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SUMÁRIO 

GEO 01 ‐ PRODUÇÃO E TERRITÓRIO  5 

GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO  52 

GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO  84 

GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO  97 

GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA  129 

Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

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GEO 01
GEO 01 ‐ PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
chegada da família real, que seria o marco inicial do
Organização do espaço período das maquinofaturas.
industrial brasileiro: evolução Não se deixe levar por esse argumento, pois
e tendências existiam máquinas no Brasil colônia, porém eram todas
consideradas rudimentares, ou seja, não apresentavam
Caro estudante, neste capítulo fontes energéticas.
contemplaremos a parte do seu edital relativa a
evolução industrial do Brasil, da sua fase colonial Abertura dos Portos – 1808 – tarifas muito
até a república. baixas facilitaram a importação, logo foram uma
medida restritiva a industrialização local.
Na fase colonial o Brasil estava voltado para o
consumo de materiais manufaturados e Com a abertura dos Portos ficaram assim as
industrializados. Portugal era um comerciante, tarifas cobradas pela importação:
importava produtos primários e exportava Taxa geral – 24% - válida para todos os países.
produtos manufaturados, logo não era interesse da
metrópole o desenvolvimento da manufatura em Taxa para Portugal (metrópole) – 16%
sua principal colônia. Taxa para Inglaterra (país amigo) – 15% (a
Ainda no período colonial desenvolveu no partir de 1910). Em 1928, essa taxa passou a ser
Brasil a produção de calçados, vasilhames e a empregada para todos os países.
fiação. Esses produtos eram importados da Europa Dificuldades econômicas brasileiras levaram o
e a Inglaterra, berço da indústria moderna, país a elevar as tarifas de importação – foi uma
incentivará Portugal a impedir o desenvolvimento medida basicamente fiscal – e foi implementada
da manufatura nas colônias. Como medida pelo Ministro da Fazenda Manoel Alves Branco –
restritiva a esse desenvolvimento foi assinado pela Lei Alves Branco. As taxas foram ampliadas para
o ALVARA de 1785 que proibia a manufatura no 30 a 60%, contudo a influência inglesa no império
Brasil colônia. Essa medida restringe a produção levou a concessão de vantagens tarifárias para os
de tecidos – principal produto inglês – deixando comerciantes desse país.
livre a produção de panos grossos que eram
utilizados para sacarias e para os escravos. Peço sua atenção a esse período histórico
(Abertura dos Portos), bastante abordado em
O período de desenvolvimento mais acelerado, provas, a banca costuma relacionar o aumento das
fomentado pela produção de ouro, estimulou o tarifas de importação, como sendo um estímulo a
consumo de ferramentas, e em 1795 foram feitas produção industrial nacional. Porém, tratou-se de
concessões para o setor da indústria de ferro. As uma medida basicamente fiscal diretamente ligada
distâncias encareciam os produtos no mercado ao aumento de arrecadação. Podemos observar
interno o que levou a necessidade de permitir a que após 1808, apesar de liberação da atividade
manufatura na colônia. industrial que até então havia sido impedida pela
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

O Tratado de Methuen, em 1703, conhecido metrópole, o desenvolvimento industrial não


como tratado de PANO X VINHO, garantiu aos tomava impulso devido à falta de infraestrutura
ingleses o acesso ao mercado colonial português, interna e à concorrência dos produtos externos,
via Portugal. sobretudo ingleses.

Até 1808, pode-se dizer que não havia Nessa fase destaca-se o papel de IRINEU
propriamente indústrias no País, resumindo a EVANGELISTA DE SOUSA, o BARÃO DE
atividade industrial à produção de tecidos MAUÁ. Esse brasileiro foi um idealista, sonhava
grosseiros e de uns poucos artigos de natureza com uma nação industrial e realizou grandes
artesanal. empreendimentos no país como: estaleiros,
bancos (com agências no exterior), transporte com
Com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil bondes de tração animal, canalização de gás para
uma nova fase se inicia. iluminação da cidade do Rio de Janeiro,
Normalmente as bancas examinadoras induzem o lançamento do cabo submarino que ligou, por
candidato ao erro, argumentando que no Brasil colônia telégrafo, o Brasil e a Europa, criou a Companhia
devido ao ALVARÁ de 1785 da rainha D Maria I, ou de Navegação do Amazonas e ainda lançou a
seja, período das manufaturas não havia produção primeira estrada de ferro no país – 1854.
industrial com a utilização de máquinas, tendo em vista Uma história ficou famosa nesse período – D
que a utilização só teria começado a ocorrer com a Pedro II foi convidado a abrir as obras da ferrovia,
e teve que colocar uma pá de terra na construção. 5
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Esse fato foi utilizado pela imprensa como uma 1940, surgem outros tipos de atividades
humilhação do Barão ao Imperador – muito bem industriais, já que antes dominavam indústrias de
explorado pelos ingleses o que gerou novas bens de consumo.
medidas de concessões aos importados e impediu
Em 1942, ocorre a construção da Cia.
o desenvolvimento industrial tão sonhado pelo
Siderúrgica Nacional. Inicia-se a produção de aço
Barão. Pena que o nosso Imperador fosse um
em grande escala, o que abre novas perspectivas
intelectual e não um homem de Estado para ver a
para a expansão industrial brasileira.
importância da industrialização naquele momento.
Caro estudante, faz-se necessário destacar que
Outros fatores contribuíram para uma
a Cia. Siderúrgica Nacional foi implementada
mudança na realidade do Brasil, mesmo sem o
com o capital (financiamento) e tecnologia dos
apoio do Estado, e fomentaram o
EUA, em troca de apoio brasileiro na Segunda
desenvolvimento da indústria. Entre eles
Guerra Mundial.
destacam-se:
Lembre-se que o Brasil (Rio Grande do Norte)
 Introdução do café em SP;
abrigou a maior base militar estadunidense fora do
 Com a chegada dos imigrantes houve seu território.
certa expansão do mercado interno
Na década de 1950 ainda enfrentamos
consumidor;
problemas e obstáculos, como falta de energia e
 Disponibilidade de capitais e melhores deficiente rede de transportes e comunicações,
transportes. que vão ser tratados por Juscelino Kubitschek em
seu plano de Metas (50 anos em 5) - além disso, o
 Abolição do tráfico de escravos – Lei
desenvolvimento industrial passa a ser dependente
Euzébio de Queirós, 1850.
do capital externo. Nessa fase o governo optou
(esse fato deixou o capital que era investido no pela indústria de bens de consumo duráveis bem
tráfico disponível para ser investido em outros como pelas indústrias automobilísticas e de
setores) eletrodomésticos, além realizar investimentos nos
setores básicos de energia elétrica através da
Começam a surgir alguns setores industriais
criação de várias empresas Cemig - Furnas, etc.).
voltados a atender as necessidades mais imediatas
e que exigiam menor investimento e menor Caro estudante, é importantíssimo frisar que
tecnologia como: alimentos, têxtil, de material de no governo Vargas foi lançado às bases para a
construção, etc. ação do Estado no sentido de estabelecer o
controle de setores estratégicos para o
Em 1850 havia no país:
desenvolvimento industrial. O modelo já pensado
- 02 fábricas de tecidos; foi implementado nos governos seguintes.
- 10 indústrias de alimentos; A década de 60 é representada por um período
de crise e estagnação da atividade industrial. Essa
- 02 indústrias de caixas e caixões;
fase é marcada por uma economia associada e
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

- 05 indústrias metalúrgicas; dependente do capital externo e um Estado forte,


centralizador e controlador dos setores
- 07 indústrias químicas.
econômicos básicos.
Como você pode observar na leitura dos
A década de 70 caracterizou-se por apresentar
tópicos acima, no final do século XIX, o
uma maior diversificação da produção industrial
desenvolvimento industrial foi pequeno, apesar
e, consequentemente, das exportações chegando a
das tarifas de importação adotadas pelo governo
atingir mais de 50% da pauta de exportações
que serviam também para proteger a indústria
nacionais e que, até hoje, têm nos manufaturados
nacional da concorrência externa.
o seu maior peso.
Iniciando o século XX a realidade brasileira
O Brasil, bem como a maior parte dos países
não era diferente, isto é, até deflagrar a I GM. À
de industrialização recente, apresenta uma grande
partir da Primeira Guerra Mundial, a atividade
participação do Estado na economia. Durante as
industrial apresentou certa expansão em nosso
décadas de maior industrialização o Estado teve
país, pois já que não podia contar com os produtos
que criar a infraestrutura básica necessária e isto
importados da Europa, procurava desenvolver
incluiu estradas, hidrelétricas e outras e ainda
aqui alguns setores industriais.
assumir o investimento nos setores de base como
A crise 1929/1930 e a Segunda Guerra a siderurgia, mineração, refino, etc. Essa
Mundial marcaram outra fase de crescimento necessidade gerou uma estatização dos setores de
6 industrial, sobretudo em SP, RS e MG. Após base da indústria nacional.

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O conceito moderno de economia e b) Indústrias  de  transformação: são as que
Administração Pública vê este sistema como convertem as matérias-primas obtidas da natureza
obsoleto e o Estado, que já foi visto como tábua em objeto útil para o homem. Dividem-se em bens
de apoio para a economia do país passou a ser de consumo:
visto como um grande estorvo. Era a necessidade
duráveis — produzem bens que são utilizados
de desestatizar a economia ( privatização ).
por um período relativamente longo (ex.: móveis,
O critério das privatizações foi muito automóveis, aparelhos eletrônicos etc.);
contestado, pois muitas estatais foram vendidas
semiduráveis — produzem bens que serão
para outras estatais ou fundos de pensões com
utilizados por um período que não é considerado
pagamento em títulos “moedas podres”. A
longo nem curto, ou seja, apresenta uma vida útil
organização de consórcios para participar dos
“relativamente” longa. (ex.: roupas e calçados)
leilões sugeria que nem tudo estava claro nessas
transações. não-duráveis — produzem bens que são
usados apenas uma vez ou por pouco tempo, isto
Prezado candidato, na literatura acadêmica não
é, têm “vida útil” relativamente curta
faltam argumentos pró-privatizações, bem como
(ex.:alimentos, roupas, calçados, remédios etc.).
argumentos contra. No entanto, os custos para a
manutenção de um sistema evidentemente c) Indústria  de  construção: São as que
ineficiente, inchado de funcionários produzem casas, edifícios residenciais,
desnecessários e uma estrutura de comando comerciais, industriais. Também compreende a
montada apenas com critérios políticos, parece ter indústria de construção pesada (aeroportos,
se tornado insustentável para um país que procura rodovias, túneis, pontes, usinas hidrelétricas etc.)
uma nova colocação no cenário mundial. e a indústria de construção naval.
Apesar da perda patrimonial do Estado e da
ampliação da internacionalização de nossa
Outras Classificações de Indústrias 
economia houve mudanças significativas e as
empresas já privatizadas começam a apresentar Segundo a função:
um desempenho melhor, compatível com as
a) Indústrias germinativas - são as que geram o
regras básicas do capitalismo. A Mafersa,
aparecimento de outras indústrias como, por
fabricante de vagões, apresentou lucros após anos
exemplo, a petroquímica.
de prejuízo enquanto estatal. A Usiminas
aumentou sua produtividade e reduziu um terço b) Indústria de ponta - são as indústrias
seu endividamento. Se analisarmos caso a caso dinâmicas, que comandam a produção industrial
encontraremos outros exemplos exitosos. como, por exemplo, as indústrias químicas e
automobilísticas.
Segundo a tecnologia:
Classificação da indústria 
a) Indústrias tradicionais - são as que estão
A indústria pode ser entendida como ato de
ainda ligadas às vantagens oriundas da primeira
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
transformar matérias primas em bens de produção
revolução industrial. Podem ser empresas
e de consumo. De um modo geral, as indústrias
clânicas, ou seja, empresas familiares.
podem ser divididas em:
b) Indústrias dinâmicas - são aquelas ligadas
 Extrativas: 
ao desenvolvimento recente da química,
- mineral eletrônica e petroquímica, principalmente. Utiliza
muito capital e tecnologia e relativamente pouca
- vegetal
força de trabalho.
 Transformação: ‐ bens de produção 
Possuem uma flexibilidade maior de
- bens de capital localização.
- bens de consumo (não duráveis, Segundo a aplicação de recursos ou fatores:
semiduráveis, duráveis ).
a) Indústrias capital-intensivas - as que
 Construção: ‐ civil  aplicam os maiores recursos nos fatores capital e
tecnologia.
- naval
b) Indústrias trabalho-intensivas - as que
a) Indústrias  extrativas: extraem produtos sem
empregam os maiores recursos em força de
alterar suas características. A indústria extrativa se
trabalho.
divide em vegetal, animal e mineral (ex.: indústria
madeireira, da pesca, de mineração etc.). 7
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Distribuição geográfica da possui a maior concentração industrial do país e
da América Latina.
atividade industrial
Prezado candidato, nesse capítulo veremos
tópicos relacionados aos fatores que mais
influenciaram na distribuição geográfica da
atividade industrial no Brasil, bem como os
motivos que conduziram a um aumento da dívida
externa brasileira.
A opção de localização considera vários
elementos. Destaca-se:
 Infraestrutura – transporte, energia,
telecomunicações;
 Capital – terrenos, incentivos fiscais,
disponibilidade de crédito;
 Mercado consumidor;
 Oferta de matéria-prima. Ainda no Estado de São Paulo, outros centros
A grande região industrial do país é a região industriais importantes, situam-se normalmente ao
Sudeste, onde se destacam São Paulo, Rio de longo dos principais eixos rodoviários ou
Janeiro e Minas Gerais. O centro econômico do rodoferroviários. São eles:
Brasil, bastante urbanizado e industrializado, é a) Anhanguera - Campinas, Americana,
constituído, principalmente, por São Paulo e Rio Limeira, Piracicaba, Ribeirão Preto.
de Janeiro.
b) Dutra - Jacareí, São José dos Campos,
Taubaté.
REGIÃO SUDESTE  c) Washington Luís - Rio Claro, São Carlos,
É a responsável por mais da metade de toda a Araraquara, São José do Rio Preto.
atividade industrial e, sozinha, consegue cerca de d) Raposo Tavares - Sorocaba, Itapetininga,
3/4 do valor da produção industrial. Presidente Prudente.
Essa concentração no SE é devida a vários e) Anchieta - Cubatão, Santos, São Bernardo.
fatores, como:
Veja o mapa da desconcentração da indústria
a) sistemas de transporte e comunicação mais no estado de São Paulo
desenvolvidos;
b) maior produção energética;
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

c) maior e mais diversificado mercado


consumidor;
d) maior concentração de capitais;
e) maior concentração de mão-de-obra;
f) melhor nível de vida e poder aquisitivo.

Destaques do Sudeste
 São Paulo 
O Estado de São Paulo é o maior destaque.
Concentrando cerca de 40% dos estabelecimentos
industriais do país; 48% do pessoal ocupado em
indústrias; 53% do valor da produção industrial.
A grande São Paulo, sobretudo os municípios
do ABC, Diadema, Osasco, Guarulhos e outros,
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Região Sul tem apenas 20% de participação no
processo industrial. É a segunda região mais
As indústrias do Estado de São Paulo
industrializada.
caracterizam se pela diversificação: metalurgia,
química, alimentícia, têxtil, transporte,
construção, farmacêutica, etc.
As indústrias mais importantes são as de bens
  de consumo: as alimentícias destacam-se no RS,
como frigoríficos, couros, vinícola, as têxteis em
 Minas Gerais 
SC e madeira no PR.
Vem aumentando a cada ano o valor da
No RS, os centros mais industrializados são:
produção industrial e a área de influência
Grande Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Rio
industrial da Grande Belo Horizonte. O Centro
Grande, etc. Em SC, por sua vez, destacam-se:
Industrial de Contagem, próximo a Belo
Joinville, Blumenau (têxtil); Criciúma e Tubarão
Horizonte, é diversificado e foi criado em 1970,
(carvão). Já no PR tem-se Curitiba, polo
em Betim uma nova área de produção de carros.
industrial, além de centros no norte do Estado.
Sua posição é apoiada na abundância de recursos
minerais, sobretudo no minério de ferro, Foi amplamente beneficiada com a
justificando o primeiro lugar na produção de aço desconcentração industrial devido apresentar as
do país. melhores vantagens locacionais. Com o Mercosul
a região recebeu novos investimentos devido
apresentar melhor localização geográfica em
relação ao bloco e por ter melhor infraestrutura
energética, de estradas, portos e mão de obra
qualificada.

REGIÃO NORDESTE 
É a terceira mais industrializada; as maiores
aglomerações industriais se concentram no Recife
e Salvador. A industrialização do NE está ligada à
construção da usina hidrelétrica de Paulo Afonso,
à criação dos distritos industriais, como Cabo,
Paulista, Jaboatão, etc., em PE, e Centro Industrial
de Aratu e do Polo Petroquímico de Camaçari na
Bahia. Destaca-se, também, a concentração
industrial em Fortaleza.

Com a desconcentração industrial, novos Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO


centros ganham importância como é o caso de
Juiz de Fora e Uberlândia, ambas fora da região
metropolitana de Belo Horizonte.

 Rio de Janeiro 
A maior concentração industrial coincide com
o Grande Rio conformando uma região
polindustrial. Destaques na indústria naval e do
turismo.
O crescimento da indústria fluminense é mais
dinâmico do Vale do Paraíba que se expande em
função da influência ampliada exercida pelo RJ e
SP.

Região Sul 
Apesar da antiguidade da ocupação industrial
(o início está ligado à colonização europeia), a 9
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e) Fábrica Nacional de Motores - RJ;
Nos anos 90 a região passou a ser alvo de f) Fiat do Brasil - MG; e
novos investimentos já em uma nova fase de
g) Volvo do Brasil - PR.
integração. Até os anos 80 a industrialização
estava subordinada a região SE, nos anos 90 a
indústria que se instala no NE está subordinada à
A indústria automobilística foi implantada na
lógica internacional, à globalização.
segunda metade da década de 1950, durante o
governo de Juscelino Kubitschek. Os principais
fatores associados à implementação da indústria
Principais Indústrias e sua localização.
automobilística foram:
A indústria de transformação é a que mais se
a) desenvolvimento da metalurgia e siderurgia;
destaca, conforme os dados a seguir:
b) as já existentes indústrias de montagem de
veículos no Brasil;
  %  s/  os  % s/ o  % s/ o valor 
c) existência de indústrias de autopeças;
estabelecimentos  pessoal  da  produção 
industriais  ocupado  industrial  d) mercado consumidor no SE;
a) extração mineral  1,9%  1,7%  1,5%  e) desenvolvimento do setor rodoviário; e

b) transformação  98,1%  98,3%  98,5%  f) criação do GEIA (Grupo Executivo da


Indústria Automobilística).
A primeira indústria – Vemag – foi instalada
em 1956, e em 1958, a Volkswagen.
A indústria alimentícia tem a maior
participação em pessoal ocupado em número de Com isso desenvolvem-se indústrias ligadas
estabelecimentos. A indústria metalúrgica é a ao setor automobilístico, como: vidros, artefatos
segunda em número de pessoal ocupado e valor de borracha, couro, material elétrico, metalurgia
de produção industrial. leve, etc.
Abrangem diversos ramos, tais como: A maior concentração ocorre em São Paulo
laticínios, conservas, frigoríficos, bebidas, massas, graças a maior disponibilidade de mão-de-obra,
moinhos, óleo, etc. Está entre as mais antigas do indústrias de autopeças, proximidades da Cosipa e
País. Apesar de estar disseminada por quase todo do Porto de Santos, existência de energia elétrica,
o País, é em SP que se verifica a sua maior etc.
concentração. Destaques: Carnes (frigoríficos):
Atualmente, o Brasil está entre os maiores
Araçatuba e Barretos (SP), Rio Grande e Pelotas
produtores mundiais, com uma produção anual de
(RS), Campo Grande (MS). Bebidas: Caxias do
cerca de 1 milhão de veículos.
Sul, Bento Gonçalves (RS), Jundiaí, São Roque
Ribeirão Preto (SP). Laticínios: Sul de MG, Vale É comum verificar a produção de novas
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

do Paraíba (SP e RJ), grandes centros. Açúcar: marcas no Brasil. Isso se deve a abertura
Paraíba (SP), Campos (RJ), Maceió (AL). econômica ocorrida na década de 90 e o incentivo
do governo para atrair novos empreendimentos.

 Automobilística 
 Siderurgia 
A produção automobilística brasileira sofreu
um grande crescimento desde 1958, colocando-se, Foi somente a partir de 1917 que se instalou
atualmente, entre as dez maiores empresas do no País, por iniciativa da Cia Siderúrgica Belgo-
mundo, sendo superada apenas por Japão, EUA, Mineira, localizada inicialmente em Sabará (MG)
Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Canadá e e depois em João Monlevade (MG). Aproveitando
Rússia. As principais empresas automobilísticas a abundância de minério de ferro existente em
são: Minas Gerais, outras siderúrgicas foram se
instalando na região, e, durante muito tempo,
a) Volkswagen do Brasil - SP;
Minas Gerais foi o único centro siderúrgico do
b) General Motors do Brasil - SP; País. As causas que retardaram a implantação da
siderurgia foram a escassez de carvão mineral, a
c) Ford Motores do Brasil - SP;
falta de mão-de-obra e de capitais, além da
d) Mercedes-Benz do Brasil - SP; ausência de indústrias capazes de consumir a
10 produção.

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A partir de 1942, a siderurgia tomou grande Enquanto o consumo per capita de aço dos países
impulso com a instalação da Cia. Siderúrgica desenvolvidos, como EUA, Japão, Rússia,
Nacional (estatal) em Volta Redonda, no Vale do Alemanha, gira em torno de 400 a 500
Paraíba fluminense. Sua localização obedecia à kg/hab/ano, o consumo brasileiro é de cerca de
situação intermediária entre as jazidas de carvão 100 kg/hab/ano.
(SC) e as áreas produtoras de minério de ferro
Apesar do franco desenvolvimento industrial
(MG); ao ponto de encontro entre a Central do
experimentado pelo País nas últimas décadas,
Brasil e a Rede Mineira de Viação; à proximidade
vários são os problemas que o afetam,
dos maiores centros industriais e consumidores do
destacando-se os seguintes:
País; à abundância de energia elétrica; e, por fim,
à maior disponibilidade de mão-de-obra. - Quanto à energia: empregamos ainda elevada
quantidade de lenha como fonte energética, falta
A elevada taxa de crescimento alcançada por
garantias de investimentos para expansão da
este setor deve-se a vários fatores, tais como:
oferta energética.
a) desenvolvimento das atividades industriais
- Quanto ao capital: escasso, não permitindo
de base. as quais passaram a consumir a produção
grandes investimentos por parte dos particulares,
siderúrgica;
o que beneficia a participação de capitais estatais
b) rápido desenvolvimento do setor de e estrangeiros.
construção civil;
- Quanto ao equipamento: a produção da
c) grande apoio governamental; indústria de máquinas e equipamentos ainda é
insuficiente, sendo necessária a importação em
d) aumento do consumo de produtos
larga escala.
industrializados;
- Quanto aos transportes: o sistema ferroviário
O principal problema que afeta a indústria
e o hidroviário são deficientes. O sistema
siderúrgica é o fornecimento de matérias-primas
rodoviário está sobrecarregado.
(carvão mineral), sendo por isso, muito grande o
consumo de carvão vegetal. - Quanto ao mercado consumidor: ainda
restrito, apesar de estar em crescimento. A alta
O carvão produzido no Brasil não é bom para
concentração de renda impede, de certa forma, a
fazer o coque siderúrgico e por isso devemos
expansão do consumo.
importar carvão mineral.
Observações:
Desenvolvimento brasileiro e o 
- 94% da produção siderúrgica concentra-se no
endividamento externo. 
SE
Das correntes teóricas voltadas ao estudo do
- As maiores produções siderúrgicas são
desenvolvimento da América Latina a dominante
obtidas pela Usiminas, CSN e Cosipa.
segue a orientação da CEPAL (1948) - órgão da
É importante frisar que o polo siderúrgico do ONU. Esse organismo buscou orientar os países
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
Maranhão, integrado a produção de Serra de latino-americanos a adotar políticas de
Carajás, está em franco crescimento. desenvolvimento com base na substituição de
importações. Esta orientação teve êxito no período
JK e posteriormente durante o governo militar
Distribuição espacial das usinas  (1964 - 1985) - em especial na década de 1970
siderúrgicas  (milagre brasileiro).
As siderúrgicas distribuem-se pelo espaço As doutrinas cepalinas orientaram o
independentemente da localização do carvão desenvolvimento por intensificação das
mineral, pois as maiores produções desse produto poupanças internas mais investimentos
vêm do sul, e é no SE que se encontra a maior estrangeiros (multinacionais), para aumentar a
produção de aço. substituição de importações, com balanças
comerciais, em geral, deficitárias devido à
Portanto, outros foram os fatores responsáveis
importação de máquinas e equipamentos.
por esta localização. E, sobretudo, a presença de
minério, como o ferro e o manganês e o mercado A aplicação do modelo econômico seguindo as
consumidor, que regem tal distribuição. orientações da CEPAL se deu no período JK (56-
61) que é marcado pelo programa de metas.
A produção atual de aço bruto situa-se perto
Investimento nacional combinados com o capital
de 2,8 milhões de toneladas, colocando o Brasil
internacional permitiu a criação de hidrelétricas,
entre os 10 maiores produtores do mundo.
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indústria automobilística, autoestradas e a contas externas. A partir de 1973, verificamos
construção de Brasília. uma escalada no preço do petróleo que levou os
países em crescimento acelerado, como o Brasil, a
Após 1950, o avanço das multinacionais
um endividamento crescente.
desencadeou o desenvolvimento dos países
periféricos. Os países que apresentavam melhores Verificando o histórico da dívida brasileira
condições de infraestrutura tornavam-se destino observamos que dos 2,5 bilhões devidos em 1964
de investimentos diretos, com a instalação de saltamos para 96,5 bilhões em 1990, ou seja, uma
multinacionais e de investimentos indiretos, com a alta de 3860%. E dois anos depois, em 1992, a
oferta de empréstimos voltados para a criação e dívida já havia atingido 132,3 bilhões. A dívida
ampliação de infraestrutura. Para exemplificar passou a crescer muito rápido, muito mais rápido
bata-nos verificar o ocorrido no Brasil nas que a nossa capacidade de crescimento ou de
décadas 60 - 70, quando surgiu no país uma pagamento.
milagrosa evolução econômica. Esse modelo
Evolução da dívida externa brasileira (em
constituiu, em preparar, facilitar, recepcionar,
bilhões de dólares)
acomodar e favorecer mais e da melhor forma a
entrada de capital internacional no Brasil. O comprometimento de um percentual cada
vez maior do PNB (produto nacional bruto), de
Na década de 70 e início dos anos 80, essa
10,5% em 1968 para 27% em 1980, deixa o Brasil
prosperidade é abalada pela crise do petróleo (73
impedido de fazer novos investimentos. Este
e 79), que provoca recessão e inflação nos países
comprometimento interfere no crescimento
do primeiro mundo. Também nos anos 70,
econômico devido à necessidade do país em
desenvolvem-se novos métodos e técnicas
cumprir o serviço da dívida.
voltados para a produção. Nos anos 90 uma nova
fase na produção industrial se instala com a O processo de endividamento tornou-se ainda
modernização da industrial. O processo de mais grave quando, no final dos anos 1970, as
automação, robotização e terceirização aumentam taxas de juros internacionais (a libor - taxa
a produtividade e reduzem a necessidade de mão- interbancária de Londres - e a prime rate - taxa
de-obra gerando ainda a necessidade de novas básica cobrada pelos bancos dos EUA) oscilaram
qualificações e desaparecendo antigas profissões. para cima, chegando a 15,18% a primeira e 15% a
segunda. A taxa do FED, banco central
Assim, a globalização assentou o golpe nas
americano, chegou a 13%.
teorias de desenvolvimento autônomo sob
orientação cepalina. Toda esta oscilação fez com que o capital
retornasse aos EUA e Europa e fizesse disparar a
 
dívida dos países periféricos que tinham a sua
Endividamento brasileiro  dívida corrigida com base nas taxas
internacionais. Caro estudante, peço sua atenção
No período 71/72 a inflação atinge os países
ao seguinte fato, estando o Brasil inserido nesse
desenvolvidos, inclusive os EUA. O padrão dólar
contexto de alta de juros, o país foi duramente
estabelecido em Bretton Woods foi quebrado e as
atingido devido ter mais de 60% de sua dívida
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

principais moedas passaram a oscilar gerando


baseada em juros flutuantes, ou seja, com o
uma disponibilidade de dólares que passaram a ser
aumento das taxas prime rate e libor a dívida teve
aplicados nos países do terceiro mundo. Este
seus juros reajustados.
dinheiro foi usado pelos países em
desenvolvimento para cobrir déficits das suas Vejamos um exemplo: o Brasil fez um

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GEO 01
empréstimo de 1 bilhão de dólares para década de 1980 levando esta a ser conhecida
desenvolver o programa Proálcool e como a DÉCADA PERDIDA e ainda reflete nos
comprometeu-se a pagar, apenas nos 5 primeiros dias atuais.
anos, 800 milhões de dólares de juros e
comissões, ou seja, quase a quantia contratada
mas, com o aumento dos juros, esse montante Tecnopolos 
cresceu ainda mais.
Os polos tecnológicos correspondem à
Assim, na iminência de não ter a capacidade concentração espacial de empresas e instituições
de honrar seus compromissos em dia, a saída para de ensino e pesquisa envolvidas no estudo e na
o Brasil foi suspender unilateralmente (moratória aplicação de tecnologia avançada (como, por
parcial) durante o governo Sarney, o pagamento exemplo, robótica, microeletrônica, cerâmica
das prestações e dos juros da dívida e exigir a avançada, tecnologia espacial, biotecnologia,
renegociação das condições e prazos de nanotecnologia entre outras) permitindo que as
pagamento. Contudo, o Brasil voltou atrás e empresas assumam um perfil moderno e
passou a adotar o receituário econômico do FMI. competitivo por meio da aplicação dessas
tecnologias desenvolvidas nos centros de
O padrão da dívida que tinha vencimento a
pesquisa.
curto prazo - 5 anos - passa a ter novo perfil, 60%
da dívida consegue prazos maiores que 10 anos. Como possuem uma organização menos
Tudo isto se deve ao fato de tentar evitar a burocratizada, os polos tecnológicos facilitam a
insolvência dos países devedores, caso que levaria transferência de tecnologia para o setor produtivo
as finanças internacionais a um caos. industrial e, ao mesmo tempo, estimulam o
desenvolvimento científico e tecnológico. Os
Ter crédito internacional é uma garantia para
principais polos tecnológicos brasileiros
que o país continue a ser viável para receber
encontram-se concentrados sobretudo no Sudeste
investimentos. Assim, para que qualquer país
e Sul do Brasil, podendo-se destacar:
assegure o serviço da dívida externa é necessário
que ele garanta a cada ano um fluxo de novos • o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)
empréstimos, financiamentos e obtenha, acima de e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
tudo, saldos expressivos em sua balança de Espaciais), situados no município de São José dos
comércio exterior. EXPORTAR é o que Campos (SP), ambos de iniciativa governamental,
IMPORTA. que desenvolvem projetos na área aeronáutica,
espacial, de fabricação de radares, antenas, entre
É da receita da exportação que dependem, em
outros;
última instância, o pagamento efetivo da dívida e
a própria garantia para a contratação de novos • as Universidades Federal e Estadual de São
empréstimos e financiamentos internacionais. Por Carlos (SP), que têm dirigido suas pesquisas
isso é que o governo brasileiro tem se esforçado científicas à obtenção de novos materiais, como é
em incentivar as exportações e a manter um o caso de cerâmicas resistentes ao calor;
superávit primário alto para, desta forma,
• os polos tecnológicos de informática,
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
demonstrar ao mundo que o país tem condições de
localizados nas cidades de São Paulo, Campinas
honrar seus compromissos e que é viável
(SP), Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e
economicamente.
Campina Grande (PB);
Outro modo de manter a dívida sob controle é
• as áreas de pesquisa de química fina e de
através de acordos. Neste caso, a garantia para o
biotecnologia, no Rio de Janeiro, em Porto
pagamento é conseguida através de apoio
Alegre, em Fortaleza e em Campinas, além de
financeiro do FMI. Negociações neste sentido
centros de pesquisa em biologia molecular, física,
foram realizadas no governo Figueiredo e outra no
bioquímica, matemática e outras pelo Brasil.
governo Collor / Itamar Franco. Ainda nos
últimos anos do governo FHC e no atual foram Prezado candidato, ressalta-se que o Estado
feitos acordos com o FMI para garantir o brasileiro exerceu uma grande influência no
cumprimento dos serviços da dívida e proteger a alargamento dos mercados nacionais, que, aos
economia interna. O governo Lula conseguiu poucos, foram-se tornando cativos do poder
zerar a dívida do Brasil com o FMI, desse modo o hegemônico de São Paulo e do Sudeste. Segundo
país fica livre da obrigação de adotar as diretrizes José Serra: “ uma das características marcantes do
econômicas preconizadas pelo FMI. desenvolvimento do capitalismo no Brasil diz
respeito ao significativo papel do Estado como
Assim, verificamos que todo quadro criado
fator de impulso à industrialização. Esse papel foi
devido às modificações das taxas de juros
exercido não apenas através de suas funções
internacionais afetou o crescimento brasileiro na
fiscais de monitoria e de controle do mercado de 13
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GEO 01
trabalho ou de sua função de provedor dos No  Nordeste – incentivos fiscais e mão-de-
chamados bens públicos, criação de infraestrutura obra farta e barata. A produção estava voltada
e produção direta de insumos indispensáveis à para o mercado do SE e, ultimamente, com os
industrialização pesada“. investimentos externos também se integra na
produção para o mercado globalizado.
No  Centro‐Oeste, a partir da década de 90,
Desconcentração industrial 
observa-se a ação dos governos estaduais em
A desconcentração industrial no estado de São atrair investimentos industriais. As vantagens
Paulo é bastante nítida. Ela se processou (e se fiscais oferecidas permitiram a instalação de
processa), principalmente, ao longo dos quatro indústrias de beneficiamento, para estarem
principais eixos rodoviários, que de certa forma próximas as fontes de matéria prima ou ainda
acompanharam os eixos ferroviários construídos novas plantas industriais como é o caso da
na época da expansão da cafeicultura: a Via indústria farmacêutica em Anápolis e a
Presidente Dutra (a Rio — São Paulo) automobilística em Catalão, ambas em GO.
atravessando o histórico Vale do Paraíba; o
O governo criou as condições de infraestrutura
sistema Anchieta — Imigrantes (São Paulo —
necessárias ao processo de instalação industrial
Baixada Santista); o sistema Bandeirantes—
através da aquisição de empréstimos
Anhanguera—Washington Luís (ligando a cidade
internacionais para a construção de obras de
de São Paulo ao norte e noroeste do estado); e a
engenharia para garantir a realização dos
Via Presidente Castelo Branco, ligando a cidade
investimentos.
de São Paulo a várias cidades do sudoeste do
estado até Presidente Epitácio, no Vale do Rio Só alguns exemplos: Itaipu, Balbina, Tucuruí,
Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul. transamazônica, estrada de ferro Carajás, BR 364.

Dinâmica do Mercado de
Trabalho

Nas últimas décadas houve uma mudança


significativa do mercado de trabalho no Brasil e
no mundo. Vamos fazer algumas recordações:
Crise da Polônia na década de 1980 - o
presidente do Sindicato Solidariedade, Lech
Walesa - comandou os trabalhadores, parou o país
e enfrentou o regime socialista.
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

Esse processo de desconcentração acontece Microinformática e a automação das linhas de


em todo território nacional e foi fomentado pelo montagem - com as constantes greves de
governo federal pelo incentivo fiscal desenvolvido trabalhadores em todo mundo, com greves
pelas superintendências de desenvolvimento – constantes, as multinacionais substituem os
SUDENDE, SUDECO, SUDESUL e SUDAM. A trabalhadores por máquinas - sistemas
desconcentração visava aproveitar as automatizados que reduzia a quantidade de
VANTAGENS COMPARATIVAS para produção trabalhadores e exigia novas qualificações.
industrial. Grandes avanços científicos e tecnológicos -
No  Sul – infraestrutura e mercado consumidor, os grandes avanços alcançados nos laboratórios da
mão-de-obra qualificada, proximidade de mercado indústria da guerra passa a estar disponível para o
consumidor – Argentina e Sudeste do país. A setor produtivo. A transferência de tecnologia
região mais beneficiada com a desconcentração para os países periféricos fazem mudar a lógica
foi a região Sul. produtiva mundial.

No  Norte – incentivos fiscais que facilitavam Globalização da produção - não se pensa mais
o acesso e concorrência no mercado nacional e em uma produção centralizada, regionalmente
internacional. constituída, esta deve ser descentralizada em
busca das vantagens comparativas.
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GEO 01
Instabilidade social e econômica - se há característica desse setor e que tem uma média de
instabilidade política e social, mão-de-obra salário baixa que o setor secundário.
organizada, sindicatos fortes, governos
nacionalistas, as empresas fogem para outras
localidades que lhes garantam segurança do As Transformações no conteúdo do 
investimento e garantias de rentabilidade e trabalho e nas formas de emprego 
exportação dos lucros.
Os impactos são sentidos nas transformações
Neoliberalismo - a década de 1980 foi um que se colocam ao conteúdo do trabalho e no uso
marco para todas os itens listados anteriormente. das qualificações e nas formas de emprego.
Iniciou na Europa com Margareth Tacher e nos
Aos trabalhadores ativos exigem-se novas
EUA com Ronald Regan a política neoliberal.
habilidades, até então pouco exigidas no mercado
Ainda nessa década verificamos a queda dos
de trabalho. O perfil desse novo trabalhador exige
regimes militares, com a instauração de novas
a capacidade de adaptar-se continuamente, a
democracias que buscavam estar alinhadas com o
novas tecnologias de informação e comunicação
novo pensamento mundial.
que são empregadas na produção. Competências,
O socialismo em crise - e a URSS se desfaz e como raciocínio lógico-abstrato, habilidades
nasce a Comunidade dos Estados Independentes - sociocomunicativas, responsabilidade, disposição
CEI. Mikhail Gorbatchev, levou a União para correr riscos e espírito de liderança, passaram
Soviética a mudanças políticas, econômicas e a ser demandadas. A destreza em outras línguas
sociais. Ciente dos problemas que o país passava, (como inglês) e linguagens (como informática)
Gorbatchev propôs dois planos: a perestroika está se tornando pré-requisito para o ingresso e
(reestruturação) e a glasnost (transparência). Era o manutenção em um mercado de trabalho
inicio de um mundo sem bipolaridade ideológica. estruturado.
Paralelamente a isso o capitalismo se reinventava,
Há uma mudança setorial significativa no
com a redução do estado na economia.
mercado de trabalho. Alguns setores têm
O Brasil estava nesse período passando pela crescimento mais significativo e apresenta mais
redemocratização com a eleição indireta de promissor para a absorção de novos trabalhadores.
Tancredo Neves e a promulgação de uma nova
Os setores de serviços que mais tendem a
constituição.
crescer nos próximos anos são:
A economia brasileira marcada por uma
- Telecomunicações  e  Informática: neste
estrutura arcaica e falida. No campo observamos a
setor, a tendência é o aumento da exigência
concentração fundiária, injusta e antidemocrática,
quanto à qualificação formal. Na atualidade já tem
sujeitando milhares de trabalhadores a condições
falta de trabalhadores qualificados. O setor se
de trabalho sem garantias sociais. O setor
reorganizou e se viu a redução de postos de
industrial não consegue absorver a mão-de-obra
trabalho em empresas de grande porte (mil
que o campo não libera e os trabalhadores livres
empregados) para gerar novos postos em
que já estão nas cidades. O setor de comércio e
empresas de menor porte, geralmente nas
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
serviços passa a ser a tábua de salvação da
categorias micro, pequena e média empresas.
economia para absorver essa mão-de-obra.
Com a reorganização do setor o trabalho
Esse processo de organização do mercado de individual em rede, sem ter que sair de casa,
trabalho, com a concentração dos trabalhadores passou a ser uma realidade até então impensada
no setor terciário é um fenômeno comum aos para o modelo de trabalho anterior.
países em desenvolvimento. O setor industrial se
- Comércio: as três categorias do setor
desenvolve com uma tecnologia poupadora de
(comércio de veículos, motocicletas e
mão-de-obra. A agricultura, do mesmo modo,
combustíveis; atacadista e varejista) empregaram
passa por um processo contínuo de modernização
em 1998 um total de 4,5 milhões de pessoas. A
e também reduz a necessidade de trabalhadores. O
expansão deste setor é fortemente ligada à
setor de serviços e comércio absorve esses
atividade econômica do país. Novos postos de
trabalhadores, em postos formais e informais.
trabalho e a formalização de negócios até então na
Gera-se com isso uma economia paralela, a
informalidade fez o comércio expandir a oferta de
economia informal, gerando subempregos, sem
empregos. Veja a variação no período 2003-2009.
garantias trabalhistas e sociais. Outra

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GEO 01
O Trabalhador Industrial e a Fábrica 
do Futuro 
Com a reorganização do setor produtivo no
mundo com a globalização o Brasil necessitou
realizar a abertura da economia, iniciado em 1990,
o que levou a reestruturação da indústria. A
reorganização teve impactos negativos, como a
elevação do desemprego e também consequências
positivas para a competitividade do país,
incluindo a elevação da qualificação dos
trabalhadores industriais.
Essa nova realidade exige um trabalhador mais
- Setor Financeiro: o setor apresentou qualificado. A exigência de qualificação atinge
recuperação em 2000 após ser fortemente atingido principalmente os trabalhadores mais jovens. Para
pela crise de 1999. A presença de investimentos acessar o primeiro emprego o trabalhador tem que
internacionais e a concentração do setor o demonstrar que tem possibilidade de adaptação /
potencial de emprego voltou a subir. Há aprendizagem das funções em pouco tempo.
incentivos para a expansão do setor. Para o futuro, as principais tendências para o
mercado de trabalho são:

- Turismo: é um dos campos mais - deslocamento das atividades e da mão-de-


promissores para a geração de empregos e obra da indústria para os serviços, especialmente
crescimento econômico do país. O potencial para os serviços de apoio às atividades industriais
econômico tem crescido, pois ampliou o turismo em função das terceirizações;
interno com a retomada do crescimento da - declínio do emprego industrial tradicional;
economia e a inserção de u grande números de
famílias na classe média e ainda o Brasil tem - crescente interdependência da força de
divulgado mais o nosso potencial turístico no trabalho em escala global;
exterior visando à atração de turistas. Grandes - movimento contínuo em direção à elevação
eventos como a realização do Pan-americano, da do perfil de escolaridade do trabalhador.
candidatura para a Copa 2014 e olimpíada 2016.
Esses eventos faz com que haja investimentos no
setor e a geração de empregos. O turismo Características do mercado de trabalho atual -
conforma uma ampla cadeia produtiva, o turismo 2003 a 2009.
repercute em 52 segmentos diferentes da
economia e mantém cerca de 5 milhões de Segundo o IBGE o contingente da população
empregos, formais e informais. ocupada diminuiu em 1,8%. Em 2008 era 21,7
milhões de pessoas ocupadas já em 2009 caiu para
Observe a distribuição da PEA pelos setores
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

21,3 milhões, ou seja, uma redução de 398 mil


da economia em alguns países. pessoas.
Desse modo, a proporção de pessoas
Distribuição da PEA por setores ocupadas com 10 anos ou mais de idade passou
de 52,5% em 2008, para 52,1% em 2009 (em
Países Primário Secundário Terciário 2003 era 50,1%).
EUA 3% 25% 72% A mudança também foi sentida quando
observamos o percentual de trabalhadores com
Brasil 23,2% 23,8% 53,0%
carteira de trabalho assinada no setor privado.
Índia 62% 11% 27% Esse item passou de 44,1% em 2008 para 44,7%
em 2009 (em 2003 era 39,7%). A formalização da
Etiópia 88% 2% 10%
mão-de-obra apresentou um novo recorde na série
histórica da pesquisa do IBGE. Isso reflete o
momento vivido pela economia nacional, mesmo
que a economia global se encontre em crise. O
que o governo comemora é que o contingente de
trabalhadores que contribuíam para a previdência
social também aumentou diminuindo, desse
16 modo, a escalada do déficit da previdência.

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GEO 01
Veja as evoluções das taxas de desemprego no um aumento na ocupação das mulheres. A
período 2002-2011. presença feminina também era majoritária na
população desocupada (PD) e na população não
economicamente ativa (PNEA)

Observe agora a média de salário dos


trabalhadores do setor privado.
Rendimento médio real habitual dos
empregados com carteira no setor privado, para o
total das seis regiões metropolitanas de 2003 a
2011, em reais - a preços de dez/11

O ingresso da mulher no mercado de trabalho


veio associado a transformações nas relações
familiares e conjugais. Houve uma redução no
número de filhos, o aumento das famílias
chefiadas por mulheres – em 1989 representavam
20,1%, em 1999 chegou a 26%.
As mulheres representam mais de 40% da
força de trabalho no país, contudo a média de
rendimentos é menor que os percebido pelos
homens na mesma função. Apesar de estudarem
por um período mais longo, obtendo no setor
industrial, por exemplo, um ano a mais de
A Mulher no Mercado de Trabalho  escolaridade do que os homens, o diferencial de
A inserção da mulher no mercado de trabalho remuneração persiste elevado.
no Brasil é tardia. O reconhecimento dos direitos Analise o gráfico seguinte.
da mulher como cidadã plena ainda é lento
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

necessitando a intervenção do Estado para


garantir os direitos da mulher. Em relação a luta
contra a visão social de que a mulher não tem os
mesmos direitos estão:
- Lei Nº 7.353, DE 29 DE AGOSTO DE 1985
que criou o Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher - CNDM
- Lei Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Nas últimas décadas, a inserção das mulheres
no mercado de trabalho tornou-se uma realidade.
A participação feminina aumentou Vários fatores contribuem para impedir as
expressivamente. Em 2011 eram 45,4% na mulheres de atingirem os mais altos cargos. Essas
população ocupada (PO). Para as mulheres, esse são barreiras, visíveis e invisíveis, que impedem o
indicador foi de 40,5% em 2003 passando para acesso aos postos mais bem remunerados.
45,3% em 2011. Entre os homens, esse percentual Podemos citar: a feminização de determinadas
era de 60,8%, passando para 63,4%. Percebe-se profissões (professoras primárias, enfermagem) e 17
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GEO 01
sua subsequente desvalorização, resistências (PME)2009, realizada nas regiões metropolitanas
sociais, a maternidade e a desigualdade na divisão de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de
das tarefas domésticas, a falta de massa crítica de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
mulheres nas organizações, etc.
As empresas estão mudando as suas
 35,5%  das  mulheres  tinham  carteira  de 
estratégias de forma a recrutar e reter mulheres
trabalho assinada 
qualificadas no emprego. Algumas das mudanças
que já são notadas e implementadas: Em 2009, aproximadamente 35,5% das
mulheres estavam inseridas no mercado de
- diálogo extenso sobre as mudanças
trabalho como empregadas com carteira de
necessárias na cultura organizacional
trabalho assinada, percentual inferior ao
(workshops e reuniões dirigidas);
observado na distribuição masculina (43,9%). As
- implementação de políticas para equiparar mulheres empregadas sem carteira e trabalhando
salários e oportunidades; por conta própria correspondiam a 30,9%. Entre
os homens, este percentual era de 40%. Já o
- designação de responsáveis pela
percentual de mulheres empregadoras era de
implementação de mudanças;
3,6%, pouco mais da metade do percentual
- avaliação (quantitativamente e verificado na população masculina (7,0%).
qualitativamente) de progressos em áreas
específicas.
 61,2%  das  trabalhadoras  tinham  11  anos 
A briga que as mulheres precisarão enfrentar
ou mais de estudo 
para conseguir uma maior igualdade envolve
poder. Apesar de já termos uma presidente, a Enquanto 61,2% das trabalhadoras tinham 11
representação no primeiro escalão tem sido anos ou mais de estudo, ou seja, pelo menos o
ampliada, o setor privado tem uma estratégia ensino médio completo, para os homens este
diferenciada. Verifica-se que essa guerra por percentual era de 53,2%. A parcela de mulheres
espaço e poder será travada cada vez mais em ocupadas com nível superior completo era de
todas as esferas: políticas, dentro de casa e na 19,6%, também superior ao dos homens (14,2%).
empresa. Por outro lado, nos grupos de menor escolaridade,
a participação dos homens era superior a das
As principais tendências associadas ao avanço
mulheres.
das mulheres no mercado de trabalho são:
- presença das mulheres em áreas e ocupações
antes restritas aos homens  Elas trabalharam 38,9 horas em média 
- maternidade adiada e um menor número de Apesar de desde 2003 ter ocorrido uma
filhos; redução de aproximadamente 36 minutos na
diferença entre a média de horas trabalhadas por
- aumento do padrão de consumo familiar e do
homens e mulheres, em 2009 as mulheres
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

investimento em educação;
continuaram trabalhando, em média, menos que
- crescente reivindicação por igualdade cívica os homens. Cabe esclarecer que essa queda foi
e política. ocasionada pela redução na média de horas
trabalhadas pelos homens. As mulheres, em 2009,
trabalharam em média 38,9 horas, 4,6 horas a
 Texto Complementar ‐ Informações sobre  menos que os homens.
a mulher no mercado de trabalho 
As mulheres trabalhavam menos que os
A participação das mulheres no mercado de homens em todos os grupamentos de atividade.
trabalho, seu perfil etário e educacional, o Com a exceção das mulheres ocupadas em
contingente feminino no setor público, a jornada “Outros Serviços”, as demais atividades
de trabalho considerada a escolaridade, o apresentaram aumento da média de horas
percentual de mulheres que gostaria de trabalhar trabalhadas para as mulheres. No grupamento
mais. Esses e outros pontos são levantados pelo “Administração Pública”, as mulheres
IBGE no Dia Internacional da Mulher. O trabalharam, em média, 36,4 horas semanais.
trabalho especial Mulher no Mercado de
Em 2009, as mulheres com 8 a 10 anos de
Trabalho: Perguntas e Respostas tem como
estudo foram as que declararam trabalhar mais
objetivo apresentar um panorama da mulher no
horas semanais (39,4 horas). No entanto, aquelas
mercado de trabalho. As informações usadas
com 11 anos ou mais de estudo foram as que
18 provêm da Pesquisa Mensal de Emprego
apresentaram a menor diferença na média de
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GEO 01
horas trabalhadas em relação aos homens, 3,6 Em 2009, entre o 1,057 milhão de mulheres
horas. Em 2003, esta diferença era de 4,4 horas. desocupadas e procurando por trabalho, 8,1%
tinha nível superior. Houve aumento na
As mulheres com 1 até 3 anos de estudo foram
escolaridade dessas mulheres, visto que em 2003,
as que apresentaram a maior diferença (7,2 horas)
em média, 5,0% tinham nível superior. Esse
na média de horas trabalhadas, quando
crescimento resulta do aumento da escolaridade
comparadas aos homens. Tal realidade é similar à
de uma forma geral.
verificada em 2003, quando a diferença era de 7,3
horas. O aumento da escolaridade também pode ser
verificado em outros níveis. Em 2003, em média,
O número de horas trabalhadas pelas mulheres
44,7% das mulheres desocupadas tinham 11 anos
que possuíam curso superior completo somente
ou mais de estudo. Em 2009, essa proporção
ultrapassava ao das que tinham até 3 anos de
ultrapassou significativamente a metade da
estudos.
população (59,8%). Verificou-se que a população
Já as mulheres com 11 anos ou mais de estudo feminina desocupada é proporcionalmente mais
foram as únicas a aumentar a média de horas escolarizada que a população feminina acima de
trabalhadas semanalmente, em todo o mercado de 10 anos. Enquanto, em média, 81,2% da
trabalho: de 38,8 horas em 2003 para 39,1 horas população feminina desocupada tinham oito anos
em 2009. ou mais de escolaridade, na população em idade
ativa este percentual era de 61,1%.

