistência.
Responsáveis: Ministério das Comunicações; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério da Justiça

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Eixo Orientador VI:
Direito à Memória e à Verdade
A investigação do passado é fundamental para a construção da cidadania. Estudar o
passado, resgatar sua verdade e trazer à tona seus acontecimentos caracterizam forma de
transmissão de experiência histórica, que é essencial para a constituição da memória individual
e coletiva.
O Brasil ainda processa com dificuldades o resgate da memória e da verdade sobre o
que ocorreu com as vítimas atingidas pela repressão política durante o regime de 1964. A
impossibilidade de acesso a todas as informações oficiais impede que familiares de mortos e
desaparecidos possam conhecer os fatos relacionados aos crimes praticados e não permite à
sociedade elaborar seus próprios conceitos sobre aquele período.
A história que não é transmitida de geração a geração torna-se esquecida e silenciada.
O silêncio e o esquecimento das barbáries geram graves lacunas na experiência coletiva de
construção da identidade nacional. Resgatando a memória e a verdade, o País adquire
consciência superior sobre sua própria identidade, a democracia se fortalece. As tentações
totalitárias são neutralizadas e crescem as possibilidades de erradicação definitiva de alguns
resquícios daquele período sombrio, como a tortura, por exemplo, ainda persistente no
cotidiano brasileiro.
O trabalho de reconstituir a memória exige revisitar o passado e compartilhar experiências
de dor, violência e mortes. Somente depois de lembrá-las e fazer seu luto, será possível superar
o trauma histórico e seguir adiante. A vivência do sofrimento e das perdas não pode ser reduzida
a conflito privado e subjetivo, uma vez que se inscreveu num contexto social, e não individual.
A compreensão do passado por intermédio da narrativa da herança histórica e pelo
reconhecimento oficial dos acontecimentos possibilita aos cidadãos construírem os valores que
indicarão sua atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos produzidos
durante o regime militar é fundamental no âmbito das políticas de proteção dos Direitos
Humanos.
Desde os anos 1990, a persistência de familiares de mortos e desaparecidos vem obtendo
vitórias significativas nessa luta, com abertura de importantes arquivos estaduais sobre
a repressão política do regime ditatorial. Em dezembro de 1995, coroando difícil e delicado
processo de discussão entre esses familiares, o Ministério da Justiça e o Poder Legislativo
Federal, foi aprovada a Lei no 9.140/95, que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro
pela morte de opositores ao regime de 1964.
Essa Lei instituiu Comissão Especial com poderes para deferir pedidos de indenização das
famílias de uma lista inicial de 136 pessoas e julgar outros casos apresentados para seu exame.
No art. 4o, inciso II, a Lei conferiu à Comissão Especial também a incumbência de envidar
esforços para a localização dos corpos de pessoas desaparecidas no caso de existência de
indícios quanto ao local em que possam estar depositados.
Em 24 de agosto de 2001, foi criada, pela Medida Provisória no 2151-3, a Comissão de
Anistia do Ministério da Justiça. Esse marco legal foi reeditado pela Medida Provisória no 65, de
28 de agosto de 2002, e finalmente convertido na Lei no 10.559, de 13 de novembro de 2002.
Essa norma regulamentou o art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
da Constituição de 1988, que previa a concessão de anistia aos que foram perseguidos em

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Programa nacional de direitos humanos - DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 – Prof. Cristiano de Souza

decorrência de sua oposição política. Em dezembro de 2005, o Governo Federal determinou


que os três arquivos da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) fossem entregues ao Arquivo
Nacional, subordinado à Casa Civil, onde passaram a ser organizados e digitalizados.
Em agosto de 2007, em ato oficial coordenado pelo Presidente da República, foi lançado,
pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e pela Comissão
Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, o livro-relatório “Direito à Memória e à
Verdade”, registrando os onze anos de trabalho daquela Comissão e resumindo a história das
vítimas da ditadura no Brasil.
A trajetória de estudantes, profissionais liberais, trabalhadores e camponeses que se
engajaram no combate ao regime militar aparece como documento oficial do Estado brasileiro.
O Ministério da Educação e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos formularam parceria
para criar portal que incluirá o livro-relatório, ampliado com abordagem que apresenta o
ambiente político, econômico, social e principalmente os aspectos culturais do período. Serão
distribuídas milhares de cópias desse material em mídia digital para estudantes de todo o País.
Em julho de 2008, o Ministério da Justiça e a Comissão de Anistia promoveram audiência
pública sobre “Limites e Possibilidades para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores
de Direitos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil”, que discutiu a interpretação da Lei
de Anistia de 1979 no que se refere à controvérsia jurídica e política, envolvendo a prescrição
ou imprescritibilidade dos crimes de tortura.
A Comissão de Anistia já realizou setecentas sessões de julgamento e promoveu, desde
2008, trinta caravanas, possibilitando a participação da sociedade nas discussões, e contribuindo
para a divulgação do tema no País. Até 1o de novembro de 2009, já haviam sido apreciados
por essa Comissão mais de cinquenta e dois mil pedidos de concessão de anistia, dos quais
quase trinta e cinco mil foram deferidos e cerca de dezessete mil, indeferidos. Outros doze mil
pedidos aguardavam julgamento, sendo possível, ainda, a apresentação de novas solicitações.
Em julho de 2009, em Belo Horizonte, o Ministro de Estado da Justiça realizou audiência pública
de apresentação do projeto Memorial da Anistia Política do Brasil, envolvendo a remodelação
e construção de novo edifício junto ao antigo “Coleginho” da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), onde estará disponível para pesquisas todo o acervo da Comissão de Anistia.
No âmbito da sociedade civil, foram levadas ao Poder Judiciário importantes ações que
provocaram debate sobre a interpretação das leis e a apuração de responsabilidades. Em
1982, um grupo de familiares entrou com ação na Justiça Federal para a abertura de arquivos
e localização dos restos mortais dos mortos e desaparecidos políticos no episódio conhecido
como “Guerrilha do Araguaia”. Em 2003, foi proferida sentença condenando a União, que
recorreu e, posteriormente, criou Comissão Interministerial pelo Decreto no 4.850, de 2 de
outubro de 2003, com a finalidade de obter informações que levassem à localização dos restos
mortais de participantes da “Guerrilha do Araguaia”. Os trabalhos da Comissão Interministerial
encerraram-se em março de 2007, com a divulgação de seu relatório final.
Em agosto de 1995, o Centro de Estudos para a Justiça e o Direito Internacional
(CEJIL) e a Human Rights Watch/América (HRWA), em nome de um grupo de familiares,
apresentaram petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando o
desaparecimento de integrantes da “Guerrilha do Araguaia”. Em 31 de outubro de 2008, a CIDH
expediu o Relatório de Mérito no 91/08, onde fez recomendações ao Estado brasileiro. Em
26 de março de 2009, a CIDH submeteu o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos,

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requerendo declaração de responsabilidade do Estado brasileiro sobre violações de direitos
humanos ocorridas durante as operações de repressão àquele movimento.
Em 2005 e 2008, duas famílias iniciaram, na Justiça Civil, ações declaratórias para o
reconhecimento das torturas sofridas por seus membros, indicando o responsável pelas
sevícias. Ainda em 2008, o Ministério Público Federal em São Paulo propôs Ação Civil Pública
contra dois oficiais do exército acusados de determinarem prisão ilegal, tortura, homicídio e
desaparecimento forçado de dezenas de cidadãos.
Tramita também, no âmbito do Supremo Tribunal Federal, Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil, que solicita a mais alta corte brasileira posicionamento formal para saber se, em 1979,
houve ou não anistia dos agentes públicos responsáveis pela prática de tortura, homicídio,
desaparecimento forçado, abuso de autoridade, lesões corporais e estupro contra opositores
políticos, considerando, sobretudo, os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e a
insuscetibilidade de graça ou anistia do crime de tortura.
Em abril de 2009, o Ministério da Defesa, no contexto da decisão transitada em julgado
da referida ação judicial de 1982, criou Grupo de Trabalho para realizar buscas de restos
mortais na região do Araguaia, sendo que, por ordem expressa do Presidente da República,
foi instituído Comitê Interinstitucional de Supervisão, com representação dos familiares de
mortos e desaparecidos políticos, para o acompanhamento e orientação dos trabalhos. Após
três meses de buscas intensas, sem que tenham sido encontrados restos mortais, os trabalhos
foram temporariamente suspensos devido às chuvas na região, prevendo-se sua retomada ao
final do primeiro trimestre de 2010.
Em maio de 2009, o Presidente da República coordenou o ato de lançamento do projeto
Memórias Reveladas, sob responsabilidade da Casa Civil, que interliga digitalmente o acervo
recolhido ao Arquivo Nacional após dezembro de 2005, com vários outros arquivos federais
sobre a repressão política e com arquivos estaduais de quinze unidades da federação, superando
cinco milhões de páginas de documentos (www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br).
Cabe, agora, completar esse processo mediante recolhimento ao Arquivo Nacional de
todo e qualquer documento indevidamente retido ou ocultado, nos termos da Portaria
Interministerial assinada na mesma data daquele lançamento. Cabe também sensibilizar
o Legislativo pela aprovação do Projeto de Lei no 5.228/2009, assinado pelo Presidente da
República, que introduz avanços democratizantes nas normas reguladoras do direito de acesso
à informação.
Iimportância superior nesse resgate da história nacional está no imperativo de localizar
os restos mortais de pelo menos cento e quarenta brasileiros e brasileiras que foram mortos
pelo aparelho de repressão do regime ditatorial. A partir de junho de 2009, a Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República planejou, concebeu e veiculou abrangente
campanha publicitária de televisão, internet, rádio, jornais e revistas de todo o Brasil buscando
sensibilizar os cidadãos sobre essa questão. As mensagens solicitavam que informações sobre
a localização de restos mortais ou sobre qualquer documento e arquivos envolvendo assuntos
da repressão política entre 1964 e 1985 sejam encaminhados ao Memórias Reveladas. Seu
propósito é assegurar às famílias o exercício do direito sagrado de prantear seus entes queridos
e promover os ritos funerais, sem os quais desaparece a certeza da morte e se perpetua
angústia que equivale a nova forma de tortura.

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Programa nacional de direitos humanos - DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 – Prof. Cristiano de Souza

As violações sistemáticas dos Direitos Humanos pelo Estado durante o regime ditatorial são
desconhecidas pela maioria da população, em especial pelos jovens. A radiografia dos atingidos
pela repressão política ainda está longe de ser concluída, mas calcula-se que pelo menos
cinquenta mil pessoas foram presas somente nos primeiros meses de 1964; cerca de vinte mil
brasileiros foram submetidos a torturas e cerca de quatrocentos cidadãos foram mortos ou
estão desaparecidos. Ocorreram milhares de prisões políticas não registradas, cento e trinta
banimentos, quatro mil, oitocentos e sessenta e duas cassações de mandatos políticos, uma
cifra incalculável de exílios e refugiados políticos.
As ações programáticas deste eixo orientador têm como finalidade assegurar o
processamento democrático e republicano de todo esse período da história brasileira, para
que se viabilize o desejável sentimento de reconciliação nacional. E para se construir consenso
amplo no sentido de que as violações sistemáticas de Direitos Humanos registradas entre 1964
e 1985, bem como no período do Estado Novo, não voltem a ocorrer em nosso País, nunca
mais.
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e
dever do Estado.
Objetivo Estratégico I:
Promover a apuração e o esclarecimento público das violações de Direitos Humanos praticadas
no contexto da repressão política ocorrida no Brasil no período fixado pelo art. 8o do ADCT
da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a
reconciliação nacional.
Ação Programática:
a) Designar grupo de trabalho composto por representantes da Casa Civil, do Ministério
da Justiça, do Ministério da Defesa e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República, para elaborar, até abril de 2010, projeto de lei que institua
Comissão Nacional da Verdade, composta de forma plural e suprapartidária, com mandato
e prazo definidos, para examinar as violações de Direitos Humanos praticadas no contexto
da repressão política no período mencionado, observado o seguinte:
•• O grupo de trabalho será formado por representantes da Casa Civil da Presidência
da República, que o presidirá, do Ministério da Justiça, do Ministério da Defesa, da
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, do presidente da
Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, criada pela Lei no 9.140/95
e de representante da sociedade civil, indicado por esta Comissão Especial;
•• Com o objetivo de promover o maior intercâmbio de informações e a proteção
mais eficiente dos Direitos Humanos, a Comissão Nacional da Verdade estabelecerá
coordenação com as atividades desenvolvidas pelos seguintes órgãos:
•• Arquivo Nacional, vinculado à Casa Civil da Presidência da República;
•• Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça;
•• Comissão Especial criada pela Lei no 9.140/95, vinculada à Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República;
•• Comitê Interinstitucional de Supervisão instituído pelo Decreto Presidencial de 17 de
julho de 2009;

www.acasadoconcurseiro.com.br 429
•• Grupo de Trabalho instituído pela Portaria no 567/MD, de 29 de abril de 2009, do
Ministro de Estado da Defesa;
•• No exercício de suas atribuições, a Comissão Nacional da Verdade poderá realizar as
seguintes atividades:
•• requisitar documentos públicos, com a colaboração das respectivas autoridades, bem
como requerer ao Judiciário o acesso a documentos privados;
•• colaborar com todas as instâncias do Poder Público para a apuração de violações de
Direitos Humanos, observadas as disposições da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979;
•• promover, com base em seus informes, a reconstrução da história dos casos de violação
de Direitos Humanos, bem como a assistência às vítimas de tais violações;
•• promover, com base no acesso às informações, os meios e recursos necessários para a
localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos;
•• identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a prática de violações de
Direitos Humanos, suas ramificações nos diversos aparelhos do Estado e em outras
instâncias da sociedade;
•• registrar e divulgar seus procedimentos oficiais, a fim de garantir o esclarecimento
circunstanciado de torturas, mortes e desaparecimentos, devendo-se discriminá-los e
encaminhá-los aos órgãos competentes;
•• apresentar recomendações para promover a efetiva reconciliação nacional e prevenir
no sentido da não repetição de violações de Direitos Humanos.
•• A Comissão Nacional da Verdade deverá apresentar, anualmente, relatório
circunstanciado que exponha as atividades realizadas e as respectivas conclusões,
com base em informações colhidas ou recebidas em decorrência do exercício de suas
atribuições.

Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade.


Objetivo Estratégico I:
Incentivar iniciativas de preservação da memória histórica e de construção pública da verdade
sobre períodos autoritários.
Ações programáticas:
a) Disponibilizar linhas de financiamento para a criação de centros de memória sobre a
repressão política, em todos os Estados, com projetos de valorização da história cultural e
de socialização do conhecimento por diversos meios de difusão.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Ministério da Educação
b) Criar comissão específica, em conjunto com departamentos de História e centros de
pesquisa, para reconstituir a história da repressão ilegal relacionada ao Estado Novo
(1937-1945). Essa comissão deverá publicar relatório contendo os documentos que
fundamentaram essa repressão, a descrição do funcionamento da justiça de exceção, os
responsáveis diretos no governo ditatorial, registros das violações, bem como dos autores
e das vítimas.

430 www.acasadoconcurseiro.com.br
Programa nacional de direitos humanos - DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 – Prof. Cristiano de Souza

Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;


Ministério da Educação; Ministério da Justiça; Ministério da Cultura
c) Identificar e sinalizar locais públicos que serviram à repressão ditatorial, bem como locais
onde foram ocultados corpos e restos mortais de perseguidos políticos.
c) Identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias
relacionados à prática de violações de direitos humanos, suas eventuais ramificações nos
diversos aparelhos estatais e na sociedade, bem como promover, com base no acesso às
informações, os meios e recursos necessários para a localização e identificação de corpos e
restos mortais de desaparecidos políticos. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Casa
Civil da Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da
Presidência da República
d) Criar e manter museus, memoriais e centros de documentação sobre a resistência à
ditadura.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência
da República
e) Apoiar técnica e financeiramente a criação de observatórios do Direito à Memória e à
Verdade nas universidades e em organizações da sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação
f) Desenvolver programas e ações educativas, inclusive a produção de material didático-
pedagógico para ser utilizado pelos sistemas de educação básica e superior sobre o regime de
1964-1985 e sobre a resistência popular à repressão.
f) Desenvolver programas e ações educativas, inclusive a produção de material didático-
pedagógico para ser utilizado pelos sistemas de educação básica e superior sobre graves
violações de direitos humanos ocorridas no período fixado no art. 8º do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177,
de 2010)
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Educação; Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Ministério de Ciência e
Tecnologia
Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do direito à memória e
à verdade, fortalecendo a democracia.

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Objetivo Estratégico I:
Suprimir do ordenamento jurídico brasileiro eventuais normas remanescentes de períodos de
exceção que afrontem os compromissos internacionais e os preceitos constitucionais sobre
Direitos Humanos.
Ações Programáticas:
a) Criar grupo de trabalho para acompanhar, discutir e articular, com o Congresso Nacional,
iniciativas de legislação propondo:
•• revogação de leis remanescentes do período 1964-1985 que sejam contrárias à garantia
dos Direitos Humanos ou tenham dado sustentação a graves violações;
•• revisão de propostas legislativas envolvendo retrocessos na garantia dos Direitos
Humanos em geral e no direito à memória e à verdade.

Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;


Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República
b) Propor e articular o reconhecimento do status constitucional de instrumentos internacionais
de Direitos Humanos novos ou já existentes ainda não ratificados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República;
Ministério das Relações Exteriores
c) Propor legislação de abrangência nacional proibindo que logradouros, atos e próprios
nacionais e prédios públicos recebam nomes de pessoas que praticaram crimes de lesa-
humanidade, bem como determinar a alteração de nomes que já tenham sido atribuídos.
c) Fomentar debates e divulgar informações no sentido de que logradouros, atos e
próprios nacionais ou prédios públicos não recebam nomes de pessoas identificadas
reconhecidamente como torturadores. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Casa Civil da Presidência da República; Secretaria de Relações
Institucionais da Presidência da República
d) Acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos de responsabilização civil ou
criminal sobre casos que envolvam atos relativos ao regime de 1964-1985.
d) Acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos de responsabilização civil
sobre casos que envolvam graves violações de direitos humanos praticadas no período
fixado no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
1988. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;
Ministério da Justiça

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Direitos Humanos

Professor André Vieira

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Direitos Humanos

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
DESTINATÁRIOS DO ART. 5º:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

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II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

TORTURA – ART. 5º, III e LIII


III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

DIREITO DE OPINIÃO
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;

LIBERDADE DE CRENÇA RELIGIOSA

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício


dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

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Direitos Humanos – Prof. André Vieira

DIREITO DE EXPRESSÃO
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;

INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, DA VIDA PRIVADA, DA HONRA E DA IMAGEM


X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

DIA NOITE

SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA E DE COMUNICAÇÃO

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional;

LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

DIREITO DE REUNIÃO E ASSOCIAÇÃO XV a XXI


XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

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ASSOCIAÇÃO

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

PROPRIEDADE

XXII – é garantido o direito de propriedade;


XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
A indenização deverá ser

Justa

Prévia

Em dinheiro

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Direitos Humanos – Prof. André Vieira

PROPRIEDADE INTELECTUAL

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e
voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de
que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX – é garantido o direito de herança;


XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus;
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal;

PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE JURISDICIONAL - ACESSO À JUSTIÇA


XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

www.acasadoconcurseiro.com.br 439
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - ANTERIORIDADE
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL


XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

CRIMES

XLII – a prática do racismo constitui crime INAFIANÇÁVEL e IMPRESCRITÍVEL, sujeito à pena


de reclusão, nos termos da lei;
XLIII – a lei considerará crimes INAFIANÇÁVEIS e INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA OU ANISTIA
a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime INAFIANÇÁVEL e IMPRESCRITÍVEL a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

CRIMES INAFIANÇÁVEL IMPRESCRITÍVEL INSUSCETÍVEIS


RACISMO
AGA
TORTURA
TRÁFICO
TERRORISMO
HEDIONDO

Considerações

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PENAS

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o


dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
e contra eles executadas, ATÉ O LIMITE DO VALOR DO PATRIMÔNIO TRANSFERIDO;

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII – não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

XLVIII – a pena será cumprida em ESTABELECIMENTOS DISTINTOS, de acordo com a


NATUREZA DO DELITO, a IDADE e o SEXO do apenado;

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

RECEPCIONA NÃO RECEPCIONA

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XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

IMAGEM FORTE! http://www.youtube.com/watch?v=_XDA6SRPnSQ

L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;

EXTRADIÇÃO

LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,


praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

Considerações

PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL – XXXVII e LIII


LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela AUTORIDADE COMPETENTE;

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PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL


LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA – FRUITS OF THE POISONOUS


TREE
LVI – são inadmissíveis, no processo, AS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS;

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA


LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem;

www.acasadoconcurseiro.com.br 443
PRESO

LXI – ninguém será PRESO senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;

PRISÃO

LXII – a PRISÃO de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados


imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

PRESO

LXIII – o PRESO será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV – o PRESO tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

444 www.acasadoconcurseiro.com.br
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PRISÃO

LXV – a PRISÃO ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;


LXVI – ninguém será levado à PRISÃO ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
LXVII – não haverá PRISÃO civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

REMÉDIOS CRIADOS PELA CF/1988

Legislativo

Executivo

Judiciário

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;

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LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

AJIG – Assistência Jurídica Integral e Gratuita


LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;

CHEGOU A MINHA VEZ!!!

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LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:


a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do


processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

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§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm APLICAÇÃO IMEDIATA.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta CONSTITUIÇÃO NÃO EXCLUEM OUTROS
DECORRENTES DO REGIME E DOS PRINCÍPIOS POR ELA ADOTADOS, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais SOBRE DIREITOS HUMANOS que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha
manifestado adesão.

Considerações

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CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

PARA FICAR POR DENTRO – DIREITO A FELICIDADE – PEC 513/2010


http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI115826,41046-PEC+determina+que
+direito+social+e+essencial+a+busca+da+felicidade
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,direito-a-felicidade,675592,0.htm

__________________________________________________________________

PS.: Temos lazer alimentação demais

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
DESTINATÁRIOS DO ART. 7º:

(D – DOMÉSTICO / SP – SERVIDOR PÚBLICO)

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I – ( D ) ( SP ) relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II – ( D ) ( SP ) seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – ( D ) ( SP ) fundo de garantia do tempo de serviço;
IV – ( D ) ( SP ) salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V – ( D ) ( SP ) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI – ( D ) ( SP ) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII – ( D ) ( SP ) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;
VIII – ( D ) ( SP ) décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria;
IX – ( D ) ( SP ) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – ( D ) ( SP ) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – ( D ) ( SP ) participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII – ( D ) ( SP ) salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda
nos termos da lei;
XIII – ( D ) ( SP ) duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta
e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV – ( D ) ( SP ) jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva;
XV – ( D ) ( SP ) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – ( D ) ( SP ) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta
por cento à do normal;
XVII – ( D ) ( SP ) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que
o salário normal;
XVIII – ( D ) ( SP ) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;
XIX – ( D ) ( SP ) licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX – ( D ) ( SP ) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,
nos termos da lei;

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XXI – ( D ) ( SP ) aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta


dias, nos termos da lei;
XXII – ( D ) ( SP ) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;
XXIII – ( D ) ( SP ) adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas,
na forma da lei;
XXIV – ( D ) ( SP ) aposentadoria;
XXV – ( D ) ( SP ) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)
anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVI – ( D ) ( SP ) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII – ( D ) ( SP ) proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII – ( D ) ( SP ) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX – ( D ) ( SP ) ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho;
a) (Revogada).
b) (Revogada).
XXX – ( D ) ( SP ) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – ( D ) ( SP ) proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII – ( D ) ( SP ) proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre
os profissionais respectivos;
XXXIII – ( D ) ( SP ) proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos;
XXXIV – ( D ) ( SP ) igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do
cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a
sua integração à previdência social.

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SEÇÃO II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-rão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIn 2.135-4)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-rão conselho de
política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados
pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19 de 1998) (Vide
ADIn 2.135-4)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV,
VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.

IV - SALÁRIO mínimo fixado em lei...

VII - garantia de salário,

< 645,00
NUNCA INFERIOR AO MÍNIMO,
para os que percebem remuneração
variável;

VIII - DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO


com base na remuneração integral ou no
valor da aposentadoria;

IX - Trabalho NOTURNO superior à do diurno;

XII - SALÁRIO-FAMÍLIA pago em razão


do dependente do trabalhador de baixa
renda nos termos da lei;

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XIII - duração do trabalho normal não superior a OITO


HORAS diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

XV - REPOUSO SEMANAL remunerado,


preferencialmen-te aos domingos;

XVI - remuneração do SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO


SUPERIOR, no mínimo, em cinqüenta por cento
à do normal;

XVII - gozo de FÉRIAS anuais remuneradas com, pelo


menos, um terço a mais do que o salário normal;

XVIII - LICENÇA À GESTANTE, sem prejuízo


do emprego e do salário, com a duração
LICENÇA

de cento e vinte dias;


XIX - LICENÇA-PATERNIDADE, nos termos
fixados em lei;

XX - PROTEÇÃO do mercado de TRABALHO DA MULHER,


mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXII - REDUÇÃO DOS RISCOS INERENTES AO TRABALHO,


por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXX - proibição de DIFERENÇA de salários, de exercício


de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil;

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ANTES DA EC 72
SIDRA FLA
EMPREGADO DOMÉSTICO

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NÃO TEM DIREITO

EMPREGADO DOMÉSTICO

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Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I – a lei não poderá exigir autorização
do Estado para a fundação de sindicato,
ressalvado o registro no órgão competente,
vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
II – é vedada a criação de mais de uma
organização sindical, em qualquer grau,
representativa de categoria profissional
ou econômica, na mesma base territorial,
que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município;
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV – a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,
será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Considerações

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Direitos Humanos – Prof. André Vieira

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.

COLEGIADOS DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS

E OU E

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Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Nas empresas de:

Assegurada

Finalidade

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Direitos Humanos

Professora Alessandra Vieira

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Direito Constitucional

DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:


I – natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)
II – naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil
há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor
de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I – de Presidente e Vice-Presidente da República;
II – de Presidente da Câmara dos Deputados;
III – de Presidente do Senado Federal;
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V – da carreira diplomática;
VI – de oficial das Forças Armadas.

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VII – de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
II – adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos
civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

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Questões

1. Do direito brasileiro, decorre a existência de d) De pai e mãe brasileiros desde que


duas classes de nacionalidade: venha morar no Brasil a qualquer
tempo.
a) A do nato e a do equiparado;
b) A do nato e a do naturalizado; 5. São brasileiros natos:
c) A do naturalizado e do equiparado;
d) A do naturalizado e do apátrida. a) Os nascidos na República Federativa do
Brasil, com exceção dos filhos de pais
2. A nacionalidade mista resulta: estrangeiros, desde que estes estejam a
serviço de seu país;
a) De casamento e da anexação do b) Os nascidos no estrangeiro, de pai ou
território; mãe brasileiros, desde que qualquer
b) Da combinação da filiação (“jus deles esteja a serviço do Brasil;
sanguinis”) com o local de nascimento c) Os nascidos no estrangeiro, de pai
(“jus solis”); ou mãe brasileiros desde que sejam
c) Da nacionalidade adquirida e da registrados em repartição brasileira
vontade do indivíduo; competente;
d) Da naturalização e do parentesco. d) todas as anteriores.
3. Uma criança nascida no Brasil, filha de pai 6. Segundo a Constituição Federal de 1988,
coreano e mãe japonesa, será considerada: uma pessoa nascida no Brasil, filha de
a) Brasileira nata; pai Uruguaio e mãe Argentina, será
b) Brasileira naturalizada; considerada:
c) Estrangeira; a) Brasileira naturalizada;
d) Brasileira nata, desde que seus pais não b) Brasileira nata, em qualquer hipótese;
estejam a serviço de seus países. c) Apátrida;
d) Brasileira nata, desde que os pais não
4. São considerados brasileiros natos os estejam a serviço de seu país.
nascidos no estrangeiro:
a) De pai ou mãe brasileiros desde que 7. Os brasileiros nascidos no estrangeiro, de
venham residir na República Federativa pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
do Brasil e optem, antes de completar qualquer deles esteja a serviço da República
a maioridade, pela nacionalidade Federativa do Brasil, são considerados:
brasileira; a) Brasileiros natos;
b) De pai ou mãe brasileiros desde que b) Brasileiros natos, desde que residam no
qualquer deles esteja trabalhando no Brasil antes da maioridade e alcançada
exterior; esta, optem, em qualquer tempo, pela
c) De pai ou mãe brasileiros desde que nacionalidade brasileira;
registrados em repartição brasileira c) Brasileiros natos, se registrados em
competente no exterior; repartição brasileira competente;
d) Estrangeiros.

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8. Para aquisição de nacionalidade brasileira c) A lei não pode estabelecer diferenças
pela via ordinária, os originários de países entre brasileiros natos e naturalizados,
de língua portuguesa necessitam: salvo os casos previstos na Constituição;
d) Os cargos de magistrados são privativos
a) Residir na República Federativa do Brasil de brasileiros natos.
por mais de 15 anos ininterruptamente
sem condenação penal; 12. É brasileiro nato:
b) Comprovar haver compatibilidade
entre os critérios do “jus solis” e “jus a) Todos os que nascem no Brasil;
sanguinis”; b) Todos os nascidos no exterior filhos de
c) Residir na República Federativa do pais brasileiros;
Brasil por mais de um ano ininterrupto c) O titular da nacionalidade brasileira
e demonstrar idoneidade moral; primária;
d) Preencher os requisitos previstos em lei d) Os oriundos de país de língua
ordinária. portuguesa que reside no Brasil há
um ano ininterrupto e que não tenha
9. São privativos de brasileiros natos os cargos: condenação penal.
a) De deputado federal; 13. São privativos de brasileiros natos os cargos
b) De carreira diplomática; de:
c) De Presidente do Banco Central;
d) De Secretário da Receita Federal; a) Presidente e Vice-Presidente da
e) De vereador. República, Presidente da Câmara dos
Deputados, Presidente do Senado
10. O brasileiro nato pode perder a Federal, Ministro do Supremo Tribunal
nacionalidade: Federal; da Carreira Diplomática;
de Oficial das Forças Armadas e de
a) Se alegar imperativo de consciência Ministro de Estado de Defesa;
para se eximir do serviço militar b) Presidente e Vice-Presidente da
obrigatório e se recusar a cumprir pena República; Deputado Federal; Senador
alternativa fixada em lei; da República; Ministro do Supremo
b) Como conseqüência de pena acessória Tribunal Federal; Carreira Diplomática;
se condenado pela prática de crime de Oficial das Forças Armadas e de
inafiançável e imprescritível; Ministro de Estado de Defesa;
c) Se, por imposição de norma estrangeira, c) Presidente e Vice-Presidente da
tiver que adquirir outra nacionalidade República; Presidente da Câmara dos
como condição para permanência em Deputados; Presidente do Senado
território estrangeiro ou para que possa Federal; Ministro do Superior Tribunal
lá exercer os direitos civis; de Justiça; Procurador Geral da
d) Se adquirir outra nacionalidade. República; da Carreira Diplomática;
de Oficial das Forças Armadas e de
11. Assinale a opção correta: Ministro de Estado da Defesa;
a) Em qualquer hipótese, os nascidos em d) Presidente e Vice-Presidente da
território brasileiro são considerados República; de Governador; Ministro do
brasileiros natos; Supremo Tribunal Federal; Ministro do
b) Os cargos da carreira diplomática Superior Tribunal de Justiça, da Carreira
podem ser ocupados por brasileiros Diplomática, de Oficial das Forças
naturalizados; Armadas e de Ministro de Estado de
Defesa.

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14. Casal brasileiro, trabalhando em uma c) A nacionalidade brasileira e a do país


empresa privada em Estado Estrangeiro, estrangeiro;
vem a ter um filho de nome Antônio, ao d) A nacionalidade canadense e a
qual é outorgada a nacionalidade desse brasileira.
Estado pelo fato de ali haver nascido. Com
30 anos de idade Antônio vem residir no 17. É correto afirmar que são:
Brasil. Segundo a Constituição Brasileira,
Antônio: a) considerados brasileiros natos,
os nascidos em países de língua
a) Nunca poderá ser brasileiro nato por portuguesa e de pais estrangeiros,
ser natural de outro Estado; desde que registrados nas embaixadas
b) Somente poderá ser brasileiro brasileiras;
naturalizado, desde que preencha os b) privativos de brasileiros natos,
requisitos legais para a naturalização; dentre outros, os cargos da carreira
c) Poderá ser brasileiro nato, porque, no diplomática, de senador e de deputado
caso, sempre lhe será facultado optar, federal;
em qualquer tempo, pela nacionalidade c) naturalizados os nascidos no
brasileira; estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe
d) Terá automaticamente dupla brasileira, desde que venham a residir
nacionalidade. no Brasil e optem em qualquer tempo,
pela nacionalidade brasileira.
15. Ao disciplinar o direito de nacionalidade, a d) símbolos da República Federativa do
Constituição Federal: Brasil, a bandeira, o hino, as armas e o
selo nacionais.
a) Permitiu que os portugueses com e) vedados ao Distrito Federal e aos
residência permanente no país, desde Territórios, a utilização de símbolos
que haja reciprocidade em favor de próprios.
brasileiros, adquirirem os direitos
inerentes ao brasileiro, salvo os casos 18. Um casal de brasileiros reside por
previstos na Constituição; determinado tempo na Alemanha, onde o
b) Permitiu a extradição de brasileiros marido é jogador de um clube de futebol.
natos e naturalizados; Nem o marido nem a mulher encontram-
c) Não permitiu a entrada de brasileiros se a serviço da República Federativa do
naturalizados no Conselho da República; Brasil. O filho do casal de brasileiros nasceu
d) Reservou a propriedade de empresas em território alemão, no dia 15 de maio de
jornalísticas, apenas aos brasileiros 2003.
natos.
Considerando a situação hipotética acima
16. “A”, canadense de origem, naturaliza- descrita e sabendo que a Alemanha adota
se brasileiro e passa a residir em país o sistema do jus sanguinis como forma
estrangeiro, cuja lei o obrigou a adquirir de aquisição da nacionalidade originária,
a nacionalidade local, como condição assinale a opção correta.
de permanência no território. Em face a) Se o filho do casal vier a residir na
do que dispõe a Constituição Federal, República Federativa do Brasil e optar,
“A”permanece apenas com: em qualquer tempo, depois de atingida
a) A nacionalidade do país estrangeiro; a maioridade, pela nacionalidade
b) A nacionalidade brasileira; brasileira, adquirirá a condição de
brasileiro nato.

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b) O filho do casal será brasileiro nato, d) Ao adquirir outra nacionalidade
desde que seja registrado em repartição voluntariamente por naturalização.
consular brasileira competente na
Alemanha ou que venha a residir no 21. Sobre nacionalidade é correto afirmar que:
Brasil antes da maioridade e, nesse
caso, opte em qualquer tempo pela a) Nos termos da Constituição, os filhos
nacionalidade brasileira. de brasileiros que não estejam a
c) O filho do casal é considerado brasileiro serviço do Brasil nascidos no exterior
nato, independentemente de qualquer poderão fazer opção pela nacionalidade
condição, uma vez que, apesar de brasileira a qualquer tempo, após
nascido no estrangeiro, é filho de pai e atingida a maioridade;
mãe brasileiros. b) Os portugueses submetidos ao
d) Caso o filho do casal obtenha a condição estado da igualdade se equiparam aos
de brasileiro nato, após atendidos os brasileiros natos;
requisitos estabelecidos na legislação c) A lei poderá estabelecer distinção entre
brasileira, não perderá jamais essa brasileiros natos e naturalizados;
condição, visto que a Constituição e) A Constituição proíbe a extradição de
Federal prevê expressamente que brasileiro nato ou naturalizado.
nenhum brasileiro nato pode perder a
nacionalidade brasileira. 22. Guerra, prefeito do Município de Pelotas,
e) Caso o filho do casal obtenha a edita um decreto no qual isenta os
condição de brasileiro naturalizado, brasileiros natos do recolhimento do I.S.S.
ainda assim poderá ter a sua Tal procedimento está correto?
naturalização cancelada, por sentença a) Sim, uma vez que se trata de imposto
judicial, mas somente em decorrência de competência exclusiva do Município;
de crime comum, praticado antes b) Não, por ser matéria de competência
da naturalização, ou de comprovado de lei estadual;
envolvimento em tráfico ilícito de c) Não, porque a lei não pode estabelecer
entorpecentes. distinção entre brasileiros natos e
naturalizados;
19. O cancelamento da naturalização em razão d) Sim, porque na hipótese, há autorização
do exercício de atividades contrárias ao expressa na Constituição Federal;
interesse nacional, dar-se-á por: e) Sim, porque se trata de lei municipal
a) Decreto do Presidente da República; sobre matéria discricionária.
b) Sentença Judicial com trânsito em
julgado; 23. O art. 12, § 2º da Constituição Federal
c) Ato do Ministro das Relações Exteriores; estabelece que não poderá haver distinção
d) Ato do Governo Estrangeiro. entre brasileiro nato e naturalizado, a não
ser que tal distinção esteja prevista:
20. O brasileiro nato pode perder a a) na própria Constituição;
nacionalidade: b) em lei complementar;
a) Por sentença judicial que cancele a c) em lei ordinária;
naturalização; d) na Constituição Estadual;
b) Em razão de extradição; e) em lei delegada.
c) Se contratado por empresa
multinacional em território alienígena;

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24. Aos portugueses que optem pela 27. Filho de pais alemães, nascido em
naturalização brasileira ordinária, é exigido: território brasileiro no período em que
seus ascendentes estavam a serviço da
a) residência por dois anos ininterruptos e Alemanha, é considerado:
idoneidade moral;
b) residência por um ano ininterrupto e a) apátrida;
idoneidade moral; b) estrangeiro;
c) residência por trinta anos ininterruptos c) brasileiro nato;
e sem condenação penal; d) alemão equiparado;
d) residência permanente e reciprocidade e) brasileiro naturalizado.
em favor dos brasileiros;
e) residência ininterrupta no Brasil por 28. Henrique, brasileiro nato, vai morar no
mais de quinze anos e sem condenação México. Lá requer e obtém a nacionalidade
penal. mexicana. Como fica sua situação em face
da nacionalidade brasileira?
25. Juan Pablo, espanhol de nascimento, reside
desde 1984, ininterruptamente no Brasil. a) Permanece com a nacionalidade
Em razão do tempo de residência, ele: brasileira;
b) Perde a nacionalidade brasileira;
a) não poderá mais se naturalizar c) Permanece com as duas nacionalidades;
brasileiro; d) Terá prazo de cinco anos para optar por
b) será brasileiro naturalizado se o uma das nacionalidades;
requerer; e) Terá prazo de dois anos para optar por
c) será brasileiro naturalizado se o uma das nacionalidades.
requerer, desde que não tenha
condenação penal neste período; 29. Os cargos de Ministro do STJ, devem ser
d) deverá esperar completar trinta providos por:
anos de residência ininterrupta, sem
condenação penal, para requerer a a) brasileiros natos;
nacionalidade brasileira; b) brasileiros;
e) não poderá retornar à Espanha sem c) brasileiros natos e portugueses
visto. equiparados;
d) brasileiros e estrangeiros residentes no
26. Pelo critério do jus sanguinis a nacionalidade Brasil;
é conferida: e) Todas as opções são falsas.

a) ao descendente de nacional pouco im- 30. Não é privativo de brasileiro nato o cargo
portando o local de nascimento; de:
b) aos que nascerem fora do território do
Estado; a) Ministro do Planejamento;
c) aos que nascerem no território do Esta- b) Oficial das Forças Armadas;
do; c) Ministro do Supremo Tribunal Federal;
d) aos que nascerem em território nacio- d) Presidente do Senado Federal;
nal ou estrangeiro; e) Presidente da Câmara dos Deputa-
e) por mérito ao estrangeiro que, partici- dos.
pando das Forças Armadas Brasileiras,
tenha sido ferido em combate.
Gabarito: 1. B 2. B 3. D 4. C 5. D 6. D 7. A 8. C 9. B 10. D 11. C 12. C 13. A 14. C 15. A 16. C 17. D
18. A 19. B 20. D 21. A 22. C 23. A 24. B 25. C 26. A 27. B 28. B 29. B 30. A

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Direito Constitucional

DOS DIREITOS POLÍTICOS b) trinta anos para Governador e Vice-


Governador de Estado e do Distrito Federal;
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, c) vinte e um anos para Deputado Federal,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
mediante: Vice-Prefeito e juiz de paz;

I – plebiscito; d) dezoito anos para Vereador.

II – referendo; § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os


analfabetos.
III – iniciativa popular.
§ 5º O Presidente da República, os
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver
I – obrigatórios para os maiores de dezoito sucedido, ou substituído no curso dos
anos; mandatos poderão ser reeleitos para um
II – facultativos para: único período subseqüente. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
a) os analfabetos;
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o
b) os maiores de setenta anos; Presidente da República, os Governadores
c) os maiores de dezesseis e menores de de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
dezoito anos. devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os
estrangeiros e, durante o período do serviço § 7º São inelegíveis, no território de
militar obrigatório, os conscritos. jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau
§ 3º São condições de elegibilidade, na ou por adoção, do Presidente da República,
forma da lei: de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
I – a nacionalidade brasileira; os haja substituído dentro dos seis meses
II – o pleno exercício dos direitos políticos; anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.
III – o alistamento eleitoral;
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; as seguintes condições:
V – a filiação partidária; I – se contar menos de dez anos de serviço,
deverá afastar-se da atividade;
VI – a idade mínima de:
II – se contar mais de dez anos de serviço,
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-
será agregado pela autoridade superior e,
Presidente da República e Senador;
se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.

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§ 9º Lei complementar estabelecerá outros Art. 15. É vedada a cassação de direitos
casos de inelegibilidade e os prazos de sua políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
cessação, a fim de proteger a probidade nos casos de:
administrativa, a moralidade para exercício
de mandato considerada vida pregressa do I – cancelamento da naturalização por
candidato, e a normalidade e legitimidade sentença transitada em julgado;
das eleições contra a influência do poder II – incapacidade civil absoluta;
econômico ou o abuso do exercício de
função, cargo ou emprego na administração III – condenação criminal transitada em
direta ou indireta. (Redação dada pela julgado, enquanto durarem seus efeitos;
Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de
IV – recusa de cumprir obrigação a todos
1994)
imposta ou prestação alternativa, nos
§ 10. O mandato eletivo poderá ser termos do art. 5º, VIII;
impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
V – improbidade administrativa, nos termos
de quinze dias contados da diplomação,
do art. 37, § 4º.
instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não
§ 11. A ação de impugnação de mandato
se aplicando à eleição que ocorra até um ano
tramitará em segredo de justiça,
da data de sua vigência. (Redação dada pela
respondendo o autor, na forma da lei, se
Emenda Constitucional nº 4, de 1993)
temerária ou de manifesta má-fé.

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Questões

1. João, Vereador que possuía a idade II – Estrangeiros residentes no País são


mínima para candidatura quando eleito elegíveis tão somente aos mandatos de
para a função no pleito de 2008, pretende Deputado Federal, Deputado Estadual e
concorrer nas eleições que se realizarão em Vereador.
2012 para Prefeito do Município em que III – Os militares são alistáveis, mas não são
exerce a vereança. Maria, sua irmã gêmea elegíveis.
e também Vereadora do mesmo Município,
pretende candidatar-se à reeleição. Está(ão) CORRETO(S):

Nessa hipótese, em tese, a) Apenas o item I.


b) Apenas os itens II e III.
a) oão deverá renunciar ao mandato até c) Apenas os itens I e III.
seis meses antes do pleito, de modo a d) Apenas o item III.
ser elegível para Prefeito, e Maria estará
impedida de concorrer à reeleição, por 3. O mandato eletivo poderá ser impugnado
ser parente consanguínea de 2º grau de ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze
titular de mandato no Município. dias, contados da:
b) Maria deverá renunciar ao mandato até
seis meses antes do pleito, de modo a) Eleição;
a pleitear a reeleição, e João estará b) Posse;
impedido de concorrer à eleição para c) Diplomação;
Prefeito. d) Proclamação oficial do resultado da
c) João estará impedido de concorrer eleição pela Justiça Eleitoral.
à eleição para Prefeito, a menos que
Maria renuncie ao mandato até seis 4. Um militar integrante das Forças Armadas
meses antes do pleito. e em atividade desde janeiro de 2003,
d) João não poderá concorrer ao cargo estando com 27 anos de idade, casado
pretendido, pois não terá a idade com uma Vereadora do Município em que
mínima necessária para tanto, o que reside, pretende candidatar-se a Prefeito
permitirá a Maria concorrer à reeleição. desse Município no pleito de 2012. Nessa
e) ambos preenchem as condições de hipótese, o interessado:
elegibilidade para concorrer aos cargos
a) será inelegível para o cargo pretendido,
pretendidos respectivamente.
na medida em que não possuirá a
idade mínima para tanto exigida
2. Analise os itens abaixo:
constitucionalmente;
I – Uma das condições de elegibilidade é a b) será inelegível para o cargo pretendido,
idade mínima de 35 anos para Presidente, pois sua cônjuge é detentora de
Vice-Presidente e Senador; 30 anos para mandato eletivo na circunscrição para a
Governador e Vice-Governador; 21 anos qual tem a intenção de candidatar-se à
para Deputado Federal, Estadual e Distrital, chefia do Executivo.
Prefeito e Vice-Prefeito; e 18 anos para c) será inelegível para o cargo pretendido,
Vereador. pois os militares são inalistáveis.

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d) preencherá as condições de 6. Sobre os direitos políticos assegurados pela
elegibilidade para o cargo pretendido, Constituição da República, pode-se afirmar,
desde que seja agregado pela EXCETO:
autoridade militar superior e, se eleito,
passe para a inatividade. a) Não podem alistar-se como eleitores
e) preencherá as condições de os estrangeiros e, durante o período
elegibilidade para o cargo pretendido, do serviço militar obrigatório, os
desde que se afaste da atividade militar. conscritos.
b) O Presidente da República, os
5. Julgue verdadeiro ou falso para as Governadores de Estado e do Distrito
proposições relacionadas à privação dos Federal, os Prefeitos e quem os houver
direitos políticos na Constituição Federal. sucedido, ou substituído no curso dos
mandatos poderão ser reeleitos para
I – Constitui hipótese de suspensão dos um único período subsequente.
direitos políticos o cancelamento da c) O voto é obrigatório para os maiores de
naturalização por sentença transitada em dezesseis e menores de dezoito anos
julgado. ( ) que tenham se alistado.
II – A incapacidade civil absoluta é uma d) Para concorrerem a outros cargos,
das hipóteses de suspensão dos direitos o Presidente da República, os
políticos. ( ) Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar
III – O brasileiro que adquire outra aos respectivos mandatos até seis
nacionalidade perderá os seus direitos meses antes do pleito.
políticos, com exceção dos casos de
reconhecimento da nacionalidade 7. A Constituição Federal estabelece idades
originária pela lei estrangeira, ou ainda, mínimas para o exercício de cargos públicos
imposição de naturalização, pela lei eletivos. Assinale a alternativa incorreta.
estrangeira, ao brasileiro residente em
Estado estrangeiro,como condição para a) vinte e um anos para Deputado Federal
permanência em seu território ou para o e para Deputado Estadual;
exercício de direitos civis. ( ) b) Trinta anos para Governador de Estado;
c) Trinta e cinco anos para Presidente da
IV – A Carta Constitucional de 1988 permite República;
a cassação dos direitos políticos, que se dá d) Vinte e um anos para Vereador e para
por meio da sua perda ou suspensão. ( ) Prefeito;
Agora, assinale a alternativa que e) Dezoito anos para Vereador.
corresponde, respectivamente, ao
julgamento CORRETO das proposições 8. Assinale a opção correta:
acima:
a) Todo inalistável é inelegível e todo
a) F – V – V – F. inelegível é inalistável;
b) V – V – F – V. b) O partido político, pessoa jurídica
c) F – V – F – V. de direito público, pode ter caráter
d) V – V – V – F. regional;
c) O alistamento eleitoral e o voto são
facultativos para os estrangeiros e para
os conscritos, durante o período do
serviço militar obrigatório;

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Direito Constitucional – Dos Direitos Políticos – Profª Alessandra Vieira

d) São condições de elegibilidade, 11. O alistamento eleitoral e o voto são:


na forma da lei, a nacionalidade
brasileira, o pleno exercício dos direitos a) Obrigatórios para os maiores de
políticos, o alistamento eleitoral, o dezesseis anos e menores de vinte e um
domicílio eleitoral na circunscrição, a anos;
filiação partidária e a idade mínima b) Facultativos para os maiores de dezoito
estabelecida na Constituição. anos;
e) O alistamento eleitoral é facultativo c) Obrigatórios para os conscritos durante
para os analfabetos, mas uma vez o período do serviço militar obrigatório;
alistados possuem obrigação de votar. d) Facultativos para os analfabetos e os
maiores de setenta anos;
9. A lei que alterar o processo eleitoral: e) Facultativos para os analfabetos e
conscritos, durante o período do serviço
a) Entra em vigor na data de sua militar obrigatório.
publicação, salvo estipulação em
contrário, não se aplicando à eleição 12. A soberania popular é exercida pelo sufrágio
que ocorra até um ano da data de sua universal e pelo voto direto e secreto, com
vigência; valor igual para todos, somente podendo
b) Entra em vigor sempre na data de sua ser candidatos:
publicação, não se aplicando à eleição
que ocorra até um ano da data de sua a) Os brasileiros natos no pleno exercício
vigência; dos direitos políticos;
c) Entra em vigor na data de sua b) Os brasileiros inscritos como eleitores
publicação, salvo disposição em filiados a partidos políticos e no pleno
contrário, aplicando-se à eleição que exercício dos direitos políticos;
ocorra até um ano da data de sua c) Os brasileiros natos, inscritos como
vigência; eleitores, filiados a partidos políticos,
d) Entra em vigor imediatamente, que estejam no pleno exercício dos
aplicando-se à eleição imediatamente direitos políticos, desde que não sejam
seguinte, sem qualquer ressalva de analfabetos, tenham a idade mínima
prazo. pretendida para o cargo pretendido e
e) Entra em vigor na data de sua domicílio eleitoral na circunscrição;
publicação, não se aplicando à eleição d) Os brasileiros que preencham as
que ocorra até dois anos da data de sua condições da alternativa “b” e, além
vigência. disso, tenham a idade mínima para o
cargo pretendido e domicílio eleitoral
10. Para que alguém possa se eleger Vereador na circunscrição, desde que não sejam
é necessário: analfabetos ou inelegíveis;
e) Os brasileiros natos, naturalizados
a) Que seja brasileiro naturalizado e tenha e estrangeiros que preencham as
mais de 21 anos; condições de elegibilidade previstas na
b) Que seja brasileiro nato e tenha mais de Constituição.
18 anos;
c) Que seja brasileiro nato ou naturalizado 13. São situações de inelegibilidade, segundo a
e tenha a idade mínima de 18 anos; Constituição Federal:
d) Que seja brasileiro nato ou naturalizado
e tenha a idade mínima de 21 anos; I – Os inalistáveis e os analfabetos;
e) Que seja brasileiro nato ou naturalizado II – O Presidente da República, no período
e tenha a idade mínima de 30 anos. subseqüente, para o mesmo cargo;

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III – O Governador de Estado, no período d) a idade mínima de vinte e um anos para
subseqüente, para o mesmo cargo; o estrangeiro, naturalizado brasileiro,
a) I, II e III estão corretas; ser deputado federal.
b) Apenas I e II estão corretas;
c) Apenas II está correta; 18. O filho de Governador de Estado pode
d) Apenas I está correta; disputar eleição para o cargo de Deputado
e) Todas estão incorretas. Estadual no território de jurisdição de seu
pai?
14. O mandato eletivo poderá ser impugnado a) Não, já que a Constituição proíbe, a não
ante a Justiça Eleitoral no prazo de ..... dias ser que seja candidato a reeleição;
contados da diplomação, instruída a ação b) Sim, pois o impedimento constitucional
com provas de ............... corrupção ou diz respeito ao mesmo cargo;
fraude. c) Sim, já que a Constituição não trata do
a) 10 – abuso de direito político; assunto;
b) 15 – abuso do poder econômico; d) Não, em hipótese alguma;
c) 15 – abuso de prerrogativas; e) Nenhuma das respostas anteriores está
d) 12 – abuso de direito político; correta.
e) 5 – abuso do poder econômico.
19. Analise:
15. É incorreto afirmar que são inelegíveis: I – O direito de sufrágio é bem mais amplo
a) O cônjuge de Presidente da República, que o direito de voto, pois contém, em
para vereador; seu bojo, a capacidade eleitoral ativa e a
b) O pai de Governador de Estado para capacidade eleitoral passiva.
Deputado Estadual; II – A soberania popular será exercida pelo
c) O cunhado de Prefeito, para a Câmara sufrágio universal e pelo voto direto e
de Vereadores do mesmo Município; secreto, com valor igual para todos, e, nos
d) O irmão do Governador para Deputado termos da lei, mediante plebiscito.
Estadual; III – São inelegíveis o cônjuge e os parentes
e) O primo do Prefeito, para vereador. consangüíneos ou afins, até o terceiro grau,
do Governador ou do Prefeito, ou de quem
16. Com relação aos direitos políticos, é vedada os haja substituído dentro dos três meses
sua: anteriores ao pleito, ainda que titular de
a) Cassação; mandato eletivo e candidato à reeleição.
b) Perda; IV – O mandato eletivo poderá ser
c) Suspensão; impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
d) Aquisição; de quinze dias da eleição e até trinta dias da
e) Utilização. diplomação, instruída a ação com provas da
prática de eventual crime ou contravenção.
17. É condição de elegibilidade:
V – Não podem alistar-se como eleitores os
a) Ter menos de oitenta anos; estrangeiros e, durante o período do serviço
b) a idade mínima de dezoito anos para militar obrigatório, os conscritos.
ser prefeito; É correto o que consta APENAS em
c) a idade mínima de trinta anos para
analfabeto se eleger Governador de a) I, II e V
Estado; b) I e IV
c) II e III

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d) II, III e IV menos de dois décimos por cento dos


e) somente a I está correta. eleitores de cada um deles;
c) ao Senado Federal de projeto de lei
20. Quanto aos direitos políticos, estabelece a subscrito por, no mínimo, dois por cento
Constituição Federal que: do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por quatro Estados, com não
a) A lei que alterar o processo eleitoral menos de um décimo por cento dos
entrará em vigor na data de sua sanção, eleitores de cada um deles;
aplicando-se somente à eleição que d) à Câmara dos Deputados de projeto
ocorrer até um ano da data de sua de lei subscrito por, no mínimo, dois
vigência; por cento do eleitorado nacional,
b) O alistamento eleitoral e o voto são distribuído pelo menos por nove
facultativos para os analfabetos, os Estados, com não menos de dois
maiores de sessenta e cinco anos e para décimos por cento dos eleitores de
os menores de dezoito anos; cada um deles;
c) exige-se, para concorrer aos cargos e) à Câmara dos Deputados de projeto
de Deputado Federal e de Vereador, de lei subscrito por, no mínimo, um
respectivamente, a idade mínima de por cento do eleitorado nacional,
trinta e de vinte e um anos; distribuído pelo menos por cinco
d) o Governador, para concorrer ao Estados, com não menos de três
mesmo ou a outros cargos, deve décimos por cento dos eleitores de
renunciar ao respectivo mandato até cada um deles.
três meses antes do pleito;
e) são inelegíveis os inalistáveis e os 23. Um brasileiro naturalizado que tenha 35
analfabetos. anos de idade pode exercer o cargo de:
21. Constitui meio de exercício da soberania I – Vereador;
popular, previsto na Constituição Federal, II – Prefeito;
dentre outros:
III – Governador de Estado;
a) a lei delegada;
b) o plebiscito; IV – Deputado Federal
c) a lei ordinária; A quantidade de itens certos é igual a:
d) a medida provisória. a) 0
b) 1
22. A iniciativa popular pode ser exercida pela c) 2
apresentação: d) 3
a) ao Senado Federal de projeto de lei e) 4
subscrito por, no mínimo, um por cento
do eleitorado nacional, distribuído 24. Acerca dos direitos políticos, assinale a
pelo menos por onze Estados, com não opção correta.
menos de um décimo por cento dos a) O presidente da República, os
eleitores de cada um deles; governadores de estado e do Distrito
b) ao Congresso Nacional de projeto de lei Federal e os prefeitos poderão ser
subscrito por, no mínimo, dois por cento reeleitos para apenas um período
do eleitorado nacional, distribuído subsequente, não necessitando da
pelo menos por sete Estados, com não renúncia para concorrer à reeleição;

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b) Para concorrerem aos mesmos e) facultativo para os maiores de 60
cargos, o presidente da República, os (sessenta) anos.
governadores de estado e do Distrito
Federal e os prefeitos devem renunciar 27. De acordo com a Constituição da República,
aos respectivos mandatos até seis são inalistáveis e inelegíveis:
meses antes do pleito.
c) Segundo a CF, o militar alistável é a) somente os analfabetos e os conscritos.
inelegível; b) os estrangeiros, os analfabetos e os
d) O cônjuge e os parentes consanguíneos conscritos.
ou afins até o segundo grau ou por c) somente os estrangeiros e os
adoção do presidente da República, de analfabetos.
governador de estado ou território, do d) somente os estrangeiros e os conscritos.
Distrito Federal e de prefeito podem
concorrer, no território da jurisdição do 28. A capacidade eleitoral passiva consistente
titular. na possibilidade de o cidadão pleitear
determinados mandatos políticos, mediante
25. Assinale a opção correta quanto aos direitos eleição popular, desde que preenchidos
políticos e à cidadania: certos requisitos, conceitua-se em:

a) Entre as hipóteses de suspensão dos a) alistamento eleitoral.


direitos políticos previstas na CF está a b) direito de voto.
prática de improbidade adminsitrativa; c) direito de sufrágio.
b) Os conscritos, durante o período d) elegibilidade.
de serviço militar obrigatório, não e) dever sociopolítico.
podem alistar-se como eleitores,
salvo mediante prévia autorização do 29. Em relação aos direitos políticos, avalie as
superior hierárquico; proposições a seguir:
c) Indivíduos analfabetos não possuem I – O alistamento eleitoral e o voto são
direito ao voto; obrigatórios para os maiores de dezoito
d) A lei que alterar o processo eleitoral anos e facultativos para os analfabetos, os
entrará em vigor um ano após a data maiores de sessenta anos e os maiores de
de sua publicação, não se aplicando dezesseis e menores de dezoito anos.
à eleição que ocorra no período
subseqüente. II – A soberania popular será exercida
pelo sufrágio universal e pelo voto direto
26. Nos termos do que estabelece a e secreto, com valor igual para todos, e,
Constituição Federal, a soberania popular nos termos da lei, mediante plebiscito,
será exercida pelo sufrágio universal e pelo referendo e iniciativa popular.
voto direto e secreto: III – São condições de alistabilidade, na
forma da lei a nacionalidade brasileira,
a) facultativo para os analfabetos e
o pleno exercício dos direitos políticos,
maiores de 70 (setenta) anos;
o domicílio eleitoral na circunscrição e a
b) obrigatório para os maiores de
filiação partidária.
dezesseis anos;
c) obrigatório para todos, inclusive os IV – São inelegíveis, no território de
analfabetos; jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
d) obrigatório para todos, inclusive para os consanguíneos ou afins, até o segundo grau
maiores de 70 (setenta) anos; ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do

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Direito Constitucional – Dos Direitos Políticos – Profª Alessandra Vieira

Distrito Federal, de Prefeito ou de quem a) idade mínima de vinte e cinco anos de


os haja substituído dentro dos nove meses idade e domicílio eleitoral referente a
anteriores ao pleito, mesmo se já titular de um período de dois anos.
mandato eletivo e candidato à reeleição. b) idade mínima de vinte e um anos
Está(ão) CORRETA(S): de idade e de domicílio eleitoral
na circunscrição do Município de
a) Somente as proposições I, II e III. Margarida.
b) Somente as proposições I, III e IV. c) domicílio eleitoral na circunscrição do
c) Somente as proposições II e III. Município de Margarida e de idade
d) Somente a proposição II. mínima de trinta anos de idade.
e) Somente a proposição IV. d) pleno exercício dos direitos políticos
e de idade mínima de trinta anos de
30. Plínio filiado à partido político e brasileiro, de idade.
reputação ilibada que acabara de completar e) pleno exercício dos direitos políticos e
vinte anos de idade no mês de junho de de idade mínima de vinte e cinco anos
2008, efetuou o seu alistamento eleitoral de idade.
na circunscrição eleitoral do Município de
Caju, onde mantinha seu domicilio. A sua
intenção era a de concorrer ao cargo de
Prefeito no Município de Margarida, nas
eleições daquele mesmo ano, posto que
frequentava faculdade na referida Cidade,
e era presidente do diretório acadêmico,
sendo conhecido e amado pelos colegas
de faculdade e pela maioria dos habitantes
da região, com grandes chances de vencer
as eleições. Porém, sua candidatura ao
referido cargo foi barrada, porque não
preenchia os requisitos de

Gabarito: 1. E 2. A 3. C 4. E 5. A 6. C 7. D 8. D 9. B 10. C 11. D 12. D 13. D 14. B 15. E 16. A 
17. D 18. A 19. A 20. E 21. B 22. E 23. E 24. A 25. A 26. A 27. D 28. D 29. D 30. B

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Direito Constitucional

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio
e à televisão, na forma da lei.
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

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Participação Social

Política Nacional de Participação Social (Decreto nº 8.243/2014)

Professora Giuliane Torres

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Participação Social

DECRETO Nº 8.243, DE 23 DE MAIO DE 2014

Institui a Política Nacional de Participação Social Parágrafo único. Na formulação, na execu-


– PNPS e o Sistema Nacional de Participação So- ção, no monitoramento e na avaliação de
cial – SNPS, e dá outras providências. programas e políticas públicas e no aprimo-
ramento da gestão pública serão considera-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atri- dos os objetivos e as diretrizes da PNPS.
buições que lhe confere o art. 84, caput, incisos
IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em Art. 2º Para os fins deste Decreto, considera-se:
vista o disposto no art. 3º, caput, inciso I, e no
art. 17 da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, I – sociedade civil – o cidadão, os coletivos,
os movimentos sociais institucionalizados
Art. 3º À Secretaria-Geral da Presidência da Re- ou não institucionalizados, suas redes e
pública compete assistir direta e imediatamente suas organizações;
ao Presidente da República no desempenho de
suas atribuições, especialmente: II – conselho de políticas públicas – instân-
cia colegiada temática permanente, insti-
I – no relacionamento e articulação com as tuída por ato normativo, de diálogo entre a
entidades da sociedade civil e na criação e sociedade civil e o governo para promover
implementação de instrumentos de consul- a participação no processo decisório e na
ta e participação popular de interesse do gestão de políticas públicas;
Poder Executivo;
III – comissão de políticas públicas – ins-
Art. 17. À Controladoria-Geral da União compe- tância colegiada temática, instituída por
te assistir direta e imediatamente ao Presidente ato normativo, criada para o diálogo entre
da República no desempenho de suas atribui- a sociedade civil e o governo em torno de
ções quanto aos assuntos e providências que, objetivo específico, com prazo de funcio-
no âmbito do Poder Executivo, sejam atinentes namento vinculado ao cumprimento de
à defesa do patrimônio público, ao controle in- suas finalidades;
terno, à auditoria pública, à correição, à preven-
ção e ao combate à corrupção, às atividades de IV – conferência nacional – instância perió-
ouvidoria e ao incremento da transparência da dica de debate, de formulação e de avalia-
gestão no âmbito da administração pública fe- ção sobre temas específicos e de interesse
deral. público, com a participação de represen-
tantes do governo e da sociedade civil, po-
DECRETA: dendo contemplar etapas estaduais, distri-
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de tal, municipais ou regionais, para propor
Participação Social – PNPS, com o objetivo de diretrizes e ações acerca do tema tratado;
fortalecer e articular os mecanismos e as ins- V – ouvidoria pública federal – instância de
tâncias democráticas de diálogo e a atuação controle e participação social responsável
conjunta entre a administração pública federal pelo tratamento das reclamações, solici-
e a sociedade civil. tações, denúncias, sugestões e elogios re-

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lativos às políticas e aos serviços públicos, I – reconhecimento da participação social
prestados sob qualquer forma ou regime, como direito do cidadão e expressão de
com vistas ao aprimoramento da gestão sua autonomia;
pública;
II – complementariedade, transversalidade
VI – mesa de diálogo – mecanismo de de- e integração entre mecanismos e instân-
bate e de negociação com a participação cias da democracia representativa, partici-
dos setores da sociedade civil e do governo pativa e direta;
diretamente envolvidos no intuito de pre-
venir, mediar e solucionar conflitos sociais; III – solidariedade, cooperação e respeito
à diversidade de etnia, raça, cultura, gera-
VII – fórum interconselhos – mecanismo ção, origem, sexo, orientação sexual, re-
para o diálogo entre representantes dos ligião e condição social, econômica ou de
conselhos e comissões de políticas públi- deficiência, para a construção de valores
cas, no intuito de acompanhar as políticas de cidadania e de inclusão social;
públicas e os programas governamentais,
formulando recomendações para aprimo- IV – direito à informação, à transparência e
rar sua intersetorialidade e transversalida- ao controle social nas ações públicas, com
de; uso de linguagem simples e objetiva, con-
sideradas as características e o idioma da
VIII – audiência pública – mecanismo par- população a que se dirige;
ticipativo de caráter presencial, consultivo,
aberto a qualquer interessado, com a pos- V – valorização da educação para a cidada-
sibilidade de manifestação oral dos partici- nia ativa;
pantes, cujo objetivo é subsidiar decisões VI – autonomia, livre funcionamento e in-
governamentais; dependência das organizações da socieda-
IX – consulta pública – mecanismo partici- de civil; e
pativo, a se realizar em prazo definido, de VII – ampliação dos mecanismos de con-
caráter consultivo, aberto a qualquer inte- trole social.
ressado, que visa a receber contribuições
por escrito da sociedade civil sobre deter- Art. 4º São objetivos da PNPS, entre outros:
minado assunto, na forma definida no seu
I – consolidar a participação social como
ato de convocação; e
método de governo;
X – ambiente virtual de participação social
II – promover a articulação das instâncias e
– mecanismo de interação social que utili-
dos mecanismos de participação social;
za tecnologias de informação e de comuni-
cação, em especial a internet, para promo- III – aprimorar a relação do governo fede-
ver o diálogo entre administração pública ral com a sociedade civil, respeitando a au-
federal e sociedade civil. tonomia das partes;
Parágrafo único. As definições previstas IV – promover e consolidar a adoção de
neste Decreto não implicam na desconsti- mecanismos de participação social nas po-
tuição ou alteração de conselhos, comissões líticas e programas de governo federal;
e demais instâncias de participação social já
instituídos no âmbito do governo federal. V – desenvolver mecanismos de participa-
ção social nas etapas do ciclo de planeja-
Art. 3º São diretrizes gerais da PNPS: mento e orçamento;

484 www.acasadoconcurseiro.com.br
Participação Social – Política Nacional de Participação Social (Decreto nº 8.243/2014) – Profª. Giuliane Torres

VI – incentivar o uso e o desenvolvimento II – comissão de políticas públicas;


de metodologias que incorporem múlti-
plas formas de expressão e linguagens de III – conferência nacional;
participação social, por meio da internet, IV – ouvidoria pública federal;
com a adoção de tecnologias livres de co-
municação e informação, especialmente, V – mesa de diálogo;
softwares e aplicações, tais como códigos
VI – fórum interconselhos;
fonte livres e auditáveis, ou os disponíveis
no Portal do Software Público Brasileiro; VII – audiência pública;
VII – desenvolver mecanismos de partici- VIII – consulta pública; e
pação social acessíveis aos grupos sociais
historicamente excluídos e aos vulnerá- IX – ambiente virtual de participação so-
veis; cial.

VIII – incentivar e promover ações e pro- Art. 7º O Sistema Nacional de Participação So-
gramas de apoio institucional, formação cial – SNPS, coordenado pela Secretaria-Geral
e qualificação em participação social para da Presidência da República, será integrado pe-
agentes públicos e sociedade civil; e las instâncias de participação social previstas
nos incisos I a IV do art. 6º deste Decreto, sem
IX – incentivar a participação social nos en- prejuízo da integração de outras formas de di-
tes federados. álogo entre a administração pública federal e a
sociedade civil.
Art. 5º Os órgãos e entidades da administração
pública federal direta e indireta deverão, res- Parágrafo único. A Secretaria-Geral da Pre-
peitadas as especificidades de cada caso, con- sidência da República publicará a relação e
siderar as instâncias e os mecanismos de parti- a respectiva composição das instâncias inte-
cipação social, previstos neste Decreto, para a grantes do SNPS.
formulação, a execução, o monitoramento e a
avaliação de seus programas e políticas públi- Art. 8º Compete à Secretaria-Geral da Presidên-
cas. cia da República:

§ 1º Os órgãos e entidades referidos no ca- I – acompanhar a implementação da PNPS


put elaborarão, anualmente, relatório de nos órgãos e entidades da administração
implementação da PNPS no âmbito de seus pública federal direta e indireta;
programas e políticas setoriais, observadas II – orientar a implementação da PNPS e do
as orientações da Secretaria-Geral da Presi- SNPS nos órgãos e entidades da adminis-
dência da República. tração pública federal direta e indireta;
§ 2º A Secretaria-Geral da Presidência da III – realizar estudos técnicos e promover
República elaborará e publicará anualmente avaliações e sistematizações das instâncias
relatório de avaliação da implementação da e dos mecanismos de participação social
PNPS no âmbito da administração pública definidos neste Decreto;
federal.
IV – realizar audiências e consultas públi-
Art. 6º São instâncias e mecanismos de partici- cas sobre aspectos relevantes para a ges-
pação social, sem prejuízo da criação e do reco- tão da PNPS e do SNPS; e
nhecimento de outras formas de diálogo entre
administração pública federal e sociedade civil: V – propor pactos para o fortalecimento da
participação social aos demais entes da fe-
I – conselho de políticas públicas; deração.

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Art. 9º Fica instituído o Comitê Governamental berativa vincula-se à análise de legalidade
de Participação Social – CGPS, para assessorar a do ato pelo órgão jurídico competente, em
Secretaria-Geral da Presidência da República no acordo com o disposto na Lei Complemen-
monitoramento e na implementação da PNPS e tar nº73, de 10 de fevereiro de 1993.
na coordenação do SNPS.
§ 3º A rotatividade das entidades e de seus
§ 1º O CGPS será coordenado pela Secreta- representantes nos conselhos de políticas
ria-Geral da Presidência da República, que públicas deve ser assegurada mediante a
dará o suporte técnico-administrativo para recondução limitada a lapso temporal de-
seu funcionamento. terminado na forma dos seus regimentos
internos, sendo vedadas três reconduções
§ 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Se- consecutivas.
cretaria-Geral da Presidência da República
disporá sobre seu funcionamento. § 4º A participação de dirigente ou membro
de organização da sociedade civil que atue
Art. 10. Ressalvado o disposto em lei, na cons- em conselho de política pública não confi-
tituição de novos conselhos de políticas públi- gura impedimento à celebração de parceria
cas e na reorganização dos já constituídos de- com a administração pública.
vem ser observadas, no mínimo, as seguintes
diretrizes: § 5º Na hipótese de parceira que envolva
transferência de recursos financeiros de
I – presença de representantes eleitos ou dotações consignadas no fundo do respec-
indicados pela sociedade civil, preferen- tivo conselho, o conselheiro ligado à organi-
cialmente de forma paritária em relação zação que pleiteia o acesso ao recurso fica
aos representantes governamentais, quan- impedido de votar nos itens de pauta que
do a natureza da representação o reco- tenham referência com o processo de sele-
mendar; ção, monitoramento e avaliação da parce-
II – definição, com consulta prévia à socie- ria.
dade civil, de suas atribuições, competên- Art. 11. Nas comissões de políticas públicas de-
cias e natureza; vem ser observadas, no mínimo, as seguintes
III – garantia da diversidade entre os repre- diretrizes:
sentantes da sociedade civil; I – presença de representantes eleitos ou
IV – estabelecimento de critérios transpa- indicados pela sociedade civil;
rentes de escolha de seus membros; II – definição de prazo, tema e objetivo a
V – rotatividade dos representantes da so- ser atingido;
ciedade civil; III – garantia da diversidade entre os repre-
VI – compromisso com o acompanhamen- sentantes da sociedade civil;
to dos processos conferenciais relativos ao IV – estabelecimento de critérios transpa-
tema de sua competência; e rentes de escolha de seus membros; e
VII – publicidade de seus atos. V – publicidade de seus atos.
§ 1º A participação dos membros no conse- Art. 12. As conferências nacionais devem ob-
lho é considerada prestação de serviço pú- servar, no mínimo, as seguintes diretrizes:
blico relevante, não remunerada.
I – divulgação ampla e prévia do documen-
§ 2º A publicação das resoluções de caráter to convocatório, especificando seus objeti-
normativo dos conselhos de natureza deli- vos e etapas;

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Participação Social – Política Nacional de Participação Social (Decreto nº 8.243/2014) – Profª. Giuliane Torres

II – garantia da diversidade dos sujeitos luntariamente assumidas pelas partes en-


participantes; volvidas.
III – estabelecimento de critérios e proce- Parágrafo único. As mesas de diálogo cria-
dimentos para a designação dos delegados das para o aperfeiçoamento das condições
governamentais e para a escolha dos dele- e relações de trabalho deverão, preferen-
gados da sociedade civil; cialmente, ter natureza tripartite, de ma-
neira a envolver representantes dos em-
IV – integração entre etapas municipais, pregados, dos empregadores e do governo.
estaduais, regionais, distrital e nacional,
quando houver; Art. 15. Os fóruns interconselhos devem obser-
var, no mínimo, as seguintes diretrizes:
V – disponibilização prévia dos documen-
tos de referência e materiais a serem apre- I – definição da política ou programa a ser
ciados na etapa nacional; objeto de debate, formulação e acompa-
nhamento;
VI – definição dos procedimentos metodo-
lógicos e pedagógicos a serem adotados II – definição dos conselhos e organizações
nas diferentes etapas; da sociedade civil a serem convidados pela
sua vinculação ao tema;
VII – publicidade de seus resultados;
III – produção de recomendações para as
VIII – determinação do modelo de acompa- políticas e programas em questão; e
nhamento de suas resoluções; e
IV – publicidade das conclusões.
IX – indicação da periodicidade de sua re-
alização, considerando o calendário de ou- Art. 16. As audiências públicas devem obser-
tros processos conferenciais. var, no mínimo, as seguintes diretrizes:
Parágrafo único. As conferências nacionais I – divulgação ampla e prévia do documen-
serão convocadas por ato normativo espe- to convocatório, especificado seu objeto,
cífico, ouvido o CGPS sobre a pertinência de metodologia e o momento de realização;
sua realização.
II – livre acesso aos sujeitos afetados e in-
Art. 13. As ouvidorias devem observar as dire- teressados;
trizes da Ouvidoria-Geral da União da Controla-
doria-Geral da União nos termos do art. 14, ca- III – sistematização das contribuições rece-
put, inciso I, do Anexo I ao Decreto nº 8.109, de bidas;
17 de setembro de 2013. IV – publicidade, com ampla divulgação
Art. 14. As mesas de diálogo devem observar, de seus resultados, e a disponibilização do
no mínimo, as seguintes diretrizes: conteúdo dos debates; e

I – participação das partes afetadas; V – compromisso de resposta às propostas


recebidas.
II – envolvimento dos representantes da
sociedade civil na construção da solução Art. 17. As consultas públicas devem observar,
do conflito; no mínimo, as seguintes diretrizes:

III – prazo definido de funcionamento; e I – divulgação ampla e prévia do documen-


to convocatório, especificando seu objeto,
IV – acompanhamento da implementação metodologia e o momento de realização;
das soluções pactuadas e obrigações vo-

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II – disponibilização prévia e em tempo há- IX – sistematização e publicidade das con-
bil dos documentos que serão objeto da tribuições recebidas;
consulta em linguagem simples e objetiva,
e dos estudos e do material técnico utiliza- X – utilização prioritária de softwares e li-
do como fundamento para a proposta co- cenças livres como estratégia de estímulo à
locada em consulta pública e a análise de participação na construção das ferramen-
impacto regulatório, quando houver; tas tecnológicas de participação social; e

III – utilização da internet e de tecnologias XI – fomento à integração com instâncias


de comunicação e informação; e mecanismos presenciais, como transmis-
são de debates e oferta de oportunidade
IV – sistematização das contribuições rece- para participação remota.
bidas;
Art. 19. Fica instituída a Mesa de Monitoramen-
V – publicidade de seus resultados; e to das Demandas Sociais, instância colegiada
VI – compromisso de resposta às propostas interministerial responsável pela coordenação
recebidas. e encaminhamento de pautas dos movimentos
Art. 18. Na criação de ambientes virtuais de sociais e pelo monitoramento de suas respos-
participação social devem ser observadas, no tas.
mínimo, as seguintes diretrizes: § 1º As reuniões da Mesa de Monitoramen-
I – promoção da participação de forma di- to serão convocadas pela Secretaria-Geral
reta da sociedade civil nos debates e deci- da Presidência da República, sendo convi-
sões do governo; dados os Secretários-Executivos dos minis-
térios relacionados aos temas a serem de-
II – fornecimento às pessoas com deficiên- batidos na ocasião.
cia de todas as informações destinadas ao
público em geral em formatos acessíveis e § 2º Ato do Ministro de Estado Chefe da Se-
tecnologias apropriadas aos diferentes ti- cretaria-Geral da Presidência da República
pos de deficiência; disporá sobre as competências específicas,
o funcionamento e a criação de subgrupos
III – disponibilização de acesso aos termos da instância prevista no caput.
de uso do ambiente no momento do ca-
dastro; Art. 20. As agências reguladoras observarão, na
realização de audiências e consultas públicas, o
IV – explicitação de objetivos, metodolo- disposto neste Decreto, no que couber.
gias e produtos esperados;
Art. 21. Compete à Casa Civil da Presidência da
V – garantia da diversidade dos sujeitos República decidir sobre a ampla divulgação de
participantes; projeto de ato normativo de especial significado
político ou social nos termos do art. 34, caput,
VI – definição de estratégias de comuni- inciso II, do Decreto nº 4.176, de 28 de março
cação e mobilização, e disponibilização de de 2002.
subsídios para o diálogo; Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de
VII – utilização de ambientes e ferramentas sua publicação.
de redes sociais, quando for o caso; Brasília, 23 de maio de 2014; 193º da Independência
e 126º da República.
VIII – priorização da exportação de dados
DILMA ROUSSEFF
em formatos abertos e legíveis por máqui-
Miriam Belchior
nas;
Gilberto Carvalho
Jorge Hage Sobrinho

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Participação Social

Professor Joerberth Nunes

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Direito Penal

Art. 311 A – DL 2.848/40TÍTULO X

TÍTULO X § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à


administração pública: (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)
CAPÍTULO V Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
INTERESSE PÚBLICO § 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
Fraudes em certames de interesse público (In- se o fato é cometido por funcionário públi-
cluído pela Lei 12.550. de 2011) co. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente,


com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de
comprometer a credibilidade do certame, con-
teúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de
2011)
I – concurso público; (Incluído pela Lei
12.550. de 2011)
II – avaliação ou exame públicos; (Incluído
pela Lei 12.550. de 2011)
III – processo seletivo para ingresso no en-
sino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550.
de 2011)
IV – exame ou processo seletivo previstos
em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem per-
mite ou facilita, por qualquer meio, o aces-
so de pessoas não autorizadas às informa-
ções mencionadas no caput. (Incluído pela
Lei 12.550. de 2011)

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Direito Penal

LEI 7210/84

CAPÍTULO V
DO CONSELHO PENITENCIÁRIO
Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão
consultivo e fiscalizador da execução da pena.
§ 1º O Conselho será integrado por
membros nomeados pelo Governador do
Estado, do Distrito Federal e dos Territórios,
dentre professores e profissionais da
área do Direito Penal, Processual Penal,
Penitenciário e ciências correlatas, bem
como por representantes da comunidade. A
legislação federal e estadual regulará o seu
funcionamento.
§ 2º O mandato dos membros do Conselho
Penitenciário terá a duração de 4 (quatro)
anos.
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
I – emitir parecer sobre indulto e comutação
de pena, excetuada a hipótese de pedido de
indulto com base no estado de saúde do
preso; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
2003)
II – inspecionar os estabelecimentos e
serviços penais;
III – apresentar, no 1º (primeiro) trimestre
de cada ano, ao Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária, relatório
dos trabalhos efetuados no exercício
anterior;
IV – supervisionar os patronatos, bem como
a assistência aos egressos.