 O rendimento continua sendo inferior ao 
dos homens   Cresceu o percentual de mulheres adultas 
querendo trabalhar 
O rendimento de trabalho das mulheres,
estimado em R$ 1.097,93, continua inferior ao A população feminina desocupada (1,057
dos homens (R$ 1.518,31). Em 2009, comparando milhão de mulheres, em 2009) está muito
a média anual de rendimentos dos homens e das concentrada no grupo etário entre 25 e 49 anos de
mulheres, verificou-se que as mulheres ganham idade. Em 2003, as mulheres nesta faixa etária
em torno de 72,3% do rendimento recebido pelos correspondiam a 49,3% da população feminina
homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%. desocupada. Em 2009, elas já eram mais da
metade: 54,2%. Fonte IBGE - 2010
Considerando um grupo mais homogêneo,
com a mesma escolaridade e do mesmo
grupamento de atividade, a diferença entre os
rendimentos persiste. Tanto para as pessoas que
possuíam 11 anos ou mais de estudo quanto para
as que tinham curso superior completo, os Dinâmicas territoriais da
rendimentos da população masculina eram economia agrícola no Brasil
superiores aos da feminina.
O setor agrícola tem grande importância
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
Verificou-se que nos diversos grupamentos de histórica para o país devido ao próprio processo
atividade econômica, a escolaridade de nível de evolução da nossa economia. Até início do
superior não aproxima os rendimentos recebidos século XX a economia nacional era estritamente
por homens e mulheres. Pelo contrário, a agrária e suas exportações dependiam do setor
diferença acentua-se: no caso do “Comércio”, por primário.
exemplo, a diferença de rendimento para a
escolaridade de 11 anos ou mais de estudo é de O maior problema que se verifica, quando
R$ 616,80 a mais para os homens. Quando a estudamos a agricultura e a pecuária no Brasil, é a
comparação é feita para o nível superior, ela é de forte concentração dos meios de produção, de
R$ 1.653,70 para eles. renda e o uso inadequado das terras agricultáveis,
muitas vezes usadas como reserva de valor.
No entanto, no grupamento da Construção, as
mulheres com 11 anos ou mais de estudo têm Desse modo, caracterizam problemas no setor
rendimento ligeiramente superior ao dos homens agropecuário brasileiro a concentração de terras e
com a mesma escolaridade: elas recebem, em o sistema primitivo de exploração da terra (baixo
média, R$ 2.007,80, contra R$ 1.917,20 dos uso de tecnologia na produção).
homens. Como podemos observar no estudo do Brasil
até o momento o país apresenta diferenças
significativas também no setor agrícola e
 Aumentou  a  escolaridade  das  mulheres  podemos observar uma diferença espacial do uso
que procuram trabalho  19
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da terra por setores com forte presença de desenvolvimento tecnológico estão presentes no
tecnologia – CULTURAS VOLTADAS PARA A cenário produtivo.
EXPORTAÇÂO – o outro apresenta baixo
Nordeste – a agricultura apresenta diferenças
investimento tecnológico – CULTURA DE
internas significativas. No sertão predomina a
SUBSISTÊNCIA.
agricultura de subsistência sem nenhum
O maior problema é que a modernização investimento tecnológico, no litoral (cana, cacau),
agrícola levou a uma redução do número de em bolsões de irrigação (vale do São Francisco) e
trabalhadores no campo – causando o ÊXODO nas áreas de cerrado (sul Piauí, Sul do Maranhão,
RURAL – acelerando o processo de oeste da Bahia) já apresentam como áreas de
EXPROPRIAÇÂO RURAL. Esse processo levou expansão da agricultura comercial voltada para a
ao aumento de trabalhadores despreparados para o exportação que conformam sistemas produtivos
mercado urbano se concentrando nas periferias com maior investimento em tecnologia e uso de
das grandes cidades e, consequentemente, ao insumos e mecanização.
aumento da pobreza urbana. (Essa pobreza estava
Amazônia – aparece como a principal área de
distribuída no grande espaço rural e agora se
expansão agrícola do país. Nessa região se
concentra nas periferias das cidades)
observa grande expansão sem a preocupação com
Assim, podemos listar algumas características a preservação do meio ambiente. Essa ocupação
do campo no Brasil: tem gerado muitos conflitos agrários. O uso do
solo e os sistemas produtivos implantados têm
I. concentração fundiária;
aproveitado a fertilidade inicial do solo para
II. baixo uso de tecnologia; garantir maior produtividade.
III. agricultura modernizada voltada para o
mercado externo;
Modernização da agricultura 
IV. cultura de subsistência com baixo
O processo de modernização da agricultura se
investimento em tecnologia.
deu a partir da década de 1950 com a expansão,
para o campo, do emprego e desenvolvimento de
pesquisas científicas que ajudaram a aumentar a
 Especialização  produtiva  do  território  – 
produção e a produtividade.
fronteira agrícola 
São exemplos dessa modernização:
A implementação da agricultura no país foi,
historicamente, concentrada no litoral. Com a Mecanização; 
modernização do território, com a introdução do Redução da mão‐de‐obra; 
sistema rodoviário na segunda metade do século Uso de insumos; 
XX, tornou-se possível romper com as ilhas Desenvolvimento de pesquisas. 
econômicas e criar um mercado nacional. Esses
fatores levaram também a expansão da agricultura
para o interior do território. A ocupação de novas O emprego progressivo de máquinas e
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

áreas para a produção agrícola é chamada de insumos industriais (fertilizantes, adubos,


FRONTEIRAS AGRÍCOLAS. pesticidas) na produção agrícola originou a
chamada industrialização da agricultura, principal
Na década de 40 a 60 a fronteira se
elemento da modernização no setor.
concentrava na região Centro- Oeste, mas, a partir
da década de 70, a Amazônia apresentou-se como Da relação ou integração entre os setores
a nova e principal área de expansão. agropecuário e industrial surgiram os seguintes
tipos de indústria:
A ocupação diferencial do espaço, com
sucessivas fases de modernização gerou um Segundo, Ariovaldo Umbelino de Oliveira:
espaço heterogêneo quando observamos o espaço
“ O estudo da agricultura brasileira deve ser
e consideramos os dados da produção,
feito no bojo da compreensão dos processos de
organização, uso de insumos e tecnologias. Esse
desenvolvimento do modo capitalista de produção
espaço heterogêneo pode ser caracterizado da
no território brasileiro. Toma-se, portanto, como
seguinte maneira:
ponto de partida a concepção de que esse
- Centro-Sul – elevado grau de modernização desenvolvimento é contraditório e combinado.
agrícola com uso de insumos e tecnologia na
Isto significa dizer que, ao mesmo tempo em
produção. Máquinas, fertilizantes, sementes
que esse desenvolvimento avança, reproduzindo
selecionadas, defensivos, empresas de pesquisas e
relações especificamente capitalistas (implantando
20 o trabalho assalariado através da figura do “bóia-
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GEO 01
fria”), produz também, contraditoriamente, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
relações camponesas de produção (através do funcionam como espaços de expansão da
trabalho familiar). agropecuária moderna, cujo desenvolvimento é
reflexo do transbordamento da economia rural dos
Esse processo deve ser entendido também no
estados do Sul e de São Paulo.
interior da economia capitalista atualmente
internacionalizada, que produz c se reproduz em Na Região Nordeste, ainda que predominem
diferentes lugares no mundo, criando processos e as práticas agrícolas tradicionais, também existem
relações de interdependência entre Estados, áreas de intensa modernização. No oeste baiano, a
nações e sobretudo empresas. A compreensão soja recém-chegada dinamiza atividades como a
desses processos é fundamental para o avicultura e a suinocultura, enquanto no vale do
entendimento da agricultura brasileira, pois eles Rio São Francisco crescem os polos de
provocam o movimento de concentração da fruticultura irrigada, comandados por Petrolina
população no país. “Esse movimento migratório (PE) e Juazeiro (BA).
está direcionado para as regiões metropolitanas, as
Denomina-se complexo agroindustrial a
capitais regionais”. Enfim, para as cidades de uma
articulação ou junção da agropecuária com as
maneira geral.’’ (Geografia do Brasil 4 ed. São
chamadas indústrias para a agricultura (produtoras
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,2001
de máquinas e insumos) e com as agroindústrias
– Didática; 3- Vários autores )
(indústrias que processam os produtos
Ainda seguindo a visão de Ariovaldo agropecuários).
Umbelino de Oliveira:
Com o avanço da modernização do campo
“No campo, o processo de desenvolvimento verifica-se uma ampliação da subordinação do
capitalista está igualmente marcado pela campo à cidade. O campo passa a sofrer pressão
industrialização da agricultura, ou seja, o do meio urbano para produzir no ritmo de
desenvolvimento da agricultura tipicamente consumo das cidades estando, desse modo,
capitalista abriu aos proprietários de terras e aos controlado pela cidade. Para caracterizar essa
capitalistas/ proprietários de terra a possibilidade subordinação os geógrafos propuseram o esquema
histórica da apropriação da renda capitalista da do processo sanduíche, para tornar possível a
terra, provocando intensificação na concentração visualização didática de como se dá a
da estrutura fundiária brasileira. “ subordinação do campo a cidade.
Prezado candidato, perceba que a lógica do Ocorre o processo sanduíche.
desenvolvimento capitalista na agricultura se faz
CIDADE CIDADE
no interior do processo de internacionalização da
economia brasileira. Esse processo se dá no Como produzir O que produzir
âmago do capitalismo mundial e está relacionado,
portanto, com o mecanismo da dívida externa. Indústria para a agricultura Agroindústria
CAMPO
Através dele os governos dos países endividados Colheitadeiras,
criam condições para ampliar a sua produção, Soja, milho.
fertilizantes, sementes. Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
sobretudo a industrial. Para pagar a dívida eles
têm que exportar, sujeitando-se a vender seus
produtos pelo preço estipulado mercado Se de um lado a cidade diz como produzir e
internacional. abastece o campo com seus produtos na outra
Indústrias da agricultura ou agroindústrias: ponta a cidade diz o que produzir, pois sua
transformam produtos agropecuários em indústria necessita de matéria-prima para
industrializados. Por exemplo, a indústria de óleos funcionar. A modernização pode ser sentida não
vegetais (de soja, de milho) e a de laticínios só no modo de se produzir, mas também na
(queijo, manteiga). .Indústrias para a agricultura: organização da força de trabalho no campo.
fornecem bens de produção para a agricultura. Por A modernização acelerada da agricultura e a
exemplo, as indústrias de máquinas e pobreza nas áreas rurais geraram pressão também
equipamentos agrícolas (colheitadeiras, arados) e nas áreas urbanas, ocasionando o êxodo rural
as indústrias químicas (fertilizantes, pesticidas). (abandono das áreas rurais) e um processo caótico
Em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa e acelerado de urbanização. Os problemas dos
Catarina e Rio Grande do Sul encontra-se um migrantes do meio rural (subemprego, pobreza),
complexo econômico agropecuário moderno, sem resolução, foram transferidos para as grandes
vinculado às necessidades industriais e altamente metrópoles, agravando o quadro da exclusão
dependente de fluxos financeiros. social urbana.
Observações sobre a agricultura tradicional
21
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GEO 01
Está em decadência devido: (GANHA EXPRESSÃO DEVIDO A
NECESSIDADE DE DESENVOLVER
· incapacidade de adquirir equipamentos
COMBUSTÍVEL ALTERNATIVO)
· falta de financiamento
Soja PR, MT, RS, GO – alimentação humana,
· maior custo de produção óleo e ração animal.
· menor produtividade Tem expandido do Sul para outras regiões (NE
e CO).
Esse fato tem um custo devido a redução da
área de produtos para subsistência; a redução das Milho MG, SP, PR, RS – alimentação
pequenas propriedades; absorção dos pequenos humana, ração animal e óleo.
pelos grandes
Café MG, ES, SP, PR – exportação de grãos e
Na agricultura tradicional – MDO familiar café solúvel.
com grande importância para a absorção da MDO
Cacau BA, PA, RO, ES – chocolate, manteiga,
desempregada. Este setor encontra-se em
licores.
integração ao agronegócio.
Banana PA, SP, BA – grande consumo interno
e exportação.
Maiores produções por estado 
Coco BA – aproveitamento do tronco, fruto,
SP – laranja, cana e no extremo oeste a fibra, folhas ....
pecuária de corte Vale do Paraíba (SP – RJ) –
Trigo PR, RS, MS, SC – rotação com a soja
bacia leiteira
(verão) e trigo (inverno), mecanizada.
MG – café, maior rebanho bovino, 60% da
Algodão CE, PE, PB, GO, MT – indústria
produção de frangos.
têxtil, alimentícia (óleo), farmacêutica e adubo
SUL – conglomerados das indústrias de (bagaço).
alimentos – soja, milho, trigo, fumo e uvas.
Fumo SUL DO PAÍS – indústria de cigarros.
Norte do Paraná – expansão da agricultura
paulista, Soja e milho atualmente – a
modernização levou a concentração de terras e ao  Problemas para a agricultura no Brasil 
êxodo rural e a migração inter-regional.
 Transportes 
RS – pecuária na campanha gaúcha sofre com Corredores de exportação – Santos,
a concorrência da pecuária da Argentina.
Paranaguá, EF Carajás Porto de Itaqui, BR 364 –
Centro-Oeste – soja – pós 1960 – farelo de Hidrovia do Madeira – Porto de Porto Velho e
soja para ração. Acidez do solo do cerrado Itacoatiara
equacionado pelo uso de tecnologia.
– AM (reduz 20% em relação ao aos portos de
Santos e Paranaguá).
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

Maiores produtores – por produtos   Soluções para a produção agrícola 
Arroz RS, MT, MA, MG – cultivado em todo Ferronorte – acelerar a construção
paí, irrigado ou de várzea, no RS, e de sequeiro no
BR 163 – Cuiabá-Santarém – liberar as obras
Centro-Oeste.
com atendimento às exigências ambientais e
Feijão PR, MG, BA, SP – todo país. Grande sociais locais.
parte da produção é proveniente de pequenos
produtores.
Pecuária 
Mandioca PA, PR, BA, MA – todo o país,
principalmente no NE. A criação de animais tem ganhado expressão
nas últimas décadas devido ao tipo de alimentação
Aumento da cultura comercial.
fornecida aos animais. Com a descoberta do mal
Laranja SP, BA, SE, RJ – exportação de suco da vaca louca os países europeus buscaram
concentrado. importar carne de países que não forneciam na
alimentação animal ração com compostos de
Cana SP, AL, PR, PE – grande expansão nos
origem animal (farinha de osso).
anos 70 – Proálcool.
Mesmo com a ampliação do mercado devido a
22 esse aumento da demanda o mercado enfrenta

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GEO 01
outros problemas sanitários que prejudicam as Lembrando dos solos de maior fertilidade
exportações brasileiras,. Um exemplo é a febre natural e sua localização.
aftosa que fez, nos últimos anos, a Rússia e a
Massapé – NE
União Europeia suspenderem as importações de
carnes do Brasil. Terra Roxa – planaltos e chapadas da Bacia do
Paraná.
No entanto a modernização da produção no
campo atingiu também a produção de animais e O uso inadequado do solo, por empregar
aves. Hoje já se consegue produzir um frango com manejo impróprio ao tipo de clima –
28 dias para o abate e um boi com 18 meses (o LEMBRANDO QUE IMPLEMENTAMOS O
tempo anterior era de 48 meses). Essas MANEJO SEGUNDO AO QUE HERDAMOS
possibilidades só foram possíveis pelo DA EUROPA – muitas áreas estão suscetíveis de
investimento em melhoria genética, pesquisas e desertificação. Pelos estudos realizados pelos
investimentos no manejo que, em nosso país, foi centros de pesquisa no pais demonstram que o
capitaneado por agências públicas de pesquisa Brasil tem 900.000 km2 com risco de
como é o caso da EMBRAPA. desertificação localizado nos estados RS
(processo de arenização), BA, PE PI, RN, AL e
A pecuária que se caracterizava por ser
SE. Desse total, 181.000 km2 estão afetados
extensiva e de baixa produtividade com uso de
gravemente.
pastagens naturais, esse foi um marco na
ocupação do cerrado no CO, na ocupação inicial Vários problemas ambientais estão associados
da Amazônia e NE. a produção agropecuária, destacamos aqui:
A pecuária moderna observa uma produção Desmatamento; 
intensiva – como se caracteriza a produção nas Queimadas; 
regiões Sul e SE. Essa produção tem como base o Uso  de  agrotóxicos  (contamina  rios  lagos  e 
uso de matrizes selecionadas, pastagens artificiais lençóis freáticos); 
e uso de ração e silagens na alimentação. Houve Erosão  (perda  de  solo  e  assoreamento  e 
um grande crescimento na produção e hoje somos perda de solo); 
o maior exportador de carne bovina, além de Erosão genética (redução da biodiversidade); 
termos excelentes mercado para a carne de porco Compactação  do  solo  (mecanização  e 
e de frango. pisoteio); 
Para termos uma ideia geral da produção Uso  de  sementes  transgênicas  –  redução  da 
pecuária no país pode-se resumir da seguinte biodiversidade – Lei de Biossegurança. 
forma:
Sul – principal região na produção de suínos e  Agentes sociais no campo 
ovinos.
A agricultura no país se desenvolveu com o
Sudeste – principal região na produção de uso da mão-de-obra (MDO) escrava que
equinos; posteriormente foi substituída pela MDO do Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
Centro-Oeste – maior produção de bovinos; imigrante europeu.

Nordeste – maior produtor de muares e O café é a agricultura que marca a transição da


caprinos; MDO escrava e para a MDO do imigrante. Pós
1930 a agricultura perde espaço para o urbano e o
Norte – maior produtor de bufalinos. campo (terra) passa a ser uma RESERVA DE
Devemos nos lembrar de que o MG e RS são VALOR. Assim que a exportação agrícola
importantes estados na produção de bovinos, o voltasse a ter importância o controle da terra
primeiro voltado para a produção leiteira e o retomaria a sua importância.
segundo na produção de gado de corte. O que se viu após a modernização foi a
Apesar da grande produção o brasileiro liberação da MDO. Com a retomada da produção
apresenta baixo consumo de carne e leite. Isso se agrícola na década de 60/70 cresce a utilização de
deve a preocupação com a exportação e a pobreza MDO assalariada, geralmente com contratação
devido à má distribuição de renda em nosso país. temporária. São novos trabalhadores denominados
bóias-frias (corumbas, turmeiros e clandestinos no
NE, volantes e peões no Sul e SE).
 Problemas ambientais: uso do solo na agricul‐ Até 1950 – 70% da PEA na agricultura e em
tura e pecuária   2000 – 23% da PEA contribuindo com 8% para o
PIB
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GEO 01
A organização da produção no campo, durante solicitados para a mecanização das atividades
a fase de baixa da agricultura, era realizada pelo agrícolas, tendo como única forma de pagamento
desenvolvimento da parceria, arrendamento, da dívida a venda da propriedade para outros
ocupação e do trabalho permanente (esse último produtores.
de menor expressão)
A Revolução Verde proporcionou tecnologias
que atingem maior eficiência na produção
agrícola, entretanto, vários problemas sociais não
 Leia o texto complementar : 
foram solucionados, como é o caso da fome
A Revolução Verde mundial, além da expulsão do pequeno produtor
de sua propriedade.
A expressão Revolução Verde foi criada em
1966, em uma conferência em Washington. Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Porém, o processo de modernização agrícola que Graduado em Geografia
desencadeou a Revolução Verde ocorreu no final Equipe Brasil Escola
da década de 1940.
Esse programa surgiu com o propósito de
aumentar a produção agrícola através do A questão agrária e a
desenvolvimento de pesquisas em sementes, expansão do agronegócio
fertilização do solo e utilização de máquinas no
campo que aumentassem a produtividade.
Isso se daria através do desenvolvimento de O acesso a terra no Brasil 
sementes adequadas para tipos específicos de Período Colonial 
solos e climas, adaptação do solo para o plantio e
desenvolvimento de máquinas. Era uma responsabilidade do Governo
português a gestão do território de sua novíssima
As sementes modificadas e desenvolvidas nos colônia. Como Portugal era uma nação de
laboratórios possuem alta resistência a diferentes população reduzida era impossível estabelecer
tipos de pragas e doenças, seu plantio, aliado à uma política de colonização de sua nova colônia
utilização de agrotóxicos, fertilizantes, que se somava ao seu rico império colonial, uma
implementos agrícolas e máquinas, aumenta vez que Portugal já tinha possessões na África e
significativamente a produção agrícola. expandia o comércio com o oriente. A solução
Esse programa foi financiado pelo grupo encontrada pela Coroa foi criar o sistema de
Rockefeller, sediado em Nova Iorque. Utilizando colonização privado mediante a doação de terras
um discurso ideológico de aumentar a produção para nobres portugueses que ficavam responsáveis
de alimentos para acabar com a fome no mundo, o por empreender a colonização do Brasil. Foram
grupo Rockefeller expandiu seu mercado criadas catorze capitanias hereditárias e doadas
consumidor, fortalecendo a corporação com aos nobres, que receberam o título de Capitão
vendas de verdadeiros pacotes de insumos Donatário e uma carta de doação de terras. Esse
sistema durou 17 anos, o mesmo dava muita
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

agrícolas, principalmente para países em


desenvolvimento como Índia, Brasil e México. autonomia aos capitães donatários que passaram a
ter amplo poder de decisão.
Utilização de máquina e insumos agrícolas
O sistema das capitanias foi substituído pela
De fato, houve um aumento considerável na administração direta da colônia pela Coroa que
produção de alimentos. nomeou os Governadores Gerais para exercerem o
No entanto, o problema da fome no mundo cargo de administrador da colônia. Esse modelo
não foi solucionado, pois a produção dos de administração durou mais ou menos três
alimentos nos países em desenvolvimento é séculos. Esse período é conhecido em nossa
destinada, principalmente, a países ricos história como Período Colonial.
industrializados, como Estados Unidos, Japão e Nesse tempo todo, não se fez nenhuma lei
Países da União Europeia. sobre a questão fundiária no Brasil que
O processo de modernização no campo alterou regulamentasse a posse e a propriedade da terra.
a estrutura agrária. Todas as terras eram propriedade pessoal do rei, o
qual podia doá-las conforme seu interesse. Mas,
Pequenos produtores que não conseguiram se ao mesmo tempo, acabava ocorrendo uma ou
adaptar às novas técnicas de produção, não outra apropriação direta da terra. Alguns homens
atingiram produtividade suficiente para se manter livres, mas sem possibilidades de manter uma
na atividade, consequentemente, muitos se grande propriedade se instalavam em terras
24 endividaram devido a empréstimos bancários
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GEO 01
menores, para produzir alimentos para o mercado A lei nº 601, denominada Lei de Terras, de 18
interno. Era uma apropriação através da posse e de setembro de 1850, e regulamentada em 1854
não da doação real. proibiu a ocupação de terras devolutas, só se
admitia o acesso a terra pela compra a dinheiro.
No período colonial se deu a instituição do
regime de sesmarias. Uma das cartas régias que A lei permitiu a revalidação das sesmarias que
foi entregue ao governador geral, em fins do ano se mantivessem cultivadas ou com início de
de 1530, mandava que este concedesse terras aos cultivo e morada habitual do sesmeiro,
que, já estando no Brasil, desejassem povoá-lo. concessionário ou seu representante. Ao tentar
corrigir os equívocos do regime de sesmarias, a lei
Antes mesmo de D. Fernando I, rei de
visava ainda uma consolidação formal das posses
Portugal, expedir a primeira lei de sesmarias, já
já constituídas.
era antiga a praxe de retirar dos donos as terras
inexploradas, para entregá-las a quem se O procedimento introduzido pela Lei de Terras
dispusesse a lavrar e semear as mesmas. que previa que somente o acesso a terra seria
permitido através da compra a dinheiro foi
Embora houvesse uma vasta extensão
complementado com a alienação de terras
territorial a ocupar e aparentemente fosse fácil o
públicas a um preço muito elevado. Este artifício
acesso à terra, pois ela nada custava aos que a
impediu que posseiros e imigrantes pobres se
recebiam em doação, o fato é que, no período
tornassem proprietários de terras,.
colonial, somente uma minoria se beneficiou do
sistema de sesmarias. Lembre-se que a capacidade
de cultivá-la estava associada a quantidade de
República 
escravos necessários para empregar na lavoura, o
que exigia do senhor grandes posses. A Constituição republicana de 1891, em seu
artigo 64, transferiu para os Estados as terras até
No Sul as sesmarias eram em regra bem
então de domínio da União, reservando-se a esta
menores, o que decorria mais da natureza da
as terras de uso público, as terras de marinha e as
economia local do que propriamente da condição
faixas de fronteira. Apesar dessa transferência não
social dos colonos, como alguns imaginam. As
houve um processo de distribuição de terras aos
atividades da produção do açúcar, algodão e café
recém-libertos e aos imigrantes que chegavam ao
levaram a formação de grandes propriedades,
país. É importante lembrar que as oligarquias
assim como a pecuária que acentuou a tendência à
rurais detinham o poder econômico e político e
formação de imensos latifúndios e sua
essa realidade vai se estender por um longo
concentração nas mãos de uns poucos
período em nossa república e a posse de terras era
privilegiados. É importante lembrar que a terceira
garantia do status quo.
grande lavoura da colônia é a do tabaco,
introduzida no século XVIII. A oligarquia rural só começa a perder a
hegemonia após a grande crise de 1929 a 1933.
Ao longo do período de formação das
monoculturas em larga escala e do criatório Apesar dos procedimentos legais favorecerem
extensivo, vai surgindo nos imensos domínios da a uma camada da sociedade no tocante ao acesso a
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
grande lavoura, nos engenhos e nas fazendas, uma terra isso não foi um impedimento ao surgimento
agricultura de subsistência voltada da pequena propriedade.
exclusivamente para o abastecimento alimentar da
A Lei Imperial, de 28 de setembro de 1848,
população residente.
que concedia áreas territoriais às Províncias para
Ao contrário da cana-de-açúcar, do algodão e fins de colonização e proibia o trabalho escravo
do tabaco, que se assentam em extensos nessas áreas. As áreas doadas eram menores e
latifúndios, as lavouras de subsistência se favoreceu ao surgimento de propriedades rurais
estabelecem não somente nas grandes voltadas para atender o mercado interno e as
propriedades mas também em pequenas unidades cidades que cresciam. Essa lei beneficiou a
autônomas, onde não há escravos nem colonização do sul do país com base na pequena
assalariados, e o proprietário ou simples ocupante propriedade que foi doada aos colonos de origem
são os que trabalham diretamente na terra, em europeias.
regra, nos solos menos férteis e longe dos grandes
Outros fatores contribuíram para a ampliação
centros urbanos. O último latifúndio típico,
do número de pequenas propriedades. As crises
gerado pelo sistema das sesmarias, foi a fazenda
do café que se iniciaram ainda no fim do Séc..
de café.
XIX e a necessidade de abastecimento dos centros
urbanos afetaram a estrutura agrária,
proporcionando a criação de pequenas
Período Imperial 
propriedades dedicadas à exploração 25
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GEO 01
hortigranjeira, ao cultivo do algodão, de cereais, É importante saber, entretanto, as datas de
de frutas e à produção de laticínios. criação das capitanias ou Estados, para saber onde
procurar. Por exemplo, os registros mais antigos
A extinção da escravidão em 1888, a primeira
de Santa Catarina e Paraná encontram-se em São
superprodução cafeeira no início do século XX e a
Paulo, pois eram Estados unidos, que só mais
crise geral de 1929-33 que desarticulou o sistema
tarde foram desmembrados.
agrícola vigente e muitas fazendas fecharam
sendo parceladas em unidades menores.
Lei de Terras ( 1850) 
Estrutura Fundiária  Durante o século XIX, a economia mundial
passou por uma série de transformações pela qual
Sesmaria foi um instituto jurídico português
a economia mundialmente conduzida pelo
que normatizava a distribuição de terras
comércio passou a ceder espaço para o
destinadas à produção: o Estado, recém-formado e
capitalismo industrial. As grandes potências
sem capacidade para organizar a produção de
econômicas da época buscavam atingir seus
alimentos, decide legar a particulares essa função.
interesses econômicos pressionando as demais
Este sistema surgira em Portugal durante o século
nações para que se adequassem aos novos
XIV, com a Lei das Sesmarias de 1375, criada
contornos tomados pela economia mundial. Para
para combater a crise agrícola e econômica que
exemplificar tal situação podemos destacar o
atingia o país e a Europa, e que a peste negra
interesse inglês em torno do fim do tráfico
agravara.
negreiro.
Quando a conquista do território brasileiro se
Com relação ao uso da terra, essas
efetivou a partir de 1530, o Estado português
transformações incidiram diretamente nas
decidiu utilizar o sistema sesmarial no além-mar,
tradições que antes vinculavam a posse de terras
com algumas adaptações.
enquanto símbolo de distinção social. O avanço
Os registros de terras surgiram no Brasil logo da economia capitalista tinha um caráter cada vez
após o estabelecimento das capitanias mais mercantil, onde a terra deveria ter um uso
hereditárias, com as doações de sesmarias. Os integrado à economia, tendo seu potencial
documentos mais antigos das capitanias datam de produtivo explorado ao máximo. Em
1534. consequência dessa nova prática econômica,
percebemos que diversas nações discutiram
Esses registros de terras servem para
juridicamente as funções e os direitos sobre esse
apresentar algumas informações como o local
bem.
onde as pessoas viviam; revelar informações
pessoais e familiares; se a propriedade foi No Brasil, os sesmeiros e posseiros realizavam
herdada, doada ou ocupada e quais eram seus a apropriação de terras aproveitando de brechas
limites; se havia trabalhadores e como era legais que não definiam bem o critério de posse
constituída a mão-de-obra; em que região ficava das terras. Depois da independência, alguns
tal propriedade; etc. projetos de lei tentaram regulamentar essa questão
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

dando critérios mais claros sobre a questão. No


Todas as posses e sesmarias formadas foram
entanto, somente em 1850, a chamada Lei 601 ou
legitimadas em registros públicos realizados junto
Lei de Terras, de 1850, apresentou novos critérios
às paróquias locais. A Igreja, nesse período da
com relação aos direitos e deveres dos
Colônia, encontrava-se unida oficialmente ao
proprietários de terra. (Eusébio de Queirós)
Estado. Dessa forma, os vigários (ou párocos) das
igrejas eram quem faziam os registros das terras Essa nova lei surgiu em um “momento
ou certidões, como a de nascimento, de oportuno”, quando o tráfico negreiro passou a ser
casamento, etc. Somente com a proclamação da proibido em terras brasileiras . A atividade, que
República, em 1889, Estado e Igreja se separaram. representava uma grande fonte de riqueza, teria de
ser substituída por uma economia onde o
Desenvolveram-se, assim, os chamados
potencial produtivo agrícola deveria ser mais bem
registros ou escrituras de propriedade. As
explorado. Ao mesmo tempo, ela também
sesmarias foram registradas dessa forma e são
responde ao projeto de incentivo à imigração que
exemplos e documentos cartoriais. A maioria
deveria ser financiado com a dinamização da
destas cartas de sesmarias encontra-se em
economia agrícola e regularizaria o acesso a terra
Arquivos Públicos. Os Arquivos Governamentais
frente aos novos campesinos assalariados.
possuem coleções de cartas de doações de
sesmarias e registros de terras. Dessa maneira, ex-escravos e estrangeiros
teriam que enfrentar enormes restrições para
26 possivelmente galgarem a condição de pequeno e
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GEO 01
médio proprietário. Com essa nova lei, nenhuma c) assegura a conservação dos recursos
nova sesmaria poderia ser concedida a um naturais;
proprietário de terras ou seria reconhecida a
d) observa as disposições legais que regulam
ocupação por meio da ocupação das terras. As
as justas relações de trabalho entre os que a
chamadas “terras devolutas”, que não tinham
possuem e a cultivem.
dono e não estavam sobre os cuidados do Estado,
poderiam ser obtidas somente por meio da compra Aprofundaremos o que é extremamente
junto ao governo. relevante sobre o estatuto da terra na sequência.
A partir de então, uma série de documentos Art. 4º Para os efeitos desta Lei definem-se:
forjados começaram a aparecer para garantir e
I - “Imóvel Rural”, o prédio rústico, de área
ampliar a posse de terras daqueles que há muito já
contínua qualquer que seja a sua localização que
a possuíam. Aquele que se interessasse em, algum
se destina à exploração extrativa agrícola,
dia, desfrutar da condição de fazendeiro deveria
pecuária ou agroindustrial, quer através de planos
dispor de grandes quantias para obter um terreno.
públicos de valorização, quer através de iniciativa
Dessa maneira, a Lei de Terras transformou a
privada;
terra em mercadoria no mesmo tempo em que
garantiu a posse da mesma aos antigos II - “Propriedade Familiar”, o imóvel rural
latifundiários. que, direta e pessoalmente explorado pelo
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força
de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o
Estatuto da Terra (1964) e Reforma  progresso social e econômico, com área máxima
Agrária  fixada para cada região e tipo de exploração, e
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações
concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins III - “Módulo Rural”, a área fixada nos termos
de execução da Reforma Agrária e promoção da do inciso anterior; A partir da lei concluímos que
Política Agrícola. módulo rural é um conceito derivado do conceito
de propriedade familiar e, em sendo assim, é uma
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto
unidade de medida, expressa em hectares, que
de medidas que visem a promover melhor
busca exprimir a interdependência entre a
distribuição da terra, mediante modificações no
dimensão, a situação geográfica dos imóveis
regime de sua posse e uso, a fim de atender aos
rurais e a forma e condições do seu
princípios de justiça social e ao aumento de
aproveitamento econômico.
produtividade.
IV - “Minifúndio”, o imóvel rural de área e
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o
possibilidades inferiores às da propriedade
conjunto de providências de amparo à propriedade
familiar;
da terra, que se destinem a orientar, no interesse
da economia rural, as atividades agropecuárias, V - “Latifúndio”, o imóvel rural que:
seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego,
a) exceda a dimensão máxima fixada na forma
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
seja no de harmonizá-las com o processo de
do artigo 46, § 1°,
industrialização do país.
alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as
A Lei 4504, de 30 de novembro de 1964, foi
condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais
concebida como a forma de colocar um freio nos
e o fim a que se destine;
movimentos campesinos que se multiplicavam
durante o Governo João Goulart. b) dos limites máximos permitidos de áreas
dos imóveis rurais, os quais não excederão a
A lei estabelece que no Art. 2 parágrafo 1°
seiscentas vezes o módulo médio da propriedade
que:
rural nem a seiscentas vezes a área média dos
A propriedade da terra desempenha imóveis rurais, na respectiva zona;
integralmente a sua função social quando,
c) não excedendo o limite referido na alínea
simultaneamente:
anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos do módulo de propriedade rural, seja mantido
trabalhadores que nela labutam, assim como de inexplorado em relação às possibilidades físicas,
suas famílias; econômicas e sociais do meio, com fins
especulativos, ou seja, deficiente ou
b) mantém níveis satisfatórios de
inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe
produtividade;
a inclusão no conceito de empresa rural;
27
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GEO 01
VI - “Empresa Rural” é o empreendimento de fixada para cada município, considerando os
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que seguintes fatores:
explore econômica e racionalmente imóvel rural,
Tipo de exploração predominante no
dentro de condição de rendimento econômico
município;
...Vetado... da região em que se situe e que
explore área mínima agricultável do imóvel Renda obtida com a exploração predominante;
segundo padrões fixados, pública e previamente,
Outras explorações existentes no município
pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-
que, embora não predominantes, sejam
se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas
significativas em função da renda ou da área
naturais e artificiais e as áreas ocupadas com
utilizada;
benfeitorias;
Conceito de propriedade familiar.
Parágrafo único. Não se considera latifúndio:
A lei 8.629 complementa a lei 4504 no tocante
a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua
a desapropriação de terras para a reforma agrária.
dimensão, cujas características recomendem, sob
o ponto de vista técnico e econômico, a A luta pela terra no Brasil tem gerado um
exploração florestal racionalmente realizada, conjunto de estratégias de pressão ao Estado.
mediante planejamento adequado; Nesse conjunto destaca-se o papel da ocupação de
propriedades pelos integrantes dos movimentos
b) o imóvel rural, ainda que de domínio
sociais ligados ao campo.
particular, cujo objeto de preservação florestal ou
de outros recursos naturais haja sido reconhecido Devido a banalização dessa estratégia, no
para fins de tombamento, pelo órgão competente governo do Presidente Fernando Henrique
da administração pública. Cardoso, foi editada medida provisória:
LEI Nº 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE - MEDIDA PROVISÓRIA No 2.183-56, DE
1993 que dispõe sobre a regulamentação dos 24 DE AGOSTO DE
dispositivos constitucionais relativos a reforma
2001. – que impede a desapropriação de terras
agrária dispõe em seu:
ocupadas pelos movimentos sociais. Veja o que
Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a estabelece o texto legal.
função social prevista no art. 9º é passível de
Art. 4o A Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de
desapropriação, nos termos desta lei, respeitados
1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:
os dispositivos constitucionais.
§ 6o O imóvel rural de domínio público ou
Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
particular objeto de esbulho possessório ou
I. Imóvel Rural - o prédio rústico de área invasão motivada por conflito agrário ou fundiário
contínua, qualquer que seja a sua localização, que de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado
se destine ou possa se destinar à exploração ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua
agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso
agroindustrial; de reincidência; e deverá ser apurada a
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

responsabilidade civil e administrativa de quem


II . Pequena Propriedade - o imóvel rural: · de
concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo
área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro)
que propicie o descumprimento dessas vedações.
módulos fiscais;
§ 7o Será excluído do Programa de Reforma
III. Média Propriedade - o imóvel rural:
Agrária do Governo Federal quem, já estando
a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 beneficiado com lote em Projeto de
(quinze) módulos fiscais; Assentamento, ou sendo pretendente desse
benefício na condição de inscrito em processo de
Parágrafo único. São insuscetíveis de
cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à
desapropriação para fins de reforma agrária a
terra, for efetivamente identificado como
pequena e a média propriedade rural, desde que o
participante direto ou indireto em conflito
seu proprietário não possua outra propriedade
fundiário que se caracterize por invasão ou
rural.
esbulho de imóvel rural de domínio público ou
Art. 5º A desapropriação por interesse social, privado em fase de processo administrativo de
aplicável ao imóvel rural que não cumpra sua vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária,
função social, importa prévia e justa indenização ou que esteja sendo objeto de processo judicial de
em títulos da dívida agrária. desapropriação em vias de imissão de posse ao
ente expropriante; e bem assim quem for
O que é módulo fiscal? (Art 50 do Estatuto da
28 Terra) Unidade de medida expressa em hectares,
efetivamente identificado como participante de

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GEO 01
invasão de prédio público, de atos de ameaça, verifica-se que tem origem nos movimentos
sequestro ou manutenção de servidores públicos e citados anteriormente.
outros cidadãos em cárcere privado, ou de
quaisquer outros atos de violência real ou pessoal
praticados em tais situações.
Evolução e tendências do
§ 8o A entidade, a organização, a pessoa
jurídica, o movimento ou a sociedade de fato que,
setor de transportes
de qualquer forma, direta ou indiretamente, Caro estudante, nessa unidade abordaremos
auxiliar, colaborar, incentivar, incitar, induzir ou um dos maiores gargalos ao pleno
participar de invasão de imóveis rurais ou de bens desenvolvimento brasileiro, que é a falta de
públicos, ou em conflito agrário ou fundiário de infraestrutura do nosso sistema de transporte.
caráter coletivo, não receberá, a qualquer título, Hoje não basta produzir. É indispensável por a
recursos públicos. produção em movimento, pois agora é a
§ 9o Se, na hipótese do § 8o, a transferência circulação que preside à produção.
ou repasse dos recursos públicos já tiverem sido No período colonial a interiorização se deu
autorizados, assistirá ao Poder Público o direito de seguindo o vale dos rios – em especial na
retenção, bem assim o de rescisão do contrato, Amazônia. A ligação entre as diversas áreas
convênio ou instrumento similar.” (NR) produtivas e áreas consumidoras se davam pelo
Essa medida foi muito contestada por ser uso do sistema aquaviário.
considerada uma ação repressora aos movimentos A expansão da cana-de-açúcar dependia da
sociais campesinos. navegação (fluvial e costeira) e do transporte
Estimado candidato, faz-se necessário terrestre (carruagem e montaria) para interligar as
perceber que as terras no Brasil estão fortemente zonas produtivas aos portos que se ligavam com o
concentradas nas mãos de uma pequena parcela da exterior. Assim, após a instalação econômica de
população. Perceba melhor na leitura abaixo. uma região é que se instalavam os sistemas de
transportes. Basta observamos o caso do café.
O estabelecimento de mais de 1.000 hectares
corresponde, em número, a apenas 1% do total
das propriedades, mas correspondem a 45,1% do
total da área ocupada por estabelecimentos rurais
no país.
Isso demonstra o padrão concentracionista no
campo brasileiro uma vez que se os
estabelecimentos rurais com até 10 hectares
representam 49,7 % dos estabelecimentos rurais
ocupando apenas 2,2% da área agrícola total.
A explicação para esse padrão de concentração
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
é a absorção dos estabelecimentos de “até 10
hectares” e “10 a 100 hectares” pelos outros
estabelecimentos maiores. Esse processo de
concentração que vem ocorrendo no país é
chamado de FAGOCITOSE RURAL e confirma a Mapa Ferroviário de São Paulo 
tese que há uma tendência de concentração
fundiária no país. Nesse cenário de concentração
observa-se um importante movimento de
resistência – são os movimentos de lutas pela
terra.  Bacia de drenagem da produção de café 

No Brasil esse tipo de movimento só passou a Após a revolução industrial na Europa começa
existir no século XX. ligas camponesas (1950) – a expansão das ferrovias pelo mundo e elas
NE sindicatos rurais chegam ao nosso país na 2ª metade do século XIX
(1854 – com o Barão de Mauá). Este sistema de
Igreja (Comunidade Eclesial de Base) e CPT – transporte estava baseado na ligação do interior
Comissão pastoral da Terra MST (1980) (área de produção) ao litoral (porto de exportação)
Outras denominações de movimentos são devido a relação econômica da colônia X
comuns, mas, pelo histórico de formação, metrópole. O espaço produtivo estava
subordinado ao comércio da Europa, daí a
organização dos meios de transportes em forma de 29
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GEO 01
uma "bacia de drenagem" visando escoar a periódicas visando atender as crescentes
produção para o mercado externo. Essa mesma necessidades das partes, pela incorporação dos
rede de transportes possibilitava o abastecimento avanços tecnológicos e operacionais, pelo maior
das áreas produtivas com produtos manufaturados grau de segurança e pela maior agilidade dos
e industrializados vindos do exterior. procedimentos aduaneiros e imigratórios.
Deste modo, analisando essa característica da Assim, o mercado de movimentação dos
economia nacional observamos a formação de fluxos internacionais de bens e pessoas torna-se
“ilhas econômicas” no país. O traçado das cada vez mais dinâmico, competitivo e seguro,
ferrovias não possibilitaram criar uma interligação para as empresas nacionais dos diferentes países.
inter-regional do país, o pouco que se conseguiu Ressalte-se que o transporte terrestre doméstico
foi estabelecer uma ligação intra-regional da de cada país não pode ser executado por empresas
região sudeste. estrangeiras.
Ainda podemos verificar que o avanço dos Complementarmente aos acordos básicos
meios de transportes segue a lógica do avanço citados, têm sido estabelecidos acordos
tecnológico. Após a revolução industrial, o específicos no Mercosul, como o de Transporte de
emprego do da propulsor a vapor e da ferrovia Produtos Perigosos e o Acordo sobre Trânsito.
(séc. XIX) e, posteriormente, com a
popularização do automóvel e dos avanços da
aviação o mundo parecerá menor devido o  Custos dos transportes 
aumento da eficiência dos meios de transportes. O
espaço vai ganhando novas velocidades e fluidez
com o avanço técnico empregado no transporte Relação tempo X custos são inversamente pro‐
em geral. porcionais. 