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Direito Penal

LEI 7210/84

CAPÍTULO VIII
DO CONSELHO DA COMUNIDADE
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho
da Comunidade composto, no mínimo, por 1
(um) representante de associação comercial ou
industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção
da Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um)
Defensor Público indicado pelo Defensor Público
Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela
Delegacia Seccional do Conselho Nacional de
Assistentes Sociais. (Redação dada pela Lei nº
12.313, de 2010).
Parágrafo único. Na falta da representação
prevista neste artigo, ficará a critério do Juiz
da execução a escolha dos integrantes do
Conselho.
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
I – visitar, pelo menos mensalmente, os
estabelecimentos penais existentes na
comarca;
II – entrevistar presos;
III – apresentar relatórios mensais ao Juiz da
execução e ao Conselho Penitenciário;
IV – diligenciar a obtenção de recursos
materiais e humanos para melhor assistência
ao preso ou internado, em harmonia com a
direção do estabelecimento.

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Execução Penal

Lei de Execução Penal / Lei nº 7.210

Professor Joerberth Nunes

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Direito Penal

LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

(Vide Decreto nº 6.049, de 2007) TÍTULO II


(Vide Decreto nº 7.627, de 2011)
DO CONDENADO
Institui a Lei de Execução Penal.
E DO INTERNADO
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
CAPÍTULO I
TÍTULO I DA CLASSIFICAÇÃO
DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI Art. 5º Os condenados serão classificados,
DE EXECUÇÃO PENAL segundo os seus antecedentes e personalidade,
para orientar a individualização da execução
Art. 1º A execução penal tem por objetivo penal.
efetivar as disposições de sentença ou decisão
criminal e proporcionar condições para a Art. 6o A classificação será feita por Comissão
harmônica integração social do condenado e do Técnica de Classificação que elaborará o
internado. programa individualizador da pena privativa de
liberdade adequada ao condenado ou preso
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
Tribunais da Justiça ordinária, em todo o 2003)
Território Nacional, será exercida, no processo
de execução, na conformidade desta Lei e do Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação,
Código de Processo Penal. existente em cada estabelecimento, será
presidida pelo diretor e composta, no mínimo,
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á
por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra,
igualmente ao preso provisório e ao
1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social,
condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar,
quando se tratar de condenado à pena privativa
quando recolhido a estabelecimento sujeito
de liberdade.
à jurisdição ordinária.
Parágrafo único. Nos demais casos a
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão
Comissão atuará junto ao Juízo da Execução
assegurados todos os direitos não atingidos
e será integrada por fiscais do serviço social.
pela sentença ou pela lei.
Parágrafo único. Não haverá qualquer Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena
distinção de natureza racial, social, religiosa privativa de liberdade, em regime fechado,
ou política. será submetido a exame criminológico para
a obtenção dos elementos necessários a
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação uma adequada classificação e com vistas à
da comunidade nas atividades de execução da individualização da execução.
pena e da medida de segurança.

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Parágrafo único. Ao exame de que trata este orientar o retorno à convivência em sociedade.
artigo poderá ser submetido o condenado
ao cumprimento da pena privativa de Parágrafo único. A assistência estende-se
liberdade em regime semi-aberto. ao egresso.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção Art. 11. A assistência será:


de dados reveladores da personalidade, I – material;
observando a ética profissional e tendo sempre
presentes peças ou informações do processo, II – à saúde;
poderá:
III – jurídica;
I – entrevistar pessoas;
IV – educacional;
II – requisitar, de repartições ou estabele-
cimentos privados, dados e informações a V – social;
respeito do condenado;
VI – religiosa.
III – realizar outras diligências e exames ne-
cessários. Seção II
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, DA ASSISTÊNCIA MATERIAL
dolosamente, com violência de natureza
grave contra pessoa, ou por qualquer dos Art. 12. A assistência material ao preso e
crimes previstos no art. 1º da Lei no 8.072, ao internado consistirá no fornecimento de
de 25 de julho de 1990, serão submetidos, alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
obrigatoriamente, à identificação do perfil Art. 13. O estabelecimento disporá de
genético, mediante extração de DNA - ácido instalações e serviços que atendam aos presos
desoxirribonucleico, por técnica adequada e nas suas necessidades pessoais, além de locais
indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) destinados à venda de produtos e objetos
§ 1º A identificação do perfil genético será permitidos e não fornecidos pela Administração.
armazenada em banco de dados sigiloso,
conforme regulamento a ser expedido Seção III
pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
12.654, de 2012)
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do
§ 2º A autoridade policial, federal internado de caráter preventivo e curativo,
ou estadual, poderá requerer ao juiz compreenderá atendimento médico,
competente, no caso de inquérito farmacêutico e odontológico.
instaurado, o acesso ao banco de dados de
identificação de perfil genético. (Incluído § 1º (Vetado).
pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 2º Quando o estabelecimento penal não
estiver aparelhado para prover a assistência
médica necessária, esta será prestada
CAPÍTULO II em outro local, mediante autorização da
DA ASSISTÊNCIA direção do estabelecimento.
§ 3º Será assegurado acompanhamento
Seção I médico à mulher, principalmente no pré-
DISPOSIÇÕES GERAIS natal e no pós-parto, extensivo ao recém-
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é nascido. (Incluído pela Lei nº 11.942, de
dever do Estado, objetivando prevenir o crime e 2009)

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Seção IV Parágrafo único. A mulher condenada


DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA terá ensino profissional adequado à sua
condição.
Art. 15. A assistência jurídica é destinada Art. 20. As atividades educacionais podem ser
aos presos e aos internados sem recursos objeto de convênio com entidades públicas ou
financeiros para constituir advogado. particulares, que instalem escolas ou ofereçam
Art. 16. As Unidades da Federação deverão cursos especializados.
ter serviços de assistência jurídica, integral e Art. 21. Em atendimento às condições locais,
gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dotar-se-á cada estabelecimento de uma
dos estabelecimentos penais. (Redação dada biblioteca, para uso de todas as categorias
pela Lei nº 12.313, de 2010). de reclusos, provida de livros instrutivos,
§ 1º As Unidades da Federação deverão recreativos e didáticos.
prestar auxílio estrutural, pessoal e material
à Defensoria Pública, no exercício de suas Seção VI
funções, dentro e fora dos estabelecimentos DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
penais. (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010). Art. 22. A assistência social tem por finalidade
amparar o preso e o internado e prepará-los
§ 2º Em todos os estabelecimentos para o retorno à liberdade.
penais, haverá local apropriado destinado
ao atendimento pelo Defensor Público. Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). social:

§ 3º Fora dos estabelecimentos penais, serão I – conhecer os resultados dos diagnósticos


implementados Núcleos Especializados ou exames;
da Defensoria Pública para a prestação de II – relatar, por escrito, ao Diretor do
assistência jurídica integral e gratuita aos estabelecimento, os problemas e as
réus, sentenciados em liberdade, egressos dificuldades enfrentadas pelo assistido;
e seus familiares, sem recursos financeiros
para constituir advogado. (Incluído pela Lei III – acompanhar o resultado das permissões
nº 12.313, de 2010). de saídas e das saídas temporárias;

Seção V IV – promover, no estabelecimento, pelos


meios disponíveis, a recreação;
DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL
V – promover a orientação do assistido, na
Art. 17. A assistência educacional compreenderá fase final do cumprimento da pena, e do
a instrução escolar e a formação profissional do liberando, de modo a facilitar o seu retorno
preso e do internado. à liberdade;
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, VI – providenciar a obtenção de documen-
integrando-se no sistema escolar da Unidade tos, dos benefícios da Previdência Social e
Federativa. do seguro por acidente no trabalho;
Art. 19. O ensino profissional será ministrado VII – orientar e amparar, quando necessário,
em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento a família do preso, do internado e da vítima.
técnico.

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Seção VII CAPÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA DO TRABALHO
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de Seção I
culto, será prestada aos presos e aos internados, DISPOSIÇÕES GERAIS
permitindo-se-lhes a participação nos serviços
organizados no estabelecimento penal, bem Art. 28. O trabalho do condenado, como dever
como a posse de livros de instrução religiosa. social e condição de dignidade humana, terá
§ 1º No estabelecimento haverá local finalidade educativa e produtiva.
apropriado para os cultos religiosos. § 1º Aplicam-se à organização e aos
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser métodos de trabalho as precauções
obrigado a participar de atividade religiosa. relativas à segurança e à higiene.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito
Seção VIII ao regime da Consolidação das Leis do
DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO Trabalho.
Art. 25. A assistência ao egresso consiste: Art. 29. O trabalho do preso será remunerado,
mediante prévia tabela, não podendo ser
I – na orientação e apoio para reintegrá-lo à inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.
vida em liberdade;
§ 1° O produto da remuneração pelo
II – na concessão, se necessário, trabalho deverá atender:
de alojamento e alimentação, em
estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 a) à indenização dos danos causados
(dois) meses. pelo crime, desde que determinados
judicialmente e não reparados por outros
Parágrafo único. O prazo estabelecido meios;
no inciso II poderá ser prorrogado uma
única vez, comprovado, por declaração do b) à assistência à família;
assistente social, o empenho na obtenção
de emprego. c) a pequenas despesas pessoais;

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos d) ao ressarcimento ao Estado das


desta Lei: despesas realizadas com a manutenção
do condenado, em proporção a ser fixada
I – o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) e sem prejuízo da destinação prevista nas
ano a contar da saída do estabelecimento; letras anteriores.
II – o liberado condicional, durante o § 2º Ressalvadas outras aplicações legais,
período de prova. será depositada a parte restante para
constituição do pecúlio, em Caderneta de
Art. 27. O serviço de assistência social Poupança, que será entregue ao condenado
colaborará com o egresso para a obtenção de quando posto em liberdade.
trabalho.
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de
serviço à comunidade não serão remuneradas.

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Seção II § 2º Os governos federal, estadual e


DO TRABALHO INTERNO municipal poderão celebrar convênio com
a iniciativa privada, para implantação de
Art. 31. O condenado à pena privativa de oficinas de trabalho referentes a setores
liberdade está obrigado ao trabalho na medida de apoio dos presídios. (Incluído pela Lei nº
de suas aptidões e capacidade. 10.792, de 2003)

Parágrafo único. Para o preso provisório, o Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou
trabalho não é obrigatório e só poderá ser Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito
executado no interior do estabelecimento. Federal e dos Municípios adquirirão, com
dispensa de concorrência pública, os bens ou
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser produtos do trabalho prisional, sempre que
levadas em conta a habilitação, a condição não for possível ou recomendável realizar-se a
pessoal e as necessidades futuras do preso, venda a particulares.
bem como as oportunidades oferecidas pelo
mercado. Parágrafo único. Todas as importâncias
arrecadadas com as vendas reverterão em
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto favor da fundação ou empresa pública a
possível, o artesanato sem expressão que alude o artigo anterior ou, na sua falta,
econômica, salvo nas regiões de turismo. do estabelecimento penal.
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos Seção III
poderão solicitar ocupação adequada à sua
idade. DO TRABALHO EXTERNO
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos Art. 36. O trabalho externo será admissível
somente exercerão atividades apropriadas para os presos em regime fechado somente
ao seu estado. em serviço ou obras públicas realizadas por
órgãos da Administração Direta ou Indireta,
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será ou entidades privadas, desde que tomadas as
inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.
com descanso nos domingos e feriados.
§ 1º O limite máximo do número de presos
Parágrafo único. Poderá ser atribuído será de 10% (dez por cento) do total de
horário especial de trabalho aos presos empregados na obra.
designados para os serviços de conservação
e manutenção do estabelecimento penal. § 2º Caberá ao órgão da administração,
à entidade ou à empresa empreiteira a
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por remuneração desse trabalho.
fundação, ou empresa pública, com autonomia
administrativa, e terá por objetivo a formação § 3º A prestação de trabalho à entidade
profissional do condenado. privada depende do consentimento
expresso do preso.
§ 1º Nessa hipótese, incumbirá à entidade
gerenciadora promover e supervisionar Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser
a produção, com critérios e métodos autorizada pela direção do estabelecimento,
empresariais, encarregar-se de sua dependerá de aptidão, disciplina e
comercialização, bem como suportar responsabilidade, além do cumprimento
despesas, inclusive pagamento de mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
remuneração adequada. (Renumerado pela
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização
Lei nº 10.792, de 2003)
de trabalho externo ao preso que vier

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a praticar fato definido como crime, Seção II
for punido por falta grave, ou tiver DOS DIREITOS
comportamento contrário aos requisitos
estabelecidos neste artigo. Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades
o respeito à integridade física e moral dos
condenados e dos presos provisórios.
CAPÍTULO IV Art. 41 - Constituem direitos do preso:
DOS DEVERES, DOS DIREITOS I – alimentação suficiente e vestuário;
E DA DISCIPLINA II – atribuição de trabalho e sua
remuneração;
Seção I
III – Previdência Social;
DOS DEVERES
IV – constituição de pecúlio;
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das
V – proporcionalidade na distribuição do
obrigações legais inerentes ao seu estado,
tempo para o trabalho, o descanso e a
submeter-se às normas de execução da pena.
recreação;
Art. 39. Constituem deveres do condenado:
VI – exercício das atividades profissionais,
I – comportamento disciplinado e intelectuais, artísticas e desportivas
cumprimento fiel da sentença; anteriores, desde que compatíveis com a
II – obediência ao servidor e respeito a execução da pena;
qualquer pessoa com quem deva relacionar- VII – assistência material, à saúde, jurídica,
se; educacional, social e religiosa;
III – urbanidade e respeito no trato com os VIII – proteção contra qualquer forma de
demais condenados; sensacionalismo;
IV – conduta oposta aos movimentos IX – entrevista pessoal e reservada com o
individuais ou coletivos de fuga ou de advogado;
subversão à ordem ou à disciplina;
X – visita do cônjuge, da companheira, de
V – execução do trabalho, das tarefas e das parentes e amigos em dias determinados;
ordens recebidas;
XI – chamamento nominal;
VI – submissão à sanção disciplinar imposta;
XII – igualdade de tratamento salvo quanto
VII – indenização à vitima ou aos seus às exigências da individualização da pena;
sucessores;
XIII – audiência especial com o diretor do
VIII – indenização ao Estado, quando estabelecimento;
possível, das despesas realizadas com
XIV – representação e petição a qualquer
a sua manutenção, mediante desconto
autoridade, em defesa de direito;
proporcional da remuneração do trabalho;
XV – contato com o mundo exterior por
IX – higiene pessoal e asseio da cela ou
meio de correspondência escrita, da leitura
alojamento;
e de outros meios de informação que não
X – conservação dos objetos de uso pessoal. comprometam a moral e os bons costumes.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso XVI – atestado de pena a cumprir, emitido
provisório, no que couber, o disposto neste anualmente, sob pena da responsabilidade
artigo.

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da autoridade judiciária competente. Art. 47. O poder disciplinar, na execução da


(Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003) pena privativa de liberdade, será exercido
Parágrafo único. Os direitos previstos nos pela autoridade administrativa conforme as
incisos V, X e XV poderão ser suspensos disposições regulamentares.
ou restringidos mediante ato motivado do Art. 48. Na execução das penas restritivas de
diretor do estabelecimento. direitos, o poder disciplinar será exercido pela
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao autoridade administrativa a que estiver sujeito
submetido à medida de segurança, no que o condenado.
couber, o disposto nesta Seção. Parágrafo único. Nas faltas graves, a
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar autoridade representará ao Juiz da execução
médico de confiança pessoal do internado ou do para os fins dos artigos 118, inciso I, 125,
submetido a tratamento ambulatorial, por seus 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.
familiares ou dependentes, a fim de orientar e Subseção II
acompanhar o tratamento.
DAS FALTAS DISCIPLINARES
Parágrafo único. As divergências entre o
médico oficial e o particular serão resolvidas Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se
pelo Juiz da execução. em leves, médias e graves. A legislação local
especificará as leves e médias, bem assim as
Seção III respectivas sanções.
DA DISCIPLINA Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a
sanção correspondente à falta consumada.
Subseção I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena
privativa de liberdade que:
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com
I – incitar ou participar de movimento para
a ordem, na obediência às determinações das
subverter a ordem ou a disciplina;
autoridades e seus agentes e no desempenho
do trabalho. II – fugir;
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina III – possuir, indevidamente, instrumento
o condenado à pena privativa de liberdade capaz de ofender a integridade física de
ou restritiva de direitos e o preso provisório. outrem;
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar IV – provocar acidente de trabalho;
sem expressa e anterior previsão legal ou
regulamentar. V – descumprir, no regime aberto, as
condições impostas;
§ 1º As sanções não poderão colocar em
perigo a integridade física e moral do VI – inobservar os deveres previstos nos
condenado. incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

§ 2º É vedado o emprego de cela escura. VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo. (Incluído pela
Art. 46. O condenado ou denunciado, no
Lei nº 11.466, de 2007)
início da execução da pena ou da prisão, será
cientificado das normas disciplinares.

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Parágrafo único. O disposto neste artigo ou participação, a qualquer título, em
aplica-se, no que couber, ao preso organizações criminosas, quadrilha ou
provisório. bando. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
2003)
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena
restritiva de direitos que: Subseção III
I – descumprir, injustificadamente, a DAS SANÇÕES
restrição imposta; E DAS RECOMPENSAS
II – retardar, injustificadamente, o Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
cumprimento da obrigação imposta;
I – advertência verbal;
III – inobservar os deveres previstos nos
incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. II – repreensão;

Art. 52. A prática de fato previsto como crime III – suspensão ou restrição de direitos
doloso constitui falta grave e, quando ocasione (artigo 41, parágrafo único);
subversão da ordem ou disciplina internas,
IV – isolamento na própria cela, ou em
sujeita o preso provisório, ou condenado, sem
local adequado, nos estabelecimentos que
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
possuam alojamento coletivo, observado o
diferenciado, com as seguintes características:
disposto no artigo 88 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
V – inclusão no regime disciplinar
I – duração máxima de trezentos e sessenta
diferenciado. (Incluído pela Lei nº 10.792,
dias, sem prejuízo de repetição da sanção
de 2003)
por nova falta grave de mesma espécie,
até o limite de um sexto da pena aplicada; Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) serão aplicadas por ato motivado do diretor do
estabelecimento e a do inciso V, por prévio e
II – recolhimento em cela individual;
fundamentado despacho do juiz competente.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
III – visitas semanais de duas pessoas, sem
§ 1º A autorização para a inclusão do
contar as crianças, com duração de duas
preso em regime disciplinar dependerá de
horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
requerimento circunstanciado elaborado
IV – o preso terá direito à saída da cela por pelo diretor do estabelecimento ou outra
2 horas diárias para banho de sol. (Incluído autoridade administrativa. (Incluído pela Lei
pela Lei nº 10.792, de 2003) nº 10.792, de 2003)

§ 1º O regime disciplinar diferenciado § 2º A decisão judicial sobre inclusão de


também poderá abrigar presos provisórios preso em regime disciplinar será precedida
ou condenados, nacionais ou estrangeiros, de manifestação do Ministério Público e
que apresentem alto risco para a ordem e a da defesa e prolatada no prazo máximo de
segurança do estabelecimento penal ou da quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
sociedade. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
2003)
Art. 55. As recompensas têm em vista o bom
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime comportamento reconhecido em favor do
disciplinar diferenciado o preso provisório condenado, de sua colaboração com a disciplina
ou o condenado sob o qual recaiam e de sua dedicação ao trabalho.
fundadas suspeitas de envolvimento

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Art. 56. São recompensas: Parágrafo único. O tempo de isolamento ou


inclusão preventiva no regime disciplinar
I – o elogio; diferenciado será computado no período
II – a concessão de regalias. de cumprimento da sanção disciplinar.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Parágrafo único. A legislação local e os
regulamentos estabelecerão a natureza e a
forma de concessão de regalias. TÍTULO III
Subseção IV
Dos Órgãos da Execução Penal
DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares,
levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as
circunstâncias e as consequências do fato, bem CAPÍTULO I
como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. DISPOSIÇÕES GERAIS
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Art. 61. São órgãos da execução penal:
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-
se as sanções previstas nos incisos III a V do I – o Conselho Nacional de Política Criminal
art. 53 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº e Penitenciária;
10.792, de 2003) II – o Juízo da Execução;
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição III – o Ministério Público;
de direitos não poderão exceder a trinta dias,
ressalvada a hipótese do regime disciplinar IV – o Conselho Penitenciário;
diferenciado. (Redação dada pela Lei nº 10.792,
V – os Departamentos Penitenciários;
de 2003)
VI – o Patronato;
Parágrafo único. O isolamento será sempre
comunicado ao Juiz da execução. VII – o Conselho da Comunidade.

Subseção V VIII – a Defensoria Pública. (Incluído pela Lei


DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR nº 12.313, de 2010).

Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser


instaurado o procedimento para sua apuração,
conforme regulamento, assegurado o direito de CAPÍTULO II
defesa. DO CONSELHO NACIONAL
Parágrafo único. A decisão será motivada.
DE POLÍTICA CRIMINAL E
PENITENCIÁRIA
Art. 60. A autoridade administrativa poderá
decretar o isolamento preventivo do faltoso Art. 62. O Conselho Nacional de Política
pelo prazo de até dez dias. A inclusão do Criminal e Penitenciária, com sede na Capital
preso no regime disciplinar diferenciado, no da República, é subordinado ao Ministério da
interesse da disciplina e da averiguação do fato, Justiça.
dependerá de despacho do juiz competente.
Art. 63. O Conselho Nacional de Política
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Criminal e Penitenciária será integrado por 13
(treze) membros designados através de ato

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do Ministério da Justiça, dentre professores e IX – representar ao Juiz da execução
profissionais da área do Direito Penal, Processual ou à autoridade administrativa para
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem instauração de sindicância ou procedimento
como por representantes da comunidade e dos administrativo, em caso de violação das
Ministérios da área social. normas referentes à execução penal;
Parágrafo único. O mandato dos membros X – representar à autoridade competente
do Conselho terá duração de 2 (dois) anos, para a interdição, no todo ou em parte, de
renovado 1/3 (um terço) em cada ano. estabelecimento penal.
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, no exercício de suas
atividades, em âmbito federal ou estadual, CAPÍTULO III
incumbe:
DO JUÍZO DA EXECUÇÃO
I – propor diretrizes da política criminal
quanto à prevenção do delito, administração Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz
da Justiça Criminal e execução das penas e indicado na lei local de organização judiciária e,
das medidas de segurança; na sua ausência, ao da sentença.

II – contribuir na elaboração de planos Art. 66. Compete ao Juiz da execução:


nacionais de desenvolvimento, sugerindo I – aplicar aos casos julgados lei posterior
as metas e prioridades da política criminal e que de qualquer modo favorecer o
penitenciária; condenado;
III – promover a avaliação periódica do II – declarar extinta a punibilidade;
sistema criminal para a sua adequação às
necessidades do País; III – decidir sobre:

IV – estimular e promover a pesquisa a) soma ou unificação de penas;


criminológica;
b) progressão ou regressão nos regimes;
V – elaborar programa nacional
c) detração e remição da pena;
penitenciário de formação e
aperfeiçoamento do servidor; d) suspensão condicional da pena;
VI – estabelecer regras sobre a arquitetura e) livramento condicional;
e construção de estabelecimentos penais e
casas de albergados; f) incidentes da execução.

VII – estabelecer os critérios para a IV – autorizar saídas temporárias;


elaboração da estatística criminal; V – determinar:
VIII – inspecionar e fiscalizar os a) a forma de cumprimento da pena
estabelecimentos penais, bem assim restritiva de direitos e fiscalizar sua
informar-se, mediante relatórios do execução;
Conselho Penitenciário, requisições, visitas
ou outros meios, acerca do desenvolvimento b) a conversão da pena restritiva de direitos
da execução penal nos Estados, Territórios e e de multa em privativa de liberdade;
Distrito Federal, propondo às autoridades
c) a conversão da pena privativa de
dela incumbida as medidas necessárias ao
liberdade em restritiva de direitos;
seu aprimoramento;

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d) a aplicação da medida de segurança, bem II – requerer:


como a substituição da pena por medida de
segurança; a) todas as providências necessárias ao
desenvolvimento do processo executivo;
e) a revogação da medida de segurança;
b) a instauração dos incidentes de excesso
f) a desinternação e o restabelecimento da ou desvio de execução;
situação anterior;
c) a aplicação de medida de segurança, bem
g) o cumprimento de pena ou medida de como a substituição da pena por medida de
segurança em outra comarca; segurança;
h) a remoção do condenado na hipótese d) a revogação da medida de segurança;
prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
e) a conversão de penas, a progressão
i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de ou regressão nos regimes e a revogação
2010) da suspensão condicional da pena e do
livramento condicional;
VI – zelar pelo correto cumprimento da
pena e da medida de segurança; f) a internação, a desinternação e o
restabelecimento da situação anterior.
VII – inspecionar, mensalmente, os
estabelecimentos penais, tomando III – interpor recursos de decisões proferidas
providências para o adequado pela autoridade judiciária, durante a
funcionamento e promovendo, quando for execução.
o caso, a apuração de responsabilidade;
Parágrafo único. O órgão do Ministério
VIII – interditar, no todo ou em parte, Público visitará mensalmente os
estabelecimento penal que estiver estabelecimentos penais, registrando a sua
funcionando em condições inadequadas ou presença em livro próprio.
com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX – compor e instalar o Conselho da
Comunidade. CAPÍTULO V
X – emitir anualmente atestado de pena a DO CONSELHO PENITENCIÁRIO
cumprir. (Incluído pela Lei nº 10.713, de
2003) Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão
consultivo e fiscalizador da execução da pena.
§ 1º O Conselho será integrado por
membros nomeados pelo Governador do
CAPÍTULO IV Estado, do Distrito Federal e dos Territórios,
DO MINISTÉRIO PÚBLICO dentre professores e profissionais da
área do Direito Penal, Processual Penal,
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a Penitenciário e ciências correlatas, bem
execução da pena e da medida de segurança, como por representantes da comunidade. A
oficiando no processo executivo e nos incidentes legislação federal e estadual regulará o seu
da execução. funcionamento.
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: § 2º O mandato dos membros do Conselho
I – fiscalizar a regularidade formal das guias Penitenciário terá a duração de 4 (quatro)
de recolhimento e de internamento; anos.

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Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: IV – colaborar com as Unidades Federativas
mediante convênios, na implantação de
I – emitir parecer sobre indulto e comutação estabelecimentos e serviços penais;
de pena, excetuada a hipótese de pedido de
indulto com base no estado de saúde do V – colaborar com as Unidades Federativas
preso; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de para a realização de cursos de formação
2003) de pessoal penitenciário e de ensino
profissionalizante do condenado e do
II – inspecionar os estabelecimentos e internado.
serviços penais;
VI – estabelecer, mediante convênios com
III – apresentar, no 1º (primeiro) trimestre as unidades federativas, o cadastro nacional
de cada ano, ao Conselho Nacional de das vagas existentes em estabelecimentos
Política Criminal e Penitenciária, relatório locais destinadas ao cumprimento de penas
dos trabalhos efetuados no exercício privativas de liberdade aplicadas pela justiça
anterior; de outra unidade federativa, em especial
IV – supervisionar os patronatos, bem como para presos sujeitos a regime disciplinar.
a assistência aos egressos. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
Parágrafo único. Incumbem também ao
Departamento a coordenação e supervisão
dos estabelecimentos penais e de
CAPÍTULO VI
internamento federais.
DOS DEPARTAMENTOS
PENITENCIÁRIOS Seção II
DO DEPARTAMENTO
Seção I PENITENCIÁRIO LOCAL
DO DEPARTAMENTO
PENITENCIÁRIO NACIONAL Art. 73. A legislação local poderá criar
Departamento Penitenciário ou órgão similar,
Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, com as atribuições que estabelecer.
subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou
executivo da Política Penitenciária Nacional e de
órgão similar, tem por finalidade supervisionar
apoio administrativo e financeiro do Conselho
e coordenar os estabelecimentos penais da
Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Unidade da Federação a que pertencer.
Art. 72. São atribuições do Departamento
Penitenciário Nacional: Seção III
DA DIREÇÃO E DO PESSOAL DOS
I – acompanhar a fiel aplicação das normas
de execução penal em todo o Território
ESTABELECIMENTOS PENAIS
Nacional; Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de
II – inspecionar e fiscalizar periodicamente estabelecimento deverá satisfazer os seguintes
os estabelecimentos e serviços penais; requisitos:

III – assistir tecnicamente as Unidades I – ser portador de diploma de nível superior


Federativas na implementação dos de Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais,
princípios e regras estabelecidos nesta Lei; ou Pedagogia, ou Serviços Sociais;
II – possuir experiência administrativa na
área;

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III – ter idoneidade moral e reconhecida CAPÍTULO VIII


aptidão para o desempenho da função. DO CONSELHO DA COMUNIDADE
Parágrafo único. O diretor deverá residir no
estabelecimento, ou nas proximidades, e Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho
dedicará tempo integral à sua função. da Comunidade composto, no mínimo, por 1
(um) representante de associação comercial ou
Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção
será organizado em diferentes categorias da Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um)
funcionais, segundo as necessidades do serviço, Defensor Público indicado pelo Defensor Público
com especificação de atribuições relativas às Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela
funções de direção, chefia e assessoramento do Delegacia Seccional do Conselho Nacional de
estabelecimento e às demais funções. Assistentes Sociais. (Redação dada pela Lei nº
12.313, de 2010).
Art. 77. A escolha do pessoal administrativo,
especializado, de instrução técnica e de Parágrafo único. Na falta da representação
vigilância atenderá a vocação, preparação prevista neste artigo, ficará a critério do Juiz
profissional e antecedentes pessoais do da execução a escolha dos integrantes do
candidato. Conselho.
§ 1º O ingresso do pessoal penitenciário, Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
bem como a progressão ou a ascensão
funcional dependerão de cursos específicos I – visitar, pelo menos mensalmente, os
de formação, procedendo-se à reciclagem estabelecimentos penais existentes na
periódica dos servidores em exercício. comarca;

§ 2º No estabelecimento para mulheres II – entrevistar presos;


somente se permitirá o trabalho de pessoal III – apresentar relatórios mensais ao Juiz da
do sexo feminino, salvo quando se tratar de execução e ao Conselho Penitenciário;
pessoal técnico especializado.
IV – diligenciar a obtenção de recursos
materiais e humanos para melhor assistência
ao preso ou internado, em harmonia com a
CAPÍTULO VII direção do estabelecimento.
DO PATRONATO
Art. 78. O Patronato público ou particular
destina-se a prestar assistência aos albergados CAPÍTULO IX
e aos egressos (artigo 26). DA DEFENSORIA PÚBLICA
Art. 79. Incumbe também ao Patronato: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
I – orientar os condenados à pena restritiva Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela
de direitos; regular execução da pena e da medida de
II – fiscalizar o cumprimento das penas de segurança, oficiando, no processo executivo e
prestação de serviço à comunidade e de nos incidentes da execução, para a defesa dos
limitação de fim de semana; necessitados em todos os graus e instâncias, de
forma individual e coletiva. (Incluído pela Lei nº
III – colaborar na fiscalização do 12.313, de 2010).
cumprimento das condições da suspensão e
do livramento condicional.

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Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: III – interpor recursos de decisões proferidas
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). pela autoridade judiciária ou administrativa
I – requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, durante a execução; (Incluído pela Lei nº
de 2010). 12.313, de 2010).

a) todas as providências necessárias ao IV – representar ao Juiz da execução


desenvolvimento do processo executivo; ou à autoridade administrativa para
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). instauração de sindicância ou procedimento
administrativo em caso de violação das
b) a aplicação aos casos julgados de lei normas referentes à execução penal;
posterior que de qualquer modo favorecer (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
o condenado; (Incluído pela Lei nº 12.313,
de 2010). V – visitar os estabelecimentos penais,
tomando providências para o adequado
c) a declaração de extinção da punibilidade; funcionamento, e requerer, quando for
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). o caso, a apuração de responsabilidade;
d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
nº 12.313, de 2010). VI – requerer à autoridade competente
e) a detração e remição da pena; (Incluído a interdição, no todo ou em parte, de
pela Lei nº 12.313, de 2010). estabelecimento penal. (Incluído pela Lei nº
12.313, de 2010).
f) a instauração dos incidentes de excesso
ou desvio de execução; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. O órgão da Defensoria
12.313, de 2010). Pública visitará periodicamente os
estabelecimentos penais, registrando a sua
g) a aplicação de medida de segurança e presença em livro próprio. (Incluído pela Lei
sua revogação, bem como a substituição da nº 12.313, de 2010).
pena por medida de segurança; (Incluído
pela Lei nº 12.313, de 2010).
h) a conversão de penas, a progressão nos TÍTULO IV
regimes, a suspensão condicional da pena,
o livramento condicional, a comutação Dos Estabelecimentos Penais
de pena e o indulto; (Incluído pela Lei nº
12.313, de 2010).
i) a autorização de saídas temporárias; CAPÍTULO I
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). DISPOSIÇÕES GERAIS
j) a internação, a desinternação e o Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-
restabelecimento da situação anterior; se ao condenado, ao submetido à medida de
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). segurança, ao preso provisório e ao egresso.
k) o cumprimento de pena ou medida de § 1º A mulher e o maior de sessenta
segurança em outra comarca; (Incluído pela anos, separadamente, serão recolhidos a
Lei nº 12.313, de 2010). estabelecimento próprio e adequado à sua
l) a remoção do condenado na hipótese condição pessoal. (Redação dada pela Lei nº
prevista no § 1º do art. 86 desta Lei; 9.460, de 1997)
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 2º O mesmo conjunto arquitetônico
II – requerer a emissão anual do atestado poderá abrigar estabelecimentos de
de pena a cumprir; (Incluído pela Lei nº destinação diversa desde que devidamente
12.313, de 2010). isolados.

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Art. 83. O estabelecimento penal, conforme do estabelecimento, atendendo a sua


a sua natureza, deverá contar em suas natureza e peculiaridades.
dependências com áreas e serviços destinados
a dar assistência, educação, trabalho, recreação Art. 86. As penas privativas de liberdade
e prática esportiva. aplicadas pela Justiça de uma Unidade
Federativa podem ser executadas em outra
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio unidade, em estabelecimento local ou da União.
de estudantes universitários. (Renumerado
pela Lei nº 9.046, de 1995) § 1º A União Federal poderá construir
estabelecimento penal em local distante da
§ 2º Os estabelecimentos penais destinados condenação para recolher os condenados,
a mulheres serão dotados de berçário, quando a medida se justifique no interesse
onde as condenadas possam cuidar de seus da segurança pública ou do próprio
filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, condenado. (Redação dada pela Lei nº
até 6 (seis) meses de idade. (Redação dada 10.792, de 2003)
pela Lei nº 11.942, de 2009)
§ 2º Conforme a natureza do
§ 3º Os estabelecimentos de que trata estabelecimento, nele poderão trabalhar
o § 2º deste artigo deverão possuir, os liberados ou egressos que se dediquem
exclusivamente, agentes do sexo feminino a obras públicas ou ao aproveitamento de
na segurança de suas dependências terras ociosas.
internas. (Incluído pela Lei nº 12.121, de
2009). § 3º Caberá ao juiz competente, a
requerimento da autoridade administrativa
§ 4º Serão instaladas salas de aulas definir o estabelecimento prisional
destinadas a cursos do ensino básico e adequado para abrigar o preso provisório
profissionalizante.(Incluído pela Lei nº ou condenado, em atenção ao regime e aos
12.245, de 2010) requisitos estabelecidos. (Incluído pela Lei
nº 10.792, de 2003)
§ 5º Haverá instalação destinada à
Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº
12.313, de 2010).
Art. 84. O preso provisório ficará separado do CAPÍTULO II
condenado por sentença transitada em julgado. DA PENITENCIÁRIA
§ 1º O preso primário cumprirá pena em Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado
seção distinta daquela reservada para os à pena de reclusão, em regime fechado.
reincidentes.
Parágrafo único. A União Federal, os
§ 2º O preso que, ao tempo do fato, era Estados, o Distrito Federal e os Territórios
funcionário da Administração da Justiça poderão construir Penitenciárias
Criminal ficará em dependência separada. destinadas, exclusivamente, aos presos
provisórios e condenados que estejam
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter
em regime fechado, sujeitos ao regime
lotação compatível com a sua estrutura e
disciplinar diferenciado, nos termos do art.
finalidade.
52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
Parágrafo único. O Conselho Nacional 2003)
de Política Criminal e Penitenciária
Art. 88. O condenado será alojado em cela
determinará o limite máximo de capacidade
individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário e lavatório.

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Parágrafo único. São requisitos básicos da requisitos da letra a, do parágrafo único, do
unidade celular: artigo 88, desta Lei.
a) salubridade do ambiente pela Parágrafo único. São também requisitos
concorrência dos fatores de aeração, básicos das dependências coletivas:
insolação e condicionamento térmico
adequado à existência humana; a) a seleção adequada dos presos;

b) área mínima de 6,00m2 (seis metros b) o limite de capacidade máxima que


quadrados). atenda os objetivos de individualização da
pena.
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art.
88, a penitenciária de mulheres será dotada de
seção para gestante e parturiente e de creche
para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses CAPÍTULO IV
e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de DA CASA DO ALBERGADO
assistir a criança desamparada cuja responsável
estiver presa. (Redação dada pela Lei nº 11.942, Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao
de 2009) cumprimento de pena privativa de liberdade,
em regime aberto, e da pena de limitação de
Parágrafo único. São requisitos básicos da fim de semana.
seção e da creche referidas neste artigo:
(Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro
urbano, separado dos demais estabelecimentos,
I – atendimento por pessoal qualificado, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos
de acordo com as diretrizes adotadas pela físicos contra a fuga.
legislação educacional e em unidades
autônomas; e (Incluído pela Lei nº 11.942, Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos,
de 2009) uma Casa do Albergado, a qual deverá conter,
além dos aposentos para acomodar os presos,
II – horário de funcionamento que garanta local adequado para cursos e palestras.
a melhor assistência à criança e à sua
responsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de Parágrafo único. O estabelecimento terá
2009) instalações para os serviços de fiscalização e
orientação dos condenados.
Art. 90. A penitenciária de homens será
construída, em local afastado do centro urbano,
à distância que não restrinja a visitação.
CAPÍTULO V
DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO
CAPÍTULO III Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-
DA COLÔNIA AGRÍCOLA, ão os exames gerais e o criminológico, cujos
INDUSTRIAL OU SIMILAR resultados serão encaminhados à Comissão
Técnica de Classificação.
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
destina-se ao cumprimento da pena em regime Parágrafo único. No Centro poderão ser
semi-aberto. realizadas pesquisas criminológicas.

Art. 92. O condenado poderá ser alojado Art. 97. O Centro de Observação será instalado
em compartimento coletivo, observados os em unidade autônoma ou em anexo a
estabelecimento penal.

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Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela TÍTULO V


Comissão Técnica de Classificação, na falta do
Centro de Observação. Da Execução das Penas em Espécie

CAPÍTULO VI CAPÍTULO I
DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E DAS PENAS PRIVATIVAS DE
TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO LIBERDADE
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e Seção I
semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu DISPOSIÇÕES GERAIS
parágrafo único do Código Penal.
Art. 105. Transitando em julgado a sentença
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que aplicar pena privativa de liberdade, se o
que couber, o disposto no parágrafo único, réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará
do artigo 88, desta Lei. a expedição de guia de recolhimento para a
execução.
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais
exames necessários ao tratamento são Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo
obrigatórios para todos os internados. escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a
assinará com o Juiz, será remetida à autoridade
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no administrativa incumbida da execução e
artigo 97, segunda parte, do Código Penal, será conterá:
realizado no Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico ou em outro local com dependência I – o nome do condenado;
médica adequada.
II – a sua qualificação civil e o número
do registro geral no órgão oficial de
identificação;
CAPÍTULO VII III – o inteiro teor da denúncia e da sentença
DA CADEIA PÚBLICA condenatória, bem como certidão do
trânsito em julgado;
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao
recolhimento de presos provisórios. IV – a informação sobre os antecedentes e o
grau de instrução;
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1
(uma) cadeia pública a fim de resguardar o V – a data da terminação da pena;
interesse da Administração da Justiça Criminal
e a permanência do preso em local próximo ao VI – outras peças do processo reputadas
seu meio social e familiar. indispensáveis ao adequado tratamento
penitenciário.
Art. 104. O estabelecimento de que trata este
Capítulo será instalado próximo de centro § 1º Ao Ministério Público se dará ciência da
urbano, observando-se na construção as guia de recolhimento.
exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu § 2º A guia de recolhimento será retificada
parágrafo único desta Lei. sempre que sobrevier modificação quanto
ao início da execução ou ao tempo de
duração da pena.

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§ 3º Se o condenado, ao tempo do fato, era restante da que está sendo cumprida, para
funcionário da Administração da Justiça determinação do regime.
Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa
circunstância, para fins do disposto no § 2º, Art. 112. A pena privativa de liberdade será
do artigo 84, desta Lei. executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso,
Art. 107. Ninguém será recolhido, para a ser determinada pelo juiz, quando o preso
cumprimento de pena privativa de liberdade, tiver cumprido ao menos um sexto da pena no
sem a guia expedida pela autoridade judiciária. regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do
§ 1º A autoridade administrativa incumbida estabelecimento, respeitadas as normas que
da execução passará recibo da guia de vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº
recolhimento para juntá-la aos autos do 10.792, de 2003)
processo, e dará ciência dos seus termos ao
condenado. § 1º A decisão será sempre motivada e
precedida de manifestação do Ministério
§ 2º As guias de recolhimento serão Público e do defensor. (Redação dada pela
registradas em livro especial, segundo Lei nº 10.792, de 2003)
a ordem cronológica do recebimento, e
anexadas ao prontuário do condenado, § 2º Idêntico procedimento será adotado
aditando-se, no curso da execução, o cálculo na concessão de livramento condicional,
das remições e de outras retificações indulto e comutação de penas, respeitados
posteriores. os prazos previstos nas normas vigentes.
(Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença
mental será internado em Hospital de Custódia Art. 113. O ingresso do condenado em regime
e Tratamento Psiquiátrico. aberto supõe a aceitação de seu programa e das
condições impostas pelo Juiz.
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o
condenado será posto em liberdade, mediante Art. 114. Somente poderá ingressar no regime
alvará do Juiz, se por outro motivo não estiver aberto o condenado que:
preso.
I – estiver trabalhando ou comprovar a
Seção II possibilidade de fazê-lo imediatamente;
DOS REGIMES II – apresentar, pelos seus antecedentes
ou pelo resultado dos exames a que foi
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá submetido, fundados indícios de que irá
o regime no qual o condenado iniciará o ajustar-se, com autodisciplina e senso de
cumprimento da pena privativa de liberdade, responsabilidade, ao novo regime.
observado o disposto no artigo 33 e seus
parágrafos do Código Penal. Parágrafo único. Poderão ser dispensadas
do trabalho as pessoas referidas no artigo
Art. 111. Quando houver condenação por 117 desta Lei.
mais de um crime, no mesmo processo ou em
processos distintos, a determinação do regime Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições
de cumprimento será feita pelo resultado da especiais para a concessão de regime aberto,
soma ou unificação das penas, observada, sem prejuízo das seguintes condições gerais e
quando for o caso, a detração ou remição. obrigatórias:
Parágrafo único. Sobrevindo condenação I – permanecer no local que for designado,
no curso da execução, somar-se-á a pena ao durante o repouso e nos dias de folga;

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II – sair para o trabalho e retornar, nos da pena privativa de liberdade em regime


horários fixados; aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal).
III – não se ausentar da cidade onde reside, Seção III
sem autorização judicial; DAS AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
IV – comparecer a Juízo, para informar e
justificar as suas atividades, quando for Subseção I
determinado. DA PERMISSÃO DE SAÍDA
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições Art. 120. Os condenados que cumprem pena
estabelecidas, de ofício, a requerimento do em regime fechado ou semi-aberto e os presos
Ministério Público, da autoridade administrativa provisórios poderão obter permissão para sair
ou do condenado, desde que as circunstâncias do estabelecimento, mediante escolta, quando
assim o recomendem. ocorrer um dos seguintes fatos:
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento I – falecimento ou doença grave do cônjuge,
do beneficiário de regime aberto em residência companheira, ascendente, descendente ou
particular quando se tratar de: irmão;
I – condenado maior de 70 (setenta) anos; II – necessidade de tratamento médico
II – condenado acometido de doença grave; (parágrafo único do artigo 14).

III – condenada com filho menor ou Parágrafo único. A permissão de saída será
deficiente físico ou mental; concedida pelo diretor do estabelecimento
onde se encontra o preso.
IV – condenada gestante.
Art. 121. A permanência do preso fora do
Art. 118. A execução da pena privativa de estabelecimento terá a duração necessária à
liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com finalidade da saída.
a transferência para qualquer dos regimes mais
rigorosos, quando o condenado: Subseção II
I – praticar fato definido como crime doloso
DA SAÍDA TEMPORÁRIA
ou falta grave; Art. 122. Os condenados que cumprem pena em
II – sofrer condenação, por crime anterior, regime semi-aberto poderão obter autorização
cuja pena, somada ao restante da pena em para saída temporária do estabelecimento, sem
execução, torne incabível o regime (artigo vigilância direta, nos seguintes casos:
111). I – visita à família;
§ 1º O condenado será transferido do II – freqüência a curso supletivo
regime aberto se, além das hipóteses profissionalizante, bem como de instrução
referidas nos incisos anteriores, frustrar os do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo
fins da execução ou não pagar, podendo, a da Execução;
multa cumulativamente imposta.
III – participação em atividades que
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo concorram para o retorno ao convívio social.
anterior, deverá ser ouvido previamente o
condenado. Parágrafo único. A ausência de vigilância
direta não impede a utilização de
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer equipamento de monitoração eletrônica
normas complementares para o cumprimento

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pelo condenado, quando assim determinar prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias
o juiz da execução. (Incluído pela Lei nº de intervalo entre uma e outra. (Incluído
12.258, de 2010) pela Lei nº 12.258, de 2010)
Art. 123. A autorização será concedida por Art. 125. O benefício será automaticamente
ato motivado do Juiz da execução, ouvidos revogado quando o condenado praticar fato
o Ministério Público e a administração definido como crime doloso, for punido por
penitenciária e dependerá da satisfação dos falta grave, desatender as condições impostas
seguintes requisitos: na autorização ou revelar baixo grau de
aproveitamento do curso.
I – comportamento adequado;
Parágrafo único. A recuperação do direito à
II – cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) saída temporária dependerá da absolvição
da pena, se o condenado for primário, e 1/4 no processo penal, do cancelamento da
(um quarto), se reincidente; punição disciplinar ou da demonstração do
III – compatibilidade do benefício com os merecimento do condenado.
objetivos da pena.
Seção IV
Art. 124. A autorização será concedida por DA REMIÇÃO
prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser
renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o Art. 126. O condenado que cumpre a pena em
ano. regime fechado ou semiaberto poderá remir,
por trabalho ou por estudo, parte do tempo de
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o execução da pena. (Redação dada pela Lei nº
juiz imporá ao beneficiário as seguintes 12.433, de 2011).
condições, entre outras que entender
compatíveis com as circunstâncias do caso e § 1º A contagem de tempo referida no caput
a situação pessoal do condenado: (Incluído será feita à razão de: (Redação dada pela Lei
pela Lei nº 12.258, de 2010) nº 12.433, de 2011)
I – fornecimento do endereço onde reside I – 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze)
a família a ser visitada ou onde poderá ser horas de frequência escolar – atividade
encontrado durante o gozo do benefício; de ensino fundamental, médio, inclusive
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional – divididas, no
II – recolhimento à residência visitada, mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei
no período noturno; (Incluído pela Lei nº nº 12.433, de 2011)
12.258, de 2010)
II – 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias
III – proibição de frequentar bares, casas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de
noturnas e estabelecimentos congêneres. 2011)
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
§ 2º As atividades de estudo a que se
§ 2º Quando se tratar de frequência a curso refere o § 1º deste artigo poderão ser
profissionalizante, de instrução de ensino desenvolvidas de forma presencial ou
médio ou superior, o tempo de saída será por metodologia de ensino a distância e
o necessário para o cumprimento das deverão ser certificadas pelas autoridades
atividades discentes. (Renumerado do educacionais competentes dos cursos
parágrafo único pela Lei nº 12.258, de 2010) frequentados. (Redação dada pela Lei nº
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de 12.433, de 2011)
saída somente poderão ser concedidas com

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§ 3º Para fins de cumulação dos casos de que estejam trabalhando ou estudando, com
remição, as horas diárias de trabalho e informação dos dias de trabalho ou das horas de
de estudo serão definidas de forma a se frequência escolar ou de atividades de ensino
compatibilizarem. (Redação dada pela Lei de cada um deles. (Redação dada pela Lei nº
nº 12.433, de 2011) 12.433, de 2011)
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, § 1º O condenado autorizado a estudar
de prosseguir no trabalho ou nos estudos fora do estabelecimento penal deverá
continuará a beneficiar-se com a remição. comprovar mensalmente, por meio de
(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) declaração da respectiva unidade de ensino,
a frequência e o aproveitamento escolar.
§ 5º O tempo a remir em função das horas de (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no
caso de conclusão do ensino fundamental, § 2º Ao condenado dar-se-á a relação de
médio ou superior durante o cumprimento seus dias remidos. (Incluído pela Lei nº
da pena, desde que certificada pelo órgão 12.433, de 2011)
competente do sistema de educação.
(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do
Código Penal declarar ou atestar falsamente
§ 6º O condenado que cumpre pena em prestação de serviço para fim de instruir pedido
regime aberto ou semiaberto e o que de remição.
usufrui liberdade condicional poderão
remir, pela frequência a curso de ensino Seção V
regular ou de educação profissional, parte DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
do tempo de execução da pena ou do
período de prova, observado o disposto no Art. 131. O livramento condicional poderá ser
inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela concedido pelo Juiz da execução, presentes
Lei nº 12.433, de 2011) os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo
único, do Código Penal, ouvidos o Ministério
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às Público e Conselho Penitenciário.
hipóteses de prisão cautelar.(Incluído pela
Lei nº 12.433, de 2011) Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as
condições a que fica subordinado o livramento.
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e § 1º Serão sempre impostas ao liberado
a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de condicional as obrigações seguintes:
2011)
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá razoável se for apto para o trabalho;
revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua
observado o disposto no art. 57, recomeçando a
ocupação;
contagem a partir da data da infração disciplinar.
(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) c) não mudar do território da comarca do
Juízo da execução, sem prévia autorização
Art. 128. O tempo remido será computado
deste.
como pena cumprida, para todos os efeitos.
(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) § 2º Poderão ainda ser impostas ao liberado
condicional, entre outras obrigações, as
Art. 129. A autoridade administrativa
seguintes:
encaminhará mensalmente ao juízo da execução
cópia do registro de todos os condenados

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a) não mudar de residência sem § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado
comunicação ao Juiz e à autoridade termo subscrito por quem presidir a
incumbida da observação cautelar e de cerimônia e pelo liberando, ou alguém a seu
proteção; rogo, se não souber ou não puder escrever.
b) recolher-se à habitação em hora fixada; § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida
ao Juiz da execução.
c) não frequentar determinados lugares.
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento
d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo
2010) de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir caderneta, que exibirá à autoridade judiciária
fora da comarca do Juízo da execução, remeter- ou administrativa, sempre que lhe for exigida.
se-á cópia da sentença do livramento ao Juízo § 1º A caderneta conterá:
do lugar para onde ele se houver transferido e à
autoridade incumbida da observação cautelar e a) a identificação do liberado;
de proteção.
b) o texto impresso do presente Capítulo;
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação
de apresentar-se imediatamente às autoridades c) as condições impostas.
referidas no artigo anterior. § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao
Art. 135. Reformada a sentença denegatória liberado um salvo-conduto, em que constem
do livramento, os autos baixarão ao Juízo da as condições do livramento, podendo
execução, para as providências cabíveis. substituir-se a ficha de identificação ou o
seu retrato pela descrição dos sinais que
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida possam identificá-lo.
a carta de livramento com a cópia integral da
sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma § 3º Na caderneta e no salvo-conduto
à autoridade administrativa incumbida da deverá haver espaço para consignar-se o
execução e outra ao Conselho Penitenciário. cumprimento das condições referidas no
artigo 132 desta Lei.
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional
será realizada solenemente no dia marcado Art. 139. A observação cautelar e a proteção
pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no realizadas por serviço social penitenciário,
estabelecimento onde está sendo cumprida a Patronato ou Conselho da Comunidade terão a
pena, observando-se o seguinte: finalidade de:

I – a sentença será lida ao liberando, na I – fazer observar o cumprimento das


presença dos demais condenados, pelo condições especificadas na sentença
Presidente do Conselho Penitenciário ou concessiva do benefício;
membro por ele designado, ou, na falta, II – proteger o beneficiário, orientando-o na
pelo Juiz; execução de suas obrigações e auxiliando-o
II – a autoridade administrativa chamará na obtenção de atividade laborativa.
a atenção do liberando para as condições Parágrafo único. A entidade encarregada
impostas na sentença de livramento; da observação cautelar e da proteção do
III – o liberando declarará se aceita as liberado apresentará relatório ao Conselho
condições. Penitenciário, para efeito da representação
prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.

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Art. 140. A revogação do livramento condicional Seção VI


dar-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA
87 do Código Penal.
Parágrafo único. Mantido o livramento (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
condicional, na hipótese da revogação Art. 146-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº
facultativa, o Juiz deverá advertir o liberado 12.258, de 2010)
ou agravar as condições.
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização
Art. 141. Se a revogação for motivada por por meio da monitoração eletrônica quando:
infração penal anterior à vigência do livramento, (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
computar-se-á como tempo de cumprimento da
pena o período de prova, sendo permitida, para I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258,
a concessão de novo livramento, a soma do de 2010)
tempo das 2 (duas) penas. II – autorizar a saída temporária no regime
Art. 142. No caso de revogação por outro semiaberto; (Incluído pela Lei nº 12.258, de
motivo, não se computará na pena o tempo 2010)
em que esteve solto o liberado, e tampouco III – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258,
se concederá, em relação à mesma pena, novo de 2010)
livramento.
IV – determinar a prisão domiciliar; (Incluído
Art. 143. A revogação será decretada a pela Lei nº 12.258, de 2010)
requerimento do Ministério Público, mediante
representação do Conselho Penitenciário, ou, V – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258,
de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. de 2010)
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela
do Ministério Público, da Defensoria Pública Lei nº 12.258, de 2010)
ou mediante representação do Conselho
Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá Art. 146-C. O condenado será instruído
modificar as condições especificadas na acerca dos cuidados que deverá adotar com
sentença, devendo o respectivo ato decisório o equipamento eletrônico e dos seguintes
ser lido ao liberado por uma das autoridades deveres: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
ou funcionários indicados no inciso I do caput I – receber visitas do servidor responsável
do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos pela monitoração eletrônica, responder aos
incisos II e III e §§ 1º e 2º do mesmo artigo. seus contatos e cumprir suas orientações;
(Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração II – abster-se de remover, de violar, de
penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, modificar, de danificar de qualquer forma o
ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério dispositivo de monitoração eletrônica ou de
Público, suspendendo o curso do livramento permitir que outrem o faça; (Incluído pela
condicional, cuja revogação, entretanto, ficará Lei nº 12.258, de 2010)
dependendo da decisão final.
III – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258,
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do de 2010)
interessado, do Ministério Público ou mediante
representação do Conselho Penitenciário, Parágrafo único. A violação comprovada
julgará extinta a pena privativa de liberdade, se dos deveres previstos neste artigo poderá
expirar o prazo do livramento sem revogação. acarretar, a critério do juiz da execução,

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ouvidos o Ministério Público e a defesa: Ministério Público, promoverá a execução,
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) podendo, para tanto, requisitar, quando
necessário, a colaboração de entidades públicas
I – a regressão do regime; (Incluído pela Lei ou solicitá-la a particulares.
nº 12.258, de 2010)
Art. 148. Em qualquer fase da execução,
II – a revogação da autorização de saída poderá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma
temporária; (Incluído pela Lei nº 12.258, de de cumprimento das penas de prestação
2010) de serviços à comunidade e de limitação de
III – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, fim de semana, ajustando-as às condições
de 2010) pessoais do condenado e às características do
estabelecimento, da entidade ou do programa
IV – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, comunitário ou estatal.
de 2010)
Seção II
V – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258,
de 2010) DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE
VI – a revogação da prisão domiciliar;
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:
VII – advertência, por escrito, para todos os I – designar a entidade ou programa
casos em que o juiz da execução decida não comunitário ou estatal, devidamente
aplicar alguma das medidas previstas nos credenciado ou convencionado, junto
incisos de I a VI deste parágrafo. (Incluído ao qual o condenado deverá trabalhar
pela Lei nº 12.258, de 2010) gratuitamente, de acordo com as suas
aptidões;
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá
ser revogada: (Incluído pela Lei nº 12.258, de II – determinar a intimação do condenado,
2010) cientificando-o da entidade, dias e horário
em que deverá cumprir a pena;
I – quando se tornar desnecessária ou
inadequada; (Incluído pela Lei nº 12.258, de III – alterar a forma de execução, a fim de
2010) ajustá-la às modificações ocorridas na
jornada de trabalho.
II – se o acusado ou condenado violar os
deveres a que estiver sujeito durante a sua § 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito)
vigência ou cometer falta grave. (Incluído horas semanais e será realizado aos
pela Lei nº 12.258, de 2010) sábados, domingos e feriados, ou em
dias úteis, de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho, nos horários
estabelecidos pelo Juiz.
CAPÍTULO II
§ 2º A execução terá início a partir da data
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
do primeiro comparecimento.
Seção I Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação
DISPOSIÇÕES GERAIS de serviços encaminhará mensalmente, ao
Juiz da execução, relatório circunstanciado
Art. 147. Transitada em julgado a sentença das atividades do condenado, bem como, a
que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz qualquer tempo, comunicação sobre ausência
da execução, de ofício ou a requerimento do ou falta disciplinar.

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Seção III Art. 155. A autoridade deverá comunicar


DA LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA imediatamente ao Juiz da execução o
descumprimento da pena.
Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar Parágrafo único. A comunicação prevista
a intimação do condenado, cientificando-o do neste artigo poderá ser feita por qualquer
local, dias e horário em que deverá cumprir a prejudicado.
pena.
Parágrafo único. A execução terá início a
partir da data do primeiro comparecimento.
CAPÍTULO III
Art. 152. Poderão ser ministrados ao DA SUSPENSÃO CONDICIONAL
condenado, durante o tempo de permanência,
cursos e palestras, ou atribuídas atividades Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período
educativas. de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da
pena privativa de liberdade, não superior a 2
Parágrafo único. Nos casos de violência
(dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a
doméstica contra a mulher, o juiz poderá
82 do Código Penal.
determinar o comparecimento obrigatório
do agressor a programas de recuperação e Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença
reeducação. (Incluído pela Lei nº 11.340, de que aplicar pena privativa de liberdade, na
2006) situação determinada no artigo anterior,
deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a
Art. 153. O estabelecimento designado
suspensão condicional, quer a conceda, quer a
encaminhará, mensalmente, ao Juiz da
denegue.
execução, relatório, bem assim comunicará, a
qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz
do condenado. especificará as condições a que fica sujeito o
condenado, pelo prazo fixado, começando este
Seção IV a correr da audiência prevista no artigo 160
DA INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA desta Lei.
DE DIREITOS § 1º As condições serão adequadas ao fato e
Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à situação pessoal do condenado, devendo
à autoridade competente a pena aplicada, ser incluída entre as mesmas a de prestar
determinada a intimação do condenado. serviços à comunidade, ou limitação de fim
de semana, salvo hipótese do artigo 78, §
§ 1º Na hipótese de pena de interdição 2º, do Código Penal.
do artigo 47, inciso I, do Código Penal, a
autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro) § 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo,
horas, contadas do recebimento do ofício, de ofício, a requerimento do Ministério
baixar ato, a partir do qual a execução terá Público ou mediante proposta do Conselho
seu início. Penitenciário, modificar as condições e
regras estabelecidas na sentença, ouvido o
§ 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II condenado.
e III, do Código Penal, o Juízo da execução
determinará a apreensão dos documentos, § 3º A fiscalização do cumprimento
que autorizam o exercício do direito das condições, reguladas nos Estados,
interditado. Territórios e Distrito Federal por normas
supletivas, será atribuída a serviço social
penitenciário, Patronato, Conselho da

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Comunidade ou instituição beneficiada com admonitória, a suspensão ficará sem efeito e
a prestação de serviços, inspecionados pelo será executada imediatamente a pena.
Conselho Penitenciário, pelo Ministério
Público, ou ambos, devendo o Juiz da Art. 162. A revogação da suspensão condicional
execução suprir, por ato, a falta das normas da pena e a prorrogação do período de prova
supletivas. dar-se-ão na forma do artigo 81 e respectivos
parágrafos do Código Penal.
§ 4º O beneficiário, ao comparecer
periodicamente à entidade fiscalizadora, Art. 163. A sentença condenatória será
para comprovar a observância das registrada, com a nota de suspensão em livro
condições a que está sujeito, comunicará, especial do Juízo a que couber a execução da
também, a sua ocupação e os salários ou pena.
proventos de que vive. § 1º Revogada a suspensão ou extinta a
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá pena, será o fato averbado à margem do
comunicar imediatamente ao órgão de registro.
inspeção, para os fins legais, qualquer fato § 2º O registro e a averbação serão
capaz de acarretar a revogação do benefício, sigilosos, salvo para efeito de informações
a prorrogação do prazo ou a modificação requisitadas por órgão judiciário ou pelo
das condições. Ministério Público, para instruir processo
§ 6º Se for permitido ao beneficiário penal.
mudar-se, será feita comunicação ao Juiz
e à entidade fiscalizadora do local da nova
residência, aos quais o primeiro deverá
CAPÍTULO IV
apresentar-se imediatamente.
DA PENA DE MULTA
Art. 159. Quando a suspensão condicional da
pena for concedida por Tribunal, a este caberá Art. 164. Extraída certidão da sentença
estabelecer as condições do benefício. condenatória com trânsito em julgado,
que valerá como título executivo judicial,
§ 1º De igual modo proceder-se-á o Ministério Público requererá, em autos
quando o Tribunal modificar as condições apartados, a citação do condenado para, no
estabelecidas na sentença recorrida. prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão nomear bens à penhora.
condicional da pena, poderá, todavia, § 1º Decorrido o prazo sem o pagamento
conferir ao Juízo da execução a incumbência da multa, ou o depósito da respectiva
de estabelecer as condições do benefício, e, importância, proceder-se-á à penhora de
em qualquer caso, a de realizar a audiência tantos bens quantos bastem para garantir a
admonitória. execução.
Art. 160. Transitada em julgado a sentença § 2º A nomeação de bens à penhora e a
condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em posterior execução seguirão o que dispuser
audiência, advertindo-o das conseqüências de a lei processual civil.
nova infração penal e do descumprimento das
condições impostas. Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os
autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por para prosseguimento.
edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não
comparecer injustificadamente à audiência

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Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, condicional, sem haver resgatado a multa,
dar-se-á prosseguimento nos termos do § 2º do far-se-á a cobrança nos termos deste
artigo 164, desta Lei. Capítulo.
Art. 167. A execução da pena de multa será § 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo
suspensa quando sobrevier ao condenado anterior aos casos em que for concedida a
doença mental (artigo 52 do Código Penal). suspensão condicional da pena.
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a
cobrança da multa se efetue mediante desconto
no vencimento ou salário do condenado, nas TÍTULO VI
hipóteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal,
observando-se o seguinte: Da Execução das Medidas
de Segurança
I – o limite máximo do desconto mensal
será o da quarta parte da remuneração e o
mínimo o de um décimo;
II – o desconto será feito mediante ordem CAPÍTULO I
do Juiz a quem de direito; DISPOSIÇÕES GERAIS
III – o responsável pelo desconto será Art. 171. Transitada em julgado a sentença que
intimado a recolher mensalmente, até o dia aplicar medida de segurança, será ordenada a
fixado pelo Juiz, a importância determinada. expedição de guia para a execução.
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere Art. 172. Ninguém será internado em Hospital
o artigo 164 desta Lei, poderá o condenado de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou
requerer ao Juiz o pagamento da multa em submetido a tratamento ambulatorial, para
prestações mensais, iguais e sucessivas. cumprimento de medida de segurança, sem a
guia expedida pela autoridade judiciária.
§ 1º O Juiz, antes de decidir, poderá
determinar diligências para verificar a Art. 173. A guia de internamento ou de
real situação econômica do condenado e, tratamento ambulatorial, extraída pelo
ouvido o Ministério Público, fixará o número escrivão, que a rubricará em todas as folhas
de prestações. e a subscreverá com o Juiz, será remetida
à autoridade administrativa incumbida da
§ 2º Se o condenado for impontual ou se
execução e conterá:
melhorar de situação econômica, o Juiz,
de ofício ou a requerimento do Ministério I – a qualificação do agente e o número
Público, revogará o benefício executando-se do registro geral do órgão oficial de
a multa, na forma prevista neste Capítulo, identificação;
ou prosseguindo-se na execução já iniciada.
II – o inteiro teor da denúncia e da sentença
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada que tiver aplicado a medida de segurança,
cumulativamente com pena privativa da bem como a certidão do trânsito em
liberdade, enquanto esta estiver sendo julgado;
executada, poderá aquela ser cobrada mediante
desconto na remuneração do condenado (artigo III – a data em que terminará o prazo
168). mínimo de internação, ou do tratamento
ambulatorial;
§ 1º Se o condenado cumprir a pena
privativa de liberdade ou obtiver livramento

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IV – outras peças do processo reputadas VI – ouvidas as partes ou realizadas as
indispensáveis ao adequado tratamento ou diligências a que se refere o inciso anterior,
internamento. o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5
(cinco) dias.
§ 1º Ao Ministério Público será dada ciência
da guia de recolhimento e de sujeição a Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer
tratamento. do prazo mínimo de duração da medida de
segurança, poderá o Juiz da execução, diante
§ 2º A guia será retificada sempre que de requerimento fundamentado do Ministério
sobrevier modificações quanto ao prazo de Público ou do interessado, seu procurador ou
execução. defensor, ordenar o exame para que se verifique
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida a cessação da periculosidade, procedendo-se
de segurança, naquilo que couber, o disposto nos termos do artigo anterior.
nos artigos 8º e 9º desta Lei. Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-
se a cessação da periculosidade, observar-se-á,
no que lhes for aplicável, o disposto no artigo
anterior.
CAPÍTULO II
DA CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou
de liberação (artigo 97, § 3º, do Código Penal),
Art. 175. A cessação da periculosidade será aplicar-se-á o disposto nos artigos 132 e 133
averiguada no fim do prazo mínimo de duração desta Lei.
da medida de segurança, pelo exame das
condições pessoais do agente, observando-se o Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o
seguinte: Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a
liberação.
I – a autoridade administrativa, até 1 (um)
mês antes de expirar o prazo de duração
mínima da medida, remeterá ao Juiz TÍTULO VII
minucioso relatório que o habilite a resolver
sobre a revogação ou permanência da Dos Incidentes de Execução
medida;
II – o relatório será instruído com o laudo
psiquiátrico;
CAPÍTULO I
III – juntado aos autos o relatório ou
DAS CONVERSÕES
realizadas as diligências, serão ouvidos,
sucessivamente, o Ministério Público e o Art. 180. A pena privativa de liberdade, não
curador ou defensor, no prazo de 3 (três) superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida
dias para cada um; em restritiva de direitos, desde que:
IV – o Juiz nomeará curador ou defensor I – o condenado a esteja cumprindo em
para o agente que não o tiver; regime aberto;
V – o Juiz, de ofício ou a requerimento de II – tenha sido cumprido pelo menos 1/4
qualquer das partes, poderá determinar (um quarto) da pena;
novas diligências, ainda que expirado o
prazo de duração mínima da medida de III – os antecedentes e a personalidade
segurança; do condenado indiquem ser a conversão
recomendável.

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Art. 181. A pena restritiva de direitos será Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser
convertida em privativa de liberdade nas convertido em internação se o agente revelar
hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos incompatibilidade com a medida.
do Código Penal.
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo
§ 1º A pena de prestação de serviços à mínimo de internação será de 1 (um) ano.
comunidade será convertida quando o
condenado:
a) não for encontrado por estar em lugar CAPÍTULO II
incerto e não sabido, ou desatender a
DO EXCESSO OU DESVIO
intimação por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução
entidade ou programa em que deva prestar sempre que algum ato for praticado além dos
serviço; limites fixados na sentença, em normas legais
ou regulamentares.
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar
o serviço que lhe foi imposto; Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso
ou desvio de execução:
d) praticar falta grave;
I – o Ministério Público;
e) sofrer condenação por outro crime à
pena privativa de liberdade, cuja execução II – o Conselho Penitenciário;
não tenha sido suspensa. III – o sentenciado;
§ 2º A pena de limitação de fim de semana IV – qualquer dos demais órgãos da
será convertida quando o condenado não execução penal.
comparecer ao estabelecimento designado
para o cumprimento da pena, recusar-se a
exercer a atividade determinada pelo Juiz
ou se ocorrer qualquer das hipóteses das CAPÍTULO III
letras "a", "d" e "e" do parágrafo anterior. DA ANISTIA E DO INDULTO
§ 3º A pena de interdição temporária
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de
de direitos será convertida quando o
ofício, a requerimento do interessado ou do
condenado exercer, injustificadamente, o
Ministério Público, por proposta da autoridade
direito interditado ou se ocorrer qualquer
administrativa ou do Conselho Penitenciário,
das hipóteses das letras "a" e "e", do § 1º,
declarará extinta a punibilidade.
deste artigo.
Art. 188. O indulto individual poderá ser
Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)
provocado por petição do condenado, por
Art. 183. Quando, no curso da execução iniciativa do Ministério Público, do Conselho
da pena privativa de liberdade, sobrevier Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
doença mental ou perturbação da saúde
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada
mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do
dos documentos que a instruírem, será entregue
Ministério Público, da Defensoria Pública ou da
ao Conselho Penitenciário, para a elaboração
autoridade administrativa, poderá determinar a
de parecer e posterior encaminhamento ao
substituição da pena por medida de segurança.
Ministério da Justiça.
(Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010).

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Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos Ministério Público, quando não figurem como
autos do processo e do prontuário, promoverá requerentes da medida.
as diligências que entender necessárias e fará,
em relatório, a narração do ilícito penal e dos § 1º Sendo desnecessária a produção de
fundamentos da sentença condenatória, a prova, o Juiz decidirá de plano, em igual
exposição dos antecedentes do condenado prazo.
e do procedimento deste depois da prisão, § 2º Entendendo indispensável a realização
emitindo seu parecer sobre o mérito do pedido de prova pericial ou oral, o Juiz a ordenará,
e esclarecendo qualquer formalidade ou decidindo após a produção daquela ou na
circunstâncias omitidas na petição. audiência designada.
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz
com documentos e o relatório do Conselho caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.
Penitenciário, a petição será submetida a
despacho do Presidente da República, a quem
serão presentes os autos do processo ou a
TÍTULO IX
certidão de qualquer de suas peças, se ele o
determinar.
Das Disposições Finais
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos e Transitórias
autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta
a pena ou ajustará a execução aos termos do Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos
decreto, no caso de comutação. da execução penal, e ao servidor, a divulgação
de ocorrência que perturbe a segurança e a
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por disciplina dos estabelecimentos, bem como
indulto coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento exponha o preso à inconveniente notoriedade,
do interessado, do Ministério Público, ou por durante o cumprimento da pena.
iniciativa do Conselho Penitenciário ou da
autoridade administrativa, providenciará de Art. 199. O emprego de algemas será
acordo com o disposto no artigo anterior. disciplinado por decreto federal.
Art. 200. O condenado por crime político não
está obrigado ao trabalho.
TÍTULO VIII
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado,
Do Procedimento Judicial o cumprimento da prisão civil e da prisão
administrativa se efetivará em seção especial da
Art. 194. O procedimento correspondente Cadeia Pública.
às situações previstas nesta Lei será judicial,
desenvolvendo-se perante o Juízo da execução. Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não
constarão da folha corrida, atestados ou
Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á certidões fornecidas por autoridade policial
de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia
do interessado, de quem o represente, de seu ou referência à condenação, salvo para instruir
cônjuge, parente ou descendente, mediante processo pela prática de nova infração penal ou
proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, outros casos expressos em lei.
da autoridade administrativa.
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar
Art. 196. A portaria ou petição será autuada da publicação desta Lei, serão editadas as
ouvindo-se, em 3 (três) dias, o condenado e o normas complementares ou regulamentares,

528 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Penal – Lei de Execução Penal/Lei nº 7210 – Prof. Joerberth Nunes

necessárias à eficácia dos dispositivos não auto-


aplicáveis.
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão
as Unidades Federativas, em convênio
com o Ministério da Justiça, projetar a
adaptação, construção e equipamento
de estabelecimentos e serviços penais
previstos nesta Lei.
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá
ser providenciada a aquisição ou
desapropriação de prédios para instalação
de casas de albergados.
§ 3º O prazo a que se refere o caput
deste artigo poderá ser ampliado, por
ato do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, mediante
justificada solicitação, instruída com os
projetos de reforma ou de construção de
estabelecimentos.
§ 4º O descumprimento injustificado dos
deveres estabelecidos para as Unidades
Federativas implicará na suspensão de
qualquer ajuda financeira a elas destinada
pela União, para atender às despesas
de execução das penas e medidas de
segurança.
Art. 204. Esta Lei entra em vigor
concomitantemente com a lei de reforma da
Parte Geral do Código Penal, revogadas as
disposições em contrário, especialmente a Lei
nº 3.274, de 2 de outubro de 1957.

www.acasadoconcurseiro.com.br 529
Execução Penal

Professora Letícia Neves

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Legislação Específica

Sistema Penitenciário Federal –


Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008

LEI Nº 11.671, DE 8 DE § 1º A execução penal da pena privativa de


liberdade, no período em que durar a trans-
MAIO DE 2008.
ferência, ficará a cargo do juízo federal com-
Dispõe sobre a transferência e inclusão de pre- petente.
sos em estabelecimentos penais federais de se- § 2º Apenas a fiscalização da prisão provi-
gurança máxima e dá outras providências. sória será deprecada, mediante carta preca-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o tória, pelo juízo de origem ao juízo federal
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- competente, mantendo aquele juízo a com-
guinte Lei: petência para o processo e para os respecti-
vos incidentes.
Art. 1º A inclusão de presos em estabelecimen-
tos penais federais de segurança máxima e a Art. 5º São legitimados para requerer o pro-
transferência de presos de outros estabeleci- cesso de transferência, cujo início se dá com a
mentos para aqueles obedecerão ao disposto admissibilidade pelo juiz da origem da necessi-
nesta Lei. dade da transferência do preso para estabele-
cimento penal federal de segurança máxima, a
Art. 2º A atividade jurisdicional de execução pe- autoridade administrativa, o Ministério Público
nal nos estabelecimentos penais federais será e o próprio preso.
desenvolvida pelo juízo federal da seção ou sub-
seção judiciária em que estiver localizado o es- § 1º Caberá à Defensoria Pública da União a
tabelecimento penal federal de segurança máxi- assistência jurídica ao preso que estiver nos
ma ao qual for recolhido o preso. estabelecimentos penais federais de segu-
rança máxima.
Art. 3º Serão recolhidos em estabelecimentos
penais federais de segurança máxima aqueles § 2º Instruídos os autos do processo de
cuja medida se justifique no interesse da segu- transferência, serão ouvidos, no prazo de 5
rança pública ou do próprio preso, condenado (cinco) dias cada, quando não requerentes,
ou provisório. a autoridade administrativa, o Ministério
Público e a defesa, bem como o Departa-
Art. 4º A admissão do preso, condenado ou mento Penitenciário Nacional – DEPEN, a
provisório, dependerá de decisão prévia e fun- quem é facultado indicar o estabelecimento
damentada do juízo federal competente, após penal federal mais adequado.
receber os autos de transferência enviados pelo
juízo responsável pela execução penal ou pela § 3º A instrução dos autos do processo de
prisão provisória. transferência será disciplinada no regula-
mento para fiel execução desta Lei.

www.acasadoconcurseiro.com.br 533
§ 4º Na hipótese de imprescindibilidade de dias, renovável, excepcionalmente, quando
diligências complementares, o juiz federal solicitado motivadamente pelo juízo de ori-
ouvirá, no prazo de 5 (cinco) dias, o Ministé- gem, observados os requisitos da transfe-
rio Público Federal e a defesa e, em seguida, rência.
decidirá acerca da transferência no mesmo
prazo. § 2º Decorrido o prazo, sem que seja feito,
imediatamente após seu decurso, pedido
§ 5º A decisão que admitir o preso no es- de renovação da permanência do preso em
tabelecimento penal federal de segurança estabelecimento penal federal de seguran-
máxima indicará o período de permanência. ça máxima, ficará o juízo de origem obriga-
do a receber o preso no estabelecimento
§ 6º Havendo extrema necessidade, o juiz penal sob sua jurisdição.
federal poderá autorizar a imediata transfe-
rência do preso e, após a instrução dos au- § 3º Tendo havido pedido de renovação, o
tos, na forma do § 2º deste artigo, decidir preso, recolhido no estabelecimento fede-
pela manutenção ou revogação da medida ral em que estiver, aguardará que o juízo fe-
adotada. deral profira decisão.
§ 7º A autoridade policial será comunicada § 4º Aceita a renovação, o preso permane-
sobre a transferência do preso provisório cerá no estabelecimento federal de segu-
quando a autorização da transferência ocor- rança máxima em que estiver, retroagindo
rer antes da conclusão do inquérito policial o termo inicial do prazo ao dia seguinte ao
que presidir. término do prazo anterior.
Art. 6º Admitida a transferência do preso con- § 5º Rejeitada a renovação, o juízo de ori-
denado, o juízo de origem deverá encaminhar gem poderá suscitar o conflito de compe-
ao juízo federal os autos da execução penal. tência, que o tribunal apreciará em caráter
prioritário.
Art. 7º Admitida a transferência do preso provi-
sório, será suficiente a carta precatória remeti- § 6º Enquanto não decidido o conflito de
da pelo juízo de origem, devidamente instruída, competência em caso de renovação, o pre-
para que o juízo federal competente dê início à so permanecerá no estabelecimento penal
fiscalização da prisão no estabelecimento penal federal.
federal de segurança máxima.
Art. 11. A lotação máxima do estabelecimento
Art. 8º As visitas feitas pelo juiz responsável ou penal federal de segurança máxima não será ul-
por membro do Ministério Público, às quais se trapassada.
referem os arts. 66 e 68 da Lei nº 7.210, de 11
de julho de 1984, serão registradas em livro pró- § 1º O número de presos, sempre que possí-
prio, mantido no respectivo estabelecimento. vel, será mantido aquém do limite de vagas,
para que delas o juízo federal competente
Art. 9º Rejeitada a transferência, o juízo de ori- possa dispor em casos emergenciais.
gem poderá suscitar o conflito de competência
perante o tribunal competente, que o apreciará § 2º No julgamento dos conflitos de compe-
em caráter prioritário. tência, o tribunal competente observará a
vedação estabelecida no caput deste artigo.
Art. 10. A inclusão de preso em estabelecimen-
to penal federal de segurança máxima será ex- Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua
cepcional e por prazo determinado. publicação.

§ 1º O período de permanência não pode- Brasília, 8 de maio de 2008; 187º da Indepen-


rá ser superior a 360 (trezentos e sessenta) dência e 120º da República.

534 www.acasadoconcurseiro.com.br
Sistema Penitenciário Federal – Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008 – Profª Letícia Neves

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA II – ter praticado crime que coloque em ris-
co a sua integridade física no ambiente pri-
Tarso Genro sional de origem;
Este texto não substitui o publicado no DOU de III – estar submetido ao Regime Disciplinar
9.5.200 Diferenciado –RDD;
IV – ser membro de quadrilha ou bando, en-
DECRETO Nº 6.877, DE 18 volvido na prática reiterada de crimes com
violência ou grave ameaça;
DE JUNHO DE 2009.
V – ser réu colaborador ou delator premia-
Regulamenta a Lei no 11.671, de 8 de maio de do, desde que essa condição represente ris-
2008, que dispõe sobre a inclusão de presos em co à sua integridade física no ambiente pri-
estabelecimentos penais federais de segurança sional de origem; ou
máxima ou a sua transferência para aqueles es-
tabelecimentos, e dá outras providências. VI – estar envolvido em incidentes de fuga,
de violência ou de grave indisciplina no sis-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- tema prisional de origem.
buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e tendo em vista o disposto no § Art. 4º Constarão dos autos do processo de in-
3º do art. 5º da Lei no 11.671, de 8 de maio de clusão ou de transferência, além da decisão do
2008 juízo de origem sobre as razões da excepcional
necessidade da medida, os seguintes documen-
DECRETA: tos:
Art. 1º Este Decreto regulamenta o processo de I – tratando-se de preso condenado:
inclusão e transferência de presos para estabe-
lecimentos penais federais de segurança máxi- a) cópia das decisões nos incidentes do pro-
ma, nos termos da Lei no 11.671, de 8 de maio cesso de execução que impliquem alteração
de 2008. da pena e regime a cumprir;
Art. 2º O processo de inclusão e de transferên- b) prontuário, contendo, pelo menos, cópia
cia, de caráter excepcional e temporário, terá da sentença ou do acórdão, da guia de re-
início mediante requerimento da autoridade colhimento, do atestado de pena a cumprir,
administrativa, do Ministério Público ou do pró- do documento de identificação pessoal e
prio preso. do comprovante de inscrição no Cadastro
de Pessoas Físicas –CPF, ou, no caso desses
§ 1º O requerimento deverá conter os moti- dois últimos, seus respectivos números; e
vos que justifiquem a necessidade da medi-
da e estar acompanhado da documentação c) prontuário médico; e
pertinente.
II –tratando-se de preso provisório:
§ 2º O processo de inclusão ou de transfe-
a) cópia do auto de prisão em flagrante ou
rência será autuado em apartado.
do mandado de prisão e da decisão que
Art. 3º Para a inclusão ou transferência, o pre- motivou a prisão cautelar;
so deverá possuir, ao menos, uma das seguintes
b) cópia da denúncia, se houver;
características:
c) certidão do tempo cumprido em custódia
I – ter desempenhado função de liderança
cautelar;
ou participado de forma relevante em orga-
nização criminosa; d) cópia da guia de recolhimento; e

www.acasadoconcurseiro.com.br 535
e) cópia do documento de identificação imediatamente, os documentos previstos
pessoal e do comprovante de inscrição no nos incisos I e II do art. 4º.
CPF, ou seus respectivos números.
Art. 10. Restando sessenta dias para o encer-
Art. 5º Ao ser ouvido, o Departamento Peniten- ramento do prazo de permanência do preso no
ciário Nacional do Ministério da Justiça opinará estabelecimento penal federal, o Departamento
sobre a pertinência da inclusão ou da transfe- Penitenciário Nacional comunicará tal circuns-
rência e indicará o estabelecimento penal fe- tância ao requerente da inclusão ou da transfe-
deral adequado à custódia, podendo solicitar rência, solicitando manifestação acerca da ne-
diligências complementares, inclusive sobre o cessidade de renovação.
histórico criminal do preso.
Parágrafo único. Decorrido o prazo estabe-
Art. 6º Ao final da instrução do procedimento e lecido no § 1º do art. 10 da Lei nº 11.671, de
após a manifestação prevista no art. 5º, o juiz de 2008, e não havendo manifestação acerca
origem, admitindo a necessidade da inclusão ou da renovação da permanência, o preso re-
da transferência do preso, remeterá os autos ao tornará ao sistema prisional ou penitenciá-
juízo federal competente. rio de origem.
Art. 7º Recebidos os autos, o juiz federal decidi- Art. 11. Na hipótese de obtenção de liberdade
rá sobre a inclusão ou a transferência, podendo ou progressão de regime de preso custodiado
determinar diligências complementares neces- em estabelecimento penal federal, caberá ao
sárias à formação do seu convencimento. Departamento Penitenciário Nacional providen-
ciar o seu retorno ao local de origem ou a sua
Art. 8º Admitida a inclusão ou a transferência, o transferência ao estabelecimento penal indica-
juízo de origem deverá encaminhar ao juízo fe- do para cumprimento do novo regime.
deral competente:
Parágrafo único. Se o egresso optar em não
I – os autos da execução penal, no caso de retornar ao local de origem, deverá forma-
preso condenado; e lizar perante o diretor do estabelecimento
II – carta precatória instruída com os docu- penal federal sua manifestação de vontade,
mentos previstos no inciso II do art. 4º, no ficando o Departamento Penitenciário Na-
caso de preso provisório. cional dispensado da providência referida
no caput.
Art. 9º A inclusão e a transferência do preso po-
derão ser realizadas sem a prévia instrução dos Art. 12. Mediante requerimento da autoridade
autos, desde que justificada a situação de extre- administrativa, do Ministério Público ou do pró-
ma necessidade. prio preso, poderão ocorrer transferências de
presos entre estabelecimentos penais federais.
§ 1º A inclusão ou a transferência deverá ser
requerida diretamente ao juízo de origem, § 1º O requerimento de transferência, ins-
instruída com elementos que demonstrem truído com os fatos motivadores, será diri-
a extrema necessidade da medida. gido ao juiz federal corregedor do estabe-
lecimento penal federal onde o preso se
§ 2º Concordando com a inclusão ou a encontrar, que ouvirá o juiz federal corre-
transferência, o juízo de origem remeterá, gedor do estabelecimento penal federal de
imediatamente, o requerimento ao juízo fe- destino.
deral competente.
§ 2º Autorizada e efetivada a transferência,
§ 3º Admitida a inclusão ou a transferência o juiz federal corregedor do estabelecimen-
emergencial pelo juízo federal competente, to penal federal em que o preso se encon-
caberá ao juízo de origem remeter àquele, trava comunicará da decisão ao juízo de

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Sistema Penitenciário Federal – Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008 – Profª Letícia Neves

execução penal de origem, se preso conde-


nado, ou ao juízo do processo, se preso pro-
visório, e à autoridade policial, se for o caso.
Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
Brasília, 18 de junho de 2009; 188º da Indepen-
dência e 121º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Este texto não substitui o publicado no DOU de
19.6.2009

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Slides –Sistema Penitenciário Federal

Sistema  Penitenciário  

Sistema  Penitenciário  Federal  


1)   Atividade   Jurisdicional   nos   estabelecimentos   penais  
federais:  
 
Competência   do   juízo   federal   da   seção   ou   subseção   judiciária  
do  local  do  estabelecimento  –  art.  2º  Lei  11.671/08  

2)   Quem   será   recolhido   em   estabelecimento   federal   de  


segurança  máxima?    
 
Presos   condenados   ou   provisórios   –   cuja   medida   interesse   a  
segurança  pública  ou  do  próprio  preso  (art.  3º  da  Lei  11.671/08)  
 

538 www.acasadoconcurseiro.com.br
Sistema Penitenciário Federal – Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008 – Profª Letícia Neves

3)  Procedimento:  
A   admissão   do   preso,   condenado   ou   provisório,  
dependerá   de   decisão   prévia   e   fundamentada  
do   juízo   federal   competente,   após   receber   os  
autos   de   transferência   enviados   pelo   juízo  
responsável   pela   execução   penal   ou   pela   prisão  
provisória  (art.  4º  da  Lei  n.  11.671/08).      
 
4)   Legitimados   a   requerer   a   transferência:  
autoridade  administrativa,  o  Ministério  público  e  o  
próprio  preso.  (art.  5º  da  Lei  11.671/08)  
 

5)   Período   de   permanência   /   excepcionalidade:  


indicado  na  decisão  que  admitir  o  preso.  
-­‐   Não   poderá   ser   superior   a   360   dias,   renovados,  
excepcionalmente,   quando   motivados   pelo   juízo   de  
origem  –  observados  os  requisitos  da  transferência.  
(art.  5º,  §5º,  e  art.  10  da  Lei  n.  11.671/08)  
 
6)  Inclusão  cautelar  –  art.  5º,  §6º,  da  Lei  n.  11.671/08  
 
7)   Rejeição   da   transferência   ou   renovação   -­‐  
Conflito  de  competência:  art.  9º  e  art.  10,  §5º,  da  Lei  
n.  11.671/08  
 
 

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8)   Processo   de   Inclusão   ou   transferência  
de   preso   para   estabelecimento   federal  
(autos   apartados   –   art.   2º   do   Decreto   6.877/09  
e  artigo  5º,  §3º,  da  Lei  11.671/08)  
 
9)   Documentos   que   integram   os   autos   –  
art.  4º  do  Decreto  6.877/09  
 
Importante!   O   Decreto   6.877/09   regula   a  
instrução   dos   autos   do   processo   de  
transferência  (art.  5º,  §3º,  Lei  11.671/08).  
 
 

EMENTA:   EXECUÇÃO   PENAL.   TRANSFERÊNCIA   DE   PRESO   CONDENADO  


PARA   PRESÍDIO   FEDERAL   DE   SEGURANÇA   MÁXIMA.   POSSIBILIDADE.  
LEI   11671/2008.   RENOVAÇÃO.   POSSIBILIDADE.   JURISPRUDÊNCIA   DO   STJ  
E   DO   STF.   Ainda   que   não   se   controverta   de   que   em   regra   o   preso   deve  
cumprir  a  pena  respectiva  no  local  em  que  o  crime  foi  praticado,  perto  de  
sua  família,  o  que  se  mostra  adequado  na  busca  da  finalidade  da  pena  da  
ressocialização,   a   Lei   11671/2008   e   a   jurisprudência   pacífica   dos   Tribunais  
Superiores   autorizam   a   transferência   para   presídio   federal   de   segurança  
máxima  quando  a  necessidade  da  medida  excepcional  se  justifique  através  
de  dados  concretos,  o  que  efetivamente  ocorreu  na  hipótese  presente,  eis  
que   demonstrado   o   envolvimento   direto   e   efetivo   do   apenado   na  
organização   criminosa,   sendo   o   mesmo   um   dos   principais   lideres   da  
Facção  Comando  Vermelho.  Decisão  fundamentada.  Jurisprudência  do  STJ  
e  do  STF.  Recurso  desprovido.  
Íntegra  do  Acórdão  -­‐  Data  de  Julgamento:  16/04/2013  
Decisão  Monocrática  -­‐  Data  de  Julgamento:  22/02/2013    
0008770-­‐26.2013.8.19.0000   -­‐   HABEAS   CORPUS   -­‐   2ª   Ementa   DES.   MARCUS  
BASÍLIO   -­‐   Julgamento:   16/04/2013   -­‐   PRIMEIRA   CÂMARA   CRIMINAL.   Tribunal  
de  Justiça  do  Estado  do  Rio  de  Janeiro  
 
V e r :  
http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/31648/transferencia-­‐presidio-­‐
federal.pdf  
 

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Sistema Penitenciário Federal – Lei nº 11.671/2008 e Decreto nº 6.877/2008 – Profª Letícia Neves

EXECUÇÃO   PENAL.   RECURSO   ORDINÁRIO   EM   HABEAS   CORPUS.   PRORROGAÇÃO   DO  


PRAZO   DE   PERMANÊNCIA   DE   PRESO   EM   ESTABELECIMENTO   PENITENCIÁRIO   FEDERAL.  
NULIDADE  PELA  AUSÊNCIA  DE  INTIMAÇÃO  DA  DEFESA  PARA  MANIFESTAÇÃO  ACERCA  DA  
RENOVAÇÃO   DA   PERMANÊNCIA.   INOCORRÊNCIA.   INTIMAÇÃO   PARA   MANIFESTAÇÃO  
PERANTE  O  JUÍZO  DE  ORIGEM.  RECURSO  ORDINÁRIO  DESPROVIDO.  
I   -­‐   A   jurisprudência   do   Superior   Tribunal   de   Justiça   consolidou-­‐se   no   sentido   de   não   haver  
malferimento   ao   contraditório   e   à   ampla   defesa   pela   não   oitiva   prévia   da   defesa   da   decisão   que  
determina   tanto   a   transferência   quanto   a   permanência   do   custodiado   em   estabelecimento  
penitenciário  federal.  Precedentes.  
II   -­‐   A   intimação   da   defesa   perante   o   Juízo   de   origem   para   se   manifestar   acerca   da   prorrogação   da  
permanência  do  recorrente  em  estabelecimento  penitenciário  federal  supre  a  não  intimação  perante  
o  Juízo  Federal.  Esta  Corte  Superior  de  Justiça  tem  decidido,  de  forma  reiterada,  não  ser  cabível  ao  
Juízo  Federal  imiscuir-­‐se  no  mérito  da  decisão  que  determina  a  transferência  ou  a  renovação  
da  permanência  do  custodiado,  mas  apenas  verificar  o  cumprimento  dos  pressupostos  para  
inclusão  em  penitenciária  federal,  estabelecidos  na  Lei  n.  11.671/08.  Precedentes.  
Recurso  ordinário  desprovido.  
(RHC   46.786/MS,   Rel.   Ministro   FELIX   FISCHER,   QUINTA   TURMA,   julgado   em   03/02/2015,   DJe  
10/02/2015)  

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Legislação Específica

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de


Liberdade no Sistema Prisional – Portaria MJ/MS nº 1/2014

Ministério da Saúde Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de ju-


nho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080,
de 1990;
Gabinete do Ministro PORTARIA Considerando a Portaria Interministerial nº
INTERMINISTERIAL Nº 1, DE 2 DE 1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003, que
aprova o Plano Nacional de Saúde no Sistema
JANEIRO DE 2014 Penitenciário;
Institui a Política Nacional de Atenção Integral Considerando a Portaria nº 4.279/GM/MS, de
à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no 30 de dezembro de 2010, que estabelece dire-
Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Siste- trizes para a organização da Rede de Atenção
ma Único de Saúde (SUS). à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
OS MINISTROS DE ESTADO DA SAÚDE E DA JUS- (SUS);
TIÇA, no uso da atribuição que lhe confere o in- Considerando a Portaria nº 2.488/GM/MS, de
ciso II do parágrafo único do art. 87 da Consti- 21 de outubro de 2011, que aprova a Política
tuição, e Nacional de Atenção Básica (PNAB), estabele-
Considerando a necessidade de reintegração so- cendo a revisão de diretrizes e normas para a
cial das pessoas privadas de liberdade por meio organização da Atenção Básica, para a Estratégia
da educação, do trabalho e da saúde, de acordo Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
com a Lei de Execução Penal nº 7.210, de 11 de Comunitários de Saúde (PACS);
julho de 1984; Considerando a Portaria Interministerial nº
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setem- 1.679/MS/MJ/MDS/SDH/SPM/SEPPIR, de 12 de
bro 1990, que dispõe sobre as condições para agosto de 2013, que institui o Grupo de Traba-
a promoção, proteção e recuperação da saúde, lho Interministerial para elaboração da Política
a organização e o funcionamento dos serviços Nacional de Saúde no Sistema Prisional e o Co-
correspondentes, e dá outras providências; mitê Técnico Intersetorial de Assessoramento e
Acompanhamento da Política Nacional de Saú-
Considerando a Lei nº 10.216, de 6 de abril de de no Sistema Prisional;
2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais Considerando as recomendações e moções
e redireciona o modelo assistencial em saúde constantes nos relatórios finais da 12ª, 13ª e
mental; 14ª Conferência Nacional de Saúde;
Considerando a importância da definição e im-
plementação de ações e serviços que viabilizem

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uma atenção integral à saúde da população III – equidade, em virtude de reconhecer as
compreendida pelo sistema prisional brasileiro; diferenças e singularidades dos sujeitos de
direitos;
Considerando os princípios constitucionais e a
responsabilidade do Estado pela custódia das IV – promoção de iniciativas de ambiência
pessoas e a autonomia do arranjo interfederati- humanizada e saudável com vistas à garan-
vo no campo da saúde pública e da justiça; tia da proteção dos direitos dessas pessoas;
Considerando que é responsabilidade do SUS V – corresponsabilidade interfederativa
oferecer suporte técnico e operacional para quanto à organização dos serviços segundo
o desenvolvimento de práticas preventivas e a complexidade das ações desenvolvidas,
atenção primária de caráter geral referentes a assegurada por meio da Rede Atenção à
ações e serviços de saúde, bem como o acesso Saúde no território; e
aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos;
e VI – valorização de mecanismos de partici-
pação popular e controle social nos proces-
Considerando a pactuação ocorrida na 7ª Reu- sos de formulação e gestão de políticas para
nião Ordinária da Comissão Intergestores Tri- atenção à saúde das pessoas privadas de li-
partite (CIT), em 26 de setembro de 2013, resol- berdade.
vem:
Art. 4º Constituem-se diretrizes da PNAISP:
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas I – promoção da cidadania e inclusão das
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no pessoas privadas de liberdade por meio da
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). articulação com os diversos setores de de-
senvolvimento social, como educação, tra-
Art. 2º Entende-se por pessoas privadas de li- balho e segurança;
berdade no sistema prisional aquelas com idade
superior a 18 (dezoito) anos e que estejam sob II – atenção integral resolutiva, contínua e
a custódia do Estado em caráter provisório ou de qualidade às necessidades de saúde da
sentenciados para cumprimento de pena pri- população privada de liberdade no sistema
vativa de liberdade ou medida de segurança, prisional, com ênfase em atividades preven-
conforme previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de tivas, sem prejuízo dos serviços assisten-
3 de outubro de 1941 (Código Penal) e na Lei nº ciais;
7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução III – controle e/ou redução dos agravos mais
Penal). frequentes que acometem a população pri-
Art. 3º A PNAISP será regida pelos seguintes vada de liberdade no sistema prisional;
princípios: IV – respeito à diversidade étnico-racial, às
I – respeito aos direitos humanos e à justiça limitações e às necessidades físicas e men-
social; tais especiais, às condições econômicoso-
ciais, às práticas e concepções culturais e
II – integralidade da atenção à saúde da po- religiosas, ao gênero, à orientação sexual e
pulação privada de liberdade no conjunto à identidade de gênero; e
de ações de promoção, proteção, preven-
ção, assistência, recuperação e vigilância V – intersetorialidade para a gestão integra-
em saúde, executadas nos diferentes níveis da e racional e para a garantia do direito à
de atenção; saúde.

544 www.acasadoconcurseiro.com.br
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

Art. 5º É objetivo geral da PNAISP garantir o des Básicas de Saúde definidas no território
acesso das pessoas privadas de liberdade no sis- ou por meio das Equipes de Saúde no Siste-
tema prisional ao cuidado integral no SUS. ma Prisional (ESP), observada a pactuação
estabelecida; e
Art. 6º São objetivos específicos da PNAISP:
II – a oferta das demais ações e serviços de
I – promover o acesso das pessoas privadas saúde será prevista e pactuada na Rede de
de liberdade à Rede de Atenção à Saúde, vi- Atenção à Saúde.
sando ao cuidado integral;
Parágrafo único. A oferta de ações de saúde
II – garantir a autonomia dos profissionais especializada em serviços de saúde localiza-
de saúde para a realização do cuidado inte- dos em complexos penitenciários e/ou uni-
gral das pessoas privadas de liberdade; dades prisionais com população superior a
III – qualificar e humanizar a atenção à saú- 1.000 (mil) pessoas privadas de liberdade
de no sistema prisional por meio de ações será regulamentada por ato específico do
conjuntas das áreas da saúde e da justiça; Ministro de Estado da Saúde.

IV – promover as relações intersetoriais Art. 10. Os serviços de saúde nas unidades pri-
com as políticas de direitos humanos, afir- sionais serão estruturados como pontos de
mativas e sociais básicas, bem como com as atenção da Rede de Atenção à Saúde e cadastra-
da Justiça Criminal; e dos no Sistema Cadastro Nacional de Estabeleci-
mentos de Saúde (SCNES).
V – fomentar e fortalecer a participação e o
controle social. Art. 11. A assistência farmacêutica no âmbito
desta Política será disciplinada em ato específi-
Art. 7º Os beneficiários da PNAISP são as pesso- co do Ministro de Estado da Saúde.
as que se encontram sob custódia do Estado in-
seridas no sistema prisional ou em cumprimen- Art. 12. A estratégia e os serviços para avaliação
to de medida de segurança. psicossocial e monitoramento das medidas te-
rapêuticas aplicáveis às pessoas com transtor-
§ 1º As pessoas custodiadas nos regimes se- no mental em conflito com a lei, instituídos no
miaberto e aberto serão preferencialmente âmbito desta Política, serão regulamentados em
assistida nos serviços da rede de atenção à ato específico do Ministro de Estado da Saúde.
saúde.
Art. 13. A adesão à PNAISP ocorrerá por meio da
§ 2º As pessoas submetidas à medida de pactuação do Estado e do Distrito Federal com a
segurança, na modalidade tratamento am- União, sendo observados os seguintes critérios:
bulatorial, serão assistidas nos serviços da
rede de atenção à saúde. I – assinatura de Termo de Adesão, confor-
me modelo constante no anexo I a esta Por-
Art. 8º Os trabalhadores em serviços penais, os taria;
familiares e demais pessoas que se relacionam
com as pessoas privadas de liberdade serão en- II – elaboração de Plano de Ação Estadual
volvidos em ações de promoção da saúde e de para Atenção à Saúde da Pessoa Privada de
prevenção de agravos no âmbito da PNAISP. Liberdade, de acordo com o modelo cons-
tante no anexo III a esta Portaria; e
Art. 9º As ações de saúde serão ofertadas por
serviços e equipes interdisciplinares, assim de- III – encaminhamento da respectiva do-
finidas: cumentação ao Ministério da Saúde para
aprovação.
I – a atenção básica será ofertada por meio
das equipes de atenção básica das Unida-

www.acasadoconcurseiro.com.br 545
§ 1º A adesão estadual, uma vez aprovada rias e as especificidades regionais, de forma
pelo Ministério da Saúde, será publicada no contínua e articulada com o Plano Nacional
Diário Oficial da União por ato específico do de Saúde e instrumentos de planejamento
Ministro de Estado da Saúde. e pactuação do SUS;
§ 2º Ao Estado e ao Distrito Federal que b) garantir a continuidade da PNAISP por
aderir à PNAISP será garantida a aplicação meio da inclusão de seus componentes nos
de um índice para complementação dos va- Planos Plurianuais e nos Planos Nacionais
lores a serem repassados pela União a título de Saúde;
de incentivo, que será objeto de ato especí-
fico do Ministro de Estado da Saúde. c) garantir fontes de recursos federais para
compor o financiamento de programas e
Art. 14. A adesão municipal à PNAISP será facul- ações na rede de atenção à saúde nos Es-
tativa, devendo observar os seguintes critérios: tados, Distrito Federal e Municípios, trans-
ferindo de forma regular e automática, os
I – adesão estadual à PNAISP; recursos do Fundo Nacional de Saúde;
II – existência de população privada de li- d) definir estratégias para incluir de manei-
berdade em seu território; ra fidedigna as informações epidemiológi-
III – assinatura do Termo de Adesão Munici- cas das populações prisionais nos sistemas
pal, conforme modelo constante no anexo II de informação do Ministério da Saúde;
a esta Portaria; e) avaliar e monitorar as metas nacionais de
IV – elaboração de Plano de Ação Municipal acordo com a situação epidemiológica e as
para Atenção à Saúde da Pessoa Privada de especificidades regionais, utilizando os in-
Liberdade, de acordo com o modelo cons- dicadores e instrumentos que sejam mais
tante no anexo III; e adequados;

V – encaminhamento da respectiva do- f) prestar assessoria técnica e apoio institu-


cumentação ao Ministério da Saúde para cional no processo de gestão, planejamen-
aprovação. to, execução, monitoramento e avaliação
de programas e ações da PNAISP na rede de
§ 1º A adesão municipal, uma vez aprovada atenção à saúde;
pelo Ministério da Saúde, será publicada no
Diário Oficial da União por ato específico do g) apoiar a articulação de instituições, em
Ministro de Estado da Saúde. parceria com as Secretarias de Saúde dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
§ 2º Ao Município que aderir a PNAISP será pios, para capacitação e educação perma-
garantida a aplicação de um índice para nente dos profissionais de saúde para a
complementação dos valores a serem re- gestão, planejamento, execução, monitora-
passados pela União a título de incentivo fi- mento e avaliação de programas e ações da
nanceiro, que será objeto de ato específico PNAISP no SUS;
do Ministro de Estado da Saúde.
h) prestar assessoria técnica aos Estados,
Art. 15. Compete à União: Distrito Federal e Municípios na implanta-
ção dos sistemas de informação em saúde
I – por intermédio do Ministério da Saúde:
que contenham indicadores específicos da
a) elaborar planejamento estratégico para PNAISP;
implementação da PNAISP, em cooperação
i) apoiar e fomentar a realização de pesqui-
técnica com Estados, Distrito Federal e Mu-
sas consideradas estratégicas no contexto
nicípios, considerando as questões prioritá-

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Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

desta Política, mantendo atualizada uma sificação dos estabelecimentos prisionais,


agenda de prioridades de pesquisa para o número de trabalhadores do sistema pri-
SUS; sional e de pessoas privadas de liberdade,
dentre outras informações pertinentes à
j) promover, no âmbito de sua competên- gestão;
cia, a articulação intersetorial e interinstitu-
cional necessária à implementação das dire- d) disponibilizar o acesso às informações do
trizes da PNAISP; Sistema de Informação Penitenciária para
as gestões federais, estaduais, distritais e
k) promover ações de informação, educa- municipais da área prisional e da saúde com
ção e comunicação em saúde, visando di- o objetivo de subsidiar o planejamento das
fundir a PNAISP; ações de saúde;
l) propor estratégias para o desenvolvimen- e) apoiar a organização e a implantação dos
to de habilidades necessárias dos gestores e sistemas de informação em saúde a serem
profissionais atuantes no âmbito da PNAISP, utilizados pelas gestões federais, estaduais,
por meio dos processos de educação per- distritais e municipais da área prisional e da
manente em saúde, em consonância com as saúde;
diretrizes nacionais e realidades locorregio-
nais; f) assistir técnica e financeiramente, no âm-
bito da sua atribuição, na construção, na re-
m) estimular e apoiar o processo de discus- forma e no aparelhamento do espaço físico
são sobre as ações e programas em saúde necessário à unidade de saúde dentro dos
prisional, com participação dos setores or- estabelecimentos penais;
ganizados da sociedade nas instâncias cole-
giadas e de controle social, em especial no g) acompanhar a fiel aplicação das normas
Conselho Nacional de Saúde (CNS), no Con- sanitárias nacionais e internacionais, visan-
selho Nacional de Justiça (CNJ) e no Conse- do garantir as condições de habitabilidade,
lho Nacional de Política Criminal e Peniten- higiene e humanização das ambiências pri-
ciária (CNPCP); e sionais;
n) apoiar, técnica e financeiramente, a cons- h) elaborar e divulgar normas técnicas so-
trução, a ampliação, a adaptação e o apa- bre segurança para os profissionais de saú-
relhamento das unidades básicas de saúde de dentro dos estabelecimentos penais;
em estabelecimentos prisionais; e
i) incentivar a inclusão dos agentes peniten-
II – por intermédio do Ministério da Justiça: ciários nos programas de capacitação/sensi-
bilização em saúde para a população priva-
a) executar as ações de promoção, proteção da de liberdade; e
e recuperação da saúde, no âmbito da aten-
ção básica, em todas as unidades prisionais j) colaborar com os demais entes federati-
sob sua gestão; vos para a inserção do tema "Saúde da Pes-
soa Privada de Liberdade" nos espaços de
b) elaborar o plano de acompanhamento participação e controle social da justiça, nas
em saúde dentro dos instrumentos de pla- escolas penitenciárias e entre os custodia-
nejamento e gestão para garantir a continui- dos.
dade da PNAISP, considerando as questões
prioritárias e as especificidades regionais de Art. 16. Compete ao Estado e ao Distrito Fede-
forma contínua e articulada com o SUS; ral:
c) repassar informações atualizadas ao Mi- I – por intermédio da Secretaria Estadual de
nistério da Saúde acerca da estrutura, clas- Saúde:

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a) executar, no âmbito da atenção básica, as diretrizes da PNAISP, bem como a articula-
ações de promoção, proteção e recupera- ção do SUS na esfera estadual ou distrital; e
ção da saúde da população privada de liber-
dade, referenciada em sua pactuação; II – por intermédio da Secretaria Estadual
de Justiça, da Administração Penitenciária
b) coordenar e implementar a PNAISP, no ou congênere:
âmbito do seu território, respeitando suas
diretrizes e promovendo as adequações a) executar, no âmbito da atenção básica, as
necessárias, de acordo com o perfil epide- ações de promoção, proteção e recupera-
miológico e as especificidades regionais e ção da saúde em todas as unidades prisio-
locais; nais sob sua gestão;

c) elaborar o plano de ação para implemen- b) assessorar os Municípios, de forma téc-


tação da PNAISP junto com a Secretaria de nica, junto à Secretaria Estadual de Saúde,
Justiça e a Administração Penitenciária ou no processo de discussão e implantação da
congêneres, considerando as questões prio- PNAISP;
ritárias e as especificidades regionais, de c) considerar estratégias de humanização
forma contínua e articulada com o Plano que atendam aos determinantes da saúde
de Saúde do Estado ou do Distrito Federal e na construção e na adequação dos espaços
instrumentos de planejamento e pactuação das unidades prisionais;
do SUS;
d) garantir espaços adequados nas unida-
d) implantar e implementar protocolos de des prisionais a fim de viabilizar a implanta-
acesso e acolhimento como instrumento de ção e implementação da PNAISP e a salubri-
detecção precoce e seguimento de agravos, dade dos ambientes onde estão as pessoas
viabilizando a resolutividade no acompa- privadas de liberdade;
nhamento dos agravos diagnosticados;
e) adaptar as unidades prisionais para aten-
e) participar do financiamento para o de- der às pessoas com deficiência, idosas e
senvolvimento das ações e serviços em saú- com doenças crônicas;
de de que tratam esta Portaria;
f) apoiar, técnica e financeiramente, a aqui-
f) prestar assessoria técnica e apoio institu- sição de equipamentos e a adequação do
cional aos Municípios e às regiões de saú- espaço físico para implantar a ambiência
de no processo de gestão, planejamento, necessária ao funcionamento dos serviços
execução, monitoramento e avaliação da de saúde no sistema prisional, seguindo as
PNAISP; normas, regulamentos e recomendações do
g) desenvolver mecanismos técnicos e es- SUS e do CNPCP;
tratégias organizacionais de capacitação e g) atualizar e compartilhar os dados sobre
educação permanente dos trabalhadores a população privada de liberdade com a Se-
da saúde para a gestão, planejamento, exe- cretaria Municipal de Saúde;
cução, monitoramento e avaliação de pro-
gramas e ações no âmbito estadual ou dis- h) participar do financiamento das ações e
trital, consoantes a PNAISP, respeitando as serviços previstos na Política;
diversidades locais; e
i) garantir o acesso, a segurança e a conduta
h) promover, no âmbito de sua competên- ética das equipes de saúde nos serviços de
cia, as articulações intersetorial e interins- saúde do sistema prisional;
titucional necessárias à implementação das

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Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

j) apoiar intersetorialmente a realização das VI – implantar e implementar protocolos de


ações de saúde desenvolvidas pelas equi- acesso e acolhimento como instrumento de
pes de saúde no sistema prisional; detecção precoce e seguimento de agravos,
viabilizando a resolutividade no acompa-
k) garantir o transporte sanitário e a escolta nhamento dos agravos diagnosticados;
para que o acesso dos presos aos serviços
de saúde internos e externos se realize em VII – monitorar e avaliar, de forma contínua,
tempo oportuno, conforme a gravidade; os indicadores específicos e os sistemas de
informação da saúde, com dados produzi-
l) participar do planejamento e da realiza- dos no sistema local de saúde;
ção das ações de capacitação de profissio-
nais que atuam no sistema prisional; e VIII – desenvolver mecanismos técnicos e
estratégias organizacionais de capacitação
m) viabilizar o acesso de profissionais e e educação permanente dos trabalhado-
agentes públicos responsáveis pela realiza- res da saúde para a gestão, planejamento,
ção de auditorias, pesquisas e outras formas execução, monitoramento e avaliação de
de verificação às unidades prisionais, bem programas e ações na esfera municipal e/ou
como aos ambientes de saúde prisional, es- das regionais de saúde, com especial aten-
pecialmente os que tratam da PNAISP. ção na qualificação e estímulo à alimenta-
Art. 17. Compete ao Distrito Federal e aos Mu- ção dos sistemas de informação do SUS;
nicípios, por meio da respectiva Secretaria de IX – promover, junto à população do Distrito
Saúde, quando aderir à PNAISP: Federal ou do Município, ações de informa-
I – executar, no âmbito da atenção básica, ção, educação e comunicação em saúde, vi-
as ações de promoção, proteção e recupe- sando difundir a PNAISP;
ração da saúde da população privada de li- X – fortalecer a participação e o controle so-
berdade referenciada em sua pactuação; cial no planejamento, na execução, no mo-
II – coordenar e implementar a PNAISP, no nitoramento e na avaliação de programas e
âmbito do seu território, respeitando suas ações no âmbito do Conselho de Saúde do
diretrizes e promovendo as adequações ne- Distrito Federal ou do Município e nas de-
cessárias, de acordo com o perfil epidemio- mais instâncias de controle social existentes
lógico e as especificidades locais; no município; e

III – elaborar o plano de ação para imple- XI – promover, no âmbito de sua competên-
mentação da PNAISP junto com a Secretaria cia, a articulação intersetorial e interinstitu-
Estadual de Saúde e a Secretaria de Justiça, cional necessária à implementação das dire-
Administração Penitenciária ou congêneres, trizes da PNAISP e a articulação do SUS na
considerando as questões prioritárias e as esfera municipal.
especificidades regionais de forma contínua Art. 18. O monitoramento e a avaliação da
e articulada com os Planos Estadual e Regio- PNAISP, dos serviços, das equipes e das ações
nais de Saúde e os instrumentos de planeja- de saúde serão realizados pelo Ministério da
mento e pactuação do SUS; Saúde e pelo Ministério da Justiça por meio da
IV – cadastrar, por meio dos programas dis- inserção de dados, informações e documentos
poníveis, as pessoas privadas de liberdade nos sistemas de informação da atenção à saúde.
no seu território, assegurando a sua identi- Art. 19. Será instituído Grupo Condutor da
ficação no Cartão Nacional de Saúde; PNAISP no âmbito de cada Estado e do Distrito
V – elaborar e executar as ações de vigilân- Federal, formado pela respectiva Secretaria de
cia sanitária e epidemiológica; Saúde, pela respectiva Secretaria de Justiça ou

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congênere, pela Administração Prisional ou con- gras previstas na Portaria Interministerial nº
gênere, pelo Conselho de Secretários Munici- 1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003.
pais de Saúde (COSEMS) do respectivo Estado e
pelo apoio institucional do Ministério da Saúde, Art. 22. Esta Portaria entra em vigor na data de
que terá como atribuições: sua publicação.

I – mobilizar os dirigentes do SUS e dos sis- Art. 23. Ficam revogadas:


temas prisionais em cada fase de implanta- I – a Portaria Interministerial nº 1.777/MS/
ção e implementação da PNAISP; MJ, de 9 de setembro de 2003, publicada no
II – apoiar a organização dos processos de Diário Oficial da União nº 176, Seção 1, do
trabalho voltados para a implantação e im- dia 11 de setembro de 2003, p. 39; e
plementação da PNAISP no Estado e no Dis- II – a Portaria nº 240/GM/MS, de 31 de ja-
trito Federal; neiro de 2007, publicada no Diário Oficial
III – identificar e apoiar a solução de possí- da União nº 23, Seção 1, do dia 1º de feve-
veis pontos críticos em cada fase de implan- reiro de 2007, p. 65.
tação e implementação da PNAISP; e ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA
IV – monitorar e avaliar o processo de im- Ministro de Estado da Saúde
plantação e implementação da PNAISP.
JOSÉ EDUARDO CARDOSO
Art. 20. As pessoas privadas de liberdade pode-
rão trabalhar nos serviços de saúde implantados Ministro de Estado da Justiça
dentro das unidades prisionais, nos programas
ANEXO I (POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO IN-
de educação e promoção da saúde e nos pro-
TEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE
gramas de apoio aos serviços de saúde.
LIBERDADE NO SISTEMA PRISIONAL TERMO DE
§ 1º A decisão de trabalhar nos programas ADESÃO DO ESTADO)
de educação e promoção da saúde do SUS
e nos programas de apoio aos serviços de
saúde será da pessoa sob custódia, com
anuência e supervisão do serviço de saúde
no sistema prisional.
§ 2º Será proposta ao Juízo da Execução
Penal a concessão do benefício da remição
de pena para as pessoas custodiadas que
trabalharem nos programas de educação e
promoção da saúde do SUS e nos progra-
mas de apoio aos serviços de saúde.
Art. 21. Os entes federativos terão prazo até 31
de dezembro de 2016 para efetuar as medidas
necessárias de adequação de suas ações e seus
serviços para que seja implementada a PNAISP
conforme as regras previstas nesta Portaria.
Parágrafo único. Enquanto não efetivada
a implementação da PNAISP conforme as
regras previstas nesta Portaria, os entes fe-
derativos manterão o cumprimento das re-

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Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

Material Complementar

LEI DE EXECUÇÃO PENAL – N. 7.210/84

O presente material foi elaborado no intuito de contribuir com o estudo da Lei de Execução
Penal, Lei nº 7.210/84.
Importante registrar que além da exposição do conteúdo legal, constam diversas decisões
jurisprudências para corroborar com a exemplificação da temática.
Espero que seja útil à preparação para o alcance dos seus objetivos.
Abraço, Letícia Neves (www.leticianeves.com.br)

1. Considerações iniciais

A partir da leitura do texto constitucional infere-se que toda e qualquer atuação estatal
deverá estar pautada pelo respeito às formas procedimentais, de forma a atingir os fins de um
devido processo. Porém, não basta que tais garantias estejam asseguradas no âmbito formal é
necessário que sejam alcançados os conteúdos substanciais1.
Assim sendo, tem-se como premissa a exigência de que todas aquelas garantias asseguradas
durante o processo de conhecimento sejam estendidas ao processo de execução criminal,
considerando a sua autonomia, especialmente, após a Constituição Federal de 1988.
De acordo com o artigo 1º da Lei de Execução Penal, a execução das penas e das medidas de
segurança tem como objetivo efetivar as disposições da sentença e proporcionar condições
para harmônica integração social do condenado e internado.
Durante a execução, deverão ser observados os direitos que são assegurados aos apenados,
bem como os deveres que deverão ser cumpridos (artigo 39 e 41 da Lei nº 7.210/84). A ideia
central, que difere das concepções anteriores, principalmente antes da CF/88, conduz à
concepção do apenado/ preso ser encarado como sujeito de direitos e deveres, não mais como
mero objeto da administração, ou seja, fantoche a serviço da ordem e segurança.
Desta forma, se sustenta que a Execução Penal deverá ser pautada pela observância dos
ditames constitucionais, a fim de implementar os fundamentos do Estado Democrático de
Direito, dando ênfase, ao princípio da dignidade da pessoa humana, que jamais poderá ser
desprezado.
Neste despretensioso resumo, a Lei de Execução Penal é apresentada. Vale destacar que o
processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de Execução Criminal da Comarca
(VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena.

1 Cf. SUANNES , Adauto. Os Fundamentos Éticos do Devido Processo Legal. p. 102..

www.acasadoconcurseiro.com.br 551
Nele constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou na sua
forma de cumprimento2.
Por fim, é relevante mencionar que sempre que algum ato for praticado além dos limites
fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares, poderá ser suscitado o chamado
Excesso ou Desvio de Execução. Trata-se de um incidente de execução, previsto no artigo 185
da LEP, cuja provocação poderá ser feita pelo Ministério Público, Conselho Penitenciário, pelo
próprio sentenciado ou pelos demais órgãos da Execução Penal.

2. Finalidade da Lei de Execução Penal

Artigo 1º – finalidade da LEP


 
• efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal;
• proporcionar condições para harmônica integração social do condenado/ internado

Importante lembrar que:


Artigo 3º – São ASSEGURADOS TODOS OS DIREITOS NÃO ATINGIDOS pela sentença (sem
qualquer distinção) – art. 39 e 41, LEP
Artigo 4º – DEVER DO ESTADO – buscar a COOPERAÇÃO da sociedade nas atividades que
envolvem a execução penal.

3. Aplicação da Lei de Execução Penal

Artigo 2º, § único – aplicação:


•• Aos condenados como aos presos provisórios.
•• Aos condenados pela Justiça Eleitoral e pela Justiça Militar quando recolhidos em
estabelecimentos sujeitos à jurisdição ordinária.

4. Princípio da Individualização da Pena (art. 5º, XLVI, CF) – fase executória

Artigo 5º – os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade.


Artigo 6º – A classificação será feita por uma Comissão Técnica de Classificação – CTC.
• A Comissão elaborará o programa individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL) AO
CONDENADO OU PRESO PROVISÓRIO;
2 Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ. Para fins de competência, importante verificar a natureza do
estabelecimento prisional.

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Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

• A CTC será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes de serviço, 1
psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social (art. 7º).
• O condenado à PPL, em regime fechado, será submetido ao exame criminológico para
uma adequada classificação. Ainda, poderão ser submetidos o condenado à pena privativa de
liberdade, em regime semiaberto (art. 8º).

Atenção!!!
Identificação Genética:
Art. 9º A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza
grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil
genético, mediante extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada
e indolor.
§ 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso,
conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente,
no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de
perfil genético.

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5. Detração Penal

Artigo 42 do Código Penal – Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida


de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo
anterior.
A partir da alteração legislativa provocada pela Lei 12.736/12, tem-se que a detração penal
deverá ser observada, desde logo, na sentença condenatória. Vejamos:

Lei 12736/12 | Lei nº 12.736, de 30 de novembro de 2012


Dá nova redação ao art. 387 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 –
Código de Processo Penal, para a detração ser considerada pelo juiz que proferir
sentença condenatória.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A detração deverá ser considerada pelo juiz que proferir a sentença
condenatória, nos termos desta Lei.
Art. 2º O art. 387 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de
Processo Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 387. ......................................................................
§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta.
§ 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade." (NR)
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 30 de novembro de 2012; 191º da Independência e 124º da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.12.2012

Embora estivesse prevista no artigo 42 do Código Penal, a Detração era vista como um instituto
da execução da pena, competindo ao Juiz da VEC a sua declaração.
Antes da alteração legislativa do artigo 387 do CPP, somente o Juiz da VEC se manifestava sobre
o instituto. Atualmente, a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja, quando não for

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objeto na sentença, deverá ser observado pelo Juiz da Vara de Execução. Tal entendimento
decorre do artigo 111 da LEP e do artigo 66, III, c, da LEP3.
Atenção!! A consideração da detração não poderá caracterizar uma conta corrente do
indivíduo com o Estado. Por exemplo:
•• X comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido.
•• X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo: X comete um delito
de furto simples, na expectativa de não ficar preso, pois teria direito à detração daquele 1
ano, dito acima, referente a outro delito. Caso seja condenado, pela prática deste delito,
não terá direito à detração anterior, pois geraria uma conta corrente.
Nesse sentido, segue a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça, vejamos:
HC 93979 / RS – RIO GRANDE DO SUL
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 22/04/2008 – Órgão Julgador: Primeira Turma
HABEAS CORPUS. DETRAÇÃO PENAL. CÔMPUTO DO PERÍODO DE PRISÃO ANTERIOR
À PRÁTICA DE NOVO CRIME: IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. HABEAS CORPUS
INDEFERIDO. 1. Firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que
"não é possível creditar-se ao réu qualquer tempo de encarceramento anterior à prática
do crime que deu origem a condenação atual" (RHC 61.195, Rel. Min. Francisco Rezek,
DJ 23.9.1983). 2. Não pode o Paciente valer-se do período em que esteve custodiado – e
posteriormente absolvido – para fins de detração da pena de crime cometido em período
posterior. 3. Habeas Corpus indeferido. (grifo nosso)
REsp 878574 / RS
RECURSO ESPECIAL
2006/0183426-8
Ministro GILSON DIPP
CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO QUALIFICADO. DETRAÇÃO DE PERÍODO DE PRISÃO
PROVISÓRIA RELATIVA A CRIME COMETIDO EM MOMENTO ANTERIOR ÀQUELE DA PENA
IMPOSTA. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. I –O período em que esteve custodiado
réu posteriormente absolvido somente pode ser descontado da pena relativa a crime
cometido em período anterior.
II – Entendimento contrário significaria que o réu, antes mesmo de delinqüir, já estaria
beneficiado com a redução da pena em razão de prisão que se afigurou injusta em processo
diverso. III – Precedentes do STJ e do STF. IV – Recurso provido, nos termos do voto do
relator. (grifo nosso)

3 Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a
determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada,
quando for o caso a detração ou a remição.

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6. Regimes Prisionais

Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença penal condenatória ou quando
for aplicada a pena em um acórdão pelo Tribunal, inclui uma das fases da individualização da
pena (artigo 59, III, CP e artigo 110 da LEP). Será determinado conforme as regras contidas no
Código Penal (arts. 33, § 2º e 59).
Caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a determinação
do regime será feita através da soma do restante da que está sendo cumprida com a nova
condenação (art. 111, § 2º).
Na aplicação da pena privativa de liberdade, o Juiz para fixar o regime prisional deverá se
orientar pela tabela contida no artigo 33, § 2º, do CP, o traz a seguinte orientação:
Art. 33, §2º, do CP – As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8
(oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Obs.: Lei n. 11.464/07 que alterou a Lei 8.072/90 prevê o regime inicial fechado para os
delitos hediondos.
Com relação ao regime prisional é importante verificar as seguintes súmulas do Supremo
Tribunal Federal:
Súmula 719 – A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.
Súmula 718 – A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.
Já o Superior Tribunal de Justiça traz a seguinte súmula:
Súmula 269 – É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
Súmula 440: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

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O STF no julgamento do HC 111.840/ES declarou a inconstitucionalidade, em caráter


incidental, do artigo 2º § 1º, da Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos. Assim,
permitiu no caso em tela que um apenado condenado por tráfico pudesse iniciar o
cumprimento da sua reprimenda em regime inicial semiaberto.

7. Regime Disciplinar Diferenciado – artigo 52 da LEP

O Regime Disciplinar Diferenciado é uma sanção administrativa, está arrolado no artigo 53 da


LEP. É aplicável aos condenados ou presos provisórios, nacionais ou estrangeiros.
Situações que podem ensejar a inclusão do preso no regime disciplinar penitenciário:

1) prática de fato definido como crime doloso quando ocasionar subversão da ordem ou
disciplina internas (art. 52, caput, LEP);

2) quando o preso apresentar alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento


penal ou da sociedade (art. 52,§ 1°, LEP);

3) quando recair suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em


organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, § 2°, LEP).
As características desse regime são:
a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de
mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada;
b) recolhimento em cela individual;
c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar o número de crianças;
d) banho de sol de duas horas diárias.
Atenção!!
A inclusão do preso no RDD, de acordo com o artigo 54 da LEP, dependerá de requerimento
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.
A decisão judicial que incluir o preso no RDD será precedida de manifestação do Ministério
Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de 15 dias, devendo ser fundamentada.

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8. Sistema Progressivo – Progressão de Regime

A LEP adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena, ou seja, a transferência do


regime mais rigoroso para um menos rigoroso mediante a observância de alguns requisitos. O
artigo 112 da LEP dispõe que a progressão:
•• será determinada pelo juiz, com manifestação da defesa e do MP;
•• verificado o cumprimento de ao menos um sexto da pena;
•• verificado o bom comportamento, comprovado pelo diretor do estabelecimento.
Importante frisar que é permitida a progressão de regime mesmo antes do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória, conforme consta na súmula 716 do STF4.
A progressão é por etapa, vejamos a Súmula 491do STJ: "É inadmissível a chamada progressão
per saltum de regime prisional."

ATENÇÃO: Crimes Hediondos


Progressão de regime para condenados por crimes hediondos: a progressão de regime para
condenados por crimes hediondos é regulada pela lei 11.464/07 que alterou a lei 8.072/90, a
qual prevê a possibilidade de progressão de regime para condenados por delitos hediondos
desde que haja o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena, se reincidente.
Quanto à aplicação da Lei 11.464/07: Somente é aplicada esta lei para aqueles apenados que
praticaram crimes a partir da sua vigência. Aplicação da fração contida no artigo 112 da LEP.
Vejamos o posicionamento dos Superiores Tribunais:
HC 93669/SP- SÃO PAULO – HABEAS CORPUS. Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 22/04/2008 Órgão Julgador: Primeira Turma – PENAL. PROCESSUAL PENAL.
HABEAS CORPUS. PROGRESSÃO DE REGIME. LEI 11.464/07. IRRETROATIVIDADE DE LEI
PENAL MAIS GRAVOSA. CONTAGEM DE PRAZO PARA O BENEFÍCIO. ART. 112 DA LEP.
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. Em matéria de progressão de regime em delito considerado
como hediondo, cometido anteriormente à entrada em vigor da Lei 11.464/07, deve
prevalecer o entendimento da inconstitucionalidade do então vigente art. 2º, § 1º, da Lei
8.072/90, conforme precedente desta Corte. II Para evitar-se a retroatividade da lei mais
gravosa, o prazo a ser considerado é o do art. 112, original da LEP. III Determinação ao
Juízo da Vara das Execuções para que aprecie a possibilidade de concessão da progressão
pleiteada, à vista dos requisitos objetivos e subjetivos. IV – Ordem concedida de ofício.
(STF)
AgRg no HC 96226 / SP – AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS 2007/0291659-3
Ministro NILSON NAVES (361) T6 – SEXTA TURMA -29/04/2008 – DJ 16.06.2008 p. 1 Pena
privativa de liberdade (execução). Regimes (progressão). Lei nº 11.464/07 (não-aplicação).
Art. 112 da Lei de Execução Penal (observância). 1. A Lei nº 11.464/07 – que exige o
cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente – é

4 Súmula 716 do STJ – Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime
menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

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inaplicável aos casos anteriores à sua entrada em vigor, isso por ser mais gravosa ao réu.
2. Agravo regimental improvido. (STJ)
Em relação a este ponto, destaca-se a súmula vinculante n. 26 do STF e a súmula 471 do STJ5.

Importante !!!
Posicionamento sobre progressão de regime e a exigência de exame criminológico: STF6 e
STJ7:
Os Tribunais superiores têm entendido que, muito embora a nova redação do artigo 112 da LEP
tenha excluído a exigência de realização de exame criminológico para obtenção de progressão
de regime, não caracteriza constrangimento ilegal a submissão do apenado à realização de
exame, desde que devidamente fundamentada a necessidade pelo Juiz da Vara de Execução
Criminal.
Neste sentido, temos as seguintes súmulas:
Súmula Vinculante n. 26, STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena
por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade
do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar,
para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

5 Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-
se ao disposto no art. 112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional. Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, em 23/2/2011.
6 RHC 92605 / PR – PARANÁ – RECURSO EM HABEAS CORPUS Relator(a): Min. EROS GRAU Julgamento: 22/04/2008
– Órgão Julgador: Segunda Turma EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DO REGIME
DE CUMPRIMENTO DA PENA. FALTA GRAVE. PERDA DOS DIAS REMIDOS. EXAME CRIMINOLÓGICO. 1. O Pleno do
Supremo Tribunal Federal reafirmou recentemente, no julgamento do RE n. 452.994, que o cometimento de falta
grave resulta na perda dos dias remidos pelo trabalho, sem que isso implique ofensa aos princípios da isonomia, da
individualização da pena e da dignidade da pessoa humana. 2. Em que pese o advento da Lei nº 10.792/03, que
alterou o artigo 112 da LEP, excluindo a referência ao exame criminológico, nada impede que o juiz da execução o
realize, desde que motivadamente. Ordem denegada.
7 STJ: HC 94577 / SP HABEAS CORPUS 2007/0269868-8 Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA PENAL. 1.
PROGRESSÃO DE REGIME. DISPENSA DO EXAME CRIMINOLÓGICO. AGRAVO EM EXECUÇÃO. DECISÃO REFORMADA.
REGRESSÃO. EXAME CRIMINOLÓGICO. FACULDADE DO JUIZ, MEDIANTE DECISÃO DEVIDAMENTE MOTIVADA.
IMPOSIÇÃO PELO TRIBUNAL. POSSIBILIDADE, DESDE QUE FUNDADA EM ELEMENTOS CONCRETOS DA EXECUÇÃO
PENAL A APONTAR PARA A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DO EXAME. HISTÓRICO DE FUGA E PARTICIPAÇÃO
DE REBELIÕES. RECAPTURA EFETIVADA APENAS APÓS O COMETIMENTO DE OUTRO DELITO, A DEMONSTRAR A
CONVENIÊNCIA DE SUBMISSÃO A UMA ANÁLISE TÉCNICA. 2. ORDEM DENEGADA. 1. De acordo com as alterações
trazidas pela Lei 10.792/03, o exame criminológico deixa de ser requisito obrigatório para a progressão de
regime, podendo, todavia, ser determinado de maneira fundamentada pelo juiz da execução de acordo com as
peculiaridades do caso. Assim, mesmo que não tenho sido realizado em primeira instância, o exame criminológico
pode ser determinado pelo tribunal a quo, desde que este se funde em elementos concretos (relativos sempre a
fatos ocorridos no curso da execução penal) a apontar para a sua necessidade. No caso sob exame, considerando o
histórico de fugas e participação em rebeliões apresentado pelo paciente, que apenas foi recapturado quando do
cometimento de outro delito, é de se reconhecer a conveniência da realização do exame. 2. Ordem denegada.

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Entendimento da Terceira Seção do STJ no tocante à interrupção da contagem
para a progressão de regime, em razão da prática de falta grave:
EXECUÇÃO DA PENA. INTERRUPÇÃO. FALTA GRAVE. O cometimento de falta
disciplinar grave pelo apenado determina a interrupção do prazo para a concessão
da progressão de regime prisional. Para o Min. Relator, se assim não fosse, ao
custodiado em regime fechado que comete falta grave não se aplicaria sanção em
decorrência dessa falta, o que seria um estímulo ao cometimento de infrações no
decorrer da execução. Precedentes citados do STF: HC 98.387-SP, DJe 1º/7/2009;
HC 94.098-RS, DJe 24/4/2009; do STJ: HC 47.383-RS, DJ 13/3/2006, e HC 66.009-
PE, DJ 10/9/2007. EREsp. 1.176.486-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgados em 28/3/2012.

9. Regressão de Regime (art. 118)

A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando:


•• O apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (artigo 50 e 51) ; Nesses
caso, antes da regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art.
118, § 2º – audiência de justificativa.
•• Quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com
a nova condenação torne impossível a manutenção do regime (art. 111).
Observações importantes – posicionamento jurisprudencial retirado do site do Superior
Tribunal de Justiça:

1. (STJ – jurisprudência) Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da


execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo
diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado
por advogado constituído ou defensor público nomeado. (Tese julgada sob o rito do art.
543-C do CPC). Precedentes: REsp 1378557/RS, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, (recurso repetitivo pendente de publicação); HC
175251/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 12/11/2013,
DJe 13/12/2013.

2. (STJ – jurisprudência) Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo


prescricional para apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional
previsto no art. 109 do CP, ou seja, o de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração
dada pela Lei nº 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2 anos se a falta tiver ocorrido
até essa data. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013; AgRg no

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REsp 1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
05/11/2013, DJe 25/11/2013;

Atenção !!!
Nova hipótese de regressão de regime: artigo 146 – C, § único, LEP, violar os deveres
relacionados ao monitoramento eletrônico.

Atenção !!!
É nula a decisão que regride o regime prisional sem a prévia oitiva do apenado nos casos do
inciso I do artigo 118 da LEP. Vejamos:
RHC 18693 / RJ RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2005/0195304-1 – Ministro
HÉLIO QUAGLIA BARBOSA – RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. REGIME
PRISIONAL. REGRESSÃO. FALTA GRAVE. PRÉVIA OITIVA DO CONDENADO. ARTIGO 118, §2º,
DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. INOCORRÊNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.
1. Em consequência da jurisdicionalização da execução penal, por ofensa ao princípio do
contraditório, nula é a decisão que determina a regressão do condenado sem a sua prévia
audiência; 2. A "oitiva" do ora recorrente se deu, tão-somente, perante a Comissão Técnica
de Classificação – CTC, e não na presença do juiz da execução penal, destinatário final das
teses defensivas eventualmente sustentadas; 3. Recurso ordinário provido, para declarar
nula a decisão que determinou a regressão do ora recorrente para o regime fechado,
devendo outra ser proferida somente após sua oitiva pelo juiz da execução penal.
OBS.: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar8, que dispensa a oitiva
prévia do apenado, passando a exigir somente nos casos de regressão definitiva.

10. Prisão Domiciliar (artigo 117)

Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se
enquadrar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da LEP, quais sejam:
• condenado maior de setenta anos;
• condenado acometido de doença grave;
• condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal;
• condenada gestante.

8 Ementa: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. COMETIMENTO DE FALTA GRAVE.
INTERRUPÇÃO DO PRAZO PARA O PLEITO DE NOVA PROGRESSÃO. ILEGALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES.
ORDEM DENEGADA. (HC 113579, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 16/04/2013,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 29-04-2013 PUBLIC 30-04-2013)

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11. Remição de pena – hipóteses legais

LEI Nº 12.433, DE 29 DE JUNHO DE 2011.


Altera a Lei 7210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), para dispor sobre a
remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou por trabalho.
A PRESIDENTADAREPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1º Os arts. 126, 127, 128 e 129 da Lei 7210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal),
passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I – 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional – divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
II – 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1º deste artigo poderão ser desenvolvidas de
forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas
autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo
serão definidas de forma a se compatibilizarem.
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará
a beneficiar-se com a remição.
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no
caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena,
desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui
liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação
profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o
disposto no inciso I do § 1º deste artigo.
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa.”
(NR)
“Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.”
(NR)

562 www.acasadoconcurseiro.com.br
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“Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.” (NR)
“Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do
registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias
de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles.
§ 1º O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar
mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o
aproveitamento escolar.
§ 2º Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos.” (NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 29 de junho de 2011; 190o da Independência e 123º da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Fernando Haddad
Este texto não substitui o publicado no DOU de 30.6.2011

12. Trabalho prisional: espécies de Trabalho Prisional: serviço interno e


serviço externo

Quanto à forma de serviço:


a) Serviço interno (art. 31) qualquer regime poderá trabalhar internamente e a qualquer
momento, desde que existam vagas.
b) Serviço externo (art. 36)

13. PERMISSÃO DE SAÍDA (art. 120) E SAÍDA TEMPORÁRIA (art. 122)

Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em regime fechado,
semiaberto e provisórios, mediante escolta, em duas hipóteses:
• falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou
irmão);
• necessidade de tratamento médico.
Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a apenados que cumprem pena em
regime semiaberto.

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Vale destacar que recentemente foi introduzida a possibilidade da utilização de monitoramento
eletrônico, no artigo 122, parágrafo único, da LEP (redação dada pela Lei nº 12.258/10).
Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a
monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal.
Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto, deverão preencher os
seguintes requisitos:
• comportamento adequado;
• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes;
• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
Será concedida por período não superior a 7 dias, podendo ser renovadas por mais 4 vezes,
logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as saídas.
A Lei nº 12.258 inovou ao estabelecer que o juiz imporá condições ao apenado, para obtenção
das saídas temporárias, permitindo que além das previstas em lei outras poderão ser
estabelecidas, vejamos a nova redação do § 1º do artigo 124 da LEP:
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições,
entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal
do condenado:
I – fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício;
II – recolhimento à residência visitada, no período noturno;
III – proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
§ 2º Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino
médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades
discentes.
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com
prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.” (NR)

Importante !!!
Artigo 124, § 2º, da LEP (redação dada pela Lei nº 12.258/2010) – Quando se tratar de
frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de
saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes.

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14. MONITORAÇÃO ELETRÔNCIA

O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo com a lei, poderá ser
definido pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário. Vejamos o novo artigo
146, b, da LEP:
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando:
I – (VETADO);
II – autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
III – (VETADO);
IV – determinar a prisão domiciliar;
V – (VETADO);
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento
eletrônico e dos seguintes deveres:
I – receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus
contatos e cumprir suas orientações;
II – abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo
de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
III – (VETADO);
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar,
a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
I – a regressão do regime;
II – a revogação da autorização de saída temporária;
III – (VETADO);
IV – (VETADO);
V – (VETADO);
VI – a revogação da prisão domiciliar;
VII – advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar
alguma das medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada:
I – quando se tornar desnecessária ou inadequada;
II – se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou
cometer falta grave.”
Art. 3º O Poder Executivo regulamentará a implementação da monitoração eletrônica.

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15. Livramento condicional

Os requisitos para obtenção de livramento estão previstos no artigo 83 do CP em combinação


com o artigo 112, §2º, da LEP.

+ 1/3 Não reincidente em crime doloso


+ 1/2 Reincidente em crime doloso
Condenados por delitos hediondos – reincidente
+ 2/3 específico em Crime Hediondo não tem direito
ao livramento condicional.

Requisitos de ordem objetiva e subjetiva.


Obs.: Súmula 441 do STJ
# Revogação obrigatória e facultativa – artigos 86 e 87 do CP.
# Efeitos da revogação – artigos: 88 do CP e artigos 141 e 142 da LEP.

Aspectos importantes no tocante ao livramento condicional:

1. O crime de associação ao tráfico não é considerado hediondo pelo entendimento do STJ,


portanto, o lapso temporal para progressão de regime será de 1/6 e para o livramento 1/3
ou 1/2.

16. Incidentes da Execução Penal

• Conversão da PPL em PRD (art. 180) – PPL não superior a dois anos; condenado em regime
aberto; cumprido pelo menos 1/4; antecedentes e personalidade indiquem.
• Conversão da PRD em PPL (art. 181) – ocorrerá na forma do art. 45 do CP.
• Desvio ou Excesso de Execução (artigo 185 da LEP)

17. ANISTIA, GRAÇA, INDULTO

São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, II, do CP.
A anistia “é a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornam impuníveis
por motivo de utilidade social. O instituto volta-se a fatos, e não a pessoas. Pode ocorrer antes
da condenação definitiva – anistia própria – ou após o trânsito em julgado da condenação –
anistia imprópria. Tem a força de extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se

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a crimes políticos, embora nada impeça a sua concessão a crimes comuns.”9 A anistia somente
é concedida através de lei editada pelo Congresso Nacional.
A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito
a fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República, dentro de
sua avaliação discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia.
É uma medida de caráter excepcional, destinada a premiar atos meritórios extraordinários
praticados pelo sentenciado no cumprimento de sua reprimenda ou ainda atender condições
pessoais de natureza especial, bem como a corrigir equívocos na aplicação da pena ou eventuais
erros judiciários.”10 É concedida mediante análise do caso individual.
De acordo com o artigo 5º, inc. XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia para delitos
considerados hediondos.
Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade, no entanto é concedido de
forma coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de cada ano a publicação de um Decreto
concedendo Indulto para todos aqueles que preencherem determinadas condições.
No ano de 2007, foi publicado no dia 11 de dezembro o Decreto nº 6.294/07, o qual consta em
anexo para conhecimento.
Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao indulto,
devendo ser apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções.
Destaca-se que no mesmo Decreto há previsão legal para a concessão de Comutação de Pena,
porém esta não se confunde com o Indulto, pois não se trata de extinção da punibilidade, mas
sim um abatimento da pena, desde que haja o preenchimento dos requisitos (ver artigos 2º e
4º do Decreto em anexo – somente para exemplificar, pois o Decreto não poderá ser objeto de
questionamento na prova).

18. DO RECURSO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Há previsão expressa no artigo 197 que das decisões proferidas pelo juiz em processo de
execução criminal o recurso cabível será o de agravo.
O prazo para interposição é regulado pela Súmula 700 do STF, sendo de 5 dias.
O processamento do recurso se dá da mesma forma que o Recurso em Sentido Estrito.

19. DO CABIMENTO DAS AÇÕES IMPUGNATIVAS DE HABEAS CORPUS E


MANDADO DE SEGURANÇA

A possibilidade de impetração de alguma ação impugnativa está condicionada à existência de


constrangimento ilegal ou violação de direito líquido e certo.

9 Código Penal Comentado. Guilherme de Souza Nucci. Página 348 e 349.


10 Idem

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20. LIMITE DE CUMPRIMENTO

O limite de cumprimento de pena é o previsto no artigo 75 do CP, qual seja, trinta anos.
No entanto, conforme diz a súmula 715 do STF, o limite de trinta anos em uma pena unificada
não é parâmetro ou base de cálculo para os demais direitos em sede de execução penal.

XVIII) Defensoria Pública como órgão da Execução Penal


Importante alteração ocorrida na Lei de Execução Penal, pela Lei nº 12.313/10, inseriu o artigo
81-A, que assegura à Defensoria Pública a condição de órgão da Execução Penal.
Trata-se de inovações relevantes com intuito de reforçar o acesso à justiça na Execução Penal,
como pode ser verificado a partir da leitura do artigo 16 da LEP.

Bom estudo !!!