 Transporte Internacional 
O Brasil, em virtude de sua situação
geográfica, mantém historicamente acordos de
transporte internacional terrestre, principalmente
rodoviário, com quase todos os países da América
do Sul. Com a Colômbia, Equador, Suriname e
Guiana Francesa o acordo está em negociação.
O Acordo sobre Transporte Internacional
Terrestre entre os Países do Cone Sul, que
contempla os transportes ferroviário e rodoviário,
inclui Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru,
O transporte não pode encarecer o preço do
Paraguai e Uruguai. Entre Brasil e Venezuela
produto de modo que o produto perca a
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

refere-se apenas ao transporte rodoviário. O


competitividade no mercado.
mesmo ocorrerá com a negociação que está em
andamento com a Guiana. Prezado candidato, o “Custo Brasil” é o custo
de se produzir no Brasil. O Custo Brasil é um
O Mercado Comum do Sul - Mercosul, que é
termo genérico, usado para descrever o conjunto
um Tratado de Integração, com maior amplitude
de dificuldades estruturais, burocráticas e
entre, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai,
econômicas que encarecem o investimento no
absorveu o Acordo de Transportes do Cone Sul.
Brasil, dificultando o desenvolvimento nacional,
Tais acordos buscam facilitar o incremento do aumentando o desemprego, o trabalho informal, a
comércio, turismo e cultura entre os países, no sonegação de impostos e a evasão de divisas. Por
transporte de bens e pessoas, permitindo que isso, é apontado como um conjunto de fatores que
veículos e condutores de um país circulem com comprometem a competitividade e a eficiência da
segurança, trâmites fronteiriços simplificados nos indústria nacional. O sistema de transporte
territórios dos demais. brasileiro com todos os seus problemas estruturais
diminui nossa competitividade no cenário
No caso do Mercosul, já se atingiu estágio
internacional como, por exemplo, o Brasil possui
mais avançado com a negociação e adoção de
55 portos, o de Santos, responde sozinho por 25%
normas técnicas comunitárias.
das exportações realizadas no país. Um container
A evolução dos transportes internacionais para sair do Brasil demora em média 7 dias, ao

30 terrestres se faz através de negociações conjuntas passo que o padrão internacional dura em média

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GEO 01
entre 1 e 2 dias. A documentação desse mesmo ligava a Praia da Estrela, na Baía da Guanabara, à
container passará por 24 órgãos do governo, ou raiz da serra de Petrópolis – RJ.
seja, muita lentidão e muita burocracia.
A expansão das ferrovias coincide com o
A instalação de infraestrutura de transportes avanço da produção cafeeira que iniciou no RJ e
exige grandes somas de capital e tem retorno a vai à direção de SP via Vale do Paraíba e
longo prazo não sendo desta forma atrativo para a posteriormente se expande para o oeste paulista.
iniciativa privada. Neste sentido o Governo tem
O período de maior expansão ferroviário foi
que balancear os investimentos em transportes
entre 1870 e 1920, período que passou de 745 km
com o DÉFICIT PÚBLICO devido a composição
para 28535 km, coincidindo com a fase áurea da
e comprometimento do PIB com a dívida do
cafeicultura.
Estado.
Após 1930, com a crise do café, o ritmo de
O governo aprovou a lei da PPP – Parceria
expansão das ferrovias diminuiu. De 1920 a 1960
Público-Privada (Projeto de Lei 2546/03) no
construíram menos de 10000 km e ainda, desde a
sentido de aumentar os investimentos buscando
época do café, as ferrovias concentravam-se nos
fazer parcerias com a iniciativa privada.
estados do SE.
Infraestrutura receberá R$ 300 bilhões do PPP.
No NE os desenhos mais ou menos retilíneos
Apesar do interesse do Estado em criar interior - litoral são predominantes. Algumas
condições para atrair o capital privado para o setor ferrovias se complementam com trechos que
de infraestrutura isso não aconteceu. Outros unem as cidades de função política, econômica e
problemas, entre os quais a falta de portuárias mais importantes.
regulamentação e a grande internacionalização de
Na Região Norte os sistemas ferroviários são
nossa economia, impediram que essa iniciativa
especialmente especializados e voltados para o
tivesse êxito nesse momento no país.
escoamento da produção de minérios.
A saída do governo foi lançar uma nova fase
O exemplo da E F Amapá - transporte de
de investimentos estatais para ampliar e garantir a
manganês e E F Carajás - transporte de minério de
modernização do setor de infraestrutura, como já
ferro.
havia feito em outros tempos no país. Esse
modelo de estado impulsionador da economia, No SE e Sul o sistema ferroviário leva os
que investe em setores menos rentáveis e cria produtos aos portos cumprindo a função de
condições para novos investimentos em setores escoamento da produção. A E F Vitória - Minas e
mais rentáveis, realizados pela iniciativa privada. E F Central do Brasil, especializadas no transporte
de ferro estão ligadas ao porto de Sepetiba (1973)
Transportes eficientes, modernos, baratos
que foi criado para atender o complexo industrial
atraem as indústrias, se temos diferenças no
de Santa Cruz (RJ)
serviço logo teremos também a opções por
localidades nas quais é mais bem servido de A desativação de ramais antieconômicos fez
infraestrutura. É o caso da região SE e Sul (região com que a rede ferroviária sofresse um recuo no Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
concentrada) que atrai as indústrias devido país. No ano de 1992 estavam em operação
apresentar a melhor e maior densidade viária. 30.282 Km, mostrando que a lógica do negócio
petroleiro e das rodovias implantado a partir da
O modelo ideal de transporte deve interligar
década de 1950 havia afetado o sistema
todos os modos de transportes, ou seja, estações
ferroviário. Contudo, quanto às cargas, o uso das
intermodais, dando prioridade para:
ferrovias foi crescente, passou de 44.846
pequenas distâncias  toneladas em 1960 para 235.105 toneladas em
1990. A composição das cargas em 1994 era de
– transporte rodoviário
34,4% de minério de ferro, 11,3% de produtos
grandes distâncias   siderúrgicos e 5,6% de carvão.
– hidroviário e ferroviário Dificuldades para a expansão da rede
ferroviária no país: - custo de instalação; - menor
cargas rápidas  
flexibilidade; - requer terminal de cargas.
– transporte aéreo.
Prezado candidato, verificamos que como a
construção se deu para atender às necessidades do
modelo agrário exportador, as ferrovias estavam
AS FERROVIAS  direcionadas no sentido interior – litoral para
Em 1854, ocorreu o estabelecimento da 1ª escoar a produção agrícola e que as ferrovias não
ferrovia, pelo Barão de Mauá, tinha 15 Km e serviram para integrar as diversas regiões do país.
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GEO 01
A inclusão da Rede Ferroviária Federal S.A.
no Programa Nacional de Desestatização através
Questões da decadência das ferrovias 
do Decreto n.º 473/92, propiciou o início da
a) diferenças das bitolas dificultam a transferência de suas malhas para a iniciativa
integração das ferrovias privada, durante um período de 30 anos,
prorrogáveis por mais 30. Esse processo também
b) desde a década de 1930, quando a economia
resultou na liquidação da RFFSA, a partir de
começava a se transformar de agroexportadora em
07/12/99.
predominantemente industrial, alterando com isso
os tipos de cargas, as ferrovias não foram
estruturadas para atender com a mesma
rapidez e eficiência a essa nova realidade
do país.
c) elevados custos da implantação
desestimulando o investimento
particular.
d) elevados déficits operacionais,
material rodante obsoleto, administração
ineficiente e morosidade no transporte.
Observe que deve ficar claro que as
ferrovias já tiveram maior importância no
Brasil. De 1950 até 2005 houve um
decréscimo de quase 10 mil Km nas
ferrovias brasileiras. A grande época do
transporte ferroviário coincidiu com o
auge do cultivo de café, estendendo-se do
final do século XIX até meados do século
XX. A partir daí, com o progressivo
desenvolvimento da indústria
automobilística, as ferrovias entraram em
crise. Elas continuaram a ser constituídas
apenas em áreas e projetos especiais como para
transportar minérios da Amazônia até o porto de A falta de planejamento para o
Itaqui, no Maranhão ( Estrada de ferro Carajás), a desenvolvimento de um modelo multimodal de
Ferrovia Brasília- Maranhão. Existem alguns transportes permitiu a especialização das ferrovias
projetos em implementação como: a no Brasil. Veja algumas ferrovias e suas
Transnordestina, Ferronorte e Ferroeste, todas especializações.
iniciadas, mas ainda incompletas por causa da
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

falta de verbas.
O Estado esteve sempre atuante no sistema de  Minério: 
transportes do país, com maior ênfase após a o Estrada de Ferro Carajás 
década de 1930, devido à intervenção do governo o Estrada de Ferro Vitória‐Minas 
na economia com forte atuação como empresário o Estrada de Ferro Amapá 
no setor produtivo e ainda hoje como indutor da o Estrada de Ferro Trombetas 
economia. Dessa forma, verifica-se que o sistema o Ferrovia do Aço. 
ferroviário sofreu um intenso processo de
ESTATIZAÇÃO, com a criação da RFFSA –
Rede Ferroviária Federal SA (1957) e da  Carvão: 
FEPASA – Ferrovias Paulista SA (1971).
o Estrada de Ferro D Tereza Cristina 
Após longo período de intervenção a lógica da
economia globalizada exigiu uma nova postura do Recentemente as ferrovias tiveram aumento no
Estado que iniciou, na década de 1990, uma fase transporte de ferro (34,4%) seguido pelos
de PRIVATIZAÇÃO. Desde 1996, grande parte produtos siderúrgicos (11,3%) e pelo carvão
da malha ferroviária foi repassada por concessão à mineral (5,6%).
iniciativa privada, principalmente aquelas Na década de 1970 as ferrovias paulistas
relacionadas com o transporte de cargas. transportavam milho, trigo, café, cimento,
32 madeira, adubos e açúcar, em 1990, 37,8 % eram
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GEO 01
combustíveis, 12,9% soja e farelo de soja, 9,1% Do mesmo modo verificamos que no
de trigo, 7,8% de cimento. transporte interurbano prevalece o transporte
rodoviário.
No sistema Nordeste as ferrovias estavam
destinas ao transporte da cana-de-açúcar e de
açúcar (44,7%). No sistema Centro o transporte de
TRANSPORTE RODOVIÁRIO 
minérios entre Belo horizonte e Volta Redonda
representava 47,3% do movimento. No sistema Na segunda metade do século XX as estradas
Centro-Sul a E F Santos - Jundiaí e a E F contribuíram para ligar as diversas regiões entre
Noroeste (Bauru - Corumbá), juntamente com as si. A rede brasileira passou de 302147 Km em
ferrovias estaduais transportam ferro, adubos, óleo 1952, para 1.657.769 Km em 1995, com grande
diesel, algodão e café. O sistema Sul era crescimento na década de 1970.
responsável por fluxos de grãos e carvão. A
A rede nacional é diversificada, explicitando
ferrovia Sul Atlântica com 6300 Km transporta
as diferenças regionais do país, desta forma
fertilizantes e insumos, soja e derivados de soja,
verificamos que as rodovias com melhor
óleo diesel, areia e cimento.
conservação, de melhor infraestrutura estão no Sul
e SE. Também nestas duas regiões está a maior
densidade ferroviária.
 Ferrovias como instrumento de Geopolítica 
Km DE ESTRADAS POR 100 Km2 EM 1995
As ferrovias, além de seu papel de transporte e
de integração regional, cumprem importante o SUL ‐ 814,9 
função geopolítica aumentado o fluxo de o SE ‐ 585,8 
mercadorias e ampliando as relações com países
Km DE ESTRADAS POR 100 Km2 EM 1995
vizinhos.
o SUL ‐ 814,9 
Há um caso interessante a se comentar: a
o SE ‐ 585,8 
malha ferroviária soviética tinha bitola diferente
o NE ‐ 255 
da malha ferroviária europeia com medida de
o CO ‐ 187,6 
segurança para ambas partes. A diferença na
bitola impedia que um dos lados tivesse a o NORTE ‐ 37,7 
possibilidade de invadir o território com ESTRADAS PAVIMENTADAS POR Km2
facilidade. EM 1995 NO SUDESTE
o MG ‐ 31,37 
 Transporte urbano  o SP ‐ 101,94 
o RJ ‐ 118,11 
Em 1974 teve o início do transporte
metroviário com a inauguração da linha norte-sul Em contraposição à realidade do Sudeste
(Santana – Jabaquara) na capital paulista. O encontramos o Amazonas com 0,87 Km de
transporte de passageiros se dá no fluxo dos trens estrada pavimentada por 1000 Km2. Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
suburbanos e construção do metrô. O trabalhador No Sudeste estão os melhores trechos de
cada vez mais distante do trabalho tem rodovias federais e estaduais duplicadas. A maior
necessidade de transporte mais eficientes devido a densidade no Sudeste deve-se ao maior
saturação da infraestrutura das cidades que sofrem desenvolvimento técnico-científico da região.
com o aumento dos engarrafamentos.

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GEO 01

companhias de petróleo mundial, o Brasil passava


a produzir e consumir carros, porém não produzia
Km DE RODOVIA POR HABITANTE -
petróleo. O modelo de transporte adotado
POR GRANDE REGIÃO
colocava o país em situação de dependência em
o CO ‐ 21,42  relação ao petróleo e derivados importados.
o SUL ‐ 19,58 
Nos dias atuais as rodovias cumprem a função
o NE ‐ 8,86 
de unir áreas de agricultura e pecuária modernas
o NORTE ‐ 8,54 
às agroindústrias, aos centros de consumo
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

o SE ‐ 7,15. 
nacional e às vias de exportação, logística que no
O histórico das rodovias remonta à Sudeste é bem mais avançada. No Norte e NE o
necessidade de unir áreas de agricultura e pecuária governo federal é o principal agente na construção
aos centros de consumo do país. Assim, em 1926, e administração das rodovias.
com a construção da 1ª via moderna de transporte
Para compreender a importância da indústria
rodoviário (Governo de Washington Luís) entre
automobilística para a expansão das rodovias
RJ – SP (via Dutra) iniciava-se o processo de
basta-nos verificar que em 1950 havia um
rodoviação do Brasil. Esta via era a única
automóvel para cada 259,5 habitantes, com
pavimentada até 1940. Com seu lema “Governar é
enormes disparidades regionais. Em 1996, a
construir estradas”, o governo reconhecia a
relação era de um automóvel para cada 8,16
importância das rodovias para criar um mercado
habitantes.
nacional.
Em 1937, com a criação do DNER, a
organização e a expansão do setor rodoviário RELAÇÃO NÚMERO DE HABITANTES E
tornou-se política de Estado. Assim, na década de AUTOMÓVEIS
1950 – impulsionado pela indústria - o transporte o SE ‐ 5,52 
rodoviário transformou-se no principal meio de
o SUL ‐ 4,85 
locomoção do país. Atendia o interesse da
o CO ‐ 6,22 
34 indústria automobilística e das grandes
o NE ‐ 17,67 
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GEO 01
o NORTE ‐ 17,61  possibilitou a interiorização com base nas
rodovias Os grandes projetos rodoviários
objetivam:
Em 2000, a relação de habitantes por veículo
- ocupar os vazios demográficos (áreas de
era de 8,4, e atingiu 5,5 em 2011. No período
baixa densidade demográfica).
compreendido entre 2004 e 2011, a frota brasileira
aumentou 54,8%, totalizando 34,8 milhões de - transferir excedentes populacionais (ligas
veículos no ano passado, enquanto a população camponesas NE, flagelados das secas)
cresceu em ritmo bem menor, de 5,7%, chegando
- facilitar a ocupação e a pesquisa mineral
a 192,3 milhões de pessoas em 2011.
- integração do Centro-Sul à Amazônia –
O peso das relações pré-existentes e os níveis
(Perimetral Norte, Transamazônica)
de renda relativamente inferiores contribuem para
uma maior relação automóvel X habitante nas - Integrar o transporte fluvial da Bacia
regiões N e NE. Amazônica com o modal rodoviário.
Este reflexo verificado no transporte particular Mesmo com os grandes projetos
também pode ser observado no transporte de desenvolvidos na Amazônia como: de extração
passageiros. No NE, a quantidade de linhas mineral, projetos agropecuários e construção de
intermunicipais é menor que a metade do número eixos rodoviários, as rodovias ainda continuaram
de linhas do SE. concentradas no Sudeste. As crises do petróleo
(1973 e 1979) contribuíram para mostrar a
A presença do poder público no sistema de
ineficiência dos grandes projetos rodoviários,
transportes é insuficiente. A presença de capital
devido à dependência do país a uma fonte de
privado exige uma oferta de consumo mínimo
energia que não éramos auto-suficientes - o
como forma de perspectiva de lucro para as
petróleo.
empresas.
Projeto de interligação do país
No ano de 2000, o sistema rodoviário
respondia por 96% do transporte de passageiros e - Radiais – início 0 (Ex 010)
62% das mercadorias. A partir desses números
- Longitudinais – início 1 (Ex 101)
podemos entender o motivo do ditado popular o
qual afirma que “o Brasil caminha na carroceria - Transversais – início 2 (Ex 272)
do caminhão”.
- Diagonais – início 3 (Ex 364)
Maior caminhão do mundo – Caterpillar 797B
- De ligação – início 4 (Ex 425)
Quem é dona desta incrível marca é a empresa
Algumas rodovias que merecem destaque:
norte-americana Caterpillar que fabricou o maior
caminhão do planeta, desbancando o Terex Titan BR 364 – integra o projeto para a saída para o
33-19 que até então era o dono do título. Pacífico possibilitando integrar a região Norte e
Centro-Oeste com o mercado do Pacífico. Integra
Um detalhe interessante é que o imenso motor
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
a área de produção de soja do MT o Porto de
a diesel não movimenta o caminhão. Ele serve de
Porto Velho e deste com a hidrovia do Madeira
fonte de energia (3650-horsepower ou 2723-
(Porto Velho – RO a Itacoatiara – AM) BR 174 –
kilowatt) para dois motores elétricos, que estes
Manaus – Boa Vista – integra Manaus – Caracas.
sim, tracionam as enormes rodas. Custa apenas 3
Saída para os produtos da Zona Franca de
milhões de dólares…
Manaus. BR 230 – Liga o NE à Amazônia – sem
funcionamento em grande parte.
 A integração regional  BR 163 – Trecho Cuiabá – Santarém – trechos
sem funcionamento em período de chuva.
A rodovia conseguiu realizar a integração
regional do país. O marco dessa integração foi a BR 101 e BR 116 – Atravessam as principais
construção dos trechos Rio – Bahia (1963) e áreas econômicas do país.
Régis Bittencourt (BR 116) que ligava as regiões
BR 277 – Saída ao Atlântico por rodovia para
NE, SE e Sul.
o Paraguai, até o porto de Paranaguá.
Essas obras refletem a interligação da região
BR 262 – Saída ao Atlântico por rodovia para
litorânea, área de maior densidade demográfica e
a Bolívia (via porto de Vitória). Já tem uma saída
sede das principais cidades do país.
por ferrovia (noroeste do Brasil) que liga La Paz
O projeto de integração territorial passa ao porto de Santos.
também pela construção de Brasília que
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GEO 01
com o desenvolvimento das hidrovias foi tanta
que, nos anos 1970, construiu-se a rodovia
PRIVATIZAÇÂO
Transamazônica, paralela e relativamente próxima
1995 – privatização de rodovias por meio de ao rio Amazonas, ou seja, teria sido bem mais
concessões. eficaz e barato que os recursos despendidos
tivessem sidos alocados em uma hidrovia.
As concessionárias devem:
O sistema completo reúne embarcações e toda
- pagamento ao governo;
a interligação estabelecida pelos portos.
- realizar manutenção e melhorias;
Navegação de Longo Curso
Podem cobrar pedágios.
Demanda de embarcações estrangeiras.
10000 km privatizados.
 Navegação de Cabotagem 
Aumento de 45% do pedágio no período 1997
Principais portos de saída: Torguá e Angra dos
a 2001.
Reis (RJ), Tubarão (ES), Aratu (BA) e Natal (RN)
- encarecimento das viagens; – 70% do embarque.
- aumento dos custos com transporte de Principais portos de entrada: São Sebastião e
cargas. Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES) –
mais da metade da carga.
Transporte urbano
Loyd Brasileira – empresa de navegação
- descompasso entre a demanda e a oferta;
brasileira – entrou em concordata na década de
- aumento do transporte informal ou 1980 – falta de investimentos.
clandestino.
 Navegação interior 
Na região amazônica o transporte hidroviário é,
para a maior parte de sua população, a base do seu
diálogo com o país, uma vez que os vínculos
aéreos permanecem restritos a uma pequena
camada da sociedade.

Hidrovia Paraná – Paraguai


Hidrovia Tietê – Paraná – conhecida como
hidrovia do Mercosul.
A partir de 1993 acaba o monopólio estatal e
inicia a privatização de alguns portos no país:
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

- 1995 – navegação de cabotagem deixa de ser


monopólio; Navegação fluvial
Os rios tiveram um papel importante na
ocupação do território brasileiro. Através do
Tietê, Amazonas e São Francisco, efetuou-se a
ocupação de vastas porções do território.
Atualmente é o sistema de menor participação no
transporte de mercadorias. A navegação fluvial
TRANSPORTE HIDROVIÁRIO vê-se prejudicada pelo fato de a maior parte dos
rios serem de planalto e os rios de planície
Caro candidato, o transporte hidroviário situarem-se afastados das áreas mais
infelizmente é pouco valorizado no Brasil, apesar desenvolvidas. Os rios de planalto não impedem
da riqueza das nossas bacias hidrográficas, que, definitivamente a navegação, porém sua
em alguns casos, são navegáveis sem nenhuma navegabilidade depende da construção de canais
obra de correção, como ocorre em grande parte laterais, comportas (eclusas). É o caso da eclusa
das bacia Amazônica. A navegação é em grande da Barra Bonita no Tietê, de Jupiá no Paraná,
parte impossibilitada por causa dos grandes além de outras projetadas.
projetos hidrelétricos, tal empecilho poderia ser
corrigidos com obras de eclusas, dragagem e
36 aprofundamento do leito dos rios. A negligência
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GEO 01

provenientes do Maciço do Urucum), gado,


madeira, arroz, cimento, trigo e derivados de
petróleo para importação. Seus principais portos
As bacias de maior importância são:  no Brasil são: Corumbá e Ladário.
  O rio Paraná tem seu trecho navegável no
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
Brasil no seu alto curso, na divisa de São Paulo e
 Bacia Amazônica 
Mato Grosso do Sul, 1.500 km. Transporta trigo,
Possui percurso navegável de 22.446 km, entre soja, gado e madeira e seus portos principais são:
o rio Amazonas e seus afluentes. A navegação do Presidente Epitácio, Panorama e Guaíra.
rio Amazonas é internacionalizada até o Porto de
Manaus, desde 1867, controlada pela Enasa -
Empresa de Navegação da Amazônia S.A.  Bacia do São Francisco 
Os principais portos estão em Belém e Constituída por este rio, desde Juazeiro
Manaus. (Bahia) até Pirapora (Minas Gerais), e alguns
afluentes. A navegação é controlada pela
Codevasf.
 Bacia do Prata 
A articulação do São Francisco ao litoral é
Compreende a navegação feita no rio feita pela Estrada de Ferro Central do Brasil, de
Paraguai, rio Paraná e em alguns afluentes, Pirapora ao Rio de Janeiro e pela Viação Férrea
controlada pelo serviço de navegação da Bacia do Leste Brasileiro, de Juazeiro a Salvador.
Prata (oficial). Cumpre destacar que o transporte
A navegação é facilitada pela Barragem de
fluvial do rio Paraguai é um dos mais importantes
Três Marias e Eclusa de Sobradinho.
do Brasil, pelo valor da carga que por ele é
transportada: minérios (ferro e manganês 37
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GEO 01
  Outras bacias  fretados, o que representa importante saída de
divisas dos cofres públicos.
De importância restrita, destacam-se os rios
Jacuí (RS) e o Rio Doce (MG). Quanto à Fronape, todo o petróleo bruto e os
derivados importados são, praticamente,
O rio Tietê tem seu trecho navegável a partir
transportados por esta companhia.
de Barra Bonita.
As principais empresas de navegação de longo
curso no Brasil são: Fronape - petróleo e minério
 Navegação marítima  de ferro.
Pela posição que o Brasil ocupa no Oceano Lloyd Brasileiro - máquinas e produtos
Atlântico, com um perímetro costeiro de 7.400 km agrícolas.
e possuindo a economia voltada para o litoral, era
Docenave - Vale do Rio Doce Navegação S/A
de se esperar que a nossa Marinha Mercante fosse
- minérios.
muito desenvolvida. Porém, isso não acontece.
Possuímos 376 embarcações, com mais de 100
toneladas, que deslocam 144.000 toneladas.
 Navegação de cabotagem 
Essa Marinha Mercante precária constitui-se
É a navegação que liga os diversos portos
num dos pontos de estrangulamento da nossa
brasileiros entre si. Podendo ser feita somente por
economia. Vários são os problemas que dificultam
navios nacionais, segundo dispositivos
o desenvolvimento da Marinha, entre os quais:
constitucionais. Porém, devido às deficiências da
- embarcações velhas (em média 44 anos de nossa Marinha Mercante, mais de 50% de
uso); tonelagem é transportada por embarcações
estrangeiras.
- deficiência das instalações portuárias;
Entre as principais companhias que exploram
- problemas tarifários;
esse tipo de navegação, temos:
- desorganização administrativa.
o Lloyd ‐ Cia. Costeira de Navegação. 
O setor de transporte marítimo conta com dois o Aliança ‐ Cia. Baiana de Navegação. 
importantes órgãos: o Cia. Paulista de Navegação. 
- a Sunamam - Superintendência Nacional da
Marinha Mercante, que tem como objetivo
 Portos 
reorganizar o setor;
Em grande parte, como já dissemos, as
- o Geicon - Grupo Executivo da Indústria da
deficiências apresentadas pela nossa Marinha
Construção Naval, que cuida do Planejamento, da
Mercante devem-se às instalações portuárias que
execução e renovação das embarcações.
são precárias. Dentre os diversos portos marítimos
Em parte, os problemas estão sendo resolvidos e fluviais, dois podem ser considerados de
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

pelo Fundo Portuário Nacional. primeira categoria: Santos e Rio de Janeiro.


A ampliação de estaleiros, por meio da política Os maiores portos em carga (tonelagem).
da Sunamam deverá solucionar grande parte dos
Ao lado dos portos de múltiplas funções, em
problemas referentes às embarcações, esperando-
virtude de serem escoados produtos variados,
se, num futuro próximo, a renovação quase total
existem os portos especializados:
da frota.
- Santana (Macapá, AP) - manganês.
A navegação é feita sob duas modalidades:
- Areia Branca (RN) - sal marinho.
- Malhado (Ilhéus, BA) - cacau.
Navegação de longo curso ou internacional
- Tubarão e Vitória (ES) - ferro de MG.
No Brasil, a navegação de longo curso estava
sendo feita pelo Lloyd Brasileiro com cerca de 84 - Sepetiba (RJ) - minério de ferro.
embarcações e pela Fronape (Frota Nacional de
- Itajaí (SC) - pescado.
Petroleiros) que possui 80 embarcações.
- S. Sebastião (SP) - petróleo.
Atualmente a navegação vive um momento de
crise, sendo que a necessidade nacional de - S. Francisco do Sul (SC) - madeira.
navegação é suprida por navios estrangeiros
- Maceió (AL) - açúcar e petróleo.
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GEO 01
- S. Luís – Itaqui (MA) - ferro de Carajás Poucos portos no mundo podiam receber o
(PA). Knock Nevis (normalmente ele não atracava no
porto, descarregava o petróleo em navios
O complexo portuário-industrial de Sepetiba
menores) e também devido ao seu grande calado
(RJ), inaugurado em maio de 1982, receberá,
não podia navegar no canal da Mancha, no canal
inicialmente, carvão metalúrgico e energético,
do Panamá ou no canal de Suez. Com um
destinados ao parque siderúrgico da Região
comprimento de mais de 458 m e um calado de
Sudeste. Deverá estar capacitado também para a
quase 30m quando carregado, não podia se
futura movimentação de minério de ferro,
aproximar da costa.
destinado à exportação, designando o movimento
desses produtos no ponto do Rio de Janeiro. Algumas informações sobre o Knock Nevis:
Sepetiba estará destinado à movimentação de O Knock Nevis transportava petróleo do Golfo
granéis e insumos básicos industriais, enquanto o Pérsico para os Estados Unidos e são necessários
porto do Rio de Janeiro restringir-se-á ao alguns deles somente para suprir o consumo diário
manuseio de cargas mais nobres. de petróleo americano. Enquanto um carro faz
curva em um raio de 10 metros, o Jahre Viking só
O porto de Sepetiba articular-se-á com a
consegue fazer curvas em um raio de 3.7 km! Na
Ferrovia do Aço, através da malha ferroviária
velocidade máxima, para parar totalmente o Jahre
existente, passando por Japeri e Volta Redonda, o
Viking precisa de 10 km!
que tornará possível o escoamento do minério de
ferro de MG. E, através de Itutinga, fará a Prezado candidato, numa comparação entre os
conexão com a malha ferroviária do Centro-Oeste, sistemas de transportes, tendo por base o gasto de
permitindo a futura exportação, por Sepetiba, da 1 litro de diesel, chega-se ao seguinte modelo:
produção agrícola do cerrado (GO, MG).
1 litro de diesel em embarcações marítimas
transporta —— 500 toneladas ( petroleiros e
graneleiros)
1 litro de diesel de avião transporta ———
150 toneladas
1 litro de diesel de trem transporta ————
— 125 toneladas
1 litro de diesel de carreta transporta ———
25 toneladas
Logo, através desse esquema pretende-se
ilustrar que a opção brasileira por transporte de
cargas através de rodovias demonstra-se como
sendo, o menos viável em termos de gastos
energéticos, sem contar os gastos de manutenção. Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

TRANSPORTE AÉREO 
O Brasil tem hoje 255 aeroportos públicos
com código IATA (International Air Transport
Association), e dados de 2007 apontavam que o
Maior navio cargueiro do mundo – Knock país tinha 2.498 aeroportos e aeródromos (locais
Nevis O Super-Petroleiro Knock Nevis, é o maior sem terminais de passageiros), sendo 739 públicos
navio do mundo, sendo assim o mais pesado e 1.759 particulares. Comparando com os
objeto móvel já construído pelo homem. Depois números da Organização Internacional da Aviação
de inúmeras reformas e mudanças de nome (já foi Civil (ICAO, em inglês), isso significa o segundo
chamado de Seawise Giant, Happy Giant, Jahre maior número de aeroportos do mundo, atrás
Viking), hoje o Knock Nevis não navega mais. apenas dos Estados Unidos, que têm 16.507 locais
Ele atua como uma Base Flutuante de para pouso e decolagem de aeronaves.
Armazenamento de Produtos Petrolíferos (ou FSO Ainda com os dados de 2007, um número
– Floating Storage and Offloading), pertencente à alarmante: 90% do tráfego aéreo no Brasil era
norueguesa Fred Olsen Production e está concentrado em apenas 20 aeroportos. Pior ainda,
atualmente no Qatar para a Maersk Oil. dos 67 maiores aeroportos (operados pela
INFRAERO), 70% tinham horários ociosos. Isso
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GEO 01
significa uma enorme concentração de voos em
poucos locais e horários, colocando ineficiências
Ano 1945 1975 1986 1995
em todo o sistema. Isso se deve ao crescimento
desordenado dos voos e da falta de planejamento Quantidade de 245.672 6.512.649 15.508.850 18.039.779
para a organização dos mesmos. passageiros

Prezado candidato, corroborando com estas Evolução do Transporte Aéreo de Passageiros


informações e levando-se em conta um índice
mundial que compara o número de passageiros
transportados com a quantidade de quilômetros Na Amazônia, porém, em virtude do menor
rodados pelas aeronaves, o país aparecia (em desenvolvimento de estradas e ferrovias, das
2007) em 16º lugar no ranking mundial. Ficamos grandes distâncias e da natureza de seu
atrás de países como Japão, China, Holanda, isolamento, é o avião que permite boa parte dos
Austrália e Rússia, que, apesar de terem menos intercâmbios, e ali a aviação regional ganha
aeroportos, utilizam de maneira muito mais eficaz relevo. Mas essa importância, numa região de
e distribuída a sua estrutura. baixas densidades demográficas, e dada muito
Outro fator que não contribui para a melhora mais pelo número de pontos interligados do que
do setor no Brasil é a grande concentração do pela espessura dos fluxos. Por isso, se a
mercado. Mais de 80% do mercado de avião quantidade de passageiros embarcados em voos
doméstica é concentrado em apenas duas regionais está em torno de 10% do SE, o número
empresas. Mesmo com a “guerra” de tarifas, que de cidades vinculadas (sem considerar as capitais
ocasionou o crescimento em 20% da demanda por nem Tocantins) é de 42 contra 52 da região SE.
voos nacionais em 2009, ainda é pouco frente aos
100 milhões de viagens de ônibus por ano
realizadas no Brasil. A expectativa do setor aéreo Maior avião de carga do mundo visita o Brasil
é que o número de passageiros dobre nos O Antonov An-225 Mriya é um avião
próximos 5 anos, roubando parte do mercado dos cargueiro fabricado na Ucrânia e operado pela
ônibus, tentando oferecer preços comparáveis. Antonov Airlines (também Ucraniana). Ele foi
Evidentemente, a chegada da Copa do Mundo desenvolvido para transportar cargas enormes e
e das Olimpíadas em 2014 e 2016 animam as pesadas que jamais poderiam ser transportadas
empresas. Mas elas dependem da regulamentação por outros aviões de cargas convencionais como o
do governo e principalmente da infraestrutura dos Boeing 747 Large Cargo Freighter, o Antonov
aeroportos, ainda muito dependentes de An-124 ou o C-5 Galaxy, o mais próximo da
Congonhas e sem opções viáveis no curto prazo. capacidade do An-225. Inaugurado em dezembro
Sete grandes aeroportos brasileiros devem receber de 1988, ainda está em plena operação. Ele pousa
obras importantes, visando os dois eventos em chão de terra (com ou sem chuva) e até na
internacionais. neve (incluindo regiões remotas e desérticas da
Sibéria).
O fato é que a malha aeroviária brasileira é
Foi utilizado para transportar o ônibus espacial
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

muito fragmentada: o modelo vigente hoje na


aviação brasileira usa quatro aeroportos: Galeão, russo Buran. Já esteve no Brasil prestando serviço
Brasília, Congonhas e Guarulhos. É um processo à Petrobras com uma tripulação de apenas 6
de baldeação: quem vem do sul e quer ir para o pessoas, consegue carregar até 250 toneladas de
norte, para em um desses aeroportos e faz uma carga, que entram por suas portas que medem
baldeação. É preciso usar outros hubs (centros) mais de 4 x 6 metros. Ele vazio pesa quase 300
em outras cidades, desafogando o tráfego nas toneladas.
principais cidades, além de tentar ligar as cidades A média de um Hercules C 130 utilizado em
entre si em voos diretos sem escala. larga escala no Brasil e vários outros países é de
1927 – início da arrecadação comercial com a 79 toneladas. Logo, percebe-se que o Antonov na
criação da Viação Aérea Rio-Grandense (Varig) 225 é uma exceção a regra do aviões de carga
com a linha Porto Alegre a Rio Grande. Em 1999, utilizados no mundo.
o transporte aéreo representava 2,16% do Segue em anexo um texto complementar sobre
movimento total de passageiros. O elevado preço uma atualidade do assunto:
e o baixo poder aquisitivo explicam o caráter
elitista deste transporte. Avião de carga da Embraer lançado
oficialmente.
O 1º aeroporto a ser privatizado deve ser o de
Ribeirão Preto (SP). O esperado lançamento pela brasileira
EMBRAER do seu projecto de avião de carga
40 marcou durante a LAAD-2009 a data do início de
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GEO 01
um programa que levará à fabrição KC-390 a CORREDOR DE EXPORTAÇÃO 
partir de 2012 e à sua primeira entrega durante
Foi estabelecido, por intermédio do Ministério
2015.
dos Transportes, o programa de corredores de
O KC-390 será um avião de carga militar de exportação que, melhorando a infraestrutura
médio porte, baseado inicialmente no avião de viária, desde áreas de produção até certos portos
transporte civil EMB-190, ele foi, porém, alvo de selecionados, visam à redução dos custos dos
grande número de alterações que praticamente o transportes de bens destinados à exportação . Na
afastaram de modelo de avião comercial. Amazônia é o avião que permite boa parte dos
intercâmbios, e ali a aviação regional ganha
O KC-390 terá asa alta, porta traseira para o
relevo. Mas essa importância, numa região de
acesso rápido e facilidade de transporte,
baixas densidades demográficas, e dada muito
juntamente com várias outras capacidades que
mais pelo número de pontos interligados do que
definem uma aeronave de transporte militar.
pela espessura dos fluxos. Por isso, se a
O avião brasileiro terá uma capacidade de quantidade de passageiros embarcados em voos
transporte ligeiramente superior a vinte toneladas, regionais está em torno de 10% do SE, o número
que é o valor de referência para a mais recente de cidades vinculadas (sem considerar as capitais
versão do Hércules, o C-130J nem Tocantins) é de 42 contra 52 da região SE.
Ele pode ser utilizado como aeronave
reabastecedora. Ele poderá transportar viaturas
 Corredor De Exportação do Rio Grande 
blindadas 6x6 e 8x8, como as que estão
presentemente em estudo para futura integração Esse corredor destina-se a estimular as
no exército brasileiro. exportações de sua área de influência, compostos
predominantemente de produtos manufaturados,
O novo avião de transporte da EMBRAER
como calçados e artigos de couro.
apresenta-se como potencial concorrente para o
C-130 (Hércules) da americana Lockeed que,
embora continue a ser uma referência, é visto por
 Corredor de exportação de Paranaguá 
muitos como projeto antiquado.
Podem, se relacionar como principais produtos
Além do C-130, outras aeronaves são vistas
de exportação nesse corredor, o café, o algodão, a
como potenciais competidores.
soja, o milho, e, potencialmente, o sorgo, a carne,
O Airbus A-400 tem maiores capacidades, a madeira. As rodovias componentes desse
mas o seu enorme custo, poderá servir de corredor formam um feixe convergente na cidade
incentivo à aquisição de uma maior quantidade de de Curitiba, de onde parte a estrada de acesso ao
aeronaves, para forças que não tenham porto de Paranaguá.
necessidade de um raio de operação mais elevado.
Aeronaves de concepção russa ou chinesa
 Corredor de exportação de Santos  
também poderão ser consideradas como potências Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
concorrentes, principalmente porque embora A área de influência do Porto de Santos
sejam de um nível de preço idêntico, os clientes compreende todo o Estado de São Paulo, Goiás,
consideram-nas como potenciais focos de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
problemas, pois as empresas dessa origem não
Entre os produtos primários de exportação,
têm qualquer tradição em termos de capacidade
pelo volume, destacam-se: café, milho, algodão e
comercial e de apoio pós venda, que é uma das
carne. Também muito variada é a pauta de
características da EMBRAER.
exportação de produtos manufaturados.
Outros modelos de menores dimensões como
o Alenia C-27J e o C-295 da EADS também são
potenciais concorrentes embora se encontrem  Corredor de exportação de Vitória‐Tubarão 
noutro segmento de mercado dado tratar-se de
A área de influência desse corredor é formada
aeronaves com capacidade de transporte na casa
pelos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais
das 10 toneladas.
e do Rio de Janeiro.
Considerando os potenciais mercados onde o
Esse corredor contempla o Quadrilátero
futuro KC-380 se tentará impor, a EMBRAER
Ferrífero, bem como as áreas com potenciais para
considera que existe um mercado potencial para
a exportação de madeira, carne, cereais, além de
cerca de 700 aeronaves do tipo.
outros produtos manufaturados.

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GEO 01
 Corredor de exportação do Rio Grande  rodoviário provoca maior poluição atmosférica e
agrava os congestionamentos em algumas estradas
Esse corredor destina-se a estimular as
e nas grandes metrópoles do país.
exportações de sua área de influência, compostos
predominantemente de produtos manufaturados, O transporte interno, baseado
como calçados e artigos de couro. fundamentalmente nas rodovias, demonstra-se
ainda mais oneroso pelo estado de conservação
Corredor de exportação de Paranaguá
das estradas.
Podem, se relacionar como principais produtos
O custo de pavimento é alto e sua qualidade
de exportação nesse corredor, o café, o algodão, a
baixíssima: dura em média cinco anos, enquanto
soja, o milho, e, potencialmente, o sorgo, a carne,
nos EUA e na Europa a pavimentação dura em
a madeira. As rodovias componentes desse
média vinte anos.
corredor formam um feixe convergente na cidade
de Curitiba, de onde parte a estrada de acesso ao
porto de Paranaguá.
 Novas políticas de transporte 
Criar condições para estabelecer a ligação da
 Corredor de exportação de Vitória‐Tubarão  área de produção com o mercado consumidor,
configurando uma nova estrutura em “bacia de
A área de influência desse corredor é formada
drenagem” por meio de empreendimentos
pelos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais
privados.
e do Rio de Janeiro.
A lei da Parceria Público-Privado – (PPP) ira
Esse corredor contempla o Quadrilátero
criar condições para aumentar os investimentos
Ferrífero, bem como as áreas com potenciais para
em infraestrutura.
a exportação de madeira, carne, cereais, além de
outros produtos manufaturados. Estamos passando por um processo de
modernização das rodovias, com duplicação de
vários trechos.
DUTOS 
Prezado estudante, deve ficar claro que a
O transporte dutoviário pode ser dividido em: opção brasileira por transporte rodoviário
representa um custo quatro vezes mais caro que o
1 - Oleodutos, cujos produtos transportados
ferroviário e quase vinte vezes mais caro que o
são em sua grande maioria: petróleo, óleo
hidroviário. A enorme primazia do transporte
combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP,
rodoviário acarreta um excessivo gasto de energia,
querosene e nafta, e outros.
especialmente de petróleo.
2 - Minerodutos, cujos produtos transportados
são: Sal-gema, Minério de ferro e Concentrado Políticas territoriais no setor
Fosfático.
de energia: matriz, distribuição
3 - Gasodutos, cujo produto transportado é o e tecnologias
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

gás natural. O Gasoduto Brasil-Bolívia (3150 km


de extensão) é um dos maiores do mundo. Prezado candidato, esse conteúdo tende a ser
Esta modalidade de transporte vem se exigido já que o Brasil se destaca no cenário
revelando como uma das formas mais econômicas mundial como um dos grandes países
de transporte para grandes volumes industrializados que utiliza maciçamente a fonte
principalmente de óleo, gás natural e derivados, hídrica na produção de eletricidade. Essa
especialmente quando comparados com os modais característica ajuda para as baixas emissões de
rodoviário e ferroviário. gases do efeito estufa de origem energética. É
lógico que o petróleo ocupa espaço de relevância
A ANTT deverá se articular com Agência na matriz brasileira. A autossuficiência em
Nacional de Petróleo - ANP, visando a criação de petróleo e a diversificação da matriz de
Cadastro Nacional de Dutovias, eficiente e combustíveis, por meio da produção de
seguro, que sirva para orientar suas ações e biocombustíveis, são componentes do
projetos. planejamento estratégico do país. A diversificação
Lembrando que embora o Brasil seja é uma necessidade também no setor elétrico e o
autossuficiente em petróleo (Brand- Bruto), ainda aumento do uso do gás natural já ocasionou
importamos petróleo (light- Refinado). Além dos tensões nas relações com a Bolívia. Observe que a
maiores custos, em comparação com o transporte evolução da matriz energética, nas três últimas
décadas, revela a continuidade do processo de
42 ferroviário e com o hidroviário, o transporte
modernização do país e os rumos seguidos pelas
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GEO 01
políticas energéticas. De modo geral, registrou-se Com a urbanização aumenta a necessidade de
redução da participação de lenha e carvão vegetal energia.
no consumo energético e uma diminuição menor,
Sociais: Políticas de inclusão são pensadas
mas significativa, da participação dos derivados
também pelo acesso de energia, daí verificamos
de petróleo. Simultaneamente, do cresceram as
no Brasil políticas para atendimento a população
parcelas de participação da eletricidade, do álcool
de baixa renda. O programa de energia rural é
da cana-de-açúcar e dos gás natural.
uma exemplo de política energética que visa
A energia é necessária ao Desenvolvimento inclusão social.
Econômico e Social para que possamos crescer
Ambientais: Na atualidade questões
esconômicamente.
ambientais sempre perpassam a produção
energética. Questiona-se as inundações,
degradação solo, degradação, poluição das
 A questão da matriz energética 
grandes cidades, contaminação fluvial e marítima.
Refere-se à fonte da qual um país retira a
Macroeconômicos: Para garantir a oferta de
energia necessária a funcionar a sua produção e
energia torna-se necessário o planejamento de
consumo da população. A partir da participação
médio e longo prazo, pois os investimentos
de um determinado tipo de energia na matriz
influenciam o acréscimo da dívida externa,
energética podemos inferir o nível de
geração de emprego, necessidade de importar
desenvolvimento desse país.
bens de capital e de investir em pesquisas para
Países desenvolvidos: matriz energética com aproveitamento energéticos, crescente
base no PETRÓLEO, CARVÃO, necessidade de investimentos para manutenção da
HIDRELÉTRICA, ENERGIA NUCLEAR produção.
Países subdesenvolvidos: matriz energética Os avanços recentes da ciência e tecnologia e
com base na LENHA, CARVÃO, ENERGIA as perspectivas novas necessidades geradas a
MUSCULAR. Outra forma de se avaliar o grau de partir da preocupação ambiental permite o
desenvolvimento de um país é analisando o seu aproveitamento de fontes alternativas.
consumo PER CAPITA de energia Brasil - 1954
O biodiesel é um exemplo e refere-se a um
KW/ano
combustível alternativo ao diesel, renovável e
Em nosso país o consumo de energia é muito biodegradável, obtido comumente a partir da
diversificado e distribui por fontes diversas de reação química de óleos ou gorduras, de origem
energia: petróleo e GN, hidroeletricidade, carvão animal ou vegetal. Outro exemplo é o álcool
mineral, biomassa, energia nuclear. natural, já amplamente utilizado.
Apesar da forte participação do petróleo na Além das fontes convencionais de energia,
matriz energética do Brasil nossa matriz tem o temos também, as chamadas fontes alternativas.
maior percentual vindo do aproveitamento da
hidroeletricidade. Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
Tipos de energia 
o Convencionais  ‐  Petróleo,  carvão,  lenha, 
Matriz energética no Brasil 
, nuclear. 
HIDROELETRICIDADE  o Alternativas ‐ Álcool, eólica, geotérmica, 
gás natural, marés, biomessa, hidráulica. 
Condições que favorecem a esta decisão:
país tropical com boa quantidade de 
chuvas  Quanto a sua renovação na natureza temos:
relevo predominante de  planaltos e 
Renováveis e não‐renováveis. Renováveis são
depressões 
aquelas que continuam disponíveis depois de
os rios de planaltos acabam por nos 
utilizadas, isto é, que não se esgotam. Como
dar um bom potencial hidrelétrico. 
exemplo, temos a energia solar, a energia dos
Aspectos espaciais, sociais, econômicos e vegetais (biomassa), da correnteza dos rios
ambientais ligados ao uso da energia (hidráulica), dos ventos (eólica), do calor interno
do planeta Terra (geotérmica), das marés, entre
A distribuição espacial considerada amplitude
outras.
da transmissão, descentralização a produção,
localização dos recursos naturais, localização e
densidade da demanda de energia. Quanto às não-renováveis, estas são limitadas e
demoram milhões de anos para se formar, isto é, 43
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se esgotarão e não serão repostas (o petróleo, o O PETRÓLEO É NOSSO.
gás natural, o carvão mineral e o urânio, por
O modelo de desenvolvimento adotado pelo
exemplo).
país foi marcado pela dependência do petróleo,
Quanto ao uso podemos classificar como: fonte de energia a qual não éramos
autossuficientes. A nossa economia foi fortemente
impactada pelas crises do petróleo na década de
o Primária  ‐  de  utilização  direta  ‐  Ex.  1970.
petróleo 
1973 – acordo entre os países exportadores de
o Secundária  ‐  derivada  de  uma  outra 
petróleo – OPEP elevou o preço do petróleo.
fonte – Termelétrica 
1979 – guerra Irã x Iraque- novos aumentos
devido a guerra entre grandes produtores.
ANALISANDO ALGUMAS FONTES DE ENERGIA. 
1975 – Contratos de risco - Para driblar a crise
  o Brasil lançou o Contrato de Risco com
descoberta dos poços na Bacia de campos e
Carvão  posteriormente novas descobertas na plataforma
Combustível da 1ª Revolução Industrial. continental, o país viu reduzida a sua
dependência. Hoje com o Pré-sal podemos nos
Tem sua formação ligada ao soterramento de tornar exportadores visando atrair investimentos
material orgânico - florestas e animais no período para o setor de produção.
Permiano (cerca de 270 milhões de anos) na Era
Paleozóica. Sua ocorrência se dá em bacias Maior produção na plataforma continental.
sedimentares. Com a crise o Brasil teve que mudar a sua
Propomos esse mnemônico para grande a matriz energética investindo em outros setores
sequência da qualidade dos diversos tipos de caso. energéticos.
No Brasil teremos as principais ocorrências na  Proálcool 
Região Sul do país.  Energia  Nuclear  com  a  produção  de 
Qualidade do carvão em ordem crescente de Angra I e II 
qualidade  Grandes  hidrelétricas  uma 
alternativa  que  mudou  a  nossa 
TU rfa
matriz energética. 
L inhito
Atualmente o governo defende a construção de
H ulha novas termonucleares visando ampliar a produção
energética e driblar as limitações impostas pela
A ntracito
legislação ambiental a qual tem impedido a
Maior produtor nacional – SC – A expansão de produção de novas hidrelétricas.
infraestrutura de transporte para o escoamento de
1995 - Quebra do monopólio estatal no setor
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

produção é tornado pela Ferrovia Tereza Cristina


de petróleo.
– portos de laguna e Imbituba.
1997 - Criação da ANP.

Petróleo 
Álcool  
Em 1938 foi criado CNP – Conselho Nacional
de Petróleo- era o mercado da ação do Estado no Entre as vantagens apresentadas está a
Planejamento energético do país. recuperação econômica do Nordeste que passa por
crises sucessivas, e ainda nos dias atuais apresenta
Em 1939 foi descoberto primeiro poço na
alternativa para a redução do aquecimento global.
Bahia (Lobato).
Desvantagens - As primeiras críticas estão
Em 1953 foi criado a Petrobrás que teve o
relacionadas as:
monopólio sobre as atividades ligada a produção e
refino do petróleo. Ficou fora do monopólio a - não resolver o problema do diesel e sim da
distribuição. gasolina – o transporte dependia do óleo;
A política energética na década de 50 foi - ocupação de terra fértil.
influenciado pelo movimento
- trazia consigo o problema dos rejeitos –

44 vinhoto e bagaço

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Com o avanço tecnológico a produção do que aumenta à proporção de 3 graus a cada 100
álcool é muita aceita, pois passou a ser uma metros de profundidade. Representa apenas 0,3%
alternativa a gasolina que polui muito mais. O da eletricidade produzida no planeta.
vinhoto passou ser utilizado na produção de
Pró: custos mais estáveis que os de outras
fertilizantes e o bagaço na produção de energia
fontes alternativas. É explorada nos Estados
em termelétrica e nas caldeiras das usinas, só não
Unidos, Filipinas, México e Itália.
resolveu questão da distribuição da terra.
Contra: só é viável em algumas regiões, que
não incluem o Brasil. É mais usada como auxiliar
Energia Nuclear  nos sistemas de calefação.