Letícia Sinatora das Neves

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"


(Antoine de Saint-Exupéry)

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Entendimento jurisprudencial para ilustração da matéria:

HC 94715 / RS – RIO GRANDE DO SUL


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE
Julgamento: 07/10/2008 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008
EMENT VOL-02338-03 PP-00592
Parte(s)
PACTE.(S): JOSÉ RICARDO COELHO
IMPTE.(S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. EXAME CRIMINOLÓGICO. LEI 10.792/03. DIREITO À
PROGRESSÃO. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. ACÓRDÃO DO TJ FUNDAMENTADO.
DENEGAÇÃO. 1. A questão de direito tratada neste writ diz respeito à possibilidade de o
juiz das execuções penais conceder a progressão do regime de cumprimento da pena, ainda
que em desconformidade com as conclusões do exame criminológico realizado à luz do art.
112, da LEP. 2. Esta Corte tem se pronunciado no sentido da possibilidade de determinação
da realização do exame criminológico sempre que julgada necessária pelo magistrado
competente (AI-AgR-ED 550735-MG, rel. Min. Celso de Mello, DJ 25.04.2008). Assim, o
art. 112, da LEP (na redação dada pela Lei nº 10.792/03), não veda a realização do exame
criminológico. 3. Em matéria de progressão do regime prisional, cabe ao juiz da execução,
além do fator temporal, "examinar os demais requisitos para a progressão no regime menos
rigoroso, procedendo, se entender necessário, o exame criminológico" (RHC 86.951-RJ, de
minha relatoria, 2ª Turma, DJ 07.03.2006). 4. Não há sentido em contrariar a conclusão
desfavorável à progressão do regime prisional, consignando-se, ainda, que há vários registros
de faltas graves no prontuário de conduta carcerária do paciente (fl. 27, do apenso). 5. Habeas
corpus denegado.
HC 94652 / RS – RIO GRANDE DO SUL – HABEAS CORPUS Relator(a): Min. MENEZES DIREITO
– Julgamento: 10/06/2008 – Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação DJe-167 DIVULG 04-
09-2008 PUBLIC 05-09-2008
EMENT VOL-02331-02 PP-00322
Parte(s)
PACTE.(S): CARLOS EDUARDO TAPIA
IMPTE.(S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

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COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa
EMENTA Habeas corpus. Execução penal. Cometimento de falta grave. Perda dos dias remidos.
Não-ofensa aos princípios constitucionais alegados. Possibilidade de alteração da data-base
para reinício do cômputo para obtenção de outros benefícios executórios. Impossibilidade de
aplicação do art. 58 da LEP para limitação temporal da perda dos dias remidos. Precedentes.
1. A perda dos dias remidos pelo trabalho de que trata o artigo 127 da Lei de Execuções
Penais não afronta os princípios constitucionais da individualização da pena, da dignidade da
pessoa humana, da proporcionalidade e da razoabilidade. 2. No que concerne à alteração da
data-base para concessão de novos benefícios, a decisão ora questionada está de acordo com
a jurisprudência desta Corte, no sentido de que "o cometimento de falta grave pelo apenado
impõe não só a regressão de regime de cumprimento da pena, como o reinício do cômputo do
prazo de 1/6 da pena para obtenção de nova progressão de regime prisional'" (HC nº 86.990/
SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJ de 9/6/06). 3. É desprovido de fundamento
jurídico o pedido de aplicação do art. 58 da Lei de Execuções Penais para impor a limitação
temporal de 30 dias para perda dos dias remidos, porque "o dispositivo legal citado refere-se
a capítulo diverso daquele referente à remição da pena e trata exclusivamente do isolamento,
da suspensão e da restrição de direitos, cuja aplicação incumbe à autoridade disciplinar do
estabelecimento prisional" (HC nº 89.784/RS, Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen
Lúcia, DJ de 2/2/07). 4. Habeas corpus denegado.

Sugestões para leitura:

•• Lei de Execução Penal – Anotada e Interpretada – Renato Marcão


•• Lei de Execução Penal Anotada – Maurício Kuehne
Demais indicações:
ANISTIA INTERNACIONAL, Brasil: aqui ninguém dorme sossegado. Violações dos direitos
humanos contra detentos. Porto Alegre/São Paulo, Anistia Internacional, 1999.
BAUMAN, Zygmunt. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
CARVALHO, Salo de. Pena e garantias: uma releitura do garantismo de Luigi Ferrajoli no Brasil.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.
FERRAJOLI, Luigi. Derecho y garantias – La Lei del más Débil. trad. Perfecto Andrés Ibáñez e
Andrea Greppi. Madri: Trotta, 1999.
FRAGOSO, Heleno; CATÃO, Yolanda; SUSSEKIND, Elisabeth. Direitos dos Presos. Rio de Janeiro:
Forense, 1980.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. São Paulo: Perspectiva, 2007.
HUMAN RIGHTS WATCH. Prefácio. O Brasil atrás das grades. Disponível em: <http://www.hrw.
org/portuguese/reports/presos/prefacio.htm>. Acesso em: 01 dez. 2007.

570 www.acasadoconcurseiro.com.br
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OBSERVATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS, da Comissão de Direitos Humanos e Legislação


Participativa do Senado Federal, Brasília, 07 de dezembro de 2005 – Ano I – Número 2. p. 170.
WOLFF, Maria Palma. Antologias de vidas e histórias na Prisão: emergência e injunção de
controle social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.
ZABALA, Ana Messuti de. O tempo como pena.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas. Rio de Janeiro: Revan, 1999.
Indicação de filmes e documentários:

1) Quase dois irmãos

2) Lotado

3) Leite e Ferro

4) O cárcere e a rua

www.acasadoconcurseiro.com.br 571
LEI Nº 12.258, DE 15 DE I – fornecimento do endereço onde
JUNHO DE 2010. reside a família a ser visitada ou onde
poderá ser encontrado durante o gozo
Mensagem de veto do benefício;

Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de- II – recolhimento à residência visitada,


zembro de 1940 (Código Penal), e a Lei no no período noturno;
7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Exe- III – proibição de frequentar bares,
cução Penal), para prever a possibilidade casas noturnas e estabelecimentos
de utilização de equipamento de vigilância congêneres.
indireta pelo condenado nos casos em que
especifica. § 2º Quando se tratar de frequência a
curso profissionalizante, de instrução
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber de ensino médio ou superior, o tempo
que o Congresso Nacional decreta e eu san- de saída será o necessário para o
ciono a seguinte Lei: cumprimento das atividades discentes.
Art. 1º (VETADO). § 3º Nos demais casos, as autorizações
Art. 2º A Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 de saída somente poderão ser
(Lei de Execução Penal), passa a vigorar com as concedidas com prazo mínimo de 45
seguintes alterações: (quarenta e cinco) dias de intervalo
entre uma e outra.” (NR)
“Art. 66. .................................................
“Art. 132. ...............................................
V – .........................................................
§ 2º ........................................................
i) (VETADO);
d) (VETADO)” (NR)
......................................................” (NR)
“TÍTULO V
“Art. 115. (VETADO).
...............................................................
......................................................” (NR)
CAPÍTULO I
“Art. 122. ...............................................
...............................................................
Parágrafo único. A ausência de
vigilância direta não impede a utilização Seção VI
de equipamento de monitoração DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA
eletrônica pelo condenado, quando
assim determinar o juiz da execução.” Art. 146-A. (VETADO).
(NR)
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fisca-
“Art. 124. ............................................... lização por meio da monitoração eletrô-
................................. nica quando:
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o I – (VETADO);
juiz imporá ao beneficiário as seguintes
condições, entre outras que entender II – autorizar a saída temporária no regi-
compatíveis com as circunstâncias do me semiaberto;
caso e a situação pessoal do condenado: III – (VETADO);
IV – determinar a prisão domiciliar;

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V – (VETADO); Art. 3º O Poder Executivo regulamentará a im-


plementação da monitoração eletrônica.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua
Art. 146-C. O condenado será instruído publicação.
acerca dos cuidados que deverá adotar
com o equipamento eletrônico e dos Brasília, 15 de junho de 2010; 189º da Indepen-
seguintes deveres: dência e 122º da República.
I – receber visitas do servidor respon- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
sável pela monitoração eletrônica, res-
ponder aos seus contatos e cumprir Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
suas orientações; Este texto não substitui o publicado no DOU de
II – abster-se de remover, de violar, de 16.6.2010
modificar, de danificar de qualquer for-
ma o dispositivo de monitoração eletrô-
nica ou de permitir que outrem o faça; DECRETO Nº 7.420, DE 31 DE
DEZEMBRO DE 2010.
III – (VETADO);
Parágrafo único. A violação comprova- Concede indulto natalino e comutação de pe-
da dos deveres previstos neste artigo nas, e dá outras providências.
poderá acarretar, a critério do juiz da O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício da
execução, ouvidos o Ministério Público competência privativa que lhe confere o art.
e a defesa: 84, inciso XII, da Constituição, tendo em vista a
I – a regressão do regime; manifestação do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, acolhida pelo Ministro
II – a revogação da autorização de saída de Estado da Justiça, e considerando a tradição,
temporária; por ocasião das festividades comemorativas do
Natal, de conceder indulto às pessoas conde-
III – (VETADO);
nadas ou submetidas à medida de segurança
IV – (VETADO); e comutar penas às pessoas condenadas, que
cumpram os requisitos expressamente previs-
V – (VETADO); tos neste Decreto,
VI – a revogação da prisão domiciliar; DECRETA:
VII – advertência, por escrito, para to- Art. 1º É concedido indulto às pessoas:
dos os casos em que o juiz da execução
decida não aplicar alguma das medidas I – condenadas à pena privativa de liberda-
previstas nos incisos de I a VI deste pa- de não superior a oito anos, não substituí-
rágrafo. da por restritivas de direitos ou multa e não
beneficiadas com a suspensão condicional
Art. 146-D. A monitoração eletrônica da pena, que, até 25 de dezembro de 2010,
poderá ser revogada: tenham cumprido um terço da pena, se não
I – quando se tornar desnecessária ou reincidentes, ou metade, se reincidentes;
inadequada; II – condenadas à pena privativa de liber-
II – se o acusado ou condenado violar dade superior a oito anos e não superior a
os deveres a que estiver sujeito durante doze anos, não substituída por restritivas de
a sua vigência ou cometer falta grave.” direitos ou multa e não beneficiadas com a

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suspensão condicional da pena, por crime fase executória ou juízo em que se encon-
praticado sem violência ou grave ameaça, tre, aplicada cumulativamente com pena
que, até 25 de dezembro de 2010, tenham privativa de liberdade cumprida até 25 de
cumprido um terço da pena, se não reinci- dezembro de 2010;
dentes, ou metade, se reincidentes;
IX – condenadas:
III – condenadas à pena privativa de liber-
dade superior a oito anos que, até 25 de de- a) paraplégicas, tetraplégicas ou portadoras
zembro de 2010, tenham completado ses- de cegueira total, desde que tais condições
senta anos de idade e cumprido um terço não sejam anteriores à pratica do delito e se
da pena, se não reincidentes, ou metade, se comprovem por laudo médico oficial ou, na
reincidentes; falta deste, por médico designado pelo juízo
da execução;
IV – condenadas à pena privativa de liber-
dade que, até 25 de dezembro de 2010, te- b) paraplégicas, tetraplégicas ou portadoras
nham completado setenta anos de idade e de cegueira total, ainda que tais condições
cumprido um quarto da pena, se não reinci- sejam anteriores à prática do delito e se
dentes, ou um terço, se reincidentes; comprovem por laudo médico oficial ou, na
falta deste, por médico designado pelo juízo
V – condenadas à pena privativa de liber- da execução, caso resultem na incapacidade
dade que, até 25 de dezembro de 2010, te- severa prevista na alínea “c” deste inciso;
nham cumprido, ininterruptamente, quinze
anos da pena, se não reincidentes, ou vinte c) acometidas de doença grave e perma-
anos, se reincidentes; nente que apresentem incapacidade seve-
ra, grave limitação de atividade e restrição
VI – condenadas à pena privativa de liber- de participação ou exijam cuidados contínu-
dade superior a oito anos que, até 25 de os que não possam ser prestados no esta-
dezembro de 2010, tenham cumprido, em belecimento penal, desde que comprovada
regime fechado ou semiaberto, um terço a hipótese por laudo médico oficial ou, na
da pena, se não reincidentes, ou metade, se falta deste, por médico designado pelo ju-
reincidentes, e tenham filho ou filha menor ízo da execução, constando o histórico da
de dezoito anos ou com deficiência mental, doença, caso não haja oposição da pessoa
física, visual ou auditiva, cujos cuidados de- condenada, mantido o direito de assistência
las necessite; nos termos do art. 196 da Constituição;
VII – condenadas à pena privativa de liber- X – submetidas à medida de segurança, in-
dade não superior a doze anos, desde que dependentemente da cessação da pericu-
já tenham cumprido dois quintos da pena, losidade que, até 25 de dezembro de 2010,
se não reincidentes, ou três quintos, se rein- tenham suportado privação da liberdade,
cidentes, encontrem-se cumprindo pena no internação ou tratamento ambulatorial por
regime semiaberto ou aberto e já tenham período igual ou superior ao máximo da
usufruído, até 25 de dezembro de 2010, no pena cominada à infração penal correspon-
mínimo, de cinco saídas temporárias previs- dente à conduta praticada, ou, nos casos de
tas no art. 122, combinado com art. 124, ca- substituição prevista no art. 183 da Lei nº
put, da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, 7.210, de 1984, por período igual ao tempo
ou tenham prestado trabalho externo, no da condenação, mantido o direito de assis-
mínimo por doze meses nos três anos con- tência nos termos do art. 196 da Constitui-
tados retroativamente àquela data; ção;
VIII – condenadas à pena de multa, ainda XI – condenadas à pena privativa de liber-
que não quitada, independentemente da dade, desde que substituída por pena não

574 www.acasadoconcurseiro.com.br
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privativa de liberdade, na forma do art. 44 de pena já cumprido, nos termos do caput e


do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro § 1º deste artigo, sem necessidade de novo
de 1940 – Código Penal, ou ainda beneficia- requisito temporal e sem prejuízo da remi-
das com a suspensão condicional da pena, ção prevista no art. 126 da Lei nº 7.210, de
que tenham cumprido, ainda que por con- 1984.
versão, privadas de liberdade, até 25 de de-
zembro de 2010, um quarto da pena, se não Art. 3º Na concessão do indulto ou da co-
reincidentes, ou um terço, se reincidentes; mutação deverá, para efeitos da integraliza-
ção do requisito temporal, ser computada
XII – condenadas à pena privativa de li- a detração de que trata o art. 42 do Códi-
berdade sob o regime aberto, que tenham go Penal e, quando for o caso, o art. 67 do
cumprido, presas provisoriamente, até 25 Código Penal Militar, sem prejuízo da remi-
de dezembro de 2010, um quarto da pena, ção prevista no art. 126 da Lei nº 7.210, de
se não reincidentes, ou um terço, se reinci- 1984.
dentes;
Parágrafo único. A aplicação de sanção por
XIII – condenadas à pena privativa de liber- falta disciplinar de natureza grave, prevista
dade, que estejam cumprindo pena em re- na Lei nº 7.210, de 1984, não interrompe a
gime aberto, cujas penas remanescentes, contagem do lapso temporal para a obten-
em 25 de dezembro de 2010, não sejam su- ção dos benefícios previstos neste Decreto.
periores a seis anos, se não reincidentes, e a
quatro anos se reincidentes, desde que te- Art. 4º A concessão dos benefícios previstos
nham cumprido um quarto da pena, se não neste Decreto fica condicionada à inexistência
reincidentes, ou um terço, se reincidentes. de aplicação de sanção, homologada pelo ju-
ízo competente, garantido o contraditório e a
Parágrafo único. O indulto de que cuida ampla defesa, por falta disciplinar de natureza
este Decreto não se estende às penas aces- grave, prevista na Lei nº 7.210, de 1984, cometi-
sórias previstas no Decreto-Lei no 1.001, de da nos últimos doze meses de cumprimento da
21 de outubro de 1969 – Código Penal Mili- pena, contados retroativamente à publicação
tar, e aos efeitos da condenação. deste Decreto.
Art. 2º As pessoas condenadas à pena privativa § 1º A prática de falta grave após a publi-
de liberdade, não beneficiadas com a suspensão cação deste Decreto ou sem a devida apu-
condicional da pena que, até 25 de dezembro de ração, nos termos do caput, não impede a
2010, tenham cumprido um quarto da pena, se obtenção dos benefícios previstos neste De-
não reincidentes, ou um terço, se reincidentes, creto.
e não preencham os requisitos deste Decreto
para receber indulto, terão comutada a pena re- § 2º As restrições deste artigo não se apli-
manescente de um quarto, se não reincidentes, cam às hipóteses previstas nos incisos IX e X
e de um quinto, se reincidentes, aferida na data do art. 1º deste Decreto.
acima mencionada. Art. 5º Os benefícios previstos neste Decreto
§ 1º Se o período de pena já cumprido, des- são cabíveis, ainda que:
contadas as comutações anteriores, for su- I – a sentença tenha transitado em julgado
perior ao remanescente, o cálculo será feito para a acusação, sem prejuízo do julgamen-
sobre o período de pena já cumprido até 25 to de recurso da defesa na instância supe-
de dezembro de 2010. rior;
§ 2º A pessoa agraciada por anterior comu- II – haja recurso da acusação que não vise a
tação terá seu benefício calculado sobre o majorar a quantidade da pena ou as condi-
remanescente da pena ou sobre o período

www.acasadoconcurseiro.com.br 575
ções exigidas para a concessão do indulto e § 1º As restrições deste artigo e dos incisos
da comutação; I e II do art. 1º não se aplicam às hipóteses
previstas nos incisos VIII, IX, X e XI do citado
III – a pessoa condenada esteja em livra- art. 1º.
mento condicional; ou
§ 2º O benefício previsto no inciso VI do
IV – a pessoa condenada responda a outro art. 1º não alcança as pessoas condenadas
processo criminal, mesmo que tenha por por crime praticado com violência ou grave
objeto um dos crimes previstos no art. 8º ameaça contra o filho ou a filha.
deste Decreto.
Art. 9º Para a concessão do indulto e comuta-
Art. 6º A inadimplência da pena de multa, ção das penas é suficiente o preenchimento dos
cumulada com pena privativa de liberdade, não requisitos previstos neste Decreto.
impede a concessão do indulto ou da comuta-
ção. Art. 10. A autoridade que custodiar a pessoa
condenada e os órgãos da execução previstos
Art. 7º As penas correspondentes a infrações di- nos incisos III a VIII do art. 61 da Lei nº 7.210, de
versas devem somar-se para efeito do indulto e 1984, encaminharão, de ofício, ao juízo da exe-
da comutação. cução a lista daqueles que satisfaçam os requisi-
Parágrafo único. Na hipótese de haver con- tos necessários para a concessão dos benefícios
curso com infração descrita no art. 8º, a enunciados neste Decreto.
pessoa condenada não terá direito ao indul- § 1º O procedimento previsto no caput po-
to ou à comutação da pena corresponden- derá iniciar-se de ofício, a requerimento
te ao crime não impeditivo, enquanto não do interessado, de quem o represente, de
cumprir, no mínimo, dois terços da pena, seu cônjuge ou companheiro, parente ou
correspondente ao crime impeditivo dos descendente, da Defensoria Pública, da Or-
benefícios (art. 76 do Código Penal). dem dos Advogados do Brasil, do Ministé-
Art. 8º Os benefícios previstos neste Decreto rio Público, do Conselho Penitenciário, do
não alcançam as pessoas condenadas: Conselho da Comunidade, do patronato, da
autoridade administrativa, da Ouvidoria do
I – por crime de tortura, terrorismo ou trá- Sistema Penitenciário, da Corregedoria do
fico ilícito de droga, nos termos do arts. 33, Sistema Penitenciário ou do médico que as-
caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei nº 11.343, de siste o condenado que se enquadre nas si-
23 de agosto de 2006; tuações previstas nos incisos IX e X do art.
1º.
II – por crime hediondo, praticado após a
edição das Leis nos 8.072, de 25 de julho § 2º O juízo da execução proferirá decisão
de 1990; 8.930, de 6 de setembro de 1994; após ouvir o Ministério Público, a defesa e o
9.695, de 20 de agosto de 1998; 11.464, Conselho Penitenciário, excetuado este nas
de 28 de março de 2007; e 12.015, de 7 de hipóteses contempladas nos incisos VIII, IX
agosto de 2009, observadas, ainda, as alte- e X do art. 1º.
rações posteriores;
§ 3º A manifestação do Conselho Peniten-
III – por crimes definidos no Código Penal ciário de que trata o § 2º deverá ocorrer no
Militar que correspondam aos delitos pre- prazo máximo de quinze dias, contados a
vistos nos incisos I e II, exceto quando con- partir da data do recebimento, pelo relator,
figurada situação do uso de drogas disposto do procedimento do incidente de execução
no art. 290 do referido Código Penal Militar; que trata da comutação de pena ou indulto,
gozando este último de prioridade na apre-
ciação.

576 www.acasadoconcurseiro.com.br
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

Art. 11. Os órgãos centrais da administração pe-


nitenciária encaminharão, imediatamente, có-
pia deste Decreto às unidades penitenciárias e
preencherão o quadro estatístico constante do
modelo Anexo, devendo remetê-lo, até seis me-
ses a contar da data de publicação deste Decre-
to, ao Departamento Penitenciário Nacional do
Ministério da Justiça.
§ 1º O Departamento Penitenciário Nacio-
nal manterá publicado, no seu portal da
rede mundial de computadores, quadro
estatístico, discriminado por gênero e uni-
dade federativa, contendo as informações
sobre a quantidade de pessoas favorecidas
por este Decreto.
§ 2º O cumprimento do disposto no caput
será fiscalizado pelo Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária e pelo De-
partamento Penitenciário Nacional, e verifi-
cado nas oportunidades de inspeção ou de
estudo de projetos lastreados em recursos
do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN.
Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
Brasília, 31 de dezembro de 2010; 189º da Inde-
pendência e 122º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
Este texto não substitui o publicado no DOU de
31.12.2010 – Edição extra

www.acasadoconcurseiro.com.br 577
SLIDES - PolÍtica Nacional de Atenção Integral à Saúde

Ministério da Saúde e da Justiça – Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde


das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional – PNAISP – no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS)

1) Destinatários (beneficiários da PNAISP) – artigos 2º e 7º da Portaria

Pessoas privadas de liberdade no sistema prisional –


idade superior a 18 anos –
sob custódia do Estado – caráter provisório ou sentenciados – Pena ou Medida de Segurança

2) Princípios da PNAISP – artigo 3º

3) Diretrizes da PNAISP – artigo 4º

4) Objetivos da PNAISP: a) Geral – artigo 5º / b) Específicos – artigo 6º

Princípios e Diretrizes
Princípios – artigo 3º Diretrizes – artigo 4º

I - respeito aos direitos humanos e à justiça social; I - promoção da cidadania e inclusão das pessoas privadas de
liberdade por meio da articulação com os diversos setores de
II - integralidade da atenção à saúde da população privada desenvolvimento social, como educação, trabalho e segurança;
de liberdade no conjunto de ações de promoção, proteção,
prevenção, assistência, recuperação e vigilância em saúde,
executadas nos diferentes níveis de atenção; II - atenção integral resolutiva, contínua e de qualidade às
necessidades de saúde da população privada de liberdade no
III - equidade, em virtude de reconhecer as diferenças e sistema prisional, com ênfase em atividades preventivas, sem
singularidades dos sujeitos de direitos; prejuízo dos serviços assistenciais;
IV - promoção de iniciativas de ambiência humanizada e
saudável com vistas à garantia da proteção dos direitos III - controle e/ou redução dos agravos mais frequentes que
dessas pessoas; acometem a população privada de liberdade no sistema prisional;
V - corresponsabilidade interfederativa quanto à
organização dos serviços segundo a complexidade das ações
desenvolvidas, assegurada por meio da Rede Atenção à IV - respeito à diversidade étnico-racial, às limitações e às
Saúde no território; e necessidades físicas e mentais especiais, às condições
econômicosociais, às práticas e concepções culturais e religiosas, ao
VI - valorização de mecanismos de participação popular e gênero, à orientação sexual e à identidade de gênero; e
controle social nos processos de formulação e gestão de
políticas para atenção à saúde das pessoas privadas de
liberdade. V - intersetorialidade para a gestão integrada e racional e para a
garantia do direito à saúde.

578 www.acasadoconcurseiro.com.br
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

Objetivos da PNAISP

Objetivo geral Objetivos Específicos


I - promover o acesso das pessoas privadas de liberdade à Rede
de Atenção à Saúde, visando ao cuidado integral;

- garantir o acesso das pessoas II - garantir a autonomia dos profissionais de saúde para a
realização do cuidado integral das pessoas privadas de
privadas de liberdade no sistema liberdade;

prisional ao cuidado integral no


III - qualificar e humanizar a atenção à saúde no sistema
SUS. prisional por meio de ações conjuntas das áreas da saúde e da
justiça;

IV - promover as relações intersetoriais com as políticas de


direitos humanos, afirmativas e sociais básicas, bem como com
as da Justiça Criminal; e

V - fomentar e fortalecer a participação e o controle social.

5) Participação social – artigo 8º -- Ações de Promoção da Saúde e de Prevenção de agravos


no âmbito da PNAISP.

6) Ações de Saúde – serviços e equipes interdisciplinares: artigo 9º

I – UBS (Unidades Básicas de Saúde) ou por meio de Equipes de Atenção Básica de Saúde Prisional (EABSP)
II – RAS (Rede de Atenção à Saúde)

7) Registro no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES)

8) Adesão à PNAISP – pactuação: Estado e Distrito Federal com a União – artigo 13 e 14.

9) Monitoramento e avaliação da PNAISP, dos serviços, das equipes e das ações de saúde serão realizados pelo
Ministério da Saúde e Ministério da Justiça – por meio da inserção de dados, informações e documentos nos
Sistemas de informação da atenção à saúde – artigo 18.

10) Grupo Condutor da PNAISP (Formação: Secretaria de Saúde, Secretaria de Justiça ou congênere, Administração
Prisional ou congênere, Conselho de Secretariados Municipais de Saúde dos respectivos Estados) – artigo 19.

www.acasadoconcurseiro.com.br 579
11) Remição pelo trabalho nos serviços de saúde:

Art. 20. As pessoas privadas de liberdade poderão trabalhar nos serviços de saúde implantados dentro das
unidades prisionais, nos programas de educação e promoção da saúde e nos programas de apoio aos
serviços de saúde.

§ 1º A decisão de trabalhar nos programas de educação e promoção da saúde do SUS e nos programas de
apoio aos serviços de saúde será da pessoa sob custódia, com anuência e supervisão do serviço de saúde no
sistema prisional.

§ 2º Será proposta ao Juízo da Execução Penal a concessão do benefício da remição de pena para as
pessoas custodiadas que trabalharem nos programas de educação e promoção da saúde do SUS e nos
programas de apoio aos serviços de saúde.

580 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica

Plano Estratégico de Educação no âmbito Prisional – Decreto nº 7.626/2011

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das e do Distrito Federal com atribuições nas áreas
atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e de educação e de execução penal;
VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o II – incentivar a elaboração de planos
disposto nos arts. 17 a 21 e § 4º do art. 83 da Lei no estaduais de educação para o sistema
7.210, de 11 de julho de 1984, prisional, abrangendo metas e estratégias
DECRETA: de formação educacional da população
carcerária e dos profissionais envolvidos em
Art. 1º Fica instituído o Plano Estratégico de sua implementação;
Educação no âmbito do Sistema Prisional –
PEESP, com a finalidade de ampliar e qualificar III – contribuir para a universalização da
a oferta de educação nos estabelecimentos alfabetização e para a ampliação da oferta da
penais. educação no sistema prisional;
Art. 2º O PEESP contemplará a educação básica IV – fortalecer a integração da educação
na modalidade de educação de jovens e adultos, a profissional e tecnológica com a educação de
educação profissional e tecnológica, e a educação jovens e adultos no sistema prisional;
superior. V – promover a formação e capacitação dos
Art. 3º São diretrizes do PEESP: profissionais envolvidos na implementação do
ensino nos estabelecimentos penais; e
I – promoção da reintegração social da
pessoa em privação de liberdade por meio da VI – viabilizar as condições para a continuidade
educação; dos estudos dos egressos do sistema prisional.
II – integração dos órgãos responsáveis pelo Parágrafo único. Para o alcance dos objetivos
ensino público com os órgãos responsáveis previstos neste artigo serão adotadas as
pela execução penal; e providências necessárias para assegurar
os espaços físicos adequados às atividades
III – fomento à formulação de políticas de educacionais, culturais e de formação
atendimento educacional à criança que esteja profissional, e sua integração às demais
em estabelecimento penal, em razão da atividades dos estabelecimentos penais.
privação de liberdade de sua mãe.
Art. 5º O PEESP será coordenado e executado pelos
Parágrafo único. Na aplicação do disposto Ministérios da Justiça e da Educação.
neste Decreto serão observadas as diretrizes
definidas pelo Conselho Nacional de Educação Art. 6º Compete ao Ministério da Educação, na
e pelo Conselho Nacional de Política Criminal e execução do PEESP:
Penitenciária. I – equipar e aparelhar os espaços destinados às
Art. 4º São objetivos do PEESP: atividades educacionais nos estabelecimentos
penais;
I – executar ações conjuntas e troca de
informações entre órgãos federais, estaduais

www.acasadoconcurseiro.com.br 581
II – promover a distribuição de livros didáticos Art. 9º O plano de ação a que se refere o § 2º do art.
e a composição de acervos de bibliotecas nos 8º deverá conter:
estabelecimentos penais; I – diagnóstico das demandas de educação no
III – fomentar a oferta de programas de âmbito dos estabelecimentos penais;
alfabetização e de educação de jovens e II – estratégias e metas para sua
adultos nos estabelecimentos penais; e implementação; e
IV – promover a capacitação de professores III – atribuições e responsabilidades de cada
e profissionais da educação que atuam na órgão do ente federativo que o integrar,
educação em estabelecimentos penais. especialmente quanto à adequação dos
Art. 7º Compete ao Ministério da Justiça, na espaços destinados às atividades educacionais
execução do PEESP: nos estabelecimentos penais, à formação
I – conceder apoio financeiro para construção, e à contratação de professores e de outros
ampliação e reforma dos espaços destinados à profissionais da educação, à produção de
educação nos estabelecimentos penais; material didático e à integração da educação
de jovens e adultos à educação profissional e
II – orientar os gestores do sistema prisional tecnológica.
para a importância da oferta de educação nos
estabelecimentos penais; e Art. 10. Para a execução do PEESP poderão ser
firmados convênios, acordos de cooperação,
III – realizar o acompanhamento dos ajustes ou instrumentos congêneres, com órgãos
indicadores estatísticos do PEESP, por meio de e entidades da administração pública federal, dos
sistema informatizado, visando à orientação Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com
das políticas públicas voltadas para o sistema consórcios públicos ou com entidades privadas.
prisional.
Art. 11. As despesas do PEESP cor0rerão à conta das
Art. 8º O PEESP será executado pela União em dotações orçamentárias anualmente consignadas
colaboração com os Estados e o Distrito Federal, aos Ministérios da Educação e da Justiça, de acordo
podendo envolver Municípios, órgãos ou entidades com suas respectivas áreas de atuação, observados
da administração pública direta ou indireta e os limites estipulados pelo Poder Executivo, na
instituições de ensino. forma da legislação orçamentária e financeira, além
§ 1º A vinculação dos Estados e do Distrito de fontes de recursos advindas dos Estados e do
Federal ocorrerá por meio de termo de adesão Distrito Federal.
voluntária. Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de sua
§ 2º A União prestará apoio técnico e financeiro, publicação.
mediante apresentação de plano de ação a ser Brasília, 24 de novembro de 2011; 190o da
elaborado pelos Estados e pelo Distrito Federal, Independência e 123o da República.
do qual participarão, necessariamente, órgãos
com competências nas áreas de educação e de DILMA ROUSSEFF
execução penal. José Eduardo Cardozo
§ 3º Os Ministérios da Justiça e da Educação Fernando haddad
analisarão os planos de ação referidos no § 2º Este texto não substitui o publicado no DOU
e definirão o apoio financeiro a partir das ações de 25.11.2011
pactuadas com cada ente federativo.
§ 4º No âmbito do Ministério da Educação, as
demandas deverão ser veiculadas por meio do
Plano de Ações Articuladas – PAR de que trata
o Decreto no 6.094, de 24 de abril de 2007.

582 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica

Resolução nº 4/2014 do Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária (CNPCP)

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA, no uso de


suas atribuições legais e regimentais;
Considerando a Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências.
Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de
19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde – SUS, o
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras
providências.
Considerando a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental;
Considerando a Resolução CNPCP nº 5, de 4 de maio de 2004, que dispõe sobre diretrizes para o
cumprimento das Medidas de Segurança;
Considerando a Resolução CNPCP nº 11, de 07 de dezembro de 2006, que recomenda ações para
detecção de casos de Tuberculose em unidades penais, quando da realização da inclusão do
custodiado;
Considerando a Resolução CNPCP nº 2, de 8 de maio de 2008, que recomenda, em caráter
excepcional e devidamente justificado, o uso de instrumentos coercitivos tais como algemas, na
condução do preso e em sua permanência em unidades hospitalares (res 3/11);
Considerando a Resolução CNPCP nº 4, de 15 de julho de 2009, que recomenda a estada, a
permanência e o posterior encaminhamento das(os) filhas(os) das mulheres encarceradas;
Considerando a Resolução CNPCP nº 4, de 30/07/2010, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais de
Atenção aos Pacientes Judiciários e Execução da Medida de Segurança, adequando-as à previsão
contida na Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001;
Considerando a Portaria nº 1679/GM Em 19 de setembro de 2002, que dispõe sobre a estruturação
da rede nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no SUS e dá outras providências e a
Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012 que institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador
e da Trabalhadora.
Considerando a Portaria/MS nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para a
organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);considerando
a Portaria/MS nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica

www.acasadoconcurseiro.com.br 583
(PNAB), estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para
a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS);
Considerando a Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 que institui a Rede de Atenção
Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Considerando a Portaria nº 841, de 2 de maio de 2012 que publica a Relação Nacional de Ações e
Serviços de Saúde (RENASES) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências.
Considerando a Portaria Interministerial nº 01 de 02 de janeiro de 2014 que define a Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional
(PNAISP),
Considerando a PORTARIA Nº 482, DE 1º DE ABRIL DE 2014, que institui normas para a
operacionalização da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), resolve:
Art. 1º Aprovar as Diretrizes Básicas para Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional, que integram o anexo a esta Resolução.
Art. 2º Fica revogada a Resolução nº 7, de 14 de abril de 2003.
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
LUIZ ANTÔNIO SILVA BRESSANE

ANEXO

Diretrizes Básicas para Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de


Liberdade no Sistema Prisional

1. Estas diretrizes básicas se aplicam a quaisquer estabelecimentos que mantenham pessoas


privadas de liberdade, em caráter provisório ou definitivo.

2. As ações de saúde às pessoas privadas de liberdade no sistema prisional devem estar


embasadas nos princípios e nas diretrizes do Sistema Único da Saúde (SUS) e atender às
peculiaridades dessas pessoas e ao perfil epidemiológico da unidade prisional e da região
onde estes se encontram, atendendo às seguintes orientações:
2.1. Devem ser contempladas ações de prevenção, promoção e cuidado em saúde,
preconizadas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), constantes na Relação
Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES), no âmbito do SUS.
2.2. Para a execução das ações de saúde integral, os sistemas prisionais deverão atuar em
cooperação com os serviços e equipes do SUS, organizados de acordo com o consignado
na norma de operacionalização da PNAISP e na PNAB.2.3. As administrações prisionais

584 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica – Resolução nº 4/2014 - Assistência a Saúde – Profª Letícia Neves

deverão facilitar a implantação das equipes de saúde vinculadas ao SUS, garantindo-lhes as


infraestruturas adequadas e segurança suficiente.
2.4. As administrações prisionais deverão manter a ambiência prisional em seus módulos
de vivência, administração e assistência, adequados às diretrizes para a arquitetura penal
vigente e às normas e recomendações da Vigilância Sanitária.
2.5. As equipes de saúde no sistema prisional (ESP) deverão receber educação permanente
para a execução das ações de Atenção Básica, de acordo com as orientações do SUS.
2.6. Deverá ser emitido o Cartão Nacional de Saúde para todas as pessoas privadas de
liberdade no sistema prisional que não o possuam.
2.7. As ações das equipes de saúde no sistema prisional deverão ser registradas
eletronicamente nos sistemas de informação do SUS.
2.8. No momento do ingresso em qualquer unidade prisional, toda pessoa privada de
liberdade deverá receber adequado atendimento para avaliação da sua condição geral
de saúde, quando deverá ser aberto um prontuário clínico onde serão registrados os
resultados do exame físico completo, dos exames básicos, o estabelecimento de possíveis
diagnósticos e seu tratamento, o registro de doenças e agravos de notificação compulsória
e de ocorrência de violência cometida por agente do estado ou outros, assim como ações
de imunização, conforme o calendário de vacinação de adultos, de acordo com as normas e
recomendações do SUS.
2.9. O registro das condições clínicas e de saúde das pessoas privadas de liberdade deverá
ser feito sistematicamente, utilizando-se, preferencialmente, os prontuários clínicos
disponibilizados eletronicamente pelo SUS. Esta documentação deverá ser mantida sob
a responsabilidade do SUS, e o seu sigilo, acesso e traslado a outras unidades de saúde
deverão ser garantidos, conforme a legislação, normas e recomendações vigentes.
2.10. A atenção à saúde da mulher deverá ser prestada desde o seu ingresso no sistema
penitenciário, quando será realizada, além da consulta clínica mencionada, também
a consulta ginecológica, incluindo as ações programáticas de planejamento familiar e
prevenção das infecções de transmissão sexual, prevenção do câncer cérvico-uterino e de
mama, obedecendo, posteriormente, à periodicidade determinada pelo SUS.
2.11. Os casos que exijam complementação diagnóstica e/ou assistência de média e alta
complexidade deverão ser referenciados na Rede de Atenção à Saúde do território.
2.12. A atenção à saúde das gestantes, parturientes, nutrizes e dos seus filhos é garantida
pelo SUS, segundo as diretrizes e os protocolos da Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher, à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança e da Rede
Cegonha.
2.13. Será garantida ambiência adequada e salubre ao binômio mãe-filho segundo as
normas e recomendações da Vigilância Sanitária.
2.14. A gestão estadual do sistema prisional e a direção dos estabelecimentos penais
deverão cumprir os regulamentos sanitários local, nacional e internacional, cabendo ao
gestor do SUS a vigilância epidemiológica e sanitária e a colaboração para alcançar este
objetivo.

www.acasadoconcurseiro.com.br 585
2.15. A atenção em saúde bucal deve contemplar, além das ações da atenção básica, a
inclusão de procedimentos mais complexos, o aumento da resolutividade no pronto-
atendimento, e a prevenção e diagnóstico do câncer bucal, segundo as diretrizes da Política
Nacional de Saúde Bucal.
2.16. As ações de saúde mental deverão considerar as necessidades da população privada
de liberdade para prevenção, promoção e tratamento de agravos psicossociais, decorrentes
ou não do confinamento e do uso abusivo de álcool e outras drogas. Para as pessoas com
qualquer transtorno mental suspeito ou já diagnosticado, que se encontrem em conflito
com a Lei, a atenção deverá ser orientada de acordo com a Lei 10.216/2001 e as Portarias
nº 3.088/2011 e 94/2014, mediante a adoção de projeto terapêutico singular e na rede de
atenção psicossocial.
2.17. A aquisição e a dispensação de medicamentos às pessoas privadas de liberdade serão
geridas pelo SUS em cada território de localização das unidades penais, respeitando-se as
normas consignadas pelo SUS.
2.18. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME – deverá constituir a base
de referência para a definição dos medicamentos utilizados pelo sistema penitenciário de
cada estado.
Os medicamentos especializados e estratégicos devem seguir o que está pactuado no SUS.
A aquisição destes medicamentos deverá ser realizada de acordo com a padronização
de tratamento para as doenças prevalentes conforme Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas, definidos pelo SUS.
2.19. Os agentes penitenciários são cobertos pelas ações de prevenção de doenças e
promoção da saúde da PNAISP. Para melhor desenvolvimento destas ações, a equipe de
saúde prisional deverá solicitar apoio das Equipes Técnicas e dos Centros de Referência em
Saúde do Trabalhador (CEREST), no âmbito da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde
do Trabalhador (RENAST).

586 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica – Resolução nº 4/2014 – Assistência a Saúde – Profª Letícia Neves

Slides – Resolução nº 4/2014 – Assistência a Saúde

1) Considerações iniciais – A Resolução aprova as Diretrizes Básicas para a Atenção Integral à Saúde das Pessoas
Privadas de Liberdade no Sistema Prisional.

• Ver: Portaria Interministerial 01/2014 – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do SUS.

• Relacionar – artigo 14 da LEP (Lei 7.210/84)

2) Aplicação das diretrizes – estabelecimentos que mantenham pessoas privadas de liberdade, em caráter
provisório ou definitivo (1).

3) Ações de Saúde – Sistema Prisional – embasadas nos princípios e nas diretrizes do SUS – atender as
peculiaridades dessas pessoas (2).

4) Equipes de saúde no Sistema Prisional (2.5) – educação permanente.

5) Cartão Nacional de Saúde (2.7)

6) Consulta Clínica – ingresso em qualquer unidade prisional (2.8)

7) Saúde da Mulher – Consulta clínica (2.8) + Consulta ginecológica (2.10)

8) Saúde das gestantes, parturientes, nutrizes e dos seus filhos (2.12)

9) Saúde Bucal (2.15)

10) Ações de Saúde Mental – relacionar com a Lei 10.216/01

11) Agentes Penitenciários – cobertos pelas ações de prevenção de doenças e promoção da


saúde da PNAISP (2.19).

www.acasadoconcurseiro.com.br 587
Legislação Específica

Resolução nº 1/2014 do Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária (CNPCP)

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE § 1º O serviço referido no caput é


POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA – CNPCP, composto pela equipe de avaliação e
Dr. Herbert Carneiro, no uso de suas atribuições acompanhamento das medidas terapêuticas
legais e, aplicáveis à pessoa com transtorno mental
em conflito com a lei (EAP), que tem o
Considerando a Lei 10.216, de 6 de abril de objetivo de apoiar ações e serviços para
2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos atenção à pessoa com transtorno mental
das pessoas portadoras de transtornos mentais em conflito com a Lei na Rede de Atenção
e que redireciona o modelo assistencial em à Saúde (RAS), além de poder contribuir
saúde mental; para que o Sistema Único de Assistência
Considerando a Resolução CNPCP nº 05, de 04 Social (SUAS) e o Sistema de Justiça Criminal
de maio de 2004, que dispõe a respeito das atuem no sentido de redirecionar as
Diretrizes para o cumprimento das Medidas de medidas de segurança às disposições da Lei
Segurança, adequando-as à previsão contida na nº 10.216/2001.
Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001; § 2º O Grupo Condutor Estadual da Política
Considerando a Resolução CNJ nº 113, de 20 de Nacional de Atenção Integral à Saúde das
abril de 2010, que, entre outras providências, Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema
dispõe sobre o procedimento relativo à Prisional – PNAISP – deverá elaborar uma
execução de pena privativa de liberdade e estratégia estadual para atenção à pessoa
medida de segurança; com transtorno mental em conflito com a
Lei e contribuir para a sua implementação.
Considerando a Resolução CNPCP nº 04, de 30
de julho de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes Art. 2º O serviço de avaliação e
Nacionais de Atenção aos Pacientes Judiciários acompanhamento de medidas terapêuticas
e Execução da Medida de Segurança; aplicáveis à pessoa com transtorno mental
em conflito com a Lei observará as exigências
RESOLVE: do SUS que garantem o acesso à RAS, para
acompanhamento psicossocial integral,
Art. 1º O acesso ao programa de atendimento resolutivo e contínuo, e contará com a justiça
específico apresentado pelos Arts 2º e 3º da criminal, nas seguintes condições:
Resolução CNPCP 4/2010, dar-se-á por meio
do serviço de avaliação e acompanhamento I – garantia de transporte sanitário e escolta
às medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa para atendimento;
com transtorno mental em conflito com a Lei, II – garantia de acesso às unidades
consignado na Portaria MS/GM Nº 94, de 14 de prisionais e estabelecimentos de custodia e
janeiro de 2014. tratamento psiquiátrico;

www.acasadoconcurseiro.com.br 589
III – garantia do acesso às informações VIII – Portaria Interministerial nº 1/ MS/
referentes à pessoa com transtorno mental MJ , de 02 de janeiro de 2014, que institui
em conflito com a Lei; a Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Pessoa Privada de Liberdade no
IV – garantia do cuidado adequado de acor- Sistema Prisional (PNAISP);
do com os Projetos Terapêuticos Singulares
(PTS) especificamente elaborados para ali- IX – Portaria MS/MJ nº 94, de 14 de janeiro
cerçar a medida de segurança e o processo de 2014, que institui o serviço de avaliação e
terapêutico. acompanhamento às medidas terapêuticas
aplicáveis à pessoa com transtorno mental
Art. 3º Para o efetivo cumprimento desta em conflito com a Lei, no âmbito do Sistema
Resolução, deverão ser observados os seguintes Único de Saúde (SUS).
atos normativos:
Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data
I – Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro de sua publicação, revogadas as disposições em
de 2004 que aprova a Política Nacional de contrário.
Assistência Social;
Herbert José Almeida Carneiro
II – Portaria GM/MS nº 4.279, de 30 Presidente do CNPCP
de dezembro de 2010, que estabelece
diretrizes para a organização da Rede de
Atenção à Saúde no âmbito do Sistema
Único de Saúde;
III – Recomendação do Conselho Nacional
de Justiça nº – 35, de 12 de Julho de 2011,
que recomenda que na execução da Medida
de Segurança, sejam adotadas políticas
antimanicomiais;
IV – Portaria MS/GM nº 3.088, de 23 de
dezembro de 2011, que institui a Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS) para pessoas
com sofrimento ou transtorno mental e
com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas e as estratégias
de desinstitucionalização, no âmbito do
SUS;
V – Diretrizes do Plano Nacional de Política
Criminal e Penitenciária aprovadas na 372ª
reunião ordinária do Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária (CNPCP),
em 26/04/2011;
VI – Política Nacional de Humanização
(PNH), do SUS;
VII – Portaria Interministerial MS/MJ nº
1.777, de 09 de setembro de 2003, que
publica o Plano Nacional de Saúde no
Sistema Penitenciário (PNSSP);

590 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica – Resolução nº 1/2014 – Atenção em Saúde Mental – Profª Letícia Neves

Slides – Resolução nº 1/2014 – Atenção em Saúde Mental

1) Considerações Gerais: A Resolução n. 1/2014 versa sobre o Programa de Atendimento Específico ao paciente
Judiciário.

• A Resolução n. 04/2010 do CNPCP – que recomenda a adoção da Política Antimanicomial – nos artigos 2º e 3º
apresenta o Programa.

• Artigo 2º da Resolução n. 1/2010 — A abordagem à pessoa com doença mental na condição de autor do fato,
réu ou sentenciado em processo criminal, deve ser objeto de atendimento por programa específico de
atenção destinado a acompanhar o paciente judiciário nas diversas fases processuais, mediando as relações
entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo, visando à promoção da individualização da aplicação das penas e
medidas de segurança e no encaminhamento das questões de execução penal dos pacientes judiciários;

2) Programa de Atendimento específico – dar-se-á por meio do Serviço de avaliação e acompanhamento às


medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em conflito com a lei. (artigo 1º da Resolução
n. 1/2014).

3) Serviço de Avaliação e acompanhamento das medidas terapêuticas é composto pela Equipe de Avaliação e
acompanhamento

4) Grupo Condutor Estadual da Política Nacional de Atenção


Integral à Saúde das pessoas privadas de liberdade no Sistema
Penitenciário – deverá elaborar uma estratégia estadual para atenção à
pessoa com transtorno mental em conflito com a lei e contribuir para
sua implementação (art. 1º, §2º).

Sugestão de leitura:
* PAIPJ
• PAILI

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Legislação Específica

Resolução nº 5/2014 do Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária (CNPCP)

O Presidente do Conselho Nacional de Política afastar o respeito ao Estado Democrático de


Criminal e Penitenciária (CNPCP), no uso de Direito, resolve: recomendar que a revista
suas atribuições legais e regimentais, de pessoas por ocasião do ingresso nos
estabelecimentos penais seja efetuada com
CONSIDERANDO que a dignidade da pessoa observância do seguinte:
humana é princípio fundamental do Estado
Democrático de Direito, instituído pelo art. 1º, Art. 1º A revista pessoal é a inspeção que se
inciso III, da Constituição Federal; efetua, com fins de segurança, em todas as
pessoas que pretendem ingressar em locais
CONSIDERANDO o disposto no art. 5º, inciso de privação de liberdade e que venham a
X, ab initio, da Constituição Federal, que ter contato direto ou indireto com pessoas
estabelece a inviolabilidade da intimidade e da privadas de liberdade ou com o interior
honra das pessoas; do estabelecimento, devendo preservar a
CONSIDERANDO a necessidade de coibir integridade física, psicológica e moral da pessoa
qualquer forma de tratamento desumano ou revistada.
degradante, expressamente vedado no art. 5º, Parágrafo único. A revista pessoal deverá
inciso III, da Constituição Federal; ocorrer mediante uso de equipamentos
CONSIDERANDO a necessidade de manter eletrônicos detectores de metais, aparelhos
a integridade física e moral dos internos, de raio-x, scanner corporal, dentre outras
visitantes, servidores e autoridades que tecnologias e equipamentos de segurança
visitem ou exerçam suas funções no sistema capazes de identificar armas, explosivos,
penitenciário brasileiro; drogas ou outros objetos ilícitos, ou,
excepcionalmente, de forma manual.
CONSIDERANDO o disposto no art. 3º da Lei
nº 10.792/2003, que determina que todos que Art. 2º São vedadas quaisquer formas de revista
queiram ter acesso aos estabelecimentos penais vexatória, desumana ou degradante.
devem se submeter aos aparelhos detectores Parágrafo único. Consideram-se, dentre
de metais, independentemente de cargo ou outras, formas de revista vexatória,
função pública; desumana ou degradante:
CONSIDERANDO que o art. 74 da Lei de I – desnudamento parcial ou total;
Execução Penal determina que o departamento
penitenciário local deve supervisionar II – qualquer conduta que implique a
e coordenar o funcionamento dos introdução de objetos nas cavidades
estabelecimentos penais que possuir; corporais da pessoa revistada;
CONSIDERANDO que a necessidade de prevenir III – uso de cães ou animais farejadores,
crimes no sistema penitenciário não pode ainda que treinados para esse fim;

www.acasadoconcurseiro.com.br 593
IV – agachamento ou saltos.
Art. 3º O acesso de gestantes ou pessoas com
qualquer limitação física impeditiva da utilização
de recursos tecnológicos aos estabelecimentos
prisionais será assegurado pelas autoridades
administrativas, observado o disposto nesta
Resolução.
Art. 4º A revista pessoal em crianças e
adolescentes deve ser precedida de autorização
expressa de seu representante legal e somente
será realizada na presença deste.
Art. 5º Cabe à administração penitenciária
estabelecer medidas de segurança e de controle
de acesso às unidades prisionais, observado o
disposto nesta Resolução.
Art. 6º Revogam-se as Resoluções nº 01/2000 e
09/2006 do C N P C P.
Art. 7º. Esta Resolução entra em vigor na data
de sua publicação.
LUIZ ANTÔNIO SILVA BRESSANE

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Legislação Específica – Resolução nº 3/2009 – Diretrizes de Educação – Profª Letícia Neves

Slides – Resolução nº 3/2009 – Diretrizes de Educação

1) Objeto: A resolução traz recomendações para a realização da revista de pessoas que ingressam nos
estabelecimentos penais.

2) Resolução relaciona-se com os artigos 1º, III, e 5º, III e X, da CF/88 – artigo 74 da LEP.

3) Revista Pessoal – inspeção -- em todas as pessoas que pretendem ingressar em locais de privação de
liberdade e que venham a ter contato direto ou indireto com pessoas privadas de liberdade ou com o interior do
estabelecimento – devendo preservar a integridade física, psicológica e moral da pessoa revistada (art. 1° da
Resolução). Finalidade: fins de segurança.

4) Procedimento: revista pessoal – equipamentos eletrônicos ou, excepcionalmente, de forma manual (artigo 1º,
parágrafo único).

5) Vedação de revista vexatória, desumana ou degradante – artigo 2º, parágrafo único.

6) Revista pessoal em crianças e adolescentes – dependerá de autorização prévia expressa de seu representante
legal – realizada na sua presença (artigo 4º).

www.acasadoconcurseiro.com.br 595
Legislação Específica

Resolução nº 3/2009 do Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária (CNPCP)

Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a entre os Ministérios da Educação e da Justiça e


Oferta de da Representação da Unesco no Brasil, constitui
Educação nos estabelecimentos penais. referência fundamental para o desenvolvimento
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE de uma política pública de educação no contex-
POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA – CNPCP, to prisional, feita de forma integrada e coopera-
Dr. tiva, e representa novo paradigma de ação, a ser
desenvolvido no âmbito da Administração Peni-
SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA, no uso de suas tenciária, RESOLVE:
atribuições legais, previstas no Art. 64, I, Lei nº Art. 1º Estabelecer as Diretrizes Nacionais para
7.210/84, bem como no art. 39, I e II, do Anexo a Oferta de Educação nos estabelecimentos pe-
I do Decreto nº 6.061, de 15 de março de 2007, nais.
CONSIDERANDO o Parecer da Conselheira Val- Art. 2º As ações de educação no contexto pri-
direne Daufemback sobre as propostas encami- sional devem estar calcadas na legislação edu-
nhadas pelo Plenário do I Seminário Nacional de cacional vigente no país e na Lei de Execução
Educação nas Prisões; Penal, devendo atender as especificidades dos
CONSIDERANDO o Protocolo de Intenções fir- diferentes níveis e modalidades de educação e
mado entre os Ministérios da Justiça e da Edu- ensino.
cação com o objetivo de fortalecer e qualificar a Art. 3º A oferta de educação no contexto prisio-
oferta de educação nas prisões; nal deve:
CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 10.172/00 I – atender aos eixos pactuados quando da
– Plano Nacional de Educação; realização do Seminário Nacional pela Edu-
CONSIDERANDO que o governo federal, por in- cação nas Prisões (2006), quais sejam:
termédio dos Ministérios da Educação e da Jus- a) gestão, articulação e mobilização;
tiça é responsável pelo fomento e indução de
políticas públicas de Estado no domínio da edu- b) formação e valorização dos profissionais
cação nas prisões, estabelecendo as parcerias envolvidos na oferta de educação na prisão;
necessárias junto aos Estados, Distrito Federal e e;
Municípios;
c) aspectos pedagógicos;
CONSIDERANDO o disposto na Constituição Fe-
deral de 1988, na Lei nº 7.210, de 11 de julho de II – resultar do processo de mobilização, ar-
1984, bem como na Resolução nº 14, de 11 de ticulação e gestão dos Ministérios da Edu-
novembro de 1994, deste Conselho, que fixou cação e Justiça, dos gestores estaduais e
as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso distritais da Educação e da Administração
no Brasil; Penitenciária, dos Municípios e da socieda-
de civil;
CONSIDERANDO, finalmente, que o projeto
“Educando para a Liberdade”, fruto de parceria

www.acasadoconcurseiro.com.br 597
III – ser contemplada com as devidas opor- Art. 8º O trabalho prisional, também entendido
tunidades de financiamento junto aos ór- como elemento de formação integrado à edu-
gãos estaduais e federais; cação, devendo ser ofertado em horário e con-
IV – estar associada às ações de fomento à dições compatíveis com as atividades educacio-
leitura e a implementação ou recuperação nais.
de bibliotecas para atender à população Art. 9º Educadores, gestores, técnicos e agentes
carcerária e aos profissionais que trabalham penitenciários dos estabelecimentos penais de-
nos estabelecimentos penais; e vem ter acesso a programas de formação inte-
V – promover, sempre que possível, o en- grada e continuada que auxiliem na compreen-
volvimento da comunidade e dos familiares são das especificidades e relevância das ações
do(a)s preso(a)s e internado(a)s e prever de educação nos estabelecimentos penais, bem
atendimento diferenciado para contemplar como da dimensão educativa do trabalho.
as especificidades de cada regime, atentan- § 1º Recomenda-se que os educadores per-
do-se para as questões de inclusão, acessi- tençam, preferencialmente, aos quadros da
bilidade, gênero, etnia, credo, idade e ou- Secretaria de Educação, sejam selecionados
tras correlatas. por concursos públicos e percebam remu-
Art. 4º A gestão da educação no contexto neração acrescida de vantagens pecuniárias
prisional deve permitir parcerias com outras condizentes com as especificidades do car-
áreas de governo, universidades e organizações go.
da sociedade civil, com vistas à formulação, § 2º A pessoa presa ou internada, com perfil
execução, monitoramento e avaliação de e formação adequados, poderá atuar como
políticas públicas de estímulo à educação nas monitor no processo educativo, recebendo
prisões. formação continuada condizente com suas
práticas pedagógicas, devendo este traba-
Art. 5º As autoridades responsáveis pelos es- lho ser remunerado.
tabelecimentos penais devem propiciar espa-
ços físicos adequados às atividades educacio- Art. 10. O planejamento das ações de educação
nais (salas de aula, bibliotecas, laboratórios, nas prisões poderá contemplar além das ativi-
etc), integrar as práticas educativas às rotinas dades de educação formal, propostas de edu-
da unidade prisional e difundir informações in- cação não-formal e formação profissional, bem
centivando a participação do(a)s preso(a)s e como a inclusão da modalidade de educação à
internado(a)s. distância.
Art. 6º A Direção dos estabelecimentos penais Parágrafo único. Recomenda-se, a cada uni-
deve permitir que os documentos e materiais dade da federação, que as ações de educa-
produzidos pelos Ministérios da Educação e da ção formal sigam um calendário comum aos
Justiça, Secretarias Estaduais de Educação e ór- estabelecimentos penais onde houver ofer-
gãos responsáveis pela Administração Peniten- ta.
ciária, que possam interessar aos educadores e Art. 11. O capítulo “Seminário Nacional pela
educandos, sejam disponibilizados e socializa- Educação nas Prisões: Significados e Proposi-
dos. ções”, do Projeto “Educando para a Liberdade”,
Art. 7º Devem ser elaboradas e priorizadas es- constitui o Anexo I da presente Resolução.
tratégias que possibilitem a continuidade de Parágrafo único. O texto integral do projeto
estudos para os egressos, articulando-as com “Educando para a Liberdade”, pode ser en-
entidades que atuam no apoio dos mesmos – contrado no seguinte endereço eletrônico
tais como patronatos, conselhos e fundações de www.mj.gov.br/cnpcp.
apoio ao egresso e organizações da sociedade
civil.

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Legislação Específica – Resolução nº 8/2009 – Assistência Religiosa – Profª Letícia Neves

Art. 12. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.


SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA
Presidente

ANEXO I

SEMINÁRIO NACIONAL PELA EDUCAÇÃO NAS PRISÕES:

SIGNIFICADOS E PROPOSIÇÕES
O Seminário Nacional pela Educação nas Prisões foi realizado em Brasília entre os dias 12 e 14
de julho de 2006, como singular expressão dos esforços que os ministérios da Educação e da
Justiça e a Representação da UNESCO no Brasil vêm envidando, no sentido de criar condições e
possibilidades para o enfrentamento dos graves problemas que perpassam a inclusão social de
apenados e egressos do sistema penitenciário 1.

1. Vale destacar que esse projeto é financiado com recursos doados pelo governo japonês
e administrados pela Representação da UNESCO no Brasil, cooperação esta que tornou
possível uma parte relevante dos resultados ora mencionados.
De fato, desde 2005, essas instituições trabalham juntas em torno do Projeto Educando para a
Liberdade, que deu origem a uma série de atividades e conquistas no campo da educação nas
prisões. Oficinas técnicas, seminários regionais, proposições para a alteração da lei de execução
penal, financiamento de projetos junto aos sistemas estaduais e o próprio fortalecimento das
relações entre os órgãos de governo responsáveis pela questão no âmbito federal são alguns
dos resultados que merecem ser contabilizados ao longo desse período.
Toda essa disposição está fundada em duas convicções. Primeiro, de que educação é um direito
de todos. Depois, de que a concepção e implementação de políticas públicas, visando ao
entendimento especial de segmentos da população estrutural e historicamente fragilizados,
constituem um dos modos mais significativos pelos quais o Estado e a Sociedade podem renovar
o compromisso para com a realização desse direito e a democratização de toda a sociedade.
O espaço e o tempo do sistema penitenciário, aliás, confirmam esses pressupostos. Embora
não faltem referências no plano interno e internacional, segundo as quais se devam colocar em
marcha amplos programas de ensino, com a participação dos detentos, a fim de responder às
suas necessidades e aspirações em matéria de educação, ainda são muito tímidos os resultados
alcançados 2.
Assim é que, como demonstram dados do ministério da Justiça, de 240.203 pessoas presas
em dezembro de 2004, apenas 44.167 desenvolviam atividades educacionais, o que equivale a
aproximadamente 18% do total. Isso muito embora a maioria dessa população seja composta
por jovens e adultos com baixa escolaridade: 70% não possuem o ensino fundamental completo
e 10,5% são analfabetos (BRASIL, 2004). Para agravar a situação, o cumprimento do direito de
presos e presas à educação não apenas escapa dos reclamos cotidianos do que se convencionou
chamar de opinião pública, como muitas vezes conta com sua desaprovação.

www.acasadoconcurseiro.com.br 599
Em termos históricos, esse cenário tem sido confrontado a partir de práticas pouco
sistematizadas que, em geral, dependem da iniciativa e das idiossincrasias de cada direção
de estabelecimento prisional. Não existe uma aproximação entre as pastas da Educação e da
Administração Penitenciária que viabilize uma oferta coordenada e com bases conceituais mais
precisas.
Ignoram-se, com isso: o acúmulo teórico e prático de que o país dispõe no terreno da educação
de jovens e adultos (EJA), como modalidade específica para o atendimento do público em
questão e seguramente mais apropriada para o enfrentamento dos desafios que ele impõe; a
singularidade do ambiente prisional e a pluralidade de sujeitos, culturas e saberes presentes
na relação de ensino aprendizagem; e a necessidade de se refletir sobre a importância que o
atendimento educacional na unidade prisional pode vir a ter, para a reintegração social das
pessoas atendidas.

2. O texto reproduzido integra a Declaração extraída da V Confintea – Conferência


Internacional sobre Educação de Adultos (Hamburgo, 1997) e assinada pelo Brasil. Além
deste normativo, porém, poderiam ser citados: a Constituição Federal (art. 208), a Lei nº
9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação – art. 37 § 1º), o Parecer CEB nº 11/2000,
a Lei nº 10.172/2001 (o Plano Nacional de Educação), a Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução
Penal) e a Resolução CNPCP nº 14/94 (Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos).
Nessas condições, o Seminário Nacional foi idealizado como momento para que as discussões
realizadas durante todas as atividades executadas no projeto – ou a partir do projeto – pudessem
ser traduzidas como orientações concretas aos órgãos do poder público e à sociedade civil em
relação a este cenário, na perspectiva de inspirar a produção de experiências exemplares de
sua transformação.
O presente relatório consolida os resultados dos debates e proposições que a esse respeito
foram realizados por todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, estiveram envolvidos
nesse processo de diálogo e construção coletiva.

PROPOSTAS
Como desdobramento dos seminários regionais, o Seminário Nacional adotou uma divisão
didática das propostas em três grandes “eixos”, que afinal foram preservados neste texto e
encontram-se articulados e descritos abaixo. Evidentemente, porém, cada um deve ser lido na
perspectiva de complementariedade em relação aos demais.

A) GESTÃO, ARTICULAÇÃO E MOBILIZAÇÃO


As propostas enquadradas neste eixo destinam-se a fornecer estímulos e subsídios para a
atuação da União, dos estados e da sociedade civil, com vistas à formulação, execução e
monitoramento de políticas públicas para a educação nas prisões.
Nesse sentido, de acordo com os participantes de seminário, para que se garanta uma educação
de qualidade para todos no sistema penitenciário, é importante que:

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Legislação Específica – Resolução nº 8/2009 – Assistência Religiosa – Profª Letícia Neves

O governo federal, por intermédio dos ministérios da Educação e da Justiça, figure como o
responsável pelo fomento e indução de políticas públicas de Estado no domínio da educação
nas prisões, estabelecendo as parcerias necessárias junto aos estados e municípios.
A oferta de educação no sistema penitenciário seja fruto de uma articulação entre o órgão
responsável pela administração penitenciária e a Secretaria de Educação que atue junto ao
sistema local, cabendo a ambas a responsabilidade pela gestão e pela coordenação desta
oferta, sob a inspiração de Diretrizes Nacionais. A articulação implique disponibilização de
material pedagógico da modalidade de EJA para as escolas que atuam no sistema penitenciário,
como insumo para a elaboração de projetos pedagógicos adequados ao público em questão.
O trabalho articulado encontre as devidas oportunidades de financiamento junto às pastas
estaduais e aos órgãos ministeriais, especialmente com a inclusão dos alunos matriculados
no Censo Escolar. A gestão se mantenha aberta a parcerias com outras áreas de governo,
universidades e organizações da sociedade civil, sob a orientação de Diretrizes Nacionais.

3. Nesse sentido, podem ser relacionados como protagonistas do seminário: gestores


vinculados às pastas da Educação e da Administração Penitenciária, educadores, agentes
penitenciários, pesquisadores, especialistas e até mesmo apenados, cuja fala foi obtida e
sistematizada por meio de Oficinas Teatrais realizadas nos Estados do Espírito Santo, Mato
Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, em parceria com o Centro de teatro do
Oprimido do Rio de Janeiro (CTO/Rio).

6. Os educadores do sistema pertençam, preferencialmente, aos quadros da Secretaria de


Educação, selecionados por concursos públicos e com remuneração acrescida de vantagens
pecuniárias condizentes com as especificidades do cargo.

7. A gestão propicie espaços físicos adequados às práticas educativas (por exemplo: salas
de aula, bibliotecas, laboratórios etc.), além de adquirir os equipamentos e materiais
necessários, evitando improvisos e mudanças constantes.

8. A construção de espaços adequados para a oferta de educação, bem como de esporte e


cultura, seja proporcional à população atendida em cada unidade.

9. As autoridades responsáveis pela gestão transformem a escola em espaço de fato integrado


às rotinas da unidade prisional e de execução penal, com a inclusão de suas atividades no
plano de segurança adotado.

10. O diagnóstico da vida escolar dos apenados logo no seu ingresso ao sistema, com vistas a
obter dados para a elaboração de uma proposta educacional que atenda às demandas e
circunstâncias de cada um, seja realizado.

11. O atendimento diferenciado para presos(as) do regime fechado, semiaberto, aberto, presos
provisórios e em liberdade condicional e aqueles submetidos à medida de segurança
independente de avaliação meritocrática seja garantido.

www.acasadoconcurseiro.com.br 601
12. O atendimento contemple a diversidade, atentando-se para as questões de inclusão,
acessibilidade, gênero, etnia, credo, idade e outras correlatas.

13. Os responsáveis pela oferta elaborem estratégias para a garantia de continuidade de


estudos para os egressos, articulando-as com entidades que atuam no apoio dos mesmos
– tais como patronatos, conselhos e fundações de apoio ao egresso e organizações da
sociedade civil.

14. A remição pela educação seja garantida como um direito, de forma paritária com a remição
concedida ao trabalho e cumulativa quando envolver a realização paralela das duas
atividades.

15. O trabalho prisional seja tomado como elemento de formação e não de exploração de
mão-de-obra, garantida a sua oferta em horário e condições compatíveis com as da oferta
de estudo.

16. Além de compatível, o trabalho prisional (e todas as demais atividades orientadas à de


reintegração social nas prisões) se torne efetivamente integrado à educação.

17. A certificação não-estigmatizante para as atividades cursadas pelos educandos (sejam


eles cursos regulares de ensino fundamental e médio, atividades não-formais, cursos
profissionalizantes etc.), de maneira a conciliar a legislação e o interesse dos envolvidos,
seja garantida.

18. A existência de uma política de incentivo ao livro e à leitura nas unidades, com implantação
de bibliotecas e com programas que atendam não somente aos alunos matriculados, mas a
todos os integrantes da comunidade prisional.

19. A elaboração de uma cartilha incentivando os apenados à participação nos programas


educacionais, bem como informações relativas à remição pelo estudo.

20. Os documentos e materiais produzidos pelos ministérios da Educação e da Justiça e/ou


pelas secretarias de Estado de Educação e de Administração Penitenciária, que possam
interessar aos educadores e educandos do sistema, sejam disponibilizados e socializados,
visando ao estreitamento da relação entre os níveis de execução e de gestão da educação
nas prisões.

21. Sejam promovidos encontros regionais e nacionais sobre a educação nas prisões
envolvendo todos os atores relevantes, em especial diretores de unidades prisionais e do
setor de ensino, tendo como um dos itens de pauta a troca de experiências.

B) FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA OFERTA


As propostas enquadradas neste eixo destinam-se a contribuir para a qualidade da formação
e para as boas condições de trabalho de gestores, educadores, agentes penitenciários e
operadores da execução penal. Nesse sentido, de acordo com os participantes do Seminário,

602 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica – Resolução nº 8/2009 – Assistência Religiosa – Profª Letícia Neves

para que se garanta uma educação de qualidade para todos no sistema penitenciário, é
importante que:

22. Ao ingressar no cotidiano do sistema prisional, o professor passe por um processo de


formação, promovido pela pasta responsável pela Administração Penitenciária em parceria
com a da Educação, no qual a educação nas prisões seja tematizada segundo os marcos da
política penitenciária nacional.

23. A formação continuada dos profissionais que atuam no sistema penitenciário ocorra
de maneira integrada, envolvendo diferentes áreas, como trabalho, saúde, educação,
esportes, cultura, segurança, assistência psicossocial e demais áreas de interesse, de
modo a contribuir para a melhor compreensão do tratamento penal e aprimoramento das
diferentes funções de cada segmento.

24. No âmbito de seus projetos políticos-pedagógicos, as escolas de formação de profissionais


penitenciários atuem de forma integrada e coordenada para formação continuada de todos
os profissionais envolvidos e aprimoramento nas condições de oferta da educação

no sistema penitenciário. Nos estados em que elas não existem, sejam implementadas,
conforme Resolução nº 04, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

25. As instituições de ensino superior e os centros de pesquisa sejam considerados parceiros


potenciais no processo de formação e na organização e disponibilização de acervos
bibliográficos.

26. A formação dos servidores penitenciários contemple na sua proposta pedagógica a


dimensão educativa do trabalho desses profissionais na relação com o preso.

27. Os atores estaduais estimulem a criação de espaços de debate, formação, reflexão e


discussão como fóruns e redes que reflitam sobre o papel da educação nas prisões.

28. Os cursos superiores de graduação em Pedagogia e as demais licenciaturas incluam nos


seus currículos a formação para a EJA e, nela, a educação prisional.

29. Os educandos e educadores recebam apoio de profissionais técnicos (psicólogos,


terapeutas, fonoaudiólogos etc.) para o constante aprimoramento da relação de ensino-
aprendizagem.

30. A pessoa presa, com perfil e formação adequados, possa atuar como monitor no processo
educativo, recebendo formação continuada condizente com suas práticas pedagógicas,
com direito à remição e remuneração.

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C ) ASPECTOS PEDAGÓGICOS
As propostas enquadradas neste eixo destinam-se a garantir a qualidade da oferta da educação
nas prisões, com base nos fundamentos conceituais e legais da educação de jovens e adultos, bem
como os paradigmas da educação popular, calcada nos princípios da autonomia e da emancipação
dos sujeitos do processo educativo. Nesse sentido, de acordo com os participantes do seminário,
para que se garanta uma educação de qualidade para todos no sistema penitenciário, é importante
que:

31. Venha a ser criado um regimento escolar próprio para o atendimento nos estabelecimentos de
ensino do sistema prisional, no intuito de preservar a unidade filosófica, político-pedagógico
estrutural e funcional das práticas de educação nas prisões.

32. Seja elaborado, em cada estado, os seus projetos pedagógicos próprios para a educação nas
prisões, contemplando as diferentes dimensões da educação (escolarização, cultura, esporte
e formação profissional), considerando a realidade do sistema prisional para a proposição das
metodologias.

33. Seja estimulada a produção de material didático específico para a educação no sistema
penitenciário, para complementar os recursos de EJA disponibilizados pela gestão local.

34. Seja elaborado um currículo próprio para a educação nas prisões que considere o tempo e
o espaço dos sujeitos da EJA inseridos nesse contexto e que enfrente os desafios que ele
propõe em termos da sua reintegração social.

35. Seja elaborada essa proposta curricular a partir de um Grupo de Trabalho que ouça os sujeitos
do processo educativo nas prisões (educadores, educandos, gestores do sistema prisional,
agentes penitenciários e pesquisadores de EJA e do sistema prisional).

36. Seja incluída na educação de jovens e adultos no sistema penitenciário a formação para o
mundo do trabalho, entendido como um lócus para a construção da autonomia do sujeito e
de desenvolvimento de suas capacidades profissionais, intelectuais, físicas, culturais e sociais.

37. Sejam os familiares dos presos e a comunidade em geral estimulados, sempre que possível,
a acompanhar e a participar de atividades educacionais que contribuam para o processo de
reintegração social.

38. Sejam ampliadas as possibilidades de educação a distância em seus diferentes níveis,


resguardando-se deste atendimento o ensino fundamental.

39. Sejam ampliadas as possibilidades de uso de tecnologias nas salas de aula de unidades
prisionais, visando ao enriquecimento da relação de ensino-aprendizagem.