Alternativa para reduzir a dependência do


petróleo.  Gás natural  
Problemas - Exige grande investimento, Ao contrário do que se pensava há duas
demora para entrar em operação e produz lixo décadas, as reservas desse combustível fóssil são
radioativo. Sofre o estigma de acidentes, como o abundantes.
de Chernobyl.
É cada vez mais usado para gerar eletricidade.
Vantagem: produz eletricidade de forma
limpa, não contribui para o efeito estufa. Pró: é versátil, de alta eficiência na produção
de eletricidade e não vai faltar. Polui menos que o
carvão e o petróleo.
ENERGIA ALTERNATIVA  Contra: os preços instáveis em algumas
regiões; exige grandes investimentos em
infraestrutura de transporte (gasodutos ou
 Eólica terminais marítimos).
É a fonte de energia alternativa com maior taxa de
crescimento. Ainda assim, só entra com 0,1% da
produção total de eletricidade. É a favorita dos  Hidrelétricas  
ambientalistas. As usinas respondem por 18% da energia
Pró: poluição zero. Pode complementar as redes elétrica global. São responsáveis pelo
tradicionais. fornecimento de 50% da eletricidade em 63 países
e por 90% em outros 23, entre eles o Brasil.
Contra: instável, está sujeita a variações do
vento e a calmarias. Os equipamentos são caros Pró: são uma fonte de energia renovável, que
e barulhentos. produz eletricidade de forma limpa, não poluente
e barata.
Contra: exigem grande investimento inicial na
 Solar   construção de barragens. Podem ter a operação
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

Ainda não se mostrou capaz de produzir prejudicada pela falta de chuvas.


eletricidade em grande escala. A Tecnologia deixa
a desejar e o custo de instalação é alto. Para
produzir a mesma energia de uma hidrelétrica, os  Biomassa  
painéis solares custariam quase dez vezes mais. Agrupa várias opções como queima de
Pró: útil como fonte complementar em madeira, carvão vegetal e o processamento
residências e áreas rurais distantes da rede elétrica industrial de celulose e bagaço de cana-de-açúcar.
central. Índice zero de poluição. Inclui o uso de álcool como combustível.
Responde por 1% da energia elétrica mundial.
Contra: o preço proibitivo para produção em
média e larga escalas.Só funciona bem em áreas Pró: aproveita restos reduzindo o desperdício.
muito ensolaradas. O álcool tem eficiência equivalente à da gasolina
como combustível para automóveis.
Contra: o uso em larga escala na geração de
 Geotérmica  energia esbarra nos limites da sazonalidade. A
Aproveita o calor do subsolo da Terra, que produção de energia cai no período de entre safra.
aumenta à proporção Gás natural, ao contrário do Dependendo de como se queima, pode ser mui o
que se pensava há duas décadas, as reservas poluente.
Geotérmica aproveita o calor do subsolo da Terra,
45
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Redes comércio e território. Esses fluxos que anteriormente dependiam do
meio físico - redes de transporte - hoje são
definidos também pelo fluxo de informação que,
posteriormente, necessitam da rede física para
Vivenciamos um tempo no qual a fluidez das confirmar o domínio e estruturação da rede.
fronteiras é constante, já não contamos com
territórios dominados por uma realidade simples, 3) o poder destes sistemas de transporte na
mas a convivência de diversos agentes atuando e transformação dos territórios;
construindo o espaço. Nesse tempo de Quando se construiu a estrada Rio-Bahia e a
globalização, observamos uma transformação Belém-Brasília verificamos o fim das ilhas
quantitativa e qualitativa dos movimentos que econômicas e a integração territorial. O uso que o
redefine o território, processando novas relações meio produtivo faz das redes de transporte
que fortalecem e fragilizam, ao mesmo tempo, os permite compreender que com a construção de
objetos e agentes construtores do território. uma nova estrada teremos a inserção de mais uma
O resultado mais imediato neste cenário é a porção do território na dinâmica dominante de uso
formação de múltiplas redes que podem ser do espaço para produção de riquezas.
evidenciada nos sistemas atuais de transportes Uma nova geografia de redes
(logística), de informação e de comércio.
Vamos analisar esses dois mapas seguintes:
O uso do espaço é coletivo, mas o uso que é
feito destas redes atuais se dá de forma
extremamente seletiva e não significa vantagens a
toda sociedade, uma vez que podemos verificar
uma parcela da sociedade utilizando-se dos bens e
serviços por elas estruturados enquanto uma
parcela significativa fica excluída.
No que se refere ao problema da exclusão há
um reflexo nítido na gestão do território. Para
conseguir a reprodução dos benefícios para toda
sociedade torna-se necessário investimentos que,
muitas vezes, não estão disponíveis para o Estado.
Vamos aqui compreender a formação das
redes tendo como suporte as obras técnicas que
permitem interligar dois espaços no território,
integrando-os e permitindo um processo de
complementaridade ou subordinação do território.
O meio técnico dos sistemas de transporte, nos
permite colocar três pontos para reflexão:
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

1) como se estrutura redes geográficas em


suas formas atuais;
A rede de transporte permitiu a integração
territorial e a subordinação das regiões periféricas
- NE, N e CO - a estrutura da indústria e comércio
do Sudeste. A estrutura tradicional permite criar
uma hierarquia mais rígida, uma vez que, a
estruturação da rede se dá pela existência das
estradas, ferrovias e hidrovias.
2) a compreensão das transformações
contemporâneas nas redes em suas diferentes
feições e usos;
Na atualidade, as redes de transporte são
sobrepostas por outras vias de subordinação e
exercício de domínio no território. As redes de
comunicação e, mais recentemente, a internet,
permitiu uma fluidez no processo da estruturação
46 das redes e dos fluxos que se dão no território.
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Observando a distribuição da densidade e do também com um enfoque social que observa o
grau de diversidade das atividades de comércio e sujeito, sua cultura, sua relação com o lugar e a
de serviços nos dois mapas verificamos como um necessidade de identidade para a produção e
centro exerce influência sobre outro por reprodução deste sujeito.
possibilitar acesso a bens e serviços que não estão
disponíveis em toda a porção do território.
Ao avaliar a oferta de bens e serviços exercida
pelas cidades na rede urbana do País verifica-se
também o grau de participação e posição na rede.
O IBGE em sua avaliação utilizou como fonte dos
dados o Cadastro de Empresas - CEMPRE 2004.
"Deste, extraiu-se o número total de classes de
atividades comerciais e de serviços segundo a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas
– CNAE para todos os municípios do Brasil,
partindo da premissa de que, quanto maior o
número de classes de atividade presentes, maior a
diversidade de oferta dessas atividades, e maior,
consequentemente, a centralidade exercida pela
cidade." (REGIC, 2007)
Um território marcado pela profusão das
conexões, quando a mobilidade da produção, do
capital e das pessoas se impõe praticamente como
regra, ainda que não se realize do mesmo modo
para todos os homens e lugares, a proliferação das
redes técnicas aparece como algo imprescindível.
Os fluxos e a densidade destes nos âmbitos
regionais, nacionais ou internacionais, surgem
como condição que se impõe à circulação
crescente de tecnologia, de capitais e de matérias-
primas.
A mobilidade física (fluxo material) pode ser
facilmente compreendida, contudo a mobilidade
da informação (fluxo imaterial) só pode ser
representada pela comunicação e pela circulação
de informações que definem, e por vezes
determinam, a especialidade dos espaços que são
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
criados e recriados continuamente.
Devemos estar atentos em todas as análises
das redes para que conheçamos e possamos
identificar as posições políticas e ordens entre
diferentes pontos do planeta, sobretudo pela ação
das grandes empresas, grupos econômicos,
bancos, etc. Estes agentes organizam o território
de forma a atender plenamente as necessidades de
controle da produção/distribuição hegemônicas,
atestando o uso corporativo das redes e do próprio
território. É no território que a ação das grandes
empresas e dos agentes financeiros se mostram
como elemento organizador e normatizador das
ações e da vida dos lugares.
Assim, ao estarem subordinados às redes, os
lugares são (re)funcionalizados, tomando uma
nova especialização no território. As redes não
podem ser vistas e analisadas somente pelo ponto
de vista técnico, de estrutura e fluxos, mas 47
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a) os sistema rodoviário brasileiro é mais eficiente
na região concentrada com várias rodovias
EXERCÍCIOS  duplicadas.
b) A maior concentração de portos modernos
coincide com as regiões mais dinamicamente
desenvolvidas.
1. "A  união  entre  ciência  e  técnica,  a  partir  dos 
anos 1970, havia transformado o território brasi‐ c) A integração dos vários tipos de transportes e
leiro,  revigora‐se  com  os  novos  e  portentosos  de interesse dos empresários, tendo estes
participado ativamente da privatização para suprir
recursos  da  informação,  a  partir  do  período  da 
a falta de investimentos públicos.
globalização e sob a égide do mercado." 
d) A privatização aconteceu em trechos de retorno
O texto refere-se a:
garantido.
formação dos polos tecnológicos - (tecnopólos).
e) Nas regiões menos dinâmicas tem carência de
a) início da revolução técnico-científica no Brasil. investimentos, tanto publico quanto privado.
b) inicio da terceira revolução industrial no país.
c) melhorias na circulação dos insumos, dos 4. "Até 1950  havia  no  Brasil  um  automóvel para 
produtos, do dinheiro, das ideias e informações. cada  259,5  pessoas  com  enormes  disparidades 
d) uma nova fase de integração, mas com regionais. Em 1996 a densidade para o Brasil era 
especialização geográfica a produção material e de  8,12  habitante  por  automóvel.  Ainda  que 
imaterial. alguns  estados  fossem  menos  providos,  as  regi‐
ões  Sudeste  (5,52),  Sul(4,85)  e  Centro‐Oeste 
(6,22)  ostentam  densidades  superiores  à  média 
2. O  plano  para  escoamento  da  produção  do  nacional.  Não  era  o  caso  do  Nordeste  (17,67)  e 
Brasil  central  tem  com  base  a  implantação  de  do  Norte  (17,610,  com  densidades  de  cerca  de 
um complexo sistema de engenharia, do qual se  18 pessoas por automóvel. 
destaca:  De acordo com o texto acima julgue a afirmativa
a) a BR 163 - que interliga Cuiabá a Santarém. correta.

b) a BR 230 - que interliga o NE ao Norte do país. a) o desenvolvimento da indústria automobilística


concentrada no Sudeste justifica sua maior
c) a ferrovia Noroeste do Brasil que ecoa a densidade automobilística.
produção de minérios do maciço do urucum no
MS b) A menor concentração na região Norte se
justifica pela menor densidade de estradas.
d) da ferrovia Norte - Sul que interligará o sistema
ferroviário ao hidroviário tendo o porto de Itaqui c) O peso das relações pré-existentes e os níveis
no Maranhão como ponta de exportação da de renda relativamente inferiores, entre outras
produção. razões, contribuem para uma motorizarão menor.
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

e) A hidrovia Tocantins que já tem eclusas da d) A produção de automóveis na região


hidroelétrica de Tucuruí em fase final de concentrada tornou os automóveis mais
construção. acessíveis por não ter que ser transportados para
longas distâncias.
e) Com a expansão e melhoria da malha
3. Quando  a  presença  do  poder  público  no  sis‐ rodoviária estas disparidades vão diminuir
tema  de  transportes  é  insuficiente,  os  fixos  e  principalmente devidas já haver uma dispersão
fluxos passam a pertencer ao domínio mercantil  industrial automobilística.
tanto na sua quantidade quanto na sua frequên‐
cia. Mas nesse caso a oferta decorre da existên‐
cia de um consumo básico mínimo, que por sua  5. "a opção explícita por parte do governo fede‐
vez  depende  da  renda  das  pessoas  e  de  suas  ral a favor da rodoviação fez com que o processo 
possibilidades  d  acesso.  Assim,  é  a  perspectiva  de  industrialização  tivesse  um  desenvolvimento 
de  lucro  para  as  empresas  que  comanda  o  sis‐ desigual dentro do espaço nacional.:  
tema rodoviário de fluxos." 
É correto afirmar então:
De acordo com o texto acima e com a realidade a) o fato é que a grande presença de veículos
dos transportes no país, qual das alternativas acaba por gerar maiores quantidades de impostos
abaixo não é verdadeira: arrecadados e, consequentemente, a supremacia
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das rodovias levaria a um menor investimento em d) o Nordeste continua como região de repulsão
infraestrutura. de população, devido a permanência de estruturas
sociais ultrapassadas.
b) o crescimento do numero de rodovias no
Sudeste gera necessidades de meios que provém e) as duas principais regiões fornecedoras de
da indústria automobilística, justificando assim a migrantes para o Centro-Oeste, no período 1940 -
opção locacional pela região concentrada. 1950, foram o Nordeste e Sul.
c) a atividade produtiva do sul do país contou com
maiores possibilidades de fluidez, o que, mais
ainda hoje, pesa em favor do desenvolvimento, 8. (Enem)  A  grande  produção  brasileira  de  soja, 
muitas vezes em detrimento das regiões Norte e com  expressiva  participação  na  economia  do 
Nordeste. país,  vem  avançando  nas  regiões  do  Cerrado 
brasileiro. Esse tipo de produção demanda gran‐
d) a densidade dos fluxos na região concentrada des extensões de terra, o que gera preocupação, 
exigiu novos investimentos que levou a nova sobretudo 
concentração econômica deixando a região de ser
o centro da economia nacional. a) econômica, porque desestimula a mecanização.
e) o governo investe no sistema multimodal para b) social, pois provoca o fluxo migratório para o
reverter o processo de concentração industrial, campo.
desta forma o complexo de rodovias e ferrovias
c) climática, porque diminui a insolação na região.
pré-existentes passam a não contribuir para esta
nova fase da industrialização. d) política, pois deixa de atender ao mercado
externo.
e) ambiental, porque reduz a biodiversidade regi-
6. As  ferrovias  comandaram  o  transporte  até  onal.
meados  do  século  XX.  Sua  rigidez  levou  a  redu‐
ção  da  participação  do  total  transportado  no 
país.  9. (Pucpr)  A  Ecologia  presta  muita  atenção  aos 
O item que confirma a afirmativa acima é: solos, pois estes são a base de todo o ecossiste‐
ma  pousado  sobre  eles.  No  Brasil,  temos  solos 
a) as ferrovias envelheceram e não coincidia com
de boa fertilidade que permitem grande aprovei‐
a região mais dinamicamente desenvolvida.
tamento agrícola. 
b) as rodovias coincidindo com as áreas servidas
Sobre os solos brasileiros, a afirmação IN-
pelas ferrovias sobrepõe-nas devido a sua melhor
CORRETA é:
flexibilidade
a) A decomposição e desagregação das rochas no
c) a capacidade de transporte de outros meios
seu local de origem formam os solos eluviais.
levou as ferrovias a serem desativadas.
b) A terra roxa é encontrada principalmente no
d) a administração das ferrovias pelo governo
Planalto Meridional Brasileiro.
federal, via RFFESA, não garantiu os
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
investimentos na modernização das ferrovias, c) O massapé, solo escuro riquíssimo em matéria
porem garantiu a sua expansão. orgânica, é encontrado no Nordeste e sua utiliza-
ção é histórica no cultivo da cana-de-açúcar em
e) o transporte ferroviário, devido ser mais
épocas coloniais.
oneroso que o rodoviário, foi substituído por este
logo que se desenvolveu a indústria d) No Centro-Sul do país, observa-se presença do
automobilística no país. solo denominado salmourão.
e) O massapé e a terra roxa, quanto a sua origem
podem ser classificados como solos aluviais.
7. É INCORRETA a afirmativa: 
a) a partir das décadas 1970 e 1980, com a
expansão da fronteira agropecuária, a 10. (UFMG)  Considerando‐se  a  organização  es‐
garimpagem e a mineração acentuou-se o fluxo pacial  da  indústria  na  Região  Sudeste  brasileira, 
migratório para as regiões Norte e Centro-Oeste. é INCORRETO afirmar que  
b) houve um declínio do crescimento a) a concentração geográfica da indústria no espa-
populacional natural no Sudeste no período ço intra-regional foi responsável, em décadas
posterior a 1970. recentes, pelos processos de deseconomia de
c) houve uma inversão do fluxo migratório aglomeração na Região.
interno, da região mais industrializada para as
novas fronteiras agrícolas. 49
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b) o transporte ferroviário constituiu a principal a) grande profundidade, permitindo a sustentação
via de integração do espaço oriental brasileiro, prolongada da vegetação nativa e das culturas que
viabilizando a expansão do mercado interno da a substituem.
produção industrial do Sudeste.
b) grande fertilidade, relacionada aos nutrientes
c) a moderna industrialização do campo foi intro- originários dos sedimentos trazidos pelos rios.
duzida nessa Região, de forma pioneira no País,
com o desenvolvimento da agroindústria de soja e c) grande fragilidade, relacionada a sua pouca
laranja em São Paulo. espessura e dependência da camada de material
orgânico proveniente de plantas.
d) o processo de industrialização, ainda em sua
etapa inicial, recebeu suporte do Governo pela d) baixa acidez, facilitando a adaptação de
implantação de empresas estatais no Rio de Janei- projetos de reflorestamento à medida que certas
ro e em Minas Gerais. áreas vão sendo devastadas.
e) baixa produtividade, gerando espécies nativas
pouco aproveitáveis comercialmente, bem como a
11. Sobre  a  localização  do  Brasil  é  CORRETO 
rotatividade de outros cultivos.
afirmar que: 
a) O Brasil localiza-se na América do Sul, ocu-
pando a porção centro-oriental do continente. 14. Na(s)  questão(ões)  a  seguir  escreva  nos 
b) A distância leste-oeste (Ponta Seixas – PB à parênteses  (V)  se  for  verdadeiro  ou  (F)  se  for 
Serra Contamana – AC) é ligeiramente superior à falso. 
distância norte-sul (Monte Caburaí – RR à foz do O Brasil possui uma das mais amplas,
Arroio Chuí – RS). diversificadas e extensas redes fluviais de todo o
c) Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são mundo. Em relação à rede hidrográfica brasileira
os dois únicos Estados inteiramente abaixo do podemos dizer:
Trópico de Capricórnio.
( ) em sua maior parte, os rios brasileiros são
d) O Chile, a Bolívia e o Equador são os únicos perenes, isto é, nunca secam;
países da América do Sul que não fazem limites
( ) no Brasil, predominam rios com foz do tipo
com o Brasil.
delta, com exceção do rio Amazonas que possui
e) Apesar de ser um país de grande extensão lon- foz do tipo misto;
gitudinal, o Brasil possui um único fuso horário.
( ) na bacia Amazônica, além do rio Amazonas
e de seus afluentes, podemos observar a presença
de paranás-mirins, que são córregos ou pequenos
12. Assinale  a  alternativa  que  contém  duas  cau‐
rios que unem rios maiores entre si;
sas que prejudicam a navegação fluvial no Brasil. 
( ) a bacia do Tocantins-Araguaia, apesar de
a) A maior parte dos rios é de planalto e os rios de
apresentar muitos trechos navegáveis, possui um
planícies situam-se longe das áreas mais
importante potencial hidrelétrico, encontrando-se
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO

desenvolvidas.
nela a usina do Tucuruí, cuja energia abastece o
b) Os rios não têm volume de água suficiente e as projeto Carajás;
embarcações são muito deficitárias.
( ) o São Francisco é um rio de planalto, que
c) A rede de drenagem é endorrêica e os rios de nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e
planícies encontram-se fora das áreas mais atravessa os estados da Bahia, Pernambuco,
desenvolvidas. Alagoas e Sergipe.
d) O custo de transporte rodoviário é baixo e a
expansão da rede ferroviária foi rápida.
15. Verifique  se  os  itens  a  seguir  apresentam 
e) A maioria dos rios é intermitente e as CORRETAMENTE  características  de  três  bacias 
embarcações possuem pequeno calado. hidrográficas brasileiras e o seu aproveitamento: 
I - BACIA AMAZÔNICA - A maior do Brasil. O
13. Os  solos  amazônicos,  nos  quais  está  rio principal é de planície, excelente para a
navegação. Nos seus afluentes, existem inúmeras
sustentada  a  densa  floresta  equatorial  úmida, 
cachoeiras, o que lhe confere um elevado
podem ser caracterizados pela 
potencial hidráulico.
II - BACIA DO SÃO FRANCISCO - O rio
50 principal nasce em Minas Gerais e percorre áreas
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de clima semi-árido no interior nordestino. Parte 17. Analise  as  afirmativas  abaixo  sobre  o 
de seu curso é utilizado para a navegação, como processo de industrialização no Brasil e, a seguir, 
fonte de energia e para a irrigação de uma área do assinale a alternativa correta. 
Sertão nordestino.
I. Muitas das economias externas necessárias à
III - BACIA DO PARANÁ - O rio principal, atividade industrial, como centrais elétricas,
formado pelos rios Grande e Paranaíba, deságua usinas siderúrgicas e estradas, entre outras, foram
no estuário do Prata. A bacia é formada por rios feitas à custa dos investimentos do Estado
de planalto, e o seu potencial energético é brasileiro.
amplamente aproveitado.
II. A aceleração do processo de substituição das
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): importações do Brasil, a partir da II Guerra
a) I Mundial, revelou que as economias externas do
Sudeste já apresentavam condições para produzir
b) II bens de consumo duráveis.
c) I e II III. A política de descentralização industrial,
d) II e III promovida pelo Estado brasileiro, foi motivada
por uma necessidade de integração territorial e
e) I, II e III potencialização dos fluxos migratórios
interregionais.
a) Somente I está correta.
16.  (Vunesp) Observe o esquema que se refere a 
um  dos  mais  importantes  momentos  do  b) Somente II está correta.
processo de industrialização brasileira. 
c) Somente I e II estão corretas.
Assinale a alternativa que completa, correta a I e
d) Somente II e III estão corretas
e) Todas as afirmativas estão corretas.

GABARITO
II respectivamente, o esquema.

1. A 2. D 3. C
a) estrangeiros (multinacionais) -investimentos
em infra-estrutura.
Capítulo: GEO 01 - PRODUÇÃO E TERRITÓRIO
4. C 5. C 6. B
b) nacionais (originários do café) - políticas de
privatização.
7. E 8. E 9. E
c) nacionais (originários da pecuária) -
investimentos em infra-estrutura. 10. B 11. A 12. A
d) estrangeiros (multinacionais) - políticas de
privatização. 13. C 14. V F F V V 15. E
e) nacionais (originários do café) - formação de
mão-de-obra especializada. 16. A 17. A

51
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GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO


alguns problemas que são recorrentes nas
discussões em geral:
Meio ambiente e 1) Efeito  estufa – o efeito estufa é o aumento
urbanização: questões e da capacidade da atmosfera em acumular calor na
problemas atmosfera. Os gases – principalmente o CO2 –
aumentam a capacidade de reter calor. A mudança
O meio ambiente não estabelece fronteira. A da composição da atmosfera faz com que
fábrica que emite poluente na Alemanha causa tenhamos a temperatura aumentada com o passar
chuva ácida na França. Os dejetos da cidade de do tempo. A pergunta básica é – porque não
São Paulo poluem o Tietê, que se dissolve no mudar a emissão de carbono porque a energia do
Paraná, e por aí vai até chegar ao oceano. petróleo é barata e a indústria de bens é muito
dependente dos derivados de petróleo – vamos
A interação do meio mostra que ações isoladas passar um dia sem plástico, sem tecidos de
trazem resultados pequenos devido à microfibra, sem solventes, etc. É possível
interdependência ambiental. As mudanças que imaginar tal reestruturação?
observamos geram desconforto e incertezas. Essas
incertezas afetam também o sistema produtivo, ou 2) Ilhas  de  calor – todo material tem uma
a possibilidade de gerar lucro fácil. capacidade de reter calor e essa capacidade foi
medida e chama-se albedo. É a medida da
Na década de 1950 foram transferidas diversas quantidade de radiação solar refletida por um
indústrias para os países pobres. Essas empresas corpo ou uma superfície. É calculado como sendo
buscavam mão-de-obra barata e leis ambientais a razão entre a quantidade de radiação refletida
mais flexíveis – quando não existentes. Essa era pela quantidade de radiação recebida. O albedo é
uma estratégia de desenvolvimento daquele considerado como sendo em relação à faixa do
momento que busca ampliar o lucro com mão de espectro visível e em relação à normal da
obra barata e baixo custo de investimento em superfície do astro e é medido em uma escala que
proteção ambiental. varia de 0 a 1. 0 (zero) equivale a uma reflexão,
Com as mudanças que se observou ao longo isto é, toda a luz recebida é refletida, ao passo que
do século XX observou que esta não afetaria 1 (um) equivale a uma absorção total. Em estudos
somente os países pobres, ou seja, controlar sobre aquecimento global e ilhas de calor estes
somente a natalidade na periferia mundial e fatores são importantes, pois algumas mudanças
continuar com o mesmo comportamento no no albedo podem equilibrar os efeitos causados
sistema produtivo não traria a redução da pressão pelo aquecimento global.
sobre o meio ambiente. No caso da ilha de calor, o albedo dos
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

Com isso se inicia uma ação ambiental que materiais construtivos é calculado levando em
passa a ser executada em todo mundo, em ritmos consideração não somente a luz visível, mas as
diferenciados. Daí vem a proibição do uso de radiações infravermelha e ultravioleta na medida
determinados produtos como o DDT (Dicloro- em que todas influenciam no microclima urbano.
Difenil-Tricloroetano (DDT) se tornou um dos Como conceito a Ilha de calor: é o nome que se dá
mais conhecidos inseticidas de baixo custo) – para o aquecimento climático maior das áreas
lembrem-se da música de Raul Seixas, a mosca urbanas em relação às áreas rurais circunvizinhas.
que falava sobre o uso do DDT. O contraste entre a temperatura média no centro
de uma grande cidade e de suas áreas rurais
A discussão sobre o meio ambiente vinha, de vizinhas varia, em média, de 4 a 6°C, podendo
certa forma, disfarçada na resistência ao chegar a 11°C, levando a um grande desconforto
imperialismo vigente. A canção de Odair José – da população durante o verão e a um grande
Pare de tomar a pílula – também faz uma crítica aumento no consumo de energia elétrica usada na
ao que se observava para o controle da natalidade refrigeração dos ambientes domésticos,
como forma de denunciar o modelo imposto pelo comerciais e industriais.
sistema dominante.
O que se vê nesse processo é que chegamos no
século XXI, com graves problemas ambientais
herdados da despreocupação e da incompreensão
que o meio ambiente é um sistema e está
52 interligado. Desse modo podemos relacionar

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Veja a figura abaixo:


PERFIL DE UMA ILHA DE CALOR

Fonte:EPA-US/Mod. E.Zimbres

1=Área residencial suburbana, 2=Parque; 3=Área urbana


residencial; 4=Centro; 5=Comercial; 6=Área suburbana
residencial; 7=Rural

Essa questão vem sempre acompanhada da


discussão das chuvas nos grandes centros. A
maior temperatura leva a uma elevação da
evaporação e a formação de nuvens que
aumentam a pluviosidade gerando chuvas
convectivas. Essas chuvas levam a ocorrência de
inundações que são agravados pelo isolamento do
solo urbano, com consequente aumento do
escoamento superficial. A falta de infraestrutura
de coleta das águas pluviais ou, quando da
existência desta, a precariedade dos serviços de
limpeza urbana ou de coleta de lixo levam aos
entupimentos de bueiros e galerias causando
transtornos como se vê nas figuras abaixo:

Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

Ainda podemos destacar os seguintes


problemas ambientais urbanos

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3) Produção  de  lixo  sólido - o descarte do lixo equilíbrio com os animais, aves e insetos da
em local inadequado além de contribuir para o região, por uma vegetação alienígena - o cultivo
aquecimento global também produz chorume que (pastos ou plantação agrícola).
polui o solo e o lençol freático.
Assim ao listarmos os problemas ambientais
4) Poluição  do  ar - emissão de poluentes pelos causados pela atividade agropecuária sempre
carros, fábricas, poeira, etc. listaremos os desmatamento como o principal
problema. Segue a esse o uso das queimadas
5) Poluição  das  águas - a produção de esgoto,
como estratégia para a limpeza da região
que na maioria das cidades brasileiras são
desmatada ou como manejo de pastagens.
lançados nos rios sem nenhum tratamento, polui
os mananciais que são as fontes para o Seguem abaixo alguns dos principais
abastecimento das próprias cidades. O uso de problemas:
detergentes com bactericidas é um problema ainda
a) Desmatamento – o desmatamento
maior, pois pode contribuir para desenvolver
apresenta-se como o maior vilão para a
microrganismos resistentes aos medicamentos que
quebra do equilíbrio ambiental. Se não
utilizamos nos tratamentos convencionais;
fosse somente a modificação do albedo da
6) Inversão  térmica - mais comum nas superfície – retirada da vegetação que tem
cidades mais frias. A camada de poluição impede baixa absorção de calor pela exposição da
a entrada dos raios solares até a superfície. Com terra nua que tem maior capacidade de
isso o ar frio próximo ao solo concentra a absolver calor, ainda desencadeia outros
poluição e aumenta os casos de doenças problemas que listamos a seguir:
respiratórias.
b) destruição  do  solo – devido à exposição
7) Erosão - a ocupação de encostas, em ao sol e chuva;
especial por moradias de população de baixa
c) aumento  do  escoamento  superficial –
renda, causa o avanço da erosão. E comum no
como não se tem as plantas para reduzir a
verão, período mais chuvoso, ocorrer
velocidade de escoamento, as águas das
deslizamentos nas encostas e causar mortes. Estes
chuvas escoam mais rapidamente,
deslizamentos podem atingir até bairros e cidades
diminuindo a percolação no solo – reduz
inteiras.
o abastecimento do subsolo;
8) Enchentes - uma das consequências da
d) aumento  da  erosão – os solos são
ampliação das áreas urbanizadas é o aumento das
erodidos pela ação efetiva da água;
chuvas torrenciais. Essas chuvas, normalmente de
verão, ocorrem devido ao maior aquecimento das e) aumento  do  assoreamento  dos  rios –
áreas urbanas e consequente aumento da com o aumento da erosão, as águas que
evaporação. Com isso há a formação de chuvas vão para os rios e lagos contém mais
convectivas. O maior volume de chuvas material sólido aumentando o aumento da
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

concentradas em um pequeno espaço de tempo sedimentação nos vales dos rios.


causa enchentes, principalmente devido a falta de
f) redução da vida nos rios e lagos – com o
um planejamento que preveja uma drenagem
aumento do assoreamento a composição
suficiente para atender a essa realidade.
química das águas se modifica e os rios e
9) Poluição  sonora  e  visual - este já é um lagos ficam mais rasos afetando
problema em quase todos centros urbanos. O uso diretamente na vida aquática;
de veículos aumenta a quantidade de ruídos, bem
g) redução  da  biodiversidade – com a
como o uso de placas e letreiros das lojas e
substituição da vegetação natural pela
propaganda, sem um planejamento adequado,
agricultura muitas espécies, animais e
causa também uma poluição visual significativa.
vegetais deixam de existir.
h) queimadas - outro problema que
podemos relacionar ao desmatamento é a
Os impactos da agropecuária QUEIMADA. Essa técnica aumenta a
na dinâmica ambiental emissão de CO2 e, infelizmente, é um
recurso muito utilizado pelos agricultores
Os impactos da produção agropecuária são para a limpeza das áreas desmatadas ou
graves devidos, principalmente, por haver a para a limpeza de pastagens degradadas.
substituição da vegetação natural, que tem

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impacto. Assim, falar em exploração sem impacto
significa fazer o homem retornar aos níveis de
tecnologia e consumo da idade da pedra, quando o
homem não passava de um ser integrado ao meio.
Naquele tempo a expectativa de vida do
homem era de algo em torno de 27 anos, e quando
falamos em expectativa é que a maioria sequer
chegava a essa idade.
O domínio do fogo, e consequentemente das
fontes de energia, permitiu ao homem uma
mudança técnica significativa de modo a poder,
na atualidade, ter a capacidade de obter energia de
diversas fontes, algumas mais eficientes, outras,
nem tanto.
Devo deixar claro que todas as escolhas são
motivadas pelo custo da energia produzida. A
popularização de uma tecnologia e consequente
uso e produção em larga escala reduz o custo da
energia, mas ainda não conseguimos superar a
nossa principal fonte de energia, talvez a mais
antiga utilizada pelo homem - o petróleo.
A exploração desta fonte permitiu desenvolver
mais que uma fonte concentrada de energia mas
também centenas de subprodutos que hoje está
presente em todos os setores de nossa vida.
Destacamos ainda como problemas associados
à produção agropecuária: É possível pensar em um carro movido a
álcool ou painéis solares, contudo estamos longe
1) compactação  do  solo - o uso intensivo de de arrumar um substituto para o plástico ou
maquinas agrícolas e o pisoteio do gado faz com benzina, o nafta, asfalto, ou outro subproduto.
que o solo seja compactado. Com a compactação
reduz a capacidade de percolação e influencia no Impossível substituir - NÃO. Viável a
abastecimento dos lençóis freáticos; substituição a curto prazo - TAMBÉM NÃO.

2) Poluição  das  águas - o uso de defensivos e


adubos, quando da ocorrência das chuvas, são Vejamos agora alguns prós e contras para
dissolvidos e poluem os rios e lagos. algumas fontes de energia:
3) Eutrofização - o aumento de adubo e Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
matéria orgânica nos rios e lagos levam ao
aumento da produção de algas. ÁLCOOL  

4) Salinização  do  solo - o uso da irrigação leva Entre as vantagens apresentadas está a
a concentração de sais no solo, reduzindo a recuperação econômica do Nordeste que passa por
produtividade. crises sucessivas, e ainda nos dias atuais apresenta
alternativa para a redução do aquecimento global.
5) Desertificação - em algumas áreas de clima
tropical pode ocorrer a desertificação. Há a perda Desvantagens - As primeiras críticas estão
da capacidade dos ecossistemas de regeneração e relacionadas as:
a capacidade de produzir. - não resolver o problema do diesel e sim da
gasolina – o transporte dependia do óleo;
- ocupação de terra férteis.
Energia e Meio Ambiente:
- trazia consigo o problema dos rejeitos –
impactos socioambientais das vinhoto e bagaço
diversas matrizes energéticas Com o avanço tecnológico a produção do
brasileiras álcool é muita aceita, pois passou a ser uma
alternativa a gasolina que polui muito mais. O
Ao explorarmos qualquer riqueza no meio
ambiente estaremos causando algum tipo de
vinhoto passou ser utilizado na produção de
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fertilizantes e o bagaço na produção de energia processamento industrial de celulose e bagaço de
em termelétrica e nas caldeiras das usinas, só não cana-de-açúcar.
resolveu questão da distribuição da terra.
Pró: aproveita restos reduzindo o desperdício.
 
CARVÃO MINERAL  HIDRELÉTRICA 
Pró - fonte de energia barata e abundante Pró: é uma fonte de energia renovável, que
Contra - produz efluentes altamente tóxicos produz eletricidade de forma limpa, não poluente.
como e outros metais pesados Libera CO2 que Contra: construção de barragens. Podem ter a
contribui para ao aquecimento global e para a operação prejudicada pela falta de chuvas.
chuva acida.

PETRÓLEO 
Pró - fonte de energia barata e abundante. É A dinâmica da natureza no
uma fonte de energia que tem grande penetração espaço brasileiro
tecnológica em outros setores econômicos.
Contra - produz efluentes altamente tóxicos
como e outros metais pesados Libera CO2 que A Dinâmica Climática no Brasil 
contribui para ao aquecimento global e para a
chuva acida.
O SER HUMANO E OS RECURSOS NATURAIS 

ENERGIA NUCLEAR  É possível viver sem explorar os recursos 
oferecidos pelo planeta? 
Alternativa para reduzir a dependência do
petróleo. Vamos estudar um pouco a relação tão séria
que existe entre as pessoas e a natureza, partindo
Problemas do princípio que para criticar é necessário
Exige grande investimento, demora para entrar conhecer. Podemos começar com a seguinte
em operação e produz lixo radioativo. Sofre o pergunta:
estigma de acidentes, como o de Chernobyl. QUEM DEPENDE DE QUEM?
Pró: produz eletricidade de forma limpa, não Não responda. Lembre-se – a pergunta não é
contribui para o efeito estufa. tão simples quanto parece. Vamos reformular a
pergunta par ficar mais claro.
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

ENERGIA ALTERNATIVA  É o ser humano que depende da natureza ou é


a natureza que depende de nós?
A resposta certa é:
EÓLICA - poluição zero. Pode complementar as
redes tradicionais. Nem o ser humano depende da natureza nem a
natureza depende do ser humano, pois não se deve
separar um do outro; na realidade nós, seres
SOLAR  - útil como fonte complementar em humanos, somos partes da natureza. E é óbvio que
residências e áreas rurais distantes da rede elétrica ao destruí-la estaremos destruindo a nossa própria
central. Índice zero de poluição. condição de sobrevivência no planeta.
Em sala de aula, é comum ouvir alguns alunos
fazerem críticas, ou até perguntarem a si mesmo –
GEOTÉRMICA - Aproveita o calor do subsolo como as pessoas podem ser tão cruéis com a
da Terra. É explorada nos Estados Unidos, natureza? “Precisamos proteger urgentemente o
Filipinas, México e Itália. Só é viável em algumas meio ambiente”. As pessoas não podem continuar
regiões, que não incluem o Brasil. explorando e acabando com a natureza da forma
como estão fazendo. Essas indagações são feitas
sem uma reflexão mais aprofundada. É importante
BIOMASSA - Agrupa várias opções como lembrar que foram os recursos retirados da
queima de madeira, carvão vegetal e o natureza que permitiram à construção de sua casa,
56 da escola, do hospital, do asfalto, de seu caderno,
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sua caneta, a roupa que está vestindo e tudo mais. (Pense naquele copo cheio de água fresca....
Ao ser alertado sobre esta situação, normalmente Aliás uma dica, beba muita água, um corpo bem
o aluno fica em dúvidas quanto às críticas feitas, e hidratado funciona melhor, inclusive o cérebro,
perguntam: se não podemos viver sem os recursos para guardar o que foi estudado.)
da natureza, como vamos poder preservá-la?
E os alimentos que consumimos?
Sabendo que o ser humano e a natureza fazem
Veja se você acertou as respostas.
parte de um todo, que não se excluem e sim se
completam, vamos estudar um pouco desta O ar vem da Atmosfera, a água vem da
natureza. Hidrosfera e a maioria dos alimentos é produzida
na superfície da Litosfera, e que ao alterar uma
NOSSO PLANETA.  
destas camadas, não tenha dúvidas que estaremos
Na verdade a natureza é formada por quatro alterando todas as demais camadas direta ou
camadas globais: a ATMOSFERA, a indiretamente.
HIDROSFERA, a LITOSFERA e a BIOSFERA.
Desse ponto em diante vamos estudar esses
As três primeiras camadas se relacionam, e partes
assuntos de forma separada, mas não podemos
de cada uma se somam e vão formar a quarta e a
esquecer que eles se completam, formando um
mais importante camada que é a BIOSFERA.
todo, que deve ser compreendido sempre em
Vamos estudar um pouco de cada uma delas.
conjunto.
 
AS QUATRO CAMADAS GLOBAIS DO
ATMOSFERA  
PLANETA
Observamos que é na atmosfera é que ocorrem
os fenômenos climáticos. Alguns esclarecimentos
1ª - ATMOSFERA – É a camada de ar que está iniciais:
em volta do planeta. Devido à força de atração da
Tempo – é a combinação passageira dos
Terra quanto mais próximo da superfície maior é
elementos do clima: temperatura, pressão
a concentração de gases. Principalmente o
atmosférica, umidade, ventos e precipitações
nitrogênio e o oxigênio e quanto mais elevada à
atmosféricas (chuvas).
altitude os gases vão diminuindo e a temperatura
também. É nesta camada que ocorrem os Clima – é a sucessão habitual dos tipos de
fenômenos atmosféricos como a formação de tempo em determinado lugar da superfície
nuvens, as precipitações, os relâmpagos, os terrestre.
trovões, os furacões e os tornados.
Para caracterizar um tipo climático são
2ª - HIDROSFERA – É a camada de água nos realizadas anotações das mudanças momentâneas
estados líquido, sólido e gasoso que formam os durante vários anos. Essas operações são
lagos, oceanos, mares, rios, geleiras, lençol realizadas em estações metrológicas, bóias
subterrâneo, inclusive fazendo parte da atmosfera, lançadas nos mares e oceanos e ainda dados de Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
na forma gasosa, como umidade do ar. balões metrológicos que fazem os registros das
Corresponde a da superfície do planeta, e como a camadas mais altas da atmosfera. As informações
atmosfera, a Hidrosfera é fundamental para a são processadas em supercomputadores que
existência de vida no planeta. reúnem os dados e permitem definir com maior
precisão as variações dos elementos  do  clima e
3ª - LITOSFERA – É a camada de rochas ou a
fazer previsões do tempo com alta qualidade de
crosta (casca). Parte sólida que forma a superfície
precisão.
da Terra; é formada por solo e subsolo. E na
litosfera e na hidrosfera que se concentram a A formação de um clima depende da
maior parte da vida no planeta. quantidade de luz que a superfície recebe e da
interação com o tipo de superfície – terra ou água.
4ª – BIOSFERA  ‐  É a soma de partes das três
camadas globais anteriores: a Atmosfera, a Os elementos que compõem o clima são:
Hidrosfera e a Litosfera, formando a camada onde
Temperatura 
temos os seres vivos do planeta.
Pressão atmosférica 
Vejamos: Umidade 
Ventos 
De onde vem o ar que respiramos?
Precipitações atmosféricas (chuvas). 
(Calma, respire fundo antes de responder)
A água que bebemos?
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Esses fatores contribuem para a diferenciação Lembremos o ciclo das águas.
dos tipos de climas e são denominados fatores
climáticos, são eles:

Latitude 
Altitude 
Continentalidade 
Maritimidade 
Correntes marinhas 
Considerando nosso objetivo devemos
observar as características do nosso país e a
posição deste no globo terrestre para
compreendermos os diversos tipos de climas
existentes em nosso país.
92% está na zona intertropical (entre o
Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio)
93% está no hemisfério sul. Devemos
considerar ainda que o hemisfério sul tem o O deslocamento das massas de ar se dá devido
predomínio das massas líquidas – oceanos – e a à formação de zonas de alta e baixa pressão na
característica física das águas também conferem superfície terrestre. A distribuição desigual da
elevado grau de umidade. energia local nas zonas de baixas, médias e altas
Massa  de  ar – é uma grande porção da latitudes causa um aquecimento diferencial da
atmosfera, que se caracteriza ou se individualiza superfície terrestre e também a formação de áreas
por suas qualidades de temperatura e umidade. com pressões deferências.

Podem ser Equatoriais, tropicais ou polares e Lembremos as características físicas da


as suas características estão associadas ao local atmosfera.
onde se originam. As massas de ar têm as suas Frio – ar mais denso, maior peso, maior
características de temperatura e umidade pressão.
relacionadas ao local de sua formação.
Quente – o ar se expande – menor peso, menor
pressão.
Veja o quadro resumo. O balão de ar quente sobe porque está mais
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

leve. O mesmo ocorre com a camada de ar nas


áreas de baixa latitude. Ao subir, abrem espaço
Temperatura Umidade para ser ocupada por outra porção de ar. Esse
Equatoriais Marítima
movimento permite que as massas de ar se
desloquem das áreas de maior para as de menor
Tropicais Continental pressão.
Polares No deslocamento das massas de ar elas vão
imprimindo as suas características de temperatura
e umidade nas áreas em que vão ocupando e
A umidade das massas de ar vem do processo também modificando as suas próprias
de evapotranspiração que ocorre na superfície da características ao interagir com outras massas de
terra. ar de características diferentes, ou seja, perdem
parte de suas características originais. O contato
entre as massas de ar geram a frentes.

Frente  fria – zona de contato entre uma massa


de ar fria e outra quente.
Frente  quente - zona de contato entre uma
massa de ar quente e outra fria.
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MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL   
mTa  –  Tropical  Atlântica – quente e úmida.
Formada no anticiclone de Santa Helena, próximo
ao trópico de capricórnio. Forma os ventos alísios
de Sudeste. Atua no litoral do Brasil. Forma as
chuvas frontais de inverno ao interagir com a
mPa.
Ao entrar no continente forma as chuvas
orográficas ao interagir com o relevo mais
pronunciado, por exemplo, a serra do mar. Nessa
região é registrado o maior índice pluviométrico
do país.
mTc  –  Tropical  Continental – quente e seca.
Tem sua origem na Depressão do Chaco. Na
primavera e verão encontra-se com a mEc,
provocando chuvas. No outono e inverno,
encontra-se com a mPa, ocorrendo baixo índice
pluviométrico.
mPa  –  Polar  Atlântica – formada no atlântico
sul é uma massa de ar fria e úmida. Ao dirigir
para nosso país perde parte de suas características,
principalmente de umidade.

Atua no Brasil em três ramificações:


 
Primeiro  ramo – avança pelo litoral e, sem
obstáculos, atinge até o nordeste, provocando as
chuvas de inverno. Como se desloca pelo litoral e
se associa com a mTa, ventos alísios de sudeste,
mantém sempre úmida.
 
Segundo  ramo – sobre para as regiões altas do Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
território (planalto meridional) e mantém as
características de temperatura. É responsável
pelas geadas nos estados do sul e SP. Os ventos
dessa massa de ar são o minuano e o pampeiro.
 
mEc  –  Equatorial  Continental – quente e
úmida. Tem sua origem na noroeste da Amazônia. Terceiro  ramo – segue pelas áreas de planície
Sua umidade vem da grande evapotranspiração na do interior do território e sem obstáculos chega
região, apesar de ter sua origem no continente. até a Amazônia causando o fenômeno da
Atua, no verão em todas as regiões do Brasil, até FRIAGEM.
o norte do PR. No inverno tem sua atuação
restringida à Amazônia.
Veja o mapa dos tipos climáticos no Brasil e
  os climogramas referentes a cada tipo climático.
mEa  –  Equatorial  Atlântica – quente e úmida.
Tem sua formação na região do anticiclone dos
Açores. Sua atuação no Brasil restringe à porção
norte do território, litoral das regiões N e NE.
Forma os ventos alísios de nordeste.

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Climograma – é um gráfico de dupla entrada.


A linha corresponde à variação da temperatura e
latitude, altitude, continentalidade, maritimidade e
as colunas referem-se ao índice de pluviosidade
correntes marítimas.
do mês correspondente.

Desta forma podemos acabar por concluir que


Tipos climáticos 
o clima de um local está ligado à sua posição
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

Equatorial – quente e úmido  geográfica no globo terrestre.


Tropical  –  verão  úmido  e  inverno  Analisando o mapa a seguir, indagamos quais
seco.  características podemos verificar nos tipos
As variações do clima tropical são:
Tropical de altitude, tropical litorâneo, tropical
semi-árido.
Subtropical – verões quentes e invernos frios
com boa distribuição das chuvas ao longo do ano.
Fazendo um breve resumo, podemos
conceituar o clima como um estado médio das
condições atmosféricas ao longo de um longo
período de tempo, enquanto o tempo representa o
estado momentâneo da atmosfera.
Para se classificar o clima devem ser
conhecidos os elementos climáticos –
temperatura, chuva, umidade, massas de ar, vetos
e pressão atmosférica - e os fatores climáticos –

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GEO 02
climáticos do Brasil (para refletir). Relevo brasileiro – predomínio de planaltos.
Clima – predomínio de climas quentes e
úmidos.
Climas Controlados por Massas de Ar
Equatoriais e Tropicais  Essas duas características nos ajudam a
compreender a realidade da nossa rede
 
hidrográfica que é rica em rios e pobre em lagos,
Equatorial  Úmido (Convergência dos predomínio do regime pluvial com o predomínio
Alísios) de rios perenes e drenagem exorréica.
 drenagem  exorréica – os rios deságuam para
Tropical (Inverno seco e verão úmido)
fora do continente – nos oceanos
Tropical  Semi‐Árido (Tendendo a seco pela  drenagem  endorréica – os rios deságuam para
irregularidade da ação das massas de ar) dentro do continente – em lagos.

Litorâneo  Úmido (Influenciado pela Massa


Tropical Marítima) Observe o mapa na página seguinte e verifique
a riqueza de nossos rios e a conformação das
grandes bacias hidrográficas.
Climas Controlados por Massas de Ar  Quanto ao tipo de foz, predomina a
Tropicais e Polares  desembocadura na forma de estuário (as águas
escoam por um único canal), sendo exceções os
 
rios Paraíba do Sul e Paranaíba, que têm a foz em
Subtropical  Úmido (Costas orientais e delta (desembocadura por vários canais), e o
subtropicais, com predomínio da Massa Tropical Amazonas que tem foz mista.
Marítima).
O predomínio de rios planálticos confere
Fonte: Atlas Geográfico Escolar - Maria Elena Simielli/Mário De Biasi
grande potencial hidrelétrico. Os rios de planície
têm aproveitamento para a navegação. Esse tipo
De acordo com a classificação climática de Arthur
de transporte é mais desenvolvido na região Norte
Strahler, predominam no Brasil cinco grandes
do país, mas vem ganhando expressão devido ao
climas, a saber:
baixo custo desse tipo de transporte.
1) Clima equatorial úmido da convergência dos
alísios, que engloba a Amazônia;
AS BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS  
2) Clima tropical alternadamente úmido e seco,
SÃO: 
englobando grande parte da área central do país e
litoral do meio-norte;
3) Clima tropical tendendo a ser seco pela Bacia Amazônica  Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
irregularidade da ação das massas de ar,
englobando o sertão nordestino e vale médio do Ocupa uma área de 6.892.475 Km2, dos quais
rio São Francisco; e 3.984.467 km2 estão em território brasileiro.

4) Clima litorâneo úmido exposto às massas A maior bacia hidrográfica do planeta tem sua
tropicais marítimas, englobando estreita faixa do vertente delimitada pelos divisores de água da
litoral leste e nordeste; cordilheira dos Andes, pelo planalto das guianas e
pelo planalto central. Seu rio principal nasce no
5) Clima subtropical úmido das costas orientais e peru, como o nome de Marañon, e passa a ser
subtropicais, dominado largamente por massa denominado Solimões da fronteira brasileira até o
tropical marítima, englobando a Região Sul do encontro com o rio Negro, a partir daí, recebe o
Brasil. nome de Amazonas. É o rio mais extenso (total de
7.100 km) e de maior volume de água no planeta.
Os rios dessa bacia correm sobre um relevo
Dinâmica da Hidrografia  predominantemente plano, o que reduz a
velocidade das águas, criando um padrão
meândrico, com lagos marginais e campos de
O estudo da hidrografia está intimamente inundação nos períodos das cheias. São típicos os
ligado ao estudo do clima e do relevo. Então igarapés (pequenos córregos).
vamos relembrar alguns detalhes:
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GEO 02
O alto índice pluviométrico na região permite concentra nos rios tributários que estão em áreas
a formação de rios perenes com grande volume de de relevo planáltico.
água. O potencial hidrelétrico da bacia se
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

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Seus afluentes provenientes do hemisfério muito importantes os seus afluentes e formadores,
norte têm cheias de julho a setembro e os do como os rios Grande, Paranaíba, Tietê, Paranapa-
hemisfério sul, de dezembro a março. Isso nema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia hidrográ-
contribui para que a bacia apresente um regime fica é a que tem a maior produção hidrelétrica do
complexo, com mais de uma cheia anual. país, abrigando a maior usina hidrelétrica do
mundo: a Usina de Itaipu, no Estado do Paraná,
O avanço do desmatamento e do garimpo a projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.
região tem trazido grandes problemas ecológicos
como o aumento da erosão e, com isso, aumento
de sedimentos a serem transportados pelos rios. Bacia do Paraguai  
Essa realidade tem aumentado o assoreamento o
que causa, nos períodos de vazante, o surgimento Nasce na serra do Araporé, em Mato Gros-
de bancos de areia que atrapalham a navegação. so, a cerca de 100 km de Cuiabá, cortando de
norte a sul a enorme planície do Pantanal.
A bacia tem como característica um regime
misto: pluvial e nival. È uma bacia de planície, com bom aprovei-
tamento para a navegação. A bacia possui 2.345
km navegáveis, por onde circulam muitas merca-
Regime  fluvial  corresponde  ao  volume  de  água  dos 
dorias, destacando os minérios de ferro e manga-
rios durante o ano, se o aumento do volume das enchen‐
nês, extraídos do maciço do Urucum e embarca-
dos nos portos de Corumbá e Porto Murtinho.
tes e vazantes foi provocado por água da chuva caracteri‐
za‐se então por regime fluvial. Caso a enchente e vazante 
sejam  decorrentes  do  degelo  em  montanhas  é  denomi‐
nado  de  regime  níval.  Às  vezes  podem  ocorrer  os  dois 
Bacia do Uruguai 
casos em um mesmo rio (ex. rio Amazonas)  Formada pela junção do rio Canoas, que
vem de SC, com o rio Pelotas, que vem do RS.
Depois de fazer a divisa entre os dois estados o rio
Bacia do Tocantins‐ Araguaia  Uruguai desvia-se para o sul. Separando as terras
do Brasil e Argentina, indo desembocar próximo a
Ocupa uma área de 803.250 km2, metade Buenos Aires, no rio da Prata, após ter percorrido
pertencente ao rio Tocantins e metade ao rio Ara- uma extensão de 1.500 km.
guaia.
O rio Tocantins nasce a cerca de 250 km
de Brasília com sua nascente no Brasil central, em Bacia Platina 
Goiás. O rio Araguaia nasce em Mato Grosso, na
fronteira com o Goiás, circunda a ilha do Bananal É a segunda maior bacia do mundo e é
(maior ilha fluvial do mundo) e une-se ao rio formada pela confluência dos rios Paraná, Para-
Tocantins no estremo norte do estado de mesmo guai e Uruguai. A navegação nessa bacia é impor-
nome, ai definindo a região denominada Bico do tante devido permitir a integração de territórios
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
Papagaio. dos países pertencentes ao Bloco Econômico do
Mercosul.
Ambos os rios apresentam variações de
declividade ao longo do percurso, o que lhes con-
ferem bom potencial hidrelétrico. Nessa bacia é Bacia do São Francisco 
importante lembrar a construção da Hidrelétrica
de Tucurui que foi construída com o objetivo de Drena terras de cinco estados, MG, BA,
fornecer energia para o Projeto Carajás. PE, SE e AL, fazendo a ligação entre o NE e o
SE.
O rio São Francisco tem extensão de 4.133
Bacia do Paraná  km, drenando uma área de 631.133 km2, nasce na
Drena a porção centro-meriodional do país, serra da Canastra. Apesar de atravessar uma regi-
abrangendo os estados de MG, O, MS, SP, PR, ão de clima semi-árido, o rio é perene devido ter
SC com área de 891.309 km2. sua nascente em área de clima tropical, chuvoso.