40. Seja garantida a autonomia do professor na avaliação do aluno em todo o processo de ensino
aprendizagem.
SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA
PRESIDENTE DO CNPCP

604 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Específica

Resolução nº 8/2009 do Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária (CNPCP)

O Presidente do Conselho Nacional de Política as recomendações contidas no documento


Criminal e Penitenciária (CNPCP), no uso de suas "Princípios Básicos: Religião no Cárcere",
atribuições e, Considerando que a Constituição apresentado no Congresso das Nações Unidas
da República estabelece que o Brasil é um sobre Prevenção do Delito e Justiça Criminal,
Estado laico, assegurando a inviolabilidade da realizado no Brasil em 2010; Considerando
liberdade de consciência e de crença, o livre que o Plano Nacional de Política Criminal
exercício de cultos religiosos e a prestação e Penitenciária de 26/04/2011 recomenda
de assistência religiosa nas unidades civis e respeito às diferenças e ações específicas para
militares de internação coletiva; Considerando os diferentes públicos; RESOLVE:
que a Declaração Universal dos Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas Estabelecer as seguintes diretrizes para a
prevê, em seu artigo XVII, que toda a pessoa tem assistência religiosa nos estabelecimentos
direito à liberdade de pensamento, consciência prisionais.
e religião, e que esse direito inclui a liberdade Art. 1º Os direitos constitucionais de liberdade
de mudar de religião ou crença, de manifestar de consciência, de crença e de expressão serão
sua crença pelo ensino, pela prática, pelo culto garantidos à pessoa presa, observados os
e pela observância, isolada ou coletivamente, seguintes princípios:
em público ou em particular; Considerando
que as Regras Mínimas da Organização das I – será garantido o direito de profecia de
Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos, todas as religiões, e o de consciência aos
assim como a Resolução nº- 14/1994 do agnósticos e adeptos de filosofias não
Conselho Nacional de Política Criminal e religiosas;
Penitenciária, prevêem a assistência religiosa
II – será assegurada a atuação de diferentes
em estabelecimentos penais, com liberdade de
confissões religiosas em igualdades de
culto e a participação nos serviços organizados
condições, majoritárias ou minoritárias,
pelo estabelecimento penal, assegurando a
vedado o proselitismo religioso e qualquer
presença de representantes religiosos, com
forma de discriminação ou estigmatização;
autorização para organizar serviços litúrgicos e
fazer visita pastoral a adeptos de sua religião; III – a assistência religiosa não será
Considerando que a Lei de Execução Penal (LEP) instrumentalizada para fins de disciplina,
prevê a assistência religiosa aos presos, bem correcionais ou para estabelecer qualquer
como a liberdade de culto, sendo- lhes garantida tipo de regalia, benefício ou privilégio,
a participação nos serviços organizados no e será garantida mesmo à pessoa presa
estabelecimento penal; Considerando que a submetida a sanção disciplinar;
Lei nº 9.982, de 14 de julho de 2000, dispõe
sobre a prestação de assistência religiosa em IV – à pessoa presa será assegurado o direi-
estabelecimentos prisionais; Considerando to à expressão de sua consciência, filosofia
ou prática de sua religião de forma individu-

www.acasadoconcurseiro.com.br 605
al ou coletiva, devendo ser respeitada a sua ção penitenciária deverá ser comunicada
vontade de participação, ou de abster-se de com antecedência de 24 horas e só pode
participar de atividades de cunho religioso; ocorrer por motivo justificado e registrada
por escrito, dando-se ciência aos interessa-
V – será garantido à pessoa presa o direito dos.
de mudar de religião, consciência ou filoso-
fia, a qualquer tempo, sem prejuízo da sua Art. 4 A administração prisional deverá garantir
situação prisional; meios para que se realize a entrevista pessoal
privada da pessoa presa com um representante
VI – o conteúdo da prática religiosa deve- religioso.
rá ser definido pelo grupo religioso e pelas
pessoas presas. Parágrafo único. Será garantido o sigilo do
atendimento religioso pessoal.
Art. 2º Os espaços próprios de assistência reli-
giosa deverão ser isentos de objetos, arquitetu- Art. 5º Será vedada a comercialização de itens
ra, desenhos ou outros tipos de meios de identi- religiosos ou pagamento de contribuições reli-
ficação de religião específica. giosas das pessoas presas às organizações reli-
giosas nos estabelecimentos prisionais.
§ 1º Será permitido o uso de símbolos e ob-
jetos religiosos durante a atividade de cada Art. 6º Será permitida a doação de itens às pes-
segmento religioso, salvo itens que com- soas presas por parte das organizações religio-
provadamente oferecem risco à segurança. sas, desde que respeitadas as regras do estabe-
Ministério da Justiça Conselho Nacional de lecimento prisional quanto ao procedimento de
Política Criminal e Penitenciária entrega e de itens autorizados.
§ 2º A definição dos itens que oferecem Art. 7º São deveres das organizações que pres-
risco à segurança será feita pela secretaria tam assistência religiosa, bem como de seus re-
estadual ou departamento do sistema pe- presentantes:
nitenciário, que deverá demonstrar a abso-
luta necessidade da medida e a inexistência I – Agir de forma cooperativa com as demais
de meio alternativo para atingir o mesmo denominações religiosas;
fim. II – Informar-se e cumprir os procedimentos
§ 3º Caso o estabelecimento prisional não normativos editados pelo estabelecimento
tenha local adequado para a prática religio- prisional;
sa, as atividades deverão se realizar no pá- III – Comunicar a administração do estabe-
tio ou nas celas, em horários específicos. lecimento prisional sobre eventual impossi-
Art. 3º Será assegurado o ingresso dos repre- bilidade de realização de atividade religiosa
sentantes religiosos a todos os espaços de per- prevista;
manência das pessoas presas do estabeleci- IV – Comunicar a administração do esta-
mento prisional. belecimento prisional sobre propostas de
§ 1º O número de representantes religiosos ampliação dos trabalhos de assistência hu-
deverá ser proporcional ao número de pes- manitária, como oficinas de trabalho, esco-
soas presas. larização e atividades culturais, bem como
atuar de maneira cooperativa com os pro-
§ 2º Será vedada a revista íntima aos repre- gramas já existentes.
sentantes religiosos.
Art. 8º O cadastro das organizações será manti-
§ 3º A suspensão do ingresso de represen- do pela Secretaria de Estado ou Departamento
tantes religiosos por decisão da administra-

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Legislação Específica – Resolução nº 5/2014 – Procedimentos para revista pessoal – Profª Letícia Neves

do sistema penitenciário e deve ser anualmente e) 2 fotos 3x4 recentes.


atualizado.
§ 2º Problemas de conteúdo, prática ou
§ 1º As organizações religiosas e/ou não go- de relacionamento do representante
vernamentais que desejem prestar assistên- religioso com as pessoas presas deverão ser
cia religiosa e humana às pessoas presas de- tratados pelas organizações religiosas em
verão ser legalmente constituídas há mais consonância com a administração prisional.
de um ano.
Art. 10. A administração penitenciária deverá
§ 2º Para o cadastro das organizações re- oferecer informação e formação aos profissio-
feridas no parágrafo anterior, deverão ser nais do sistema prisional sobre as necessidades
apresentados os seguintes documentos ao específicas relacionadas às religiões, consciên-
órgão estatal responsável: Ministério da cia e filosofia, bem como suas respectivas prá-
Justiça Conselho Nacional de Política Crimi- ticas, incluindo rituais, objetos, datas sagradas
nal e Penitenciária: e comemorativas, períodos de oração, higiene e
alimentação.
a) requerimento do dirigente da organiza-
ção ou de seu representante competente Parágrafo único. As escolas penitenciárias
ou majoritário, acompanhado de cópia do ou entidades similares deverão adaptar a
documento de identidade pessoal, do tipo matriz curricular dos cursos de formação
RG ou RNE (Registro Nacional de Estrangei- quanto aos temas desta Resolução, no
ro), do CPF e Título de Eleitor, se for o caso; prazo de um ano.
b) cópia autenticada dos estatutos sociais, Art. 11. A administração penitenciária conside-
da ata de eleição da última diretoria e do rará as necessidades religiosas na organização
CNPJ; do cotidiano dos estabelecimentos prisionais,
buscando adaptar aspectos alimentares, de hi-
c) cópia do comprovante de endereço atua- giene, de horários, de corte de cabelo e de bar-
lizado da organização. ba, entre outros.
Art. 9º A prática religiosa deverá ser feita por Art. 12. Contra as decisões administrativas de-
representantes religiosos qualificados, maiores correntes desta resolução, observar-se-á o pro-
de 18 anos e residentes no país, devidamente cedimento judicial previsto nos artigos 194 e se-
credenciados pelas organizações cadastradas. guintes da LEP.
§ 1º O credenciamento dos representantes Art. 13. Esta Resolução entrará em vigor na data
deverá ser solicitado mediante requerimen- de sua publicação, revogadas as disposições em
to ao diretor do estabelecimento, subscrito contrário.
pelo dirigente da organização, atestando a
idoneidade do representante e relacionan- GEDER LUIZ ROCHA GOMES
do as unidades prisionais nas quais o re-
presentante pretende prestar a assistência,
acompanhado dos seguintes documentos:
a) cópia do documento de identidade pes-
soal do tipo RG ou RNE, se for o caso;
b) cópia do Cadastro de Pessoa Física;
c) cópia do Título de Eleitor;
d) comprovante atualizado de endereço
residencial;

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Legislação Específica

Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de


Liberdade e Egressas do Sistema Prisional – Portaria MJ/SPM nº 210/2014

Institui a Política Nacional de Atenção às Privação de Liberdade e Egressas do Sistema


Mulheres em Situação de Privação de Liberdade Prisional;
e Egressas do Sistema Prisional, e dá outras
providências. III – fomento à participação das
organizações da sociedade civil no controle
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA E A social desta Política, bem como nos diversos
MINISTRA DE ESTADO-CHEFE DA SECRETARIA planos, programas, projetos e atividades
DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES DA dela decorrentes;
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso das
atribuições previstas no art. 87, parágrafo único, IV – humanização das condições do
inciso II, da Constituição, e tendo em vista o cumprimento da pena, garantindo o direito
disposto nos arts. 10, 14, § 3º, 19, parágrafo à saúde, educação, alimentação, trabalho,
único, 77, § 2º, 82, § 1º, 83, §§ 2º e 3º, e 89 da segurança, proteção à maternidade e à
Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, resolvem: infância, lazer, esportes, assistência jurídica,
atendimento psicossocial e demais direitos
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de humanos;
Atenção às Mulheres em Situação de Privação
de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional V – fomento à adoção de normas
– PNAMPE, com o objetivo de reformular e procedimentos adequados às
as práticas do sistema prisional brasileiro, especificidades das mulheres no que
contribuindo para a garantia dos direitos das tange a gênero, idade, etnia, cor ou
mulheres, nacionais e estrangeiras, previstos raça, sexualidade, orientação sexual,
nos arts. 10, 14, § 3º, 19, parágrafo único, 77, § nacionalidade, escolaridade, maternidade,
2º, 82, § 1º, 83, §§ 2º e 3º, e 89 da Lei nº 7.210, religiosidade, deficiências física e mental e
de 11 de julho de 1984. outros aspectos relevantes;

Art. 2º São diretrizes da PNAMPE: VI – fomento à elaboração de estudos,


organização e divulgação de dados,
I – prevenção de todos os tipos de violência visando à consolidação de informações
contra mulheres em situação de privação penitenciárias sob a perspectiva de gênero;
de liberdade, em cumprimento aos
instrumentos nacionais e internacionais VII – incentivo à formação e capacitação de
ratificados pelo Estado Brasileiro relativos profissionais vinculados à justiça criminal e
ao tema; ao sistema prisional, por meio da inclusão
da temática de gênero e encarceramento
II – fortalecimento da atuação conjunta e feminino na matriz curricular e cursos
articulada de todas as esferas de governo periódicos;
na implementação da Política Nacional
de Atenção às Mulheres em Situação de VIII – incentivo à construção e adaptação de
unidades prisionais para o público feminino,

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exclusivas,regionalizadas e que observem V – fomentar e desenvolver pesquisas
o disposto na Resolução nº 9, de 18 de e estudos relativos ao encarceramento
novembro de 2011, do Conselho Nacional feminino.
de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP;
Art. 4º São metas da PNAMPE:
IX – fomento à identificação e
monitoramento da condição de presas I – criação e reformulação de bancos de
provisórias, com a implementação de dados em âmbito estadual e nacional sobre
medidas que priorizem seu atendimento o sistema prisional, que contemplem:
jurídico e tramitação processual; a) quantidade de estabelecimentos
X – fomento ao desenvolvimento de ações femininos e mistos que custodiam
que visem à assistência às pré-egressas e mulheres, indicando número de mulheres
egressas do sistema prisional, por meio da por estabelecimento, regime e quantidade
divulgação, orientação ao acesso às políticas de vagas;
públicas de proteção social, trabalho e b) existência de local adequado para
renda; visitação, frequência e procedimentos
Parágrafo único. Nos termos do inciso VIII, necessários para ingresso do visitante social
entende-se por regionalização a distribuição e íntimo;
de unidades prisionais no interior dos c) quantidade de profissionais inseridos
estados, visando o fortalecimento dos no sistema prisional feminino, por
vínculos familiares e comunitários. estabelecimento e área de atuação;
Art. 3º São objetivos da PNAMPE: d) quantidade de mulheres gestantes,
I – fomentar a elaboração das políticas lactantes e parturientes;
estaduais de atenção às mulheres privadas e) quantidade e idade dos filhos em
de liberdade e egressas do sistema prisional, ambiente intra e extramuros, bem como
com base nesta Portaria; pessoas ou órgãos responsáveis pelos seus
II – induzir para o aperfeiçoamento cuidados;
e humanização do sistema prisional f) indicação do perfil da mulher privada
feminino, especialmente no que concerne de liberdade, considerando estado civil,
à arquitetura prisional e execução de faixa etária, cor ou etnia, deficiência,
atividades e rotinas carcerárias, com nacionalidade, religião, grau de instrução,
atenção às diversidades e capacitação profissão, rendas mensais da família
periódica de servidores; anterior ao aprisionamento e atual,
III – promover, pactuar e incentivar ações documentação civil, tempo total das penas,
integradas e intersetoriais, visando à tipos de crimes, procedência de área rural
complementação e ao acesso aos direitos ou urbana, regime prisional e reiteração
fundamentais, previstos na Constituição criminal;
Federal e Lei de Execução Penal, voltadas g) quantidade de mulheres inseridas em
às mulheres privadas de liberdade e seus atividades laborais internas e externas e
núcleos familiares; e IV – aprimorar a educacionais, formais e profissionalizantes;
qualidade dos dados constantes nos bancos
de dados do sistema prisional brasileiro, h) quantidade de mulheres que recebem
contemplando a perspectiva de gênero; e assistência jurídica regular, da Defensoria
Pública, outro órgão ou advogado particular,

610 www.acasadoconcurseiro.com.br
Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional

e frequência desses procedimentos na climáticas locais e em quantidade suficiente;


unidade prisional; e 3. itens de higiene pessoal: kit básico
composto por, no mínimo, papel higiênico,
i) quantidade e motivo de óbitos sabonete, creme e escova dental, xampu,
relacionados à mulher e à criança, no condicionador, desodorante e absorvente,
âmbito do sistema prisional; em quantidade suficiente;
j) dados relativos à incidência de b) acesso à saúde em consonância com
hipertensão, diabetes, tuberculose, a Política Nacional de Atenção Integral à
hanseníase, Doenças Sexualmente Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade
Transmissíveis – DST, Síndrome da no Sistema Prisional, a Política Nacional
Imunodeficiência Adquirida – AIDS-HIV e de Atenção Integral à Saúde da Mulher e
outras doenças; as políticas de atenção à saúde da criança,
k) quantidade de mulheres inseridas em observados os princípios e as diretrizes
programas de atenção à saúde mental e do Sistema Único de Saúde – SUS, bem
dependência química; como o fomento ao desenvolvimento
de ações articuladas com as secretarias
l) quantidade e local de permanência das estaduais e municipais de saúde, visando
mulheres internadas em cumprimento de o diagnóstico precoce e tratamento
medidas de segurança e total de vagas; e adequado, com implantação de núcleos de
referência para triagem, avaliação inicial e
m) quantidade de mulheres que deixaram o
encaminhamentos terapêuticos, voltados
sistema prisional por motivos de alvará de
às mulheres com transtorno mental.
soltura, indulto, fuga, progressão de regime
ou aplicação de medidas cautelares diversas c) acesso à educação em consonância
da prisão. com o Plano Estratégico de Educação no
âmbito do Sistema Prisional e as Diretrizes
II – incentivo aos órgãos estaduais de
Nacionais para a Oferta de Educação para
administração prisional para que promovam
Jovens e Adultos em Situação de Privação
a efetivação dos direitos fundamentais no
de Liberdade nos Estabelecimentos Penais,
âmbito dos estabelecimentos prisionais,
associada a ações complementares de
levando em conta as peculiaridades
cultura, esporte, inclusão digital, educação
relacionadas a gênero, cor ou etnia,
profissional, fomento à leitura e a
orientação sexual, idade, maternidade,
programas de implantação, recuperação e
nacionalidade, religiosidade e deficiências
manutenção de bibliotecas;
física e mental, bem como aos filhos
inseridos no contexto prisional, que d) acesso à assistência jurídica integral para
contemplem: garantir a ampla defesa e o contraditório
nos processos judiciais e administrativos
a) assistência material: alimentação,
relativos à execução penal, viabilizando o
vestuário e instalações higiênicas, incluindo
atendimento pessoal por intermédio da
itens básicos, tais como:
Defensoria Pública, outro órgão, advogado
1. alimentação: respeito aos critérios particular ou pela realização de parcerias;
nutricionais básicos e casos de restrição
e) acesso a atendimento psicossocial
alimentar;
desenvolvido no interior das unidades
2. vestuário: enxoval básico composto por, prisionais, por meio de práticas
no mínimo, uniforme específico, agasalho, interdisciplinares nas áreas de dependência
roupa íntima, meias, chinelos, itens de química, convivência familiar e comunitária,
cama e banho, observadas as condições saúde mental, violência contra a mulher e

www.acasadoconcurseiro.com.br 611
outras, as quais devem ser articuladas com a Resolução nº 3, de 1º de junho de 2012,
programas e políticas governamentais; do CNPCP;
f) assistência religiosa com respeito à 5. inserção da gestante na Rede Cegonha,
liberdade de culto e de crença; e junto ao SUS, desde a confirmação da
gestação até os dois primeiros anos de vida
g) acesso à atividade laboral com do bebê;
desenvolvimento de ações que incluam,
entre outras, a formação de redes 6. desenvolvimento de ações de preparação
cooperativas e a economia solidária, da saída da criança do estabelecimento
observando: prisional e sensibilização dos responsáveis
ou órgãos por seu acompanhamento social
1. compatibilidade das horas diárias de e familiar;
trabalho e estudo que possibilitem a
remição; 7. respeito ao período mínimo de
amamentação e de convivência da mulher
2. compatibilidade da atividade laboral com com seu filho, conforme disposto na
a condição de gestante e mãe, garantida Resolução nº 3 de 15 de julho de 2009, do
a remuneração, a remição e a licença CNPCP, sem prejuízo do disposto no art. 89
maternidade para as mulheres que se da Lei 7.210 de 11 de julho de 1984;
encontravam trabalhando.
8. desenvolvimento de práticas que
h) atenção específica à maternidade e à assegurem a efetivação do direito à
criança intramuros, observando: convivência familiar, na forma prevista na
1. identificação da mulher quanto à situação Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
de gestação ou maternidade, quantidade e 9. desenvolvimento de ações que permitam
idade dos filhos e das pessoas responsáveis acesso e permanência das crianças que
pelos seus cuidados e demais informações, estão em ambientes intra e extramuros à
por meio de preenchimento de formulário rede pública de educação infantil; e
próprio;
10. disponibilização de dias de visitação
2. inserção da mulher grávida, lactante especial, diferentes dos dias de visita social,
e mãe com filho em local específico para os filhos e dependentes, crianças e
e adequado com disponibilização de adolescentes, sem limites de quantidade,
atividades condizentes à sua situação, com definição das atividades e do papel da
contemplado atividades lúdicas e equipe multidisciplinar;
pedagógicas, coordenadas por equipe
multidisciplinar; i) respeito à dignidade no ato de revista
às pessoas que ingressam na unidade
3. autorização da presença de acompanhante prisional, inclusive crianças e adolescentes;
da parturiente, devidamente cadastrada/o
junto ao estabelecimento prisional, durante j) implementação de ações voltadas ao
todo o período de trabalho de parto, parto tratamento adequado à mulher estrangeira,
e pós-parto imediato, conforme disposto no observando:
art. 19-J da Lei nº 8.080, de 19 de setembro
de 1990; 1. realização de parcerias voltadas à
regularização da sua permanência em
4. proibição do uso de algemas ou outros solo brasileiro, durante o período de
meios de contenção em mulheres em cumprimento da pena;
trabalho de parto e parturientes, observada

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Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional

2. articulação de gestões entre as unidades III – garantia de estrutura física de unidades


prisionais e as embaixadas e consulados prisionais adequada à dignidade da mulher
visando à efetivação dos direitos da em situação de prisão, de acordo com a
estrangeira em privação de liberdade; Resolução nº 9, de 18 de novembro de
2011, do Conselho Nacional de Política
3. instituição de parcerias voltadas à Criminal e Penitenciária – CNPCP, com a
emissão de Cadastro de Pessoa Física – implementação de espaços adequados
CPF provisório, com vistas à abertura de à efetivação dos direitos das mulheres
conta bancária e ao acesso a programas de em situação de prisão, tais como saúde,
reintegração social e assistência à mulher educação, trabalho, lazer, estudo,
presa; maternidade, visita íntima, dentre outros;
4. garantia de acesso à informação sobre IV – promoção de ações voltadas à
direitos, procedimentos de execução penal segurança e gestão prisional, que garantam:
no território nacional, questões migratórias,
bem como telefones de contato de órgãos a) procedimentos de segurança, regras
brasileiros, embaixadas e consulados disciplinares e escolta diferenciados para
estrangeiros, preferencialmente no idioma as mulheres idosas, com deficiência,
materno; gestantes, lactantes e mães com filhos,
inclusive de colo;
5. instituição de procedimentos que
permitam a manutenção dos vínculos b) desenvolvimento de práticas alternativas
familiares, por meio de contato telefônico, à revista íntima nas pessoas que ingressam
videoconferência, cartas, entre outros; na unidade prisional, especialmente
crianças e adolescentes; e
6. incentivo do acesso à educação à
distância, quando disponibilizado pelo c) oferecimento de transporte diferenciado
respectivo consulado, sem prejuízo da para mulheres idosas, com deficiência,
participação nas atividades educativas gestantes, lactantes e mães com filhos, sem
existentes na unidade prisional; e utilização de algemas.
7. fomento à viabilização de transferência V – capacitação permanente de profissionais
das presas estrangeiras não residentes que atuam em estabelecimentos
ao seu país de origem, especialmente se prisionais de custódia de mulheres, com
nele tiverem filhos, caso haja tratados ou implementação de matriz curricular que
acordos internacionais em vigência, após contemple temas específicos, tais como:
prévia requisição e o consentimento da
presa. a) identidade de gênero;

l) promoção de ações voltadas à presa b) especificidades da presa estrangeira;


provisória, observando: c) orientação sexual, direitos sexuais e
1. adoção de medidas adequadas, de reprodutivos;
caráter normativo ou prático, para garantir d) abordagem étnico-racial;
sua segurança e integridade física;
e) prevenção da violência contra a mulher;
2. garantia da custódia da presa provisória
em local adequado, sendo vedada sua f) saúde da mulher, inclusive mental, e dos
manutenção em distritos policiais; e filhos inseridos no contexto prisional;

3. adoção de medidas necessárias para g) acessibilidade;


viabilização do exercício do direito a voto.

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h) dependência química; Art. 8º O DEPEN deverá se articular com os órgãos
estaduais de administração prisional para que
i) maternidade; seja elaborado um planejamento institucional
j) desenvolvimento infantil e convivência para o cumprimento gradual das estratégias
familiar; estabelecidas nesta Política e nas políticas
estaduais, com vistas à melhoria de práticas
k) arquitetura prisional; e voltadas às mulheres em situação de privação de
liberdade e egressas do sistema prisional.
l) direitos e políticas sociais.
Parágrafo único. No âmbito do DEPEN, o
VI – promoção de ações voltadas às pré-
planejamento institucional será coordenado
egressas e egressas do sistema prisional,
pela Comissão Especial do Projeto Efetivação
por meio de setor interdisciplinar específico,
dos Direitos das Mulheres no Sistema Penal.
observando:
Art. 9º O DEPEN prestará apoio técnico e
a) disponibilização, no momento da saída da
financeiro aos órgãos estaduais de administração
egressa do estabelecimento prisional, de seus
prisional, com ênfase nas seguintes áreas:
documentos pessoais, inclusive relativos à sua
saúde, e outros pertences; I – educação e capacitação profissional
de servidores, priorizando os projetos em
b) articulação da secretaria estadual de
estabelecimentos prisionais que custodiam
administração prisional com os órgãos
mulheres;
responsáveis, com vistas à retirada de
documentos; e II – trabalho, disponibilizando maquinários
para oficinas laborais;
c) viabilização, por meio de parcerias firmadas
pelo órgão estadual de administração III – saúde, priorizando o aparelhamento
prisional, de tratamento de dependência de centros de referência à saúde materno-
química, inclusão em programas sociais, em infantil, bem como articulações voltadas à
cursos profissionalizantes, geração de renda, garantia da saúde da mulher presa;
de acordo com os interesses da egressa.
IV – aparelhamento, incentivando o
Art. 5º Para a efetivação dos direitos de que trata desenvolvimento de novas tecnologias que
esta Portaria deverão ser assegurados recursos possam ser adaptadas ao ambiente prisional,
humanos e espaços físicos adequados às diversas voltadas às especificidades da mulher; e
atividades para a integração da mulher e de seus
filhos. V – engenharia, elaborando projetos
referência para a construção de unidades
Art. 6º As unidades prisionais deverão providenciar prisionais específicas femininas.
a documentação civil básica que permita acesso
das mulheres, inclusive das estrangeiras, à Art. 10. Fica instituído, no âmbito do Ministério da
educação e ao trabalho. Justiça, o Comitê Gestor da PNAMPE, para fins de
monitoramento e avaliação de seu cumprimento.
Art. 7º O Departamento Penitenciário Nacional –
DEPEN deverá se articular com os órgãos estaduais § 1º O Comitê Gestor de que trata o caput
de administração prisional para que sejam será composto por representantes, titulares e
constituídas comissões intersetoriais específicas suplentes, dos seguintes órgãos:
para tratar dos assuntos relacionados às mulheres I – Departamento Penitenciário Nacional:
em situação de privação de liberdade e egressas
do sistema prisional. a) Coordenação do Projeto Efetivação dos
Direitos das Mulheres no Sistema Penal;

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Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional

b) Ouvidoria do Departamento Penitenciário públicas e privadas, federais e estaduais, com


Nacional; atribuições relacionadas à PNAMPE.
c) Coordenação-Geral de Reintegração Social § 4º Os representantes titulares e seus
e Ensino; suplentes de que tratam os §§ 1º e 2º
serão designados por ato do Diretor-Geral
d) Coordenação-Geral do Fundo Penitenciário do DEPEN, após indicação dos órgãos que
Nacional; representam.
e) Coordenação-Geral de Penas e Medidas § 5º A participação no Comitê Gestor é
Alternativas; considerada prestação de serviço público
f) Coordenação-Geral de Pesquisas e Análise relevante, não remunerada.
da Informação; Art. 11. A coordenação do Comitê Gestor será
g) Coordenação de Saúde; e exercida por um representante da Comissão
Especial do Projeto Efetivação dos Direitos das
h) Coordenação de Educação; Mulheres no Sistema Penal indicado pelo DEPEN, e
um representante da Secretaria de Enfrentamento
II – Secretaria de Políticas para as Mulheres da
à Violência contra as Mulheres, indicado pela
Presidência da República:
SPM. .
a) Coordenação de Acesso à Justiça, da
Art. 12. O Comitê Gestor realizará reuniões
Secretaria de Enfrentamento à Violência
trimestrais, podendo ser convocada reunião
contra as Mulheres.
extraordinária pela coordenação, e deverá
§ 2º Serão convidados permanentes a integrar apresentar:
o Comitê Gestor um representante de cada
I – no prazo de noventa dias, a contar da
um dos seguintes órgãos:
publicação desta Portaria, plano de trabalho
I – Secretaria de Direitos Humanos da de suas atividades com metas e prazos;
Presidência da República; e II – relatórios anuais de avaliação de
cumprimento da PNAMPE, com sugestões de
II – Secretaria de Políticas de Promoção da aperfeiçoamento de sua implementação.
Igualdade Racial da Presidência da República;
Art. 13. O DEPEN e a Secretaria de Políticas para as
III – Secretaria Nacional de Juventude da Mulheres observarão a PNAMPE na celebração de
Secretaria-Geral da Presidência da República; convênios e nos repasses de recursos aos órgãos e
IV – Ministério da Saúde; entidades federais e estaduais do sistema prisional
brasileiro.
V – Ministério da Educação;
Art. 14. Esta Portaria entra em vigor na data de
VI – Ministério do Trabalho e Emprego; sua publicação.
VII – Ministério da Cultura; JOSÉ EDUARDO CARDOZO
Ministro de Estado da Justiça
VIII – Ministério do Desenvolvimento Social e
ELEONORA MENICUCCI
Combate à Fome;
Ministra de Estado-Chefe da Secretaria de
IX – Ministério do Esporte; Políticas para as Mulheres da Presidência
da República
§ 3º Poderão ser convidados a participar das
reuniões do Comitê Gestor especialistas e
representantes de outros órgãos ou entidades

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Administração Pública

Professor Rafael Ravazolo

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Administração

1.1. Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional é o resultado da identificação, análise, ordenação e agrupamento


das atividades e dos recursos das empresas, incluindo o sistema de decisão, responsabilidade,
autoridade e linhas de comunicação, que definem a maneira como se integram as partes de
uma organização.

•• Sistema de Decisão: define a natureza das decisões, os responsáveis por elas e as formas
de decidir.
•• Sistema de Responsabilidades: distribuição das atividades nas organizações.
•• Sistema de Autoridade: distribuição de poder dentro das organizações – direito formal
que o ocupante de determinado cargo tem para dar ordens.
•• Sistema de Comunicação: forma de integração entre as diversas unidades da organização.

São duas as formatações básicas da estrutura organizacional:

1. Estrutura formal é aquela representada pelo organograma, estatutos e regras. Procura


consolidar, ainda que de forma geral, a distribuição das responsabilidades e autoridades
pelas unidades organizacionais da empresa.
2. Estrutura informal é a rede de relações sociais e pessoais que não é formalmente
estabelecida pela empresa, as quais surgem e se desenvolvem espontaneamente, e,
portanto, apresenta situações que não aparecem no organograma.
•• A estrutura informal complementa a estrutura formal; proporciona maior rapidez no
processo decisório; reduz distorções da estrutura formal; reduz a carga de comunicação
dos chefes; motiva e integra as pessoas. Ao mesmo tempo, pode gerar problemas como o
desconhecimento da realidade empresarial pelas chefias, a maior dificuldade de controle e
a possibilidade de atritos entre as pessoas.

1.1.1. Modelos de organizações


Modelos são os estilos ou padrões de organizações existentes. Há diversos modelos descritos
na literatura, entretanto, pode-se dizer que suas características variam entre dois modelos
extremos: o mecanicista e o orgânico.

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1.1.1.1. Modelo Mecanicista
Estruturas mecanicistas têm esse nome porque buscam imitar o funcionamento automático
e padronizado das máquinas. As pessoas fazem trabalhos repetitivos, sem autonomia e sem
improvisação. O modelo mecanicista é chamado de burocrático, pois é tido como sinônimo da
burocracia racional-legal descrita por Max Weber.
São estruturas rígidas e altamente controladas, adequadas a condições ambientais
relativamente estáveis e previsíveis. Organizações deste tipo valorizam a lealdade e a obediência
aos superiores e à tradição.
O desenho é piramidal, verticalizado; as tarefas são
especializadas e precisas; regras, regulamentos e
procedimentos são bem definidos e estão escritos; a
hierarquia é rígida e a autoridade não pode ser questionada
– a fonte da autoridade é a posição da pessoa na estrutura
organizacional; a comunicação vertical é enfatizada;
o poder é centralizado e a responsabilidade pela
coordenação e a visão do todo pertencem exclusivamente
à alta administração.

Modelo Orgânico
Estruturas orgânicas têm esse nome porque imitam o comportamento dinâmico dos organismos
vivos.
Esse modelo é chamado pós-burocrático ou adhocrático* (de acordo com a demanda,
um modelo para cada situação), pois procura se adaptar a condições instáveis, mutáveis.
Ambientes assim oferecem problemas complexos que muitas vezes não podem ser resolvidos
com estruturas tradicionais.

* Adhocracia é um sistema temporário, adaptativo, que muda rapidamente, com


poucos níveis administrativos, poucas gerências e pouca normatização, organizado em
torno de problemas a serem resolvidos por grupos de pessoas dotadas de habilidades
profissionais diversas.

O desenho orgânico mais achatado e flexível denota a descentralização de decisões e o


downsizing (enxugamento - estratégia para
reduzir número de níveis e os aspectos
burocráticos da empresa).
Neste tipo de organização, há enfoque na
cooperação/interação e na comunicação de
natureza informativa (em lugar de ordens).
A liderança tende a ser democrática; a autoridade é exercida de acordo com a competência
(hierarquia é imprecisa - as pessoas podem desempenhar papel de chefe ou de subordinado); a

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Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

capacidade de resolver problemas com autonomia e iniciativa é mais importante do que seguir
regras; a especialização é pequena (as tarefas têm escopo amplo e os cargos são definidos mais
em termos de resultados esperados do que de tarefas).

Burocracia Adhocracia
Estruturas permanentes. Estruturas temporárias e flexíveis.
Atividades rotineiras ou estáveis; minuciosa Atividades inovadoras ou não-estáveis; divisão
divisão de trabalho. do trabalho nem sempre bem definida.
Profunda normatização, regras detalhadas e Pouca normatização, regras genéricas.
definidas pela cúpula
Confiança nas regras e procedimentos formais. Confiança nas pessoas e nas comunicações.
Predomínio da interação vertical (superior - Predomínio da interação horizontal; confiança e
subordinado); relacionamento baseado em crença recíprocas.
autoridade e obediência.
Cargos ocupados por especialistas. Cargos generalistas (atividades diversas e amplo
conhecimento).
Hierarquia rígida; tomada de decisões Hierarquia flexível; tomada de decisão
centralizada; pouca delegação. descentralizada; delegação.

1.1.2. Fatores que influenciam a Estrutura


Nenhuma organização é exclusivamente mecanicista ou orgânica. Também não há uma
estrutura ou modelo de organização que seja melhor que outra – cada estrutura é mais
adaptada a diferentes circunstâncias ou situações.
Os principais fatores que influenciam a escolha da estrutura ideal são: estratégia, tamanho,
tecnologia e ambiente. Outros fatores podem ser considerados, como recursos humanos e
sistema de produção.
•• Estratégia: é a variável mais importante que afeta o tipo de estrutura, afinal, a estrutura
organizacional é uma ferramenta para realizar os objetivos. Ex: se a estratégia exige
inovação, é melhor uma estrutura orgânica; se exige redução de custos, é melhor uma
estrutura mecanicista.
•• Tamanho: dependendo da quantidade de funcionários, são necessárias diferentes
estruturas para gerenciar a organização. Uma empresa muito grande tende ser mecanicista.
•• Tecnologia: de acordo com o tipo e a complexidade da tecnologia envolvida no trabalho,
as tarefas podem ser mais rotineiras (linha de produção) ou mais diversificadas (setor de
pesquisa e desenvolvimento), exigindo diferentes estruturas.
•• Ambiente: as organizações precisam se ajustar ao ambiente, que pode ser estável e
uniforme ou complexo e dinâmico.
•• Recursos humanos: são as características das pessoas, tais como tipo de formação,
experiência, perfil psicológico, motivações e mesmo relações pessoais.

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•• Sistema de produção: nas empresas de produção em massa, o modelo mecanicista adapta-
se melhor; já a estrutura orgânica é mais apropriada quando o produto não é padronizado.
A figura a seguir mostra os determinantes e as consequências do desenho da estrutura.

1.2. Tipos de organização


Os diferentes tipos de organização são decorrência da estrutura organizacional, ou seja, da
arquitetura ou formato organizacional que assegura a divisão e coordenação das atividades dos
membros da instituição. A estrutura é o esqueleto que sustenta e articula as partes integrantes.
Cada subdivisão recebe o nome de unidade, departamento, divisão, seção, equipe, grupo de
trabalho, etc.
Cada empresa/instituição monta sua estrutura em função dos objetivos. Apesar da enorme
variedade de organizações, os autores clássicos e neoclássicos definiram três tipos tradicionais:
linear, funcional e linha-staff.
Importante ressaltar que os três tipos dificilmente são encontrados em seu estado puro, afinal,
se tratam de modelos teóricos e, dessa forma, são simplificações da realidade.

1.2.1. Organização Linear


É a forma mais simples e antiga, originada dos exércitos e organizações eclesiásticas. O
nome “linear” é em função das linhas diretas e únicas de autoridade e responsabilidade
entre superiores e subordinados, resultando num formato piramidal de organização. Cada

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Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

gerente recebe e transmite tudo o que se passa na sua área de competência, pois as linhas de
comunicação são rigidamente estabelecidas.
Típica de empresas pequenas, com baixa complexidade, mas pode ocorrer em médias e grandes
com tarefas padronizadas, rotineiras, repetitivas, onde a execução é mais importante que a
adaptação a mudanças, ou mesmo à qualidade dos produtos.

1.2.1.1. Características
•• Autoridade linear, única e absoluta do superior aos seus subordinados, ou seja, cada
subordinado reporta-se exclusivamente a um superior;
•• Linhas formais de comunicação vertical, de acordo com o organograma. Podem ser para
cima (órgão ou cargo superior) ou para baixo (órgão ou cargo inferior);
•• Centralização das decisões: a autoridade converge para a cúpula da organização;
•• Aspecto piramidal: quanto mais sobe na escala hierárquica, menor o número de órgãos ou
cargos. Quanto mais acima, mais generalização de conhecimento e centralização de poder;
quanto mais abaixo, mais especialização e delimitação das responsabilidades.

1.2.1.2. Vantagens
•• Estrutura simples e de fácil compreensão e implantação;
•• Clara delimitação das responsabilidades dos órgãos – nenhum órgão ou cargo interfere em
área alheia;
•• Estabilidade e disciplina garantidas pela centralização do controle e da decisão.

1.2.1.3. Desvantagens
•• O formalismo das relações pode levar à rigidez e à inflexibilidade, dificultando a inovação e
adaptação a novas circunstâncias;
•• A autoridade linear baseada no comando único e direto pode tornar-se autocrática,
dificultando o aproveitamento de boas ideias;
•• Chefes tornam-se generalistas e ficam sobrecarregados em suas atribuições na medida em
que tudo tem que passar por eles;

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•• Com o crescimento da organização, as linhas formais de comunicação se congestionam e
ficam lentas, pois tudo deve passar por elas.

1.2.2. Organização Funcional


É o tipo de organização em que se aplica o princípio funcional ou princípio da especialização.
Cada área é especializada em um determinado assunto, é a autoridade em um tema. Dessa
forma, ela presta seus serviços às demais áreas de acordo com sua especialidade.
É possível utilizar tal estrutura quando a organização tem uma equipe de especialistas bem
entrosada, orientada para resultados, e uma boa liderança.

1.2.2.1. Características
•• Autoridade funcional dividida: cada subordinado reporta-se a vários superiores
simultaneamente, de acordo com a especialidade de cada um;
•• Nenhum superior tem autoridade total sobre os subordinados. A autoridade é parcial e
relativa, decorrente de sua especialidade e conhecimento;
•• Linhas diretas de comunicação, não demandam intermediação: foco na rapidez;
•• Descentralização das decisões para os órgãos especializados. Não é a hierarquia, mas a
especialização que promove a decisão.

1.2.2.2. Vantagens
•• Proporciona especialização e aperfeiçoamento;
•• Permite a melhor supervisão técnica possível;
•• Comunicações diretas, sem intermediação, mais rápidas e menos sujeitas a distorções;
•• Separa as funções de planejamento e de controle das funções de execução: há uma
especialização do planejamento e do controle, bem como da execução, permitindo plena
concentração de cada atividade.

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1.2.2.3. Desvantagens
•• Não há unidade de mando, o que dificulta o controle das ações e a disciplina;
•• Subordinação múltipla pode gerar tensão e conflitos dentro da organização;
•• Concorrência entre os especialistas, cada um impondo seu ponto de vista de acordo com
sua área de atuação.

1.2.3. Organização Linha-Staff


É o resultado de uma combinação dos tipos de organização linear e funcional, buscando
aproveitar as vantagens de ambas e diminuir as respectivas desvantagens. Nela coexistem os
órgãos de linha (execução) e de assessoria (apoio e consultoria), mantendo relações entre si.
As atividades de linha são aquelas intimamente ligadas aos objetivos da organização (áreas-
fim). As atividades de staff são as áreas-meio, ou seja, prestam serviços especializados que
servem de suporte às atividades-fim.
A autoridade para decidir e executar é
do órgão de linha. A área de staff apenas
assessora, sugere, dá apoio e presta serviços
especializados. A relação deve ser sinérgica,
pois a linha necessita do staff para poder
desenvolver suas atividades, enquanto o
staff necessita da linha para poder atuar.
É possível citar algumas atividades que são
tipicamente de staff**: gestão de pessoas,
orçamento, compras, almoxarifado,
manutenção, tecnologia da informação,
assessorias em geral (jurídica, contábil,
gestão), controle interno, etc.
**Obviamente há exceções, pois a definição de área-meio e área-fim varia de acordo com o
ramo de atuação, as políticas e os objetivos de cada empresa/instituição.

1.2.3.1. Características
•• Fusão da estrutura linear com a estrutura funcional;
•• Coexistência de linhas formais de comunicação com linhas diretas;
•• Separação entre órgãos operacionais (executivos) e órgãos de apoio e suporte (assessores).

1.2.3.2. Vantagens
•• Melhor embasamento técnico e operacional para as decisões;
•• Agregar conhecimento novo e especializado à organização;
•• Facilita a utilização de especialistas;

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•• Possibilita a concentração de problemas específicos nos órgãos de staff, enquanto os órgãos
de linha ficam livres para executar as atividades-fim.

1.2.3.3. Desvantagens
•• Conflitos entre órgãos de linha e staff: experiências profissionais diversas, visões de
trabalho distintas, diferentes níveis de formação;
•• Dificuldade de manutenção do equilíbrio entre linha e staff.

1.2.4. Outras formas de organização

1.2.4.1. Por equipes


Utiliza o conceito de equipe multidisciplinar, buscando delegar autoridade e dispersar a
responsabilidade (empowerment) por meio da criação de equipes participativas.
Essa estrutura desmonta as antigas barreiras departamentais e descentraliza o processo
decisório para as equipes, fazendo com que as pessoas tenham generalistas e especialistas.
É comum, em empresas de ponta, encontrar equipes autogerenciadas cuidando de unidades
estratégicas de negócios com total autonomia e liberdade. Nessa estrutura podem existir dois
tipos de equipes: a permanente, que funciona como uma área normal; e a cruzada, que é a
união de pessoas de vários departamentos funcionais para resolver problemas mútuos.
A equipe cruzada ajuda a reduzir a barreira entre os departamentos. Além, disso, o poder
delegado à equipe reduz o tempo de reação a mudanças externas. Outro benefício é a
motivação do funcionário, pois o trabalho na equipe cruzada é mais enriquecedor.

1.2.4.2. Organização em Rede


A rede é muito mais do que “uma organização” – é uma entidade que congrega os recursos de
inúmeras pessoas e, grupos e organizações. Os participantes da rede são autônomos entre si,
mas são dependentes da rede como um todo e podem ser parte de outras redes.
A organização desagrega as suas funções tradicionais e as transfere para empresas ou unidades
separadas que são interligadas por meio de uma pequena organização coordenadora, que
passa a ser o núcleo central. A companhia central retém o aspecto essencial do negócio,
enquanto transfere para terceiros as atividades que outras companhias podem fazer melhor
(produção, vendas, engenharia, contabilidade, propaganda, distribuição, etc.). Trata-se de
uma abordagem revolucionária, as fronteiras das atividades da organização vão se diluindo e
as formas organizacionais de uma empresa vão se misturando às atividades organizacionais
de outras, tornando difícil reconhecer onde começa e onde termina a organização em termos
tradicionais.
Há vários tipos de redes, cada tipo serve para uma finalidade.

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Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

1.2.4.3. Comissão ou Colegiado


Comitê ou comissão é a reunião de vários profissionais, normalmente com conhecimentos
multidisciplinares, para emitir, por meio de discussão organizada, uma opinião a respeito de
um assunto previamente fixado.
São formados com objetivo de apurar situações ou tomar decisões colegiadas. Não é um órgão
da estrutura organizacional e pode assumir tipos diversos: formais, informais, temporárias,
relativamente permanentes, consultivos, diretivos. Exemplos são algumas empresas (inclusive
públicas) que possuem Conselhos de Administração, Fiscais, etc.

1.2.4.4. Organização virtual


É uma estrutura que utiliza tecnologia da informação para unir, de forma dinâmica, pessoas e
demais recursos organizacionais sem tornar necessário reuni-las em um espaço físico e/ou ao
mesmo tempo para executar seus processos produtivos.
O atributo "virtual" é utilizado para denominar uma lógica organizacional na qual as fronteiras
de tempo, espaço geográfico, unidades organizacionais e acesso a informações são menos
importantes, enquanto o uso de tecnologias de comunicação e informação é considerado
altamente útil.
O grau de "virtualidade" depende da intensidade na utilização de tecnologias de informação e
comunicação para interagir com clientes externos ou internos, realizar negócios e operar como
um todo.
Uma segunda abordagem define uma organização
virtual como uma rede de organizações
independentes, que se unem em caráter temporário
através do uso de tecnologias de informação e
comunicação, visando assim obter vantagem
competitiva. A organização virtual se comporta
como uma única empresa por meio da união das
competências essenciais de seus membros, que
podem ser instituições, empresas ou pessoas
especializadas.
Toda organização virtual é uma rede organizacional, mas nem toda rede organizacional é uma
organização virtual.

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1.2.5. Organograma
É a representação gráfica de determinados aspectos da estrutura organizacional (a apresentação
completa da estrutura organizacional só pode ser efetuada pelo manual de organização).
No organograma, ficam claramente evidenciadas as diversas unidades organizacionais (áreas,
departamentos), sua posição relativa na estrutura geral da empresa (hierarquia, especialidade)
e suas ligações (canais de comunicação).
Podem-se ter o organograma geral da empresa e os parciais dos departamentos.
•• Divisão do trabalho: quadros (retângulos)
representam o fracionamento da organização,
em unidades de direção, assessorias,
conselhos, gerências, departamentos, divisões,
setores, etc.
•• Autoridade e Hierarquia: as relações entre
superior e subordinado. A quantidade de
níveis verticais mostra a cadeia de comando,
ou seja, como a autoridade está distribuída
desde o diretor que tem mais autoridade, no
topo da estrutura, até o funcionário que tem
menos autoridade, na base da estrutura.
•• Canais de comunicação: as linhas verticais e
horizontais que ligam os retângulos mostram
as relações/comunicações entre as unidades
de trabalho. A linha contínua representa
autoridade, na vertical, e coordenação na
horizontal.
Dependendo da técnica de elaboração aplicada, o Organograma poderá evidenciar, além do
tipo de trabalho desenvolvido, mais: o detalhamento do tipo de trabalho; os cargos existentes;
os nomes dos titulares das unidades; a quantidade de pessoas por unidade; a relação funcional,
além da relação hierárquica.

1.2.5.1. Tipos comuns de Organogramas


Além do organograma tradicional (estrutural), representado acima, existem outros tipos:

Organograma Linear
Mostra a distribuição de
responsabilidade e de autoridade
em uma organização. Estrutura,
resumidamente, as atividades básicas
e os tipos de decisão relacionados
a cada unidade organizacional da
empresa.

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Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

Revela a atividade/decisão de cada posição ou cargo, mostrando quem participa e em que grau
quando uma atividade/decisão deve ocorrer na empresa.

Organograma Vertical
Identifica, de forma sequencial, os
diversos cargos de chefia de uma empresa,
preferencialmente junto com o nome básico
da unidade organizacional (departamento,
seção).

Organograma Circular (ou Radial)


Oferece um visual leve e tira o foco da
hierarquia, por isso, tende a reduzir a
possibilidade de conflitos entre superior e
subordinados, pois as linhas de autoridade
ficam difíceis de ser identificadas.
A autoridade hierárquica é representada do
centro para a periferia e, por isso, a existência
de muitos níveis hierárquicos dificulta a
elaboração.

www.acasadoconcurseiro.com.br 629
Slides – Estrutura Organizacional

Estrutura Organizacional
• Desenho da organização = resultado da identificação,
análise, ordenação e agrupamento das atividades, dos
recursos e das pessoas.

Estrutura Organizacional
• Inclui os sistemas de: decisão, responsabilidade,
autoridade e comunicação.
‒Formal: organograma + estatutos + regras.

‒Informal: rede de relações sociais e pessoais


o Não está no organograma, nem nas regras formais.
o Pontos positivos: complementa a estrutura formal;
proporciona maior rapidez no processo decisório; reduz
distorções da estrutura formal; reduz a carga de comunicação
dos chefes; motiva e integra as pessoas.
2

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Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

Modelos Estruturais

Burocrático: controle, Adhocrático: pós-burocrático,


regras, verticalização, flexibilidade, downsizing,
hierarquia rígida, horizontalização, liderança
especialização, democrática, autonomia,
centralização,
autoridade formal. descentralização, cooperação,
adaptação, empowerment.
3

Modelos Estruturais
Burocracia Adhocracia
Estruturas permanentes. Estruturas temporárias e flexíveis.
Atividades rotineiras ou estáveis; minuciosa Atividades inovadoras ou não-estáveis; divisão
divisão de trabalho. do trabalho nem sempre bem definida.
Profunda normatização, regras detalhadas e
Pouca normatização, regras genéricas.
definidas pela cúpula.
Confiança nas regras e procedimentos formais. Confiança nas pessoas e nas comunicações.
Predomínio da interação vertical (superior -
Predomínio da interação horizontal; confiança
subordinado); relacionamento baseado em
e crença recíprocas.
autoridade e obediência.
Cargos generalistas (atividades diversas e
Cargos ocupados por especialistas.
amplo conhecimento).
Hierarquia rígida; tomada de decisões Hierarquia flexível; tomada de decisão
centralizada; pouca delegação. descentralizada; delegação.
4

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Fatores que influenciam a Estrutura

Tipos de Organização
• São decorrência da estrutura organizacional:
‒ autoridade, grau de delegação ou concentração de tarefas, linhas de
comando e de comunicação, centralização ou descentralização das
decisões, etc.

• Neoclássicos: Linear, Funcional, Linha-staff

• Outras: Equipes, Rede, Comissão, Virtual, etc.

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Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

Organização Linear
• Mais simples e antiga
• Autoridade linear, única – centralizadora e generalista
• Linhas diretas e únicas de autoridade e responsabilidade entre superior e
subordinados
• Formato piramidal

Vantagens
• Estrutura simples, de fácil compreensão e implantação;
• Clara delimitação das responsabilidades dos órgãos e uma notável
precisão da jurisdição;
• Estabilidade e disciplina.

Desvantagens
• O formalismo das relações pode levar à rigidez e à inflexibilidade;
• Chefes tornam-se generalistas e ficam sobrecarregados;
• Com o crescimento da organização, as linhas formais de
comunicação se congestionam;
• As comunicações, por serem lineares, se tornam demoradas.
8

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Organização Funcional
• Princípio funcional – especialização
• Autoridade funcional – dividida - decisões descentralizadas
• Comunicação direta – rapidez
• Subordinação múltipla

Vantagens
• Proporciona o máximo de especialização na organização;
• Permite a melhor supervisão técnica possível;
• As comunicações diretas são mais rápidas e menos sujeitas a
distorções;
• Separa as funções de planejamento e de controle das funções de
execução.

Desvantagens
• Perda da autoridade de comando;
• Subordinação múltipla - tendência à tensão e a conflitos;
• Tendência à concorrência entre os especialistas.

10

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Organização Linha-Staff
• Busca aproveitar as vantagens de ambas e diminuir as
respectivas desvantagens – embasamento técnico e
operacional, uso de especialistas etc.
• Separação entre execução e assessoria.
• Conflito linha-staff

11

Organização por Equipes


• Usa equipes multidisciplinares como dispositivo central para
coordenar atividades;
• Desmonta barreiras departamentais e descentraliza o processo
decisório para as equipes;
‒Delega autoridade e dispersa a responsabilidade
(empowerment) em todos os níveis por meio da criação de
equipes participativas;
• Dois tipos de equipes: a permanente funciona como uma área
normal; e a cruzada, que é a união de pessoas de vários
departamentos funcionais para resolver problemas mútuos.

12

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Organização em rede
• Rede = entidade que congrega os recursos de inúmeras pessoas
e, grupos e organizações.
‒ Participantes são autônomos entre si, mas são dependentes da rede
como um todo e podem ser parte de outras redes.
‒ A organização transfere funções para empresas/unidades separadas;
‒ Fronteiras diluídas entre organizações: difícil reconhecer onde começa
e onde termina a organização em termos tradicionais.

13

Comissão ou Colegiado
• Conselhos, comissões comitês:
‒formados para apurar situações ou tomar decisões
colegiadas.
‒Geralmente não é um órgão da estrutura organizacional;
‒Pode assumir tipos diversos: formais, informais, temporárias,
relativamente permanentes, consultivos, diretivos.

14

636 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Estrutura Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

Virtual
• 1) Utiliza TIC para unir pessoas e demais recursos
organizacionais sem tornar necessário reuni-las em um espaço
físico e/ou ao mesmo tempo;
• 2) Rede de organizações independentes, que se unem em
caráter temporário através do uso
de tecnologias de informação e
comunicação, visando assim
obter vantagem competitiva.

• Toda organização virtual é uma rede,


mas nem toda rede é virtual.
15

Organograma
• É a representação gráfica de determinados aspectos da
estrutura organizacional.
• Mostra:
‒ Divisão do trabalho: quadros (retângulos)
representam o fracionamento da
organização – divisões, departamentos, etc.
‒ Autoridade e Hierarquia: níveis verticais.
‒ Canais de comunicação: linhas verticais
(autoridade) e horizontais (coordenação).

16

www.acasadoconcurseiro.com.br 637
Organograma

17

638 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração

1.1. Princípios da Organização do Trabalho

Há seis elementos-chave ajudam um gestor a organizar o trabalho e a projetar a estrutura


organizacional: Especialização, Departamentalização, Cadeia de Comando, Amplitude de
Controle, Centralização/Descentralização e Formalização.
Esses seis elementos são a resposta a seis perguntas básicas, conforme o quadro a seguir:

Pergunta Resposta
Até que ponto as atividades podem ser Especialização do Trabalho.
subdivididas em tarefas separadas?
Qual a base (critério) para o agrupamento das Departamentalização.
tarefas?
A quem as pessoas/grupos vão se reportar? Cadeia de Comando - Hierarquia.
Quantas pessoas cada chefe pode dirigir com Amplitude de Controle.
eficiência e eficácia?
Onde fica a autoridade no processo decisório? Centralização e Descentralização.
Até que ponto haverá regras/normas para dirigir Formalização.
as pessoas?

Os autores da chamada Escola Neoclássica de Administração definiram princípios semelhantes


aos supracitados: racionalismo, divisão do trabalho, especialização, hierarquia e amplitude
administrativa. A principal diferença é o Racionalismo, que pode ser definido da seguinte forma:
dentro de limites toleráveis, os membros de uma organização se comportarão racionalmente,
isto é, de acordo com as normas lógicas de comportamento prescritas para cada um deles. Em
outras palavras, uma organização é substancialmente um conjunto de encargos funcionais e
hierárquicos, cujos membros se sujeitam a normas e funções. Toda organização se estrutura
a fim de atingir os seus objetivos, procurando com a sua estrutura organizacional a minimizar
esforços e maximizar o rendimento. Essa racionalidade, portanto, não é um fim, mas um meio
de permitir à empresa atingir adequadamente determinados objetivos.

1.1.1. Especialização do Trabalho


É viável, hoje em dia, uma pessoa sozinha criar e montar aviões?
A Divisão do Trabalho é a maneira pela qual um processo complexo é decomposto em uma série
de tarefas menores, e cada uma das quais é atribuída a uma pessoa ou grupo (departamento).
Uma atividade, em vez de ser realizada inteiramente por uma única pessoa, é dividida em um
certo número de etapas, cada uma das quais será realizada por um indivíduo diferente.

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A habilidade de um funcionário aumenta com a repetição de uma tarefa, sendo assim, tal
divisão gera maior produtividade, rendimento do pessoal envolvido, eficiência e, por fim,
redução dos custos de produção.
A Especialização é uma consequência da divisão do trabalho: cada unidade ou cargo passa a ter
funções e tarefas específicas e especializadas. Essencialmente, ela faz com que os indivíduos se
especializem em realizar parte de uma atividade em vez de realizar a atividade inteira.
A especialização pode dar-se em dois sentidos: vertical e horizontal.
A vertical caracteriza-se pelos níveis hierárquicos (chefia), pois, na medida em que ocorre a
especialização horizontal do trabalho, é necessário coordenar essas diferentes atividades e
funções. Ex.: Presidência, Diretoria-Geral, Gerências, Coordenadorias, etc.
A horizontal representa a tendência de criar departamentos especializados no mesmo nível
hierárquico, cada qual com suas funções e tarefas. Ex.: gerência de Marketing, gerência de
Produção, gerência de Recursos Humanos, etc.
A especialização tem limites. Em
determinados trabalhos, o excesso de
especialização chegou a um ponto em que
as deseconomias humanas (tédio, fadiga,
estresse, baixa produtividade, perda de
qualidade, aumento do absenteísmo e
da rotatividade) superavam em muito as
vantagens econômicas. Por isso, muitas
empresas descobriram que dar aos
funcionários diversas tarefas, permitindo
que eles realizassem uma atividade
completa, e colocá-los em equipes com
habilidades intercambiáveis, geralmente levava a resultados melhores e ao aumento da
satisfação com o trabalho.

1.1.2. Departamentalização
Depois de dividir o trabalho por meio da especialização, é necessário agrupar as atividades
para que as tarefas comuns possam ser coordenadas. Esse agrupamento é chamado de
departamentalização.
Departamentalizar é agrupar as atividades e correspondentes recursos (humanos, materiais
e tecnológicos) em unidades, de acordo com um critério específico de homogeneidade.
Distintos critérios podem ser usados para criar departamentos, sendo os mais comuns: por
função (funcional); por produtos e serviços; geográfica (territorial, regional); por clientes; por
processo; por projeto; matricial e mista.

1.1.3. Cadeia de Comando – Hierarquia


A Hierarquia é, basicamente, a especialização vertical. A pluralidade de funções imposta pela
especialização do trabalho exige o desdobramento da função de comando, cuja missão é dirigir

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Administração – Princípios da Organização do Trabalho – Prof. Rafael Ravazolo

as atividades para que essas cumpram harmoniosamente as respectivas missões. O princípio


da hierarquia é o escalar: à medida que se sobe na escala hierárquica, aumenta o volume de
autoridade do administrador.
A cadeia de comando é uma linha única de autoridade, que vai do topo da organização até o
escalão mais baixo e determina quem se reporta a quem na empresa. Ela responde a perguntas
dos funcionários do tipo “Se eu tiver um problema, com quem devo falar?” ou “Por quem sou
responsável?”

1.1.3.1. Autoridade
É o direito formal que a chefia tem de alocar recursos e exigir o cumprimento de tarefas por
parte dos funcionários. A autoridade emana do superior para o subordinado, e este é obrigado
a realizar seus deveres.
A autoridade:
•• é alocada em posições da organização, e não em pessoas;
•• flui desde o topo até a base da organização - as posições do topo têm mais autoridade do
que as posições da base;
•• é aceita pelos subordinados devido à crença na cultura organizacional.
Tipos de autoridade:
Existem três tipos básicos de autoridade:
•• Autoridade linear, hierárquica, ou única – segue o princípio da unidade de comando: cada
pessoa deve ter apenas um superior a quem se reportar diretamente. Essa autoridade é
única e absoluta do superior aos seus subordinados. Um exemplo típico são as organizações
militares;
•• Autoridade funcional, ou dividida – tem como base a especialização, o conhecimento.
Cada subordinado reporta-se a vários superiores, de acordo com a especialidade de cada
um - autoridade é parcial e relativa. Nenhum superior tem autoridade total. Ex.: médicos
em um hospital;
•• Autoridade de Staff, ou de Assessoria – com base no aconselhamento e assessoramento,
visando orientar e dar suporte a decisões. Ex.: assessoria jurídica, assessoria de imprensa,
consultoria em gestão, etc.

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1.1.3.2. Responsabilidade
Dever de desempenhar a tarefa ou atividade, ou cumprir um dever para o qual se foi designado.
Dentro dos princípios da divisão do trabalho, especialização e hierarquia, cada departamento
ou cargo recebe uma determinada quantidade de responsabilidades. Nessa relação contratual,
tais áreas/cargos concordam em executar certos serviços em troca de retribuições ou
compensações financeiras.

O grau de responsabilidade é, geralmente, proporcional ao grau de autoridade da pessoa.


Dessa forma, os cargos de alto escalão possuem maior autoridade e responsabilidade que os
cargos mais baixos.

1.1.4. Amplitude de Controle


Amplitude administrativa (ou amplitude de comando, ou de controle) é o número de
subordinados que um gestor tem sob seu comando/supervisão.

Uma decisão importante no processo de organização é a definição da amplitude ideal de


comando, ou seja, a quantidade de pessoas que um chefe tem capacidade de gerir com eficácia.
Há vários critérios para se determinar esse número, por exemplo:

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CRITÉRIOS AMPLITUDE MENOR AMPLITUDE MAIOR


(4 a 5 pessoas (8 a 11 pessoas
supervisionadas) supervisionadas)
Similaridade das terefas. Os membros da equipe têm tarefas As tarefas dos membros da equipe
distintas uns dos outros. são iguais.
Proximidade geográfica. Equipe dispersa. Todos juntos.
Complexidade das tarefas Tarefas altamente complexas e Tarefas simples e repetitivas.
supervisionadas. variadas.
Necessidade de controle Equipe precisa de controle e Equipe é capaz de trabalhar
sobre a equipe. direção. sozinha.
Relações com outras Muitas relações, exigindo esforço Relações mínimas com outras
equipes. de coordenação. equipes.
Necessidade de Grande necessidade de análise e Tarefas mecânicas, sem
planejamento. resoluções de problemas. necessidade de planejamento.

Um número de subordinados maior do que a amplitude de controle gera perda de controle;


desmotivação; ineficiência nas comunicações; decisões demoradas e mal estruturadas; e queda
no nível de qualidade do trabalho.
Um número de subordinados menor do que a amplitude de controle gera capacidade
ociosa do chefe; custos administrativos maiores; falta de delegação; desmotivação; e pouco
desenvolvimento profissional dos subordinados.

1.1.5. Centralização e Descentralização


Muito cuidado! Na disciplina de Administração os conceitos de Centralização e de
Descentralização são distintos daqueles utilizados no Direito Administrativo. Na Administração,
esses conceitos estão ligados ao poder, ou seja, se um chefe centraliza ou descentraliza seus
poderes de decisão e de comando.
O termo centralização se refere ao grau em que o processo decisório está concentrado em um
único ponto da organização. O conceito inclui apenas a autoridade formal, ou seja, os direitos
inerentes de uma posição.
Dizemos que uma organização é centralizada quando sua cúpula toma todas as decisões
essenciais com pouca ou nenhuma participação dos níveis inferiores. Por outro lado, quanto
maior a participação dos níveis inferiores no processo decisório, maior a descentralização.

1.1.5.1. Centralização
É a concentração do poder decisório no topo da organização. Isso facilita o controle e
coordenação das atividades, além de padronizar as decisões e torná-las mais consistentes com
os objetivos globais da instituição.
Parte do princípio de que as pessoas do topo usualmente são mais bem treinadas e preparadas
para decisões, eliminando esforços duplicados de vários tomadores de decisão e reduzindo
custos operacionais.

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As principais desvantagens da centralização são: as decisões ficam distanciadas dos fatos e
circunstâncias, pois os tomadores de decisão têm pouco contato com as partes envolvidas e com
a situação operacional; maior demora na tomada de decisão, pois depende da disponibilidade
do gestor; as decisões passam pela cadeia escalar, dando margem a distorções e erros de
comunicação.

1.1.5.2. Descentralização
O poder decisório é deslocado para os níveis mais baixos da administração (fica distribuído pelos
diversos níveis hierárquicos). É uma tendência moderna, pois proporciona maior autonomia
aos cargos mais baixos e alivia a carga decisória da alta administração.
A descentralização altera a divisão do trabalho (e das decisões) entre os cargos e os
departamentos. Por causa disso, é mais duradoura e tem mais alcance que a delegação (que
ocorre entre pessoas).
As vantagens são: melhoria da qualidade das decisões, pois os gerentes médios ficam mais
próximos da operação e, portanto, conhecem melhor a realidade; melhoria no aproveitamento
das pessoas, com aumento da motivação, da criatividade e da autonomia; alivia os chefes
principais do excesso de trabalho decisório; agilidade e eficiência: a organização responde de
forma mais rápida.
As desvantagens são: falta de uniformidade das decisões; insuficiente aproveitamento dos
especialistas centrais; necessidade de maior estrutura de apoio.

1.1.5.3. Delegação
Delegação é a transferência de determinado nível de autoridade de um chefe para seu
subordinado, criando o correspondente compromisso pela execução da tarefa delegada.
A delegação pode alcançar apenas tarefas específicas ou um conjunto de tarefas.
Cuidado: não confundir a responsabilidade funcional/de execução com a responsabilidade
final/do cargo. Diversos autores afirmam que a responsabilidade final do cargo não pode ser
delegada. Delega-se apenas a execução, ou seja, a responsabilidade pelo bom desempenho
de uma tarefa e a respectiva autoridade para executá-la. A responsabilidade final pelo
cumprimento permanece com o delegante e, dessa forma, ele é o verdadeiro responsável e
deve manter supervisão aos delegados para que cumpram as funções. No serviço público, há
previsão legal (leis, resoluções, regimentos internos) explicitando responsabilidades e o que
pode ou não ser delegado.
Algumas considerações importantes sobre delegação: a autoridade deve ser delegada até o
ponto, e na medida necessária, para a realização dos resultados esperados; a autoridade deve
ser proporcional ao nível de responsabilidade alocada no cargo e/ou função considerada; a
responsabilidade não pode ser delegada, pois nem o chefe nem o subordinado podem livrar-se,
totalmente, de suas obrigações, designando outros para realizá-las; e a clareza na delegação é
fundamental, com designação precisa, entendida e aceita por todos os envolvidos no processo.

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Administração – Princípios da Organização do Trabalho – Prof. Rafael Ravazolo

Técnicas de delegação:
•• Delegar a tarefa inteira, autoridade e responsabilidade (pela tarefa);
•• Delegar à pessoa certa – nem todas as pessoas têm capacidade e motivação;
•• Comunicação com o subordinado para esclarecer dúvidas e manter controle;
•• Avaliar e recompensar o desempenho.
No quadro a seguir são citadas as principais diferenças entre descentralizar e delegar.

DESCENTRALIZAÇÃO DELEGAÇÃO
•• Ligada ao cargo. •• Ligada à pessoa.
•• Geralmente atinge vários níveis •• Atinge um nível hierárquico.
hierárquicos. •• Caráter mais informal.
•• Caráter mais formal.
•• Menos pessoal. •• Mais pessoal.
•• Mais estável no tempo. •• Menos estável no tempo.

1.1.6. Formalização
A formalização se refere ao grau em que as tarefas dentro da organização são padronizadas.
Quando uma tarefa é muito padronizada, seu responsável tem pouca autonomia para decidir o
que, quando e como deve ser realizado. A padronização não apenas elimina a possibilidade de
os funcionários adotarem comportamentos alternativos, como também elimina a necessidade
de eles buscarem alternativas.
O grau de formalização pode variar muito entre as organizações e dentro de uma mesma
empresa.

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Slides – Princípios da Organização do Trabalho

Princípios da
Organização do Trabalho

Princípios da Organização do Trabalho


• Seis elementos-chave para formular a estrutura organizacional:
‒ Especialização
‒ Departamentalização
‒ Cadeia de Comando
‒ Amplitude de Controle
‒ Centralização/Descentralização
‒ Formalização

• Princípios Básicos da Organização do Trabalho:


‒ Racionalismo
‒ Divisão do trabalho
‒ Especialização
‒ Hierarquia
‒ Amplitude administrativa
2

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Administração – Princípios da Organização do Trabalho – Prof. Rafael Ravazolo

Princípios da Organização do Trabalho


Pergunta Resposta
Até que ponto as atividades podem ser subdivididas
Especialização do Trabalho
em tarefas separadas?
Qual a base (critério) para o agrupamento das tarefas? Departamentalização
Cadeia de Comando -
A quem as pessoas/grupos vão se reportar?
Hierarquia
Quantas pessoas cada chefe pode dirigir com
Amplitude de Controle
eficiência e eficácia?
Onde fica a autoridade no processo decisório? Quem Centralização e
detém o poder de decisão? Descentralização
Até que ponto haverá regras/normas para dirigir as
Formalização
pessoas?

Especialização
• Divisão do Trabalho: é a maneira pela qual um processo complexo
pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas, gerando
maior produtividade e rendimento do pessoal envolvido.
• Especialização: consequência da divisão do trabalho - cada órgão ou
cargo passa a ter funções e tarefas específicas e especializadas.
‒ Vertical e Horizontal

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Especialização
• Limites: até que ponto as atividades podem ser subdivididas em
tarefas separadas?

Departamentalização
• Especialização Horizontal
• Depois de dividir o trabalho por meio da especialização, é
necessário agrupar as atividades para que as tarefas comuns
possam ser coordenadas.
• Departamentalizar = agrupar as atividades e correspondentes
recursos (humanos, materiais e tecnológicos) em unidades, de
acordo com um critério específico de homogeneidade.
• Que critérios usar para agrupar?
‒Critérios mais comuns: por função (funcional); por produtos
e serviços; geográfica (territorial, regional); por clientes; por
processo; por projeto; matricial e mista.

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Cadeia de Comando - Hierarquia


• Especialização vertical.
• Se o funcionário tem um problema, com quem deve falar? A
quem deve se reportar? Que ordens deve obedecer?
• Princípio escalar: à medida que se sobe na escala hierárquica,
aumenta o volume de autoridade (e de responsabilidade) do
administrador.

Hierarquia - Autoridade
É o direito formal que a chefia tem de alocar recursos e de exigir
o cumprimento de tarefas por parte dos funcionários.
• É alocada em posições da organização e não em pessoas.
• Flui desde o topo até a base da organização.
• É aceita formalmente - racionalmente.

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Hierarquia – Tipos de Autoridade
o Autoridade linear, ou única;
o Autoridade funcional, ou dividida;
o Autoridade de Staff, ou de Assessoria.

Hierarquia - Responsabilidade
• Dever de desempenhar a tarefa / atividade / função para a qual
a pessoa foi designada.

10

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Administração – Princípios da Organização do Trabalho – Prof. Rafael Ravazolo

Amplitude de Controle
• Outros nomes: Amplitude administrativa, de comando.
• Número de subordinados que um gestor tem sob seu
comando/supervisão.

Estrutura achatada Estrutura aguda


– muitos subordinados e poucos chefes – muitos chefes e poucos subordinados

11

Amplitude Administrativa
• Decisão importante: quantas pessoas cada chefe
pode dirigir com eficiência e eficácia?

12

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Centralização x Descentralização
• Cuidado: definição distinta no Direito Administrativo
• Na Administração = poder de decisão dentro da organização.
‒Onde está o poder formal de tomar decisões?
o Centralizar é concentrar o poder de decisão no topo da
hierarquia;
o Descentralizar é distribuir o poder de decisão nos
diferentes níveis hierárquicos.

13

Centralização x Descentralização
• Centralização - maior concentração de poder decisório no topo.
• Vantagens:
‒ Facilita o controle e coordenação das atividades da organização;
‒ O chefe é quem usualmente está mais bem treinado e preparado;
‒ As decisões são mais consistentes com os objetivos globais da
organização;
‒ Elimina esforços duplicados de vários tomadores de decisão e reduz
custos operacionais.
• Desvantagens:
‒ As decisões ficam distanciadas dos fatos e circunstâncias;
‒ Os tomadores de decisão têm pouco contato com as partes
envolvidas e com a situação;
‒ Maior demora na tomada de decisão;
‒ As decisões passam pela cadeia escalar, permitindo distorções e erros
no processo de comunicação dessas decisões.
14

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Administração – Princípios da Organização do Trabalho – Prof. Rafael Ravazolo

Centralização x Descentralização
• Descentralização - menor concentração do poder decisório no
topo.
‒ É uma tendência nas organizações modernas.
• Vantagens:
‒ A decisão é delegada para pessoas/posições mais próximas da ação;
‒ Aumenta a eficiência, a motivação, a criatividade e a independência;
‒ Permite a formação de executivos locais mais motivados e
conscientes de seus resultados;
‒ Agilidade – a organização responde de forma mais rápida.
• Desvantagens:
‒ Falta de uniformidade das decisões;
‒ Insuficiente aproveitamento dos especialistas;
‒ Falta de equipe apropriada no campo de atividades.
15

Delegação
• Transferência de determinado nível de autoridade de um chefe para seu
subordinado, criando o correspondente compromisso pela execução da
tarefa delegada.
‒ Não confundir a responsabilidade funcional/de execução com a
final/do cargo.
o A responsabilidade final não pode ser delegada, pois nem o chefe nem o
subordinado podem livrar-se totalmente de suas obrigações, designando
outros para realizá-las;
‒ Delegação na medida necessária para alcançar os resultados
esperados;
‒ A autoridade deve ser proporcional ao nível de responsabilidade do
cargo
‒ A clareza na delegação é fundamental.
16

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Descentralização X Delegação

17

Formalização
• A formalização se refere ao grau em que as tarefas dentro da
organização são padronizadas.
‒Tarefa muito padronizada = pouca autonomia; menor
possibilidade de os funcionários adotarem comportamentos
alternativos, como também elimina a necessidade de eles
buscarem alternativas.

• O grau de formalização pode variar muito entre as organizações


e dentro de uma mesma empresa.

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Noções de Administarção

1. DEPARTAMENTALIZAÇÃO

A especialização do trabalho pode ocorrer em duas direções: vertical e horizontal.


A especialização vertical é um desdobramento da autoridade e implica o aumento de níveis
hierárquicos. A especialização horizontal ocorre quando há necessidade de um maior número
de órgãos (unidades, departamentos) especializados num mesmo nível hierárquico para facilitar
a coordenação do trabalho e dar eficiência às atividades. Departamentalização, portanto, é a
especialização horizontal.
Departamentalizar é agrupar as atividades e correspondentes recursos (humanos, materiais e
tecnológicos) em unidades, de acordo com um critério específico de homogeneidade.
O conjunto de departamentos forma a estrutura organizacional e é representado graficamente
por meio do organograma da empresa.
A departamentalização pode ocorrer em pequenas empresas, mas é uma característica típica
das médias e grandes organizações e é diretamente relacionada com a complexidade das
operações.

1.1. Princípios da Departamentalização


1. Maior uso: o departamento que utiliza mais uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição;

2. Maior interesse: o departamento que tiver mais interesse sob uma atividade deve
supervisioná-la;

3. Separação do controle: as atividades de controle devem ser autônomas, independentes e


separadas das atividades que estão sendo controladas;

4. Supressão da concorrência: eliminar a concorrência entre departamentos.

1.2. Abordagens
A abordagem Funcional segue o princípio da especialização, separando departamentos de
acordo com a função desempenhada por cada um na organização (produção, finanças, RH,
vendas, etc.).
A abordagem Divisional segue o princípio das unidades de negócio autônomas (unidades
estratégicas de negócio) e cada gestor é responsável pelos resultados de sua unidade. Essa
abordagem cria departamentos autossuficientes - cada divisão possui suas próprias funções

www.acasadoconcurseiro.com.br 655
operacionais (conjunto de especialistas, áreas funcionais), permitindo que atue de forma
praticamente autônoma, prestando contas apenas à cúpula administrativa da empresa. É
mais indicada em organizações que produzem diferentes produtos/serviços para diferentes
mercados/clientes, pois cada divisão focaliza um mercado/cliente independente. Dentro
de abordagem divisional existem variantes, que servem para alcançar diferentes resultados
esperados de uma organização e que se baseiam em: Produtos ou serviços, Localização
Geográfica, Clientes, Projetos, etc.
Essas duas abordagens definem os critérios (tipos) mais comuns de Departamentalização: por
função (funcional); por produtos e serviços; geográfica (territorial, regional); por clientes; por
processo; por projeto; matricial; mista.

1.3. Departamentalização por Função (Funcional)

É a divisão lógica de acordo com as funções especializadas que são realizadas na organização.
Cada área (departamento) passa a ser responsável por uma função organizacional específica
(Marketing, RH, Finanças, Produção, Logística, etc.).
A Departamentalização Funcional cria áreas especializadas a partir do agrupamento de
funções ou atividades semelhantes, assim, todos os especialistas em determinada função
ficam reunidos: todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabilidade, todo o pessoal de
compras, e assim por diante.
É considerado o tipo mais comum encontrado nas empresas.
A organização foca em si mesma (introversão), sendo indicada para ambientes estáveis, de
poucas mudanças, com desempenho continuado e tarefas rotineiras. É utilizada, portanto, em
empresas cujas atividades sejam bastante repetitivas, altamente especializadas e com poucas
linhas de produtos/serviços.
O administrador principal tem pleno controle dos destinos da organização, entretanto, se o
tamanho aumenta muito, certos problemas podem surgir: excessiva especialização (novas
camadas funcionais e novos cargos especializados); estrutura tende a tornar-se complexa,
piramidal e feudal, acarretando um distanciamento dos objetivos principais.

656 www.acasadoconcurseiro.com.br
Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

1.3.1. Vantagens
•• Agrupa vários especialistas de um mesmo assunto em uma mesma unidade;
•• Estabilidade nas atividades e relacionamentos;
•• Simplifica o treinamento e orienta as pessoas para uma função específica, concentrando
sua competência e habilidades técnicas;
•• Permite economia de escala pelo uso integrado de pessoas, máquinas e produção em
massa;

1.3.2. Desvantagens
•• Foco na especialidade em detrimento do objetivo organizacional global (cria feudos devido
à ênfase dos funcionários na própria especialidade);
•• Comunicação e cooperação deficiente entre departamentos;
•• Inadequada para ambiente e tecnologia em constante mudança, pois dificulta a adaptação
e a flexibilidade.