Tem como rio principal o rio Paraná, o dé- No seu trecho inicial, após a descida da
cimo sétimo mais extenso do mundo, com 2.940 serra da Canastra, está a hidrelétrica de Três Ma-
km. rias. No interior do NE apresenta novas hidrelétri-
cas que tem função importante no fornecimento
O rio Paraná tem suas nascentes na região de energia para a região e no plano de desenvol-
Sudeste, separando as terras do Paraná do Mato vimento industrial do NE.
Grosso do Sul e do Paraguai. O rio Paraná é o
principal curso d'água da bacia, mas também são 63
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O trecho navegável dessa bacia está no tre- estados de MG, MS, GO, SP, PR, SC e RS. É um
cho entre Pirapora, em MG, até Juazeiro, na BA. sistema transnacional.
Atualmente, discute-se o uso das águas do A preocupação com o aquífero é manter a
São Francisco para outros fins, como o projeto de qualidade da água, que ainda está livre de conta-
transposição e ainda o uso para a irrigação. minação. Devido a sua ocorrência coincidir com
uma área de grande desenvolvimento agrícola,
com intenso uso de químicos no cultivo, é uma
Bacia do Nordeste  preocupação o monitoramento e controle do uso
de agrotóxicos visando a preservação do aquífero.
Esse é um conjunto de bacias agrupadas
em uma área de 884.835 km2. Abrange grande
área no NE – do MA a SE – e caracteriza-se por
apresentar dois tipos de rios: Dinâmica da vegetação ‐
o Rios  perenes – predominantes na parte oci- Aspectos Biogeográficos e os
dental da região, destacando-se o rio Parnaíba Ecossistemas no Brasil
no qual foi instalado a usina hidrelétrica de
Castelo Branco.  
o Rios  temporários – predominantes na parte DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 
mais interior do território e nos litorais do CE
e RN, Nessa áreas há inúmeros açudes, cons- Os domínios morfoclimáticos são entendidos
truídos para reter a água recolhida no período como a combinação ou síntese dos diversos
chuvoso e assim amenizar o efeito da seca. elementos da natureza, caracterizando ou
Destaca-se entre os açudes o de Orós, no rio individualizando uma determinada porção do
Jaguaribe. território.
A paisagem natural é constituída por vários
elementos: estrutura geológica, clima, relevo,
Bacia de Leste   solos, vegetação e hidrografia - que se
Esse agrupamento de bacias entende-se de influenciam mutuamente, cada um deles
SE até o litoral paulista. Seus rios descem direta- interligado aos demais e definindo um conjunto
mente dos planaltos e serras para o oceano, apre- particular.
sentando, por isso, inúmeras corredeiras e quedas Dentre esses elementos, destaca-se,
d´água, o que dificulta a navegação, Devido a não principalmente, o clima e o relevo como
integração dos rios o volume de água é pequeno o
fundamentais pela influência que exercem sobre o
que também interfere no aproveitamento energéti-
meio ambiente. Desde a sua formação (± 4,5
co.
bilhões de anos), a Terra sofreu várias
modificações em seu clima, com períodos de
aquecimento e resfriamento, elevação ou
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

Bacia de Sudeste  diminuição de chuvas, sendo algumas em escala


Esse agrupamento estende-se do litoral sul global e outras de dimensão local. As alterações
de SP até o RS, compõem-se predominantemente ocorridas nos últimos 2 milhões de anos são as
de rios de planalto e, portanto, com poucas possi- que deixaram vestígios mais evidentes: nos
bilidades de navegação. períodos frios, ocorreu o aumento das geleiras
polares e das áreas montanhosas, que diminuíram
Nessa bacia destacam-se os rios Camaquã,
Jacuí, no RS, Itajaí, em SC, e Ribeira do Iguape, seus limites quando a temperatura média da Terra
em PR e SP. voltou a elevar-se. As médias e altas latitudes
foram as mais afetadas por esses fenômenos.
Já nas baixas latitudes ocorreram,
Bacia do Amapá   paralelamente, fases chuvosas e secas, durante as
quais os domínios naturais se modificaram, com
Formada pelos rios Oiapoque e Araguari.
avanços e recuos de florestas tropicais, savanas e
desertos.
O aquífero Guarani  Assim, o clima atuou como modificador do
meio ambiente e ainda hoje, devido às alterações
È responsável por cerca de 80% da água mais recentes provocadas sobretudo, pela
acumulada na Bacia Sedimentar do Paraná. Es- ocupação humana, continua a provocar
tende-se pelos países da Argentina, Paraguai, transformações ambientais.
Uruguai além do Brasil. Aqui estende-se pelos
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Quanto ao relevo, as forças endógenas – vasta bacia fluvial do mundo. O peso da natureza
internas - comandam sua formação através do é marcante. A floresta amazônica abriga uma
condicionamento estrutural; hipergêneses, grande variedade de espécies. É latifoliada pereni-
vulcanismos e terremotos provocam o surgimento fólia pois apresenta uma folhagem diversificada
de diferentes tipos de rochas que têm resistência na qual predominam as folhas largas que perma-
diferente aos processos de desgaste provocados necem verdes durante todas as estações do ano. A
pelas forças exógenas – externas - que modelam riqueza e a exuberância dos ecossistemas flores-
as formas do relevo. Os agentes externos tais contrastam com a pobreza de grande parte dos
formados pelas águas correntes, gelo, vento solos da região: mais de 70% do domínio amazô-
realizam o processo de desgaste e modelagem do nico é constituído por solos ácidos e intemperiza-
dos, de baixa fertilidade. Apenas algumas planí-
relevo. Dependendo da forma de relevo e
cies aluviais inundadas e apresentam solos ricos
considerando a sua origem geológica,
em nutrientes. Esse contraste revela a fragilidade
encontramos solos e vegetações diferenciados em
do ecossistema amazônico. A reciclagem dos
cada domínio espacial. nutrientes orgânicos e minerais necessários à
As modificações que o homem vem manutenção dos ecossistemas regionais não é feita
produzindo com as atividades econômicas e, pelos solos, mas pela própria floresta. Os solos
sobretudo, com a construção de cidades, têm são responsáveis pela presença de pequenas man-
contribuído para as transformações das formas de chas de vegetação extraflorestal dentro da hileia.
relevo e, consequentemente, do meio ambiente. As toneladas de folhas, frutos e flores que caem
anualmente sobre o solo, se transformam em ma-
Os diversos elementos presentes no meio e terial orgânico e mineral devido a alta temperatura
que caracterizam os domínios morfoclimáticos e umidade que contribuem para o trabalho de
permitem delimitar esse domínios por reciclagem realizado pelos fungos e bactérias
caracterizações gerais a partir do clima, tipo de decompositora. Esse material decomposto é con-
relevo e paisagem vegetal, cada qual com sumido pela vegetação, ou seja, a vegetação se
dinâmica própria e interagindo com os tipos de nutre dela mesma.
rochas que formam o relevo e que é o substrato
b)  Cerrado  –  Domínio marcado por exten-
para ocupação de biomas vegetais permitindo aos
sos planaltos com chapadões sedimentares, clima
estudiosos delimitar com mais segurança os tropical típico com duas estações bem definidas
limites de cada domínio. (verão chuvoso e inverno seco), vegetação arbus-
Não é sempre que um mesmo elemento natural tiva e herbácea (cerrado), na maior parte, e matas
é o determinante da paisagem, da mesma forma de galerias ou ciliares junto aos rios. Apresenta
que não há delimitação precisa ou rigorosa entre solos pobres e ácidos. É o domínio que caracteriza
um domínio e outro, pois é muito difícil a região Centro-Oeste. As características climáti-
determinar com precisão tais limites. Daí existir cas são, em parte, responsáveis pela menor fertili-
entre um domínio e outro as chamadas áreas ou dade dos solos desse domínio. No verão, as chu-
vas abundantes "lavam" o solo, retirando seus
faixas de transição. Como exemplo, podemos citar
nutrientes; no inverno, a seca prolongada tem
a sub-região do meio-norte (MA/PI), onde
como consequência altas taxas de evaporação, o Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
predomina a mata dos cocais ou babaçuais, sendo
que provoca acúmulo do ferro e do alumínio,
esta uma área de transição entre os domínios responsáveis pela toxidez e acidez dos solos.
amazônicos a oeste e da caatinga do lado leste.
O cerrado, vegetação dominante, é com-
posto principalmente por dois estratos: o arbóreo-
PRINCIPAIS DOMÍNIOS DO BRASIL  arbustivo, de caráter lenhoso, e o herbáceo-
subarbustivo, formado pelas gramíneas e outras
  ervas.

Devido a sua grande extensão territorial c) Caatinga – Domínio que caracteriza o


(8,5 milhões de km2) o Brasil é marcada por uma sertão nordestino, marcado por um relevo planál-
grande diversidade de aspectos naturais e apresen- tico, onde aparecem áreas deprimidas (depres-
ta seis principais domínios morfoclimáticos e sões), delimitadas por planaltos e chapadas. O
diversas áreas não individualizadas, denominadas clima é semi-árido (quente e seco); a vegetação a
como de transição. ele adaptada é pobre e arbustiva, com presença de
cactáceas e plantas xerófitas. Os solos são rasos e
a) Domínio  Amazônico – Este domínio é pobres em matéria orgânica, mas ricos em sais
também chamado de terras baixas florestadas minerais.
equatoriais. Domínio marcado pelo predomínio de
terras baixas sedimentares (planícies) com clima A caatinga, vegetação dominante é uma
equatorial quente e úmido o ano todo. Apresenta formação vegetal adaptada ao calor e à aridez.
Suas espécies dominantes possuem folhas peque-
imensa floresta úmida e heterogênea e a mais
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GEO 02
nas e hastes espinhentas. Nas áreas de maior alti- planálticas.
tude, que recebem chuvas de relevo, encontram-se
alguns trechos de matas úmidas, conhecidas regi- e) Araucária - Este domínio ocupa os pla-
onalmente como brejos. O domínio macroecoló- naltos sedimentares-basálticos da porção oriental
gico da caatinga se caracteriza pela irregularidade da bacia do Rio Paraná, nos quais a altitude média
das precipitações e, principalmente, pela incapa- varia entre 850 metros e 1.300 metros. Original-
cidade de retenção da umidade, devido aos solos mente, esse domínio era revestido por uma flores-
rasos. ta subtropical conhecida corno mata das araucá-
rias e por manchas de vegetação herbácea e arbus-
d) Mares  de  morros – Domínio que cor- tiva. A devastação da mata das araucárias teve
responde à área do planalto atlântico, principal- início com a colonização alemã e italiana. Nas
mente no sudeste, onde o clima tropical úmido primeiras décadas do século, os colonos utiliza-
vam a madeira para a construção de casas, móveis
e artefatos domésticos. Também desatavam pe-
modelou um relevo bem característico, com mor- quenos trechos para a prática da policultura de
ros arredondados do tipo meia-laranja, conhecido alimentos.
como "mares de morros". As florestas originais
Este domínio aparenta relevo de cuesta, so-
que cobriam esta região foram quase totalmente
lo fértil (terra roxa) e elevado potencial hidráulico
devastadas com a substituição por cultivos agríco-
da bacia do Paraná. O clima é do tipo subtropical
las. A ação dos agentes do modelado sobre a es-
com inverno e verão rigorosos.
trutura geológica, predominantemente cristalina,
produziu um relevo típico de morros arredonda- f) Pradarias  ou  campos  (pampas) – Este
dos. Além dos "mares de morros", compõem a domínio abrange a região conhecida como Cam-
morfologia da região as escarpas planálticas que panha Gaúcha. Nele destaca-se a presença de um
separam o planalto cristalino da planície costeira. relevo suavemente ondulado na forma de colinas,
Originalmente, a floresta tropical úmida, conheci- conhecidas como "coxilhas". As colinas são reco-
da como Mata Atlântica, recobria cerca de 95% bertas por vegetação campestre. Este domínio é,
desse domínio; trata-se de uma formação florestal na verdade, um prolongamento do pampa argenti-
densa e heterogênea, extremamente rica em espé- no e uruguaio no sul do Brasil.
cies vegetais. Hoje restam menos de 4% da cober-
tura vegetal primária, verdadeiras ilhas florestais Trata-se de uma extensa área com predo-
em alguns trechos montanhosos das escarpas mínio de terras baixas, na qual se sobressai a
vegetação herbácea. A pecuária extensiva com
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

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suas estâncias (fazendas de gado) e a rizicultura - as espécies necessitam de uma quantida-
são as principais atividades econômicas nesse de de luminosidade para se reproduzirem;
domínio e contribuem para a modificação da co-
Observando essas afirmativas podemos
bertura vegetal original.
concluir que existem fatores que limitam à proli-
feração das espécies e desse modo influenciam na
cobertura vegetal. Assim, para compreendermos
DOMÍNIOS FITOGEOGRÁFICOS 
as diversas coberturas vegetais é preciso conside-
Chamamos de domínio fitogeográfico ao rar os diversos domínios climáticos existentes.
conjunto de tudo aquilo que existe na natureza:
relevo, climas, tipos de solos, vegetação, hidro-
grafia, geologia, suas relações e importância para
os seres vivos do planeta. Como a vegetação é
uma das partes que mais se destaca chamando a
atenção das pessoas, normalmente utilizamos a
formação vegetal que predomina num determina-
do espaço geográfico para indicar o domínio.

OS PRINCIPAIS DOMÍNIOS FITOGEOGRÁ-


FICOS, OU BIOMAS DO PLANETA, OU
MORFOCLIMÁTICOS
Na verdade, a forma como chamamos o
conjunto da natureza muda de uma ciência ou
disciplina para outra, mas o assunto estudado e o
resultado final são o mesmo. Tentar compreender
a natureza e os resultados positivos ou não da
interferência humana nas condições naturais e o
planeta. Portanto, no fundo, são sinônimos: domí-
nio morfoclimático, domínio climatobotânico,
bioma, biocenose, ecossistema ou meio ambiente.
Tudo isto vai resultar no que denominamos de
biosfera.

Vejamos  agora  as  especificidades  da  co‐


bertura vegetal brasileira 
 
Quando estudamos a vegetação nos vêm à Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
memória as grandes paisagens fotografadas pelo
mundo. São as belíssimas coberturas vegetais que
fazem parte dos cenários de vários filmes, qua-
dros, posters, calendários, cartões postais etc.
Quem não tem pelo menos uma história na
qual tenha como cenário uma bela paisagem que
foi palco para um momento durante a sua vida? O
interessante é que muitas vezes não associamos a
cobertura vegetal à realidade climática de uma
região, tão pouco a historia de ocupação do ho-
mem em uma região.
A distribuição das paisagens vegetais na
superfície terrestre está relacionada às caracterís-
ticas climáticas de cada lugar. Observemos as
seguintes afirmações:
- as espécies são adaptadas à quantidade de
água disponível;
- as espécies são adaptadas a uma tempera-  
tura média anual;
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Distribuição da vegetação no Brasil. 
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

Ao compararmos os mapas da vegetação e do Fonte: IBGE


clima podemos observar que o tipo de cobertura No mapa temos os biomas como um con-
vegetal se relaciona a um determinado tipo de junto de vida (vegetal e animal) constituído pelo
clima. Veremos mais adiante no estudo do clima agrupamento de tipos de vegetação contíguos e
que a pluviosidade e as temperaturas variam, identificáveis em escala regional, com condições
assim também ocorre como o tipo de vegetação. geoclimáticas similares e história compartilhada
Também observamos que a cobertura vegetal de mudanças, o que resulta em uma diversidade
varia conforme a oferta de água e a temperatura biológica própria.
média. Ainda influenciam na cobertura vegetal
elementos como o tipo de solo e outros fatores Essas diferentes formações vegetais estão
como as inundações periódicas. subdividas em quatro grupos:
Observe os seguintes dados referentes a área de Formações florestais; 
ocupação dos biomas brasileiros:
Formações complexas; 
Formações herbáceas; e  
Formações litorâneas. 
 

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GEO 02
VAMOS À CARACTERIZAÇÃO DE CADA GRUPO.  lucro diminuiu o que gerou pressão pela ocupação
de novas áreas aumentando, assim, o desmata-
  mento.
FORMAÇÕES FLORESTAIS   Floresta latifoliada tropical 
São áreas vegetais com espécies de grande Floresta exuberante, bastante parecida com
porte abrigando arvores menores, arbustos e her- a floresta equatorial. Heterogênea e densa aparece
báceas sob as suas copas. O país tem grandes em diferentes pontos do país onde a temperatura é
formações florestais classificadas em dois tipos: elevada e é alto o teor de umidade.
latifoliadas e acicufoliadas.
No litoral, com o nome de mata atlântica,
 Floresta latifoliada equatorial   estende-se do RN ao RS. No interior do SE ela
Conhecida como floresta amazônica ou aparecia em quase toda a área drenada pelo rio
hiléia e ocupa cerca de 40% do território nacio- Paraná e seus afluentes, sendo por isso conhecida
nal. Estende-se por quase toda a região Norte, como mata da bacia do Paraná.
pela porção setentrional do Mato Grosso e pela A intensa ocupação humana na região de
porção ocidental do Maranhão. ocorrência dessa cobertura vegetal está muito
Característica de clima quente e superúmi- degradada, deixando de existir em muitos pontos
do a floresta é extremamente heterogênea e densa. sendo substituída por áreas agrícolas.
Divide-se em três extratos: As áreas mais preservadas são as da serra
Igapó – parte da floresta que se desen- de mar que, devido ao tipo de relevo, dificultou a
volve nas partes baixas onde o solo é permanen- ocupação humana e a exploração florestal.
te inundado. Tem sua principal área de ocorrên- A destruição dessa vegetação remonta a
cia no baixo Amazonas. Espécies: piaçava, açaí, ocupação do território pelos portugueses e o de-
vitória-régia. senvolvimento da agricultura comercial voltada à
Várzea – parte da floresta que se desen- exportação. A cultura canavieira no litoral do NE,
volve na parte de médio relevo. Nessas áreas as o avanço do cultivo de café em SP e MG e atual-
inundações são periódicas. Espécies: Seringuei- mente a expansão urbana e o crescimento da ação
ra, cacau. das madeireiras e da poluição são fatores que
contribuem para a destruição dessa floresta.
Uma importante relação dessa área com a
produção local de alimentos. Com a inundação é
periódica há uma fertilização do solo que é utili-  Mata de cocais  
zado na agricultura.
Formação de transição, concentrada no
Terra  firme - é a parte da vegetação que meio-norte. Essa região é a transição de dois tipos
se desenvolve nas regiões mais altas que estão climáticos – a oeste o clima superúmido equatori-
livres da inundação. É o trecho mais exuberante al e a leste o semi-árido.
da floresta. Espécies: cedro, castanha, mogno.
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
Apesar da exuberância da floresta não en-
contramos grande fertilidade nos solos da região.
A manutenção da floresta se dá pela reciclagem
de nutrientes da própria floresta que disponibiliza
os nutrientes para a sustentação de tão grande
quantidade de plantas.
Como temos elevadas temperaturas e gran-
de umidade fica facilitada o trabalho dos microor-
ganismos na desintegração das folhas, galhos e
animais que morrem e recobrem o solo.
Experiências agrícolas na Amazônia mos-
traram-se desastrosas por negligenciar esse siste-
ma que ocorre na região. Com o desmatamento o
solo ainda mantinha boa fertilidade por alguns As espécies mais importantes dessa for-
anos. Com a agricultura intensiva, queimadas e a mação são o babaçu e a carnaúba. Essa última
falta de reposição o solo empobrecia, ficava ex- também é conhecida como a “árvore da providên-
posto ao grande volume de chuvas e em pouco cia” pois dela tudo se aproveita – a folha é utiliza-
tempo tornava o cultivo caro. É importante lem- da para retirar a cera e para cobertura das casas (é
brar que no inicio o baixo investimento em adu- ainda temos casebres cobertos de palha pelo Bra-
bação fez a atividade agrícola ter grande lucrativi- sil); o caule e a raiz dos quais são extraídos insu-
dade, mas após a queda da fertilidade natural o 69
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GEO 02
mos para medicamentos; sementes – bebida; fruto raízes longas que se aprofundam no solo em busca
– alimento. de água.
Como é uma região muito pobre e o extrativismo A visão paisagística do cerrado levou a
ser uma atividade importante a floresta foi prote- afirmação que seu aspecto era devido à pobreza
gida e é considerada de interesse social. As for- do solo sendo a área utilizada economicamente
mações naturais, mesmo em áreas privadas, po- para a pecuária extensiva, aproveitando o extrato
dem ser exploradas livremente pelas famílias. herbáceo do cerrado.
Com o crescimento da importância econômica do O desenvolvimento de novas técnicas agrí-
uso da cera e do óleo na indústria de cosméticos já colas e estudos sobre o solo do cerrado possibili-
se observa o plantio de cultivos comerciais de taram o cultivo nessa região o que acelerou o
babaçu e carnaúba na região. processo de degradação.
O cerrado está dividido em quatro estratos,
conforme a predominância vegetal:
 Floresta Acicufoliada subtropical 
o Campos limpos – predominam as gra-
A floresta acicufoliada é uma formação tí-
míneas;
pica do clima subtropical, menos quente e úmido.
As espécies de árvores têm as suas folhas finas e o Campos sujos – as gramíneas aparecem
alongadas (em forma de agulha - daí o nome aci- intercaladas com espécies arbustivas;
cufoliadas). Esse recurso no formato da folha
evita a perda de água pela transpiração devido ter o Campos cerrados (cerrado) – predo-
uma menor área para a transpiração. É relativa- minam as espécies arbustivas de menor
mente homogênea, apresentando poucas varieda- porte;
des, predominando a araucária (pinheiro-do-
paraná). o Cerradão – formações nas quais as co-
Estendia originalmente do sul de SP ao norte do pas das árvores se tocam criando som-
RS, mas devido ser uma formação mais homogê- bra. O estrato herbáceo-arbustivo fica
nea e aberta, com espécies de bom proveito para a reduzido.
indústria, facilitou a exploração intensa.
Nessa formação vegetal encontramos tam-
Espécies nativas: canela, araucária, imbuia. bém a presença das MATAS GALERIA ou MA-
TAS CILIARES que acompanham os cursos
d’água. A maior umidade das áreas próximas aos
FORMAÇÕES COMPLEXAS  mananciais permite a predominância de espécies
de maior porte.
As formações complexas correspondem
aos domínios dos cerrados, caatinga e do pantanal, A mata mais aberta e a presença de um re-
nos quais os estratos arbóreos e herbáceos convi- levo plano, com formações do tipo mesa, facilitou
vem na paisagem. o avanço da agricultura mecanizada o que impri-
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

miu forte processo de devastação do cerrado.


São formações herbáceas e arbustivas e
cada um deles apresenta características próprias,  Caatinga 
resultante dos elementos naturais que tornam-se
fatores limitantes a alguma espécie fazendo pre- Formação típica do clima semiárido do ser-
dominar outras espécies mais adaptadas. tão nordestino. Ocupa cerca de 11% do território
nacional.
 Cerrado 
Nessa formação vegetal encontramos espé-
Também denominado savana-do-brasil, o cies xerófilas (cactáceas), caducifólias e que de-
cerrado é a segunda formação vegetal mais exten- senvolveram mecanismos de redução da perda de
sa do país. Ocupava cerca de 25% do nosso terri- água, com é o caso da carnaubeira que têm as suas
tório (veja quadro anterior) mas tem sofrido inten- folhas cobertas por cera para reduzir a transpira-
so processo de devastação. ção ou ainda de várias outras espécies que trans-
formam parte de suas folhas em espinhos para
Típico das áreas de clima tropical com du- reduzir a perda de água.
as estações bem definidas aparece em quase todo
Brasil central, isto é, na região CO, sul do MA, O uso econômico da região de caatinga es-
oeste da BA e MG e norte de SP. tá ligado à produção agropecuária o que explora a
vegetação e obtém baixos rendimentos e afeta
Caracteriza-se pelo domínio de pequenas negativamente o equilíbrio ecológico. A pequena
árvores e arbustos retorcidos, com troncos cober- capacidade natural para sustentar a atividade pe-
tos de cortiça. Geralmente são espécies caducifó- cuária influencia na destruição da cobertura vege-
lias (folha que caem) para evitar a perda de água
70 durante a estação seca. Outra adaptação é ter as
tal original.

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GEO 02
xação das dunas, sem essa vegetação
as dunas ficam suscetíveis à ação do
FORMAÇÃO HERBÁCEA 
vento.
Essas formações são também denominadas
 Praia  –  são comuns as espécies halófi-
campestres e são compostas de vegetação rasteira,
las – planta adaptadas a ambiente sali-
com gramíneas e pequenos arbustos. Tem ocor-
nizados - que proliferam em ambientes
rência em todo território brasileiro e diferencia-se
ricos em sal, como a salsa-de-praia e o
de acordo com as características climática e pedo-
jundu, vegetação arbóreo-arbustiva do
lógicas (solos) da área de ocorrência.
litoral paulista.
 Campos  ‐  são os campos meridionais,
destacando-se a campanha gaúcha, no
RS. Nessa área encontramos a área de
gramíneas mais extensa e homogênea. Dinâmica da crosta terrestre
Também encontramos os campos de Va- ‐ estudo do relevo
caria, em MS. A atividade econômica
nessas áreas é a pecuária, mas a agricul-
tura mecanizada tem ocupado lugar de
Geologia e evolução da Terra 
destaque nos últimos anos.
Para o estudo da evolução da Terra tornou-
 Campos  de  hileia  –  correspondem às
se necessário dividir a sua existência em Eras que
áreas inundáveis da Amazônia oriental, foram subdivididas em Períodos e estes em Épo-
como o litoral do Amapá, ilha de Marajó cas (subdivisões dos períodos Terciários e Qua-
e golfão maranhense. ternários). Tudo isso, porque durante os estudos
 Campos  de  altitude  –  na serra da Manti- conseguiu caracterizar alguns acontecimentos que
queira e na região serrana dos planaltos haviam ocorrido estes demarcaram as divisões do
residuais norte-amazônicos – chamados tempo geológico.
campos de Roraima. Com a formação do continente ancestral -
PANGEIA - a intensa atividade vulcânica e dos
constantes movimentos tectônicos formou-se os
Formação litorânea.  terrenos mais antigos - os ESCUDOS CRISTA-
As formações litorâneas estendem-se por LINOS - com rochas magmáticas e metamórficas.
toda costa do país e apresentam constituições Essa formação inicial foi fragmentada e
variadas, condicionadas ao tipo de solo e ao nível iniciou o processo de formação dos continentes.
de umidade.
Deriva Continental - no final do período
 Mangues  –  vegetação adaptada ã in- Triássico começou a ruptura do pangeia. No he-
tensa salinidade e à falta de oxigena- misfério norte definiu-se a LAURÁSIA e no sul a
ção do solo. A vegetação tem raízes GONDWANA. No Cretáceo a América do Sul
aéreas para ajudar na respiração começou a se separar da África originando o Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
(pneumatóforas – raízes que respi- Atlântico.
ram).
Através do tempo geológico os continentes
É considerado um berçário devido ao estiveram expostos a intensos processos de des-
grande número de espécies que reproduzem e tem gaste, possibilitando a ocorrência de rebaixamen-
a primeira fase de desenvolvimento nessa área. tos e soerguimentos. Suas formas atuais são resul-
Devido a importância dos mangues para a vida tado da modelagem exercida pela ação dos
animal nos oceanos tornou-se uma área de prote- AGENTES EXTERNOS ou AGENTES EROSI-
ção permanente. VOS (chuva, vento, rios, neve, etc.) atuando du-
A exploração do mangue é proibida, mas rante milhões de anos sobre as formas definidas
nessa região se desenvolve atividades econômicas pelos AGENTES INTERNOS (tectonismo, vulca-
como a extração do caranguejo. nismo e os abalos sísmicos).
A intensa atividade do manto (magma) é
 Restingas  –  misturam espécies herbá-
capaz de romper e deslocar as placas da crosta a
ceas, arbustivas e arbóreas como a
uma velocidade de 1 cm ao ano, lenta demais para
aroeira-de-praia e o cajueiro, favore-
a nossa percepção, tanto que, os atuais continentes
cendo a formação de dunas. 
começaram a ser definidos nos últimos 200 mi-
 Dunas  –  a vegetação de duna é rasteira lhões de anos a partir da fragmentação da massa
e tem raízes profundas e grande exten- continental. Nas margens das placas tectônicas
são horizontal, formando verdadeiros forma-se uma área de constante expansão levando
os continentes a se afastar "atropelar" outras pla-
cordões vegetais. É importante na fi-
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cas permitindo uma constante renovação dos Ação  das  águas ( fluvial, marinha e glaci-
assoalhos oceânicos. al)
O oceano Atlântico se expande a partir da fluvial - escavação dos vales dos rios; tra-
Dorsal Mesoatlântica (margem construtiva), as balho dos rios - ESCAVAÇÃO - alto curso,
regiões banhadas por ele possuem atividade sís- TRANSPORTE - médio curso e DEPOSIÇÃO -
mica e vulcânica baixa. baixo curso;
No oceano Pacífico as margens das placas marinha - atua sobre as áreas litorâneas
pressionadas a oeste da América e a leste da Ásia, (abrasão marinha);
configura uma faixa de grande instabilidade, o
Cinturão de Fogo Circumpacífico (margem des- glacial - atua nas altas latitudes - teve ação
trutiva), com fossas submarinas, ilhas vulcânicas e nas médias latitudes durante as glaciações (MO-
intensa atividade tectônica (sismos e vulcanismo). VIMENTO DAS GELEIRAS).

Nos pontos em que as placas continentais


colidem, suas rochas são comprimidas, dobradas e Formações cristalinas antigas 
acabam formando montanhas. As partes mais altas
possuem idade inferior a 65 milhões de anos e No Brasil 36% é formado pelos escudos
resultam da colisão entre as placas continental e cristalinos, sendo que 32% são do Arqueozóico e
oceânica (cordilheira dos Andes e Montanhas que tem as rochas cristalinas e 4% são do Protero-
Rochosas) e da colisão entre placas continentais zóco e neste são encontrados as jazidas minerais
(Himalaia, Alpes, Atlas e Cárpatos) (Fe, Mn, Sn).
As diversas pressões que agem sobre a Pela nova denominação, trabalhada pelo
crosta terrestre fez com que houvesse movimentos Professor Jurandir Ross, os escudos cristalinos
de longa duração - EPIROGÊNESE - causados estão divididos em duas grandes formações, as
pela pressão vertical (PLACAS IMERSAS NO áreas cratônicas e as áreas de dobramentos anti-
MAGMA) e os movimentos de curta duração - gos.
OROGÊNESE - causados pela pressão horizontal
(encontro dos limites das placas tectônicas)
(UMA PARTE MERGULHA NO MAGMA E A a) As áreas cratônicas ou plataformas 
OUTRA DOBRA E SE LEVANTA - CORDI- Correspondem aos terrenos mais antigos e
LHEIRAS) modelados por várias fases erosivas. Esta grande
Houve grandes fases de orogênese durante sequência de erosões determina que o Brasil tenha
o tempo geológico: grandes altitudes, prevalecendo em certos pontos
devido à erosão diferencial.
No final do PRÉ-CAMBRIANO e início
do PALEOZÖICO; Nestas áreas prevalecem as rochas meta-
mórficas muito antigas (do pré-cambriano) apre-
Na passagem do PALEOZÓICO para o sentando concentrações minerais. Elas podem ser
MESOZÓICO com a ruptura do PANGÉIA; divididas em três áreas:
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

No TERCIÁRIO com a formação das cor- Plataforma  das  Guianas  – estão os pontos
dilheiras atuais (Andes, Rochosas)
mais elevados como (serras do Tumucumaque,
Acaraí, Paracaima, Parima, Imeri e outras);
Agentes  externos - são os transformadores Plataforma  Sul  –  Amazônica  – estão os
do modelado (relevo) pontos como Chapada dos Parecis (RO/MT),
Serra do Carajás (PA), Serra do Cachimbo (PA);
Intemperismo  químico - em função do
contato das rochas com a água e a umidade. É Plataforma do São Francisco – encontra-se
muito intensa nas regiões tropicais e equatoriais, a Chapada Diamantina. Esta área confunde-se
como no Brasil. com as áreas dos dobramentos antigos que a mar-
geiam, sendo de difícil identificação a limitação
Intemperismo  físico - desintegração das entre as duas formações.
rochas por processo mecânico - aquecimento e
resfriamento que causa ruptura (rachadura) nas
rochas. É muito significativa nos desertos e nas b) As áreas de dobramentos antigos 
altas latitudes (próximo aos polos)
Correspondem aos cinturões orogenéticos
Ação  dos  ventos - pela retirada de peque- datados do pré-cambriano e muito resistentes à
nas partículas depositando em outro local e ex- erosão. Correspondem aos relevos com maiores
pondo uma nova camada da rocha. altitudes do relevo do Brasil, guardando, mesmo

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após várias fases erosivas, o aspecto serrano em
grandes extensões (mares de morros).
Estão divididas em três grandes grupos:

Pode ser dividida em três grupos:


Bacia  sedimentar  Amazônica – a planície
Cinturões  orogenético  do  Atlântico – seu amazônica são em sua maior parte formada por
relevo é sustentado por rochas de quartizito de baixos planaltos denominados BAIXOS PLATÔS
difícil erosão. Estende-se da região oriental do NE ou TABULEIROS. Nos níveis mais baixos são
até o sudeste do RS. Ocorre acidentes como a chamados de VÁRZEAS e nos níveis intermediá-
Serra do Espinhaço, do Mar e da Mantiqueira. rios de TERRAÇO OU TESO.
Cinturão  orogenético  de  Brasília – esten- Bacia  sedimentar  do  Parnaíba  ou  Mara‐
de-se do sul do TO até o sudeste de MG. Após nhão; 
várias fases erosivas, desenvolveu relevos de
serras estreitas e alongadas associadas a chapadas Bacia sedimentar do Paraná.
de topos planos e altos. Destaca-se as serras da
Canastra e Negra em MG, as de Caldas Novas, da
Mesa, Dourada e do Bouqueirão e ainda algumas O RELEVO SUL AMERICANO 
chapadas como a de Brasília, dos Veadeiros e de Devido ao deslocamento da placa Sul-
Cristalina em GO. americana para oeste entrando em contato com a
Cinturão orogenético Paraguai‐Araguaia – placa de Nazca (PACÍFICO), ocorreu no TER-
estende-se do norte de GO e TO até o MT, na CIÄRIO o soerguimento da costa oeste sul ameri-
região de Cuiabá, reaparecendo na extremidade cana formando a cordilheira dos Andes. A parte
sul do pantanal, na serra da Bodoquena. A oeste central (onde está localizado o BRASIL) e leste
de Cuiabá encontra-se a província serrana de MT. não houve grandes modificações a não serem as
São serras geradas por dobramentos antigos e causadas pela mudança do escoamento dos rios.
estão parcialmente conservadas. O estudo da geologia, que subsidia de in-
Acidentes importantes: formações o estudo de relevo, realiza a classifica-
ção da crosta do planeta, quanto à origem, existem
 Serra do Imeri (AM) – Pico da Neblina (3014 três tipos de províncias geológicas: escudos  cris‐
m) e Pico 31 de Março (2992 m); talinos, bacias  sedimentares e dobramentos 
modernos. 
 Serra do Caparaó (MG/ES) – Pico da Bandeira
(2890 m); Nos escudos pré-cambrianos apresentam
disponibilidade de minerais metálicos (ferro,
 Serra da Mantiqueira (MG/RJ/SP) – Pico das manganês, ouro, bauxita, etc) e por isso é muito
Agulhas Negras (2787 m); explorada economicamente.
Nos escudos paleozóicos encontram-se os
 Serra das Guianas (RR) – Pico Roraima (2772
m);
minerais não metálicos (cimento, gesso). Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
Nos dobramentos modernos, o terreno so-
 Chapada Diamantina (BA) – Pico das Almas erguido pode conter qualquer tipo de minério.
(1850 m);
Nas bacias sedimentares ocorrem fragmen-
 Serra do Mar (RJ/SP/PR/SC) – Morro da Igreja tos de minerais erodidos e sedimentos orgânicos
(1888 m). que podem transformar-se em combustíveis fós-
seis ( petróleo, carvão mineral e xisto betumino-
so).

Bacias Sedimentares  As principais reservas petrolíferas e carbo-


níferas datam, respectivamente, das eras MESO-
Representam 64% do nosso território for- ZÓICA e PALEOZÓICA.
madas ao logo de várias fases de deposição nos
últimos 600 milhões de anos. Os terrenos mais
antigos datam do Paleozóico (era formadora das RELEVO NO BRASIL 
reservas de carvão), os intermediários do Meso-
zóico (era formadora das reservas petrolíferas) e Para a compreensão do relevo brasileiro
as mais recentes do Cenozóico. torna-se necessário a compreensão da estrutura
geológica do território. Veja no mapa a seguir
São os terrenos de altitudes mais modestas essa divisão geológica.
e predominam as rochas de origem marinha e
continental.
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Para a compreensão do relevo brasileiro As bacias sedimentares da Amazônia e do Panta-
torna-se necessário a compreensão da estrutura nal têm formação no terciário e quaternário, ou
geológica do território. Veja no mapa a seguir seja, são modernas.
essa divisão geológica.
Classificação do relevo: 
Observando essa estrutura iniciamos a de-
finição do nosso território.  Segundo Aroldo  de  Azevedo - conside-
rou a altimetria como método par clas-
Muito  antigo - pré-cambrianos – sofreu sucessi- sificar o relevo. Planaltos - acima de
vos períodos de desgaste possuindo altitudes mo- 200 m - 59% do país e planícies - abai-
destas. xo de 200 m de altitude - 41% do país.
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

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Jurandyr  Ross propôs em 1995 uma nova classifi-


cação elaborada a partir da análise de imagens de
radar obtidas com o Projeto RADAM BRASIL
(1970 - 1985)
Considera-se, neste estudo, as cotas altimétricas
para a delimitação dos compartimentos do relevo.

 Planaltos - relevo acidentado com al-


timetria acima de 300 m onde predo-
mina a erosão;
 Depressão - levemente acidentado com
altimetria entre 100 e 500m;
 Planície - terreno plano com altimetria
inferior a 100 m onde o processo de
deposição é predominante.
 
 
Segundo Ross o Brasil tem 28 unidades de relevo 
 
Segundo este autor o relevo do Brasil estaria divi-
dido em 8 unidades de relevo
Planalto    Planícies 
Guinas Amazônica
Central Pantanal
Atlântico Costeira
Meridional Pampa

Segundo Ab´Saber o relevo do Brasil ficou divi-


dido em 10 unidades de relevo

Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 Planalto da Amazônia ocidental
2 Planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba
Planaltos sedimentares
3 Planaltos e chapadas da bacia do Paraná
4 Planalto e chapadas dos parecis
5 Planaltos residuais norte amazônicos
6 Planaltos residuais sul amazônicos
7 Planaltos e serra atlântico leste-sudeste
Planaltos - estruturas cristalinas e do-
8 Planaltos e serras goiás- minas
bramentos antigos
9 Planaltos residuais do alto Paraguai
10 Planalto da Borborema
11 Planalto sul rio grandense
12 Depressão da amazônia ocidental
13 Depressão marginal norte amazônica
14 Depressão marginal sul-amazônica
15 Depressão do Araguaia
16 Depressão cuiabana
Depressões 17 Depressão do alto Guaporé
18 Depressão do Miranda
19 Depressão sertaneja e do são Francisco
20 Depressão do Tocantins
21 Depressão periférica da borda leste da bacia do Paraná
22 Depressão periférica sul rio-grandense
23 Planície do rio amazonas
24 Planície do rio arguaia
25 Planície do rio Guaporé
Planície
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

26 Planície e pantanal mato-grossense


27 Planície da lagoa dos patos e mirin
28 Planície e tabuleiros litorâneos

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GEO 02
a) Um elevado porcentual da receita municipal
EXERCÍCIOS  provém da reciclagem.
b) A quase totalidade é constituída por plásticos,
1. (Ufrs)  A  queimada  nos  ecossistemas  campes‐ vidros e metais, facilmente decompostos em am-
tres do Brasil é uma prática a que os agricultores  bientes anaeróbicos.
recorrem anualmente, como uma forma tradicio‐
nal  de  gestão  agrícola  em  suas  propriedades.  c) A maior parte é enterrada em aterros sanitários
Com o decreto que institui a Lei de Crimes Ambi‐ apropriados, o que elimina a possibilidade de
contaminações.
entais  no  País  (Lei  nr  9605/98),  esta  prática  é 
considerada  como  sendo  crime  ambiental  passí‐ d) As áreas onde o lixo é depositado são inóspitas
vel de aplicação de multas. Em relação à queima‐ devido à proliferação de animais transmissores de
da, são feitas as seguintes afirmações.  doenças.
I - Favorece a disseminação de micro-organismos e) Os aterros sanitários são fertilizados pelos resí-
no solo, possibilitando, assim, uma maior fertili- duos sólidos, enquanto os mananciais se benefici-
dade. am com o chorume.
II - Diminui a biodiversidade dos ecossistemas
campestres, comprometendo o desenvolvimento
4. (Fuvest‐SP)  As  afirmações  seguintes  relacio‐
de uma série de espécies de gramíneas.
nam‐se  a  acordos  internacionais  ‐Rio  de  Janeiro 
III - Favorece o rebrote acelerado das gramíneas (1992)  e  Kioto  (1997)  ‐para  redução  da  emissão 
palatáveis aos rebanhos, após sua ocorrência. de gases que intensificam o efeito estufa (gases‐
Quais estão corretas? estufa).  

a) Apenas I. I. Os Estados Unidos, destaque nas negociações,


são o principal país a emitir gases-estufa devido
b) Apenas II. ao grande volume de sua atividade econômica.
c) Apenas I e II. II. O Brasil propôs, no Rio de Janeiro, que um
d) Apenas II e III. país possa comprar, de outro, parte da cota da
emissão de gases-estufa.
e) I, II e III.
III. Os acordos internacionais esbarram em inte-
resses dos produtores de petróleo e de automó-
veis.
2. (Mackenzie)  A  partir  da  década  de  60,  o  Nor‐
deste passou a receber a ajuda do governo atra‐ IV. Os países, em Kioto, concordaram em diminu-
vés  de  incentivos  fiscais,  os  quais  não  provoca‐ ir, no início do século XXI, a emissão de gases-
ram mudanças na sua estrutura porque:  estufa.
a) o campo não recebeu a devida atenção por parte Está correto apenas o que se afirma em:
dos fazendeiros, interessados apenas em usufruir a) I, II e III. Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
diretamente os benefícios.
b) I, III e IV.
b) a nova indústria era voltada para a produção de
insumos com destino às indústrias do Centro-Sul. c) I, II, III e IV
c) as antigas usinas açucareiras absorveram a d) II e IV.
ajuda do poder público, não diversificando, desta e) II, III e IV
forma, os recursos que chegaram.
d) a agroindústria da Zona da Mata não facilitou a
geração de novos empregos, dando continuidade 5. (EsSA)  Os  tipos  de  clima  que  apresentam  os 
às migrações já existentes. maiores  e  os  menores  índices  pluviométricos 
e) a transformação do antigo trabalhador em anuais são, respectivamente, os seguintes: 
assalariado promoveu o aparecimento de uma a) equatorial e tropical;
classe que passou a viver exclusivamente do
poder público. b) tropical e equatorial;
c) equatorial e subtropical;

3. (Vunesp)  Com  relação  ao  lixo  doméstico  pro‐ d) subtropical e equatorial;


duzido pela sociedade urbana do Brasil, é verda‐ e) equatorial e semiárido.
deiro afirmar:  
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6. (EsSA) Os climas predominantes no Brasil são:  a) A erosão eólica é mais intensa nas regiões ári-
das.
a) Litorâneo Úmido e Subtropical
b) Os agentes de erosão mais poderosos são os
b) Equatorial e Tropical rios, que criam e aprofundam vales por meio da
c) Equatorial e Tropical Semiárido abrasão e da dissolução.
d) Tropical e Subtropical c) Erosão é o processo de remoção e transporte de
sedimentos que ajudam a desgastar rochas; o
e) Litorâneo Úmido e Tropical Semiárido principal agente ao longo dos últimos dez milhões
de anos é a ação do Homem.

7. Assinale  a  alternativa  correta  a  respeito  da  d) Os agentes de erosão selecionam sedimentos de


estrutura  geológica  e  das  formas  de  relevo,  no  tamanhos diferentes; assim, o vento carrega pe-
quenas partículas, ao passo que uma geleira mo-
território brasileiro. 
vimenta fragmentos de todo tamanho, desde partí-
a) As áreas cristalinas estão relacionadas aos es- culas minúsculas, até grandes blocos de rochas.
cudos e são de formação muito antiga. Rochas
magmáticas, como o granito, e metamórficas,
como o gnaisse, são comuns nesse Complexo 10. Sobre a ação dos agentes externos na forma‐
Cristalino. ção  do  relevo  terrestre,  assinale  a  alternativa 
b) O Brasil não apresenta dobramentos terciários, INCORRETA. 
como a cadeia andina, situada na porção ocidental a) A erosão eólica é mais intensa nas regiões ári-
da América do Norte. As altitudes são, em geral, das.
modestas, devido à estabilidade geológica dos
terrenos e à ação erosiva. b) Os agentes de erosão mais poderosos são os
rios, que criam e aprofundam vales por meio da
c) As chapadas são planícies cristalinas de super- abrasão e da dissolução.
fície aplainada, quase horizontal.
c) Erosão é o processo de remoção e transporte de
d) Em algumas regiões de contato entre estruturas sedimentos que ajudam a desgastar rochas; o
sedimentares e cristalinas, comuns na região Su- principal agente ao longo dos últimos dez milhões
deste, criam-se desníveis que recebem o nome de de anos é a ação do Homem.
cordilheiras.
d) Os agentes de erosão selecionam sedimentos de
e) As serras do Mar, da Mantiqueira e do Espi- tamanhos diferentes; assim, o vento carrega pe-
nhaço fazem parte do conjunto de planaltos e de quenas partículas, ao passo que uma geleira mo-
serras da Amazônia. vimenta fragmentos de todo tamanho, desde partí-
culas minúsculas, até grandes blocos de rochas.

8. Com  relação  a  Serra  do  Mar,  assinale  a  alter‐


nativa INCORRETA. 
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

11. (EsSA)  Sobre  a  dinâmica  das  massas  de  ar 


a) É a borda oriental do planalto Atlântico, com brasileiras  podemos  afirmar  que  as  chuvas  de 
escarpas de falhas voltadas para leste. inverno  no  litoral  oriental do  Nordeste  e  as  gea‐
das  no  Centro‐Sul  do  país  são  provocadas,  res‐
b) No Paraná, é um degrau entre o litoral e o pri- pectivamente, pela: 
meiro planalto do interior.
a) mTa e mPa;
c) As maiores elevações do Estado do Paraná aí se
localizam, tais como Pico Paraná, Pico Caratuva, b) mEa e mEc;
Pico Ferraria e outros.
c) mPa e mTc;
d) A Serra do Mar no Paraná é recoberta por es-
d) mEa e mTa;
pécies da mata higrófila latifoliada, a Mata Atlân-
tica. e) mTc e mTa.
e) A Serra do Mar não se restringe ao Sudeste e
Sul do Brasil estendendo-se desde o Amapá até o
Rio Grande do Sul. 12. (EsSA)  O  pico  da  Neblina,  ponto  culminante 
do Brasil, está na fronteira do Brasil com a(o): 
a) Peru
9. Sobre  a  ação  dos  agentes  externos  na  forma‐
b) Equador
ção  do  relevo  terrestre,  assinale  a  alternativa 
INCORRETA.  c) Guiana
78 d) Colômbia
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GEO 02
e) Venezuela d) A lixiviação de nutrientes provocada pela ação
das chuvas sobre os solos desprotegidos.
e) A compactação do terreno provocada pela
13. Bacia hidrográfica é a área abrangida por um  atividade pecuária.
rio principal e sua rede de afluentes e subafluen‐
tes. Sobre as bacias hidrográficas brasileiras e sua 
utilização, é correto afirmar:  16. Sobre os rios, seus elementos, erosão, trans‐
a) O potencial hidrelétrico da Bacia do Paraná é o porte e sedimentação fluviais, assinale a alterna‐
mais aproveitado do país em função de sua pro- tiva INCORRETA: 
ximidade com o Centro-Sul, área de maior de-
a) Nas regiões que normalmente coincidem com o
manda por energia elétrica.
seu curso superior, onde a maior declividade do
b) A Bacia Amazônica caracteriza-se pelo predo- terreno acarreta maior velocidade das águas, a
mínio de rios de planalto e hidrografia pouco ação erosiva de um rio é menos intensa.
densa; por isso, a navegação fluvial é inexpressiva
b) Os rios de planalto geralmente possuem grande
na região.
força hidráulica e têm importância para a produ-
c) A navegação na Bacia do Tocantins ocorre ção de energia elétrica, fundamental para o desen-
sazonalmente devido ao regime de intermitência volvimento industrial.
de seus rios.
c) As planícies de inundação ou aluvionais são
d) A Bacia do Uruguai possui a principal hidrovia formadas por ocasião das cheias dos rios.
que integra política e economicamente os países
d) As pequenas partículas de sedimentos, tais
do Mercosul.
como silte e argila, são transportadas em suspen-
e) A Bacia do São Francisco sofre grande impacto são constituindo-se na carga de suspensão de um
em função da transposição de seu rio principal. rio.
e) Dando-se as costas para suas nascentes, à direi-
ta ficam as margens direitas e, à esquerda, as
14. Sobre  as  matas  de  Araucária,  assinale  o  que  margens esquerdas.
for correto. 
a) No estado do Paraná, ainda ocupam extensas
áreas de solos orgânicos e de terra roxa no planal- 17. (UFSC)  A  questão  ambiental  tem‐se  caracte‐
to de Guarapuava. rizado  como  uma  das  grandes  preocupações  do 
mundo  moderno.  Muitos  dos  recursos  utilizados 
b) O pinheiro-do-paraná é, atualmente, a principal
na produção industrial são extraídos diretamente 
matéria-prima da produção de papel, nos três
estados do Sul do Brasil. da  natureza,  causando‐lhe  prejuízos  por  vezes 
incalculáveis.  Hoje,  é  bastante  corrente  a  reutili‐
c) Na porção norte do Estado do Paraná, associ- zação  e/ou  reciclagem  de  muitos  produtos,  bem 
am-se aos fundos de vale dos grandes rios, mais
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
como  uma  maior  preocupação  com  medidas 
sombreados e frescos. antipoluição, além de uma melhoria na educação, 
d) O pinho é uma madeira muito resistente, sendo quando  se  refere  à  questão  do  meio‐ambiente. 
um dos principais produtos de exportação do Tudo  isso,  como  medida,  para  que  no  futuro 
Paraná. possamos  ter  um  ambiente  propício  à  continui‐
dade  das  atividades  econômicas  e  principalmen‐
e) O pinhão é um produto extrativo natural dessa
te, viáveis à própria vida. 
formação, sendo a gralha azul um elemento dis-
persor das sementes das araucárias. Com relação a essa temática, é CORRETO
afirmar que:
a) A preocupação com a degradação ambiental é
15. A  degradação  dos  solos  transforma  muitas 
legítima e oportuna, pois muitos recursos necessá-
regiões em desertos. Assinale a alternativa incor‐ rios à vivência humana poderão se esgotar em
reta sobre os fatores diretamente causadores de  pouco tempo.
degradação do solo. 
b) A inquietação por questões ambientais é um
a) O controle biológico de pragas e a adubação exagero, fruto apenas de discussões de inúmeros
orgânica. grupos ecológicos radicais.
b) O desmatamento e a consequente erosão dos c) Com um sistema sócio-econômico voltado
horizontes do solo. principalmente à produção de mercadorias, visan-
c) As queimadas, que destroem a matéria orgâni- do basicamente ao lucro, torna-se fácil, sob o
ca.
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GEO 02
capitalismo, a não degradação dos recursos natu- temperatura e à umidade. Por exemplo: a Massa 
rais. __________caracteriza‐se como __________.  
d) Não há problemas quanto aos recursos mine- a) Equatorial Atlântica; quente e úmida
rais, pois os estudos garantem, para qualquer caso
(água, minérios, fontes de energia térmica) reser- b) Equatorial Continental; fria e úmida
vas suficientes para os próximos 500 anos. c) Tropical Atlântica; fria e seca
e) Com a queda no processo de urbanização, di- d) Tropical Continental; quente e úmida
minuirão, vertiginosamente, os problemas sócio-
ambientais, tanto nas cidades quanto no meio e) Polar Atlântica; fria e seca
rural.

21. Um dos níveis das terras baixas amazônicas é 
18. O vento é o ar atmosférico em movimento e  a várzea que é considerada: 
se forma pelas:   a) a terra mais elevada, com constituição arenosa
a) sucessões do tempo. e inundada eventualmente.

b) diferenças na pressão atmosférica de um lugar b) o terraço fluvial mais característico da bacia


em relação a outro. com altitude inferior a cinco metros.

c) diferenças de temperatura entre o mar e o con- c) a planície verdadeira, com terrenos quaterná-
tinente. rios, sujeita a inundações.

d) influências da latitude na umidade do ar. d) uma área pantanosa, com vegetação halófila e
constituída de terras cristalinas.
e) instabilidades do tempo em áreas extensas.
e) um baixo platô terciário, nunca inundado, com
vegetação rasteira.
19. Com  relação  às  massas  de  ar  que  atuam  no 
Brasil:  
22. Considere  os  mapas  da  Região  Norte  apre‐
I. A Tropical Continental é a mais seca e ocorre, sentados a seguir. 
predominantemente, no período de verão.
II. A massa de ar Equatorial Continental, por for-
mar-se sobre o continente nas proximidades do
equador, é quente e extremamente seca.
III. A massa de ar Tropical Atlântica é gerada pelo
mesmo anticiclone que dá origem aos ventos
alísios de sudeste.
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

IV. O avanço das massas polares sobre a porção sul


do continente se manifesta pela formação de
frentes frias que, ao se deslocarem pelo interior,
podem chegar até a região Amazônica.
Assim, é correto afirmar que:
a) Somente I é verdadeira.
b) Somente I e III são verdadeiras.
c) Somente II e III são verdadeiras. Como pode-se observar, a extensão da planície
d) Somente I, III e IV são verdadeiras. amazônica é diferente para os dois geógrafos.
Essas interpretações estão associadas a critérios
e) Somente I e IV são verdadeiras. diferentes.
São eles:
20. No  Brasil,  a  variedade  de  climas  existentes  a) Aroldo de Azevedo - altitude de 0 a 100m;
está relacionada a diferentes fatores. Entre aque‐
Jurandyr Ross - altitude de 0 a 200m.
les  considerados  dinâmicos,  temos  as  massas  de 
ar. Em virtude da grande extensão territorial que  b) Aroldo de Azevedo - altitude de 0 a 200m;
o  Brasil  possui,  nosso  país  apresenta  cinco  mas‐
Jurandyr Ross - processo de formação sedimentar.
sas  de  ar  agindo  sobre  o  território,  cada  uma 
80 delas  apresentando  características  relativas  à 
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GEO 02
c) Aroldo de Azevedo - estrutura geológica crista- b) I e II apenas.
lina;
c) I e III apenas.
Jurandyr Ross - sucessão de processos erosivos.
d) II e III apenas.
d) Aroldo de Azevedo - estrutura geológica sedi-
e) I, II e III.
mentar;
Jurandyr Ross - altitude de 0 a 100m.
e) Aroldo de Azevedo - sucessão de processos 25. No  Brasil,  as  concentrações  minerais  locali‐
erosivos; zadas  no  Quadrilátero  Ferrífero  e  em  Carajás 
formaram‐se na era geológica 
Jurandyr Ross - sedimentação em fossa tectônica.
a) Pré-Cambriana.
b) Paleozóica
23. Sobre  os  agentes  modificadores  do  relevo  é 
incorreto afirmar  c) Mesozóica.

a) Os agentes modificadores ou exógenos atuam d) Cenozóica.


incessantemente sobre o relevo terrestre, e conse- e) Quaternária.
guem modificar sensivelmente a paisagem geo-
morfológica através dos processos de erosão e de
sedimentação. 26. Analise os Climogramas 
b) A decomposição química de certas rochas,
provida pela ação lenta da umidade do ar, consti-
tui o processo estático de erosão de maior eficiên-
cia.
c) A erosão mecânica ou dinâmica manifesta-se
pela desagregação das rochas produzidas pelas
mudanças bruscas de temperatura, pelos ventos,
chuvas, águas correntes e ondas do mar.
d) A desagregação mecânica das rochas sob o
efeito de mudanças térmicas da atmosfera mani-
festa-se com maior freqüência nas regiões de
climas úmidos, onde as oscilações termométricas
diurnas mostram-se acentuadas.
e) No processo de sedimentação, todo o material
Os climogramas I e II correspondem, respectiva-
residuário fornecido pelos altos relevos é trans-
mente, às áreas assinaladas no mapa com as letras
portado e deposita-se no fundo dos mares ou, em
distâncias menores, no sopé das cristas montanho- a) A e B. Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO
sas, nos fundos dos vales, nas margens dos rios
b) A e D.
etc.
c) B e C.
d) C e D.
24. Quanto  à  estrutura  geológica  do  Brasil,  po‐
demos afirmar que:  e) D e A.
I - as formações geológicas cristalinas, consolida-
das ao longo do Pré-Cambriano, possuem impor-
27. O  ar  atmosférico  está  sempre  em  movimen‐
tantes reservas de minerais metálicos;
to, na forma de massa de ar ou de vento. Se uma 
II - os derrames vulcânicos ocorridos na era me- massa de ar possui características particulares de 
sozóica, no sul e sudeste do país, acabaram por temperatura  e  umidade,  torna‐se  importante 
originar solos de alta fertilidade conhecidos como para  a  determinação  do  tempo  e  do  clima  de 
terra roxa; uma  área.  Dependendo  da  estação  do  ano,  as 
III - as bacias sedimentares, formadas na era ce- massas  avançam  para  o  território  brasileiro  ou 
nozóica, apresentam grandes reservas minerais de recuam, o que vai determinar o clima. 
manganês e estanho. Observe o mapa representativo da ação das mas-
É(São) verdadeira(s) a(s) afirmativa(s): sas de ar no Brasil, no verão e no inverno.
a) I apenas.
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2. Possui um estrato exposto à ação intensa de
massas de ar provenientes do Oceano Atlânti-
co.
3. Formações rasteiras constituídas por gramí-
neas que atingem até 60 cm. Sua origem pode
estar associada a solos rasos ou temperaturas
baixas em regiões de altitudes elevadas.
TIPOS DE VEGETAÇÃO
( ) Mata Atlântica.
( ) Floresta Amazônica.
( ) Mata dos Pinhais.
a) 3 ; 2 ; 1. 
b) 3 ; 1 ; 4. 
Com base nas informações acima e em seus co- c) 3 ; 2 ; 4. 
nhecimentos, é correto afirmar que d) 3 ; 1 ; 2. 
a) a Massa Equatorial Continental (mEc) - indica- e) 1 ; 3 ; 2. 
da na figura pelo número 2 -, quente e úmida, com
centro de origem na parte ocidental da Amazônia,
domina, durante quase todo o ano, a porção noro- 29. Em  relação  ao  domínio  morfoclimático  no 
este dessa região. Brasil  e  suas  características,  associe  a  segunda 
coluna  de  acordo  com  a  primeira  e,  a  seguir, 
b) a Massa Polar Atlântica (mPa) - indicada na
assinale a alternativa com a sequência correta. 
figura pelo número 5 -, fria e seca, se origina na
depressão do Chaco e abrange uma área de atua- DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO
ção muito limitada, permanecendo, durante quase
1. Amazônico
todo o ano, em sua região de origem.
2. Cerrado
c) a Massa Tropical Continental (mTc) - indicada
na figura pelo número 3 -, quente e úmida, origi- 3. Araucária
nária do Oceano Atlântico, nas imediações do
trópico de Capricórnio, exerce enorme influência 4. Mares de Morros
sobre o clima da parte litorânea do Brasil. 5. Caatinga
d) a Massa Equatorial Atlântica (mEa) - indicada 6. Pradarias
nas figuras pelo número 2 -, quente e úmida, do-
mina a parte litorânea da Amazônia e do Nordes- CARACTERÍSTICAS
te, em alguns momentos do ano, e tem seu centro ( ) Predominância de solos ácidos e vegetação
Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

de origem no Oceano Atlântico. arbustiva e herbácea.


e) a Massa Tropical Atlântica (mTa) - indicada na ( ) Espaço subtropical com predomínio de vege-
figura pelo número 4 -, fria e úmida, forma-se nas tação baixa, gramíneas e herbácea.
porções do Oceano Atlântico próximas à Patagô-
nia. Atua mais no inverno, quando entra no Brasil ( ) Grande interferência da variação latitudinal
como uma frente fria, provocando chuvas e queda do clima tropical e da proximidade atlântica.
de temperatura. Vegetação original devastada em larga escala pela
ocupação do território nacional.
( ) Vegetação homogênea, aciculifoliada, em
28. Numere a coluna da direita de conformidade  área próxima ao trópico de Capricórnio.
com a da esquerda e, a seguir, assinale a alterna‐
( ) Solos rasos e pobres em matéria orgânica,
tiva que apresenta a sequência encontrada. 
com domínio da vegetação xerófila.
CARACTERÍSTICAS a) 2 ; 5 ; 1 ; 6 ; 3.
Possui a maior biodiversidade do planeta, apre- b) 4 ; 6 ; 1 ; 3 ; 5.
sentando três estratos: mata de igapó, várzea e
terra firme. c) 2 ; 3 ; 4 ; 6 ; 5.
1. Predomínio de espécies adaptadas ao clima d) 4 ; 6 ; 5 ; 3 ; 1.
temperado e assemelha-se, na densidade ve-
e) 2 ; 6 ; 4 ; 3 ; 5.
getal, a um bosque.
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GABARITO

1. D 2. B 3. D  4. C

5. E 6. B 7. A  8. E

9. C 10. C 11. A  12. E

13. A 14. E 15. A  16. A

17. A 18. B 19. D  20. A

21. C 22. B 23. D  24. B

25. A 26. B 27. D  28. D

29. B  

Capítulo: GEO 02 MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO

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GEO 03
GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
podem ser classificados como subemprego. Isso
se aplica ao grande número de vendedores ambu-
Dinâmica populacional e lantes, empregadas domésticas, guardadores e
lavadores de carro nas ruas, etc.
urbanização
Em parte isso se explica, porque, como
  vimos, a industrialização brasileira é do tipo tar-
dia, tendo se iniciado apenas no final do século
Urbanização brasileira  XIX e mediante importação de tecnologia e má-
quinas dos países desenvolvidos. Essa tecnologia,
Considera-se errado falar de urbanização geralmente poupadora de mão-de-obra, foi desen-
no Brasil durante a época colonial, quando ocor- volvida em países em que o crescimento demográ-
reu na verdade um crescimento de cidades, pois a fico há muito tempo declinou, paralelamente à
população rural cresceu tanto quanto a urbana, e urbanização que ocorreu no século XIX ( no caso
às vezes até mais. A urbanização só começou a do Reino Unido, desde meados do século XVIII).
ocorrer de fato quando a indústria se tornou o No Brasil, assim como em outros países de indus-
setor mais dinâmico da economia, o que só acon- trialização tardia, essa tecnologia importada agra-
teceu no século XX. vou o problema desemprego e do subemprego, já
Quando a economia nacional foi domi- que o declínio das taxas de natalidade é bem mais
nada pelas atividades primárias de exportação, recente e menos acentuado que nos países em que
como o açúcar ( século XVI e XVII), a mineração ela foi elaborada.
( século XVIII), o café (de meados do século XIX
até o século XX) e outras, a população urbana
permaneceu mais ou menos estável, representada Urbanização e Êxodo Rural 
entre 8 e 10 % do total. Isso é facilmente explica-
do pela predominância da força de trabalho no É um equívoco comum, livros revistas e
setor primário, pela quase inexistência do setor outras publicações, confundir urbanização com
secundário ou industrial e pela pequena necessi- crescimento urbano, na realidade são dois proces-
dade de mão de obra no setor terciário. sos interligados, mas distintos. O crescimento
urbano consiste na expansão das cidades e pode
“ O índice de urbanização pouco se alte- existir sem que, necessariamente, haja urbaniza-
rou entre o fim do período colonial até o final do ção.
século XIX e cresceu menos de quatro pontos nos
trinta anos entre 1890 e 1920 ( passando de 6,8% Esta só ocorre quando o crescimento ur-
a 10,7% ), foram necessários apenas vinte anos, bano é superior ao rural, ou seja, quando há mi-
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

entre 1920 e 1940, para que essa taxa triplicasse, grações rural-urbanas e a população das cidades
passando a 31, 24%. A população concentrada em aumenta proporcionalmente em relação à do cam-
cidades passa de 4,552 milhões de pessoas em po.
1920 para 6 208 699 em 1940. “ (SANTOS, Mil- Em alguns países desenvolvidos, como o
ton - A Urbanização Brasileira- 5 ed. – São Paulo- Reino Unido, a urbanização já cessou, passando a
Editora da Universidade de SP.) haver apenas um limitado crescimento urbano,
Com a industrialização, verificou-se uma que decorre, em parte, do crescimento natural da
urbanização intensa, ocorrendo aumento propor- população das cidades e, em parte, da imigração.
cional dos empregos no setor secundário e no Nesse país, a população urbana já chegou aos
terciário. A percentagem da população urbana 92% do total e prevalece uma situação estável
sobre o total da população brasileira passou de entre a cidade e o campo, com visível diminuição
cerca de 16% em 1920 para 31% em 1940, 45% da migração rural- urbana, que, por vezes, chega a
em 1960 e cerca de 86% em 2010. Afirma-se ser inferior à migração urbano-rural.
comumente que a urbanização brasileira não é A urbanização, portanto, tem um limite,
decorrência direta da industrialização, pois esta ponto final, ao passo que o crescimento das cida-
não gera empregos em números suficientes para des pode continuar indefinidamente. Um bom
atender ao grande êxodo rural e provoca, assim, exemplo é Cingapura, Estado-Nação com uma
desemprego e subemprego em grandes escalas nas única cidade e sem meio rural. Logo, sua popula-
cidades. De fato, quando comparamos a urbaniza- ção urbana é de 100%, mas existe crescimento
ção do Brasil com a que ocorreu em outros países urbano, ou seja, crescimento da população da
capitalistas desenvolvidos na época da revolução cidade e, concomitantemente uma renovação
industrial, verifica-se que aqui o setor secundário urbana, não existe mais urbanização, visto que
absorveu menos mão- de obra. E também que o não há migrações do campo para a cidade.
setor terciário se tornou hipertrofiado, pouco capi-
84 talizado e com atividades de pequeno porte que
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GEO 03
O ritmo de crescimento da população ur- qualidade do atendimento, isso quando a ci-
bana é 2,5 vezes superior ao da população rural, dade consegue atender a todos o que, na atua-
apesar das taxas de natalidade dos que habitam as lidade, é uma raridade. Em todos os grandes
cidades serem inferiores. Portanto, a elevação da centros os hospitais passam por uma crise de
população urbana, elemento responsável pelo atendimento com falta de médicos, enfermei-
processo de urbanização ainda em curso e de ros, leitos e medicamentos.
forma bastante intensa no mundo subdesenvolvi-
Na educação se verifica que as escolas
do, é decorrente da transferência em grande quan-
com excesso de alunos por sala de aula como
tidade da população do campo para a cidade.
consequência da falta de planejamento para aten-
De acordo com Milton Santos, os deter- der as demandas geradas por esse movimento
minantes do êxodo rural são múltiplos, podendo populacional.
ser:
Os municípios rurais também acabam
 de  ordem  política:  nos  períodos  de  guerras  sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminui-
e revoluções;  ção da população local, diminui a arrecadação de
 de  ordem  demográfica:  em  países  de  cres‐ impostos, a produção agrícola decresce e muitos
cimento  demográfico  maciço,  como  a  Índia  municípios acabam entrando em crise. Vários
e a China;  municípios brasileiros tiveram decréscimo popu-
lacional devido ao êxodo para os centros regionais
 de ordem econômica: por causa do desequi‐
e regiões metropolitanas.
líbrio  econômico cada vez maior  entre  a  ci‐
dade e o campo.  O fenômeno do êxodo rural causa no ur-
bano duas faces bem distintas – nos municípios
A queda mundial dos preços dos produ- menores dependentes da atividade agrícola obser-
tos agrícolas, o protecionismo de mercado, dos va-se uma redução das atividades econômicas
países desenvolvidos e, em certos casos, a meca- com perda da população mais jovem tornando-se
nização contribuíram para acelerar o processo de municípios com um maior percentual de popula-
migração da população rural em direção às cida- ção idosa e nos municípios maiores – centros
des. Na América Latina, a estrutura fundiária regionais e regiões metropolitanas – observa-se
concentradora constitui um fator relevante ao um crescimento desordenado com grande parcela
êxodo rural. da população imersa no trabalho informal e com a
Causas do êxodo rural no Brasil: infraestrutura de serviços urbanos estrangulada
devido ao crescimento acelerado dessas cidades.
a) busca de empregos com melhor remu-
neração; O êxodo rural é uma realidade em todos
os países do mundo, mas o que se vê como pro-
b) mecanização da produção rural; blema não é a transferência da população rural
c) fuga de desastres naturais (secas, en- para a cidade, mas a incapacidade do Estado em

Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO


chentes, etc.); garantir qualidade de vida para essa população.
d) busca por acesso a educação para os
filhos; Texto complementar
e) busca por acesso aos serviços urbanos O Meio Técnico- Científico ( Milton
(hospitais, transportes, etc). Santos- A Urbanização Brasileira) A fase atual,
do ponto de vista que aqui nos interessa, é o mo-
mento no qual se constitui, sobre territórios cada
Consequências: vez mais vastos, o que estamos chamando de meio
 aumento  do  desemprego  nas  cidades – o técnico- cientifico, isto é, o momento histórico em
trabalhador do campo não tem as qualifica- que a construção ou reconstrução do espaço se
ções exigidas pelo mercado de trabalho urba- dará com um crescente conteúdo de ciência, de
no e, por isso, permanece desempregado ou técnicas e de informação. O meio natural era
ingressa no trabalho informal (ambulantes, aquela fase da história na qual o homem escolhia
vigilantes de carro) da natureza aquilo que considerava fundamental
ao exercício da vida e valorizava diferentemente
 aumento  da  ocupação  irregular  do  solo  essas condições naturais, as quais, sem grande
urbano  (favelas,  cortiços) – as cidades não modificação, constituíam a base material da exis-
estão preparadas para receber esse novo con- tência do grupo. O fim do século XVIII e, sobre-
tingente humano e não faz os investimentos tudo, o século XIX vêem a mecanização do terri-
em infraestrutura para atender a demanda tório: o território se mecaniza.
causando o aumento das áreas favelizadas;
Podemos dizer, junto com Sorre (1948) e
 estrangulamento  dos  serviços  urbanos  André Siegfried (1955), que esse é o momento ela
(hospitais  e  escolas) – causam a redução da criação do meio técnico, que substitui o meio 85
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GEO 03
natural. Já, hoje, é insuficiente ficar com esta cidades grandes bens e serviços de consumo raro.
última categoria, e é preciso falar de meio técnico- Assim as cidades mais desenvolvidas exercem
científico, que tende a se superpor, em todos os influência sobre as outras de uma região ou até
lugares, ainda que de modo desigual, ao chamado mesmo em todo país. No Brasil, a hierarquia ur-
meio geográfico. Esse meio técnico-científico bana é assim estruturada:
(melhor será chamá-lo de meio técnico científico-
o cidades globais: Rio de Janeiro e São Paulo
informacional) é marcado pela presença da ciên-
cia e da técnica nos processos de remodelação do o metrópoles nacionais: RJ, SP, Belo Horizonte,
território essenciais às produções hegemônicas, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, For-
que necessitam desse novo meio geográfico para taleza.
sua realização. A informação, em todas as suas
formas, é o motor fundamental do processo social o metrópoles regionais: Belém, Manaus e Goiâ-
e o território é, também, equipado para facilitar a nia.
sua circulação. o capitais regionais: Campinas, Sorocaba, Cuia-
bá, Florianópolis e etc.
Isso nos obriga a distinguir dois períodos
anteriores à fase atual da organização do territó- o centros regionais: Andradina, Frutal, Limoei-
rio. Num espaço de tempo relativamente curto, o ro, Jacarezinho, Anápolis, Lins, Nova Fribur-
Brasil acelera a mecanização do território e en- go, etc.
frenta uma nova tarefa, isto é, a constituição,
sobre áreas cada vez mais vastas, desse meio o centros locais: Luziânia, Unaí, Santo Antônio
técnico-científico- informacional. do Descoberto.

É apenas após a Segunda Guerra Mundial o cidades locais: Xique-xique, Irecê, Hidrolân-
que a integração do território se torna visível, dia.
quando as estradas de ferro até, então desconecta- o Observe o mapa da rede urbana (REGIC -
das na maior parte do País, são interligadas, cons- 2007 - IBGE)
troem-se estradas de rodagem, pondo em contato
as diversas regiões entre elas e com a região polar
do país, empreende-se um ousado programa de
investimentos em infraestruturas.
Ainda uma vez, uma nova materialidade de
superpõe novos sistemas de engenharia aos já
existentes, oferecendo as condições técnicas ge-
rais que iriam viabilizar o processo de substitui-
ção de importações para o qual todo um arsenal
financeiro, fiscal, monetário, serviria como base
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

das novas relações sociais (incluído o consumo


aumentado), que iriam permitir mais uma decola-
gem.

Rede e hierarquia urbana


 
Rede urbana e Hierarquia Urbana 
Rede urbana: é o sistema hierarquizado de
cidades, dependendo todas de um centro maior,
que comanda o espaço por ela polarizado.
São interligados pelas mesmas vias de co-
municação, transportes, etc. É a projeção física do
espaço, da hierarquia e da dinâmica existente
entre as cidades. Essa hierarquia se expressa pela As áreas metropolitanas representam um
rede urbana apresentando as cidades com posição conjunto de espaços contíguos e integrados socio-
de polarização sobre as demais. O IBGE classifi- economicamente a uma cidade central, com servi-
cou as cidades, considerando diversos aspectos ços públicos de infraestrutura comuns. Possuem
em termos da oferta de bens e serviços. As cida- planejamento integrado de seu desenvolvimento
des pequenas possuem bens e serviços de consu- urbano, elaborado por um conselho deliberativo,
mos muito frequentes ( as principais necessidades nomeado pelo governo do estado. Tal Conselho
86 ); as cidades médias os menos frequentes e as Deliberativo é auxiliado por um Conselho Consul-
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GEO 03
tivo, formado por representantes de todos os mu- As regiões metropolitanas eram áreas ad-
nicípios integrantes da área metropolitana. O ministrativas formadas pelos maiores municípios
IBGE considera Brasília, Goiânia, Manaus, como do país e os municípios a eles conurbados.
sendo metrópoles incompletas. As áreas metropo-
Com o advento da Constituição de 1988 e
litanas foram criadas em 1973, pelo Congresso
a recuperação de uma maior autonomia dos esta-
Nacional mediante Lei Complementar e abrigam
dos houve uma ampliação das regiões metropoli-
hoje cerca de 43.000.000 de habitantes (1/4 da
tanas. Assim, a partir da década de 1990, outros
população total).
critérios foram adotados que, além da população,
passou a levar em conta a estrutura produtiva.
Desse modo, o conceito de RM foi estendido para
Regiões Metropolitanas mais outras áreas, além das nove originais.

O processo de crescimento horizontal das


cidades leva a ampliação da mancha urbana de REGIÃO NORTE DO BRASIL 
forma contínua. Quando isso se dá em regiões
mais dinâmicas economicamente, há um fenôme- Amapá Região Metropolitana de Macapá
no na geografia urbana que chamamos de conur‐
bação que é o processo da união da malha urbana Amazonas Região Metropolitana de Manaus
de dois municípios.
Região Metropolitana de Belém
O que podemos observar com esse proces- Pará
so é que o planejamento urbano dos municípios Região Metropolitana de Santarém
não pode ser pensado isoladamente, quando muito
REGIÃO NORDESTE DO BRASIL
o chefe do executivo deve ponderar o impacto da
oferta de serviços como escola, saúde, tratamento
Região Metropolitana de Maceió
de água, esgoto, coleta de lixo, transporte urbano, Alagoas
entre outros serviços, para decidir os investimen- Região Metropolitana do Agreste
tos futuros de modo a não perder receita para o
município vizinho. Se ofertar um serviço de saúde Região Metropolitana de Salvador
e educação com qualidade superior ao vizinho Bahia
haverá uma migração para o uso desses serviços. Região Metropolitana de Feira de Santana

Então como administrar nesses casos. Região Metropolitana de Fortaleza


Simples, planejar conjuntamente. Esse processo Ceará
de planejamento dos serviços básicos de forma Região Metropolitana do Cariri
coordenada por vários municípios levou a forma-
ção das regiões metropolitanas. Região Metropolitana de São Luís

Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO


Atualmente, o país conta com 37 regiões Maranhão
Região Metropolitana do Sudoeste Mara-
metropolitanas e três regiões integradas de desen- nhense
volvimento, totalizando 482 municípios e o Distri-
to Federal. Em 1973, o país contabilizava oito Região Metropolitana de João Pessoa
regiões metropolitanas, que somavam 113 muni-
cípios. Região Metropolitana de Campina Grande
Paraíba
A Lei Complementar nº 14, de 1973, esta- Região Metropolitana de Patos
beleceu a noção de Região Metropolitana (RM),
aplicando-a às nove principais aglomerações ur- Região Metropolitana de Guarabira
banas do país, são elas:
Pernambuco Região Metropolitana do Recife
1. São Paulo,
Rio Grande do
2. Rio de Janeiro, Região Metropolitana de Natal
Norte
3. Belo Horizonte,
Sergipe Região Metropolitana de Aracaju
4. Salvador,
REGIÃO CENTRO‐OESTE DO BRASIL 
5. Curitiba,
6. Porto Alegre, Goiás Região Metropolitana de Goiânia

7. Recife, Mato Grosso


Região Metropolitana do Vale do Rio
Cuiabá
8. Fortaleza
REGIÃO SUDESTE DO BRASIL 
9. Belém.
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GEO 03
Espírito Santo Região Metropolitana de Vitória REGIÃO SUL DO BRASIL 

Região Metropolitana de Belo Horizonte Região Metropolitana de Curitiba


Minas Gerais
Região Metropolitana do Vale do Aço Paraná Região Metropolitana de Londrina

Rio de Janeiro Região Metropolitana do Rio de Janeiro Região Metropolitana de Maringá

Região Metropolitana da Baixada Santista Região Metropolitana de Chapecó

Região Metropolitana de Campinas Região Metropolitana Carbonífera


São Paulo
Região Metropolitana de São Paulo Região Metropolitana de Florianópolis

Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Região Metropolitana da Foz do Rio Itajaí


Litoral Norte
Santa Catarina
Região Metropolitana de Lages

Região Metropolitana do Norte/Nordeste


Catarinense

Região Metropolitana do Vale do Rio Itajaí

Região Metropolitana de Tubarão

Rio Grande do
Região Metropolitana de Porto Alegre
Sul

Processo de urbanização
brasileiro
 
Tipos de ocupação do espaço nacional 
Refere-se à maneira como a população se distribui
no espaço nacional. Sabe-se que o processo de
ocupação do nosso território foi do LITORAL
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

para o INTERIOR.

Os fatores que mais contribuíram para a interiori-


zação foram:

1. atividade pastoril no Vale do São Francisco,


pois o gado não poderia ser criado junto aos cana-
viais;
2. atividade mineradora com a ação de entradas e
bandeiras;
3. conquista de novos territórios e fixação das
fronteiras através de
tratados;
4. atividade cafeeira ou “Marcha do Café”;
5. frentes pioneiras “Marcha para o Oeste”;
6. colonização moderna no sul;
7. construção de Brasília;

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GEO 03
8. novas áreas de expansão agrícola na Amazônia f) perseguições religiosas ou políticas; e
(mais recente).
g) guerras.

a) Áreas  Ecúmenas: são áreas favoráveis à ocupa-


Formação das cidades e a constituição do espa‐
ção humana e, por isso, possuem elevada densida-
ço urbano  
de demográfica. No Brasil, estas áreas foram
desenvolvidas em função do processo histórico. A cidade é a mais espetacular forma de transfor-
Cerca de 50% da população vive na faixa litorâ- mação do espaço geográfico elaborada pelas ati-
nea, densidades acima dos 100 hab./km2. As mais vidades humanas. A cidade é uma forma de orga-
ecúmenas são: nização espacial complexa e moderna que possui
uma estrutura dependente do grau de desenvolvi-
 Zona da Mata Nordestina; 
mento tecnológico e cultural aplicado. Hoje, é
 Sul da Bahia;  praticamente impossível imaginar a vida fora da
 Áreas Metropolitanas;  influência urbana que dinamiza os níveis de urba-
 Zona da Mata Mineira;  nização e elabora o espaço urbano.
 Áreas Coloniais do Sul; 
A urbanização é o aumento proporcional da popu-
 Sul de Minas Gerais. 
lação urbana em relação à população rural, ou
seja, ocorre quando o crescimento da população
urbana é superior ao crescimento da população
b) Áreas  Mesocúmenas: são áreas razoavelmente rural. Um país só é considerado urbanizado quan-
favoráveis à ocupação humana. Daí, possuem uma do mais da metade da população reside em cida-
ocupação intermediária, isto é, entre 40 a 100 des.
hab/km2. Destacam-se como áreas mesocúmenas:
Faixa de terras que vai do PA até o Meio-Norte no
Vale Médio do Parnaíba; Vale Médio do São Urbanização e crescimento urbano 
Francisco;
A urbanização não corresponde ao crescimento
Região Centro-Oeste, especialmente as regiões das cidades em consequência do crescimento
sudeste e sudoeste do MS e parte do GO. natural ou vegetativo de sua população. Ela ocorre
a partir do êxodo rural, que proporciona à cidade
c) Áreas  Anecúmenas: são áreas que apresentam um crescimento maior que o do campo. Quando a
dificuldade para a ocupação, seja naturais ou população urbana cresce em igual proporção ao
socioeconômicas e técnicas. São, geralmente, crescimento da população rural, o que ocorre é o
vazios demográficos ou de baixa densidade de- crescimento urbano. O crescimento populacional
mográfica. No Brasil, possuem menos de 5 das cidades teoricamente não tem limites, ao con-
hab./km2:

Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO


trário da urbanização. Esta corresponde a um
Amazônia Ocidental; aspecto espacial ou territorial proveniente de
modificações socioeconômicas. A Revolução
Extremo Norte da Amazônia; Industrial, por exemplo, provocou profundas alte-
Pantanal Mato-grossense. rações espaciais e econômicas, acelerando o pro-
cesso de urbanização na medida em que as dife-
Importante: obviamente, que em função da tecno- renças entre o campo e a cidade se aprofundavam,
logia moderna quase todas as áreas podem ser fazendo com que o meio urbano crescesse e pas-
ocupadas independentemente das suas condições sasse a comandar o meio rural.
naturais.
 
Nos últimos 500 anos, a história ocidental foi (e
ainda é) marcada por fortes movimentos migrató- Urbanização: 
rios, que exerceram grande influência na atual É o aumento percentual da população urbana em
configuração da população de muitos países, bem relação à população rural.
como em suas economias, sociedades e cultura.
É a transferência de grandes contingentes popula-
Mas o que será que desencadeia uma onda migra- cionais do campo para a cidade.
tória? Quais motivos são mais importantes?
Conceitos básicos:
a) a pobreza;
Cidade: é toda sede de Município. Para tal, de
b) crises econômicas; acordo com a Lei Complementar n° 1, de 9 de
c) instabilidade política; novembro de 1967, são necessários os seguintes
requisitos:
d) catástrofes naturais;
a) população superior a 10 mil habitantes ou não
e) conflitos; inferior a 5 milionésimos da população do estado; 89
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GEO 03
b) eleitorado que represente mais de 10% da po- CIDADE CAMPO CIDADE
pulação;
Dita o que se Produz Diz como se pro-
c) arrecadar, no último exercício, pelo menos produz no matéria- duz no campo e no
milionésimos da arrecadação do estado; campo (soja, prima e ritmo que a indús-
d) possuir um centro urbano com mais de 200 milho, cana) alimentos tria produz.
casas. Consome os Consome Produzem pesqui-
produtos do produtos sas e fornecem
Macrocefalismo: é o crescimento desordenado
campo industriais máquinas, imple-
das cidades a partir de um núcleo central origi-
mentos, insumos,
nando problemas urbanos.
etc
Conurbação: é o processo de sobreposição física e
socioeconômica dos espaços de dois ou mais
sítios urbanos resultante do macrocefalismo. A O maior desenvolvimento urbano e as
conurbação se dá pela fusão da malha urbana de transformações impostas às cidades alteram áreas
dois municípios limítrofes. rurais e urbanas e explicam o crescente esvazia-
mento da população do campo, em favor das ci-
Metrópole: é a cidade principal de um país (naci-
dades.
onal) de uma região (regional), é assim considera-
da em função da polarização que exerce sobre os
espaços circunjacentes, devido aos seus equipa-
mentos urbanos.
Megalópole: é uma vasta área urbanizada, resul-
tante da conurbação entre duas ou mais Metrópo-
les. Caracteriza-se pela intensa dinamização das
atividades financeiras, industriais, políticas, co-
merciais e técnicocientíficas. No Brasil, segundo
o IBGE, ainda está em formação entre Rio e São
Paulo.

Causas e consequências da urbanização no Brasil  
A rápida urbanização dos países subdesenvolvidos
estabeleceu a criação dos enormes aglomerados
urbanos desprovidos das mínimas condições de
infraestrutura e saneamento básico, o que caracte-
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

riza a expansão do macrocefalismo urbano mar-


cado por graves problemas sociais de difícil solu- Dentre as causas que levaram o Brasil a es-
ção. As grandes cidades são vistas como “grandes se rápido processo de urbanização, podemos citar:
berços de oportunidades”, funcionam como ímãs, Causas atrativas: Processo de industrialização a
que atraem os homens do campo, fugitivos da partir de 1930; atração exercida pela cidade sobre
pobreza rural imposta pela concentração fundiá- os habitantes no meio rural.
ria, pela mecanização e pelo desemprego, chegam
em busca de uma vida melhor e acabam aumen- Causas repulsivas: êxodo rural, decorrente de
tando os percentuais indicadores da miséria urba- transformações no campo, como a mecanização
na brasileira. em algumas áreas; baixos salários e precárias
condições de vida no campo; estrutura fundiária
O desenvolvimento do capitalismo, apoiado nos arcaica, favorecida pelo processo de concentração
níveis de industrialização e impulsionados pela fundiária.
força do mercado urbano, transformou a cidade no
grande centro de comando da economia. A cidade Observe os mapas seguintes da migração
subordinou o campo (veja o esquema do processo interna na segunda metade do Século XX.
sanduíche) e estabeleceu uma divisão do trabalho
segundo a qual o campo fica na responsabilidade
de abastecer a cidade de alimentos e matéria-
prima, recebendo em troca produtos industrializa-
dos, máquinas, tecnologia e empréstimos de capi-
tais.

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GEO 03

Desigualdades e segregação
sócio‐espacial

O espaço urbano é capitalista por sua natureza.


Não há nada que se possa dizer que é gratuito,
pois quando é público é financiado pelos impostos

Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO


e quando é privado é financiado pelos recursos
dos particulares.
Parece obvia a afirmativa, mas é necessário dizer
isso é para se ter a noção que o espaço urbano é
um espaço de consumo, ou seja, o próprio espaço
Consequências é mercadoria comercializada a preço elevado.
A rapidez no processo de urbanização gerou um Desse modo, na cidade veficaremos os seguintes
crescimento acentuado e desordenado (macrocefa- fenômenos urbanos: favelização, periferização,
lismo urbano) das cidades. Aliado ao grande con- macrocefalismo, marginalismo, especulação imo-
tingente populacional e à falta de emprego (resul- biliária, desemprego e/ou subemprego, deteriora-
tado do não crescimento dos setores secundários e ção dos equipamentos urbanos.
terciários no mesmo ritmo da urbanização), a
O excesso de população, gerado pelo próprio
urbanização trouxe para as cidades uma série de
crescimento vegetativo e reforçado pelas migra-
problemas como a especulação imobiliária, a
ções forçou a estrutura básica de apoio à popula-
submoradia, o favelamento, a carência de infraes-
ção como escolas, hospitais, postos de saúde,
trutura urbana, a falta de espaços verdes e a vio-
áreas de lazer coletivos, como praças e parques,
lência urbana, desemprego, subempregos, inchaço
entre outros serviços públicos.
ou hipertrofia do setor terciário e explosão infor-
mal. O crescimento acelerado e a concentração no
meio urbano dos cidadãos pobres que eram expul-
sos do meio rural, devido a modernização da agri-
cultura, gerou a necessidade de novos bairros,
muitas vezes criados sem planejamento e sem
infraestrutura, visando criar um alojamento para
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GEO 03
essas populações que não tinham os recursos para antecedido de planejamento que deve avaliar o
investir na aquisição de uma moradia em um impacto da verticalização no transito local, a exis-
bairro com a infraestrutura necessária a ocupação tência de serviços para a população que ficará
humana. mais adensada, existência de áreas para garagens
nos shoppings e centros comerciais, etc. A avalia-
O reflexo desse crescimento é o surgimento de
ção antecede a autorização dos empreendimentos
uma CIDADE FORMAL com toda infraestrutura
visando reduzir o impacto negativo de um proces-
urbana - coleta de lixo, ruas asfaltadas, agua, luz,
so desordenado e sem regulação do poder público.
esgoto, etc. e de uma CIDADE INFORMAL na
qual a infraestrutura é incompleta ou inexistente. É comum verificarmos cidades que estão
tornando as ruas mais largas, duplicando vias de
acesso, construindo viadutos e outras obras para
reduzir o impacto do crescimento desordenado.
Outro fator negativo que podemos destacar
é a poluição de águas, do solo e do ar que assume
grandes proporções no meio urbano. A falta de
coleta de lixo e a falta de consciência coletiva
quanto ao manejo do lixo, seja com a seleção para
a coleta seletiva ou a destinação correta do lixo
para ao beneficiamento correto, evitando o depó-
sito em lixões. A produção de lixo e esgoto supera
em muito a capacidade instalada das cidades de
realizar o manejo correto dos resíduos sólidos e o
tratamento do esgoto.
Veja o mapa e gráfico a seguir:

Observe na fotografia da cidade do Rio


de Janeiro que convivem, lado a lado, a favela
(cidade informal) e o asfalto (cidade formal).
Esse é um dos principais aspectos da se-
gregação espacial no meio urbano. Podemos ob-
servar essa segregação também na presença e
ausência dos equipamentos urbanos, em especial
de saúde e lazer.
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

Planejamento e Gestão ‐
Planos Diretores e Estatuto da
Cidade

O processo de urbanização acelerada ocor-


rido nos países em desenvolvimento gerou um
fenômeno comum que é o crescimento desorde-
nado de bairros sem a infraestrutura necessária
para a habitação humana.
Desse modo podemos notar que os pro-
blemas urbanos não são novos. Em nosso cotidia-
no podemos verificar que se proliferam as perife-
rias longínquas e desprovidas de serviços e equi-
pamentos urbanos essenciais; favelas, invasões,
vilas e alagados nascem e se expandem. Ao
olharmos em nossa cidade facilmente encontrare-
mos bairros que podem enquadrar em um desses
espaços listados anteriormente.
O adensamento e a verticalização do espa-
ço urbano podem ser verificados com frequência.
92 Essas mudanças do espaço urbano tem que ser
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GEO 03
Podemos observar que os benefícios decor- outros) e dos vários segmentos da sociedade. O
rentes do processo de urbanização são historica- gestor público deve desenvolver as discussões e
mente injustos, resultantes de décadas de descaso fomentar a participação popular em todas as eta-
e falta de planejamento sobre o crescimento do pas de construção do Plano Diretor – elaboração,
espaço urbano. Com o crescimento desordenado avaliação – e na formulação, execução e acompa-
e o processo de migração, muitas vezes, os novos nhamento dos demais planos, programas e proje-
bairros eram predominantemente ocupados por tos de desenvolvimento urbano municipal.
imigrantes gerando nos administradores incom-
A regularização fundiária e urbanização
preensão do processo da mobilidade populacional.
de áreas ocupadas por população pobre também
Pode-se falar até em preconceito e que os gestores
está prevista. Um dos maiores problemas levanta-
públicos tiveram uma atuação privilegiada voltada
dos pelo governo federal é a falta da regularização
apenas para alguns setores da cidade.
fundiária. Sem o documento de propriedade do
O quadro urbano atual se constitui em um dos terreno, a escritura pública, o morador não conse-
maiores desafios deste século que é fornecer con- gue o alvará para construção, fica sem acesso às
dições de moradia aos cidadãos. linhas de crédito para financiamento da constru-
ção entre outros benefícios que poderia ter acesso
com a regularização fundiária. Diante desse pro-
blema o governo criou o Ministério das Cidades.
A luta de intelectuais, lideranças sociais,
pesquisadores, ONGs ligadas ao movimento ur-
bano foi decisivo para a criação do Ministério das
Cidades. Hoje esse órgão trabalha para apoiar os
municípios a superar os principais problemas do
setor de habitação, saneamento básico, transportes
públicos, trânsito e a ocupação do solo urbano.
A complexidade para a realização do
plano diretor levou a maioria dos municípios a
não conseguirem cumprir o prazo, desse modo, o
foco do ministério está também na capacitação de
gestores públicos visando a implementação da
Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e
desenvolver ações de apoio ao setor público mu-
nicipal e estadual

Veja que há um déficit de moradia muito

Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO


grande em todas as regiões do país. Como a falta Plano diretor  
de moradia atinge a população mais carente há
uma proliferação de áreas com habitação em con-
dições precárias. De acordo com a própria lei, é "o instrumento
básico da política de desenvolvimento e expansão
Devido a realidade atual das cidades e a urbana", obrigatório para municípios:
previsão na constituição, o governo lançou o Esta-
tuto da Cidade que reúne importantes instrumen-  Com mais de vinte mil habitantes ou conurbados;
tos urbanísticos, tributários e jurídicos que podem  Integrantes de "área de especial interesse
garantir efetividade ao Plano Diretor, responsável turístico" ou área em que haja atividades com
pelo estabelecimento da política urbana na esfera significativo impacto ambiental;
municipal e pelo pleno desenvolvimento das fun-
ções sociais da cidade e da propriedade urbana,  Que queiram utilizar de parcelamento, edificação
como preconiza o artigo 182 da CF/88. ou utilização compulsórios de imóveis.
O Estatuto da Cidade estabelece a gestão
democrática, garantindo a participação da popula-
ção urbana em todas as decisões de interesse pú-
blico. Essa é uma forma da população contribuir
para o crescimento das cidades de forma ordenada
e fiscalizar o poder público para que não haja o
beneficiamento que atenda a uma parcela da po-
pulação. A participação popular está prevista e,
através dela, as associações representativas - asso-
ciações de bairros, movimentos sociais (Movi-
mento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST, entre 93
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GEO 03
a) o avanço do modo de produção capitalista no
EXERCÍCIOS  campo, com grande produtividade, tecnologia e
mecanização.
b) a melhor qualidade de vida encontrada nos
1. Julgue a alternativa INCORRETA grandes centros urbanos, pela oferta ampla de
trabalho.
a) o processo de urbanização aumentava as
demandas de eletricidade, com difusão dos bondes c) as atividades industriais, comerciais e de servi-
elétricos, da iluminação publica e das primeiras ços serem basicamente urbanas, fragilizando a
industrias. estrutura rural.
b) A produção de energia no inicio do Séc. XX d) o empobrecimento do camponês em função da
estava distribuída fundamentalmente entre os expansão das grandes propriedades rurais.
estados do Sudeste, do Sul e o nordestino Per- e) o desequilíbrio estrutural entre a oferta de mão-
nambuco. de-obra e de empregos no campo.
c) A industrialização balbuciante leva à constru-
ção de usinas elétricas em todas as regiões do
país, com a padronização das linhas de transmis- 4. (EsSa) A maior concentração de Unidades
são e distribuição, que foi acompanhada por uma Federadas no território brasileiro ocorre na região:
centralização estatal das empresas elétricas. a) Norte
d) A construção da binacional Itaipu tinha por b) Nordeste
objetivo prover energia para o consumo residenci-
al, dado o avanço da urbanização pós 1950. c) Sudeste

e) A forte demanda energética no Sudeste e Sul, d) Centro–Oeste


causada pela industrialização acelerada, e ao e) Sul
mesmo tempo a chegada inovadora dos modelos
globais de aproveitamento hidrelétrico e a crise do
petróleo nos anos 1970 foram decisivos para asse- 5. (Ceeteps-SP) No Brasil, em curto intervalo de
gurar o processo de substituição da energia térmi- tempo, as cidades se transformam, residências são
ca pela hidrelétrica. substituídas por comércio ruas e avenidas são
construídas ou alargadas, e os edifícios se multi-
plicam. Entretanto, algumas cidades brasileiras
2. (Fuvest-SP) Podemos afirmar que a rede urba- têm história diferente, ou seja, foram inicialmente
na no Brasil é "planejadas".
a) pouco densa no Sul, devido ao desenvolvimen- O exemplo brasileiro mais típico é Brasília, mas
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

to agrícola baseado no minifúndio familiar, volta- podemos ainda citar:


do à produção de trigo para o consumo interno.
a) Goiânia (GO) e São Luís (MA).
b) densa no Centro-Oeste, devido ao desenvolvi-
mento agrícola baseado na produção de soja e b) Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).
trigo, constituindo uma hierarquia urbana comple- c) Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO).
ta.
d) Palmas (TO) e São Luís (MA).
c) rarefeita no Nordeste, devido à migração da
população para outras regiões do país, que ofere- e) Campo Grande (MS) e Curitiba (PR).
cem oportunidades de trabalho.
d) pouco densa no Norte, apresentando uma estru- 6. (VUNESP) Segundo a hierarquia urbana, as
tura hierárquica incompleta, apesar dos investi- cidades mais importantes de um país, que coman-
mentos estrangeiros em infra-estrutura urbana, a dam a rede urbana nacional, estabelecendo áreas
partir de 1970. de influência, correspondem aos (às):
e) densa no Sudeste, devido à bem desenvolvida
infra-estrutura de transporte e ao número de cida- a) centros regionais
des, viabilizando um sistema de fluxos de merca- b) cidades-dormitórios
dorias e de pessoas. c) metrópoles nacionais
d) capitais regionais
e) metrópoles regionais
3. (PUC-MG) São causas do acentuado êxodo
rural no Brasil, exceto:

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GEO 03
7. Sobre o processo de modernização da agricul‐
tura brasileira, é correto afirmar: 
9. Sobre a ação das massas de ar na composição 
a) a introdução de infraestruturas produtivas na dos sistemas atmosféricos e a dinâmica climática 
exploração de borracha torna os rendimentos do Brasil, é correto afirmar: 
atingidos em São Paulo superiores àqueles verifi-
cados na Amazônia. a) a massa Equatorial Continental é quente e seca,
nasce na região amazônica e é responsável pelos
b) no Nordeste, a introdução de inovações técni- invernos secos no interior do país.
cas na agricultura permitiu a formação de extensa
área contínua de modernização, integrando a pro- b) o centro do país possui um clima tropical típi-
dução da fruticultura do vale do São Francisco à co, com duas estações bem definidas: verão úmi-
zona produtora de grãos do Oeste Baiano. do, fruto do deslocamento para o norte da zona de
convergência intertropical, e inverno seco.
c) o surgimento de áreas modernizadas de produ-
ção de cana-de-açúcar no interior de São Paulo c) o encontro das massas Tropical Atlântica
gerou um abandono dessa cultura no cinturão (quente e úmida) e Polar Atlântica (fria e úmida)
histórico da Zona da Mata nordestina. gera no litoral brasileiro diminuição de temperatu-
ra e chuvas frontais, especialmente nos Estados do
d) as frentes pioneiras no Brasil contemporâneo Sudeste e sul do Nordeste.
associam-se, sobretudo, à ocupação plena da regi-
ão Sul, graças aos acréscimos técnicos ali realiza- d) ao longo de todo o ano, uma corrente da massa
dos nos últimos dez anos. Polar Atlântica sobe pelo “corredor” do Pantanal e
gera o fenômeno da Friagem no semi-árido nor-
e) a diminuição da área plantada de café e a sua destino, fazendo baixar a temperatura local.
expansão da fronteira para áreas mais afastadas
das grandes metrópoles resultaram em uma dis- e) uma barreira orográfica ao longo da faixa lito-
persão espacial da sua produção para além da rânea do país faz com que a chuva de relevo man-
Região Concentrada do país. tenha uma maior umidade na margem ocidental,
ao passo que no lado oriental o vento chega seco.