1.4. Departamentalização por Produtos ou Serviços

•• Agrupa as atividades e decisões de acordo com os produtos ou serviços executados -


todas as atividades requeridas para suprir um produto ou serviço deverão ficar no mesmo
departamento, atuando com foco no resultado final.
•• É realizada quando as atividades inerentes a cada um dos produtos ou serviços possuem
diferenciações significativas e necessidades específicas e, por isso, fica mais fácil administrar
cada produto/serviço individualmente.
•• Indicada para circunstâncias externas e mutáveis, pois induz à cooperação entre
especialistas e à coordenação de seus esforços para um melhor desempenho do produto.

1.4.1. Vantagens
•• Fortalece a especialização no produto: fixa a responsabilidade de cada departamento para
um produto/serviço ou linha de produto/serviço, pois cada uma dessas divisões funciona
como uma unidade de resultados;
•• Facilita a coordenação entre as diferentes áreas dentro de cada divisão: a preocupação
principal é o produto e as atividades das áreas envolvidas que dão pleno suporte;

www.acasadoconcurseiro.com.br 657
•• Permite maior flexibilidade: as unidades produtivas podem ser maiores ou menores,
conforme as condições;
•• Facilita a inovação, pois requer cooperação e comunicação dos vários grupos que
contribuem para gerar o produto.
1.4.2. Desvantagens
•• Enfraquece a especialização funcional: dispersa os especialistas nas diversas divisões
orientadas para os produtos;
•• Gera custos operacionais elevados pela duplicidade de atividades, por isso não é indicada
para circunstâncias externas não mutáveis e para empresas com pouca variabilidade dos
produtos;
•• É difícil coordenar políticas gerais da organização;
•• Em situações de instabilidade externa, pode gerar temores e ansiedades na força de
trabalho de determinada linha de produto, em função da possibilidade de desemprego;
•• Pode desestabilizar a estrutura caso um gerente de produto adquira muito poder.

1.5. Departamentalização Geográfica (territorial, regional)


Tem ênfase territorial, na cobertura geográfica: cria departamentos tendo como critério os
locais onde o trabalho será desempenhado, ou então a área de mercado a ser servida pela
empresa. Todas atividades em determinado território são de responsabilidade de um gestor.
É utilizada geralmente por empresas que cobrem grandes áreas geográficas e cujos mercados
são extensos e diversificados (clientes e recursos dispersos), ou seja, quando as circunstâncias
externas indicam que o sucesso da organização depende particularmente do seu ajustamento
às condições e às necessidades de cada local e/ou região. A orientação da empresa, portanto, é
mercadológica (extroversão).
Exemplos: as empresas multinacionais têm este nome justamente por utilizarem a estratégia
geográfica para suas operações fora do país onde estão sediadas; lojas e empresas possuem
filiais em diversas localidades; agências bancárias; varas judiciais espalhadas pelo interior dos
estados.

1.5.1. Vantagens
•• Foco mercadológico: amplia a área de atuação, atingindo maior número de clientes/
fornecedores;
•• Fortalece especialização quanto ao local: agilidade e vantagem competitiva pelo maior
conhecimento do local;

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Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

•• Permite fixar a responsabilidade de lucro e de desempenho no comportamento local ou


regional, além de encorajar os executivos a pensar em termos de sucesso de território;
•• As características da empresa podem acompanhar adequadamente as variações de
condições e características locais.
1.5.2. Desvantagens
•• Dificuldade de coordenar políticas gerais da organização: o enfoque territorial pode deixar
em segundo plano a coordenação da empresa como um todo (aspectos de planejamento,
execução e controle), em face do grau de liberdade e autonomia nas regiões;
•• Enfraquece especialização funcional: a preocupação estritamente territorial concentra-
se mais nos aspectos mercadológicos e de produção e quase não requer apoio dos
especialistas (staff) da matriz da empresa.
•• Duplicação de instalações e de funções;
•• Em situações de instabilidade externa em determinada região, pode gerar temores e
ansiedades na força de trabalho em função da possibilidade de desemprego ou prejuízo
funcional.

1.6. Departamentalização por Clientes


•• Agrupa as atividades de acordo com o tipo de pessoa/grupo/empresa para quem o trabalho
é executado.
•• É indicado quando a organização atende a grupos de clientes com necessidades bastante
distintas (de acordo com idade, sexo, nível socioeconômico, etc.). Cada departamento
serve a um grupo de clientes – os clientes são determinantes para o sucesso do negócio e
requerem diferentes abordagens para vendas, produtos, serviços, etc.
•• Estrutura a empresa “de fora para dentro” (extroversão), enquanto a departamentalização
funcional, por exemplo, estrutura “de dentro para fora”.

1.6.1. Vantagens
•• Atendimento personalizado: quando a satisfação do cliente é o aspecto mais crítico da
organização, ou seja, quando um tipo de cliente é o mais importante, e os produtos e
serviços devem ser adaptados às suas necessidades;
•• Dispõe os executivos e todos os participantes da organização para satisfazer as necessidades
e os requisitos dos clientes;
•• Possibilita conhecimento e atendimento contínuo e rápido às necessidades específicas de
diferentes tipos de clientes.

www.acasadoconcurseiro.com.br 659
1.6.2. Desvantagens
•• As demais atividades da organização – produção, finanças – podem se tornar secundárias
ou acessórias, em face da preocupação compulsiva com o cliente;
•• Os demais objetivos da organização – lucratividade, produtividade – podem ser deixados
de lado ou sacrificados;
•• Pode gerar conflitos com outras áreas em função de tratamentos preferenciais a certos
clientes.

1.7. Departamentalização por Processo


Processo é uma sequência de atividades inter-relacionadas que transforma insumos (entradas)
em produtos (saídas).
Seguindo esse conceito, a departamentalização por processos agrupa as atividades de acordo
com as etapas de um processo. Também denominada departamentalização por fases do
processo, por processamento ou por equipamento, nela cada departamento é responsável por
uma fase do processo.
Ela é utilizada quando o produto final é tão complexo que se faz necessário fabricá-lo a partir
da divisão em processos menores, com linhas de produção distintas. Ela representa a influência
da tecnologia utilizada pela empresa em sua estrutura organizacional.
Os departamentos funcionam como elos de uma corrente, interligando as etapas de produção
do início ao fim do processo. O resultado é uma estrutura horizontal direcionada para o
atendimento das necessidades dos clientes.
A principal característica da organização por processos é ação coordenada entre os
departamentos - as funções trabalham de forma coordenada, por meio de comunicação entre
todos os departamentos envolvidos, para aumentar a eficiência ao longo de todo o processo.
Exemplo: indústria automobilística - uma linha de produção é um arranjo físico de máquinas e
equipamentos. Essa linha define o agrupamento de pessoas e de materiais para processar as
operações.

A departamentalização por Processos é semelhante à por produtos/serviços. A diferença


é que na departamentalização por produtos/serviços o foco é o produto final, enquanto na
abordagem por processos são focados os fluxos de trabalho em si, cada um gerando partes do
produto final.

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Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

1.7.1. Vantagens
•• Foco no resultado – permite melhor atendimento das necessidades dos clientes;
•• Alta responsabilização e engajamento da equipe e do gerente de projetos;
•• Permite a concentração de recursos e especialistas para realizar um trabalho complexo;
•• É uma estrutura organizacional flexível e mutável, que se adapta às necessidades de cada
projeto;
•• Melhoria no controle da execução – cumprimento de prazos e orçamentos.

1.7.2. Desvantagens
•• Isolamento da equipe no seu projeto - como cada equipe está focada em seu próprio
projeto, não há comprometimento com a empresa e há dificuldade de comunicação entre
os projetos realizados pela organização (dificuldade de coordenar políticas gerais);
•• Em projetos muito grandes, podem ocorrer dificuldades no gerenciamento da equipe;
•• Duplicação de esforços quando dois ou mais especialistas trabalham em um mesmo
problema ou assunto, mas em projetos diferentes;
•• Cada projeto é único, inédito, e envolve muitas habilidades e conhecimentos dispersos na
empresa ao longo de seu ciclo de execução. Assim, quando termina uma fase, ou mesmo
o projeto, a empresa pode ser obrigada a dispensar pessoal ou a paralisar máquinas e
equipamentos se não tiver outro projeto em vista;

1.8. Departamentalização Matricial


Chama-se matricial, pois combina dois ou mais tipos de departamentalização, formando uma
grade, conforme a figura a seguir.
Pode ser definida, também, como a combinação da abordagem divisional com a funcional, ou
então, conforme o tipo mais comum, a combinação da departamentalização funcional com a
de projetos.

Do ponto de vista evolutivo, a departamentalização matricial surgiu porque as formas


tradicionais não eram eficazes para lidar com atividades complexas, envolvendo varias áreas do

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conhecimento e prazos determinados para sua realização. O desenho em matriz permite extrair
vantagens e minimizar as fraquezas de ambas as estruturas (funcional e de produto/projeto).
As unidades de trabalho são os projetos, enquanto os órgãos permanentes (funcionais) atuam
como prestadores de serviços, cedendo pessoas e outros recursos. Como a organização de cada
projeto é temporária, após sua conclusão, as pessoas são alocadas em novos projetos ou então
ficam exclusivamente em suas áreas funcionais.
Por ser uma estrutura híbrida, cada departamento passa a ter uma dupla subordinação (segue
orientação dos gerentes funcionais e dos gerentes de produto/projeto simultaneamente), com
isso, o princípio da unidade de comando deixa de existir.
A autonomia e o poder relativo de cada gestor seriam decorrentes da ênfase dada pela empresa
aos projetos ou às funções tradicionais, gerando três possíveis estruturas:
•• Matricial forte: ênfase nos projetos: possui muitas das características da organização
por projeto. Podem ter gerentes de projetos com autoridade considerável e pessoal
trabalhando para o projeto em tempo integral. O poder do gerente do projeto é soberano e
as atividades funcionais ordinárias (RH, Marketing, etc.) ficam em segundo plano (quando
não são terceirizadas).
•• Balanceada: embora reconheça a necessidade de um gerente de projetos, não fornece a
ele autoridade total e os recursos financeiros do projeto.
•• Matricial fraca: ênfase funcional: mantém muitas das características de uma organização
funcional e a função do gerente de projetos é mais parecida com a de um coordenador ou
facilitador que com a de um gerente. Os gerentes funcionais possuem mais poder que os
de projeto, criando grandes conflitos e dificultando o alcance dos resultados.
O quadro a seguir mostra as características das estruturas funcional, matricial e de projetos.

1.8.1. Vantagens
•• Maior versatilidade e otimização dos recursos;
•• Forma efetiva para conseguir resultados ou resolver problemas complexos;
•• Mais fortemente orientada para resultados;

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Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

•• Maior grau de especialização.

1.8.2. Desvantagens
•• Ambiguidade de papéis e relações das pessoas - conflito de interesses entre linha e projeto;
•• Duplicidade de autoridade e comando.

1.9. Departamentalização Mista


É praticamente impossível encontrar, na prática, a aplicação pura de um único tipo de
departamentalização em toda uma empresa. Geralmente encontrar-se uma reunião de diversos
tipos de departamentalização (abordagem multidivisional) em todos os níveis hierárquicos, a
qual se denomina Departamentalização Mista ou Combinada.

Há outros tipos menos difundidos de departamentalização (por quantidade, por turno, por
área do conhecimento etc.), que acabam sendo cópias conceituais dos apresentados aqui e,
por isso, não foram detalhados.

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Slides – Departamentalização

Departamentalização  
• O  que  é  departamentalizar;  

• Tipos  de  departamentalização;  

• Vantagens  e  desvantagens  de  cada  ;po.  

Departamentalização  

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Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

Departamentalização  
Departamentalizar  é  agrupar  as  a1vidades  e  
correspondentes  recursos  (humanos,  materiais  e  
tecnológicos)  em  unidades,  de  acordo  com  um  critério  
específico  de  homogeneidade.  

• Pode  ocorrer  em  pequenas  empresas,  mas  é  uma  caracterís9ca  


:pica  das  médias  e  grandes  organizações;  
‒ Diretamente  relacionada  à  complexidade  das  a9vidades.  

Departamentalização  
Princípios:   Tipos/critérios:  
1-­‐  Maior  uso   •  Funcional  
2-­‐  Maior  interesse   •  Produtos  ou  Serviços  
3-­‐  Separação  do  controle   •  Geográfica/Territorial  
4-­‐  Supressão  da  concorrência    
•  Clientes  
•  Processos  
Abordagens:   •  Projetos  
1  –  Funcional:  especialização  por  função   •  Matricial  e  Mista  
2  –  Divisional:  unidades  autônomas  –   (mulAdivisional)  
divisão  por  objeAvo/finalidade  
•  Outros:  quanAdade,  turno  

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Departamentalização  por  função  (funcional)  
•    Considerado  o  8po  mais  comum.  
•  Segue  o  princípio  da  especialização:  agrupa  as  a8vidades  de  acordo  com  
as  funções  especializadas  desenvolvidas  dentro  da  organização.    
•  Indicada  para  situações  estáveis:  poucos  8pos  de  produtos,  a8vidades  
repe88vas  e  altamente  especializadas,  com  pouca  mudança  e  pouca  
necessidade  de  integração.  

Departamentalização  funcional  

• Vantagens:  
‒ Especialização:  agrupa  vários  especialistas  e  garante  pleno  
uso  das  habilidades  técnicas  das  pessoas;  
‒ Estabilidade  nas  a@vidades  e  relacionamentos;  
‒ Simplifica  o  treinamento  e  orienta  as  pessoas  para  uma  
a@vidade  específica,  concentrando  suas  competências.  
‒ Permite  economia  de  escala  pelo  uso  integrado  de  pessoas,  
máquinas  e  produção  em  massa;  

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Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

Departamentalização  funcional  

• Desvantagens:  
‒ Visão  parcial  da  organização:  foco  na  especialidade  em  
detrimento  do  obje<vo  organizacional  global;  
‒ Reduz  a  cooperação  e  comunicação  interdepartamental  –  a  
ênfase  na  própria  área  cria  feudos  de  especialização;  
‒ Dificulta  a  adaptação  e  a  flexibilidade:  inadequada  para  ambiente  
e  tecnologia  em  constante  mudança;  
‒ Se  o  tamanho  aumenta  muito,  pode  ocorrer  excessiva  
especialização  (novas  camadas  funcionais  e  novos  cargos  
especializados),  tornando  a  estrutura  complexa.  
7

 
Departamentalização  por  produtos  ou  serviços  
•    Orientada  para  resultados  dos  produtos/serviços.  
•  Indicada  quando  as  a:vidades  inerentes  a  cada  um  dos  produtos  ou  
serviços  possuem  diferenciações  significa:vas  e,  por  isso,  fica  mais  fácil  
administrar  cada  produto/serviço  individualmente.  
•  Indicada  para  circunstâncias  externas  mutáveis.  

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Departamentalização  por  produtos  ou  serviços  
• Vantagens:  
‒ Fortalece  especialização  no  produto:  fixa  a  responsabilidade  de  
cada  departamento  para  um  produto/serviço  ou  linha  de  
produto/serviço;  
‒ Facilita  a  coordenação  interdepartamental  dentro  da  divisão  –  a  
preocupação  principal  é  o  produto;  
‒ Permite  maior  flexibilidade:  as  unidades  produDvas  podem  ser  
maiores  ou  menores,  conforme  as  condições;  
‒ Facilita  a  inovação,  pois  requer  cooperação  e  comunicação  dos  
vários  grupos  que  contribuem  para  gerar  o  produto;  

Departamentalização  por  produtos  ou  serviços  


• Desvantagens:  
‒ Enfraquece  especialização  funcional:  dispersa  os  especialistas;  
‒ Duplicidade  de  a<vidades  em  cada  linha  de  produto  –  aumenta  
custos  operacionais;  
‒ Dificuldade  de  coordenar  polí<cas  gerais  da  organização;  
‒ Em  situações  de  instabilidade  externa,  pode  gerar  temores  e  
ansiedades  na  força  de  trabalho,  em  função  da  possibilidade  de  
desemprego;  
‒ Pode  desestabilizar  a  estrutura  caso  um  gerente  de  produto  
adquira  muito  poder.  

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Noções de Administração – Departamentalização – Prof.Rafael Ravazolo

 
Departamentalização  geográfica  (territorial)  
 •  Ênfase  territorial  –  cobertura  geográfica:  departamentos  
de  acordo  com  o  local  de  trabalho  será  desempenhado,  ou  então  a  
área  de  mercado  que  será  atendida  pela  empresa.  
‒ Todas  aDvidades  em  determinado  território  são  de  responsabilidade  
de  um  departamento/gestor.  
•  Indicada  quando  o  sucesso  da  organização  depende  do  ajuste  às  
condições  e  às  necessidades  de  cada  local  e/ou  região.  

11

Departamentalização  geográfica  
• Vantagens:  
‒ Foco  mercadológico:  amplia  a  área  de  atuação,  a=ngindo  maior  
número  de  clientes  /  fornecedores;  
‒ Fortalece  especialização  quanto  ao  local:  agilidade  e  vantagem  
compe==va  pelo  maior  conhecimento  do  local;  
‒ Permite  fixar  a  responsabilidade  de  lucro  e  de  desempenho  no  
comportamento  local;  
‒ Ações  mais  rápidas:  as  caracterís=cas  da  empresa  podem  acompanhar  
adequadamente  as  variações  locais.  
• Desvantagens:  
‒ Dificuldade  de  coordenar  polí=cas  gerais  da  organização;  
‒ Enfraquece  especialização  funcional;  
‒ Duplicação  de  instalações  e  de  funções;  
‒ Instabilidade  local  causa  temores.  
12

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Departamentalização  por  Clientes  
 •  Ênfase  nas  necessidades  de  cada  6po  de  cliente:  caracterís6cas  da  
pessoa/grupo/empresa  para  quem  o  trabalho  é  executado.  
•  Indicada  quando  a  organização  atende  a  grupos  de  clientes  com  
necessidades  bastante  dis6ntas  (de  acordo  com  idade,  sexo,  nível  
socioeconômico,  etc.)  
•  Estruturação  “de  fora  pra  dentro”.  

13

Departamentalização  por  Clientes  


• Vantagens:  
‒ Atendimento  personalizado,  conforme  o  ;po  de  cliente;  
‒ Concentração  de  recursos  e  conhecimentos  sobre  as  dis;ntas  
necessidades  e  exigências  dos  clientes.  
‒ Atendimento  conCnuo  e  rápido  às  necessidades  específicas  de  
diferentes  ;pos  de  clientes.  
• Desvantagens:  
‒ As  demais  a;vidades  da  organização  (produção,  finanças)  podem  se  
tornar  secundárias,  devido  à  preocupação  compulsiva  com  o  cliente;  
‒ Os  demais  obje;vos  da  organização  (lucra;vidade,  produ;vidade)  
podem  ser  deixados  de  lado  ou  sacrificados.  
‒ Pode  gerar  conflitos  com  outras  áreas  em  função  de  tratamentos  
preferenciais  a  certos  clientes.  
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Departamentalização  por  Processo  
  a4vidades  são  agrupadas  de  acordo  com  as  etapas  de  um  
• As  
processo  –  elos  de  uma  corrente.  
• É  u4lizada  quando  o  produto  final  é  tão  complexo  que  se  faz  
necessário  fabricá-­‐lo  a  par4r  da  divisão  em  processos  menores.  
• Estrutura  horizontal  –  coordenação  das  a4vidades.  

15

Departamentalização  por  Processo  


• Vantagens:  
‒ Fixa  a  responsabilidade  e  gera  união  dos  esforços  do  departamento  
em  determinado  processo;  
‒ Melhor  uso  da  tecnologia;  
‒ Maior  especificação  dos  recursos  alocados;  
‒ Comunicação  mais  rápida;  
‒ Melhor  coordenação  e  avaliação  de  cada  parte  do  processo;  
‒ Maiores  níveis  de  produEvidade  e  de  qualidade.  
• Desvantagens:  
‒ Pode  ocorrer  a  perda  da  visão  global  da  interligação  ou  da  
coordenação  entre  diferentes  processos.  
‒ Quando  a  tecnologia  uElizada  sofre  mudanças  extremas,  a  ponto  de  
alterar  profundamente  o  processo,  este  Epo  de  departamentalização  
mostra-­‐se  pouco  flexível  e  adaptaEvo.   16

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Departamentalização  por  Projeto  
 •  Projeto  =  união  de  recursos  por  um  período  específico,  para  realizar  um  
trabalho  específico,  sob  a  responsabilidade  de  um  coordenador.  
•  Indicada  para  produtos/serviços  complexos,  que  envolvem  grandes  
concentrações  de  recursos  por  um  determinado  tempo,  que  exigem  
tecnologia  sofisDcada,  especialistas  de  diversas  áreas  e  grande  
coordenação  das  aDvidades.    
‒ É  uma  estrutura  organizacional  flexível;  
‒ As  aDvidades  e  as  pessoas  são  temporárias.  

17

Departamentalização  por  Projeto  


• Vantagens:  
‒ Foco  no  resultado;  
‒ Alta  responsabilização  e  engajamento  da  equipe  e  do  gerente;  
‒ Permite  a  concentração  de  recursos  e  especialistas  para  realizar  um  
trabalho  complexo;  
‒ Flexibilidade  -­‐  capaz  de  adaptar-­‐se  às  necessidades  de  cada  projeto;  
‒ Melhoria  no  controle  da  execução  –  prazos,  orçamento,  qualidade.  

• Desvantagens:    
‒ Isolamento  das  equipes  nos  projetos  –  falta  de  compromisso  com  a  
empresa  e  de  comunicação  entre  projetos;  
‒ Dificuldades  no  gerenciamento  da  equipe  em  grandes  projetos;  
‒ Duplicação  de  esforços/especialistas;  
‒ Incertezas  quanto  ao  futuro  quando  acaba  um  projeto.  

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Departamentalização  Matricial  
•  Sobreposição  de  dois  ou  mais  7pos  de  departamentalização.  
•  Combina  dois  7pos  de  estrutura:  abordagem  divisional  e  funcional.  
‒ Tipo  mais  comum:  funcional  +  projetos.  

19

Departamentalização  Matricial  
•  Surgiu  porque  as  formas  tradicionais  não  eram  eficazes  em  
a:vidades  complexas,  envolvendo  várias  áreas  do  conhecimento  e  
prazos  restritos.  
•  Busca  aproveitar  vantagens  e  minimizar  desvantagens  das  
estruturas  simples;  
•  As  unidades  de  trabalho  são  os  projetos,  enquanto  os  órgãos  
permanentes  (funcionais)  atuam  como  prestadores  de  serviços;  
‒ Alocação  temporária  de  pessoas  nos  projetos.  
•  Dupla  subordinação:  
‒ Balanceada:  autoridade  dividida  
‒ Forte  -­‐  de  projetos:  maior  autoridade  para  o  gerente  de  projetos  
‒ Fraca  -­‐  funcional:  maior  autoridade  para  o  gerente  funcional  20

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Departamentalização  Matricial  

21

Departamentalização  Matricial  
• Vantagens  
‒ Maior  versa7lidade  e  o7mização  dos  recursos  humanos;  
‒ Forma  efe7va  para  conseguir  resultados  ou  resolver  problemas  
complexos;  
‒ Mais  fortemente  orientada  para  resultados;  
‒ Maior  grau  de  especialização  nas  a7vidades.  
• Desvantagens  
‒ Dupla  subordinação:    
o  Conflito  linha/projeto  –  ambiguidade  de  papéis  das  pessoas.  
o  Duplicidade  de  autoridade  e  comando.  

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Abordagem  Mul.divisional  
Departamentalização  Mista  

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Administração

1. GESTÃO POR PROCESSOS

1.1. Processos

Processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a
ele e fornece o output a um cliente específico. Esses inputs podem ser materiais, informações,
conhecimento, etc.
O conceito mais intuitivo de processo de trabalho, portanto, é o de transformação. Este conceito
remete a três elementos:

1. O que será transformado – input – a entrada do processo, proveniente de um fornecedor;

2. A transformação – a própria realização do processo;

3. O resultado da transformação – output – saída ou produto do processo, que é destinado a


um cliente.

Obs.: o feedback dá ao processo a sua característica cíclica, representando o reinício das


operações e gerando informações para a melhoria do processo em si.
A ISO 9001 considera “processo” como um conjunto de atividades inter-relacionadas que
transforma insumos (entradas) em produtos (saídas).
Para a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) é um conjunto de atividades preestabelecidas
que, quando executadas numa determinada sequência, vão conduzir a um resultado esperado,
o qual assegura o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes e de outras partes
interessadas.

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O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) define processos
como um conjunto de decisões que transformam insumos em valores gerados ao cliente/
cidadão. Esse conceito amplia a ideia de processos como meros fluxos operacionais (sequências
de atividades) e destaca o compromisso de satisfazer as necessidades dos clientes/cidadãos,
bem como a competência humana de tomar decisões.
O Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio (CBOK 3.0 - 2013) define processo
como uma agregação de atividades e comportamentos executados por humanos ou máquinas
para alcançar um ou mais resultados. Essas atividades inter-relacionadas solucionam uma
questão específica (entregam valor ao cliente ou apoiam/gerenciam outros processos) e são
governadas por regras de negócio. Esse trabalho pode ser ponta a ponta - interfuncional ou
interorganizacional.
Em suma, processos possuem o compromisso de satisfazer as necessidades dos clientes/
cidadãos, exigem sincronia, transformam elementos, seguem orientações e consomem
recursos.
De acordo com a ISO 9001, para uma organização funcionar de maneira eficaz e eficiente,
ela tem que identificar e gerenciar numerosas atividades interligadas, possibilitando a
transformação de entradas em saídas. Frequentemente a saída de um processo é a entrada
para o processo seguinte.
Segundo essa visão, qualquer instituição é um “mar de processos” em contínua execução
pelas pessoas que compõem a força de trabalho. Estes processos interagem de tal forma que
os produtos/serviços de um constituem a entrada para outro.

A essas combinações, em geral, damos o nome de cadeias de valor (cadeia cliente-fornecedor),


sendo valor conceituado como o resultado a ser gerado pelos processos e que são percebidos
pelos seres humanos.
Com base na literatura, podem-se definir algumas características básicas de um processo de
trabalho:

•• Fronteiras (início e fim) e objetivos claros;


•• Recursos controlados (tempo, pessoas, finanças, materiais etc.);
•• Atividades interdependentes são projetadas e ordenadas (definição de quando e de como
as atividades ocorrem);
•• Gerenciamento: planejamento, controle, sincronização, responsável (dono do processo);
•• Resultado específico e previsível;
•• Compromisso de satisfazer as necessidades dos clientes (gerar valor);
•• Melhoria: mecanismos de feedback e evolução contínua.

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1.1.1. Glossário
•• BPM – Business Process Management: disciplina de gerenciamento de processos e um
conjunto de tecnologias habilitadoras.
•• BPMS – BPM Systems/Suite: Sistema de Gerenciamento de Processos de Negócio –
tecnologias que suportam e capacitam o gerenciamento de processos; aplicações
integradas de software para gerenciamento de processos de negócio.
•• BPMN – Business Process Modeling Notation: especificação para modelagem visual de
processos cujo objetivo é prover uma interface simples, mas poderosa, que possa ser
utilizada tanto por profissionais de processos e sistemas, como por usuários.
•• Gargalo: restrição na capacidade que cria uma fila.
•• Requisitos do Processo: é a tradução das necessidades e expectativas dos clientes e das
demais partes interessadas (stakeholders).
•• Não Conformidade: não atendimento a um requisito.
•• Handoff: qualquer ponto em um processo no qual o trabalho passa de um sistema, pessoa
ou grupo para outro. As atividades de handoff passam o controle do processo para outro
departamento ou organização (exemplo: transferir um cliente a outro departamento).

1.1.2. Tipos de Processos


Quanto aos tipos de processos existentes, a classificação mais comum é:
•• Processos Principais – entregam valor diretamente aos clientes. Representam as atividades
essenciais que uma organização desempenha para cumprir sua missão. São também
denominados processos finalísticos, primários, essenciais, de negócio. São processos
tipicamente ponta a ponta, tanto interfuncionais quanto interorganizacionais,
•• Processos de Apoio – dão suporte aos processos principais, aos gerenciais e a si mesmos,
fornecendo produtos, serviços e insumos que não alcançam diretamente o cliente. Também
chamados processos de suporte, meio, organizacionais. Podem ser classificados em quatro
grupos genéricos e comuns à maioria das organizações: suprimento; tecnologia; recursos
humanos; e infraestrutura. O fato de processos de suporte não gerarem diretamente valor
aos clientes não significa que não sejam importantes para a organização. Os processos
de suporte podem ser fundamentais e estratégicos à organização na medida em que
aumentam sua capacidade de efetivamente realizar os processos primários.
•• Processos Gerenciais – os processos de gerenciamento são utilizados para medir, monitorar
e controlar atividades de negócio. São as decisões da gerência, ligadas às estratégias e
ao estabelecimento de normas. Tais processos asseguram que um processo primário, ou
de suporte, atinja metas operacionais, financeiras, regulatórias e legais. Assim como os
processos de suporte, os processos de gerenciamento não agregam diretamente valor aos
clientes, mas são necessários para assegurar que a organização opere de maneira efetiva e
eficiente.

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Os processos de suporte e de gerenciamento são processos de informação e de decisão. Eles
podem ser verticais e horizontais:

1. Processos verticais – usualmente se referem ao planejamento e ao orçamento empresarial


e se relacionam com a alocação de recursos.

2. Processos horizontais – são desenhados tendo como base o fluxo do trabalho intra e entre
as áreas. Os processos horizontais podem ser:
•• voluntários – ocorrem por meio do contato voluntário entre os membros do grupo;
•• formais – definidos previamente por meio de documentos formais;
•• coordenados – exigem times de organização mais complexa e formal.
Além dos tipos, os processos podem ser classificados de acordo com a hierarquia:
•• Macroprocessos – é um conjunto amplo de processos que, geralmente, envolve mais de
uma função da organização e causa impacto direto na vida desta;
•• Processos – conjunto de subprocessos/atividades inter-relacionadas ou interativas que
transforma insumos (entradas) em produtos (saídas);
•• Subprocessos – conjunto de tarefas/atividades realizando um objetivo específico em apoio
a um processo;
•• Atividades – conjunto de tarefas sequenciais ou simultâneas que geram resultados para o
processo ou subprocesso;
•• Principais: têm participação direta na criação do bem ou serviço.
•• Secundárias: não têm participação direta (infraestrutura, RH etc.).
•• Transversais: conjunto de várias especialidades, executadas em uma única operação,
com a finalidade de resolver problemas. Possuem caráter temporário ou provisório
•• Tarefas/operações – é uma decomposição ou detalhamento de uma atividade. É a menor
unidade de trabalho com significado executada por uma pessoa ou máquina.

1.1.3. Requisitos dos Processos


Qualquer processo, do mais simples ao mais complexo, tem que agregar valor, ou seja, sua
saída para o cliente tem que ser mais valorizada (gerar melhores atributos) do que as suas
entradas. Qualquer processo que não agregue valor deve ser considerado como desnecessário
na organização e prontamente eliminado.
O requisito aplicável a um processo é a tradução das necessidades e expectativas dos clientes
e das demais partes interessadas (stakeholders).
Como exemplos de requisitos de processos, ou itens a serem cumpridos pelos processos, citam-
se prazos de entrega, tempo de garantia, especificações técnicas do produto ou serviço, tempo
de atendimento, qualificação de pessoal e condições de pagamento.
Além dos requisitos de natureza técnica, é cada vez maior a exigência de requisitos relacionados
a aspectos ambientais e sociais, tais como: preservação do meio ambiente, descarte adequado

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Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

de produtos não perecíveis (como vidro, plástico, borrachas), exigência de uma condução ética
dos negócios etc.

1.1.3.1. Não Conformidades

No monitoramento dos processos, bem como no controle do atendimento das necessidades


das partes interessadas, podem ser identificadas não conformidades.
Não conformidades podem ser traduzidas como o não atendimento a um requisito.
Os produtos e serviços da organização são projetados para atender aos requisitos traduzidos
das necessidades dos clientes e demais partes interessadas. Quando o produto ou serviço deixa
de atender a uma ou algumas das necessidades destas partes interessadas, configura-se uma
não conformidade.
É necessário tratá-la adequadamente, para prevenir a sua reincidência, conhecendo-se e
eliminando-se suas causas. A causa é o fator que efetivamente provocou o desvio em relação
a uma condição planejada e que, consequentemente, impediu o cumprimento dos requisitos
e o atendimento das necessidades das partes interessadas. O efeito é o que se vê da não
conformidade, é o resultado diferente do esperado ou necessário

1.1.4. Mapeamento de Processos

É a descrição gráfica do funcionamento de um processo.


Tem como principal objetivo desenhar e representar uma sequência de processos, subprocessos,
atividades e tarefas, sendo necessário elaborar um fluxograma para melhor entender,
documentar e medir o trabalho da organização.
Consiste em se colocar o processo em um gráfico (fluxograma) para orientação em suas fases
de avaliação, desenho e desenvolvimento. O mapeamento auxilia na visualização do processo,
no relacionamento de suas variáveis e no relacionamento com outros participantes (pessoas,
processos, sistemas, eventos, resultados etc.).
Desenhos tipicamente fornecem uma visão abrangente de todos os principais componentes
do processo, mas variam em termos de detalhamento. Diagrama de processo, Mapa de
processo e Modelo têm diferentes propósitos e aplicações (representam diferentes estágios
de desenvolvimento, cada qual agregando mais informação, utilidade e capacidade no
entendimento, análise e desenho de processos). Diagrama é uma notação simples que retrata
os principais elementos de um fluxo de processo, mas omite detalhes; Mapa tem maior
precisão e detalhes do que um diagrama e mostra relacionamentos com outros elementos
(atores, eventos, resultados etc.); o Modelo possui maior precisão, mais dados do processo e
mais dados dos fatores que afetam seu desempenho, e sua representação pode ser utilizada
para mostrar o desempenho do que está sendo modelado (simulação).

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1.1.4.1. Fluxograma
É uma ferramenta gráfica (desenho) utilizada para se registrar um processo de maneira compacta,
através de alguns símbolos padronizados. Essa notação simples utiliza alguns símbolos gráficos
tais como retângulo, losango e flechas para indicar os passos de processamento.
O fluxograma oferece uma visão sistêmica do processo, mostra gargalos e oportunidades de
aperfeiçoamento, permite fixar limites com maior facilidade e definir o pessoal envolvido
nas atividades do processo, identificando muitas vezes clientes negligenciados em análises
anteriores.

1.2. Gestão por Processos

Gerenciar os processos é a ênfase de uma organização em melhorar a forma como o trabalho é


realizado. Em outras palavras, é a busca da eficiência na utilização dos insumos e a otimização
da sequência de atividades, com o intuito de gerar melhores produtos/serviços aos clientes.
Alguns princípios guiam o gerenciamento de processos:
•• Processos de negócios são recursos utilizados para criar valor para os clientes finais.
•• Medir, monitorar, controlar e analisar os processos de negócio permite criar valor
consistentemente aos clientes.
•• Os processos de negócios devem constantemente ser melhorados.
•• Tecnologia da Informação é um viabilizador essencial.
O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) ensina que a gestão
de processos permite identificar o conjunto de atividades capaz de:

1. gerar maior valor ao usuário/cliente que recebe um produto ou serviço;

2. integrar e orientar para resultados as várias unidades organizacionais;

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Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

3. auferir recursos e desenvolver competências para a consecução dessas finalidades.


A percepção da visão do cliente é extremamente importante, pois o cliente não enxerga uma
atividade do processo, e sim o produto ou serviço gerado pelo processo, que é aquilo que
atende efetivamente sua necessidade.
Dentre as principais causas que levam uma organização a gerir seus processos de trabalho, pode-
se citar: Crescimento desordenado; Excesso de burocracia e de níveis hierárquicos; Estrutura
organizacional de alto custo e de baixa capacidade de realização; Unidades administrativas não
integradas; Fusão / cisão / criação de órgãos; Baixa produtividade em função de processos não
documentados, não entendidos da mesma forma por todos os envolvidos, não controlados,
não alinhados às necessidades dos clientes.
Existe uma diferença conceitual entre “gestão de processos” e “gestão por processos”:
•• Gestão de processos é simplesmente administrar os processos existentes na organização,
sem grandes impactos na estrutura;
•• Gestão por processos implica estruturar toda organização em função dos processos. O foco
total está nos processos; os funcionários são vinculados a processos (e não a unidades); os
indicadores de desempenho medem os processos, etc.

1.2.1. Estrutura por Processos


O modelo tradicional da organização formal – gestão por funções, baseada em departamentos
estanques e isolados – é cada vez mais sinônimo de falta de agilidade num mundo marcado
por mudanças e necessidades de adaptação. A estrutura funcional cria lacunas entre os
departamentos, conforme o organograma a seguir.

Embora existam processos realizados inteiramente em uma unidade funcional, os principais


processos de uma instituição atravessam as fronteiras das áreas e são executados por
colaboradores de diversos setores ou cargos (processos transversais – interfuncionalidade).
Quando estes setores não se comunicam eficientemente, o cliente final provavelmente será
afetado negativamente e o processo terá falhado.
Enquanto a visão funcional focaliza a especialização, sustentada por forte estrutura hierárquica,
a visão de processo enfoca o próprio trabalho, a fim de gerenciá-lo.

www.acasadoconcurseiro.com.br 683
Para tornar a organização mais flexível, devem-se derrubar as barreiras departamentais e focar
os processos, pois assim o trabalho é sequenciado em termos de uma cadeia de relações entre
as diversas unidades da organização.

A estrutura horizontal dos processos propõe uma abordagem que fuja da organização
funcional (tradicional). Os departamentos são sócios, não concorrentes, por isso a gestão deve
ser orientada para identificar, desenhar (modelar), executar, documentar, medir, monitorar,
controlar e melhorar processos de negócio.

Gestão Funcional Gestão por Processos


Foco na função, no trabalho do departamento Foco no processo, nos objetivos e nos clientes
Visão sistêmica - da organização “estamos
Visão restrita às atividades departamentais “cada
juntos nisso, dependemos uns dos outros, ajudo
um por si, cuido e entendo apenas do seu serviço,
os colegas e sei da minha importância para o
não confio nos outros”
processo, confio”
Estruturada pelas especialidades e pelos poderes Estruturada pelo modo de fazer o trabalho
Informações restritas a poucas pessoas Informações compartilhadas
Hierarquia rígida e pouca autonomia Maior autonomia e empoderamento
Avaliação do desempenho centrada na função Avaliação centrada no resultado do processo
O problema está nos empregados: “troque a O problema está nos processos
pessoa, motive, ache alguém melhor” “melhore o processo, remova obstáculos
Ache o culpado, controle as pessoas Ache a causa do problema, capacite as pessoas

1.2.2. Vantagens
A bibliografia revela que a gestão por processos proporciona as seguintes vantagens, dentre
outras:
•• Alinhar estrategicamente a organização, compatibilizando os processos com a missão, a
visão e a estratégia;
•• • Evidenciar as reais necessidades de alocação de recursos;

684 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

•• Priorizar atividades pertinentes e ajustar a força de trabalho;


•• Identificar e corrigir processos: que não agregam valor, mais complexos do que poderiam
ser, com altos custos, redundantes, demorados etc.
•• Melhorar os fluxos de trabalho com foco na eficiência, no cliente e na qualidade dos
produtos/serviços;
•• Integrar e orientar as várias unidades, facilitando o entendimento sobre os procedimentos
para alcançar os resultados – visão sistêmica;
•• Evitar a descontinuidade nos casos de substituições de executores/gestores;
•• Avaliar o desempenho dos processos com o uso de indicadores, ou seja, verificar se estão
atingindo os objetivos a que se propõem;
•• Obrigar a organização a prestar contas pelo desempenho dos seus processos;
•• Gerar maior rapidez nas soluções e busca constante por melhoria.

1.3. Transformação de Processos

As organizações necessitam aprimorar constantemente seus processos para atender às


demandas dos clientes. A Transformação de Processos é a mudança de maneira planejada
(organizada, disciplinada) para assegurar que os processos continuem suportando os objetivos
de negócio. Representa desafios de gerenciamento de mudança organizacional e é orientado a
melhoria contínua e otimização de processos.

As organizações podem transformar seus processos com base em táticas incrementais


(progressivas, evolucionárias) ou radicais (com ruptura).
As diferentes abordagens adotadas são:

1. Melhoria de Processos: é uma evolução incremental; faz mudanças específicas, ajustes.


Tem como base a filosofia Kaizen (melhoria contínua), e usa métodos como Gerenciamento
da Qualidade Total (TQM – Total Quality Management), Ciclo PDCA, LEAN e Seis Sigma.

2. Redesenho: é diferente da Melhoria de Processos, pois toma uma perspectiva holística para
o processo (visão do todo, ponta a ponta) em vez de identificar e implementar pequenas
mudanças incrementais. Embora possa levar a mudanças significativas, essas mudanças
continuam a ser baseadas nos conceitos fundamentais do processo existente.

3. Reengenharia: é um repensar radical e fundamental dos processos para obter melhorias


drásticas no negócio. A filosofia é “jogue tudo fora e recomece do zero”. Ao contrário da
TQM (Total Quality Management), a Reengenharia não procura introduzir melhorias nos
processos já existentes, mas sim a eliminação e total reinvenção das regras e processos,
bem como de todos os pressupostos fundamentais que lhe servem de base. Reengenharia
é reinventar a empresa.

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4. Mudança de Paradigma: envolve inovar fortemente, buscar novas formas de fazer negócios.

Comparação ente as quatro abordagens:

Fator de Comparação Melhoria e Redesenho Reengenharia e Mudança


de Paradigma
Nível de Mudança Incremental a Holística Radical e Sem Precedentes.
Ponto Inicial Processo " AS-IS" Quadro Branco, Novas Ideias
Frequência de Alteração Contínua Regular Eventual
Risco Baixo a Moderado Alto
Habilitador Primário Controle Estatístico Novos Paradigmas e Tecnoligias

1.4. Projetos x Processos

Projetos e processos são atividades que possuem algumas semelhanças e diferenças.


Como semelhança, pode-se destacar que ambos são planejados, executados, monitorados e
controlados, são realizados por pessoas, possuem restrições (tempo, recursos) e buscam atingir
objetivos organizacionais ou estratégicos.
Quanto às diferenças:
•• Projetos são empreendimentos temporários que terminam quando o objetivo é alcançado
(caso o projeto seja abandonado, termina antes); buscam desenvolver produtos únicos
(sejam bens ou serviços); muitas vezes a equipe do projeto acaba junto com ele.
•• Processos, por sua vez, são as atividades que fazem parte da rotina da organização, que se
repetem continuamente e que se realizam do mesmo modo (com pequenas variações ao
longo do tempo).
Um projeto pode ter como objetivo modificar ou criar um processo; ao mesmo tempo,
processos são executados para apoiar os projetos.

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Projetos Processos
Diferenças Evento temporário Evento contínuo/cíclico
Equipe temporária Equipe fixa
Resultado único (singular) Resultado repetido
Pode modificar a organização Mantém a organização
Semelhanças Planejados, executados, monitorados e controlados
Realizados por pessoas
Possuem restrições (tempo, recursos etc.)
Buscam atingir objetivos organizacionais e/ou estratégicos.

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Slides – GESTÃO DE PROCESSOS

Gestão de Processos

• O que é processo?
• Tipos
• Hierarquia
• O que é Gestão por Processos?
• Gestão por Funções X Gestão por Processos

Processos
• Processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades
que toma um input, adiciona valor a ele e fornece o
output a um cliente específico.
‒ Inputs podem ser materiais, informações, conhecimento, etc.

Feedback
2

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Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

Processos
• ISO 9001
‒Conjunto de atividades inter-relacionadas que transforma
insumos (entradas) em produtos (saídas).

• FNQ
‒Conjunto de atividades preestabelecidas que, quando
executadas numa determinada sequência, vão conduzir a
um resultado esperado, o qual assegura o atendimento das
necessidades e expectativas dos clientes e de outras partes
interessadas.
3

Processos

• GesPública
‒Conjunto de decisões que transformam insumos em valores
gerados ao cliente/cidadão.

• SEGES – MPOG
‒Conjunto integrado e sincrônico de insumos, infraestruturas,
regras e transformações, que adiciona valor às pessoas que
fazem uso dos produtos e/ou serviços gerados.

www.acasadoconcurseiro.com.br 689
Processos
• CBOK 3.0 – 2013
‒É uma agregação de atividades e comportamentos
executados por humanos ou máquinas para alcançar um ou
mais resultados.
o Essas atividades inter-relacionadas solucionam uma questão
específica e são governadas por regras de negócio.
‒É um trabalho que entrega valor ao cliente ou
apoia/gerencia outros processos.
o Esse trabalho pode ser ponta a ponta, interfuncional e
interorganizacional.

Processos

• Características gerais:
‒Fronteiras (início e fim) e objetivos claros;
‒Utilizam insumos/recursos para a transformação;
‒Atividades interdependentes;
‒Exigem gerenciamento: planejamento, controle,
sincronização, responsáveis;
‒Resultados específicos e previsíveis;
‒Compromisso de satisfazer as necessidades dos clientes;
‒Melhoria: mecanismos de feedback para a evolução contínua
- PDCA.
6

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Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

Processos
• Se um Processo é um grupo de atividades realizadas
numa sequência lógica com o objetivo de produzir um
bem ou serviço que tem valor para um grupo específico
de clientes.
• Então as Organizações são mares de processos.

Processo Processo Processo Processo Produto/ Serviço


1 2 3 4 Final

Glossário
• BPM - Business Process Management - disciplina de gerenciamento e um
conjunto de tecnologias habilitadoras.
• BPMS - BPM Systems/Suite
• BPMN - Business Process Modeling Notation
• Gargalo: restrição na capacidade que cria uma fila.
• Requisitos do Processo: é a tradução das necessidades e expectativas dos
clientes e das demais partes interessadas (stakeholders).
 Processo deve agregar valor
• Não Conformidades: não atendimento a um requisito.
 Devem ser tratadas
• Handoff: transferência de controle.
8

www.acasadoconcurseiro.com.br 691
Tipos de Processos
• Processos Principais do Negócio: primários, essenciais,
fim, finalísticos, de negócio.
‒ Entregam valor ao cliente.
‒ Ponta a ponta, interfuncional ou interorganizacional.
• Processos de Apoio: de suporte, meio, organizacionais, de
informação.
‒ Entregam valor a outros processos (não diretamente aos clientes).
• Processos Gerenciais: de gerenciamento, decisão, controle.
‒ Entregam valor a outros processos (não diretamente aos clientes).
‒ Servem para medir, monitorar, controlar e administrar
‒ Fazem a organização operar de acordo com seus objetivos.

Tipos de Processos

• Processos Organizacionais e Gerenciais


‒ de informação e de decisão

‒Processos verticais – alocação de recursos

‒Processos horizontais – coordenação

10

692 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

Tipos de Processos - Hierarquia


• Macroprocessos

• Processos

• Subprocessos (?)

• Atividades
‒ Principais, secundárias, transversais (temporárias)

• Tarefas/operações
11

Mapeamento de Processos
Descrição gráfica do funcionamento de um processo.
• Objetivo: desenhar e representar uma sequência de processos,
subprocessos, atividades e tarefas, sendo necessário elaborar
um fluxograma para melhor entender, documentar e medir o
trabalho da organização.
‒ Coloca o processo em um gráfico (fluxograma) para orientação em
suas fases de avaliação, desenho e desenvolvimento.
‒ Auxilia na visualização do processo, no relacionamento de suas
variáveis e de outros participantes (pessoas, sistemas, eventos,
resultados etc.).
‒ Mapas de processo tipicamente fornecem uma visão abrangente de
todos os principais componentes do processo, mas variam de níveis
mais altos para mais baixos de detalhe.
12

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Diagrama x mapa x modelo
• Diagrama: notação simples; retrata os principais elementos de
um fluxo de processo, mas omite detalhes.
• Mapa: maior precisão e detalhes do que um diagrama; mostra
relacionamentos com outros elementos (atores, eventos,
resultados etc.).
• Modelo: maior precisão, mais dados do processo e mais dados
dos fatores que afetam seu desempenho;
‒a representação pode ser utilizada para mostrar o desempenho
do que está sendo modelado (simulação).

13

Fluxograma
• Ferramenta gráfica – desenho
• Técnica para se registrar um processo de maneira compacta,
através de alguns símbolos padronizados.
• Permite uma visão sistêmica do processo
• Mostra gargalos e oportunidades de aperfeiçoamento no
processo.
• Define o pessoal envolvido nas atividades do processo,
identificando muitas vezes clientes negligenciados em análises
anteriores.
• Permite fixar limites com maior facilidade.
14

694 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

Fluxograma

15

Gestão de Processos
• Busca:
‒Melhorar a forma como o trabalho é realizado;
‒Utilizar eficientemente os insumos (eficiência);
‒Otimizar a sequência de atividades;
‒Objetivo final: gerar melhores produtos/serviços aos clientes.

16

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Gestão de Processos

• Princípios
‒Processos de negócios são recursos utilizados para criar
valor para os clientes finais.
‒Medir, monitorar, controlar e analisar os processos de
negócio permite criar valor consistentemente aos clientes.
‒Os processos de negócios devem constantemente ser
melhorados.
‒Tecnologia da Informação é um viabilizador essencial.

17

Gestão de Processos

• GesPública
‒A gestão de processos permite identificar o conjunto de
atividades capaz de:
1) gerar maior valor ao usuário/cliente que recebe um produto
ou serviço;
2) integrar e orientar para resultados as várias unidades
organizacionais;
3) auferir recursos e desenvolver competências para a
consecução dessas finalidades.
18

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Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

Gestão de Processos
• Motivos para gerenciar processos:
‒Demandas dos clientes;
‒Crescimento desordenado;
‒Excesso de burocracia e de níveis hierárquicos;
‒Estrutura organizacional de alto custo e de baixa capacidade de
realização;
‒Unidades administrativas não integradas;
‒Fusão / cisão / criação de órgãos;
‒Baixa produtividade em função de processos não documentados,
não entendidos da mesma forma por todos os envolvidos, não
controlados, não alinhados às necessidades dos clientes.
19

Gestão de Processos

• Gestão DE ou POR Processos?

‒Gestão de processos é simplesmente administrar os


processos existentes na organização;

‒Gestão por processos implica estruturar toda organização em


função dos processos.

20

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Gestão por Funções X Gestão por Processos
• Modelo tradicional = Estrutura Funcional (vertical)

• Embora existam processos realizados inteiramente em uma unidade


funcional, os principais processos de uma instituição atravessam as
fronteiras das áreas e são executados por colaboradores de diversos
setores ou cargos (processos transversais – interfuncionais).
21

Gestão por Funções X Gestão por Processos


• Modelo por processos = Visão por Processos

• O cliente não enxerga uma atividade do processo, e sim o produto gerado


pelo processo, que é aquilo que atende efetivamente sua necessidade.
22

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Administração – Gestão de Processos – Prof. Rafael Ravazolo

Gestão por Funções X Gestão por Processos


Gestão Funcional Gestão por Processos
Foco na função, no trabalho do departamento Foco no processo, nos objetivos e nos clientes

Visão restrita às atividades departamentais Visão sistêmica - da organização


“cada um por si, cuido e entendo apenas do “estamos juntos nisso, dependemos uns dos
seu serviço, não confio nos outros” outros, ajudo os colegas e sei da minha
importância para o processo, confio”
Estruturada pelas especialidades e pelos Estruturada pelo modo de fazer o trabalho
poderes
Informações restritas a poucas pessoas Informações compartilhadas
Hierarquia rígida e pouca autonomia Maior autonomia e empoderamento
Avaliação do desempenho centrada na função Avaliação centrada no resultado do processo
O problema está nos empregados: “troque a O problema está nos processos
pessoa, motive, ache alguém melhor” “melhore o processo, remova obstáculos”
Ache o culpado, controle as pessoas Ache a causa do problema, capacite as pessoas
23

Gestão por Processos - vantagens


• Alinhar estrategicamente a organização - integrar e orientar as várias
unidades
• Evidenciar reais necessidades de alocação de recursos/pessoas;
• Priorizar atividades pertinentes (processos críticos)
• Identificar e corrigir processos falhos
• Melhorar os fluxos de trabalho com foco na eficiência, no cliente e na
qualidade dos produtos/serviços;
• Evitar a descontinuidade
• Avaliar e prestar contas pelo desempenho
• Possibilitar maior rapidez nas soluções e na melhoria.
24

www.acasadoconcurseiro.com.br 699
Transformação de Processos

• Melhoria de processos – incremental, cada pedaço


• Redesenho – holístico, ponta-a-ponta, mas usando a base do
processo existente
• Reengenharia – radical
• Mudança de paradigma

25

Processos x Projetos

26

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Administração

1. EVOLUÇÃO, PAPÉIS E PROCESSOS DE GESTÃO DE PESSOAS

Há pouco tempo, um Departamento de Recursos Humanos atuava de forma mecanicista:


contratava profissionais com experiência e conhecimento técnico, cuidava da folha de
pagamento e pressupunha que bastava o poder hierárquico e o salário no final do mês para se
alcançar a obediência dos funcionários e os resultados esperados.
Os avanços observados nas últimas décadas têm levado as organizações a buscarem novas
formas de gestão com o intuito de melhorar o desempenho e alcançar resultados para o pleno
atendimento das necessidades dos clientes. Devido a isso, o papel das pessoas nas organizações
foi revisto: deixaram de ser recursos (ou custos) e assumiram uma posição estratégica.
O progresso da Gestão de Pessoas é visto de forma diferente por diversos autores:
•• Visão funcionalista – 3 fases:
1. Operacional – até a década de 60 – funções tradicionais de RH;
2. Gerencial – 60 a 80 – passa a interferir nos diferentes processos da organização;
3. Estratégica – a partir dos anos 80 – pessoas geram valor para a organização.
•• Fischer (2002) - as grandes correntes teóricas sobre gestão de pessoas podem ser agrupadas
em quatro categorias principais:
1. Modelo articulado de gestão de pessoas como departamento pessoal – até década de 20 –
foco no controle, eficiência, taylorismo, fordismo;
2. Como gestão do comportamento humano – a parit da década de 20 – uso da psicologia,
behaviorismo, pessoas têm necessidades a serem satisfeitas;
3. Como gestão estratégica – a partir da década de 70/80 – vincular GP às estratégias, pessoas
colaboram para o alcance dos objetivos;
4. Como gestão por competência e vantagem competitiva – a partir dos anos 80 – core
competences, busca e vantagens competitivas, papel das pessoas na transição entre o
estado atual das empresas e onde elas almejam estar no futuro.
As 5 fases evolutivas da GP no Brasil:
1. Fase contábil (até 1930): caracteriza-se pela preocupação com os custos da organização. Os
trabalhadores eram vistos, exclusivamente, sob o enfoque contábil.
2. Fase legal (1930 - 1950): preocupação com o acompanhamento e manutenção das recém-
criadas leis trabalhistas da era getulista.
3. Fase tecnicista (1950 -1965): o Brasil implantou o modelo americano de gestão de pessoas
e alavancou a função de RH ao status orgânico de gerência.

www.acasadoconcurseiro.com.br 701
4. Fase administrativa (1965 -1985): regulamentada a profissão Técnico de Administração.
Após começo conturbado do regime militar, houve rearticulação dos trabalhadores no final
da década de 70, formando a base que implementou um movimento denominado "novo
sindicalismo".
5. Fase estratégica (1985 a atual): demarcada pela introdução dos primeiros programas de
gestão estratégica de pessoas atrelados ao planejamento estratégico das organizações.
O quadro a seguir mostra a transição da visão sobre as pessoas nas organizações.
A Gestão de Pessoas é o
conjunto de políticas e práticas
necessárias para cuidar do
capital humano da organização,
capital este que contribui
com seus conhecimentos,
habilidades e capacidades
para o alcance dos objetivos
institucionais.
Capital humano é o patrimônio
(inestimável) que uma
organização pode reunir para
alcançar vantagens competitivas.
Possui dois aspectos principais:
•• Talento: tipo especial de pessoa, dotada de diferenciais como conhecimento (saber),
habilidade (saber fazer), julgamento (saber analisar o contexto) e atitudes (querer fazer).
•• Contexto: ambiente adequado para que os talentos se desenvolvam. É determinado por:
•• Arquitetura organizacional: desenho da organização e divisão do trabalho – deve ser
flexível, integrador e facilitador da comunicação entre as pessoas.
•• Cultura: conjunto de características que difere uma organização das outras. Deve
inspirar confiança, comprometimento e satisfação.
•• Estilo de gestão: liderança, coaching, delegação, empowerment.
Hoje vivemos na sociedade do conhecimento, na qual o talento humano e suas capacidades
são vistos como fatores competitivos no mercado de trabalho globalizado. Nota-se, também,
que o sucesso das organizações modernas depende, e muito, do investimento nas pessoas, a
partir da identificação, do aproveitamento e do desenvolvimento do capital humano.
Nesse novo contexto, as pessoas são vistas no ambiente de trabalho como:
•• Seres humanos: personalidade própria; diferentes entre si; origens e histórias particulares;
conhecimentos, habilidades e competências distintas.
•• Agentes ativos e inteligentes: fonte de impulso capaz de dinamizar a organização, de
mudá-la, renová-la e torná-la competitiva.
•• Parceiros da organização: a partir de uma relação ganha-ganha, as pessoas são capazes de
conduzir a organização ao sucesso e, por conseguinte, serem beneficiadas.

702 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas – Prof. Rafael Ravazolo

•• Talentos: portadoras de competências essenciais ao sucesso organizacional, consideradas


o principal ativo, pois agregam inteligência (capital intelectual) ao negócio.
As políticas de GP referem-se às maneiras pelas quais a organização pretende lidar com seus
membros e por intermédio deles atingir os objetivos organizacionais, permitindo (também) o
alcance dos objetivos individuais. Tais políticas são, portanto, como guias de ação que orientam
os processos de GP.
Dentre os objetivos da GP, pode-se destacar:
•• Proporcionar um ambiente com pessoas competentes e motivadas para o alcance dos
objetivos organizacionais e individuais.
•• Desenvolver o capital humano e o capital intelectual – ativos intangíveis da organização;
•• Desenvolver a gestão do conhecimento: habilidades, competências e tecnologias aplicadas
de forma integrada para concretizar a missão e visão.
•• Formar competências essenciais que atendam às demandas dos diferentes stakeholders,
gerando vantagem competitiva.
Cabe, portanto, à moderna GP atuar nesse ambiente complexo, ajudando a organização a
realizar sua missão. Ela também gera competitividade à organização, proporciona pessoas
bem treinadas e motivadas, aumenta a autoatualização e a satisfação das pessoas no trabalho,
mantém a qualidade de vida no trabalho, administra e impulsiona a mudança, mantém políticas
éticas e comportamento socialmente responsável.
GP como responsabilidade de Linha ou função de Staff

No passado, as decisões de RH eram


totalmente centralizadas no órgão
de RH e os gerentes de linha tinham
pouca ou nenhuma participação.
A tendência moderna é descentralizar
as decisões e ações de GP rumo aos
gerentes, que se tornam os gestores
de pessoas.

www.acasadoconcurseiro.com.br 703
1.1 O Macroprocesso de Gestão de Pessoas

A Gestão de Pessoas pode ser vista como um macroprocesso composto por diversos processos.
Tais processos, por sua vez, são compostos pelas distintas atividades que uma organização
realiza para gerenciar as pessoas:
•• Agregar pessoas/talentos à organização;
•• Integrar e orientar;
•• Modelar o trabalho (individual ou em equipe) para torná-lo significativo;
•• Avaliar o desempenho e melhorá-lo continuamente;
•• Recompensar pelo desempenho e alcance de resultados;
•• Comunicar, transmitir conhecimento e proporcionar feedback;
•• Treinar e desenvolver;
•• Proporcionar boas condições de trabalho e melhorar a qualidade de vida;
Na literatura, não há consenso sobre o número de processos que compõem a gestão de pessoas.
Dessa forma, dependendo do autor, as atividades estarão agrupadas de formas distintas.
Modelo 1 - Dutra: três processos.
1. Movimentação: captar, internalizar, transferir, promover, expatriar e recolocar.
2. Desenvolvimento: capacitar, gerir carreira e desempenho.
3. Valorização: remunerar e premiar.
Modelo 2: Chiavenato: seis processos
1. Agregar: recrutamento e seleção.
2. Aplicar: modelagem do trabalho, orientação e avaliação do desempenho.
3. Recompensar: remuneração, benefícios e incentivos.
4. Desenvolver: treinamento, desenvolvimento, aprendizagem e gestão do conhecimento.
5. Manter: higiene, segurança, qualidade de vida e relações sindicais.
6. Monitorar: bancos de dados e sistemas de informações gerenciais.
Resumindo: a gestão de pessoas consiste na maneira pela qual uma instituição se organiza
para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho, e, para isso, define princípios,
estratégias, políticas e práticas de gestão. Através desses mecanismos, implementa diretrizes e
orienta os estilos de atuação dos gestores e das pessoas.
A seguir, um modelo de diagnóstico de Gestão de Pessoas.

704 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas – Prof. Rafael Ravazolo

www.acasadoconcurseiro.com.br 705
Slides – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas

O Papel da Área de RH
• Departamento de RH: mecanicista = contratações por experiência e
conhecimento técnico; folha de pagamento;
Antigamente poder hierárquico + salário = obediência dos funcionários e resultados.

• Busca por novas formas de gestão para melhorar o desempenho e


garantir o pleno atendimento das necessidades dos clientes.
Avanços
• O papel das pessoas nas organizações foi revisto: deixaram de ser
recursos (ou custos) e assumiram uma posição estratégica.

• Sociedade do conhecimento.
• Talento e capacidades humanas são fatores competitivos no mercado de
trabalho globalizado.
Hoje • O sucesso depende do investimento nas pessoas, a partir da identificação,
do aproveitamento e do desenvolvimento do capital intelectual.
1

Progresso da Gestão de Pessoas


• Visão funcionalista – 3 fases:
1. Operacional – até 60s – funções tradicionais de RH;
2. Gerencial – até 80s – passa a interferir em outros processos da
organização;
3. Estratégica – hoje – pessoas geram valor para a organização.
• Fischer (2002) – 4 fases – correntes teóricas:
‒ Departamento pessoal – até 20s – controle, eficiência, taylorismo,
fordismo;
‒ Gestão do Comportamento Humano – até 70s – uso da psicologia,
behaviorismo, pessoas têm necessidades a serem satisfeitas;
‒ Gestão Estratégica – 70/80 – vincular GP às estratégias, pessoas
colaboram para o alcance dos objetivos; descentralização da função RH.
‒ Gestão por Competência e Vantagem Competitiva – a partir dos 90s –
core competences, busca e vantagens competitivas, papel das pessoas na
transição entre o estado atual das empresas e onde elas almejam estar
no futuro.

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Administração – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas – Prof. Rafael Ravazolo

Era da industrialização Era da industrialização Era da Informação


Eras Clássica (1900-1950) Neoclássica (1950-1990) (Após 1990)
Administração de Administração de
Relações industriais Gestão de pessoas
pessoas recursos humanos
Industrialização, Dinamismo, instabilidade, Mercado de serviços,
Característica do
necessidade de ordem e mudança, necessidade de turbulência, globalização,
ambiente
rotina. adaptação. necessidade de mudança.
Mista, matricial, ênfase na Fluída, ágil e flexível,
Estrutura Burocrática, mecanicista, departamentalização descentralizadora.
organizacional funcional, piramidal, rígida, por produtos ou serviços ou Ênfase em estruturas orgânicas
predominante centralizadora e inflexível. unidades estratégicas de e nas redes de equipes
negócios. multifuncionais
Transição. Foco no presente e no Teoria Y. Foco no futuro.
Cultura Teoria X. Foco no
atual. Ênfase na mudança e na
organizacional passado, nas tradições e nos
Ênfase na adaptação ao inovação. Valorização do
predominante valores conservadores.
ambiente. conhecimento e da criatividade.
Estático, previsível, Mutável, imprevisível,
Ambiente Intensificação e aceleração das
poucas e gradativas turbulento, com grandes e
organizacional mudanças ambientais
mudanças. intensas mudanças.
Pessoas como mão-de-obra Pessoas como recursos Pessoas como seres humanos
inertes e estáticas. organizacionais que devem ser proativos e inteligentes. Ênfase
Modo de lidar com
Ênfase nas regras e administrados. Ênfase nos na liberdade e no
as pessoas
controles rígidos para objetivos organizacionais para comprometimento para
regular as pessoas dirigir as pessoas. motivar as3 pessoas.

RH no Brasil
5 Fases:
1. Fase contábil (até 1930): custos
2. Fase legal (1930 - 1950): leis trabalhistas da era getulista.
3. Fase tecnicista (1950 -1964): função de RH adquire status
orgânico de gerência.
4. Fase administrativa (1965 -1985): regulamentada a profissão
Técnico de Administração. Início da articulação do "novo
sindicalismo".
5. Fase estratégica (1985 a atual)
4

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Visão sobres as pessoas

Visão moderna sobres as pessoas

• Seres humanos: personalidade própria; diferentes entre si; origens e


histórias particulares;
• Agentes ativos e inteligentes: fonte de impulso próprio capaz de
dinamizar a organização.
• Parceiros da organização: a partir de uma relação ganha-ganha, são
capazes de conduzir a organização ao sucesso e, por conseguinte, serem
beneficiadas.
• Talentos: portadoras de competências essenciais ao sucesso
organizacional, consideradas o principal ativo, pois agregam inteligência
(capital intelectual) ao negócio.

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Administração – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas – Prof. Rafael Ravazolo

Gestão de Pessoas
Gestão de Pessoas é o conjunto de políticas e práticas
necessárias para cuidar do capital humano da organização,
capital este que contribui com seus conhecimentos, habilidades e
capacidades para o alcance dos objetivos institucionais.

• Políticas de GP: maneiras pelas quais a organização pretende


lidar com seus membros e por intermédio deles atingir os
objetivos organizacionais, permitindo (também) o alcance dos
objetivos individuais

Gestão de Pessoas
• Objetivos:
‒Proporcionar um ambiente com pessoas competentes e
motivadas para alcançar os objetivos.
‒Desenvolver o capital humano e o capital intelectual.
‒Gerenciar o conhecimento: competências e tecnologias
aplicadas de forma integrada para concretizar a missão.
‒Formar competências essenciais que atendam às demandas
dos diferentes stakeholders.

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Gestão de Pessoas
• Outros conceitos:
‒Capital humano - patrimônio (inestimável) que uma
organização pode reunir.
o Talento: tipo especial de pessoa, dotada de diferenciais como
conhecimento (saber), habilidade (saber fazer), julgamento
(saber analisar o contexto) e atitudes (querer fazer).
o Contexto: ambiente adequado para que os talentos se
desenvolvam (arquitetura, cultura e estilos de gestão)
‒Capital Intelectual - tecnologia, informação, habilidades e
solução de problemas.

Papéis da GP

Função de Staff Responsabilidade de Linha


(especialista em RH) (gestor de pessoas)

• Cuidar das políticas de RH • Cuidar da sua equipe


• Prestar assessoria e suporte • Tomar decisões sobre subordinados
• Dar consultoria e orientação interna • Executar ações e cumprir metas de
• Proporcionar serviços de RH RH
• Cuidar da estratégia de RH • Alcançar resultados
• Cuidar da tática e das operações

10

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Administração – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas – Prof. Rafael Ravazolo

Papéis da GP

Tendência:
descentralizar as
decisões e ações de GP
rumo aos gerentes, que
se tornam os gestores
de pessoas.

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Gestão Estratégica de Pessoas


• É a união do RH com metas e objetivos estratégicos, para
melhorar o desempenho organizacional e desenvolver uma
cultura voltada à inovação e à flexibilidade.
‒INTEGRAÇÃO VERTICAL busca o alinhamento das práticas de
gestão de pessoas com os objetivos e estratégias
organizacionais.
‒INTEGRAÇÃO HORIZONTAL refere-se à atuação coordenada
das diversas atividades de gestão de pessoas tais como:
Recrutamento e Seleção, capacitação, remuneração,
avaliação de desempenho, entre outras.
12

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Passos da moderna GP

1. Investir fortemente nas pessoas e nos gestores de


pessoas
2. Transformar Pessoas em Talentos
3. Transformar Talentos em Capital Humano
4. Transformar Capital Humano em Capital Intelectual
5. Transformar Capital Intelectual em Resultados

13

Passos da moderna GP

Quatro maneiras pelas quais a gestão de pessoas pode


colaborar com o sucesso organizacional:
1. tornar-se um parceiro na execução da estratégia
2. tornar-se um especialista administrativo
3. tornar-se um defensor dos funcionários
4. tornar-se um agente de mudança

14

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Administração – Evolução, Papéis e Processos de Gestão de Pessoas – Prof. Rafael Ravazolo

Decreto nº 5.707, de 23/2/2006


Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
Objetivos:

I - melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos


prestados ao cidadão;
II - desenvolvimento permanente do servidor público;
III - adequação das competências requeridas dos servidores aos
objetivos das instituições, tendo como referência o plano plurianual;
IV - divulgação e gerenciamento das ações de capacitação; e
V - racionalização e efetividade dos gastos com capacitação.
15

Macroprocesso de Gestão de Pessoas


• Define princípios, estratégias, políticas, práticas e estilos de atuação
dos gestores e das pessoas.
• Cada autor agrupa as atividades de formas distintas.
‒Exemplo 1: Dutra - três processos:
o Movimentação: captar, internalizar, transferir, promover, expatriar
e recolocar.
o Desenvolvimento: capacitar, gerir carreira e desempenho.
o Valorização: remunerar e premiar.
‒Exemplo 2: Chiavenato - seis processos:
o Agregar, Aplicar, Recompensar, Desenvolver, Manter, Monitorar.

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Diagnóstico
de Gestão
de Pessoas

17

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Gestão de Pessoas nas Organizações

1. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS DE RH (SIG-RH)

Os SIG-RH são os processos utilizados para acompanhar e controlar as atividades das pessoas e
verificar resultados. Incluem banco de dados e sistemas de informações gerenciais.
Dados são índices, registros de alguma coisa, elementos identificados em sua forma bruta.
Sozinhos, não permitem inferências ou análises completas. Ex.: número de funcionários,
quantidade produzida etc. Um banco de dados é um local de armazenamento de dados
devidamente codificados. É um conjunto integrado de arquivos, relacionados logicamente,
organizados de forma a melhorar e facilitar o acesso aos dados.
No caso da área de Recursos Humanos, diversos subsistemas fornecem dados que alimentam
os cadastros dos bancos – Recrutamento e Seleção, Treinamento e Desenvolvimento, Cargos e
Salários, Benefícios, Higiene e Segurança, Avaliação de Desempenho, Registros e Controles de
Pessoal etc.
Para terem valor, os dados precisam ser processados e analisados. Dessa forma, eles
transformam-se em informação. Ex.: produtividade dos funcionários, custo médio de produção
etc.
O que diferencia um dado de uma informação é o conhecimento que esta última propicia.
As empresas têm tratado a informação como um recurso vital. Ela afeta e influencia a
produtividade, a lucratividade e as decisões estratégicas das empresas.

Existem três formas de processamento:


Manual: por meio de fichas, talões etc., sem auxílio de máquinas.
Semiautomático: ainda há características dos sistemas manuais, porém já existem máquinas
para auxiliar as operações.
Automático: o processo é totalmente automatizado, auxiliado por máquinas, sem a necessidade
da intervenção humana.
Um Sistema de RH, portanto, é aquele acessa o banco, processa os dados e gera informações
que são utilizadas no processo decisório da organização.
Um SIG de RH geralmente fornece as seguintes funcionalidades:
Total alinhamento do planejamento estratégico de RH.
Registros e controles de pessoal – cargos, remuneração, férias, ponto, treinamentos, disciplina
etc.

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Relatórios operacionais e gerenciais.
Acesso facilitado e interface amigável com os usuários (gestores e funcionários).
Os sistemas de informações gerenciais podem trazer os seguintes benefícios:
•• Redução de custos nas operações.
•• Melhoria no acesso às informações – relatórios mais rápidos e fáceis.
•• Melhoria na produtividade e nos serviços oferecidos.
•• Melhoria na tomada de decisões, por meio do fornecimento de informações precisas.
•• Estímulo à maior interação entre os tomadores de decisão.
•• Fornecimento de melhores projeções dos efeitos das decisões.
•• Melhoria na estrutura organizacional, para facilitar o fluxo de informações.
•• Melhoria na estrutura de poder, proporcionando maior poder para aqueles que entendem
e controlam o sistema.
•• Redução do grau de centralização de decisões na empresa.
•• Melhoria na adaptação da empresa para enfrentar os acontecimentos não previstos.
Abaixo, um exemplo de fluxo de trabalho de um SIG de RH.

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Administração

1.1. Comportamento organizacional

O C.O. é o campo de estudo que busca a compreensão do comportamento individual e dos


grupos no ambiente de trabalho.
Ele investiga os impactos que os indivíduos, os grupos e a estrutura têm sobre o comportamento
humano dentro de uma organização, com o objetivo de utilizar este conhecimento melhorar o
desempenho organizacional.
Percebe-se, portanto, 3 níveis de estudo: o indivíduo, o grupo e o sistema organizacional.
•• Variáveis individuais: características biográficas como idade, sexo e estado civil;
personalidade; valores; atitudes; habilidades; percepção; tomada de decisão individual;
aprendizagem e motivação.
•• Variáveis grupais: psicologia social; dinâmica de grupos; tomada de decisão em grupo;
liderança e confiança; comunicação; equipes de trabalho; conflitos; poder; política.
•• Variáveis organizacionais: estrutura organizacional formal; quadro funcional - cargos;
hierarquia; planejamento; processos de trabalho; políticas de RH; cultura; mudança.
De modo particular, percebe-se que o C.O. investiga liderança, poder, cultura, grupos e equipes,
aprendizagem, percepção, satisfação, motivação, comunicação, atitude, mudança, conflito,
entre outros temas que afetam os indivíduos e as equipes nas organizações. Essa amplitude
de temas faz com que o C.O. utilize conhecimentos gerados por diferentes ciências, como
psicologia, antropologia, sociologia etc.

Ciência Unidade de Análise Principais Contribuições


Personalidade, satisfação, motivação, emoções,
Psicologia Indivíduo treinamento, aprendizagem, avaliação, decisões
individuais, seleção.
Mudança comportamental, comunicação, processos
Psicologia Social Grupo
grupais.
Grupo e Dinâmica de grupo/intergrupo, cultura, poder,
Sociologia
Sistema Organizacional comunicação, conflito, mudança.
Grupo e Cultura, ambiente organizacional, análises comparati-
Antropologia
Sistema Organizacional vas: valores/atitudes.
Ciência Política Sistema Organizacional Conflito, poder, políticas intraorganizacionais.

Dentro do C.O. existem variáveis independentes (que são as causas) e as variáveis dependentes
(as consequências).

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Variáveis independentes:

•• Organizacionais: desenho da organização formal, processos do trabalho, funções, políticas


e práticas de gestão, cultura etc.
•• Grupais: padrões de comunicação, estilos de liderança, poder, níveis de conflito etc.
•• Individuais: características biográficas e de personalidade, estrutura emocional, valores e
atitudes, capacitação básica etc.
Variáveis dependentes: Produtividade (desempenho), absenteísmo, rotatividade e satisfação,
cidadania organizacional.

1.1.1. Equilíbrio organizacional


Na visão da Gestão de Pessoas, ocorre quando as contribuições dadas pelos funcionários são
compatíveis, em quantidade e qualidade, com as recompensas ofertadas pela organização.

1.1.1.1. Postulados básicos


•• Uma organização é um sistema de comportamentos sociais inter-relacionados de
numerosas pessoas, que são os participantes da organização;
•• Cada participante e cada grupo de participantes recebe incentivos (recompensas) em troca
dos quais faz contribuições à organização;
•• Todo o participante manterá sua participação na organização enquanto os incentivos que
lhe são oferecidos forem iguais ou maiores do que as contribuições que lhe são exigidos;
•• As contribuições trazidas pelos vários grupos de participantes constituem a fonte na qual a
organização se supre e se alimenta dos incentivos que oferece aos participantes;
•• A organização continuará existindo somente enquanto as contribuições forem suficientes
para proporcionar incentivos para induzirem os participantes à prestação de contribuições.