8. Analise  as  afirmativas  abaixo  sobre  grandes 


10. Sobre a inserção do Brasil no mundo globali‐
estruturas  geomorfológicas  do  território  brasilei‐
zado é incorreto afirmar: 
ro e, a seguir, assinale a alternativa correta. 
a) o desemprego estrutural, ou tecnológico, que se
I. Na atualidade não há dobramentos modernos no
faz presente no mundo inteiro, ampliado pelo
Brasil, entretanto, no passado geológico os movi-
processo de globalização, também atinge o Brasil.
mentos orogenéticos fizeram surgir dobramentos
especialmente próximo à faixa litorânea do país. b) o modelo neoliberal é um pressuposto político

Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO


para a realização da globalização econômica,
II. As plataformas, crátons, ou escudos cristalinos,
nesse sentido pode-se afirmar que as práticas do
abundantes no território brasileiro, são decorren-
governo de Fernando Collor de Melo foram de-
tes da solidificação do magma, conseqüentemente,
terminantes para a inserção do Brasil nessa fase
formados por rochas sedimentares com grande
mais avançada do capitalismo mundial.
possibilidade de extração de minerais metálicos.
c) as privatizações que ocorreram no Brasil, espe-
III. Os espaços das bacias sedimentares não coin-
cialmente na década de 1990, confirmam a inter-
cidem necessariamente com as unidades morfoló-
nacionalização do Estado com a penetração de
gicas das planícies. Um exemplo desse fato é a
capitais estrangeiros inclusive em áreas estratégi-
grande bacia sedimentar amazônica na qual apa-
cas.
rece, numa estreita faixa, a planície do rio Ama-
zonas. d) a mundialização do capitalismo ao final do
século XX permitiu o acesso de diversos países no
IV. As formações geológicas mais recentes do
sistema de trocas mundiais, esse fato ampliou o
território brasileiro são as bacias sedimentares da
número de parceiros comerciais do Brasil.
era cenozóica, no período quaternário, a exemplo
do espaço ocupado pelo Pantanal matogrossense. e) a globalização, entendida como intensificação
de fluxos materiais e imateriais na escala mundial,
a) Somente a I, a II e a III estão corretas.
exclui a participação do Brasil, pois ela depende
b) Somente a I, a III e a IV estão corretas. de um ambiente com grande infra-estrutura técni-
ca e produção científica de ponta para se realizar.
c) Somente a II, a III e a IV estão corretas.
d) Somente a I, a II e a IV estão corretas.
e) Todas estão corretas. 11. Sobre  o  processo  de  modernização  da  agri‐
cultura brasileira, é correto afirmar: 
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GEO 03
a) a introdução de infraestruturas produtivas na
exploração de borracha torna os rendimentos
atingidos em São Paulo superiores àqueles verifi- GABARITO
cados na Amazônia.
b) no Nordeste, a introdução de inovações técni-
cas na agricultura permitiu a formação de extensa
área contínua de modernização, integrando a pro-
1. D 
dução da fruticultura do vale do São Francisco à
zona produtora de grãos do Oeste Baiano. 2. E 
c) o surgimento de áreas modernizadas de produ- 3. E 
ção de cana-de-açúcar no interior de São Paulo
gerou um abandono dessa cultura no cinturão 4. B 
histórico da Zona da Mata nordestina. 5. C 
d) as frentes pioneiras no Brasil contemporâneo 6. C 
associam-se, sobretudo, à ocupação plena da regi-
ão Sul, graças aos acréscimos técnicos ali realiza- 7. A 
dos nos últimos dez anos.
8. B 
e) a diminuição da área plantada de café e a sua
expansão da fronteira para áreas mais afastadas 9. C 
das grandes metrópoles resultaram em uma dis- 10. E 
persão espacial da sua produção para além da
Região Concentrada do país. 11. A 
12. C 
12. Analise  as  afirmativas  abaixo  acerca  do  pro‐
cesso de urbanização no Brasil e, a seguir, assina‐
le a alternativa correta. 
I. A partir da década de 50 do século passado,
estabelece-se uma tendência à aglomeração da
população em cidades com mais de 20 mil
habitantes, conduzindo a um processo de
urbanização concentrada e posterior metropo-
lização.
Capítulo: GEO 03 EIXO 3: ESPAÇO URBANO BRASILEIRO

II. As regiões metropolitanas, criadas em 1972,


tem, no Brasil do século XXI, grande importância
administrativa, mas pequena atratividade demo-
gráfica, sendo responsáveis por percentuais infe-
riores a 20% da população nacional, uma marca
da interiorização da nossa urbanização.
III. O processo de desmetropolização, em curso
no Brasil, reflete a busca por qualidade de vida
nas pequenas cidades e leva a um decréscimo
demográfico nas metrópoles.
a) Somente I está correta.
b) Somente II está correta.
c) Somente I e III estão corretas.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

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GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


pecuária, como atividade complementar. No final
do século temos as primeiras ocorrências de ouro.
Evolução e organização do Nos séculos XVII e XVIII, ocorreu um maior
povoamento do interior, com as bandeiras, a mi-
espaço no Brasil primário‐ neração, a penetração pelo vale do rio Amazonas
exportador e a expansão no Vale do São Francisco e no sertão
do Nordeste. Mas a maior parte da população
continuou próxima ao litoral, ocorrendo de fato a
formação de “ ilhas” de povoamento no interior.
Algumas “ ilhas” duraram pouco tempo, esvazi-
ando-se em função do esgotamento das jazidas de
ouro e diamantes na região das minas gerais.
Ao analisarmos o povoamento no século
XVII percebemos que o território brasileiro pouco
mudou em relação ao território do século XIX.
Porém as atividades econômicas tornaram-se mais
diversificadas, destaca-se a ocupação do interior
do território, principalmente com a mineração e a
presença da pecuária no sul do país, neste caso
para a produção de carne, e ao mesmo tempo
abastecendo a região sudeste.

Bandeirantismo 
Ocorreu basicamente no século XVIII e foi
Prezado estudante, através da análise do motivada pela busca de metais preciosos e , sobre-
mapa acima, você pode perceber que o território tudo, pela caça de indígenas para serem vendidos
brasileiro praticamente triplicou durante a união como escravos. Movimento de penetração para o
ibérica (1580-1640), quando os portugueses avan- interior com origem, principalmente, em São
çaram além da linha de Tordesilhas, que dividia as Paulo e contribuiu para a expansão dos domínios
possessões portuguesas e espanholas. O avanço territoriais portugueses no continente.
além da linha do tratado possibilitou a ocupação
As bandeiras adentravam ao território com
efetiva do território em nome da coroa portuguesa
diversas finalidades:
que, durante o período da união ibérica, era exer-

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


cido pela mesma pessoa. Era um só rei e dois Bandeiras  de  apresamento - capturar in-
reinos. Dom Filipe II de Espanha reinava na Es- dígenas para o trabalho na lavoura como escravos.
panha desde 1556 e passou a reinar também em Durante o domínio espanhol houve falta de mão-
Portugal a partir de 1580, com o nome real de D de-obra devido a interrupção do tráfico de escra-
Felipe I. A sucessão de D Felipe durará por três vos. Os holandeses ocuparam diversas colônias
reinados até que em 1640 foi restaurada a inde- portuguesas, entre elas o Brasil e possessões na
pendência do reino de Portugal quando acendeu África. O tráfico de escravos para o Brasil foi
ao trono português a casa de Bragança. direcionado para a região sob domínio holandês.
Toda ocupação realizada pelos "brasilei-  
ros" durante o reinado Felipino em Portugal foi a
base para garantir a posse do território utilizando Bandeiras  de  monções - visavam abaste-
o dispositivo do UTI POSSIDETIS. cer os núcleos de ocupação do interior do territó-
rio. É intitulado bandeiras de monções devido
utilizar os rios como vias de acesso e isso ocorria
Utti Possidetis ou uti possidetis iuris é um durante o período das cheias.
princípio de direito internacional segundo o
qual os que de fato ocupam um território  
possuem direito sobre este. Bandeiras  oficiais  ou  Entradas - eram ex-
pedições organizadas pelo governo em busca de
conhecer o território e encontrar as sonhadas ri-
Povoamento no século XVII e XVIII   quezas minerais na colônia.

Durante o século XVII, a economia açuca- Atenção! É muito comum a banca exami-
reira se desenvolveu e passou a ocupar maiores nadora associar o crescimento demográfico às
áreas, ao mesmo tempo em que desenvolveu-se a bandeiras. Porém, segundo William Vicentini, do 97
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ponto de vista do povoamento, o bandeirantismo
foi uma atividade despovoadora, pois extermina-
Imigração Alemã 
ram um enorme número de índios que não queri-
am virar escravos. Porém serviu de base para o
conhecimento sobre as terras interioranas, que
foram importantes para a penetração posterior
rumo ao oeste.

Povoamento nos séculos XIX e XX 
As áreas localizadas ao sul do trópico de
Capricórnio tornaram-se efetivamente povoadas a
partir do século XIX, com a chamada colonização
moderna, feita por imigrantes, especialmente
colonos alemães, italianos e eslavos.
A imigração no Brasil teve início em 1530
com a chegada dos colonos portugueses, que
vieram para cá com o objetivo de dar início ao
plantio de cana-de-açúcar. Durante todo período
colonial e monárquico, a imigração portuguesa foi
a mais expressiva.
Nas primeiras décadas do século XIX, imi-
grantes de outros países, principalmente europeus,
vieram para o Brasil em busca de melhores opor-
tunidades de trabalho. Compravam terras e come-
çam a plantar para sobreviver e também vender
em pequenas quantidades. Aqueles que tinham
profissões (artesãos, sapateiros, alfaiates, etc.) na Imigração Italiana 
terra natal abriam pequenos negócios por aqui.
No começo da década de 1820, muitos
imigrantes suíços (primeiros imigrantes não por-
tugueses) se estabeleceram na cidade de Nova
Friburgo (estado do Rio de Janeiro). Neste mesmo
período os alemães começaram a chegar à Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Estes imigrantes
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

passaram a trabalhar em atividades ligadas à agri-


cultura e pecuária.
Já os italianos, que vieram em grande
quantidade para o Brasil, foram para a cidade de
São Paulo trabalhar no comércio ou na indústria.
Outro caminho tomado por eles foi o interior do
estado de São Paulo, para trabalharem na lavoura
de café que estava começando a ganhar fôlego em
meados do século XIX.
Já os japoneses começaram a chegar ao
Brasil em 1908. Grande parte destes imigrantes
foi trabalhar na lavoura de café do interior paulis-
ta, assim como os italianos.

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construção de Brasília (1956-1960), e de estradas
ligando essa cidade a outras, o crescimento popu-
Imigrantes Japonês 
lacional tornou-se mais intenso nessa região. Pos-
teriormente, a partir dos anos 1970, houve novo
impulso na ocupação do Brasil central por causa
do aproveitamento agrícola das áreas de cerrado
com o cultivo da soja e a criação de gado.
 
A Conquista da Amazônia 
Foram as missões religiosas dos séculos
XVII e XVIII que iniciaram esse processo. A ação
catequizadora dos missionários era acompanhada
de tropas de resgate portuguesas, que visavam
caçar indígenas para escravizá-los.
De 1870 a 1910, ocorreu a fase da borracha
Bairro da Liberdade localizado no estado de São  Amazônica, que deu novo impulso à ocupação da
Paulo  região. Com o declínio das exportações desse
produto, por causa das plantações de seringueiras
na Ásia e, depois, da fabricação borracha sintética
(petróleo), a prosperidade declinou e em certas
áreas chegou haver refluxo. Nas últimas décadas,
especialmente a partir de 1970, vem ocorrendo
um aumento na ocupação da Amazônia brasileira,
agora por causa da presença de minérios (ouro,
ferro e etc), e da derrubada da floresta Amazônica
para o estabelecimento da agricultura (principal-
mente cultivo da soja) ou da pecuária extensiva de
corte (para exportação de carne). Foi um prolon-
gamento da ocupação do Brasil central.
OBS: Hoje o crescimento populacional no
Norte e no Centro-Oeste do país tem sido muito
grande, bem superior à média nacional.

Frentes Pioneiras   
As últimas delimitações de fronteiras 

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


A principal atividade econômica que serviu
de base a esse pioneirismo foi a cultura do café.
Por causa do aumento das exportações, do crédito
bancário facilitado para novas plantações, e do   Questão de Palmas 
esgotamento dos solos de algumas áreas, o café A questão de Palmas, território situado en-
originou uma verdadeira marcha. Esse percurso tre o sudoeste do Brasil e o nordeste da Argentina
ficou conhecido como “marcha  do  café” e criou (que hoje constitui o oeste do Paraná e de Santa
uma série de novas cidades em áreas até então Catarina, também conhecido Iguaçu), foi solucio-
pouco povoadas. nada em 1895. Os dois países disputavam esse
Existia uma preocupação do governo em território de 35 431 km2 rico em ervais (a planta
ocupar o interior e ampliar a presença nessa por- da erva-mate), e que começou a ser mais intensa-
ção do território. Para melhor gerir o território a mente explorado na segunda metade do século
partir da década de 40, século passado, o governo XIX. Para sorte do Brasil, na época a Argentina
federal, o qual era liderado por Getúlio Vargas, vivia enorme crise política (de 1889 a 1895 ocor-
iniciou uma intervenção na administração do reram quatro mudanças de presidente do país e
território com a criação dos Territórios Federais. dos seus ministérios) e, ao mesmo tempo, Teatro
Esse tipo de intervenção na gestão territorial só Municipal de Manaus confrontava o Chile por
teve fim com o advento da constituição de 1988 causa de uma disputa de fronteiras muito mais
quando os últimos territórios foram incorporados problemática. Em 1895, a opinião pública e as
ou elevados à condição de estados. tropas argentinas estavam mobilizadas contra o
Chile. Brasil e Argentina decidiram recorrer à
A partir de 1940, teve início o movimento arbitragem do presidente dos Estados Unidos,
de ocupação do Brasil central, do chamado Cen- que, após estudar as reclamações de ambos os
tro-Oeste, no início favorecido pela Estrada de lados (e também os argumentos do Chile, que
Ferro Noroeste, que chegou até Corumbá. Com a 99
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intercedeu a favor do Brasil), acabou decidindo área passou a fazer parte do território brasileiro. O
que o território de Palmas deveria pertencer ao Brasil indenizou a Bolívia e o Peru em cerca de 2
Brasil. milhões de libras esterlinas, a moeda internacional
mais valorizada na época, e se comprometeu a
construir a Ferrovia Madeira-Mamoré para esco-
amento e exportação da borracha através dos
portos de Manaus e Belém.

 
 
Questão do Amapá 
A questão do Amapá, que opôs o Brasil à
Guiana Francesa (colonizada pela França), tam-
bém foi resolvida por meio de arbitragem interna- Questão do Pirara 
cional, dessa vez realizada pela Suíça. As autori- O último grave problema fronteiriço no
dades suíças, escolhidas de comum acordo pelos contorno terrestre foi a questão do Pirara, que
dois lados em litígio, decidiram em 1900 que essa opôs o Brasil à Guiana Inglesa, na época colônia
área, que corresponde aproximadamente à metade do Reino Unido e hoje país independente denomi-
do atual estado do Amapá, deveria continuar a nado Guiana. Ocorreu uma disputa sobre uma
fazer parte do Brasil. área de 22 015 km2 ao redor do lago de Pirara, na
Amazônia, e uma arbitragem internacional, reali-
zada pelo governo italiano, decidiu que a maior
parte desse território (12950 km2) ficaria sob
domínio da Guiana Inglesa e outra parte (9 065
km2 ), com o Brasil.
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

Questão do Acre 
Quanto ao Acre, a disputa principal foi
com a Bolívia, que reclamou da invasão da parte
leste do seu território por seringalistas brasileiros.
Durante alguns anos as tropas bolivianas e Descrição geral 
brasileiras, em ação conjunta, tentaram expulsar
dessa área. os seringalistas, mas, após muitas O Brasil é o quinto maior país do mundo
lutas, eles se rebelaram e declararam a indepen- em área descontínua: tem 5,7% das terras emersas
dência do Acre em 1902. e ocupa 48% da América do Sul.
Brasil e Bolívia - e também o Peru, que te- Se forem consideradas apenas as áreas
ve um pequeno trecho do seu território invadido contínuas, ele passa a ocupar a 4ª (quarta) posi-
pelos seringalistas, reuniram-se em 1903 e assina- ção, já que os Estados Unidos possuem dois terri-
100 ram o Tratado de Petrópolis, segundo o qual essa tórios externos: Havaí e Alasca.
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Está localizado na porção centro-oriental Altitudes 
do subcontinente sulamericano (entre os paralelos
de 5º16' de latitude norte e 33º44' de latitude sul, e De modo geral, as altitudes do território
brasileiro são modestas. O território não apresenta
entre os meridianos de 34º47' e 73º59' de longitu-
de oeste), com seu litoral banhado pelo oceano grandes cadeias de montanhas, cordilheiras ou
Atlântico. similares formados nos períodos mais recentes. O
ponto mais elevado no Brasil é o Pico da Neblina,
Como o Brasil tem o formato aproximado com cerca de 3.114 m de altitude.
de um gigantesco triângulo, mais precisamente de
um coração, sendo mais extenso no sentido leste-
oeste do que no sentido norte-sul. Entretanto, Fronteiras do Brasil 
como essas distâncias são quase iguais, costuma-
se dizer que o Brasil é um país equidistante. O Brasil tem 23.086 km de fronteira, sendo
15.791 km terrestre e 7.367 km marítima.
Distância Leste-Oeste: (em linha reta)
4.328 km.
Distância Norte-Sul: (em linha reta) 4.320 Marítimas 
km. O litoral estende-se da foz do rio Oiapo-
  que, no cabo Orange, ao norte, até o arroio Chuí,
no sul. A linha costeira do Brasil tem uma exten-
Localização  são de 7.491 km, constituída principalmente de
Nosso país é cortado ao norte pela Linha praias de mar aberto.
do Equador, que atravessa os estados do Amazo-
nas, Roraima, Pará e Amapá e pelo Trópico de
Capricórnio que passa pelos estados de Mato Terrestres 
Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, aos 23º27’30" Com exceção de Equador e Chile, os de-
de latitude sul. mais países da América do Sul fazem fronteiras
Faz fronteira com quase todos os países com o Brasil, sendo as mais extensas com a Bolí-
sul-americanos. Somente não tem fronteira com o via e Perun, e menos extenso com o Suriname,
Equador e o Chile. Ao norte faz fronteira com a maior parte com o Pará e apenas 593 km 25 no
Guiana, Guiana Francesa, Suriname e a Venezue- leste com o Amapá.
la; a noroeste com a Colômbia; a oeste com o
Peru e a Bolívia; a sudoeste com o Paraguai e a
Argentina; e ao sul com o Uruguai. Toda a sua Pontos Extremos 
extensão nordeste, leste e sudeste são banhados Os pontos extremos do território brasileiro
pelo Oceano Atlântico. são:

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


O espaço geográfico do Brasil é considera- Ao norte, a nascente do Rio Ailã, no Mon-
do privilegiado, já que nosso território é quase te Caburaí, Estado de Roraima (5º 16’ de latitude
inteiramente aproveitável, não apresentando de- norte), na fronteira com a Guiana;
sertos, geleiras ou cordilheiras - as chamadas
áreas anecúmenas - que impossibilitam a plena Ao sul, o Arroio Chuí no Rio Grande do
ocupação do território, como ocorrem com a mai- Sul (33º 45’ de latitude sul), fronteira com o Uru-
or parte dos países muito extensos da Terra. guai;
O extremo leste da parte continental do
Brasil é a Ponta do Seixas, em João Pessoa, na
Coordenadas geográficas do Brasil  Paraíba (34º 47’ de longitude oeste); porém, as
ilhas oceânicas de Fernando de Noronha, Atol das
Rocas, arquipélago de São Pedro e São Paulo,
O Brasil está situado entre os paralelos Trindade e Martim Vaz ficam ainda mais a leste,
5°16’19” de latitude norte e 33°45’09” de latitude sendo o extremo leste absoluto do território brasi-
sul e entre os meridianos 34°45’54” de longitude leiro uma ponta sem nome na Ilha do Sul do ar-
leste e 73°59’32” de longitude oeste. quipélago de Martim Vaz, a cerca de 28° 50’ de
O país é cortado ao norte pela Linha do longitude oeste;
Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio; por A oeste, a serra da Contamana ou do Divi-
isso, possui a maior parte do seu território situado sor, no Acre (73º 59’ de longitude oeste), na fron-
no hemisfério sul (92%) e na zona tropical (93%). teira com o Peru.
O Brasil tem uma área total de 8.514.876
km² que inclui 8.456.510 km² de terra e 55.455
km² de água.
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A maior parte de seu clima é tropical, em- Modernização da economia e
bora apresente uma zonas possa ser classificadas
como temperadas. desenvolvimento regional
Deste modo, o Brasil é o país mais extenso Com o advento da independência pouco houve de
da América do Sul. É ainda o terceiro das Améri- mudança para a realidade econômica brasileira.
cas e o quinto do mundo: apenas a Rússia (com Éramos uma nação com perfil econômico de co-
17.075.400 km²), o Canadá (com 9.970.610 km²), lônia. Nossa preocupação estava voltada a abaste-
a República Popular da China (com 9.517.300 cer o mercado externo sem, contudo desenvolver
km²) e os Estados Unidos da América (com o mercado interno.
9.372.614 km²) têm maior extensão.
Continuamos um império, escravagista e sem um
Devido ao fato de apresentar tão grande projeto de modernização e integração da econo-
extensão territorial, o Brasil é considerado um mia interna.
país continental, ou seja, um país cujas dimensões
físicas atingem a proporção de um verdadeiro Algumas décadas depois, com a ascensão inglesa
continente, sendo que seu território ocupa 1,7% da como potência hegemônica capitalista tornou-se
superfície do globo terrestre, 5,7% das terras necessário abandonar a importação de escravos,
emersas do planeta Terra, 20,8% da superfície do começar a substituir a mão-de-obra cativa por
continente americano e 47,3% da superfície da trabalhadores livres e repensar a economia nacio-
América do Sul. nal, que teria que ter pelo menos a capacidade de
abastecimento de bens de consumo mais simples,
uma vez que os países que os exportavam já não
tinham tanto interesse assim nesse comercio.
Surgiram algumas indústrias locais e o processo
de industrialização se iniciou lentamente, uma vez
que o Estado continuava a fomentar o setor agrá-
rio-exportador. A essa modernização forçada da
economia somou-se a urbanização no Brasil que
gerou novas necessidades. As cidades que cresci-
am necessitavam de novos produtos gerando,
desse modo, novas possibilidades de investimen-
tos. A urbanização criou as condições necessárias
para a industrialização.
Quando tratamos do processo de industrialização
traçamos uma linha do tempo para definir as fases
do processo, realizando um comparativo com as
revoluções industriais ocorridas na Europa e
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

EUA.

Mapa físico do Brasil – destaque para os pontos Primeira RI Segunda RI  Terceira RI


extremos
De 1750 a 1930 De 1930 a 1980. Após 1990 - fase
da abertura da
Desde a liberação É a fase da mo- economia e inser-
N: LN 5°16’20” e LnO 60o 12’43” na nas- da produção de dernização da ção da indústria
cente do Rio Ailã/monte Caburaí em Roraima. panos grossos e a economia que nacional no
siderurgia para passa de agrário- cenário de produ-
S: LS 33°45’03” e LnO 53o 23’48” no ar- atender a região exportadora para ção globalizada.
das minas até a urbano-industrial.
roio Chuí no Rio Grande do Sul. conformação da
L: LS 07°09’28” e LnO 34o 47’30” na indústria.
ponta do Seixas/Cabo Branco na Paraíba.
O: LS 07°33’13” e LnO 73°59’32” na nas-
cente do Rio Moa/serra de Contamana no Acre.
Observação:
L – latitude
Ln – longitude

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Observe a tabela abaixo com a evolução de nossa 
industrialização  Dessa forma, desencadeou-se um quadro
Número de estabelecimento industriais e de operários no de modernização de toda a economia, que elevou
Brasil segundo a época da fundação das empresas (1849- às cidades a posição central na vida econômica
1920)
brasileira.
Época da funda- Nº de estabeleci- Nº de operários Por outro lado, a modernização também
ção mentos industriais
atingiu as atividades agrárias, gerando desempre-
Até 1849 35 2.929 go e miséria nas zonas rurais, o que levou um
De 1850 a 1854 16 1.177 grande contingente populacional do campo em
direção às cidades. A modernização da agricultura
De 1855 a 1859 8 1.094 - revolução verde - permitiu aos fazendeiros, que
De 1860 a 1864 20 775 viam esse setor passar por um longo tempo de
crise, a retomar a produção a partir do incentivo
De 1865 a 1869 34 1.864
governamental e da necessidade de alimentos
De 1870 a 1874 62 6.019 gerado pelo crescimento das cidades e da popula-
De 1875 a 1879 63 4.230
ção absoluta do país.

De 1880 a 1884 150 11.715 É necessário lembrar que a partir do go-


verno Vargas o incentivo ao campo foi reduzido
De 1885 a 1889 248 24.369 ou, pelo menos, não houve mais o esforço do
Total até 1889 636 54.172 Estado em garantir ganhos aos fazendeiros. Essa
foi uma política anterior, conhecida como política
Total até 1920 13.569 293.673
do "Café com Leite", na qual os grupos ligados à
A primeira revolução é caracterizada pela consti- economia agrária dominava o poder político.
tuição da classe operária e o desenvolvimento da
Com a modernização da agricultura, mar-
indústria de bens de consumo.
cado pela mecanização e reestruturação desse
setor, com a subordinação do campo a cidade, foi
marcado por intensas migrações, tanto no sentido
do campo para as cidades, como também as mi-
Brasil: Tipos de indústrias em 1920 e sua participação no valor grações intra-regionais que levavam grandes con-
da produção tingentes de trabalhadores para as metrópoles que
Tipo de indústria Participação no valor
nasciam naquele momento histórico. O principal
da produção fluxo migratório era em direção dos estados e
regiões de economia agrária para o Sudeste indus-
Indústria de alimentação 40,2%
trializado.
Indústria têxtil 27,6%
Apesar de haver uma modernização da

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


Indústria de vestuário e objetos de 8,2% economia, de termos atingido níveis de cresci-
toucador mento anual do PIB, o processo de modernização
Indústria química e análogas 7,9% da economia brasileira era excludente, gerava
riquezas que eram concetradas com uma minoria
Outros Grupos 16,1%
da população e, até os dias de hoje, não permitiu à
superação da pobreza e das desigualdades sociais.
O que se pode observar é que modernização apro-
No Brasil, as bases da industrialização mo- fundou as desigualdades já existentes, que tem
derna foram lançadas na década de 1930, com a origem em um passado distante, marcado pela
implantação da indústria de base durante o gover- concentração dos bens produtivos (terras), pela
no de Getúlio Vargas. A consolidação desse pro- dificuldade em se criar condições de acesso a
cesso se deu nas décadas de 1950 e 1960, passan- estes bens (lei de terras de 1850), uso do trabalho
do pelo governo JK que atraiu investimentos in- escravo e pela resistência em abolir essa forma de
ternacionais. mão-de-obra do nosso meio.
Assim como discutimos na atualidade a
Mudanças estruturais na economia brasileira questão da inserção das minorias, devemos tam-
Taxas anuais de crescimento
bém discutir e apoiar iniciativas de inclusão soci-
al, transferência de renda, reforma agrária e desa-
Anos Agricultura Indústria propriação de bens que não cumprem a função
1920-29 4,1% 2,8% social, seja no campo ou na cidade, pois, em nossa
sociedade, o discurso de garantias individuais
1933-39 1,7% 11,2%
presentes na CF/88 está apoiado em um pensa-
1939-45 1,7% 5,4% mente que foi gerado em uma sociedade que de-
fende a concentração de renda. O sucesso de um 103
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GEO 04
sujeito está medido pela capacidade deste em cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro,
concentrar riquezas e o Estado passa a proteger o consideradas pelo IBGE como metrópoles glo-
direito deste cidadão. Fruto da defesa desse pen- bais, lideram há décadas o ranking das localidades
samento são as constantes transferências de recur- que mais contribuem para o produto interno bruto
sos que o governo faz em prol de alguns grupos do país, em virtude, sobretudo, da concentração
econômicos como justificativa de apoio ao desen- espacial histórica de grandes empresas e das sedes
volvimento de alguns setores econômicos. dos bancos.
Apesar da expansão das camadas médias Com a ampliação da pesquisa, prospecção
que observamos nos últimos anos, que apresenta e produção de petróleo, nos últimos anos, alguns
ainda com um ganho de poder aquisitivo pelas pequenos municípios entraram no ranking das
classes médias baixas, contribuíram para a ex- cidades que mais contribuem para a formação do
pansão do mercado consumidor e garantir a conti- PIB nacional. Com a atividade petroleira alguns
nuidade do crescimento econômico que se verifica municípios desbancaram as capitais de alguns
nos últimos anos. Contudo a diferença de rendi- estados no que diz respeito à participação no PIB.
mentos entre ricos e pobres é hoje vem caindo
Em meio à revolução tecnocientífica e à
lentamente. Veja o mapa a seguir com coeficiente
intensificação do processo de globalização, as
de Gini no mundo.
grandes metrópoles nacionais começaram a
ganhar destaque como centros concentradores de
empresas intensivas em tecnologia e como locais
da sede de companhias de ramos tradicionais.
Esse processo de concentração da atividade
produtiva, que é denominada economia de escala,
se dá por reunir em um mesmo espaço as condi-
ções favoráveis a produção - infraestrutura, ener-
gia, mão de obra, matéria prima, mercado consu-
midor, capital, meios de comunicação e transpor-
te. Assim, verificamos que esse efeito passa as
ocorrer no espaço geográfico brasileiro.
Esse fenômeno gerará, em um espaço de
tempo, o aumento dos custos de produção, a cha-
mada DESECONOMIA DE ESCALA. Isso ocor-
re devido a organização da mão-de-obra em sindi-
catos que levam a ganhos salariais, o aumento de
impostos para garantir os serviços básicos, au-
O índice Gini é calculado comparando os mento da violência, aumento dos custos com
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

rendimentos dos 20% mais ricos do país com os terrenos, trânsito engarrafado, distancia entre o
rendimentos dos 20% mais pobres. O Índice de local de moradia do trabalhador e o local de traba-
Gini do Brasil de 2010 com base em 2009 é de lho entre outros fatores. Devido à redução das
0,539 o que demonstra que nosso país tem uma vantagens produtivas os novos investimentos são
alta concentração de renda. Comparando a evolu- planejados para outras regiões levando a descon-
ção de Brasil com a implementação das políticas centração espacial das fábricas. Essa desconcen-
de inclusão e uma política de recuperação do tração foi beneficiada pela modernização dos
poder de compra do salário mínimo podemos ver setores de transportes e comunicações.
que o índice Gini do Brasil vem caindo lentamen-
te ao longo das duas últimas décadas, com a aber-
tura da economia do governo Collor, pelo período Veja a tabela a seguir com a participação
da estabilização da moeda iniciado no governo no PIB nacional para cada estado/região
Itamar, das mudanças administrativas de respon-
sabilidade fiscal, inicio da implementação das
políticas de transferência de renda para as cama-
das mais pobres e as privatizações do governo
Fernando Henrique, a ampliação dos programas
de transferência de renda e retomada do investi-
mento público voltado a fomentar a economia e o
consumo interno desenvolvida no governo Lula.
Em 1991 era de 0,6366; em 2005 =0,552; em
2009 = 0,544
O processo concentrador gerou o fenôme-
104 no urbano da metropolização. As duas maiores

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A propriedade confere os direitos de uso e
venda que são exercidos na esfera econômica.
A Constituição é um contrato entre a nação
e o Estado. Esse contrato define os princípios e as
leis que regulam a via política: as liberdades fun-
damentais, os direitos e deveres dos cidadãos, as
atribuições dos governantes e dos representantes
do povo.
A Soberania é a possibilidade que tem o
Estado de usar do poder, limitado somente pelas
condições da política interna e obrigações contra-
tuais para com outras nações. A soberania confere
o poder de mando, que se exerce na esfera políti-
ca. O Estado exerce a soberania sobre o conjunto
do território, mas a propriedade parcelar da terra
está distribuída entre particulares. Outros concei-
tos:
a) Autoridade moral considerada como su-
prema; poder supremo, irresistível.
b) Os direitos anexos ao soberano ou sobe-
rana.
Obs: A soberania de um Estado não se cir-
cunscreve apenas ao território terrestre.
Veja que a desconcentração das atividades produ- As fronteiras fixas e lineares são criações
tivas e a inclusão social fez com que as regiões humanas, da esfera da política. As linhas de fron-
periféricas ganhassem espaço e participação na teiras internacionais dos mapas políticos delimi-
produção da riqueza nacional. tam o território dos Estados-Nação.
As fronteiras do Brasil estendem-se numa
extensão de 23.086 quilômetros e são compostas
Regionalização e planejamento por uma seção terrestre de 15.719 quilômetros e
uma marítima de 7.367 quilômetros.
territorial
Território é o espaço geográfico submetido
a um poder central ou, mais precisamente, a área

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


de validade de um conjunto de normas. Ou seja, o
O território nacional  território nacional é o espaço, limitado por fron-
Nação, do latim natio, de natus (nascido), é teiras, no qual se exerce a soberania do Estado
a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo brasileiro, expressa na Constituição e nas leis que
étnico, falando o mesmo idioma e tendo os mes- dela derivam.
mos costumes, formando, assim, um povo, cujos A Federação apoia-se na autonomia relati-
elementos componentes trazem consigo as mes- va de suas unidades políticas, que têm o direito de
mas características étnicas e se mantêm unidos elaborar as próprias leis, desde que atendam aos
pelos hábitos, tradições, religião, língua e consci- princípios da Constituição Federal.
ência nacional. Ou seja, a nação é uma coletivida-
de política. Um país para ser governado é dividido em
unidades administrativas de modo a garantir a
Obs: A nação brasileira apresenta expres- universalização da ação do Estado que busca o
siva diversidade cultural, que decorre da formação bem comum da sociedade.
histórica da sociedade.
A Constituição brasileira estabelece a divi-
O Estado é uma comunidade política que são do país em estados e estes em municípios e
se caracteriza pela existência de um poder sobera- esta divisão estabelece a base para a administra-
no, ou seja, trata-se da organização do poder polí- ção do país que se organiza nos níveis municipais,
tico. O poder do Estado e os direitos dos cidadãos estaduais e federal.
são exercidos no interior do território brasileiro.
Seus limites são as fronteiras nacionais, que sepa- A União reúne os estados e o distrito fede-
ram o Brasil dos países vizinhos. O poder do ral sendo governado por um presidente que repre-
Estado-Nação contemporâneo ergue-se sobre os senta o poder executivo. O poder legislativo é
conceitos de soberania e propriedade. bicameral e é representado pelo Senado e Câmara
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dos Deputados. O terceiro poder é o judiciário e é lativo, formado pela assembleia legislativa e o
representado pelos tribunais (STJ e STF) judiciário, formado pelos tribunais e comandado
pelos desembargadores.
Os estados são uma herança das antigas
capitanias do período colonial e imperial e que O município, que se confunde com cidade,
após a proclamação da república em 1889 passa- é outro nível da administração brasileira. Tem os
ram a ser denominados estados. Hoje, devido o poderes do executivo, representado pelo prefeito e
país ser uma República Federativa os estados do legislativo, representado pela câmara dos vere-
gozam de certa independência, tendo até mesmo a adores.
sua Constituição, mas não podem se separar da
Este nível da administração tem grande
federação. O estado tem constituído três poderes,
importância devido a comandar diretamente os
o executivo, comandado pelo governador, o legis-
fatos locais que garantem à população o acesso
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

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aos bens e serviços necessários ao bem comum, Ao observar os mapas da evolução da di-
bem como ser o articulador do desenvolvimento visão regional, apresentada anteriormente, pode-
local. mos verificar que as políticas regionais iniciaram
em 1940 quando o governo de Vargas implemen-
O Brasil é um país de dimensões continen-
tou uma forte política nacionalista que se segui-
tais e apresenta grandes diversidades regionais.
ram nos governos posteriores, sempre buscando
Mesmo tendo 92% de seu território dentro da
aplicar políticas de desenvolvimento regional.
zona intertropical o país apresenta diferentes cli-
mas, solos, hidrografia e desenvolvimento socioe- Para conseguir desenvolver suas políticas regio-
conômico. nais o governo buscou integrar as regiões levan-
do-se em conta as suas características fisiográficas
Com o objetivo de programar o desenvol-
e socioeconômicas. As potencialidades regionais
vimento do país e buscando diminuir a diferença
foram levantadas e com uma política de desenvol-
entre os mais diversos pontos do Brasil foi plane-
vimento regional foi implementado diversos pro-
jado políticas de desenvolvimento regional. Para
jetos visando conseguir desenvolver as regiões e
aplicar estas políticas o país foi dividido em regi-
conseguir um melhor equilíbrio entre as diversas
ões que diferenciam com o tempo.
regiões.
As regiões brasileiras são em número de
O desequilíbrio regional é fruto de um processo
cinco, conforme o mapa abaixo, e confundem-se
histórico aliado à integração do país na economia
com os limites dos estados que a compõem.
mundial. O modelo primário exportador permitiu,
durante a história, passarmos por ciclos econômi-
cos que estabeleceram nas regiões economias
locais que se integravam diretamente ao exterior:
Nordeste: economia do açúcar, algodão e cacau.
Norte: Amazônia - economia da exploração do
látex (borracha)
Centro‐Oeste: pouco explorada e ocupada - é uma
expansão da economia do ciclo do ouro
Sul: economia agrícola baseada na produção de
charque. Essa foi uma região que se integrou com
a economia interna, abastecendo a região sudeste
durante o ciclo do ouro.
Sudeste: essa região tornou-se a região central na
economia do país por apresentar diversos ciclos

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


econômicos sucessivos. Quando uma atividade
econômica entrava em crise era sucessivamente
substituída por uma nova atividade econômica. Os
ciclos que levaram o SE a se tornar a região cen-
tral do país foram: ciclo do ouro, ciclo do café,
ciclo da indústria. Com a industrialização ampliou
Fonte: IBGE a urbanização e a formação das metrópoles que
concentraram os principais serviços: sistema fi-
Ao observar os mapas da evolução da di-
nanceiro, universidades e centros de pesquisa,
visão regional, apresentada anteriormente, pode-
sedes das grandes empresas, em especial as multi-
mos verificar que as políticas regionais iniciaram
nacionais.
em 1940 quando o governo de Vargas implemen-
tou uma forte política nacionalista que se segui-
ram nos governos posteriores, sempre buscando
aplicar políticas de desenvolvimento regional.
Para conseguir desenvolver suas políticas
regionais o governo buscou integrar as regiões
levando-se em conta as suas características fisio-
gráficas e socioeconômicas. As potencialidades
regionais foram levantadas e com uma política de
desenvolvimento regional foi implementado di-
versos projetos visando conseguir desenvolver as
regiões e conseguir um melhor equilíbrio entre as
diversas regiões.
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Poder econômico: anteriormente consegui-
do pela exploração do ouro o poder econômico da
região foi sendo substituído sucessivamente pelo
café, que tem seu auge no segundo reinado, e
depois pela produção industrial. Com a indústria
de substituição de importações a região foi bene-
ficiada por diversos motivos dentre eles pela exis-
tência de um mercado consumidor representado
pelas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo já
bem desenvolvidas, pela infraestrutura existente
como bancos, portos, estradas e ferrovias, pela
mão-de-obra especializada representada pelos
imigrantes europeus que se fixaram na cidade e
pelo capital disponível vindo da atividade cafeeira
que estava em crise.
Desenvolvimento técnico-científico: desde
o período colonial esta região foi beneficiada pela
instalação de unidades educacionais que desen-
volveram a sua mão-de-obra. Com uma melhor
educação e em tempos mais recentes pela instala-
Regiões Brasileiras  ção de grandes universidades a região pode de-
senvolver um bom número de centros de pesqui-
sas e institutos tecnológicos que abrigam boa
REGIÃO SUDESTE  parte da produção científica do país. Devido a
apresentar um bom nível de desenvolvimento
Composta pelos estados de São Paulo, Rio socioeconômico a região foi escolhida para ser
de janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, repre- sede das multinacionais que se instalaram no país
senta a região mais importante do país. Concentra após a década de 50.
a maior parte da população, da produção industri-
al e do poder político. Devido às caraterísticas Concentração do poder financeiro: a con-
históricas desenvolveu-se em função dos seguin- centração inicial das sedes do sistema financeiro
tes fatores: nacional, quando a capital era sediada na cidade
do Rio de Janeiro, permitiu concentrar no SE as
Ouro: descoberto no fim do século XVII principais sedes de bancos e das bolsas de valores.
tornou-se de grande importância para a colônia no Com a fusão da bolsa do RJ e bolsa de SP os
século XVIII, o que viabilizou a transferência da negócios e as decisões econômicas passam a estar
sede do poder político de Salvador para o Rio de concentrados em SP.
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

Janeiro que aí permaneceu até a década de 50 do


século passado quando a capital do país foi trans- Nesta região estão os principais portos,
ferida para Brasília. Santos em SP e Tubarão no ES, Sepetiba no RJ,
os principais aeroportos e estradas. Também se
A descoberta do ouro proporcionou grande concentra na região a melhor infraestrutura de
fluxo de imigrantes em busca das minas e também comunicação e a sede dos principais sistemas de
do nascimento de vários centros urbanos como comunicação.
Vila Rica, atual Ouro Preto. Nesta época houve
grande interiorização da população que antes se
fixava no litoral. Esta interiorização valeu para REGIÃO SUL 
desenvolver diversas atividades subsidiárias das
minas e o nascimento de diversas atividades com- Composta pelos estados do Paraná, Santa
plementares nas novas cidades o que fez surgir a Catarina e Rio Grande do Sul é a região com
classe média formada por funcionários do gover- menor número de estados e a que ocupa menor
no colonial, militares, comerciantes e profissio- área no país. Tem característica especial na sua
nais liberais. incorporação ao país, enquanto as demais foram
ocupadas pela exploração da grande unidade pro-
Poder político: desde a transferência da se- dutiva rural, esta região foi ocupada por imigran-
de administrativa da colônia para o Rio de Janeiro tes em pequenas unidades produtivas familiares.
o poder decisivo desta e posteriormente do gover-
no imperial e republicano ficou concentrado no Tendo grande participação de imigrantes e
Rio de Janeiro. Lá se instalou a corte e todas as uma economia voltada para a produção de gado
decisões eram emanadas do Rio de Janeiro para o pouco se atraiu o escravo negro. Também tem
restante do país. grande relevância a participação dos jesuítas por-
tugueses na incorporação de terras ao nosso terri-
108 tório, principalmente no oeste da região.
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Devido às suas características climáticas plantado na região. Abrigou a capital da colônia
esta região proporcionou a produção de produtos até o século XVIII quando esta foi transferida
característicos de climas mais amenos, mas desta- para o Rio de Janeiro.
ca-se na produção de soja (com destaque para o
Devido as suas características climáticas
PR e RS), trigo (PR com 62% da produção nacio-
sofre sucessivas secas que influenciam na manu-
nal), milho (com destaque para o PR), fumo (des-
tenção da qualidade de vida dos seus habitantes. A
taque para RS 45% da produção nacional e SC) e
seca passou a ser utilizada politicamente para
arroz (RS 29% da produção nacional).
garantir a manutenção da oligarquia rural no po-
Após a década de 70 do século passado der. A luta para a convivência com a seca permi-
certos produtos como o arroz, soja, trigo e algo- tiu, devido a estrutura política, criar a Indústria da
dão vêm crescendo a produção na região CO e Seca. Com a indústria da seca, a oligarquia rural
esta produção acompanha o fluxo migratório conseguiu se manter no poder devido ao chamado
ocorrido da região Sul para o CO com o incre- voto de cabresto. Tudo isso, aliado ao efeito eco-
mento das novas fronteiras agrícolas. nômico da seca, mantem a região com grande
desigualdade social e intra-regional, além de abri-
Tem grande expressão na produção de suí-
gar uma população dependente das ações inclusi-
nos (região N-NE do RS, SW do PR e Oeste de
vas do governo, como a ajuda monetária represen-
SC) e ovinos (60% do rebanho nacional, sendo
tada pela bolsa família, bolsa escola, etc.
que o RS produz 98% da lã nacional)
A sua indústria está concentrada no litoral,
Além de sua importância na produção
principalmente, nas cidades de Salvador, Recife e
agropecuária a região Sul também tem uma boa
Fortaleza. Esta indústria veio para o NE com o
expressividade industrial, principalmente após o
incentivo da SUDENE (criada em 1958 no gover-
processo da desconcentração industrial que garan-
no de Kubitschek e foi o primeiro órgão de plane-
tiu novo impulso para o setor secundário na regi-
jamento macrorregional). A indústria incentivada
ão.
pela SUDENE é controlada pela indústria do SE.
Nos últimos anos, após a implementação Neste período houve um grande incremento in-
do MERCOSUL, tem ganhado constantes inves- dustrial estendendo até década de 70 com uma
timentos na área industrial e novas montadoras política de empréstimos subsidiados e incentivos
que se instalaram no país escolheram esta região fiscais proporcionados pelos governos.
como base. A política desencadeada pelos gover-
Outra característica do NE é a concentra-
nadores de estados, GUERRA FISCAL, é uma
ção da maior parte da população no litoral, prin-
consequência desta nova realidade que possibili-
cipalmente, nas grandes cidades.
tou uma pequena descentralização da indústria no
país. A região não é homogênea e apresenta
grandes diferenças intra-regionais. Existem nessa
região áreas mais industrializadas, outras com

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


REGIÃO NORDESTE  agricultura moderna e outras ainda com agropecu-
ária tradicional e pouquíssimo desenvolvimento
É composta pelos estados da Bahia, Sergi- costuma-se dividir o NE brasileiro em 4 principais
pe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do sub-regiões de acordo com as suas características
Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. É a região com o físicas e socioeconômicas (do litoral leste para o
maior número de estados, num total de nove, esta interior) vide mapa a seguir:
região apresenta grande disparidades intra-
regionais, principalmente, entre o interior e o
litoral.
Foi a primeira região a receber povoamen-
to efetivo e também a primeira que representou
desenvolvimento econômico expressivo. Com o
Tratado de Tordesilhas a região NE pertencia a
Portugal e uma vez que esta não apresentou ne-
nhuma riqueza mineral a sua exploração foi pen-
sada de modo a proporcionar a produção de pro-
dutos tropicais para o mercado europeu.
A implantação do PLANTATION para a
produção da cana-de-açúcar fez com que esta ZONA DA MATA ou LITORAL ORIENTAL: 
região apresentasse grande importância econômi-
ca no período colonial. Estende-se desde o RN até a BA.
Foi alvo de invasões estrangeiras devido a Área de clima tropical úmido.
sua riqueza e berço de diversas revoltas causadas
pela insatisfação da situação de exploração im- 109
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Concentra a maior parte da população do uma planta que se desenvolve bem à sombra de
NE, registrando elevadas densidades demográfi- árvores de maior porte.
cas e cidades populosas.
Essa área já foi bem mais rica no passado,
A Zona da Mata, antes lugar de “planta- mas sofreu um esvaziamento econômico nas últi-
tion” colonial, escravista, concentra, hoje, a pro- mas décadas devido à queda do preço internacio-
dução industrial regional, distribuída espacialmen- nal do cacau.
te na forma de manchas, no entorno de algumas
capitais.
AGRESTE 
Compreende as seguintes subunidades:
Zona de transição entre o litoral, Zona da
Mata (úmido) e o Sertão (semiárido).
ZONA DA MATA AÇUCAREIRA 
É uma faixa de região de clima semiúmido
Estende-se do RN até a parte setentrional que pratica a policultura em minifúndios e atrai
da BA. população aumentando a densidade demográfica
dentro deste contexto cresceram cidades como:
Predomínio de grandes propriedades agrí-
Campina Grande (tecnopolo), Caruaru, Gara-
colas que praticam a monocultura canavieira vol-
nhuns, que funcionam como autênticas capitais
tada para exportação a monocultura açucareira da
regionais dessa zona.
Zona da Mata, que atingiu seu apogeu do séc.
XVI ao XVIII, entrou em decadência a partir do Faixa identificada economicamente por
séc. XIX, pois aumentou-se a produção em outras cultivos alimentares e pela criação de gado.
partes do país (especialmente em SP) e também
O agreste alterna, de maneira geral, dois ti-
houve o crescimento da oferta no mercado inter-
pos de vegetação: a Floresta tropical e a caatinga.
nacional.
Predominam na sub-região as pequenas e
Os maiores problemas nordestinos estão
médias propriedades, policultoras.
nessa área, mais do que no Sertão = aí domina a
pobreza, as cidades cheias de favelas ou “mocam- Atualmente, o Agreste Nordestino passa
bos”, a mão-de-obra é mal remunerada e boa parte por um processo de “pecuarização” que provoca
dos trabalhadores rurais recebe menos que o salá- inúmeras consequências, dentre as quais cita-se: a
rio mínimo. substituição das áreas de plantação de lavouras de
lavouras por pastos, fato que reduz o número de
empregados agrícolas e desabastece o mercado de
RECÔNCAVO BAIANO  produtos alimentares, além de provocar a concen-
tração de terras na região.
Área situada ao redor da cidade de Salva-
dor.
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

Destaca-se pela extração petrolífera (já MEIO‐NORTE ou ZONA DOS COCAIS ou NORDES‐


chegou a produzir cerca de 80% das necessidades TE OCIDENTAL 
do país) e pelas indústrias, especialmente petro-
químicas destaque para o pólo petroquímico de Formado pelos estados do MA e PI.
Camaçari. Nessa faixa de terra encontra-se a mata dos
A industrialização dessa região vem cres- cocais = vegetação de transição entre a caatinga e
cendo desde as décadas de 1970 e 1980, com a floresta amazônica = é formada por palmeiras
indústrias petroquímicas, mecânicas e químicas como a carnaúba (“árvore da vida”) e, principal-
em 2000, iniciou-se no município de Camaçari a mente, o babaçu do caule do babaçu se extrai o
instalação da indústria automobilística (a Ford palmito e, de suas sementes, um óleo usado na
fechou a sua unidade de produção no RS e foi fabricação de cosméticos e de aparelhos de alta
para essa região). precisão; do caule da carnaúba pode-se tirar uma
cera, e de seu caroço é extraído um óleo = tanto a
Registra também idênticos problemas de cera quanto o óleo da carnaúba são utilizados na
submoradias, pobreza e mão-de-obra com remu- fabricação de ceras, velas, lubrificantes, etc.
nerações baixíssimas.
É uma região: de transição entre a Amazô-
nia e o Nordeste, com economia baseada no extra-
tivismo vegetal e na agricultura tradicional de
SUL DA BAHIA ou ZONA DO CACAU 
algodão e arroz.
Engloba as cidades de Ilhéus e Itabuna.
É uma unidade economicamente pobre,
Nessa área predomina a monocultura ca- onde ainda predominam o extrativismo vegetal
caueira voltada para exportação o cultivo do cacau (babaçu) e uma agricultura tradicional de algodão,
110 é feito de forma sombreada, já que o cacaueiro é cana-de-açúcar e arroz.
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Desde os anos de 1970, porém, a agricultu- a caatinga constitui uma vegetação pouco densa,
ra tradicional vem passando por mudanças na com importante estrato arbustivo caducifoliado e
década de 1980, a soja havia se tornado o princi- espinhoso; ela abriga também cactáceas. As espé-
pal produto cultivado na cidade de Balsas, uma cies mais características são o xiquexique, o man-
das manchas de cerrado no sul do MA a plantação dacaru, a jurema e a árvore barriguda as espécies
dessa leguminosa foi introduzida por agricultores vegetais são xerófilas, apresentando mecanismos
que emigraram do sul do país é mecanizada, o que de adaptação ao calor e aos longos períodos de
explica o crescimento de sua produção hoje 90% estiagem: folhas pequenas que caem durante a
da produção de soja dessa região é exportada pelo seca e são substituídas por espinhos; revestimento
porto de São Luís os lucros proporcionados pela dos tecidos que ajuda a perder menos água por
exportação atraíram um contingente ainda maior transpiração; raízes com capacidade para capturar
de emigrantes dos estados sulinos do país para a água e armazenar nutrientes, etc. em seu conjunto,
cidade de Balsas e arredores. a caatinga constitui uma vegetação pouco densa,
com importante estrato arbustivo caducifoliado e
espinhoso; ela abriga também cactáceas as espé-
SERTÃO  cies mais características são o xiquexique, o man-
dacaru, a jurema e a árvore barriguda vide dese-
O sertão nordestino tem como característi- nho a seguir.
cas naturais de maior destaque as seguintes: clima
semiárido, rios intermitentes e vegetação de caa-
tinga.
Clima: tropical semiárido - caracteriza-se
pela irregularidade das chuvas, com uma estação
de seca prolongada.
A causa PRINCIPAL para a existência do
clima semiárido no Nordeste brasileiro é a circu-
lação geral da atmosfera, fenômeno externo à
região.
As características marcantes do ecossiste-
ma da Caatinga:
a) os solos pouco profundos, devido aos
baixos índices pluviométricos e ao predomínio do
intemperismo físico;
b) as extensas superfícies arrasadas pela
erosão, típicas de um clima mais seco;