1.1.1.2. Conceitos básicos


•• Incentivos ou alicientes: aquilo que a organização oferece (salários, benefícios, prêmios de
produção, elogios, promoções, reconhecimento etc.)
•• Utilidade dos incentivos: valor de utilidade que cada indivíduo atribui ao incentivo.

•• Contribuições: aquilo que cada participante dá à organização (trabalho, dedicação, esforço,


assiduidade, pontualidade, lealdade, reconhecimento etc.)

•• Utilidade das contribuições: é o valor que o esforço de cada indivíduo tem para a
organização, a fim de que esta alcance seus objetivos.

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Administração – Conceitos Básicos de Comportamento Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

1.1.1.3. Participantes
Participantes são todos aqueles que recebem incentivos da organização e que trazem
contribuições para sua existência. Nem todos os participantes atuam dentro da organização,
mas todos eles mantêm uma relação de reciprocidade com ela.
Existem cinco classes de participantes: empregados, investidores, fornecedores, distribuidores
e consumidores.

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Slides – Comportamento Organizacional

Comportamento Organizacional
• Investiga os impactos que os indivíduos, os grupos e a estrutura têm
sobre o comportamento dentro de uma organização.
• 3 níveis de estudo: o indivíduo, o grupo e o sistema organizacional.
‒ Variáveis individuais: características biográficas como idade, sexo e
estado civil; personalidade; valores; atitudes; habilidades; percepção;
tomada de decisão individual; aprendizagem e motivação.
‒ Variáveis grupais: psicologia social; dinâmica de grupos; tomada de
decisão em grupo; liderança e confiança; comunicação; equipes de
trabalho; conflitos; poder; política.
‒ Variáveis organizacionais: estrutura organizacional formal; quadro
funcional - cargos; hierarquia; planejamento; processos de trabalho;
políticas de RH; cultura; mudança.
1

Comportamento Organizacional
• 5 principais ciências que contribuem para o estudo do CO:
Ciência Unidade de Análise Principais Contribuições
Personalidade, satisfação, motivação,
Psicologia Indivíduo emoções, treinamento, aprendizagem,
avaliação, decisões individuais, seleção.
Mudança comportamental,
Psicologia Social Grupo
comunicação, processos grupais.
Grupo e Dinâmica de grupo/intergrupo, cultura,
Sociologia
Sistema Organizacional poder, comunicação, conflito, mudança.
Grupo e Cultura, ambiente organizacional,
Antropologia
Sistema Organizacional análises comparativas: valores/atitudes.
Conflito, poder, políticas
Ciência Política Sistema Organizacional intraorganizacionais.
2

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Administração – Conceitos Básicos de Comportamento Organizacional – Prof. Rafael Ravazolo

Comportamento Organizacional

• Variáveis independentes – causas


‒Organizacionais: desenho, cultura, políticas, etc.
‒Grupais: comunicação, liderança, poder, conflitos, etc.
‒Individuais: idade, gênero, personalidade, valores, motivação, etc.

• Variáveis dependentes – consequências: fatores que são


afetados.
‒Produtividade (desempenho), absenteísmo, rotatividade e
satisfação, cidadania organizacional.
3

Comportamento organizacional
Equilíbrio Organizacional: reciprocidade
‒Consequência da interação psicológica entre a pessoa e a
organização - ambos oferecem algo e esperam algo em troca.
o Incentivos ou alicientes: aquilo que a organização oferece
 Utilidade: valor que a pessoa dá ao incentivo.
o Contribuições: aquilo que cada pessoa dá à organização
 Utilidade: valor que o esforço de cada indivíduo tem para a
organização.

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Desempenho
• No contexto do Comportamento Organizacional:

DESEMPENHO
=
Capacidade pessoal (conhecimentos + habilidades)
+
Motivação (atitudes)
+
Suporte Organizacional
5

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Administração

1.1 Motivação

O comportamento humano é determinado por forças que, algumas vezes, escapam ao próprio
entendimento e controle do homem. Essas forças conscientes ou inconscientes que levam o
indivíduo a um determinado comportamento são chamadas causas ou motivos.
A motivação é a energia ou força que movimenta o comportamento e que tem três propriedades:
1. Direção: o objetivo do comportamento motivado ou a direção para a qual a motivação leva
o comportamento.
2. Intensidade: o esforço, a intensidade da motivação.
3. Permanência: a necessidade, persistência, duração de motivação..
A motivação é específica: não há um estado geral de motivação que leve uma pessoa a sempre
ter disposição para tudo. No campo da Administração, uma pessoa motivada é aquela que
demonstra alto grau de disposição para realizar uma tarefa.
A figura abaixo representa o ciclo motivacional.

A motivação para o trabalho é resultante de uma interação complexa entre os motivos internos
das pessoas e os estímulos da situação ou ambiente.
•• Motivos internos: são as necessidades, aptidões, interesses, valores e habilidades das
pessoas. Fazem cada pessoa ser capaz de realizar certas tarefas e não outras; sentir-se
atraída por certas coisas e evitar outras; valorizar certos comportamentos e menosprezar
outros. São os impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica, afetados por
fatores sociológicos, como os grupos ou a comunidade de que a pessoa faz parte.
•• Motivos externos: são estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que
a pessoa persegue. Satisfazem necessidades, despertam sentimentos de interesse ou
representam recompensas desejadas. Ex: o trabalho, o ambiente, as recompensas, os
padrões estabelecidos pelo grupo de colegas e os valores do meio social, além de outros.

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Existem dois grupos de teorias sobre motivação: de processo e de conteúdo.

1.1.1 Teorias de conteúdo


Procuram explicar quais fatores motivam as pessoas.

1.1.1.1 Hierarquia das Necessidades – Maslow


Abraham Maslow afirma que as necessidades humanas agrupam-se segundo uma hierarquia
com cinco níveis. Caso uma necessidade seja atendida, ela deixa de se fazer sentir (perde sua
força motivadora) e a pessoa passa a ser motivada pela ordem seguinte de necessidades.
As afirmações acima remetem a dois princípios:
•• Princípio da emergência: as necessidades de qualquer nível da hierarquia emergem
como motivadores apenas quando as necessidades de níveis inferiores já estiverem
razoavelmente satisfeitas.
•• Princípio da dominância: na medida em que uma necessidade é substancialmente atendida,
a próxima se torna dominante.
Maslow distingue cinco necessidades, separadas em dois grupos:
•• Necessidades Primárias – fisiológicas e de segurança.
•• Necessidades Secundárias – sociais, de estima e de autorrealização.

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Administração – Motivação – Prof. Rafael Ravazolo

Pirâmide de Maslow
A hierarquia das necessidades é tradicionalmente representada pelo desenho de uma pirâmide.
Na base desta pirâmide estariam as necessidades mais básicas e vitais para os seres humanos
(as primárias). A seguir, até se chegar ao topo, estariam as necessidades secundárias.
1. Necessidades fisiológicas (básicas):
alimentação, abrigo, repouso, sexo, ar,
etc.;
2. Necessidades de segurança: proteção
contra o perigo, danos físicos e
emocionais;
3. Necessidades sociais (associação):
sensação de pertencer ao grupo,
aceitação e aprovação pelos outros,
afeição, amizade;
4. Necessidades de estima (status): inclui
fatores internos de estima (autoestima,
respeito próprio, realização,
autonomia) e fatores externos (status, reconhecimento, independência, atenção);
5. Necessidades de autorrealização: referem-se à realização do potencial de cada indivíduo,
à utilização plena dos seus talentos, a tornar-se aquilo que é capaz (crescimento,
autodesenvolvimento).

1.1.1.2 Teoria ERC (ou ERG) – Alderfer


Basicamente, é uma adaptação da teoria da hierarquia das necessidades de Maslow. Alderfer
procurou adequar os estudos de Maslow para que a teoria pudesse refletir os dados de suas
pesquisas.
A primeira diferença é o fato de que Alderfer reduziu os níveis hierárquicos para três: de
existência, de relacionamento e de crescimento.

1. Existência (existence) – engloba os primeiros níveis de Maslow (fisiológico e segurança).

2. Relacionamento (relatedness) – engloba o nível social de Maslow e alguns fatores externos


do nível de estima.

3. Crescimento (growth) – engloba os componentes internos de estima e o nível de


autorrealização de Maslow.
Outra diferença está no fato de que na teoria ERC não existe uma hierarquia tão rígida. Vários
níveis de necessidades podem ser estimulados ao mesmo tempo – a satisfação de um nível
anterior não seria um pré-requisito para a satisfação do nível seguinte.

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Além disso, se um nível de necessidade superior não for atendido, isso pode levar a pessoa
a aumentar a necessidade de nível inferior. Ex: falta de reconhecimento no trabalho poderia
aumentar a demanda por melhores salários.

1.1.1.1 Teoria das Necessidades Adquiridas – McClelland

De acordo com McClelland, a motivação das pessoas também é relacionada com a satisfação
de necessidades. Estas necessidades são aprendidas e adquiridas ao longo da vida, como
resultado das experiências de vida de cada pessoa, de suas vivências.
McClelland foca em três necessidades básicas: realização, poder e afiliação.
•• Necessidade de Realização (Competir) – busca da excelência, de realização com relação a
determinados padrões, ímpeto para alcançar sucesso. As pessoas que possuem muito essa
necessidade costumam procurar mudanças na vida, são competitivas, cumprem metas
estipuladas.

•• Necessidade de Poder (Exercer influência) – necessidade de fazer com que os outros se


comportem de um modo que não fariam naturalmente. É o desejo de impactar, de ter
autoridade e de controlar as outras pessoas. Os indivíduos com essas necessidades em
alta gostam de estar no comando, buscam influenciar sobre os outros, preferem estar
em situações competitivas e de status e tendem a se preocupar mais com prestigio e a
influência do que propriamente com o desempenho eficaz.

•• Necessidade de Associação (Afiliação, Relacionar-se) – desejo de relacionamentos


interpessoais próximos e amigáveis, de manter relações emocionais positivas.

A teoria de McClelland equivale aos níveis mais elevados da hierarquia de Maslow e se aproxima
dos fatores motivacionais de Herzberg e, a exemplo deles, também não teve seus pressupostos
comprovados cientificamente.

1.1.1.2 Teoria dos Dois Fatores – Herzberg

Para Herzberg, satisfação e insatisfação possuem origens distintas.


A Teoria dos Dois Fatores aborda os conceitos de motivação e de satisfação a partir de dois
grupos de fatores:

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Administração – Motivação – Prof. Rafael Ravazolo

Fatores higiênicos – extrínsecos – insatisfacientes

Estão relacionados com as necessidades básicas do indivíduo no ambiente de trabalho. A


presença de tais fatores não traz satisfação, porém, sua ausência gera grande insatisfação.
As empresas visam atender a essa necessidade oferecendo adequadas condições de trabalho,
remuneração correta e equilibrada, padrão claro e estável de supervisão e organização, clareza
de informação e comunicação, etc.

Fatores higiênicos Determinantes


A disposição ou boa vontade de ensinar ou
Supervisão
delegar responsabilidades aos subordinados.
Normas e procedimentos que encerram os
Políticas empresariais
valores e crenças da companhia.
Ambientes físicos e psicológicos que envolvem as
Condições ambientais
pessoas e os grupos de trabalho.
Transações pessoais e de trabalho com os pares,
Relações interpessoais
os subordinados e os superiores.
Forma pela qual a nossa posição está sendo vista
Status
pelos demais.
Remuneração O valor da contrapartida da prestação de serviço.
Aspectos do trabalho que influenciam a vida
Vida pessoal
pessoal

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Fatores motivacionais – intrínsecos – satisfacientes

São os aspectos psicológicos de reconhecimento, autoestima, autorrealização, entre outros.


Quando presentes, tais fatores geram satisfação, porém, sua ausência não gera insatisfação.
A conclusão do estudo de Herzberg mostra que os fatores que geram a satisfação e a insatisfação
possuem origens distintas.
Fatores higiênicos – extrínsecos – não geram satisfação. Eles apenas geram insatisfação quando
ausentes, ou impedem a insatisfação quando presentes.
Fatores motivacionais – intrínsecos – não geram insatisfação. Eles geram satisfação quando
presentes, e impedem a satisfação quando ausentes.

Fatores motivadores Determinantes


O término com sucesso de um trabalho ou tarefa;
Realização
os resultados do próprio trabalho.
O recebimento de um reconhecimento público,
Reconhecimento pela
ou não, por um trabalho bem-feito ou um
realização
resultado conseguido.
Tarefas consideradas agradáveis e que provocam
O trabalho em si
satisfação
Proveniente da realização do próprio trabalho ou
Responsabilidade
do trabalho e outros
Possibilidade de aumento de status, perfil
Desenvolvimento pessoal
cognitivo ou mesmo de posição social.
Uma alavancagem dentro da estrutura
Possibilidade de crescimento organizacional, em termos de cargo ou
responsabilidade.

A conclusão do estudo de Herzberg mostra que os fatores que geram a satisfação e a insatisfação
possuem origens distintas.
Fatores higiênicos – extrínsecos – não geram satisfação. Eles apenas geram insatisfação
quando ausentes, ou impedem a insatisfação quando presentes.
Fatores motivacionais – intrínsecos – não geram insatisfação. Eles geram satisfação quando
presentes, e impedem a satisfação quando ausentes.

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Administração – Motivação – Prof. Rafael Ravazolo

Devem ser oferecidos níveis apropriados de fatores higiênicos para que não haja insatisfação,
ao mesmo tempo em que devem ser oferecidos fatores motivacionais para que haja satisfação.
Os estudos de Herzberg mostram que a principal maneira de motivar uma pessoa no trabalho é
oferecer atribuições desafiadoras e pelas qual ela se responsabilize. Isso pode ser feito através
de um processo chamado enriquecimento de cargo, permitindo a realização de trabalhos que
sejam interessantes, desafiadores e valorizados. Exemplo:
•• Oportunidades para que ele possa alcançar seus objetivos pessoais desde que estejam
compatíveis com os objetivos da empresa;
•• Reconhecimento, pela chefia, dos objetivos atingidos;
•• Responsabilidade e autoridade para realizar suas tarefas;
•• Desafios para suas habilidades e conhecimentos;
•• Oportunidades e promoção quando o empregado demonstrar interesse e domínio para as
tarefas pretendidas.
O trabalho de enriquecimento de cargo deve ser uma preocupação contínua dos gerentes para
que possam manter um nível de motivação elevado.

1.1.2 Teorias de processo


Procuram explicar como funciona o processo de motivação, ou seja, o conjunto de passos/
decisões que motivam uma pessoa.

1.1.2.1 Teoria do Estabelecimento de Objetivos


Edwin Locke sustenta que objetivos específicos difíceis, com feedback, conduzem a melhores
desempenhos.
Alguns postulados dessa teoria:
•• Objetivos específicos são melhores que metas genéricas, pois funcionam como estímulos
internos e guiam o comportamento;

www.acasadoconcurseiro.com.br 729
•• Objetivos difíceis, quando aceitos, também geram melhores desempenho, pois prendem a
atenção e ajudam a focar;
•• Oportunidade de participar no estabelecimento dos objetivos aumenta a aceitação e a
colaboração;
•• O feedback sobre o progresso melhora o desempenho, pois funciona como um guia do
comportamento, mostrando o gap entre o que é esperado e o que está sendo realizado.
Obs: o feedback autogerenciado é um motivador mais eficaz que o feedback externo;
•• Capacitação e autoeficácia (crença a respeito do próprio desempenho em uma tarefa)
geram melhor desempenho.
Outros fatores influenciam a relação objetivo-desempenho: o comprometimento com o
objetivo, as características da tarefa e a cultura nacional.
Locke defende 4 métodos para motivar as pessoas: dinheiro (não deve ser o único método, mas
aplicado com os outros), estabelecimento de objetivos, participação nas decisões e redesenho
do trabalho (para proporcionar maior desafio e responsabilidade).

1.1.2.2 Behaviorismo – Teoria do Reforço


Afirma que o reforço condiciona o comportamento, ou seja, que os indivíduos podem ser
moldados a se comportarem de certa maneira em decorrência de estímulos aplicados a eles.
De acordo com tal teoria, o ambiente é a causa do comportamento (reforços externos) e não
eventos cognitivos internos (vontades íntimas do indivíduo).
Um dos autores mais famosos dessa corrente teórica é Skinner, que popularizou o conceito de
condicionamento operante como forma de manipular o comportamento das pessoas. Estímulos
positivos tenderiam a reforçar o comportamento (ex: pagar um bônus aos que atingem metas),
enquanto estímulos negativos buscariam anular um comportamento (ex: punição por atrasos
frequentes).
As quatro estratégias mais comuns para modificar o comportamento são:
•• Reforço Positivo - dar recompensa quando um comportamento desejado ocorre;
•• Reforço Negativo - retirar consequência negativa quando um comportamento desejado
ocorre;
•• Punição - aplicação de medida negativa quando um comportamento indesejado ocorre;
•• Extinção - retirada de recompensas positivas quando um comportamento indesejado
ocorre.

1.1.2.3 Teoria da Equidade


Para Stacy Adams, todos fazem uma comparação entre o que “entrega” e o que “recebe” em
troca (e o que os colegas entregam e recebem). Assim, a noção de que a relação é justa teria
um impacto significativo na motivação.
Há quatro pontos de referência que podem ser utilizados como comparação:

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•• Próprio interno: experiências do funcionário em outra posição na empresa;


•• Próprio externo: experiências do funcionário fora da empresa;
•• Outro interno: outra pessoa ou grupo na empresa;
•• Outro Externo: outra pessoa ou grupo fora da empresa.
Se a relação de troca não tem equidade, seria natural tomar algumas providências:
•• Modificar os insumos – trabalhar mais ou menos;
•• Modificar os resultados – produzir com menos qualidade;
•• Rever a autoimagem – mudar a percepção, a ideia sobre si mesmo (ex: considerar-se mais
ou menos trabalhador);
•• Rever a percepção que tem dos outros – achar que a posição dos outros é que não é
satisfatória;
•• Mudar o referencial – buscar outro ponto de referência, se comparar com alguém que está
pior (ou melhor);
•• Desistir – sair do emprego.

1.1.2.4 Teoria da Expectância – Vroom


Também chamada de Teoria da Expectativa, ela sustenta que a motivação do indivíduo acontece
quando ele crê na recompensa decorrente de seu esforço.
Expectativa, portanto, é a crença de que um esforço produzirá resultado. Parte do princípio que
as pessoas se esforçam para alcançar recompensas que para elas são importantes, ao mesmo
tempo em que evitam os resultados indesejáveis.
É, atualmente, uma das teorias mais aceitas sobre motivação.
A motivação é função de três fatores, que devem ocorrer simultaneamente: expectância
(expectativa), instrumentalidade e valência.

1. Expectativa = relação Esforço x Desempenho = a percepção de que um determinado


conjunto de esforços o levará ao desempenho desejado. O grau de expectância varia de 0
(zero) a 1. Uma baixa expectativa (perto de zero) significa que a pessoa sente que não pode
alcançar o nível necessário de desempenho.

2. Instrumentalidade = relação Desempenho x Recompensa = crença de que o alcance do


desempenho o levará a receber certas recompensas. O grau de instrumentalidade também
varia de 0 (zero) a 1. Uma baixa instrumentalidade significa que a pessoa não está confiante
de que o desempenho resultará em boas recompensas (bons resultados).

3. Valência = Recompensa x Objetivos pessoais (Importância) = é o valor atribuído pelo


indivíduo à recompensa. Representa o quanto as recompensas satisfazem as metas

www.acasadoconcurseiro.com.br 731
pessoais ou as necessidades do indivíduo. O grau de valência varia de – 1 (algo indesejável)
a +1 (muito desejável).

Para Vroom, a motivação é o resultado da seguinte equação:


Motivação = Expectância X Instrumentalidade X Valência

1.1.3 Outras Teorias

1.1.3.1 Teoria da Autoeficácia – Bandura


A autoeficácia se refere à convicção individual de que se é capaz de realizar determinada tarefa.
Quanto maior a autoeficácia, maior a confiança no sucesso.
Pessoas com baixa autoeficácia teriam tendência de diminuir esforços ou de desistir, enquanto
pessoas com alta autoeficácia tenderiam a se esforçar para vencer desafios e a responder com
mais determinação a um feedback negativo.
Albert Bandura argumenta que há quatro maneiras de se aumentar a autoeficácia:
•• Maestria prática: ganho de experiência relevante com o desempenho do trabalho;
•• Aprendizagem por observação: ver outras pessoas desempenhando atividades sem
consequências adversas pode gerar a expectativa de que também é possível realizá-las;
•• Persuasão verbal: tornar-se mais confiante porque alguém o convence de que você possui
as habilidades necessárias;
•• Excitação emocional: conduz a um estado de energia que leva o indivíduo a terminar a
tarefa.

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1.1.3.1 Teoria X e Y – McGregor


Douglas McGregor pôs em evidência a filosofia do gestor sobre a natureza humana e a sua
relação com a motivação dos subordinados.
Os gestores tendem a desenvolver um conjunto de crenças ou ideias sobre os empregados, as
quais podem ser divididas em dois grupos, com visões antagônicas – a Teoria X e a Teoria Y.
De acordo com os pressupostos da Teoria X, as pessoas: são preguiçosas e indolentes; evitam o
trabalho; evitam a responsabilidade para se sentirem mais seguras; precisam ser controladas e
dirigidas; são ingênuas e sem iniciativa.
Se o gestor tem esta visão negativa das pessoas, ele tende a ser mais controlador e repressor, a
tratar os subordinados de modo mais rígido, a ser autocrático, a não delegar responsabilidades.
Nas pressuposições da Teoria Y, o trabalho é uma atividade tão natural como brincar ou
descansar, portanto, as pessoas: são esforçadas e gostam de ter o que fazer; procuram e
aceitam responsabilidades e desafios; podem ser automotivadas e autodirigidas; são criativas
e competentes.
Como o gestor acredita no potencial dos funcionários, ele incentiva a participação, delega
poderes e cria um ambiente mais democrático e empreendedor.

1.1.3.1 Dinheiro motiva?


Lawler é um dos poucos autores que consideram o dinheiro um fator motivacional. Para
ele, o dinheiro é motivacional desde que a pessoa acredite que: o dinheiro satisfará suas
necessidades; para obter o dinheiro é necessário algum tipo de esforço.
Alfie Kohn destaca que o uso de premiações para incentivar o aumento de desempenho
parte de uma premissa que, apesar de ser muito aceita, é inadequada, pois desloca o foco
do desempenho para a premiação. Isso reforça a motivação extrínseca e, ao mesmo tempo,
enfraquece a motivação intrínseca. Kohn ainda ressalta as várias disfunções do uso de um
sistema de recompensas: acirramento da competição entre as pessoas em detrimento
da cooperação; desincentivo à inovação, uma vez que as pessoas preferem reproduzir
comportamentos conhecidos a correr riscos; surgimento de comportamentos antiéticos para o
alcance de resultados.
Herzberg considera o dinheiro um fator higiênico, ou seja, incapaz de motivar.
A Teoria da Avaliação Cognitiva, por sua vez, mostra que oferecer recompensas extrínsecas a
comportamentos que já foram recompensados intrinsecamente tende a prejudicar a motivação,
caso as recompensas sejam vistas como uma forma de controle organizacional.

www.acasadoconcurseiro.com.br 733
Slides - Motivação:

Mo#vação  
• Mo#vos  são  forças,  conscientes  ou  inconscientes,  que  
levam  o  indivíduo  a  um  comportamento  (ação).  
‒ Mo#vo  é  a  energia/força  que  movimenta  o  comportamento;  
‒ Uma  pessoa  mo#vada  é  aquela  com  disposição  para  fazer  
algo.  

Mo%vação  
• A  mo%vação  é  específica:  não  há  um  estado  geral  de  mo%vação  
que  leve  uma  pessoa  a  sempre  ter  disposição  para  tudo.  
• Três  propriedades:  
‒ Direção:  obje%vo  do  comportamento  mo%vado  ou  a  direção  
para  a  qual  a  mo%vação  leva  o  comportamento.  
‒ Intensidade:  esforço  =  intensidade  da  mo%vação.  
‒ Permanência:  necessidade  =  duração  da  mo%vação.  

734 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Motivação – Prof. Rafael Ravazolo

Mo4vação  
• É  resultante  de  uma  interação  complexa  entre  os  mo4vos  
internos  (das  pessoas)  e  os  mo4vos  externos  (do  ambiente):  
‒ Mo4vos  internos:  impulsos  interiores,  de  natureza  fisiológica  e  
psicológica  -­‐  necessidades,  ap4dões,  interesses,  valores  e  
habilidades.  Fazem  cada  pessoa  ser  capaz  de  realizar  certas  tarefas  e  
não  outras;  sen4r-­‐se  atraída  por  certas  coisas  e  evitar  outras;  
valorizar  certos  comportamentos  e  menosprezar  outros.  
‒ Mo4vos  externos:  esImulos  ou  incen4vos  que  o  ambiente  oferece.  
Ex:  trabalho,  ambiente,  as  recompensas,  padrões  estabelecidos  pelo  
grupo  e  valores  do  meio  social.  
Mo4vos     Mo4vos  
Mo4vação  
Internos   externos  
3

Teorias  sobre  Mo7vação  


• Teorias  de  Conteúdo:  procuram  explicar  quais  fatores  mo7vam  
as  pessoas  –  O  QUE  
‒ Sa7sfação  de  necessidades.  
‒ Hierarquia  das  Necessidade  (Maslow),  ERC  (Alderfer),  Dois  Fatores  
(Herzberg),  Necessidades  Adquiridas  (McClelland).  

• Teorias  de  Processo:  procuram  explicar  o  processo  de  


mo7vação  –  COMO  
‒ Mo7vação  como  um  processo  de  tomada  de  decisão.  
‒ Behaviorismo  (Skinner),  Expecta7va  (Vroom),  Equidade  (Stacy  
Adams),  Estabelecimento  de  Obje7vos  (Locke)  
4

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Hierarquia  das  Necessidades  –  Maslow  
As  necessidades  humanas  agrupam-­‐se  segundo  uma  hierarquia.  
 

• Uma  vez  atendida,  uma  necessidade  deixa  de  se  fazer  senAr  
(perde  sua  força  moAvadora)  e  a  pessoa  passa  a  ser  moAvada  
pela  ordem  seguinte  de  necessidades.  
‒ Princípio  da  emergência:  as  necessidades  de  qualquer  nível  
da  hierarquia  emergem  como  moAvadores  apenas  quando  as  
necessidades  de  níveis  inferiores  já  esAverem  razoavelmente  
saAsfeitas.  
‒ Princípio  da  dominância:  na  medida  em  que  uma  
necessidade  é  substancialmente  atendida,  a  próxima  se  torna  
dominante.    
5

Pirâmide  de  Maslow  


 

Secundárias  
(de  nível  superior)   Autorrealização  

Estima  
Necessidades  

 
Sociais  

Segurança  
Primárias  
(nível  inferior)   Fisiológicas  
6

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Teoria  ERC  (ou  ERG)  –  Alderfer  


• Adaptação  das  necessidades  humanas  de  Maslow  a  suas  
próprias  pesquisas.  
‒ Três  níveis:  
1.  Existência  (existence)–  fisiológico  e  segurança  de  Maslow  
2.  Relacionamento  (relatedness)  –  social  e  alguns  fatores  
externos  do  nível  de  esJma  
3.  Crescimento  (growth)  –  internos  de  esJma  e  o  nível  de  
autorrealização  
• Hierarquia  não  é  tão  rígida  –  vários  níveis  podem  ser  
esJmulados  simultaneamente.  
• Falta  de  um  nível  superior  pode  aumentar  necessidade  de  um  
inferior  –  hierarquia  descendente.   7

Necessidades  Adquiridas  –  McClelland  

A  mo4vação  é  relacionada  com  a  sa4sfação  de  certas  


necessidades,  as  quais  são  adquiridas  (aprendidas)  pelos  
indivíduos  ao  longo  de  sua  vivência.  
 
• Três  perfis  de  necessidades:  
‒ Necessidade  de  Realização  (compe4r,  ser  excelente)  
‒ Necessidade  de  Poder  (exercer  influência,  autoridade)  
‒ Necessidade  de  Afiliação  (Associação,  Relacionamento)  

www.acasadoconcurseiro.com.br 737
Dois  Fatores  –  Herzberg  
• Sa1sfação  e  insa1sfação  possuem  origens  dis1ntas.  
‒ Fatores  higiênicos  –  extrínsecos  –  insa1sfacientes  
o  Contexto  do  trabalho  =    salário,  beneFcios,  1po  de  chefia  ou  
supervisão,  condições  Fsicas  e  ambientais  de  trabalho,  polí1cas  e  
diretrizes,  etc.  
‒ Fatores  mo1vacionais  –  intrínsecos  –  sa1sfacientes  
o  O  trabalho  em  si  -­‐  conteúdo  do  cargo  e  natureza  das  tarefas  =  
sen1mentos  de  crescimento  individual,  reconhecimento,  
autorrealização,  autonomia,  responsabilidade,  etc.  
• Como  levar  um  funcionário  a  se  sen1r  mo1vado?  
‒ Enriquecimento  do  cargo:  Responsabilidade;  Reconhecimento;  
Desafios;  Realização;  Crescimento.  
9

Dois  Fatores  –  Herzberg  


 
Presença de Ausência de
Fatores Fatores
Motivacionais Motivacionais
NÃO
SATISFAÇÃO SATISFAÇÃO

NÃO INSATISFAÇÃO
INSATISFAÇÃO
Presença de Ausência de
Fatores Fatores
Higiênicos Higiênicos

10

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Teoria  do  Estabelecimento  de  Obje3vos  


Obje3vos  específicos  di8ceis,  com  feedback,  conduzem  a  
melhores  desempenhos.  

• Obje3vos  específicos  são  melhores  que  metas  genéricas;  


• Obje3vos  di8ceis  geram  melhores  desempenho;  
• Oportunidade  de  par3cipar  no  estabelecimento  dos  obje3vos  
aumenta  a  aceitação  e  a  colaboração;  
• O  feedback  sobre  o  progresso  melhora  o  desempenho;  
• Capacitação  e  autoeficácia  geram  melhor  desempenho.  
11

Behaviorismo  (comportamental,  reforço)  


O  reforço  condiciona  o  comportamento.  
• O  ambiente  é  a  causa  do  comportamento  (e  não  eventos  
cogniCvos  internos  –  vontades  ínCmas).  
‒ Os  indivíduos  podem  ser  moldados  a  se  comportarem  de  certa  
maneira  em  decorrência  de  esHmulos  aplicados  a  eles:  
o Reforço  PosiCvo  
o Reforço  NegaCvo  
Comportamentos  Desejáveis  
o Punição    
o ExCnção   Comportamentos  Indesejáveis  

• CríCca:  manipulação  
12

www.acasadoconcurseiro.com.br 739
Equidade  -­‐  Stacy  Adams  
Mo3vação  =  equilíbrio  entre  o  que  se  dá  (e  os  outros  dão)  e  o  
que  se  recebe  (e  os  outros  recebem).  
 
•  Providências  quando  há  inequidade:  
‒ Modificar  os  insumos  (se  esforçar  menos)  
‒ Modificar  a  recompensa  (ganhar  mais)  
‒ Rever  a  autoimagem  -­‐  a  percepção  sobre  si  
‒ Rever  a  percepção  sobre  os  outros  
‒ Mudar  o  referencial  
‒ Sair  do  jogo  -­‐  desis3r  
13

Expecta(va  (expectância)  –  Vroom  


A  mo(vação  do  indivíduo  acontece  quando  
 ele  crê  na  recompensa  decorrente  de  seu  esforço.  
•  As  pessoas  se  esforçam  para  alcançar  recompensas  que  para  elas  são  
importantes,  ao  mesmo  tempo  em  que  evitam  os  resultados  
indesejáveis.  
•  Mo#vação  =  Expectância  X  Instrumentalidade  X  Valência  

14

740 www.acasadoconcurseiro.com.br
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Autoeficácia  -­‐  Bandura  


Convicção  individual  de  que  se  é  capaz  de  realizar  
determinada  tarefa.  
•  Quanto  maior  a  autoeficácia,  maior  a  confiança  no  sucesso.  
‒ Pessoas  com  baixa  autoeficácia  teriam  tendência  de  diminuir  esforços  ou  
de  desisEr.  
•  4  maneiras  de  se  aumentar  a  autoeficácia:  
‒ Maestria  práEca:  ganho  de  experiência  no  trabalho;  
‒ Aprendizagem  por  observação:  ver  outras  pessoas  desempenhando  
aEvidades;  
‒ Persuasão  verbal:  tornar-­‐se  mais  confiante  porque  alguém  o  convence  de  
que  você  possui  as  habilidades  necessárias;  
‒ Excitação  emocional:  conduz  a  um  estado  de  energia  que  leva  o  indivíduo  
a  terminar  a  tarefa.  
15

X  e  Y  -­‐  McGregor  
• Também  é  uma  teoria  de  liderança  –  filosofia  do  gestor  
baseada  em  um  conjunto  de  crenças  sobre  as  pessoas.  
‒ Visão  X:  as  pessoas  são  ingênuas,  preguiçosas  e  sem  
iniciaDva;  evitam  trabalho  e  responsabilidade;  precisam  ser  
controladas  e  dirigidas.  
‒ Visão  Y:  as  pessoas  são  esforçadas  e  gostam  de  ter  o  que  
fazer;  procuram  e  aceitam  responsabilidades  e  desafios;  
podem  ser  automoDvadas  e  autodirigidas;  são  criaDvas  e  
competentes.  

16

www.acasadoconcurseiro.com.br 741
Dinheiro  mo,va?  
•  Lawler  -­‐  o  dinheiro  é  mo,vacional  desde  que  a  pessoa  acredite  que:  
ele  sa,sfará  suas  necessidades;  para  obtê-­‐lo  é  necessário  algum  ,po  
de  esforço.  
‒ Aquilo  que  sa+sfaz  uma  necessidade  humana  frequentemente  é  
visto  como  a  própria  necessidade.  
•  Alfie  Kohn  –  dinheiro  desloca  o  foco  do  desempenho  para  a  
premiação.  
‒ Reforça  a  mo,vação  extrínseca  e  enfraquece  a  intrínseca.  
•  Herzberg  –  dinheiro  é  um  fator  higiênico.  
•  Teoria  da  Avaliação  Cogni9va  -­‐  oferecer  recompensas  extrínsecas  a  
comportamentos  que  já  foram  recompensados  intrinsecamente  
tende  a  prejudicar  a  mo,vação,  caso  as  recompensas  sejam  vistas  
como  uma  forma  de  controle  organizacional.   17

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Administração

1. LIDERANÇA

Liderança é a capacidade de influenciar o comportamento de outra pessoa através da adesão


da mesma a um princípio, a uma meta ou a uma determinada missão.
Em outras palavras, é a capacidade de influenciar as pessoas a alcançar objetivos, portanto,
envolve competências interpessoais, inerentes às relações humanas.
A liderança é diferente da autoridade formal: enquanto a autoridade formal advém da posição
ou do cargo ocupado na hierarquia - quando um funcionário obedece ao chefe, ele o faz por
que é obrigado - a liderança advém do consentimento, ou seja, não depende de hierarquia,
tampouco parte do uso de sanções (coerção) como mecanismo de convencimento. Todo bom
chefe deve ser um líder, porém, nem todo líder é um chefe.
Para não ser confundida com manipulação, uma liderança autêntica deve ter como fundamentos
a ética e a confiança.
A liderança não é uma qualidade pessoal singular. Algumas vezes o líder emerge naturalmente,
outras ele é escolhido devido à necessidade de liderança em um grupo. Ao mesmo tempo, as
características que levam uma pessoa a ser aceita como líder em um grupo são limitadas a este
grupo.
A liderança, portanto, é um fenômeno tipicamente social, um tipo de influência entre pessoas,
realizada por meio de um processo de comunicação, que ocorre em determinada situação e
busca alcançar objetivos específicos. Neste contexto, liderança envolve relações, comunicação
e metas.
Segundo McGregor, a liderança é um processo social complexo, no qual interagem quatro
variáveis ou componentes:

1) as motivações dos liderados – ela é legitimada pelo atendimento das expectativas do grupo
de liderados;

2) a tarefa ou missão – o que liga o líder aos seguidores é uma tarefa ou missão. Sem missão,
não há liderança; apenas influência ou popularidade;

3) o líder – pessoa com certos traços de personalidade, motivações e habilidades;

4) a conjuntura – contexto, meio organizacional no qual ocorre a relação líder-liderados. Esse


meio influencia o comportamento do líder e dos liderados e define o modelo de liderança a
ser seguido (ex: ser líder em uma organização militar X ser líder de uma equipe esportiva).

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1.1. Poderes, Atividades, Habilidades e Papéis dos Líderes

Diversos estudos, conduzidos ao longo do século XX, procuraram identificar distintas


habilidades, atividades, papéis e poderes exercidos pelos gestores (administrados, gerentes,
líderes) das organizações.

1.1.1. Poderes
Segundo French e Raven, existem cinco tipos de poder que um líder pode possuir:
•• Legítimo: autoridade formal, poder do cargo ocupado;
•• Coerção: poder de punição, temor;
•• Recompensa: poder de recompensar as atitudes, baseado nas necessidades;
•• Referência: carisma, identificação com o líder;
•• Perito ou Conhecimento: baseado na competência técnica, especialidade, aptidão.

1.1.2. Atividades (Fred Luthans)

1- Funções gerenciais: tomar decisões, planejar e controlar.

2- Comunicação: trocar e processar informações; processar documentação.

3- Administrar recursos humanos: motivar, resolver conflitos, alocar pessoal, treinar.

4- Relacionamento (networking): manter relações sociais, fazer política, interagir.

1.1.3. Papéis (Mintzberg)


Henry Mintzberg criou uma classificação dos dez papéis dos gestores, dividindo-os em três
categorias:

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1 Papéis interpessoais (relacionamento):


a) Figura de proa – símbolo, representante, o relações-públicas.
b) Líder – relação de influência e motivação.
c) Ligação – facilita a relação intra e entre áreas.

2 Papéis de informação:
a) Monitor – receber e lidar com informações de diversas fontes.
b) Disseminador – transferência de informações de fora (ambiente) para dentro da organização
e também entre pessoas e áreas.
c) Porta-voz – transmissão de informações para fora (ambiente).

3 Papéis de decisão:
a) Empreendedor (entrepreneur) – iniciador e planejador de mudanças.
b) Solucionador de problemas – gerenciador de turbulências e de distúrbios.
c) Negociador – com pessoas ou outras organizações.
d) Administrador (alocador) de recursos – tempo, pessoas, materiais etc.

1.1.4. Habilidades Gerenciais (Katz)


Robert L. Katz dividiu as habilidades gerenciais em três categorias:

Habilidade técnica – capacidade de aplicação de conhecimentos e habilidades específicas. Os


conhecimentos, métodos e equipamentos necessários para a realização das tarefas que estão
dentro do campo de sua especialidade.
Habilidade humana – capacidade de entender, liderar e trabalhar com pessoas. A compreensão
das pessoas e de suas necessidades, interesses e atitudes.
Habilidade conceitual – capacidade cognitiva de analisar informações, compreender e lidar
com a complexidade da organização como um todo, além de usar o intelecto para formular

www.acasadoconcurseiro.com.br 745
estratégias. Criatividade, planejamento, raciocínio abstrato e entendimento do contexto são
manifestações da habilidade conceitual.
A figura mostra que todos os gestores da organização devem ser, em certo sentido, gestores de
pessoas.
Henry Mintzberg também definiu algumas habilidades, associando-as diretamente aos
papéis gerenciais que criou: relacionamento com colegas; liderança; resolução de conflitos;
processamento de informações; tomar decisões em condições de ambiguidade; alocação de
recursos; empreendedor; capacidade de introspecção.

1.2. Teorias

As teorias relevam diferentes abordagens sobre o tema Liderança. Há três abordagens mais
comuns:

1. Traços de personalidade – foco nas características pessoais do líder.

2. Comportamentais – foco nos estilos (maneiras) de liderar os seguidores.

3. Contingenciais (situacionais) – foco na adaptação do líder às diferentes situações/contextos.

1.2.1. Teoria dos Traços de Personalidade


Essa abordagem teve grande força na década de 30. Segundo ela, o líder “nasce feito” e
apresenta características marcantes de personalidade, que o distinguem das demais pessoas.
Certos indivíduos possuem uma combinação especial de traços de personalidade que podem
ser definidos e utilizados para identificar futuros líderes. Alguns exemplos de traços de
personalidade:
•• Físicos: energia, aparência, altura, etc.
•• Intelectuais: adaptabilidade, iniciativa, entusiasmo e autoconfiança.
•• Sociais: cooperação, habilidades interpessoais e administrativas.
•• Relacionados com a tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa.
Estudos mais recentes mostraram que os traços pessoais poderiam prever o surgimento da
liderança, mas não indicam qual tipo de líder é mais eficaz ou ineficaz.

1.2.2. Teorias dos Estilos de Liderança (Comportamentais)


Esta abordagem surgiu na década de 40 e se refere ao que o líder faz, isto é, ao estilo de
comportamento adotado para liderar. Tais teorias sugerem que é possível treinar pessoas
para serem líderes, ou seja, a liderança deixava de ser uma característica inata e passava a
ser algo que pudesse ser adquirido, construído. Há inúmeros estudos, cada um com suas
particularidades. Os principais são:

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1.2.2.1. Teoria X e Y (McGregor)


É considerada, por alguns, uma teoria de liderança, por outros, uma teoria de motivação.
Douglas McGregor pôs em evidência a filosofia do gestor sobre a natureza humana e a sua
relação com a motivação dos subordinados.
Os gestores tendem a desenvolver um conjunto de crenças ou ideias sobre os empregados, as
quais podem ser divididas em dois grupos, com visões antagônicas – a Teoria X e a Teoria Y.
•• De acordo com os pressupostos da Teoria X, as pessoas: são preguiçosas e indolentes;
evitam o trabalho; evitam a responsabilidade para se sentirem mais seguras; precisam ser
controladas e dirigidas; são ingênuas e sem iniciativa.
Se o gestor tem essa visão negativa das pessoas, ele tende a ser mais controlador e repressor, a
tratar os subordinados de modo mais rígido, a ser autocrático, a não delegar responsabilidades.
•• Nas pressuposições da Teoria Y, o trabalho é uma atividade tão natural como brincar ou
descansar, portanto, as pessoas: são esforçadas e gostam de ter o que fazer; procuram
e aceitam responsabilidades e desafios; podem ser automotivadas e autodirigidas; são
criativas e competentes.
Como o gestor acredita no potencial dos funcionários, ele incentiva a participação, delega
poderes e cria um ambiente mais democrático e empreendedor.

1.2.2.2. Três Estilos (White e Lippitt)


Os autores fizeram uma pesquisa para verificar o impacto e o clima social resultante do uso de
três estilos diferentes de liderança: autocrática, democrática e liberal (laissez-faire).
I – Liderança Autocrática: apenas o líder fixa as diretrizes, determina as ações e as técnicas
para a execução das tarefas, sem qualquer participação do grupo.
II – Liderança Democrática: as diretrizes e tarefas são debatidas pelo grupo, o qual é estimulado,
assistido e mediado pelo líder.
III – Liderança Liberal (laissez-faire): há liberdade completa para as decisões grupais ou
individuais, com participação mínima do líder.

www.acasadoconcurseiro.com.br 747
A pesquisa verificou que: grupos submetidos à liderança autocrática apresentaram maior
volume de trabalho, mas também maior tensão, frustração e agressividade. Sob liderança
democrática, o nível de produção foi menor, porém com maior qualidade, satisfação e
comprometimento das pessoas. Sob liderança liberal, houve mau desempenho qualitativo e
quantitativo, com forte individualismo, insatisfação e desrespeito ao líder.

1.2.2.3. Estudos da Universidade de Michigan (Likert)

Rensis Likert participou de estudos realizados na Universidade de Michigan, os quais buscavam


comparar a eficácia dos grupos de acordo com o comportamento do líder. Os pesquisadores
identificaram dois tipos de comportamento, denominados Orientação para o Empregado (foco
nos funcionários, nas pessoas) e Orientação para a Produção (foco no trabalho, nas tarefas).

•• Líder orientado para a Produção: focado na atividade rotineira do trabalho, enfatizando


seus aspectos técnicos, metódicos e práticos, caracterizado por forte pressão e supervisão
da produção.

•• Líder orientado para o Funcionário: mais voltado para os aspectos humanos do trabalho,
com foco no relacionamento interpessoal e num ambiente de trabalho que proporcione o
desenvolvimento eficaz da equipe.

Os resultados da pesquisa foram favoráveis aos líderes orientados para os funcionários. Este
tipo de liderança obteve índices maiores de produtividade e de satisfação com o trabalho.
Likert também analisou quatro fatores da administração (processo de decisão, comunicações,
relacionamento interpessoal e sistemas de recompensas e punições) e, com base nos
resultados, definiu uma escala com quatro estilos de liderança:

1. Autoritário coercitivo: típico da chefia tradicional - hierárquica, centralizadora, autocrática


baseada na punição e no medo.

2. Autoritário benevolente: também típico da chefia tradicional, ainda centralizador de


decisões, porém com certas recompensas materiais.

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3. Consultivo: um pouco menos autocrático. Algumas decisões são delegadas e outras


ocorrem no topo, mas há consulta aos funcionários - comunicação vertical descendente e
ascendente.

4. Participativo: é o mais democrático. Há delegação das decisões às equipes e incentivo ao


trabalho e relacionamento em grupo. A comunicação flui vertical e horizontalmente.

Por fim, Likert caracteriza os administradores da gerência intermediária como Pinos de


Ligação de uma camada hierárquica para outra – pessoas com capacidade de representar um
grupo, fazendo a integração das pessoas e destas com a organização. Para ele, a liderança é a
capacidade de exercer influência, seja como líder (para baixo), seja como subordinado (para
cima).

1.2.2.1. Estudos da Universidade de Ohio

Na mesma época do estudo da Universidade de Michigan e com objetivos muito semelhantes,


pesquisadores da Universidade de Ohio identificaram várias dimensões interdependentes do
comportamento do líder e, ao final do estudo, caracterizaram em somente duas dimensões:
Estrutura de Iniciação e a de Consideração.
Estrutura de Iniciação: se refere à extensão em que um líder é capaz de definir e estruturar o
seu próprio papel e o dos funcionários na busca do alcance dos objetivos. É focada nas tarefas,
no estabelecimento de padrões detalhados e de rotinas. Como o próprio nome traduz, o
líder define objetivos e trabalha estruturando e organizando as tarefas para que estas sejam
alcançadas da melhor forma pelos subordinados.
Consideração: descrita como a extensão em que um líder é capaz de manter relacionamentos
de trabalho caracterizados por confiança mútua, respeito às ideias dos funcionários e cuidado
com os sentimentos deles. O líder se preocupa mais em estabelecer bons relacionamentos
entre pessoas no trabalho ou no grupo, demonstrando apoio, apreço, confiança, e consideração
pelos seus colaboradores e agindo de modo a proporcionar a cooperação e o consenso de todos
para as atividades a serem desenvolvidas.
Dessas duas dimensões do comportamento do líder, foram desmembrados quatro tipos de
estilos, conforme a combinação entre o grau de estrutura e de consideração.

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1.2.2.1. Visão Bidimensional – Grade Gerencial (Blake e Mouton)
A origem deste trabalho teve como base as pesquisas realizadas pelas Universidades de Ohio e
Michigan, que demonstravam duas dimensões do comportamento do líder que eram
considerados estilos opostos (foco nas pessoas X foco nas tarefas). Porém, com o
desenvolvimento das pesquisas sobre a liderança, verificou-se que as tarefas e as pessoas não
são polos opostos, mas limites (dimensões) de um mesmo território: o líder pode combinar os
dois estilos em seu comportamento, ou enfatizá-los simultaneamente, podendo ser eficaz ou
ineficaz tanto na dimensão da tarefa quanto na dimensão das pessoas.
Blake e Mouton desenvolveram a ideia da
Grade Gerencial (managerial grid, ou grade
da liderança) de acordo com esse modelo
explicativo de liderança. A grade gerencial
pressupõe que o administrador está sempre
voltado para dois assuntos: tarefa (a produção,
os resultados dos esforços) e pessoas (colegas e/
ou subordinados).
A grade é um diagrama que apresenta uma
variável relacionada à produção (eixo x), e
outra variável relacionada às pessoas (eixo
y), com intervalos ordenados de 1 a 9 (1 é a
menor intensidade; 9 a maior; 5 é um grau intermediário). A matriz bidimensional comporta
81 posições (nove por nove) ao longo da qual estão distribuídos os tipos de gerenciamento
identificados pelos pesquisadores.

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Estilo Significado Participação Fronteiras Intergrupais


Mínima preocupação Pouco envolvimento e pouco Isolamento. Falta de
1.1 com a produção e com as comprometimento. Coordenação íntergrupal.
pessoas.
Enfatiza as pessoas com Comportamento Superficial e Coexistência pacifica. Grupos
1.9 mínima preocupação com efêmero. Soluções do mínimo evitam problemas para
a produção. denominador comum. manter a harmonia.
Ênfase na produção com Não há participação das Hostilidade intergrupal. Sus-
9.1 mínima preocupação com pessoas. peita a desconfiança mútuas.
as pessoas. Atitude de ganhar/perder.
Estilo do meio termo. Meio caminho e acomodações Trégua inquieta. Transigência
Atitude de conseguir que deixa todos descontentes. rateio e acomodações para
5.5
alguns resultados sem manter a paz.
muito esforço.
Estilo de excelência. Ênfase Elevada participação e envol- Comunicação abertas e
na produção e nas pessoas. vimento. Comprometimento francas flexibilidade e
9.9
das pessoas. altitude para o tratamento
construtivo dos problemas.

1.2.3. Teorias Situacionais

O verdadeiro líder é aquele que é capaz de se ajustar a um grupo particular de pessoas sob
condições extremamente variadas (contextos, ambientes, tarefas, objetivos, etc.).

1.2.3.1. Continuum de Liderança (Tannenbaum e Schmidt)

Obs: alguns autores consideram esta teoria dentro da abordagem Comportamental, outros,
dentro da abordagem Contingencial.

Para criar este modelo, os autores se basearam no pressuposto de que a escolha de um estilo
de liderança eficaz está intimamente ligada a três fatores: forças no líder (sua experiência,
personalidade e conhecimento); forças nos subordinados (sua responsabilidade, educação e
habilidades); e forças na situação (a organização, a complexidade do ambiente e as situações
gerais).

Os líderes de sucesso seriam aqueles que conseguem colocar em evidencia as forças que são
mais importantes para o seu comportamento no momento adequado, bem como manter uma
boa interação com os subordinados, a organização e as pressões do ambiente.

www.acasadoconcurseiro.com.br 751
Tannenbaum e Schmidt criaram um continuum de liderança (uma espécie de régua) que
consiste em uma faixa composta de sete atitudes possíveis para um gerente.
As atitudes de um líder variam
conforme a situação. No
extremo esquerdo da régua, o
administrador (ou líder) toma as
decisões e apenas as anuncia; no
extremo direito, o administrador
toma decisões em acordo com os
subordinados.
Este Continuum de Comporta-
mento de Liderança (ou do Admi-
nistrador), portanto, estabelece
sete estilos que a liderança pode
seguir, de acordo com o grau de
centralização ou descentralização de poder decisório nas mãos do líder.

1.2.3.2. Modelo de Fiedler


O desempenho eficaz do grupo depende da combinação apropriada entre o estilo de interagir
do líder com seus subordinados e o grau em que a situação dá controle e poder de influência
ao líder.
Fiedler dividiu seu modelo em 3 etapas:

1. Identificando o modelo de liderança: é feito por meio do questionário do colega de quem


menos gosto (tradução do inglês LPC – Least Prefered Coworker). Os respondentes são
convidados a refletir sobre o seu colega de trabalho menos preferido, ou seja, aquele com
quem tiveram maior dificuldade a trabalhar. Depois devem responder ao questionário,

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composto por 16 adjetivos contrastantes (ex: agradável-desagradável, eficiente-ineficiente,


aberto-fechado), atribuindo notas de 1 a 8 para as características. Se a pontuação for alta
(focada nos termos favoráveis) então a pessoa é orientada para relacionamento. Se a
pontuação for baixa (predominância de termos desfavoráveis), então a pessoa é orientada
para a tarefa.

Esta etapa está baseada na suposição do autor de que o estilo de liderança de cada pessoa é
único.

2. Definindo a situação: de acordo com o autor, três fatores situacionais chave determinam a
eficácia da liderança:

a) Relações líder-liderado: o grau de segurança, confiança e respeito que os subordinados


têm por seu líder;

b) Estrutura da tarefa: o grau de procedimentos que as missões de trabalho têm (isto é,


estruturadas ou desestruturadas); e

c) Poder da posição: o grau de influência que o líder tem sobre as variáveis de poder como
contratações, demissões, atos disciplinadores, promoções e aumentos de salário.

Cada uma destas variáveis recebe uma avaliação (boa/má, alto/baixo e forte/fraco
respectivamente), gerando 8 combinações.

Fatores Situacionais Favorabilidade Situacional Desfavorabilidade Situacional


Maior poder de posição; Menor poder de posição;
Poder de posição do
Muita autoridade formal; Pouca autoridade formal;
lider Alto nível hierárquico. Baixo nível hierárquico.
Tarefa estruturada, rotineira e Tarefa não estruturada, variada
programada; e não programada difícil de
Estrutura da tarefa
Fácil de desempenhar, executar e desempenhar, executar e
aprender. aprender.
Relações entre líder e Bom relacionamento entre líder e Pobre relacionamento entre líder
membros os membros do grupo. e os membros do grupo.

3. Combinando os lideres com a situação: nesta etapa combinam-se os estilos de liderança


(etapa 1) com a situação em que o líder se encontra (etapa 2).

Pesquisas realizadas identificaram os líderes orientados para a tarefa como tendo um melhor
desempenho em situações muito favoráveis ou muito desfavoráveis. Líderes orientados para
relacionamentos se saíam melhor em situações moderadamente favoráveis.

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1.2.3.3. Modelo de Hersey & Blanchard
O modelo faz uma relação entre a maturidade do funcionário e a necessidade de ação por
parte do líder. O sucesso da liderança é alcançado por meio da escolha do estilo adequado, o
qual depende do nível de maturidade (prontidão) do funcionário.
A maturidade é definida como o desejo de realização, a vontade de aceitar responsabilidade e a
capacidade/experiência relacionada ao trabalho dos subordinados.
Hersey e Blanchard identificaram quatro estilos ou formas de liderança, caracterizados pela
representação da letra “E” e por palavras-chave: determinar (comando), persuadir (venda),
compartilhar (participação) e delegar. Esses estilos fazem correspondência com o nível de
maturidade dos subordinados, que variam do nível de pouca maturidade (M1), ao nível em que
os subordinados são capazes de assumir responsabilidades (M4).

A imaturidade (M1) deve ser gerenciada por meio do uso forte da autoridade e do foco nas
tarefas, com pouca ênfase no relacionamento (dar ordens - E1).

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M2 caracteriza pessoas com elevada vontade de assumir responsabilidades, mas pouca


experiência ou conhecimento, as quais devem, dessa forma, o líder precisa ser ao mesmo
tempo diretivo e oferecer o apoio emocional (E2).
Em M3, as pessoas têm grande competência, mas pouco interesse em assumir responsabilidades,
devido a sentimentos de insegurança ou desmotivação, por isso, o líder orienta-se fortemente
para o relacionamento, com pouca ênfase na tarefa (E3). Quanto mais maduro o seguidor,
menos intenso deve ser o uso da autoridade pelo líder e mais intensa a orientação para o
relacionamento (E2 e E3).
Para um liderado altamente maduro (M4), não é necessário comportamento forte de tarefa,
tampouco de relacionamento (E4), pois este tipo de funcionário altamente maduro possui as
condições ideais para assumir responsabilidades – competência e motivação.

1.2.3.4. Teoria 3D (Reddin)


Os modelos bidimensionais não vinham explicando a contento o processo de liderança. Alguns
pesquisadores, então, passaram a acrescentar uma terceira dimensão, ou variável de análise do
comportamento. A teoria de Reddin, ou da Eficácia Gerencial, tem esse nome justamente por
acrescentar uma 3ª dimensão, a Eficácia.
Segundo o autor, a principal função do administrador é ser eficaz (ou seja, atingir os resultados).
O administrador deve ser eficaz em uma variedade de situações e a sua eficácia poder ser
medida na proporção em que ele é capaz de transformar o seu estilo de maneira apropriada,
em situação de mudança.
As três habilidades gerencias básicas são:
•• Sensitividade situacional - É a habilidade para diagnosticar as situações e as forças que
jogam na situação.
•• Flexibilidade de estilo - É habilidade de se adequar às forças em jogo, devidamente
analisadas e diagnosticadas.
•• Destreza de gerência situacional - É a habilidade de gestão situacional, ou seja, a capacidade
de modificar a situação que deve ser modificada.
O modelo de Reddin parte dos dois elementos (Orientação para Tarefa e Orientação para
Relacionamentos) para definir quatro estilos gerenciais básicos:

•• Relacionado: se orienta exclusivamente para as


relações que estabelece entre as pessoas;
•• Dedicado: dá ênfase às tarefas a serem realizadas;
•• Separado: tem uma atuação deficitária tanto
no que diz respeito às inter-relações, quanto à
realização das tarefas.
•• Integrado: consegue conjugar, de forma
concomitante, uma atuação eficaz tanto voltada
para a relação entre as pessoas quanto para a
realização das tarefas.

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Não há um estilo ideal. Cada situação requer uma estratégia própria. O gerente deve modificar
seu estilo em conformidade com a exigência da situação, de forma a ser eficaz. Percebe-se,
portanto, que a Teoria 3D não dá uma direção (não propõe um estilo ideal), ela apenas ressalta
que o gerente deve buscar a eficácia.
Os quatro estilos básicos têm um equivalente mais eficaz e outro menos eficaz, dando lugar a
oito estilos gerenciais.

Eficaz Não Eficaz


Executivo: voltado para resultados e Transigente: tolerante com algumas
pessoas, é desafiador. atitudes ou comportamentos na
Líder Integrado equipe, correndo riscos de assumir
atitudes ambíguas, sem transmitir
confiança.
Promotor: enfatiza comunicações Missionário: tende a evitar conflitos,
Líder livres, desenvolvimento de talentos, postura agradável e sociável,
Relacionado trabalho eficaz em equipe e transmissão dependente dos outros, não tem o
irrestrita de confiança. foco na produção e nos resultados.
Autocrata Benevolente: age com Autocrata: agressividade, indepen-
energia, autoridade, comprometido dência, ambição, iniciador - fixa tare-
Líder Dedicado
com qualidade, demonstra iniciativa e fas e cobra resultados.
atitudes paternalistas.
Burocrata: segue ordens, é confiável, Desertor: segue regulamentos, sem
lógico, com autocontrole, imparcial envolvimentos, não emite opiniões
Líder Separado e justo em suas análises e decisões, ou expressa posições, não coopera,
eficiente na manutenção de sistemas e não se comunica com a equipe.
rotinas.

1.2.3.5. Teoria do Caminho–Meta (House)


A expressão caminho-meta (ou meios-objetivos) implica que o líder deve ajudar os liderados
a alcançar suas metas, oferecendo a orientação necessária (caminho) e recompensas para
assegurar que tais metas sejam compatíveis com os objetivos organizacionais.

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Robert House defende que o líder eficaz deve esclarecer o caminho dos seguidores em direção
aos objetivos de trabalho, tornando essa jornada mais fácil ao reduzir os obstáculos e barreiras.
A responsabilidade do líder é aumentar a motivação dos funcionários para atingir objetivos
individuais e organizacionais.
Os líderes são flexíveis e podem assumir quatro comportamentos distintos, conforme o tipo de
situação:
•• Apoiador (suportivo): atento às necessidades dos subordinados - é amigável e acessível;
•• Diretivo: dá a direção - organiza o trabalho e fornece instruções sobre a execução;
•• Participativo: utiliza as sugestões dos subordinados em suas decisões;
•• Orientado para realizações (conquistas): apresenta metas desafiadoras para que os
subordinados ofereçam o melhor desempenho possível.
A teoria relaciona os quatro tipos de comportamentos dos líderes com dois fatores
contingenciais (características ambientais e dos funcionários), conforme figura a seguir.

Antes de adotar uma atitude, o líder deve avaliar qual a realidade da situação. O desempenho
e a satisfação do funcionário tendem a ser positivamente influenciados quando o líder oferece
algo que falte ao funcionário ou ao ambiente de trabalho. O líder será aceito pelos liderados
quando estes o virem como fonte de satisfação, imediata ou futura. Caso o líder seja redundante
em relação às fontes ambientais ou incongruente com as características dos funcionários, esse
comportamento errado pode desmotivar o subordinado e tornar o líder ineficaz.

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1.2.3.1. Liderança Transacional x Transformacional x Carismática
James M. Burns desenvolveu um novo paradigma, abordando a liderança como uma relação
com troca de influências, onde a energia básica é o poder. O autor aborda dois grandes
conceitos sobre liderança: a Transformacional e a Transacional.
O líder Transacional, ou negociador, apela aos interesses, especialmente às necessidades
básicas dos seguidores. Ele promete recompensas (materiais ou psicológicas) para conseguir
que os seguidores (ou subordinados) trabalhem para realizar as metas. Ele guia ou motiva seus
seguidores na direção de metas estabelecidas, esclarecendo o papel e os requisitos da tarefa
e fornecendo recompensas positivas ou negativas de acordo com o sucesso do desempenho.
Seu comprometimento é dito de curto prazo e há prevalência de características do estereótipo
masculino: competitividade, autoridade hierárquica, alto controle do líder, resolução analítica
de problemas, determinação de objetivos e processos racionais de troca.

Líder Trasacional
Recompensa contingente: Negocia recompensas pelo desempenho.
Administração por exceção (ativa): Observa desvios e corrige.
Adm. Por exceção (passiva): Intervêm apenas quando resultados não são alcançados.
Laissez - faire: adbica de responsabilidade, evita decisões.

O líder Transformacional age influenciando, inspirando, estimulando e considerando


individualmente as pessoas. É um agente da mudança, utiliza técnicas de empowerment,
incita e transforma atitudes, crenças e motivos dos seguidores, tornando-os conscientes
das suas necessidades e das estratégias organizacionais. O comprometimento é de longo
prazo e as características femininas predominam: cooperação, colaboração, baixo controle e
soluções baseadas em intuição e racionalidade, ênfase no desenvolvimento de seguidores,
empowerment e criação de ligações emocionais.

Líder Transformacional
Influência idealizada - Carisma: Dá visão e sentido da missão, estimula orgulho.
Inspiração: Comunica altas expectativas e foca esforços.
Estímulo Intelectual: Promove inteligência, racionalidade.
Consideração individualizada: Dá atenção individual, personalizada.

Estudos apontam que o estilo Transformacional é superior ao Transacional.


Por fim, a Teoria Carismática afirma que os seguidores do líder atribuem a ele capacidades
heroicas ou extraordinárias de liderança quando observam determinados comportamentos.
As características principais deste comportamento são: visão, disposição para correr riscos por
essa visão, sensibilidade às limitações ambientais e necessidades de seus liderados.
A liderança Transformacional, embora possua a característica do carisma, tem um escopo
maior: a liderança transformacional gera um processo de transformação ou de mudança nos
seguidores, buscando capacitá-los para questionar as visões estabelecidas (inclusive as do
líder).

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Slides -Liderança

Liderança
• Poderes
• Atividades (Fred Luthans) • TEORIAS
• Papéis (Mintzberg) ‒ Teoria dos Traços de Personalidade
‒ Teorias dos Estilos de Liderança (Comportamentais)
• Habilidades Gerenciais (Katz) o Teoria X e Y (McGregor)
o Três Estilos (White e Lippitt)
o Estudos da Universidade de Michigan (Likert)
o Estudos da Universidade de Ohio
o Visão Bidimensional – Grade Gerencial (Blake e
Mouton)
‒ Teorias Situacionais
o Continuum de Liderança (Tannenbaum e Schmidt)
o Modelo de Fiedler
o Modelo de Hersey & Blanchard
o Transacional x Transformacional x Carismática
o Teoria 3D (Reddin)
o Teoria do Caminho–Meta (House)
1

Liderança
• Visão moderna: é a capacidade de influenciar o
comportamento de outra pessoa através da adesão da
mesma a um princípio, a uma meta ou a uma
determinada missão.

Envolve competências interpessoais, inerentes às


relações humanas.
Liderança X Autoridade Formal
Capacidade de Poder do cargo
influência
2

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Liderança – visão moderna
• É uma qualidade pessoal singular?
‒ Não. As características que levam uma pessoa a ser pessoa
aceita como líder em um grupo são limitadas a este grupo.
• É manipulação?
‒Não. Uma liderança autêntica deve ter como fundamentos a
ética e a confiança.
• McGregor: processo social complexo, produto de inúmeros fatores.
‒as motivações dos liderados – atendimento das expectativas do
grupo de liderados;
‒a tarefa ou missão – sem missão, não há liderança; apenas
influência ou popularidade;
‒o líder – pessoa com certos traços de personalidade, motivações
e habilidades;
‒a conjuntura – contexto, meio organizacional.
3

Poderes, Atividades, Habilidades e Papéis


Visão antiga – estudos ao longo de todo século XX.

• Tipos de poder do líder:


‒Legítimo: autoridade, poder do cargo ocupado
‒Coerção: poder de punição
‒Recompensa: poder de recompensar as atitudes
‒Referência: carisma, identificação com o líder
‒Perito ou Conhecimento: baseado na especialidade, aptidão,
know-how, informação 4

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Poderes do líder

Poderes, Atividades, Habilidades e Papéis


• Fred Luthans - quatro tipos de atividades:
1. Funções gerenciais: tomar decisões, planejar e controlar.
2. Comunicação: trocar e processar informações; processar
documentação.
3. Administrar recursos humanos: motivar, resolver
conflitos, alocar pessoal, treinar.
4. Relacionamento (networking): manter relações sociais,
fazer política, interagir.
6

www.acasadoconcurseiro.com.br 761
Poderes, Atividades, Habilidades e Papéis
• Henry Mintzberg – 10 papéis em 3 categorias
1 - Papéis interpessoais (relacionamento):
a) Figura de proa – símbolo, representante, R.P.
b) Líder – relação de influência.
c) Ligação – facilita a relação intra e entre áreas.
2 - Papéis de informação:
a) Monitor – lidar com informações de diversas fontes.
b) Disseminador – transferência de informações de fora (ambiente) para dentro
da organização.
c) Porta-voz – transmissão para fora (ambiente).
3 - Papéis de decisão:
a) Empreendedor (entrepreneur) – iniciador
b) Solucionador de problemas
c) Negociador – com pessoas ou outras organizações.
d) Administrador (alocador) de recursos 7

Poderes, Atividades, Habilidades e Papéis


• Katz - três categorias de habilidades:

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Teorias sobre Liderança


• Três abordagens principais ao longo da história:
‒ Abordagem dos Traços de Personalidade
‒ Abordagem Comportamental
o Teoria X e Y (McGregor)
o Três Estilos (White e Lippitt)
o Estudos da Universidade de Michigan (Likert)
o Estudos da Universidade de Ohio
o Visão Bidimensional – Grade Gerencial (Blake e Mouton)
‒ Abordagem Situacional (Contingencial)
o Continuum de Liderança (Tannenbaum e Schmidt)
o Modelo de Fiedler
o Modelo de Hersey & Blanchard
o Transacional x Transformacional x Carismática
o Teoria 3D (Reddin)
o Teoria do Caminho–Meta (House) 9

Traços de Personalidade – década de 30


• O líder apresenta características marcantes - uma combinação
de traços de personalidade - que o distingue das demais
pessoas.
‒ Exemplos:
o Físicos: energia, aparência, altura, etc.
o Intelectuais: adaptabilidade, iniciativa, entusiasmo e
autoconfiança.
o Sociais: cooperação, habilidades interpessoais e administrativas.
o Traços relacionados com a tarefa: impulso de realização,
persistência e iniciativa.
• Estudos mostraram que os traços pessoais poderiam prever o
surgimento da liderança, mas não indicam qual tipo de líder é mais
eficaz ou ineficaz. 10

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Teorias dos Estilos de Liderança (Comportamentais)
A partir da década de 40
Estilos X e Y - McGregor
• Também é uma teoria motivacional – filosofia do gestor
baseada em um conjunto de crenças sobre as pessoas.

Visão X Visão Y
As pessoas são esforçadas e gostam
As pessoas são ingênuas, de ter o que fazer; procuram e
preguiçosas e sem iniciativa; aceitam responsabilidades e
evitam trabalho e desafios; podem ser automotivadas
responsabilidade; precisam ser e autodirigidas; são criativas e
controladas e dirigidas. competentes.
11

3 Estilos de Liderança (White e Lippitt)

• Autocrática – equipe apresenta maior volume de trabalho, mas também


maior tensão, frustração e agressividade.
• Liberal (laissez-faire) - mau desempenho qualitativo e quantitativo, com
forte individualismo, insatisfação e desrespeito ao líder.
• Democrática - nível de produção menor, porém com maior qualidade,
satisfação e comprometimento das pessoas. 12

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Estudos da Universidade de Michigan (Likert)


• Buscavam comparar a eficácia dos grupos de acordo com o
comportamento do líder.
• Identificaram dois tipos de comportamento:
‒Líder orientado para o Empregado (foco nas pessoas)
‒Líder orientado para a Produção (foco no trabalho, nas tarefas).

Resultados favoráveis aos líderes orientados para os funcionários


- índices maiores de produtividade e de satisfação com o
trabalho.
13

Estudos da Universidade de Michigan (Likert)

14

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4 Estilos de Liderança – Likert
• Analisou quatro fatores da administração (processo de decisão,
comunicações, relacionamento interpessoal e sistemas de
recompensas e punições) e definiu uma escala com quatro
estilos de liderança:
‒1. Autoritário coercitivo
‒2. Autoritário benevolente
‒3. Consultivo
‒4. Participativo

15

Estilos de Liderança – Likert


• Pino de Ligação de uma camada hierárquica para outra –
pessoas com capacidade de representar um grupo.
‒a liderança é a capacidade de exercer influência, seja como líder
(para baixo), seja como subordinado (para cima).
‒ Faz a integração das pessoas e destas com a organização.

16

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Estudos da Universidade de Ohio


• Dimensões indicadoras do comportamento de Liderança:
‒Estrutura de Iniciação: se refere à extensão em que um líder
é capaz de definir e estruturar o seu próprio papel e o dos
funcionários na busca do alcance dos objetivos.
‒Consideração: a extensão em que um líder é capaz de
manter relacionamentos de trabalho caracterizados por
confiança mútua, respeito às ideias dos funcionários e
cuidado com os sentimentos deles.

17

Estudos da Universidade de Ohio

Quatro tipos de
estilos, a partir das
duas dimensões.

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Visão Bidimensional (Blake e Mouton)
• Liderança orientada para a
tarefa (trabalho, produção)
e para as pessoas.
‒ Tarefas e Pessoas não
são polos opostos, mas
limites (dimensões) de
um mesmo território;
• O líder pode combinar os
dois estilos em seu
comportamento, ou
enfatizá-los
simultaneamente.
19

Visão Bidimensional (Blake e Mouton)

20

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Teorias Situacionais
Continuum de Liderança (Tannenbaum e Schmidt)
• Três forças (fatores situacionais):
no líder (experiência,
personalidade); nos subordinados
(responsabilidade, habilidades);
e forças na situação (complexidade
do ambiente e situações gerais).

Continuum de Liderança (Tannenbaum e Schmidt)


• 7 atitudes possíveis para um gerente, combinando a autoridade deste
gestor com a liberdade dos subordinados, no que se refere à tomada de
decisões.

22

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Teorias Situacionais: Modelo de Fiedler

24

Teorias Situacionais: Hersey & Blanchard

Maturidade do
seguidor
x
Uso da autoridade
pelo líder

25

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Teoria 3D - Reddin
• O gerente deve buscar a eficácia = atingir resultados em
diferentes situações;
‒ Não há um estilo ideal - cada situação
requer uma estratégia própria.

‒Quatro estilos gerenciais básicos

• Três habilidades gerencias básicas:


‒ Sensitividade situacional: diagnosticar situações e forças atuantes.
‒ Flexibilidade de estilo: se adequar às forças em jogo.
‒ Destreza de gerência situacional: capacidade de modificar a situação
que deve ser modificada.

Teoria 3D - Reddin
• Os quatro estilos básicos têm um equivalente mais eficaz e
outro menos eficaz.

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Teoria 3D - Reddin
Eficaz Não Eficaz
Transigente: tolerante com algumas
Líder Executivo: voltado para resultados e atitudes ou comportamentos na equipe,
Integrado pessoas, é desafiador. correndo riscos de assumir atitudes
ambíguas, sem transmitir confiança.
Promotor: enfatiza comunicações livres, Missionário: tende a evitar conflitos,
Líder desenvolvimento de talentos, trabalho postura agradável e sociável, dependente
Relacionado eficaz em equipe e transmissão irrestrita dos outros, não tem o foco na produção e
de confiança. nos resultados.
Autocrata Benevolente: age com
Autocrata: agressividade, independência,
Líder energia, autoridade, comprometido com
ambição, iniciador - fixa tarefas e cobra
Dedicado qualidade, demonstra iniciativa e
resultados.
atitudes paternalistas.
Burocrata: segue ordens, é confiável,
Desertor: segue regulamentos, sem
lógico, com autocontrole, imparcial e
Líder envolvimentos, não emite opiniões ou
justo em suas análises e decisões,
Separado eficiente na manutenção de sistemas e
expressa posições, não coopera, não se
comunica com a equipe.
rotinas.

Teoria do Caminho–Meta (House)


O líder deve ajudar os liderados a alcançar suas metas,
oferecendo a orientação necessária (caminho) para assegurar
que elas sejam compatíveis com os objetivos organizacionais.
• Quatro comportamentos distintos, conforme o tipo de situação:
‒Diretivo: dá a direção;
‒Apoiador: atento às necessidades dos subordinados;
‒Participativo: utiliza as sugestões dos subordinados em suas
decisões;
‒Orientado para realizações (conquistas): apresenta metas
desafiadoras para que os subordinados ofereçam o melhor
desempenho possível.

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Administração – Liderança – Prof. Rafael Ravazolo

Teoria do Caminho–Meta (House)


• Antes de adotar uma atitude, o líder deve avaliar a situação.
‒ Oferecer algo que falte ao funcionário ou ao ambiente de trabalho =
tendência de satisfação e bom desempenho;
‒ Redundância e incongruências = desmotivação e ineficácia.

Teoria do Caminho–Meta (House)

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Transacional x Transformacional x Carismático
Líder Transacional
Recompensa contingente: negocia recompensas pelo desempenho
Administração por exceção (ativa): observa desvios e corrige
Adm. por exceção (passiva): intervém apenas quando resultados não são
alcançados
Laissez-faire: abdica de responsabilidade, evita decisões

Líder Transformacional
Influência idealizada - carisma: dá visão e sentido da missão, estimula orgulho
Inspiração: comunica altas expectativas e foca esforços
Estímulo intelectual: promove inteligência, racionalidade
Consideração individualizada: dá atenção individual, personalizada

Líder Carismático
32

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Administração

1. GESTÃO DO DESEMPENHO

Dutra (2012) define desempenho como o conjunto de entregas e resultados de determinada


pessoas para a empresa. Ele afirma que o desempenho de uma pessoa divide-se em três
dimensões que interagem entre si:
•• desenvolvimento (grau de desenvolvimento, potencial alcançado);
•• esforço (vontade de entrega, vinculada à motivação e a condições favoráveis na empresa);
•• comportamento (atitudes).
Uma avaliação de desempenho busca diagnosticar e analisar o desempenho individual e grupal
dos funcionários, com o objetivo final de melhorar desempenho das próprias pessoas e da
organização.
É um processo de redução da incerteza do colaborador (por meio do feedback sobre seu
desempenho) e de consonância (troca de ideias e concordância com a visão de outras pessoas).
O resultado gera vantagens para o próprio avaliado – que pode melhorar seu desempenho
no trabalho – e para a organização – que usa as informações como subsídio para outros
subsistemas da Gestão de Pessoas: salário, bonificações, promoções, punições, necessidades
de capacitação, planejamento da carreira, etc.
A avaliação também é um excelente meio para se localizar problemas de supervisão, gerência,
integração, adequação aos cargos, estrutura etc. Para isso, deve atender às seguintes linhas
básicas:
•• Abarcar tanto o desempenho dentro do cargo, quanto o alcance de metas e objetivos.
•• Analisar objetivamente o desempenho (e não subjetivamente os hábitos pessoais).
•• Ser aceita por ambas as partes (avaliador e avaliado), demonstrado seus benefícios mútuos.
•• Ser utilizada para melhorar a produtividade do indivíduo dentro da organização.
Geralmente, medem-se quatro aspectos principais:
1. Resultados concretos e finais que se pretende alcançar em um certo período de tempo.
2. Desempenho, ou seja, o comportamento ou meios que se pretende pôr em prática.
3. Competências individuais que as pessoas oferecem ou agregam à organização.
4. Fatores Críticos de Sucesso, que são aspectos fundamentais para que a organização seja
bem sucedida.
Dentro desse contexto, diversos tipos de dados que podem ser aferidos, por exemplo:

www.acasadoconcurseiro.com.br 775
•• de produção: informações objetivas sobre vendas, unidades produzidas, lucro etc.
•• pessoais: rotatividade, absenteísmo, reclamações, elogios etc.
•• subjetivos: perguntas qualitativas referentes ao comportamento, atitude, iniciativa,
liderança.
•• administração por objetivos: se o funcionário atingiu as metas e objetivos traçados
diretamente com seu superior.

1.1 Quem deve avaliar o desempenho?

Autoavaliação: nas organizações mais abertas e democráticas, é o próprio indivíduo o


responsável pelo seu desempenho e sua monitoração, com a ajuda do seu superior, que fornece
os parâmetros.
Superior: na maior parte das organizações, cabe ao gerente/supervisor a responsabilidade de
linha pelo desempenho dos seus subordinados e pela sua constante avaliação e comunicação
dos resultados. O órgão de RH entra com a função de staff de montar, acompanhar e
controlar o sistema, enquanto cada gerente mantém sua autoridade avaliando o trabalho dos
subordinados.
Indivíduo e gerência: o superior funciona como um guia, fornece recursos e cobra resultados
do funcionário. Este, por sua vez, cobra recursos do gerente e avalia o próprio desempenho em
função da retroação recebida.
Equipe de trabalho: a própria equipe avalia o desempenho de cada um de seus membros e
programa metas e ações de melhoria.
Para cima: a equipe avalia o superior e a estrutura fornecida.
Comissão: uma comissão (geralmente multifuncional) é designada para realizar as avaliações. É
criticada pelo aspecto centralizador e foco no passado.
RH: A área de Recursos Humanos/Gestão de Pessoas faz a avaliação. Também é criticada pelo
aspecto centralizador.
Avaliação 180º: além da avaliação pela chefia imediata, há autoavaliação e avaliação pelos
pares. Obs.: não há consenso sobre os participantes da avaliação 180º. Alguns autores incluem
clientes e equipe de trabalho.
Avaliação 360º: conta com a participação do funcionário (autoavaliação) e de todas as pessoas
que fazem parte do seu círculo de atuação – o chefe, os colegas e pares, os subordinados, os
clientes internos e externos, os fornecedores, enfim, todas as pessoas ao redor do avaliado –
em uma abrangência de 360 graus.
Avaliação Participativa por Objetivos (APPO): participam ativamente o funcionário e o seu
gestor.

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1.2. Métodos tradicionais de avaliação

1.2.1 Relatórios
São procedimentos simples, nos quais os chefes são solicitados a dar um parecer sobre
o desempenho de seus subordinados. É rápido e favorece a livre expressão, porém são
incompletos e subjetivos, tornando difícil compilar os dados e gerar resultados mensuráveis.

1.2.2 Escalas gráficas


É um formulário no qual as linhas são fatores de avaliação e as colunas os graus. A seguir, dois
exemplos.

São fáceis de planejar e de compreender, permitem uma visão gráfica e global dos fatores de
avaliação envolvidos, permitem a comparação de resultados de vários funcionários.
Entretanto, podem ser superficiais e subjetivos (produzindo efeito de generalização das notas
– Halo), limitam os fatores de avaliação (sistema fechado, rígido), não há participação ativa do
funcionário e apenas o desempenho passado é analisado.

1.2.3 Escolha forçada


O avaliador recebe formulários organizados em blocos com duas ou quatro frases e é obrigado
a escolher uma ou duas que melhor expliquem o desempenho do avaliado, ou então uma que
melhor explique e outra que mais se distancie.

www.acasadoconcurseiro.com.br 777
Seu objetivo é eliminar a superficialidade, a generalização (efeito halo) e a subjetividade, tirando
a influência pessoal do avaliador. Além disso, não requer treinamento para sua aplicação.
Seus pontos fracos são a complexidade no planejamento e na construção do instrumento;
não proporciona uma visão global dos resultados; não provoca retroação nem permite
comparações; é pouco conclusiva e não há participação ativa do avaliado.

1.2.4 Pesquisa de campo


Um especialista em avaliação faz entrevistas padronizadas com a gerência imediata dos
avaliados. Nesses contatos obtém-se o máximo de informações sobre o desempenho do
empregado avaliado por meio de levantamento das causas, das origens e dos motivos do citado
desempenho. Além de possibilitar um diagnóstico seguro do avaliado, o método de pesquisa
de campo permite programar o desenvolvimento do funcionário em termos de carreira.
Suas vantagens são o envolvimento da chefia de linha e da função de staff na avaliação,
proporcionando profundidade e permitindo foco nos resultados e planejamento de ações para
o futuro (treinamento, orientação).
Porém, seu custo operacional é elevado (por exigir assessoria de especialistas), é um processo
lento e há pouca participação da avaliado.

1.2.5 Incidentes críticos


O avaliador faz registros do chamado comportamento crítico do avaliado, ou seja, das atitudes
extremas. Assim, toda vez que o funcionário realiza um trabalho – ou toma uma atitude – que
pode ser considerado muito bom ou muito ruim, o superior faz o registro.

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São três fases de aplicação deste método:


1. Observação sistemática, pelo supervisor imediato, do comportamento funcional do
avaliado.
2. Registro dos fatos excepcionais no desempenho do funcionário.
3. Pesquisa de atitudes e do comportamento do funcionário analisado.
Tem a vantagem de enfatizar os aspectos excepcionais (altamente relevantes, seja
positivamente, seja negativamente), além de ser um método de fácil montagem e aplicação.
Porém, não se preocupa com aspectos normais do desempenho e fixa-se em poucos pontos,
tendendo à parcialidade.

1.2.6 Listas de verificação ou checklists


É uma simplificação da escala gráfica. É feita uma listagem de fatores a serem avaliados, aos
quais o superior atribui uma nota.

1 2 3 4 5
Acata ordens. X
Obedece regras. X
Aceita críticas construtivas. X
Coopera com os colegas. X
Produtividade. X
Conhecimento técnico. X
Comunicação. X

É uma forma simples de avaliar, porém burocratizada, trata as pessoas como homogêneas.

1.2.7 Método de comparação aos pares (comparação binária)


Comparam-se os empregados dois a dois, anotando-se na coluna da direita o que é considerado
o melhor, conforme exemplo abaixo.

Comparação dos empregados quanto à A B C D


produtividade:
AeB X
AeD X
CeD X
AeC X
BeC X
BeD X
Pontuação 2 3 1 0

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1.3 Métodos modernos de avaliação

O foco da avaliação deixa de estar nas atitudes passadas e passa a focar no futuro.

1.3.1 Avaliação Participativa por Objetivos (APPO)


Participam ativamente o funcionário e o seu gestor. Ele segue seis etapas:
1. Formulação de objetivos consensuais: o desempenho deverá estar focalizado no alcance
desses objetivos e sua avaliação dependerá diretamente disso.
2. Comprometimento pessoal quanto ao alcance dos objetivos conjuntamente formulados:
aceitação plena dos objetivos – se celebra uma espécie de contrato formal ou psicológico.
3. Negociação com o gerente sobre a alocação dos recursos e meios necessários para o
alcance dos objetivos: é uma forma de custo para alcançar os objetivos.
4. Desempenho: o desempenho constitui a estratégia pessoal escolhida pelo indivíduo para
alcançar os objetivos pretendidos.
5. Constante monitoração dos resultados e comparação com os objetivos formulados:
sempre que possível, o próprio avaliado deverá fazer sua autoavaliação, isto é, saber
monitorar os resultados e compará-los com os objetivos traçados.
6. Retroação intensiva e contínua avaliação conjunta: muita informação de retroação e,
sobretudo, suporte de comunicação para reduzir a dissonância e incrementar a consistência.

1.3.2 Avaliação 360°


Esse sistema é mais compreensivo e as avaliações provém de múltiplas perspectivas, melhorando
a qualidade da informação. Participam da avaliação o próprio avaliado (autoavaliação) e todos
que o circundam (clientes internos e externos, gerente, outros gerentes, subordinados, colegas
de mesmo nível, colegas de outras áreas).
A avaliação 360 graus permite uma visão sistêmica do desempenho individual, pois, baseando-
se em diferentes opiniões, o colaborador terá uma visão mais abrangente de suas realizações, a
começar pela própria autoavaliação.
Entretanto, é administrativamente complexo combinar todas as avaliações, requer treinamento,
pode intimidar e provocar ressentimentos no avaliado e pode haver avaliações conflitivas sob
diferentes pontos de vista.

1.4 Falhas no processo de Avaliação

As falhas acontecem quando há diferença entre o desempenho real do avaliado e o julgamento


feito pelo avaliador.

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Alguns comportamentos que podem levar a erros são resultantes de julgamentos e de


observações equivocadas, ou seja, erros de percepção. Podem causar, além de resultados
injustos e desconectados da realidade, desmotivação, queda dos níveis de produtividade e
fracasso do modelo de avaliação de desempenho.
A seguir, as definições dos erros mais comuns.
Efeito Halo (generalização): certo atributo da pessoa é usado para formar a impressão geral
sobre ela - é uma generalização. O avaliador descreve o desempenho do servidor baseando-
se em impressões prévias favoráveis ou desfavoráveis (antipatia ou simpatia), sem se deter
efetivamente aos fatores da avaliação. O efeito halo é altamente influenciado pela “primeira
impressão” sobre alguém (tal impressão “contamina” a avaliação). Por exemplo: numa
ocasião, um servidor desempenhou determinada tarefa com excepcional competência, e este
desempenho foi tão marcante que, a partir de então, tudo o que o servidor fez foi considerado
excelente pelo chefe.
Estereótipos (protótipos - desvio): o avaliado é “encaixado” em um grupo/categoria e, a partir
disso, as características do grupo lhe são atribuídas. Ex: “japoneses são inteligentes”, “velhos
são lentos para aprender”. É uma espécie de discriminação que esconde as diferenças entre
indivíduos.
Complacência (indulgência): decorre da inabilidade do avaliador em observar e identificar
diferenças existentes entre os avaliados nos padrões de desempenho estabelecidos em cada
ponto da escala de avaliação. Assim, o avaliador nivela desempenhos desiguais e caracteriza-
os sempre de forma positiva, atribuindo notas máximas indiscriminadamente, ignorando as
características, habilidades e dificuldades individuais.
Rigor (severidade): resulta da inabilidade do chefe em observar e identificar diferenças de
desempenho, nivelando desempenhos desiguais e caracterizando-os sempre de forma negativa.
Também ignora características individuais, mas credita a todos somente aspectos negativos.
Tendência Central: é comum quando o avaliador não quer caracterizar os comportamentos
como ótimos ou péssimos e, assim, considera o desempenho sempre nos pontos médios da
escala. Deixa, assim, de valorizar as melhores ações.
Recenticidade (novidade): é a tendência de o chefe considerar apenas os aspectos mais
recentes do desempenho do servidor, comprometendo o período total de avaliação. Um
exemplo é quando o chefe passa a observar a conduta do servidor apenas quando a avaliação
já está próxima.
Percepção seletiva: é a tendência do avaliador de destacar os aspectos de uma pessoa que
estejam em consistência com suas próprias necessidades, valores ou atitudes. Exemplo: um
gerente de TI vai encontrar problemas de TI, o gerente de RH vai focar aspectos relativos à
gestão de pessoas etc. É enxergar o avaliado parcialmente.
Projeção: é a atribuição de características pessoais para outros indivíduos, ou seja, o gestor
presume que as necessidades e valores de seus subordinados são iguais às suas. Exemplo: um
novo chefe chega a uma área na qual o trabalho é rotineiro. Ele odeia rotina e tenta reformular
tudo, pensando que os funcionários também odeiam. Acontece que certas estão ali justamente
porque gostam de rotina e, com a reformulação, ficarão totalmente insatisfeitas. A projeção
pode ser controlada por meio de autoconscientização e empatia - capacidade de enxergar uma
situação como os outros a veem.

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Contraste: esse efeito tem 2 distintas visões na literatura.
1. as características de uma pessoa são contrastadas com as de outra, em vez de comparadas
aos padrões de desempenho estabelecidos. Exemplo: o chefe acaba de fazer a avaliação
de um funcionário muito bem quisto. O próximo a ser avaliado será prejudicado, pois o
anterior foi excelente.
2. o chefe usa a percepção que tem de si mesmo como padrão de referência para observar o
desempenho dos servidores. Se os funcionários são diferentes dele (contraste), serão mal
avaliados; se forem parecidos com ele (semelhança), serão bem avaliados.
Expectação: é a tendência de criar ou encontrar em outra situação ou indivíduo aquilo que
realmente você espera num primeiro momento. O chefe “cria uma imagem” daquela pessoa e
depois fica procurando argumentos para tornar a imagem real.

1.5 Feedback

Dar e receber feedback (retorno, realimentação) constitui uma das habilidades interpessoais
imprescindíveis ao funcionamento produtivo de um grupo humano em qualquer contexto.
O feedback é uma característica marcante do processo de avaliação de desempenho, pois
informa de forma objetiva e frequente sobre o desempenho de uma pessoa. Tanto o feedback
positivo – elogios – como o negativo – críticas – devem ser exercitados, para fazer com que
as pessoas entendam como estão em relação ao seu trabalho ou ao seu comportamento,
permitindo, assim, que reflitam sobre sua atuação e adotem ações de melhoria.

1.5.1 Reações ao Feedback


Negação: não aceitação de que ele – avaliado – é uma pessoa que comete erros ou possui
déficits de competência.
Revolta: achar que está sendo perseguido. Nega veementemente seus erros ou disfunções,
a ponto de apresentar ações ou comportamentos indesejáveis (insatisfação, agressividade,
vitimização etc.)
Indiferença: acha que ninguém é perfeito e considera-se igual a qualquer outra pessoa, com
qualidades e defeitos.
Racionalização: procura refletir sobre seus pontos fortes e fracos e considera que pode
melhorar seu desempenho.
Aceitação: acha importante a figura do feedback, tanto o positivo quanto o negativo, e
considera uma forma de ajuda para crescimento e desenvolvimento.

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1.6 Punições

Conforme dito anteriormente, a avaliação de desempenho pode servir, em casos extremos,


para aplicar sanções disciplinares aos funcionários. É notório que algumas pessoas, em
determinados momentos, apresentam problemas e necessitam de ajuda para resolvê-los.
O termo disciplina refere-se à atuação de acordo com as regras de um comportamento aceitável
pela organização. Todavia, nem todos se adaptam e, em certo momento, será necessária uma
ação disciplinar – punição.
A disciplina leva em conta vários fatores, como: gravidade do problema, duração do problema,
frequência e natureza do problema, fatores condicionantes (que levaram a tal situação), grau
de socialização (grau de formalização e divulgação das regras), histórico das ações disciplinares
na organização (busca por equidade) e o apoio gerencial às ações.
As ações de disciplina devem seguir os seguintes procedimentos:
•• Comunicação das regras e critérios de desempenho.
•• Documentação dos fatos.
•• Resposta consistente a violações das regras.
Há três princípios que guiam as ações disciplinares:
1. A ação corretiva é preferível à ação punitiva.
2. A ação disciplinar deve ser progressiva – depende da gravidade do fato, mas, de forma
geral, segue a sequência advertência verbal, advertência escrita, suspensão e demissão.
3. Deve ser imediata, consistente, impessoal e informativa.
A disciplina deve, também, ser positiva. Há alguns casos em que a punição, em vez de melhorar
o comportamento, gera ressentimento. Nesses, a punição pode ser substituída por sessões de
aconselhamento entre empregado e supervisor.

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Administração

1. CONTROLE

O controle é a última etapa do Processo Administrativo. Deve-se controlar para que o


planejamento, a organização e a direção sejam bem sucedidos.
Controlar significa garantir que aquilo que foi planejado seja bem executado e que os
objetivos estabelecidos sejam alcançados adequadamente.
A essência do controle é verificar se aquilo que foi planejado está funcionando da maneira
certa e no tempo certo. Para isso, são fornecidas as informações e a retroação, de forma a
manter as operações dentro do curso correto de ação. A comparação do desempenho real com
o que foi planejado não busca apenas localizar as variações, erros ou desvios, mas também
localizar dificuldades e pontos passíveis de melhoria ao longo do processo. Dessa forma,
o controle permite a chamada "melhoria contínua" para que as operações futuras possam
alcançar melhores resultados.
Um sistema de controle eficaz deve possuir as seguintes características:
•• Orientação estratégica para resultados - apoiar planos estratégicos e focalizar as atividades
adequadas (aquelas essenciais, que fazem a real diferença para a organização);
•• Compreensão - apresentar dados em termos compreensíveis para apoiar o processo de
tomada de decisões;
•• Orientação rápida para as exceções (instantaneidade) - indicar os desvios rapidamente,
mostrando onde as variações ocorrem e o que deve ser feito para corrigi-las adequadamente.
Além de ser realizado no tempo certo, deve ter um custo aceitável;
•• Flexibilidade - proporcionar um julgamento individual e que possa ser modificado para
adaptar-se a novas circunstâncias e situações;
•• Autocontrole - proporcionar confiabilidade, boa comunicação e participação das pessoas;
•• Natureza positiva - enfatizar desenvolvimento, mudança e melhoria, alavancando a
iniciativa das pessoas e minimizando as punições;
•• Clareza e objetividade - ser imparcial e acurado, com o um propósito fundamental de
melhoria do desempenho.

1.1. Abrangência do controle

O controle é algo universal: todas as atividades humanas fazem uso de algum tipo controle,
consciente ou inconscientemente.

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Nas organizações, o controle abrange todos os níveis organizacionais:

Nível Tipo de Conteúdo Extensão do Amplitude


organizacional Controle tempo
Macro-orientado. Abor-
Genérico, sintético e da a empresa como
Institucional Estratégico Longo Prazo
abrangente. uma totalidade – de-
sempenho global.
Menos genérico e Aborda cada unidade
Intermediário Tático mais detalhado que Médio prazo (departamento) separa-
o estratégico. damente.
Detalhado, Micro-orientado.
Operacional Operacional específico e Curto prazo Aborda cada tarefa ou
analítico. operação.

O Controle estratégico avalia o desempenho global da organização na realização de sua missão


e acompanha os fatores externos que a influenciam, produzindo, assim, informações de análise
interna e externa. Exemplos: balanço patrimonial, relatórios financeiros, controle dos lucros e
perdas, análise do retorno do investimento.
O Controle administrativo (tático) focaliza as áreas funcionais (produção, marketing, finanças,
recursos humanos, etc.), produzindo informações especializadas e possibilitando a tomada de
decisão em cada uma delas. Exemplos: contabilidade de custos e controle orçamentário de
cada área.
O Controle operacional focaliza as atividades e tarefas, verificando, dentre outras coisas, o
consumo de recursos, os prazos e os resultados produzidos. Exemplos: cronogramas, diagramas,
planos de ação, controle de estoque.

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1.2. Momentos de controle

•• Pré-controle (preliminar): Orientado para o futuro. Acontece antes da execução e procura


verificar se tudo está pronto para o início de determinado processo. O maior objetivo
é evitar que ocorram disfunções, desvios de rota e demais problemas. É um controle
preventivo que se conecta diretamente à atividade de planejamento, uma vez que não
espera a implementação da ação para comparar seus resultados com as metas e sim toma
medidas antecipadas. Ex: verificação do estoque inicial.
•• Controle real (concomitante, simultâneo): ocorre durante o processo, apontando desvios
imediatamente. Preocupação com o que está em andamento. Ex: controle estatístico do
processo.
•• Pós-controle (por feedback): ocorre após o término do processo e verifica os resultados.
Também é chamado de Feedback porque é o retorno sobre algo que já aconteceu, portanto,
sua preocupação é com o passado. Ex: balanço financeiro.

1.3. O Processo de Controle


O controle é um processo cíclico/repetitivo composto de quatro fases:

1. estabelecimento de objetivos ou padrões;

2. avaliação/mensuração do desempenho;

3. comparação do desempenho com os padrões estabelecidos;

4. ação corretiva.
O controle deve ser visto como um processo sistêmico, no qual cada etapa influencia e é
influenciada pelas demais.

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Administração

1.1 Ciclo PDCA

O Ciclo PDCA é composto por um conjunto de ações em


sequência, dada pela ordem estabelecida pelas letras
que compõem a sigla: Plan (planejar), Do (fazer), Check
(checar, verificar), Act (agir corretivamente).
Shewhart foi o autor que criou o conceito de melhoria em
ciclos, em 1939. Ele era o mentor de Deming, que mais
tarde (1951) transformou a ideia e a disseminou como
Ciclo PDCA. Por isso, o ciclo também recebe o nome de:
roda/círculo de Deming, ciclo de controle ou ciclo de
melhoria contínua. Outro expoente, Ishikawa, contribuiu
para a evolução do ciclo de Deming, agregando
novas ações dentro dos quatro passos.
O PDCA é um instrumento de gestão usado
para o controle e a melhoria contínua de
qualquer processo organizacional, do mais
simples ao mais complexo.
Seu caráter cíclico é fundamental para a
compreensão do termo Melhoria Contínua:
a melhoria contínua ocorre quanto mais
vezes for executado o Ciclo PDCA, otimizando
a execução dos processos e possibilitando
a redução de custos e o aumento da
produtividade.
A aplicação do Ciclo PDCA leva ao
aperfeiçoamento e ajustamento do caminho
que a organização deve seguir. Importante ressaltar que as melhorias também podem ser
aplicadas aos processos considerados satisfatórios e que as melhorias gradativas e contínuas
agregam valor aos produtos/serviços e asseguram a satisfação dos clientes.

1. Planejar (PLAN) - é estabelecido com bases nas diretrizes da organização.


•• Estabelecer objetivos e metas a serem alcançadas;
•• Definir o caminho e o método para alcançar os objetivos.
Pode ser um planejamento estratégico, um plano de ação, um cronograma etc.

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2. Executar (DO)
•• Treinar as pessoas;
•• Executar as tarefas exatamente como foi previsto na etapa de planejamento;
•• Coletar os dados para verificação do processo.

3. Verificar, checar (CHECK)


• Verificar se o executado está conforme o planejado, ou seja, se a meta foi alcançada, dentro
da forma definida;
• Comparar os resultados com os padrões estabelecidos;
• Verificar se os itens de controle correspondem com os valores das metas.

4. Agir corretivamente (ACTION)


•• Caso sejam identificados desvios, é necessário definir e implementar soluções eliminar
suas causas;
•• Caso não sejam identificados desvios, procura-se implantar melhorias, ou segue-se com o
mesmo planejamento.
•• Pode-se, também, corrigir os padrões adotados ou qualquer outra parte do ciclo.
Deming, na década de 80, modificou seu PDCA para PDSA (Plan, Do, Study, Act), pois acreditava
que a palavra check enfatizava a inspeção em vez da análise.
Plan: envolve identificar o objetivo ou propósito, formular uma teoria, definir métodos de
sucesso e pôr um plano em ação.
Do: implementam-se os componentes do planejamento e se produz
algo.
Study: monitoram-se os resultados para testar a validade do plano,
por meio dos sinais de progresso e sucesso ou problemas e áreas para
melhoria.
Act: integra o aprendizado gerado por todo o processo, o qual pode
ser usado para ajustar o objetivo, modificar métodos ou inclusive
reformular uma teoria completamente.
Esses quatro passos são repetidos várias vezes, como parte de um ciclo interminável de
melhoria contínua.

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Administração – Ciclo PDCA – Prof. Rafael Ravazolo

Slides – Ciclo PDCA

Ciclo PDCA

• Questões comuns:
‒Conceitos gerais;
‒Para que é usado;
‒Diferenciação dos elementos de cada fase.
1

Ciclo PDCA
• Nomes comuns: ciclo ou roda de Shewhart,
de Deming, de melhoria contínua,
de controle. Inspeção Especificação

• Filosofia básica:
‒Kaizen = melhoria contínua Produção

• Caráter cíclico, contínuo e gradativo


‒melhoria incremental.
• Melhoria constante = rodar o PDCA
• Aplicável na melhoria de qualquer processo
organizacional, do mais simples ao mais complexo.

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Ciclo PDCA

Ciclo PDCA
1) Planejar (PLAN): estudar o processo e planejar a
melhoria.
‒Estabelecer objetivos e metas a serem alcançadas;
‒Definir o método para alcançar os objetivos.
o Pode ser um planejamento estratégico, um plano de ação,
um cronograma etc.

2) Executar (DO): implementar


‒ Treinar as pessoas;
‒ Executar as tarefas exatamente como foi previsto;
‒ Coletar os dados para verificação do processo.

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Administração – Ciclo PDCA – Prof. Rafael Ravazolo

Ciclo PDCA

3) Verificar, checar (CHECK) – alguns autores chamam de


Controlar – verificar os resultados
‒Verificar se o executado está conforme o planejado, ou seja,
se a meta foi alcançada, dentro da forma definida;
‒Comparar os resultados com os padrões estabelecidos;
‒Verificar se os itens de controle correspondem com os
valores das metas.

Ciclo PDCA
4) Agir corretivamente (ACT)
‒ Desvios: deve-se definir e implementar soluções e eliminar
suas causas;
‒ Tudo certo: implantar melhorias, ou seguir com o mesmo
planejamento.
‒ Pode-se, também, corrigir os padrões adotados ou qualquer
outra parte do ciclo.
• Curiosidade: Deming, na década de 80, modificou
seu PDCA para PDSA (Plan, Do, Study, Act),
pois acreditava que a palavra check
enfatizava inspeção em vez de análise.

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Administração

1.1. Indicadores

Indicador é um mecanismo de controle estratégico, tático e operacional que auxilia a Gestão do


Desempenho de uma organização.
Segundo o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública), a Gestão
do Desempenho “constitui um conjunto sistemático de ações que buscam definir o conjunto
de resultados a serem alcançados e os esforços e capacidades necessários para seu alcance,
incluindo‐se a definição de mecanismos de alinhamento de estruturas implementadoras e de
sistemática de monitoramento e avaliação.”
Pela definição acima, percebe-se que Desempenho é o conjunto de Esforços empreendidos na
direção de Resultados.

A mensuração é parte essencial de um modelo de gestão do desempenho. Nesse contexto, os


indicadores são instrumentos de monitoramento e avaliação das organizações.
Veja, a seguir, algumas definições de Indicadores:
•• São métricas que proporcionam informações sobre o desempenho de um objeto.
•• É uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e
utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos elementos que compõem
o objeto da observação. É um recurso metodológico que informa empiricamente sobre a
evolução do aspecto observado.
•• São medidas que expressam ou quantificam um insumo, um resultado, uma característica
ou o desempenho de um processo, serviço, produto ou organização.
•• É o parâmetro que permite quantificar/qualificar um processo, medindo o grau de alcance
dos objetivos e apontando a diferença entre a situação desejada e a real. Permite que
se obtenham informações sobre características, atributos e resultados de um produto,
processo ou sistema ao longo do tempo.
Assim, pode-se afirmar que indicadores de desempenho são vitais às organizações porque
atuam como instrumentos de planejamento e gerenciamento, apresentando medidas de gestão
de processos e resultados, norteando, em uma ótica maior, a realização da missão institucional.

www.acasadoconcurseiro.com.br 795
Os indicadores possuem duas funções básicas: a primeira é descrever o estado real dos
acontecimentos e o seu comportamento; a segunda é analisar as informações presentes com
base nas anteriores de forma a realizar proposições valorativas.
Dessa forma os indicadores servem para:
•• mensurar os resultados e gerir o desempenho;
•• embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada decisão;
•• contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais;
•• facilitar o planejamento e o controle do desempenho; e
•• viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do desempenho de
diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes.

1.1.1. Seis E’s do Desempenho

Com o objetivo de mensurar o desempenho, ou seja, aquilo que se deve realizar para se
produzir um resultado significativo no futuro, o Gespública definiu um modelo de Cadeia de
Valor.
A Cadeia de Valor é uma
representação das atividades
de uma organização, ou seja, o
levantamento de toda a ação ou
processo necessário para gerar
ou entregar produtos ou serviços
a um beneficiário. Ela permite
melhor visualização do valor ou do
benefício agregado no processo,
sendo utilizada amplamente
na definição dos resultados e
impactos de organizações.
Os elementos da cadeia são
Insumos (inputs); Processos e
Projetos (ações); Produtos e
Serviços (outputs); e Impactos
(outcomes).
O modelo associa os elementos da cadeia às duas dimensões básicas do desempenho (esforço
e resultado) e as desdobra em seis dimensões (6 categorias de indicadores):
•• Esforço: economicidade, execução e excelência;
•• Resultado: eficiência, eficácia e efetividade.

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Administração – Indicadores – Prof. Rafael Ravazolo

1.1.1.1. Dimensões do Resultado:


•• Indicadores de Eficiência – mostram o quanto a organização utiliza de seus recursos para
atingir seus objetivos. A eficiência trata da relação entre resultados obtidos (outputs) e
os recursos consumidos (inputs), ou seja, é uma ênfase nos meios (processos, insumos,
tempo, mão de obra ou outros recursos), no modo de fazer as coisas. Ser eficiente é fazer
bem alguma atividade, é utilizar bem os recursos. Essa medida possui estreita relação com
produtividade, ou seja, o quanto se consegue produzir com os meios disponibilizados. A
eficiência de um processo será tanto maior quanto mais produtos forem entregues com a
mesma quantidade de insumos; ou os mesmos produtos e/ou serviços sejam obtidos com
menor quantidade de recursos.
•• Indicadores de Eficácia – revelam o grau de alcance do resultado esperado (quantos
resultados foram obtidos em relação aos resultado esperados). A eficácia enfatiza os
resultados e objetivos (outputs), fazer as coisas certas, entregar a quantidade e a qualidade
prometida. Uma vez estabelecido o referencial (linha de base) e as metas a serem
alcançadas, utiliza-se indicadores de resultado para avaliar se estas foram atingidas ou
superadas.
•• Indicadores de Efetividade – mostram o impacto final das ações (outcomes) no bem-
estar de uma comunidade: os efeitos positivos ou negativos, se houve mudanças
socioeconômicas, ambientais ou institucionais decorrentes dos resultados obtidos pela
política, plano ou programa. Estão vinculados ao grau de satisfação e ao valor agregado. É o
que realmente importa para efeitos de transformação social.

1.1.1.2. Dimensões do Esforço:


•• Indicadores de Economicidade – mostram o custo econômico dos resultados obtidos. O
custo econômico significa a soma da expressão monetária de todos os custos envolvidos
na prestação dos serviços (recursos humanos, materiais, tecnológicos, logísticos, etc.).
Estão alinhados ao conceito de obtenção e uso de recursos com o menor ônus possível
(minimizar custos sem comprometer os padrões de qualidade estabelecidos).

www.acasadoconcurseiro.com.br 797
•• Indicadores de Execução – referem‐se à realização dos processos, projetos e planos de
ação conforme estabelecidos.
•• Indicadores de Excelência – é a conformidade a critérios e padrões de qualidade/excelência
para a realização dos processos, atividades e projetos na busca da melhor execução e
economicidade; sendo um elemento transversal. Indicadores e padrões de excelência
podem ser encontrados no Modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP).
Obs: o TCU entende que o desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser
medido segundo 4 dimensões de análise: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade.

1.1.2. Classificações
Além dos 6 E’s usados pelo Gespública, há outras classificações na literatura.
O Balanced Scorecard, criado por Kaplan e Norton, organiza os objetivos estratégicos e seus
respectivos indicadores em quatro dimensões (perspectivas):
a) Finanças – os objetivos financeiros servem de foco para os objetivos e medidas das outras
perspectivas do BSC; qualquer medida selecionada deve fazer parte de uma cadeia de
relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro.
Exemplos de indicadores: Ativo total, Custos totais, Crescimento anual, Rentabilidade do
capital próprio, Preço da ação.
b) Clientes/Mercado – é focada em como criar valor de forma sustentável e diferenciada
para os clientes, através da sua conquista, satisfação e retenção. Ex: Número de clientes,
Clientes novos, Clientes perdidos, Participação de mercado.
c) Processos Internos – identificar e criar processos internos críticos que dão suporte à
estratégia da empresa. Ex: Retrabalho; Defeitos; Emissões ao meio ambiente.
d) Aprendizado e Crescimento – como pessoas, tecnologia e clima organizacional se conjugam
para sustentar a estratégia. Ex: Investimento em treinamentos por funcionário, Índice de
absenteísmo, Rotatividade de empregados.
As perspectivas Financeira e de Clientes apresentam indicadores de ocorrências (lagging
indicators), ou seja, mostram o alcance de objetivos, resultados e metas (geralmente de longo
prazo). As perspectivas de Processos Internos e de Aprendizado e Crescimento representam
indicadores de tendência (leading indicators), que mostram o que está sendo feito para o
alcance dos objetivos.
Outra classificação, usada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
permite separar os indicadores de acordo com a sua aplicação nas diferentes fases do ciclo de
gestão de uma política pública (antes, durante ou depois de sua implementação):
•• Insumo (antes): são indicadores que têm relação direta com os recursos a serem alocados,
ou seja, com a disponibilidade dos recursos humanos, materiais, financeiros e outros a
serem utilizados pelas ações de governo. Ex: médicos/mil habitantes e gasto per capita
com educação.
•• Processo (durante): são medidas que traduzem o esforço empreendido na obtenção dos
resultados, ou seja, medem o nível de utilização dos insumos alocados. Ex: percentual de
atendimento de um público-alvo, percentual de liberação dos recursos financeiros.

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Administração – Indicadores – Prof. Rafael Ravazolo

•• Produto (depois): medem o alcance das metas físicas - entregas de produtos ou serviços ao
público-alvo. Ex: quilômetros de estrada entregues, crianças vacinadas.
•• Resultado (depois): expressam, direta ou indiretamente, os benefícios no público-alvo
decorrentes das ações empreendidas no contexto de uma dada política e têm particular
importância no contexto de gestão pública orientada a resultados. Ex: taxas de morbidade
(doenças), taxa de reprovação escolar e de homicídios.
•• Impacto (depois): possuem natureza abrangente e multidimensional, têm relação com a
sociedade como um todo e medem os efeitos das estratégias governamentais de médio e
longo prazos. Na maioria dos casos estão associados aos objetivos setoriais e de governo.
Ex: Índice Gini de distribuição de renda e PIB per capita.
Outros tipos:
Indicadores Estratégicos – informam o “quanto” a organização se encontra na direção da
consecução de sua visão. Refletem o desempenho em relação aos fatores críticos para o êxito.
Indicadores de Capacidade – medem a capacidade de resposta de um processo através da
relação entre saídas produzidas por unidade de tempo.
Indicadores de Produtividade – medem a proporção de recursos consumidos com relação às
saídas dos processos (eficiência). Permitem uma avaliação do esforço empregado para gerar
os produtos e serviços. Devem andar lado a lado com os de Qualidade (resultado), para que
ocorra o equilíbrio necessário ao desempenho global da organização. Uma unidade quantifica
os recursos consumidos (gastos) e a outra quantifica os resultados produzidos. O resultado
indicará o quanto está sendo consumido ou utilizado para cada unidade produzida, entregue
ou realizada.
Indicadores de Qualidade – focam as medidas de satisfação dos clientes e as características do
produto/serviço (eficácia). Medem como o produto ou serviço é percebido pelos usuários e a
capacidade do processo em atender os requisitos desses usuários. Podem ser aplicados para a
organização como um todo, para um processo ou para uma área.

1.1.3. Elementos e propriedades de um indicador


Para Schmidt et al. (2006), os indicadores são dotados de três características básicas:
•• Elemento – assunto ou situação-base da medição (ex: faturamento).
•• Fator – combinação de elementos (ex: faturamento com a venda de determinado produto).
•• Métrica – unidade ou forma de mensuração de elementos ou fatores (ex: R$).
O Gespública lista cinco componentes básicos de um indicador:
•• Medida: grandeza qualitativa ou quantitativa que permite classificar as características,
resultados e consequências dos produtos, processos ou sistemas;
•• Fórmula: padrão matemático que expressa a forma de realização do cálculo; descreve como
deve ser calculado o indicador, possibilitando clareza com as dimensões a serem avaliadas.
•• Índice (número): valor de um indicador em determinado momento;

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Existe certa confusão sobre o significado de índice e indicador, os quais muitas vezes são
erroneamente utilizados como sinônimos. Um indicador pode ser um dado individual, ou
um agregado de vários dados (qualitativos ou quantitativos) que permite a obtenção de
informações sobre uma dada realidade. Um índice é o valor numérico que representa a correta
interpretação da realidade; é o valor agregado final do procedimento de cálculo.
Ex: indicador Produtividade; fórmula = toneladas/hora; índice = 10
•• Padrão de comparação (referência): índice arbitrário e aceitável para uma avaliação
comparativa;
•• Meta: é uma expressão numérica que representa o estado futuro de desempenho desejado.
As metas contêm uma finalidade, um valor e um prazo. São os valores que o resultado do
indicador procura igualar ou superar.
Objetivo X Meta: Objetivo é a descrição genérica daquilo que se pretende alcançar. Meta é a
definição em termos quantitativos, específicos, com um prazo determinado.
O Gespública define, também, algumas propriedades que caracterizam uma boa medida de
desempenho
•• Seletividade ou importância: fornece informações sobre as principais variáveis estratégicas
e prioridades definidas de ações, produtos ou impactos esperados;
•• Simplicidade, clareza, inteligibilidade e comunicabilidade: os indicadores devem ser simples
e compreensíveis, capazes de levar a mensagem e o significado. Os nomes e expressões
devem ser facilmente compreendidos e conhecidos por todos os públicos interessados;
•• Representatividade, confiabilidade e sensibilidade: capacidade de demonstrar a mais
importante e crítica etapa de um processo, projeto etc. Deve expressar bem a realidade
que representa ou mede. Os dados devem ser precisos, capazes de responder aos objetivos
e coletados na fonte de dados correta e devem refletir tempestivamente os efeitos
decorrentes das intervenções;
•• Investigativos: os dados devem ser fáceis de analisar, sejam estes para registro ou para
reter informações e permitir juízos de valor;
•• Comparabilidade: os indicadores devem ser facilmente comparáveis com as referências
internas ou externas, bem como séries históricas de acontecimentos;
•• Estabilidade: procedimentos gerados de forma sistemática e constante, sem muitas
alterações e complexidades, uma vez que é relevante manter o padrão e permitir a série‐
histórica;
•• Custo‐efetividade: projetado para ser factível e economicamente viável. Os benefícios
em relação aos custos devem satisfazer todos os outros demais níveis. Nem todas as
informações devem ser mensuradas, é preciso avaliar os benefícios gerados em detrimento
do ônus despendido.
Na visão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicada
pelo MPOG, um bom indicador deve apresentar três propriedades: relevância para a
formulação de políticas, adequação à análise e mensurabilidade.

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Outra classificação do próprio MPOG separa as propriedades dos indicadores em dois grupos
distintos:

1. Propriedades Essenciais:
•• Utilidade: devem basear-se nas necessidades dos decisores; ser úteis para a tomada de
decisões, seja no nível operacional, tático ou estratégico;
•• Validade: capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a realidade que se
deseja medir e modificar;
•• Confiabilidade: ter origem em fontes confiáveis, que utilizem metodologias reconhecidas e
transparentes de coleta, processamento e divulgação;
•• Disponibilidade: os dados básicos para seu cômputo devem ser de fácil obtenção. Devem
estar disponíveis no momento da apuração do indicador, de forma que seja garantida a
oportunidade da intervenção do gestor público para corrigir ou alterar uma situação

2. Propriedades Complementares:
•• Simplicidade: fácil obtenção, construção, manutenção, comunicação e entendimento pelo
público em geral, interno ou externo;
•• Clareza: pode ser simples ou complexo, mas é imprescindível que seja claro, atenda à
necessidade do decisor e que esteja adequadamente documentado;
•• Sensibilidade: capacidade de refletir tempestivamente as mudanças decorrentes das
intervenções realizadas;
•• Desagregabilidade: capacidade de representação regionalizada de grupos
sociodemográficos, considerando que a dimensão territorial se apresenta como um
componente essencial na implementação de políticas públicas;
•• Economicidade: capacidade de ser obtido a custos módicos;
•• Estabilidade: capacidade de estabelecimento de séries históricas estáveis que permitam
monitoramentos e comparações das variáveis de interesse, com mínima interferência
causada por outras variáveis;
•• Mensurabilidade: capacidade de alcance e mensuração quando necessário, na sua versão
mais atual, com maior precisão possível e sem ambiguidade;
•• Auditabilidade (rastreabilidade): qualquer pessoa deve sentir-se apta a verificar a boa
aplicação das regras de uso dos indicadores (obtenção, tratamento, formatação, difusão,
interpretação).

1.1.4. Complexidade
Segundo o MPOG, os indicadores podem ser:
•• Analíticos: são aqueles que retratam dimensões sociais específicas. Pode-se citar como
exemplos a taxa de evasão escolar e a taxa de desemprego;

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•• Sintéticos: também chamados de índices, sintetizam diferentes conceitos da realidade
empírica, ou seja, derivam de operações realizadas com indicadores analíticos e tendem
a retratar o comportamento médio das dimensões consideradas. Diversas instituições
nacionais e internacionais divulgam indicadores sintéticos, sendo exemplos o PIB, IDEB, IPC
e o IDH.
De acordo com o TCU, indicadores Simples representam um valor numérico (uma unidade de
medida) atribuível a uma variável. Exemplo: números de alunos matriculados no ensino médio;
número de novos postos de trabalhos criados. Indicadores Compostos, por sua vez, expressam
a relação entre duas ou mais variáveis. Indicadores simples, portanto, podem ser combinados
de forma a obter uma visão ponderada e multidimensional da realidade, gerando indicadores
complexos (também chamados de agregados, pois são o resultado da composição de diversos
indicadores, cada um com o seu grau de importância ou de representatividade).

1.1.5. Como construir indicadores


O Gespública define 10 passos, conforme figura a seguir.

1.1.6. Limitações
Segundo o MPOG, diversas limitações devem ser consideradas no uso de indicadores.
A medição interfere na realidade a ser medida – a coleta de informações que subsidiarão
decisões superiores altera o contexto no qual as informações são coletadas, interferindo nos
resultados obtidos.

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Administração – Indicadores – Prof. Rafael Ravazolo

Parcimônia e confiança são necessárias – deve-se buscar uma maior aproximação entre a
fonte primária de informações (ex: professores, policiais, bancários) e as instâncias decisórias
superiores, para que o processo de aferição seja confiável, subsidiando efetivamente os últimos
sem sobrecarregar os primeiros, numa relação de parcimônia e confiança.
Não se deve subestimar o custo da medição – medições efetivas envolvem significativos custos,
principalmente pelo tempo requerido dos atores envolvidos na concepção, planejamento e
implementação dos indicadores.
A medição não constitui um fim em si mesmo – deve-se tomar o cuidado para que os indicadores
não interfiram negativamente no desempenho da organização, seja pelo consumo de recursos
das áreas fins, seja pela supervalorização dos indicadores por parte dos decisores.
Indicadores são representações imperfeitas e transitórias – não se deve confiar cega e
permanentemente nas medidas. Periodicamente, é bom realizar uma avaliação crítica acerca
da pertinência dos indicadores selecionados, considerando ainda que, a todo tempo, surgem
modelos aperfeiçoados baseados em novas teorias.
O indicador e a dimensão de interesse não se confundem - deve-se atentar que o indicador
apenas aponta, assinala, indica como o próprio nome revela.

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Direito Administrativo

Professor Cristiano de Souza

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Direito Administrativo

Licitações e Contratos

Art. 37 – CF - XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras


e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

ADM Proc. Licitação Contrato

LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993


Art.1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a
obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a


seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes
são correlatos.

LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002.

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de
pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único.  Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo,
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais no mercado.
Art. 21. Compete à União:

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XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação
de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de
água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995.


Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços públicos
reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pelas normas legais
pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos.
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado;
IV – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

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Licitações e Contratos

GESTÃO DE CONTRATOS

A gestão de contratos é atividade exercida pela Administração visando ao controle, ao acom-


panhamento e à fiscalização do fiel cumprimento das obrigações assumidas pelas partes.
Deve pautar-se por princípios de eficiência e eficácia, além dos demais princípios regedores da
atuação administrativa, de forma a se observar que a execução do contrato ocorra com quali-
dade e em respeito à legislação vigente, assegurando ainda:
a) Segurança para o Gestor e para o Fiscal sobre a execução do contrato;
b) A plena execução das atividades programadas no Termo de Referência, Projeto Básico,
Projeto Executivo e congêneres, e a garantia da execução do objeto contratual;
c) O atendimento das necessidades do órgão, no momento adequado e no prazo ajustado;
d) Adequação das contratações, por meio do envolvimento das áreas de competência, na
elaboração dos Projetos Básicos ou Termos de Referência que lhes interessam diretamente;
e) O cumprimento das obrigações do órgão de forma a que os fornecedores considerem o
órgão como confiável, com reflexos favoráveis nos custos apurados nas licitações;
f) O efetivo cumprimento das cláusulas contratuais, assegurando o adimplemento e
a excelência no atendimento aos requisitos técnicos e de qualidade nas obrigações
contratuais;
g) Uma contínua ascensão da qualidade dos procedimentos licitatórios, por meio da
incorporação das correções feitas em procedimentos anteriores, tanto em sanções como
em exigências;
h) O registro completo e adequado de faltas cometidas pelo fornecedor de forma a facilmente
solucionar as suas contestações quanto à inadimplência;
i) A correta aplicação dos recursos financeiros a cargo do órgão, garantindo estar sendo pago
o que efetivamente foi recebido em obras, serviços, materiais e equipamentos;
j) O tratamento de todas as empresas contratadas com igualdade de procedimentos,
eliminando qualquer forma de tratamento que possa representar descumprimento dos
princípios da isonomia e da legalidade;
k) Procedimentos administrativos claros e simples com burocracia reduzida, de forma a
facilitar a gestão e a fiscalização de contratos.

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Acompanhamento e Fiscalização

É dever da Administração Pública acompanhar e fiscalizar a execução do contrato para verifi-


car o cumprimento das disposições contratuais, técnicas e administrativas.
Não se deve confundir gestão com fiscalização de contrato.
A gestão é o serviço geral de gerenciamento de todos os contratos; a fiscalização é pontual.
Na gestão (administração de contratos), cuida-se, por exemplo, do reequilíbrio econômico fi-
nanceiro, de incidentes relativos a pagamentos, de questões ligadas à documentação, ao con-
trole dos prazos de vencimento, de prorrogação, etc.
É um serviço administrativo propriamente dito, que pode ser exercido por uma pessoa ou um
setor.
Já a fiscalização é exercida necessariamente por um representante da Administração, especial-
mente designado, como preceitua a lei, que cuidará pontualmente de cada contrato.
Os órgãos podem implantar um serviço específico de gestão dos contratos, o que permite um
melhor acompanhamento da execução dos mesmos, propiciando a profissionalização e criando
especialistas na área.
Entretanto, essa medida não exclui a responsabilidade da nomeação do fiscal.
A lei estabelece o dever de nomear um fiscal específico para cada contrato.

Conclusão

A área de gestão, então, terá uma visão macro, fará um gerenciamento geral.
Mas o acompanhamento pontual será sempre do fiscal, com responsabilidade própria e exclu-
siva.

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Direito Administrativo

Licitações – Lei 8.666/93

Conceito: Licitação é um procedimento administrativo mediante o qual a administração pública


seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato.
Portanto, está sujeito ao princípio da legalidade e ao princípio da indisponibilidade do interesse
público.

Situações de Aplicação das Licitações:


a) Compras, alienações, serviços e obras (art. 37, XXI, CF/88);
b) Locações (art. 1º – Lei 8.666/93)
c) Concessões e permissões (art. 2º – Lei 8.987/95)

Para quem se aplica?


a) Administração Direta
b) Administração Indireta

Casos especiais:
a) Repartições sediadas no exterior:
Art. 123. Em suas licitações e contratações administrativas, as repartições sediadas no exterior
observarão as peculiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na forma de regulamentação
específica.

Casos especiais:
b) Empresas públicas (E.P.) e Sociedade de Economia Mista (S.E.M.)
Regra: submetem-se a lei 8.666/93 – art. 173, §1º da CF.
Exceção1: para contratação de bens e serviços que constituam sal atividade FIM.
Exceção2: Petrobras – STF – utiliza o Regulamento de Procedimento licitatório Simplificado –
Decreto 2.745/98 c/c art. 67 da Lei 9.478/97)

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Casos especiais:
c) Entidades Paraestatais:
•• Não integram a administração pública em sentido formal;
•• Portanto, não precisam licitar;
•• Mas os S.S.A. (serviços sociais autônomos) devem respeitar os princípios da administração
pública para suas contratações – TCU
•• Sofre o controle do TCU.

Finalidades da Licitação
a) Selecionar a proposta mais vantajosa para a administração = melhor relação custo/
benefício;
b) Assegurar a observância do princípio constitucional da isonomia promovendo a competição;
c) Promover o desenvolvimento sustentável no país.

PRINCÍPIOS

1) Legalidade
•• Na administração não há liberdade nem vontade pessoal, pois a ela só é permitido fazer o
que a lei autoriza;
•• Chamada de vontade legal.

2) Impessoalidade
•• Impõe ao administrador a busca do interesse público;
•• Diretamente ligado ao princípio da isonomia e do julgamento objetivo.

3) Igualdade ou Isonomia
•• Veda o estabelecimento de condições que impliquem preferência em favor de licitantes em
detrimento dos demais;
•• Veda as discriminações injustificadas;
•• São vedadas cláusulas e condições que frustrem o caráter da licitação.

3) Igualdade ou Isonomia
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

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Direito Administrativo – Licitações – Lei 8.666/93 – Prof. Cristiano de Souza

XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações


serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas
as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

3) Igualdade ou Isonomia – Casos especiais


a) Critério de desempate
Art. 3º  – § 2º  Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada
preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
 II – produzidos no País;
III – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de
tecnologia no País.

3) Igualdade ou Isonomia – Casos especiais


b) Margem de preferência
Art. 3º – § 8º  As margens de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de
serviços, a que se referem os §§ 5º (produtos manufaturados e para serviços nacionais) e 7º
(produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação
tecnológica realizados no País) serão definidas pelo Poder Executivo federal, não podendo a
soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos
manufaturados e serviços estrangeiros.

4) Moralidade
•• Conduta pautada na moral jurídica;
•• Exigência de atuação ética dos agentes envolvidos

5) Publicidade
•• Requisito de eficácia dos contratos oriundos de licitação;
Art. 61. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos
na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela
Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de
vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto
no art. 26 desta Lei.
•• Os atos do procedimento licitatório serão públicos, salvo quanto ao sigilo das propostas,
até a abertura dos envelopes;

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6) Adjudicação Compulsória
•• Significa entregar o bem ao vencedor da licitação;
•• Mas, a administração não está obrigada a convocar o vencedor para celebrar o contrato;

6) Adjudicação Compulsória – desdobramentos


a) Celebração do contrato;
b) Revogação do certame; (causa superveniente)
c) Anulação do certame; (vício de legalidade)

7) Vinculação ao instrumento convocatório


•• Edital ou carta convite é a lei interna da licitação;
•• Vincula os seus termos tanto os licitantes quanto a administração que o expediu;

8) Julgamento objetivo
A apreciação das propostas ocorre segundo critérios objetivos que devem estar definidos no
instrumento convocatório;

8) Julgamento objetivo
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável
pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
§ 1º – Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso:
I – a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo
com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;
II  – a de melhor técnica;
III – a de técnica e preço.
IV – a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de
uso.

814 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração Financeira e Orçamentária

Professor Fábio Furtado

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Administração Financeira

Introdução

AFO
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
Apresentação da disciplina de AFO/Direito Financeiro
Legislação aplicável
•• CRFB/88 (Arts. 165 a 169);
•• Lei nº 4.320/1964
•• (Institui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços da U, E, DF e M.)
•• LC nº 101/2000 (LRF)
Orçamento na CF/88

Artigo Principais Assuntos Relacionados


Instrumentos de Planejamento Orçamentário
165
(PPA, LDO e LOA)
166 Processo Legislativo Orçamentário
Vedações Constitucionais em Matéria
167
Orçamentária
Transferências de Recursos Financeiros pelo
168
Tesouro para os órgãos
169 Despesas com Pessoal

Orçamento na CF/88
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I – o plano plurianual (PPA);
II – as diretrizes orçamentárias (LDO);

III – os orçamentos anuais (LOA).


CRFB/88 (Art. 165)

www.acasadoconcurseiro.com.br 817
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração
pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos
pelo Poder Público.
§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano
plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério
populacional.
(Orçamentos Fiscal e de Investimentos compatibilizados com o PPA).
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita,
nos termos da lei.
(Princípio da Exclusividade)
Tópico: Princípios Orçamentários
§ 9º Cabe à lei complementar:
I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
Atualmente, utiliza-se a Lei nº 4.320/1964.
CRFB/88 (Art. 166)
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma
do regimento comum.
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I – examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

818 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Aplicável: Arts. 165 a 169 da CRFB – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

II – examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais


previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária...
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
Não passa primeiro pela Câmara dos Deputados para depois ir para o Senado.
Apreciadas de maneira conjunta, isto é, pelas duas Casas, na forma de Congresso Nacional.
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem
somente podem ser aprovadas caso:
I – sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal;
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas
quando incompatíveis com o plano plurianual.
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor
modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na
Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.
É a chamada Mensagem Retificadora do Poder Executivo.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei
orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme
o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa.
É considerada como uma quinta fonte de recursos para abertura de créditos adicionais (as
outras quatro estão no art. 43, § 1º da Lei nº 4.320/1964).
Art. 167. São vedados:
Vedações Constitucionais em Matéria Orçamentária.
I – o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
É por isso que a LOA é chamada de Orçamento programa, pois contém Programas de Trabalho
de Governo com diretrizes, objetivos e metas a serem alcançados.
Cada Programa de Trabalho possui uma unidade gestora e um valor para ser executado.

www.acasadoconcurseiro.com.br 819
II – a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais;
Alguns chamam de Princípio da Quantificação dos Créditos Orçamentários.
Fica claro que a LOA fixa a despesa, isto é, estabelece um limite para gastos.
III – a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
É a chamada REGRA DE OURO DAS FINANÇAS PÚBLICAS.
Empréstimos não devem financiar despesas correntes, mas sim despesas de capital.
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição
do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do
ensino e para realização de atividades da administração tributária...e a prestação de garantias
às operações de crédito por antecipação de receita...
(Princípio da Não Afetação ou Não Vinculação de Receitas)
V – a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem
indicação dos recursos correspondentes;
Já que vai alterar a LOA, modificando a estrutura dos créditos orçamentários originais, é lógico
que deve ter autorização legislativa. A indicação de recursos é importante para que não ocorra
desequilíbrio fiscal.
VI – a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
Já que vai alterar a LOA, modificando a estrutura dos créditos orçamentários originais, é lógico
que deve ter autorização legislativa.
VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
Fica claro que a LOA fixa a despesa, isto é, estabelece um limite para gastos.
IX – a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.
Fundos Orçamentários somente podem ser criados por Lei.
X – a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por
antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras,
para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem
autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele

820 www.acasadoconcurseiro.com.br
Legislação Aplicável: Arts. 165 a 169 da CRFB – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento
do exercício financeiro subsequente.
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, observado o disposto no art. 62
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a: 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; 
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem
os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a
prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. 
(Uma das exceções ao Princípio da Não Afetação ou Não Vinculação de Receitas)
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos
suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos,
na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.
A Fazenda Pública, ou seja, o Tesouro deve enviar para os órgãos até o dia 20 de cada mês
os recursos financeiros (dinheiro) para que estes possam pagar o que gastaram dos créditos
orçamentários.
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
Art. 19 da LRF ( LC nº 101/2000):
União: até 50% da RCL;
Outros (E, DF e M): até 60% da RCL.
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo
fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adotarão as seguintes providências:  
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança; 
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder o cargo...

www.acasadoconcurseiro.com.br 821
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto,
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo
prazo de quatro anos. 
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos,
empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de
pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II – se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista.

822 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração Financeira

Orçamento Público

Conceito
•• Lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo,
•• aprovada pelo Poder Legislativo,
•• Que estima receitas e fixa despesas
•• para um determinado exercício financeiro.
CUIDADO! Incorreto:
•• Lei de iniciativa do Chefe do Poder Legislativo,
•• Que fixa receitas e fixa despesas
Observação: Podemos considerar como correto:
•• Que estima receitas e estima despesas

LOA

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 Total “Cartão de Crédito” 900

Exercício Financeiro
Art. 34 da Lei nº 4.320/64:
O exercício financeiro coincide com o ano civil.
1º jan I----------------------------------------I 31/12
CUIDADO! Incorreto:
O exercício financeiro coincide com o ano comercial.

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Conceito:
O exercício financeiro é o período no qual o orçamento estará em vigor.
É o período em que estaremos arrecadando as receitas previstas e empenhando, gastando, as
despesas fixadas (créditos orçamentários).
1º jan I-----------------------------------------I 31/12
período de execução do orçamento público

824 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração Financeira

Planejamento e Orçamento na
Constituição Federal de 1988: PPA, LDO e LOA.

Instrumentos de Planejamento Orçamentário (Governamental)

•• PPA (Plano Plurianual)


•• LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)
•• LOA (Lei Orçamentária Anual)

PPA (Plano Plurianual)


Período de vigência: 4 anos
Exemplo: PPA 2008 I----I 2011
LULA
2006 eleito
2007 posse e elaboração do novo PPA
I-------------I 2008 2009 2010 2011
I-------------------------I I--------I
Governo LULA próximo governante

PPA (Plano Plurianual)


Período de vigência: 4 anos
Exemplo: PPA 2012 I----I 2015
DILMA
2010 eleita
2011 posse e elaboração do novo PPA
I-------------I 2012 2013 2014 2015
I------------------------I I--------I
Governo DILMA próximo governante

www.acasadoconcurseiro.com.br 825
PPA – Plano Plurianual (Art. 165, § 1º CF de 1988)
Palavras chaves:
Regionalizada; Diretrizes, Objetivos e Metas; Despes as de Capital e decorrentes; Programas de
Duração Continuada.

CUIDADO!
Termos corretos:
Regionalizada; Diretrizes, Objetivos e Metas; Despesas de Capital e decorrentes; Programas de
Duração Continuada.
Termos incorretos:
Setorial; Metas e Prioridades; Despesas Correntes; Programas para o exercício financeiro
subsequente.

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias (Art. 165, § 2º CF de 1988)


Palavras chaves:
Metas e Prioridades; Despesas de Capital; LOA; Legislação Tributária; Agências Financeiras
Oficias de Fomento.

CUIDADO!
Termos corretos:
Metas e Prioridades; Despesas de Capital; LOA; Legislação Tributária; Agências Financeiras
Oficias de Fomento.
Termos incorretos:
Diretrizes, Objetivos e Metas; Despesas Correntes; PPA; Legislação Societária; Agências
Bancárias.

LOA - Lei Orçamentária Anual


É composta de:
OF (Administração Direta; Autarquias; Fundações Públicas; Empresas Estatais Dependentes)
OI (investimentos das Empresas Estatais)
OSS (Saúde, Previdência e Assistência Social)

826 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração Financeira – Planejamento e Orçamenteo da Constituição Federal de 1988: PPA, LDO e LOA – Prof.

Empresa Estatal Dependente (Art. 2º, III da LRF)


Conceito
Empresa controlada que recebe do ente controlador recursos financeiros para pagamento de
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles
provenientes de aumento de participação acionária.

www.acasadoconcurseiro.com.br 827
Administração Financeira

Prazos de Envio e Devolução (PPA, LDO e LOA).

Prazos para a União (Art. 35,§ 2º do ADCT) e Envio (do Executivo para o
Legislativo)

PPA
•• Até 4 meses antes do encerramento do 1º exercício financeiro.
•• (até 31/08) 1º jan I-------------------------------I-----------------I 31/12
31/08

LDO
•• Até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro.
•• (até 15/04) 1º jan I--------------I----------------------------------I 31/12
15/04

LOA
•• Até 4 meses antes do encerramento do exercício financeiro.
•• (até 31/08) 1º jan I-------------------------------I----------------I 31/12
31/08

Prazos para a União (Art. 35,§ 2º do ADCT) e Devolução (do Legislativo para o
Executivo)

PPA
Até o encerramento da sessão legislativa.
(até 22/12) 02/02 I--------------I 17/07 01/08 I-------------I 22/12

www.acasadoconcurseiro.com.br 829
LDO
Até o encerramento do 1º período da sessão legislativa.
(até 17/07) 02/02 I--------------I 17/07 01/08 I-------------I 22/12

LOA
Até o encerramento da sessão legislativa.
(até 22/12) 02/02 I--------------I 17/07 01/08 I-------------I 22/12

Sessão Legislativa (União) – CF

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de


julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.

830 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração Financeira

Princípios Orçamentários

•• Legalidade
•• Universalidade
•• Periodicidade (Anualidade)
•• Exclusividade (Art. 165, § 8º da CF/88)
•• Orçamento Bruto
•• Publicidade
•• Equilíbrio
•• Não Afetação de Receitas (de impostos)
•• Especificação (Especificidade, Especialização, Discriminação)
•• Unidade ou Totalidade

Legalidade
Apresenta o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplicado à administração pública,
segundo o qual cabe ao Poder Público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei
expressamente autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. A Constituição Federal
de 1988, no art. 37, estabelece os princípios da administração pública, dentre os quais o
da legalidade e, no seu art. 165, estabelece a necessidade de formalização legal das leis
orçamentárias:
“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.”

LOA
Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 Total “Cartão de Crédito” 900

www.acasadoconcurseiro.com.br 831
Princípio da Universalidade
Lei nº 4.320/64:
Art. 3º A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito
autorizadas em lei.
[...]
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da
administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto
no artigo 2º.

LOA

Receitas Previstas Despesas Fixadas


(Créditos Orçamentários)
Tributárias 700
Contribuições 50 Ministério da Educação (Adm. Direta)
Patrimoniais 50 Pessoal xxx
Operações de Crédito 100 Serviços de Terceiros xxx
Total “Dinheiro previsto” 900 Material de Consumo xxx
Ministério dos Transportes (Adm. Direta)
Pessoal xxx
Serviços de Terceiros xxx
Material de Consumo xxx
IBAMA (Adm. Indireta/Autarquia)
Pessoal xxx
Serviços de Terceiros xxx
Material de Consumo xxx
Total “Cartão de Crédito” 900

Princípio da Periodicidade (Anualidade)

CRFB/88:
Art. 165, § 5º. A lei orçamentária anual compreenderá ...

Lei nº 4.320/64:
Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.

832 www.acasadoconcurseiro.com.br
Princípios Orçamentários – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

LOA

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 Total “Cartão de Crédito” 900

Princípio do Orçamento Bruto

Lei nº 4.320/64:
Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções.

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias IPVA 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 TTC 350
Total “Cartão de Crédito” 900

Princípio da Publicidade

Princípio básico da atividade da administração pública no regime democrático está previsto


pelo caput do art. 37 da Magna Carta de 1988.
Nota do Professor:
Assim como a maioria dos atos da Administração, as leis orçamentárias devem ser publicadas
em meio oficial de comunicação.

www.acasadoconcurseiro.com.br 833
Equilíbrio

LOA

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias IPVA 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 Obras e Instalações 200
Total “Cartão de Crédito” 1.100

Princípio da Não Afetação de Receitas

CRFB/88:
Art. 167. São vedados:
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição
do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
deste artigo;
Art. 167, § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se
referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para
a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta.

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias IPVA 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 TTC 350
Total “Cartão de Crédito” 900

834 www.acasadoconcurseiro.com.br
Princípios Orçamentários – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

Princípio da Especificação

Lei nº 4.320/64:
Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente
a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras,
ressalvado ...

LOA

Receitas Previstas Despesas Fixadas


(Créditos Orçamentários)
Tributárias 700
Contribuições 50 Ministério da Educação (Adm. Direta)
Patrimoniais 50 Pessoal xxx
Operações de Crédito 100 Serviços de Terceiros xxx
Total “Dinheiro previsto” 900 Ministério dos Transportes (Adm. Direta)
Pessoal xxx
Material de Consumo xxx
IBAMA (Adm. Indireta/Autarquia)
Pessoal xxx
Serviços de Terceiros xxx
Reserva de Contingência 20
Total “Cartão de Crédito” 900

Reserva de Contingência

Conceito
Dotação global, genérica, destinada a quitar passivos contingentes, tais como:
Demanda Judicial de uma Empresa Estatal Dependente;
Calamidade Pública.
Serve também para cobrir riscos orçamentários, isto é, risco de erro de planejamento
orçamentário quando utilizada como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais
suplementares e especiais.
Art. 5º da LRF:
A LOA conterá RESERVA DE CONTINGÊNCIA cujo montante será calculado na LDO (no Anexo de
Riscos Fiscais)

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Princípio da Unidade
CRFB/88:
Art. 165, § 5º – A lei orçamentária anual compreenderá:
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos
pelo Poder Público.
Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320/64, determina a existência
de orçamento único para cada um dos entes federados – União, Estados, DF e Municípios –
com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro de uma mesma pessoa
política.
Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro,
devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária
Anual – LOA*.
•• Cada pessoa política da federação elaborará sua própria LOA.

Princípio da Exclusividade
CRFB/88:
Art. 165, § 8º – A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita
e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos
termos da lei.

LOA
Exemplo:
“Art. xx. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir créditos suplementares, até o limite de trinta
por cento do total da despesa fixada nesta Lei, para transposição, remanejamento ou transferência
de recursos, criando, se necessário, fontes de recursos, modalidades de aplicação, elementos
de despesa e subtítulos, com a finalidade de suprir insuficiências dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social, respeitadas as prescrições constitucionais e os termos da Lei Federal n° 4.320, 17
de março de 1964, em seu artigo 43, § 1º incisos I, II e III e §§ 2º, 3º e 4º”.
Exemplo:
“Art. xx. Fica o Poder Executivo autorizado a contrair financiamentos com agências nacionais e
internacionais oficiais de crédito para aplicação em investimentos previstos nesta Lei, bem como
a oferecer as contragarantias necessárias à obtenção de garantia do Tesouro Nacional para a
realização destes financiamentos”.

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Princípios Orçamentários – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

Exemplo:
“Art. xx. Fica o Poder Executivo autorizado a realizar operações de crédito por antecipação de
receita, com a finalidade de manter o equilíbrio orçamentário-financeiro do Município, observados
os preceitos legais aplicáveis à matéria”.

Nota do Professor
A LOA do último ano de mandato não poderá conter essa autorização. (conforme art.
38 da LRF).

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias IPVA 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Patrimoniais 50 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 Total “Cartão de Crédito” 900

Despesas Fixadas
Receitas Previstas (Créditos Orçamentários)
Tributárias IPVA 700 Pessoal 600
Contribuições 150 Serviços de Terceiros 200
Operações de Crédito 200 Material de Consumo 100
Total “Dinheiro previsto” 900 Obras e Instalações 200
Total “Cartão de Crédito” 1.100

Operações de Crédito
OPERAÇÕES DE CRÉDITO = EMPRÉSTIMOS/FINANCIAMENTOS
(DÍVIDA FUNDADA)
Longo prazo, em regra.
Prazo de Amortização superior a 12 meses, em regra.
Finalidade: cobrir gasto orçamentário
(Despesa de Capital, em regra)
Art. 98 da Lei nº 4.320/64 e Art. 29 (I, III e §3º) da LRF

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ARO
OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA ORÇAMENTÁRIA (ARO)*
(Débito de Tesouraria)
(DÍVIDA FLUTUANTE)
Curto prazo (de 10/01 a 10/12)
Finalidade: cobrir insuficiência de caixa
Art. 92 da Lei nº 4.320/64 e Art. 38 da LRF
*VEDADA no último ano de MANDATO*.

Princípios Orçamentários, de acordo com o MCASP


Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, da STN – Parte I – Procedimentos Contábeis
Orçamentários:

Princípios Orçamentários
De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, da STN/SOF:
•• Unidade ou Totalidade;
•• Universalidade;
•• Anualidade ou Periodicidade;
•• Exclusividade;
•• Orçamento Bruto;
•• Legalidade;
•• Publicidade;
•• Transparência;
•• Não-Vinculação (Não-Afetação) da Receita de Impostos.

Unidade ou Totalidade
Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320/64, determina a existência
de orçamento único para cada um dos entes federados – União, Estados, DF e Municípios –
com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro de uma mesma pessoa
política.
Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro,
devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a Lei Orçamentária
Anual – LOA*.
* Cada pessoa política da federação elaborará sua própria LOA.

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Princípios Orçamentários – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

Universalidade
Estabelecido, de forma expressa, pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320/64, recepcionado e
normatizado pelo § 5º do art. 165 da CF, determina que a LOA de cada ente federado deverá
conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgão, entidades, fundos, e fundações
instituídas e mantidas pelo poder público.

Anualidade ou Periodicidade
Estipulado, de forma literal, pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, delimita o exercício
financeiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação das
despesas registradas na LOA irão se referir.
Segundo o art. 34 da Lei nº 4.320, de 1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil e,
por isso, será de 1º de janeiro até 31 de dezembro de cada ano.

Exclusividade
Previsto no § 8º do art. 165 da Constituição Federal, estabelece que a Lei Orçamentária Anual
não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. Ressalvam-se
dessa proibição a autorização para abertura de créditos adicionais e a contratação de operações
de crédito, nos termos da lei.

Orçamento Bruto
Previsto pelo art. 6o da Lei nº 4.320, de 1964, obriga registrarem-se receitas e despesas na LOA
pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer deduções.

Legalidade
Apresenta o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplicado à administração pública,
segundo o qual cabe ao Poder Público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei
expressamente autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. A Constituição Federal
de 1988, no art. 37, estabelece os princípios da administração pública, dentre os quais o
da legalidade e, no seu art. 165, estabelece a necessidade de formalização legal das leis
orçamentárias:
“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.”

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Princípio básico da atividade da administração pública no regime democrático está previsto pelo
caput do art. 37 da Magna Carta de 1988. Justifica-se especialmente pelo fato de o orçamento
ser fixado em lei, sendo esta a que autoriza aos Poderes a execução de suas despesas.

Nota do Professor
Assim como a maioria dos atos da Administração, as leis orçamentárias devem ser
publicadas em meio oficial de comunicação.

Transparência
Aplica-se também ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49
da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, que determinam ao governo, por exemplo: divulgar
o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios sobre a execução
orçamentária e a gestão fiscal; disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a
arrecadação da receita e a execução da despesa.

Nota do Professor
A LRF determina que as informações acima deve ser disponibilizadas, para a sociedade,
em meio eletrônico de divulgação (internet).

Não-Vinculação (Não-Afetação) da Receita de Impostos


Estabelecido pelo inciso IV do art. 167 da CF/88, veda vinculação da receita de impostos a órgão,
fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria Constituição Federal, in verbis:
“Art. 167. São vedados:
[...]
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição
do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação
de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento
do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado,
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8o, bem como o disposto no § 4º
deste artigo;
[...]
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem
os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a
prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta”.

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Princípios Orçamentários – Administração Financeira – Prof. Fábio Furtado

As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e estão relacionadas à repartição do


produto da arrecadação dos impostos (Fundos de Participação dos Estados (FPE) e Fundos
de Participação dos Municípios (FPM) e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste) à destinação de recursos para as áreas de saúde e educação, além do
oferecimento de garantias às operações de crédito por antecipação de receitas.

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Administração Financeira

Ciclo Orçamentário

Tipos de Orçamento: Misto, Legislativo e Executivo

Ciclo ou Processo Orçamentário

Poder Executivo

(1) Elaboração
do Projeto

Poder Legislativo Poder Legislativo

(4) Acompanhamento (2) Apreciação, Aprovação


e Avaliação do Projeto Sanção e Publicação

Poder Executivo

(3) Execução

Poder Executivo

•• Executivo – Elabora
•• Legislativo – Aprova
•• Executivo – Executa
•• Legislativo – Controla

Controle Externo
Na União: CN com auxílio do TCU;
No Estado do RJ: ALERJ com auxílio do TCERJ;
No Município do RJ: CMRJ com auxílio do TCMRJ;
No Município de Niterói: CM de Niterói com auxílio do TCERJ.

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•• TCM – Tribunal de Contas do Município:
•• Existe somente no Município do Rio de Janeiro (TCMRJ) e no Município de SP (TCMSP).
•• TC dos Municípios:
•• Em 4 Estados (BA, CE, GO, PA)

Logo, na Bahia, p. ex:


TCE/BA: auxilia a ALE/BA a fiscalizar as contas do Governo do Estado da Bahia.
TC dos Municípios/BA: auxilia as diversas Câmaras Municipais na fiscalização dos Governos
Municipais.
Possui campo de atuação nos Municípios de Salvador, Feira de Santana, Ilhéus etc.
No Estado do Rio de Janeiro:
TCE/RJ: auxilia a ALE/RJ a fiscalizar as contas do Governo do Estado do RJ.
TCE/RJ: auxilia também as diversas Câmaras Municipais na fiscalização dos Governos
Municipais.
Possui jurisdição nos Municípios de Niterói, Cabo Frio, Macaé, Nova Iguaçu etc.
Tem jurisdição em todos os Municípios que compõem o Estado do Rio de Janeiro, exceto o
Município do Rio de Janeiro.
No Município do Rio de Janeiro:
TCMRJ: auxilia a CMRJ na fiscalização do Governo do Município do RJ.
Possui campo de atuação somente no Município do Rio de Janeiro.
No total são 34 Tribunais de Contas:
•• 01 TCU;
•• 26 TCE’s;
•• 01 TCDF;
•• 04 TC dos Municípios (BA, CE, GO e PA);
•• 02 TCM’s (TCM/RJ e TCM/SP)
Total: 34

COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS


O Tribunal de Contas da União (TCU) é integrado por nove ministros.
Os demais tribunais de contas são integrados por sete conselheiros.

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Tipos de Orçamento

Tipo de Orçamento Observação


É o utilizado no Brasil (segregação de
Misto
funções entre os Poderes)
Legislativo O Legislativo elabora o Orçamento
O executivo elabora, aprova, executa
Executivo
e controla.

No Orçamento Misto:
Executivo – Elabora (encaminha o Projeto de LOA para a apreciação do Poder Legislativo)
Legislativo – Aprova (recebe, aprecia, vota e devolve para o Poder Executivo)
Executivo – Executa (arrecada as receitas e empenha as despesas durante o exercício financeiro)
Legislativo – Controla (exerce o Controle Externo, com auxílio do Tribunal de Contas)

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