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


c) os inselbergs, ou morros residuais, que  
resistiram a um intenso trabalho erosivo; A “indústria da seca”: 
d) os “brejos” constituídos por áreas mais Este tema já foi tratado anteriormente. Tal
úmidas, nos vales fluviais ou nos pés de serras; expressão refere-se aos interesses econômicos e
e) encontram-se, aqui e ali, manchas de so- políticos de grupos que lucram com as secas a
los ligeiramente salinizados. criação de órgãos públicos como o DNOCS (De-
partamento Nacional de Obras Contra as Secas),
A caatinga, que em tupi-guarani significa no início do Séc. XX (chamava-se IOCS – Inspe-
“mata branca”, é um ecossistema e, como tal, toria de Obras Contra as Secas), não resolveu o
possui relações de interdependência entre os dife- problema e beneficiou grandes proprietários de
rentes elementos que a constituem a caatinga é terras, denominados “coronéis”, e políticos liga-
predominante na área conhecida como Sertão dos ao partido no poder os açudes, normalmente
Nordestino, avançando também pelo Norte do construídos com recursos públicos em grandes
Estado de Minas Gerais é a vegetação característi- propriedades particulares, acabam sendo controla-
ca do clima tropical semiárido, com altas tempera- dos pelo fazendeiro, que os usam em roveito pró-
turas ao longo do ano e baixa pluviosidade con- prio as verbas federais que chegam para combater
centrada em período curto as espécies vegetais são o efeito das secas são distribuídas para políticos
xerófilas ou xerófitas, apresentando mecanismos ligados ao partido no poder, que as usam, muitas
de adaptação ao calor e aos longos períodos de vezes, apenas para garantir votos (o “voto de
estiagem: folhas pequenas que caem durante a cabresto”).
seca e são substituídas por espinhos; revestimento
dos tecidos que ajuda a perder menos água por O “Polígono  das  Secas”: as últimas secas
transpiração; raízes com capacidade para capturar no Sertão têm ultrapassado a área definida na
água e armazenar nutrientes, etc. em seu conjunto, década de 1950 como “polígono das secas”, pois 111
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GEO 04
esta não incluía municípios na parte sul e leste do passaram a vida resistindo à seca”. (Adaptado de:
MA é fato conhecido que, desde as primeiras AB’SABER, Aziz. “Ab’Saber: os meridianos da
secas registradas na época colonial até hoje, a área independência”. Jornal da Ciência: órgão da Soci-
de abrangência desse fenômeno climático se ex- edade Brasileira para o Progresso da Ciência, dez.
pandiu = DESERTIFICAÇÃO isso foi uma decor- 2004).
rência de desmatamentos intensos, significando a
O aumento da oferta de água em algumas
eliminação da cobertura botânica original, presen-
áreas do semiárido não garante a distribuição
ça de uma cobertura invasora, com redução da
equitativa desse recurso. As razões para o conflito
biodiversidade e do patrimônio genético; falta de
entre o uso das águas para irrigação e o seu apro-
uma política adequada de combate às secas e de
veitamento na geração de energia elétrica no vale
convívio com elas.
do São Francisco:
a localização geográfica das principais
O polêmico projeto de transposição das  áreas irrigadas à montante (mais próxima da nas-
cente) da sequência de quedas d’água no Rio São
Francisco, onde estão situadas as usinas de Paulo
Afonso I, II, III e IV,
Moxotó, Itaparica e Xingó, faz com que a
expansão da irrigação, que demanda cada vez
mais água, esteja competindo com a geração de
energia = o aumento da área irrigada no vale,
conjugada com a demanda de água para a transpo-
sição, pode vir a comprometer a vazão mínima
necessária para a geração de energia.
As críticas feitas pelos movimentos ambi-
entalistas à transposição de águas do São Francis-
co para as bacias do Nordeste Setentrional: exis-
tem soluções menos custosas e mais sustentáveis
águas do rio S. Francisco: 
para sanar o problema da falta de água no semiá-
rido, como a construção de poços e cisternas; o
regime fluvial e a vazão do Rio São Francisco já
estão bastante comprometidos pelo desmatamento
O rio São Francisco é a principal fonte de em suas cabeceiras e de seus formadores e a
água para irrigação e geração de energia no Nor- transposição seria um golpe mortal na vida do rio;
deste Brasileiro ele atravessa a zona semiárida, a transposição comprometeria a vazão do rio para
que vem apresentando um acelerado processo de a jusante (mais próxima da foz), aumentando a
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

crescimento urbano, em função da migração cam- salinidade em sua foz, o que afeta a vida nos
po-cidade provocada pela crise do complexo ga- manguezais; a transferência das águas do São
do-algodão-lavouras alimentares. Francisco, com os seres vivos que nele vivem,
para os rios do Nordeste Setentrional, poderia
Nos dias atuais, o “Velho Chico” - deno- afetar seriamente os ecossistemas fluviais do
minação cunhada pelos ribeirinhos - está no cen- semiárido.
tro das atenções devido ao projeto de transposição
de suas águas para as bacias hidrográficas do Embora a pecuária seja a atividade econô-
Sertão Setentrional = esse projeto é considerado, mica dominante no Sertão, realiza-se também o
por muitos, a melhor alternativa para minimizar o cultivo de algodão. “Um novo, desconhecido e
problema da vulnerabilidade climática e da tensão próspero Nordeste, uma nova fronteira agrícola
social no Nordeste Semiárido. que se consolida ano a ano com a produção de
grãos no oeste da Bahia, sul do Maranhão e sudes-
Aziz Ab’Saber, considerado um dos geó- te do Piauí. É esta a nova aposta da Companhia
grafos mais importantes do mundo, falando de Ferroviária do Nordeste (CFN) para tirar do papel
suas angústias de brasileiro para o caderno ALI- o secular projeto da Transnordestina. Com inves-
ÁS, declarou que “os governantes e os políticos timentos de R$ 4,5 bilhões em reforma ou amplia-
não têm noção de escala e sabem que o povo ção de 1.860 quilômetros de trilhos, o governo
também não tem”. Segundo ele, o semiárido tem federal planeja interligar as áreas produtoras de
750 mil quilômetros quadrados, no mínimo, e a soja, milho e algodão aos Portos de Suape, em
transposição das águas do São Francisco não vai Pernambuco, e de Pecém, no Ceará.” (“Jornal do
resolver o problema dessa região. Para Aziz, é Comércio. Nova fronteira agrícola aguarda a
preciso também saber a quem irá servir a transpo- Transnordestina” - 14/05/2006). O progresso
sição: se aos capitalistas, que têm fazendas e mo- agrícola na região é uma demonstração da adapta-
ram em apartamentos chiques em Fortaleza ou
112 Recife, ou aos pobres da região, “pessoas que
ção das lavouras modernas às regiões de caatinga

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GEO 04
e à seca. “O Nordeste segue seco tendo muito produtiva, em especial no setor agropecuário.
mais gente do que as relações de produção ali Com o avanço das fazendas há uma substituição
imperantes podem suportar. As secas espasmódi- da vegetação natural pelas pastagens e agricultura
cas que assolam a região criam descontinuidades e, consequentemente, uma discussão acerca da
forçadas na produção rural e conduzem a um proteção da floresta. O crescimento da integração
desemprego maciço dos que não tem acesso à da região Norte a economia nacional - mundial
terra, relegando-os à condição potencial de reti- trará, nas próximas décadas uma intensa discussão
rantes. Sem emprego e pão ninguém pode convi- que necessita ser capitaneada pelo nosso governo,
ver com as vicissitudes de uma natureza rústica para garantir a nossa soberania.
(...)” (AZIZ, Nacib Ab’ Saber. OS SERTÕES: A
originalidade da terra. Ciência Hoje, Eco-Brasil,
volume especial, maio, 1992.) REGIÃO CENTRO‐OESTE 
Os projetos de irrigação no semiárido: os A região é composta pelas seguintes uni-
primeiros projetos de fruticultura irrigada às mar- dades da federação: Goiás, Mato Grosso, Mato
gens do São Francisco (no vale médio do S. Fran- Grosso do Sul e pelo Distrito Federal. Tem grande
cisco: cidades de Juazeiro, na BA e Petrolina, em importância no atual contexto do desenvolvimento
PE), começaram há 20 anos e, atualmente, produ- nacional uma vez que é uma importante fronteira
zem grande quantidade de frutas (mangas, uvas, agrícola em pleno desenvolvimento. Está rece-
melões) que são em boa parte exportadas para os bendo grandes investimentos desde a década de
Estados Unidos e Europa. 60 e com o aprimoramento da infraestrutura de
transportes proporcionou um melhor escoamento
da produção. Recebeu grande contingente de
REGIÃO NORTE  imigrantes vindo da região sul e desenvolveu a
produção de soja no cerrado, do trigo no MS,
É composta pelos estados do Amazonas,
além do algodão, sendo hoje a região com a maior
Amapá, Acre, Pará, Rondônia, Roraima e Tocan-
produção de soja e algodão.
tins. É a maior em extensão territorial região (58%
do território brasileiro) e devido a suas condições Hoje, a indústria do turismo tem grande
naturais é muito visada por outros países. Abrange expressão para a região, em especial com a eleva-
a maior bacia hidrográfica, grandes reservas mine- ção do pantanal mato-grossense como patrimônio
rais e tem o maior potencial hidrelétrico do país natural. Com o título há a necessidade de desen-
além de abrigar a maior biodiversidade do plane- volver projetos de preservação ambiental.
ta. Sua exuberante floresta latifoliada equatorial e
A inserção econômica da região está inte-
a riquíssima rede hidrográfica são os principais
grada ao desenvolvimento da região centro-sul
elementos formadores do quadro natural.
(Sudeste, Sul, Centro-Oeste)
Por vezes a região é confundida com a
Importantes projetos agroindustriais foram
Amazônia legal, mas seus limites não são idênti-

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


implementados na região o que a fez despontar
cos. A AMAZÔNIA extrapola os limites da regi-
como a principal região produtora de grãos. O
ão Norte e abrange a maior parte do estado do MT
grande rebanho está possibilitando a atração de
e do TO e a metade oeste do MA.
frigoríficos além de outras áreas da produção que
Foi por muito tempo considerada um ane- continuam possibilitando o crescimento urbano.
cúmeno (local impróprio à habitação, vazio de-
Sofreu diversas intervenções de modo que
mográfico). Nos dias atuais apresenta-se como
modificou o mapa da região. Em 1977 foi criado o
uma fronteira da expansão agropecuária e do
estado de Mato Grosso do Sul, oriundo do estado
povoamento.
de Mato Grosso. Com a Constituição de 1988
Após 1964, como parte da estratégia do re- dividiu o estado de Goiás e foi criado o estado de
gime militar de desenvolver as regiões e promover Tocantins que passou a integrar a região Norte,
integração nacional, foi criada a SUDAM com o além da criação do Distrito Federal que abriga a
intuito de desenvolver a região Norte. Fruto desta capital do país, e é hoje a 4ª cidade mais populosa
estratégia foi feita a implementação de diversos do Brasil.
projetos como o da Zona Franca de Manaus, o
projeto do Grande Carajás, projeto Jari e Calha
Norte. O crescimento da Amazônia se fez em
favor do grande capital nacional e estrangeiro e a
custa de grande destruição da natureza com explo-
ração e até extermínio dos povos nativos e signifi-
cou o agravamento de inúmeros problemas, dentre
os quais o problema ecológico.
É, desde a década de 1970, a frente pionei-
ra que recebe investimentos para a integração 113
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GEO 04
Reestruturação produtiva, integração econômica promovida pela concentra-
ção industrial no Sudeste. Ao contrário da divisão
redes e as novas propostas de regional oficial, a delimitação dos complexos
regionalização regionais não é moldada pelos limites político-
administrativos das unidades da federação.
O norte semiárido de Minas Gerais integra
Os complexos regionais  o Complexo do Nordeste; o oeste do Maranhão
integra o Complexo da Amazônia; Tocantins e
Mato Grosso estão divididos entre a Amazônia e o
Centro-Sul.
No final da década de 1960, quando Geiger
elaborou sua proposta, o Centro-Sul já tinha se
consolidado como o coração econômico do Brasil.
O complexo regional concentrava 70% da popula-
ção brasileira e a maior parte da produção indus-
trial e agropecuária do país, funcionando como
fonte dos capitais que dinamizavam toda a eco-
nomia nacional.
O Centro‐Sul expressa a integração eco-
nômica do Sudeste industrial e financeiro com o
Sul agrícola e industrial. Também espelha a ex-
pansão da agropecuária moderna para a porção
O geógrafo Pedro Pinchas Geiser, apresen-
meridional do Centro-Oeste e a transferência da
tou uma proposta de regionalização do país consi-
capital federal para o Brasil Central.
derando o processo de modernização do território,
representado pela tecnologia empregada na pro- O Complexo  do  Nordeste abrange a vasta
dução, a infraestrutura e a qualidade dos fluxos região de povoamento antigo e apropriação produ-
presentes no espaço geográfico. tiva baseada em estruturas agrárias e sociais arcai-
cas. A “questão nordestina” ocupa um lugar des-
“O geógrafo Pedro Pinchas Geiger propôs,
tacado no debate nacional sobre a pobreza e as
em 1967, a divisão regional do Brasil em três
desigualdades de desenvolvimento regional.  
regiões geoeconômicas ou complexos regionais
(...). Essa divisão regional tem por base as carac- O Complexo da Amazônia coincide, essen-
terísticas geoeconômicas e a formação histórico- cialmente, com o Domínio Amazônico. Ele ex-
econômica do Brasil. (...)” (ADAS, M. “Geogra- pressa a existência de uma fronteira de expansão
fia: o Brasil e suas regiões geoeconômicas”. São da economia nacional, que é tanto uma fronteira
Paulo: Moderna, 1996. p. 52 e 67.) demográfica quanto uma fronteira de recursos.
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

A divisão em complexos regionais não tem


finalidades estatísticas, como a divisão regional
oficial (IBGE) ela surgiu como síntese geográfica
de um século de integração nacional e continua a
ser um instrumento eficaz para a compreensão da
dinâmica de valorização do território brasileiro.
A dinâmica regional brasileira expressa as
grandes tendências econômicas e demográficas de
apropriação e valorização do território.
O processo de integração nacional, impul-
sionado pela modernização industrial do Sudeste,
não encontra tradução precisa na divisão regional
oficial. Essa lacuna foi preenchida pela proposta
de divisão do país em três complexos regionais ou
regiões geoeconômicas.
A proposta, elaborada em 1967, pelo geó-
grafo Pedro Pinchas Geiger, assentou-se em crité-
rios diferentes daqueles que haviam orientado os
técnicos do IBGE na delimitação das macrorregi-
ões oficiais. Mais do que características naturais
ou econômicas singulares, os complexos regionais
114 espelham, no plano espacial, os resultados da
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GEO 04

AMAZÔNIA 
Com uma área de 5 milhões de Km² ( 58% da área
do país), é a mais extensa das regiões geoeconô-
micas. A Amazônia apresenta pequena população
absoluta, baixa densidade demográfica (7 hab.:
por km²), economia encalçada no extrativismo
mineral e vegetal e na agropecuária.
O complexo da Amazônia expressa a existência
de uma fronteira de expansão da economia nacio-
nal, que é tanto uma fronteira demográfica como
uma fronteira de recursos.
A indústria aparece na região geoeconômica da
Amazônia sob a forma de enclaves, estabelecidos
a partir de incentivos federais ou para explorar os
recursos minerais. Esses focos industriais não
Observe os mapas a seguir. estão conectados ao mercado regional, mas aos

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


mercados do Centro-Sul e do exterior. O mais
importante enclave industrial fica na capital do
A divisão do Brasil em regiões geoeconô- Amazonas. A Zona Franca nasceu em 1967, sob a
micas é uma proposta de estudo do espaço brasi- supervisão da Superintendência da Zona Franca
leiro com base em três grandes unidades territori- de Manaus (Suframa), vinculada ao Ministério do
ais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul), individua- Interior. Com ela, era deflagrada uma operação
lizadas segundo critérios geográficos e econômi- geopolítica para a criação de um expressivo centro
cos. Mais do que características naturais ou eco- industrial em plena Amazônia. Sua meta consistia
nômicas singulares, os complexos regionais espe- em reforçar o poder nacional na ‘’região de fron-
lham, no plano espacial, os resultados da integra- teira‘’.
ção econômica promovida pela concentração A estratégia dos militares era transformar Manaus
industrial no Sudeste. Assim, abrangem regiões em um ‘’porto livre‘’ tanto para importação quan-
produtivas com características desiguais, mas que to para exportação. A isenção de impostos sobre
foram soldados pela emergência de um mercado importação de máquinas, matérias-primas, com-
interno unificado. ponentes e sobre de mercadorias, aliada ao baixo
custo da mão-de–obra local, deveria atrair empre-
sas transnacionais e nacionais para a fabricação de
bens de consumo duráveis. Sob esse ponto de
vista, a Zona Franca foi um sucesso. O estado
saltou de 145 indústrias em 1967 para 800 em
1977, sendo 549 localizadas em Manaus.
OBS: No seu auge a Zona Franca representava
75% do PIB de todo o Estado e gerava mais de
120 mil empregos diretos e indiretos. As empresas 115
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de eletroeletrônica dominam a aglomeração indus- desemprego, baixos salários, secas, elevada con-
trial, vindo em seguida as mecânicas e as de in- centração de renda e terras.
formática.
A industrialização do Nordeste desenrolou-se sob
O processo de ocupação e exploração mineral está signo das políticas de desenvolvimento regional
concentrada na Amazônia Oriental. conduzidas pelo governo federal. Tais políticas
estimularam uma limitada desconcentração da
indústria, em escala nacional, mas provocam
AMAZÔNIA ORIENTAL  concentração industrial, em escala regional. A
criação da Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste (SUDENE), em 1960, foi o ponto de
Constituída por Amapá, Pará, Tocantins, Mato partida de um projeto de desconcentração indus-
Grosso e pelo oeste do Maranhão. É a área que trial baseado no planejamento estatal. Através de
mais sofreu modificação antrópica, principalmen- um vasto programa de incentivos ficais (benefí-
te em Mato Grosso e nos eixos de transportes da cios como redução de alíquota de impostos, isen-
Belém-Brasília e E. F. Carajás. As jazidas de ferro ção de impostos) o Estado conseguiu direcionar
da Serra de Carajás foram descobertas em 1967 e investimentos privados do Centro-Sul para o Nor-
revelou-se a maior reserva de minério de ferro do deste.
mundo. Destaques:
Em 1980 foi lançado o Programa Grande Carajás, · Implementação de usinas hidrelétricas de grande
com a seguinte infraestrutura: porte no rio São Francisco.
 Estrada de Ferro Carajás (890 Km).  · Polo petroquímico de Camaçari na Bahia · In-
 Porto de Itaqui, em São Luís.  dústrias de fertilizantes de Sergipe
 Hidrelétrica  de  Tucuruí,  no  rio  Tocan‐ · Complexo químico de Salgema, atual Braskem,
tins.  de Alagoas
PROJETOS principais do Programa Grande Cara- · Polo têxtil em Fortaleza
jás:
· Porto de Pecém no Ceará
1) PROJETO FERRO CARAJÁS - Extração de
minério para exportação (maior parte para o Ja- Sob a atuação da SUDENE, o Nordeste emergiu
pão). Ao longo da ferrovia há previsão de instala- como região industrial periférica de relevância as
ção de siderúrgicas primárias, com a opção ener- capitais sediados no Sudeste. Os laços de depen-
gética do carvão vegetal, o que pode acarretar em dência manifestam-se com especial nitidez no
mais desmatamento. caso da indústria de bens intermediários - produ-
tos químicos, petroquímicos e metalurgia que são
2) PROJETO DOS PÓLOS DE ALUMÍNIO - A insumos para as empresas do Centro- Sul. A in-
matéria-prima é a bauxita cujas reservas estão na
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

dustrialização incentivada modificou o panorama


Serra de Oriximiná, no Vale do Rio Trombetas, econômico nordestino, transferindo para as cida-
no noroeste do Pará (fora da área do Programa). des o foco de acumulação regional de riquezas: a
Em Barcarena (próxima a Belém), a Alumínio do agropecuária realizava quase 30% do PIB região
Norte do Brasil S. A. (ALUNORTE) produz alu- em 1965; em 2004, menos de 10%. O setor se-
mina e a Alumínio Brasileiro S. A. (ALBRAS) cundário gera, atualmente, cerca de dois quintos
fabrica alumínio. Em São Luís, a Alumínio do do PIB regional. Algo em torno de 30% do Im-
Maranhão S. A. (ALUMAR) produz alumina e posto - Sobre Circulação de Mercadorias e Servi-
alumínio. Essas três indústrias são os principais ços (ICMS arrecadado pelos estados nordestinos
consumidores da energia elétrica de Tucuruí. provém de empreendimentos que foram financia-
dos pelo Finor.
O golpe de Estado de 1964 e a instalação do re-
NORDESTE  gime militar acabaram com a ameaça da reforma
agrária que apavorava os usineiros da Zona da
A região geoeconômica do Nordeste abrange uma
Mata. Mas a ruptura tinha sido realizada. O diag-
vasta região de povoamento antigo e apropriação
nóstico tradicional, que vinculava a pobreza da
produtiva baseada em estruturas agrárias e sociais
região ao fenômeno das secas, deu lugar ao ponto
arcaicas. Ocupando uma área de 1,5 milhão de
de vista desenvolvimentista, que tinha como prio-
km² ( 18% da área do país) que se estende a meta-
ridade a implantação de polos industriais no Nor-
de leste do maranhão até o norte de Minas Gerais.
deste. Sob essa orientação, estabeleceu-se em
Concentra cerca de um terço da população do país
1974 o Fundo de Investimentos do Nordeste (Fi-
e constitui uma ‘’região-problema’’, em virtude
nor), uma linha de financiamento de investimen-
dos graves problemas sociais e econômicos que
tos operado pelo BNB e baseado em descontos no
apresenta: pobreza, fome, subnutrição, elevadas
116 taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo,
imposto de renda de pessoas jurídicas.
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GEO 04
O Finor financiou, ao longo a sua história, a im- e industrial. Também espelha a expansão da agro-
plantação ou expansão da maior parte dos grandes pecuária moderna para a porção meridional do
grupos industriais com fábricas no Nordeste, co- Centro-Oeste e a transferência da capital para o
mo as transnacionais Nestlé, Gessy Lever e Aleoa, Brasil central. A concentração de portos de gran-
a antiga estatal Companhia Vale do Rio Doce e des movimentos no Sudeste e, em menor escala,
empresas nacionais como Votoramim, Gerdau, no Sul, reflete a organização geográfica do territó-
Samello, Grendene, Vicunha e Azulejos Eliane. rio nacional. Nesse sentido por ser o complexo
Os recursos provenientes do fundo possibilitaram geoeconômico mais urbanizada e que abrigam as
a criação polo petroquímico de Camaçari, na principais concentrações industriais funcionam,
Bahia, o maior complexo industrial do Nordeste. também sob esse aspecto, como elos entre o Brasil
Os incentivos do Finor, as políticas industriais dos e o mercado mundial.
governos industriais dos governos estaduais e a
A importância histórica desta região data
adoção de sistemas flexíveis de organização do
do desenvolvimento da atividade mineradora,
trabalho foram decisivos para o sucesso da estra-
quando o eixo econômico e político do país trans-
tégia dessas empresas.
feriu-se para o Centro-Sul. Após a mineração, o
Atualmente impulsionado pelo polo petroquímico café, no Século XIX, valorizou também a área,
de Camaçari, o setor químico continua a se ex- tanto no Vale do Paraíba Fluminense como no
pandir e a se diferenciar, atuando numa faixa que Paulista, assim como, no Século XX, este produto
se estende de Salvador a Maceió. Em Sergipe, a impulsiona o oeste de São Paulo. Manteve, no
Petrobras instalou uma fábrica de fertilizantes entanto, a estrutura fundiária do latifúndio neoco-
nitrogenados. Em Alagoas, no município de Ma- lonial exportador, sendo que no Rio Paraíba utili-
rechal Deodoro, implantou-se o polo cloroquími- zou-se da mão-de-obra escrava negra. Na Era
co, um complexo industrial cujo núcleo reside na Vargas esta região encontrou sua vocação indus-
produção de soda cáustica e derivada de cloro a trial. O capital do café e o esforço do Estado vão
partir do sal-gema. transformá-la em um grande centro industrial,
sobretudo, nas metrópoles nacionais de São Paulo
e Rio de Janeiro, e na regional de Belo Horizonte.
CENTRO‐SUL  Urbana e industrial, esta região apresenta
A Região geoeconômica Centro-Sul algumas características marcantes:
abrange os estados regiões Sul e Sudeste brasilei- a) Agricultura - Como produção elevada -
ros (com exceção do norte de Minas Gerais), além cana-de-açúcar, café, soja, milho e arroz, utiliza-
dos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, sul do se, porém, da mão-de-obra temporária ou boia-
Tocantins e do Mato Grosso, e o Distrito Federal. fria, mostrando ai seus graves contrastes sociais e
Compreende aproximadamente 2,2 milhões de espaciais: ao lado de uma agricultura moderna há
km² (cerca de 25% do território brasileiro). estruturas arcaicas, como a questão social, técnica
O processo de industrialização ocorrido no e política do Vale do Jequitinhonha e norte de

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


Brasil a partir da década de 50, apoiado tanto na Minas Gerais, por exemplo;
entrada maciça do capital estrangeiro, quanto na b) Pecuária - Dinâmica, não só para o abas-
iniciativa privada nacional e na própria interven- tecimento da carne, como de leite e derivados.
ção estatal, baseou-se no desenvolvimento dos Destacam os rebanhos de Minas Gerais e São
setores mecânico, metalúrgico, químico, de mate- Paulo.
rial elétrico e de transportes, consolidando-se a
região como centro da economia nacional. Desde c) Concentração Industrial - Destacamos
então, aqueles setores industriais acusam partici- quatro espaços industriais importantes: São Paulo,
pação crescente no Sudeste, em detrimento das Rio de Janeiro, área do rzeae cidades médias do
indústrias tradicionais (têxtil, alimentos e bebidas, oeste paulista.
que vêm-se registrando uma queda relativa). Essa d) Extrativismo Mineral - Extração de fer-
tendência vêm-se afirmando no conjunto da regi- ro no Quadrilátero de Minas Gerais, que destinado
ão, embora o desenvolvimento das indústrias seja ao mercado externo (porto e usina de Tubarão -
diferenciado ao nível dos estados. E.F.Vitória - Minas). Extração de petróleo - bacia
O Centro-Sul é a região de economia mais de Campos-Macaé.
dinâmica do país, produzindo a maior parte do e) Crise Social - Nas metrópoles do Sudes-
PIB nos setores agrário, industrial e de serviços, te, destacamos o grave problema da segregação
além de concentrar a maior parte da população. espacial. Mesmo com a redução da migração, a
Apesar da maior dinamicidade, o Centro-Sul pos- favelização amplia-se, fato que constata o elevado
sui também as contradições típicas do desigual processo de segregação do espaço geográfico,
desenvolvimento socioeconômico brasileiro. com a favelização e a formação de uma enorme
Além de expressar a integração econômica do periferia urbana.
Sudeste industrial e financeiro com o Sul agrícola
117
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GEO 04
f) Crise Ambiental - Desmatamento, reti- Essa grande região, onde vivem cerca de
rada do mangue, poluição da Baía de Guanabara, 27% (2004) da população do país, constitui uma
deslizamento de encostas, problema do lixo, etc. , área de repulsão populacional, que desde o final
são tônicas na vida da região. A industrialização e do séc. XIX vem fornecendo migrantes para as
a exploração econômica acelerada, sem respeito demais regiões mas durante vários séculos (XVI
ao meio ambiente e visando ao lucro imediato, a XVIII) esse complexo regional abrigou a grande
seguindo modelos externos, são fatores geradores maioria da população do Brasil Colônia e, até
desta crise vivenciada pela mais dinâmica região 1763, a capital político administrativa na cidade
do país. de Salvador.
g) Demografia: - Apresenta a maior popu- Problemas econômicos e sociais são res-
lação absoluta e relativa, ou seja, é o complexo ponsáveis por deslocamentos populacionais na
geoeconômico mais populoso e povoado. região NE os mais comuns podem ser designados
como: sazonais ou temporários a população serta-
neja que se desloca nas estações secas encontra na
QUATRO BRASIS ‐ DIVISÃO REGIONAL  Zona da Mata uma demanda por mão-de-obra
DE MILTON SANTOS  sazonalmente (o bóia-fria ou corumba) aquecida
pela realização da colheita de cana-de-açúcar vide
desenho a seguir:
A proposta do geógrafo Milton Santos em
2001, no livro Brasil: território e sociedade no
início do século XXI tem as seguintes característi-
cas:
Baseada  na  difusão  diferencial  do 
meio técno‐científico‐informacional e 
nas heranças do passado. 
Dividiu  o  Brasil  em  quatro  regiões: 
Amazônia,  Nordeste,  Centro‐Oeste  e 
Região Concentrada 
Conhecida como os “quatro brasis” 

A ideia que fazemos hoje do NE, como


uma grande região diferenciada no espaço brasi-
leiro, é recente, do final do séc. XIX e início do
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

séc. XX ’nos períodos anteriores havia vários


“nordestes”, áreas bastante diferentes e com eco-
nomias regionais relativamente isoladas umas das
outras: a região açucareira da Zona da Mata, cen-
tralizada em Olinda e Recife; o sertão pecuário,
servindo como complemento da Zona da Mata; a
região do MA e arredores, onde houve até uma
administração colonial diferente; e a área hoje
correspondente ao CE e PI, que durante séculos
manteve poucas ligações com o resto do NE ’ foi
com o processo de integração nacional, realizado
a partir da industrialização do país e sua concen-
tração em SP, que o NE passou a ser encarado
como uma grande região, com traços em comum e
individualizada no conjunto do Brasil a industria-
lização coincidiu com a decadência econômica
das áreas nordestinas e o fluxo emigratório da
O NORDESTE  região, que passou a ser fornecedora de mão-de-
obra o NE, no séc. XX, passou a ser visto como
uma “região problema”, área decadente que ne-
O complexo regional do NE vai desde a cessitava de ajuda governamental para se desen-
porção leste do MA até o norte de MG, abrangen- volver.
do pouco menos de 20% do território nacional.
O desempenho da economia do NE melho-
118 rou muito a partir da década de 1990 no período
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de 1994 a 1997, a taxa de crescimento da econo- empregos indiretos essa preferência do capital
mia nordestina foi de 3,9%, enquanto a taxa mé- externo pelo Nordeste brasileiro deve-se, entre
dia de crescimento da economia nacional foi de outros motivos: à existência de mecanismo de
2,7% confirmando essa tendência de crescimento, atração, como isenção de impostos, subsídios e
em 1998 o PIB do NE foi de 144,9 bilhões de incentivos fiscais, e à presença de mão-de-obra
reais; naquele ano o PIB brasileiro foi de 901 abundante e pouco organizada do ponto de vista
bilhões de reais o NE atingiu esse montante gra- sindical.
ças à continuidade de crescimento e diversificação
Veja no gráfico a seguir que a economia
dos setores secundário e terciário entre 1997 e
nacional está não só em expansão, mas também
1998, a atividade industrial cresceu cerca de 8% e
em formalização da mão-de-obra.
a de prestação de serviços cerca de 2,5% os seto-
res industrial e de serviços, liderados respectiva-
mente pela construção civil e pela telefonia, são
os responsáveis pelo dinamismo da economia
nordestina.
“Em 1989, quase todos os 407 operários da
cidade de Pacajus (Ceará) estavam na fábrica de
suco e castanha-de-caju Jandaia. Hoje, a cidade
abriga a fábrica de jeans da Vicunha, a Rigesa,
produtora de papel, e uma cadeia de fornecedores.
O número de empregos chegou a 5.188, um salto
de 1.147%.
São Paulo já foi o Eldorado de todo cea-
rense, diz o mecânico de tecelagem Genival Soa- Isso demonstra a força de uma sequencia
res da Silva, que morou nove anos na capital pau- de crescimento.
lista. Mas hoje o futuro está aqui, completa o Por outro lado, os indicadores sociais, a
operário, que ganha R$ 550,00, metade do que exemplo das taxas de analfabetismo e de mortali-
recebia em São Paulo.” (Adaptado de “Folha de S. dade infantil, continuam sendo os piores do país,
Paulo”, 19/09/99.) as mudanças na relação entre a apesar de dados mais recentes mostrarem que há
economia paulista e algumas áreas do NE, no que melhorias em relação a essas taxas.
tange ao emprego, podem ser traduzidas pela
seguinte afirmação: a crise econômica no Centro-
Sul estimula as migrações de retorno e a criação
de empregos mais baratos no NE.
O processo de industrialização do Nordeste
AMAZÔNIA 
iniciou-se na segunda metade do século XIX no A Amazônia legal abrange uma área total

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


início do século XX, sofreu a implantação de de 4 978 247 km², que corresponde quase perfei-
indústrias diferentes das até então existentes a tamente à Amazônia brasileira. Ela foi estabeleci-
SUDENE reanimou o desenvolvimento industrial da pelo governo federal em 1966, com a criação
nordestino ’ incentivos fiscais contribuíram para a da SUDAM
implantação de novas indústrias e a modernização
de algumas das antigas, no entanto, a SUDENE – Superintendência para o Desenvolvi-
investindo mais em áreas que já apresentavam um mento da Amazônia. A SUDAM foi criada com o
certo dinamismo econômico, não minimizou a objetivo de desenvolver a Amazônia legal a partir
pobreza nordestina e as migrações para as grandes do incentivo ao desenvolvimento da indústria e da
cidades a implantação de um setor elétrico na agropecuária, criar infraestrutura e promover o
bacia do São Francisco (hidrelétricas de Sobradi- povoamento.
nho, Paulo Afonso, Itaparica, Xingó, etc.) e a São quase 5 milhões de quilômetros qua-
presença de mão-de-obra abundante e barata aju- drados, o que corresponde a mais da metade (cer-
daram a atrair capitais do Centro-Sul ’ a preferên- ca de 58%) do território nacional o que demonstra
cia por indústrias de alta capitalização e tecnolo- a sua importância geopolítica e estratégica para o
gia avançada impediu a participação de capitais governo brasileiro.
regionais e limitou o emprego de mão-de-obra.
A Amazônia abrange a região Norte, uma
Recentemente tem-se dado grande desta- das cinco regiões em que o Brasil foi dividido
que à instalação de várias indústrias no Nordeste pelo IBGE, e parte de Mato Grosso e a parte oeste
brasileiro, muitas das quais de capital estrangeiro: do Maranhão.
indústrias de bens de consumo (vestuário e calça-
dos) no Ceará, montadoras de veículos na Bahia, Historicamente a Amazônia se confor-
indústrias variadas que criam algumas centenas de mou como um polo exportador de borracha, cuja
empregos diretos e possibilitam muitos outros importância se restringiu ao período 1870-1920. A
119
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economia dependente do extrativismo controlado sidade interna, formada por vários ecossistemas
por companhias exportadoras impediu o desen- naturais com características distintas e condições
volvimento de uma base econômica que permitis- específicas para a presença humana e a atividade
se a inserção da região no eixo econômico e pro- econômica. Na realidade, ao contrário dos este-
dutivo do país. reótipos difundidos sobre a região, a diversidade –
ambiental, socioeconômica, tecnológica e cultural
As grandes exportações de borracha na-
– é a principal característica desse amplo espaço
tural para a Europa e os Estados Unidos atraíram
regional brasileiro.
grandes levas de migrantes nordestinos para a
Amazônia Ocidental possibilitando uma ocupação No geral, esses ecossistemas têm em co-
regional, mesmo que rarefeita. mum, além da diversidade e extensão territorial, a
fragilidade e a delicadeza de seu equilíbrio. “No
O surto da borracha não criou as bases
ambiente terrestre – afirma a SUDAM/PNUD – o
para o desenvolvimento regional e sequer dinami-
ciclo de nutrientes é essencialmente baseado na
zou um importante mercado regional. Apesar de
cadeia trófica com pequena participação do subs-
se mostrar como uma região periférica, pouco
trato inorgânico, fazendo com que a modificação
articulada com o principal eixo da economia bra-
da cobertura vegetal possa ser, portanto, desastro-
sileira, a Amazônia passou a representar um espa-
sa: e o ambiente aquático, essencialmente lótico,
ço geopolítico importante, não somente por ser
embora com as águas correndo em baixas veloci-
mais da metade do território nacional, mas, espe-
dades, se modificado pela implantação de barra-
cialmente, pela necessidade do país em ampliar as
mentos artificiais, pode também sofrer irremediá-
suas exportações para garantir o modelo de de-
veis degradações.” A região Norte concentra uma
senvolvimento adotado a partir da metade do Séc
das maiores reservas de recursos naturais do pla-
XX.
neta, representada especialmente pela grande
A partir do governo Vargas o Estado im- riqueza florestal, pela massa de ecossistemas
plementou uma política regional que permitiu a aquáticos e pela biodiversidade. Concentra cerca
integração do mercado nacional, rompendo com de um terço das florestas tropicais úmidas da
as ilhas econômicas permitindo, desse modo, a Terra, calculado em mais de 300 milhões de hec-
criação de um mercado nacional. A criação desse tares de floresta densa e mais de 100 milhões de
mercado seguiu-se a uma nova postura do Estado hectares de floresta aberta, o que abriga um total
que busca desenvolver políticas regionais visando de madeiras comercializáveis da ordem de 45
reduzir as diferenças inter-regionais. bilhões de m³ de madeira em pé . Com uma bacia
hidrográfica de quase seis milhões km², reúne um
A estratégia de planejamento regional
grande potencial hidrelétrico e de recursos pes-
implementada pelo governo na segunda metade
queiros, além de vastas áreas de várzea, com po-
do Sec XX levou a criação das superintendências
tencial agrícola ainda inexplorado. Além disso,
de desenvolvimento. Em 1966, foi a criada a Su-
tem grandes reservas de minérios tradicionais
perintendência para o Desenvolvimento da Ama-
(ferro, bauxita, ouro e cassiterita) e de minérios
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

zônia (SUDAM).
com novas aplicações tecnológicas (nióbio, man-
Com a criação da SUDAM definiu-se ganês, titânio).
uma nova estratégia para o território amazônico
Entretanto, a mais importante riqueza da
no cenário brasileiro e esta passa a configurar uma
região Norte neste final de século, dominado pela
nova região de planejamento, a Amazônia Legal,
revolução científica e tecnológica, reside na diver-
que atualmente engloba os estados do Acre, Ron-
sidade dos seus ecossistemas, representada pelo
dônia, Amazonas, Pará, Amapá, Mato Grosso,
material biológico de espécies vegetais, animais e
Tocantins e Roraima, além do oeste do Estado do
micro-organismos (plantas medicinais, aromáti-
Maranhão. Um novo modelo de desenvolvimento
cas, alimentícias, toxinas, tanantes, oleaginosas,
é implementado na região e tem como base o
fibrosas, fungos, bactérias etc.). Essas espécies
incentivo a grandes projetos agropecuários, prin-
tornam a região uma grande usina de vida: o mai-
cipalmente no oeste do Mato Grosso e ao longo da
or banco genético do planeta, contendo provavel-
calha do Rio Amazonas.
mente cerca de 30% do estoque genético mundial.
Essa mesma política vai se repetir nas É uma valiosa biblioteca viva para pesquisa no
demais regiões do país e no ano seguinte à criação terreno da genética e microbiologia e para o de-
da SUDAM, foi a vez da Superintendência para o senvolvimento da biotecnologia.
Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO) e
A grande concentração de riquezas em
da Superintendência para o Desenvolvimento do
recursos naturais torna a região Norte uma das
Sul (SUDESUL). Essa estratégia revela a forte
últimas fronteiras de recursos do mundo e, especi-
centralização do poder político característica des-
almente, do Brasil. Com o esgotamento de fontes
se período, já que todos esses órgãos de planeja-
internacionais e a implantação de vias de penetra-
mento são subordinados ao governo federal. Essa
ção econômica, a região Norte ganhou destaque
unidade socioeconômica e ambiental, de uma
120 perspectiva agregada, esconde uma grande diver-
nas últimas décadas e se transformou numa região

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de fronteira. Essa característica vai determinar e No Centro-Sul, localiza-se a megalópole
explicar as frentes de ocupação e as diversas ini- brasileira, que está em formação. Tal região é
ciativas políticas orientadas para a integração da considerada o “centro econômico” do país, além
região Norte na expansão econômica e moderni- de muitas áreas pouco industrializadas e agricultu-
zação brasileira. ra tradicional. Nesse complexo regional, estão seis
áreas metropolitanas do Brasil: São Paulo e Rio
Por outro lado, sua amplitude, localiza-
de Janeiro, as duas metrópoles globais; e Belo
ção e acumulação de biodiversidade tornam a
Horizonte, Curitiba, Brasília e Porto Alegre, qua-
região Norte uma base de interesses e disputas
tro metrópoles nacionais. O grau de urbanização
geopolíticas. Constituindo um complexo ecológi-
dessa enorme região é bem maior que o da Ama-
co transnacional integral e articulado pela conti-
zônia ou do Nordeste, com uma rede urbana mais
nuidade e contiguidade da floresta, juntamente
integrada, com maior concentração de cidades em
com seu amplo sistema fluvial, a região Norte une
relação ao espaço.
vários subsistemas ecológicos da América Latina.
A dimensão territorial da Amazônia brasileira lhe A divisão territorial do trabalho entre as
confere um estatuto de quase-continente, com a diversas áreas que compõem o Centro-Sul do país
floresta amazônica compondo um grande maciço é bem desenvolvida, com intensos fluxos de mer-
natural concentrado no território brasileiro. cadorias pelo espaço geográfico. As rodovias mais
movimentadas do Brasil localizam-se aí, bem
A ampliação recente da consciência in-
como os principais portos e aeroportos, a maior
ternacional dos problemas globais de conservação
rede de telefonia do país, etc.
ambiental realimenta o debate e os interesses
sobre as florestas tropicais úmidas, de modo que a Podem ser reconhecidas as seguintes
região Norte (Amazônia, num sentido mais am- unidades nesse conjunto regional do Centro-Sul:
plo) volta a ser objeto de pressões e disputas geo- megalópole, Zona da Mata mineira, Quadrilátero
políticas, que giram em torno das formas de apro- Ferrífero, Triângulo Mineiro, porção sul de Goiás,
priação de sua riqueza – especialmente a biodiver- Grande Belo Horizonte, Sul do país e outras áreas.
sidade – e da sua posição no controle das condi-
ções climáticas.  
Todos esses fatores devem ter importante Megalópole 
peso na definição de políticas e iniciativas volta- A megalópole ou “centro econômico” do
das à região Norte, à sua ocupação econômica, à Brasil é uma área que abrange a Baixada Santista
utilização de suas riquezas e ao controle político, - onde se localiza o principal porto do país inúme-
econômico e estratégico da fronteira norte do ras indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, etc.) -,
Brasil. a Grande São Paulo, Campinas e Paulínia, o
Grande Rio de Janeiro e cidades ao longo de.
rodovia Presidente Dutra, principal eixo de liga-
REGIÃO CONCENTRADA 

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


ção entre as duas metrópoles globais.
Abrangendo quase um terço do território Nessa área, também denominada “região
brasileiro, o complexo regional do Centro-Sul urbana global Rio-São Paulo”, predomina a ativi-
estende-se de Goiás e Mato Grosso do Sul até o dade industrial, com os estabelecimentos fabris
extremo meridional do Brasil, incluindo, portanto, mais modernos do país. Mas aí aparece também o
o Sudeste. Essa grande região abriga cerca de dois “cinturão verde” de São Paulo, área hortigranjeira
terços dos habitantes do país e concentra a maior ao redor da cidade de Mogi das Cruzes, que abas-
parte dos recursos econômicos nacionais: indús- tece até o Rio de Janeiro. Uma zona de pecuária
trias, agropecuária moderna, bancos, mercado de leiteira localiza-se nos diversos municípios que
capitais, comércio, universidades, etc. Em 2005, compõem o Vale do Paraíba, área ao redor da
cerca de 78% do PIB brasileiro concentrava-se no rodovia Presidente Dutra (e do rio Paraíba do
Centro-Sul. Sul), que abrange terras dos estados de São Paulo
e do Rio de Janeiro.
Trata-se, assim, da parte do território na-
cional de maior ocupação humana. Justamente por O Vale do Paraíba, no qual se destacam
isso, possui os maiores contrastes internos, pois as as cidades de São José dos Campos (SP), Taubaté
maiores disparidades regionais são obra da socie- (SP), Guaratinguetá (SP), Lorena (SP) e Volta
dade humana e não da natureza. Comparando o Redonda (RJ), também sedia um importante par-
Centro-Sul à Amazônia, esta pode ainda ser con- que industrial, com indústrias automobilística,
siderada uma região relativamente homogênea. É química, aeronáutica, de armamentos, siderúrgica,
claro que existem diversidades na Amazônia a etc. Zona da Mata Mineira.
ponto de alguns autores falarem em “Amazônias”,
no plural, mas estamos comparando com o Centro  
Sul, que apresenta maiores diferenças internas.  
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  Pode-se mencionar, dentro dessa parte
sul do país:
A Zona da Mata mineira  
· Campanha gaúcha ou região dos pam-
Localiza-se na porção sudeste de Minas pas - área onde aparecem as cidades de Bagé,
Gerais, onde se destaca a cidade de Juiz de Fora. Uruguaiana, Santana do Livramento e Santa Ma-
A industrialização aí tem avançado bastante nos ria. É uma região de pecuária moderna, com gado
últimos anos, mas a Zona da Mata mineira ainda seleciona do, e de agricultura com técnicas mais
se destaca como uma área agrícola e de pecuária adequadas, destacando-se o cultivo de trigo, soja e
leiteira, que abastece principalmente o Grande Rio arroz.
e Belo Horizonte.
· Vale do Itajaf - localiza-se em Santa
  Catarina, onde estão as cidades de Blumenau,
Brusque e Joinville, esta mais ao norte. É uma
Quadrilátero Ferrifero  área de colonização alemã, com predomínio de
É uma área vizinha a Belo Horizonte, pequenas e médias propriedades agrícolas, que
onde se destacam as cidades de Sabará, Congo- praticam a policultura associada à pecuária. Loca-
nhas, Santa Bárbara, Mariana e Ouro Preto. Trata- lizam-se aí inúmeras indústrias têxteis, alimentí-
se da região que mais produz minério de ferro no cias e outras.
Brasil, escoado por ferrovia até o porto de Vitória · Região serrana do Rio Grande do Sul -
(Tubarão), no Espírito Santo, e daí exportado. Aí área de colonização italiana e principal centro
se localizam também inúmeras indústrias, nota- vinícola do país. As videiras marcam a paisagem
damente siderúrgicas. em torno das cidades de Bento Gonçalves, Gari-
  baldi e Caxias do Sul, que é também uma impor-
tante cidade industrial.
Triângulo Mineiro 
· Vale do Ribeira - localiza-se na parte
Área sudoeste de Minas Gerais, onde se sudeste do estado de São Paulo,ao redor do rio
sobressaem as cidades de Uberlândia e Uberaba, o Ribeira de Iguape. Trata-se da área menos desen-
triângulo Mineiro é uma região agrícola e pecua- volvida do estado, praticamente sem indústrias e
rista, com gado de corte, mas onde a atividade onde se destaca o cultivo da banana e do chá, este
comercial e a industrialização vêm se expandindo introduzido por imigrantes japoneses. · Vale do
bastante desde pelo menos os anos1980. Tubarão - área produtora de carvão mineral em
Santa Catarina, inclui as cidades de Tubarão e
  Criciúma.
Sul de Goiás  Outras áreas do Centro-Sul
Composta por áreas vizinhas a Goiânia, Existem ainda outras partes dessa região,
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

Anápolis e Brasília, a porção Sul de Goiás é uma mais difíceis de serem individualizadas ou que
região agrícola que se destaca pelo cultivo do sofrem grandes transformações na atualidade.
arroz e da soja, além de inúmeras atividades in-
dustriais e comerciais. Pode-se mencionar:
· Norte do Rio de Janeiro e Espírito San-
  to - área de ocupação mais antiga do Centro-Sul,
Grande Belo Horizonte  com o centro e o norte de Minas Gerais. Há imen-
sos canaviais nessa área. A descoberta e a explo-
É uma área de grande dinamicidade in- ração de petróleo no litoral do Rio de Janeiro e do
dustrial, com empresa automobilística e indústrias Espírito Santo modificaram bastante a paisagem
metalúrgicas , mecânica e inúmeras outras. regional, promovendo um grande aumento no
  orçamento de inúmeros municípios em virtude do
recebimento dos royalties pelo produto. Nos anos
Sul do País  1990, o norte deste último estado foi incorporado
à área de atuação da Sudene, quando recebeu
A porção Sul do país é uma área que inúmeros incentivos fiscais e atraiu algumas in-
abrange três estados meridionais do Brasil (Para- dústrias.
ná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e na qual
também se pode incluir a maior parte do estado de · Mato Grosso do Sul - área onde se des-
São Paulo, que possui inúmeras características taca a pecuária de corte e onde os cultivos do trigo
comuns a esses três estados: forte presença de e da soja se expandiram bastante nos últimos
imigrantes e de seus descendentes, agropecuária anos. Destaca-se a cidade de Campo Grande (foto
moderna, grande número de cidades médias com acima). · Pantanal Mato-Grossense - área de pla-
indústrias, etc. nície fluvial, banhada pelo rio Paraguai e afluen-
122 tes, periodicamente inundada pelas chuvas em
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grande parte de sua extensão. É uma espécie de O elemento língua portuguesa foi muito im-
periferia do Centro-Sul, com pecuária extensiva portante como identidade na formação da nação
de corte, cujo gado é engordado nas invernadas, que nascia após a independência.
ou seja, áreas de pastagens utilizadas para engor-
dar o gado antes do abate, de Araçatuba, Presiden- Do século XVI ao início do século XIX, a
te Prudente e Andradina, para, depois, abastecer constituição étnica principal do Brasil foi o negro,
de carne a Grande São Paulo. o índio e o branco. A vinda da família real e a
preocupação da coroa em branquear a população
fez com que fosse incentivada a vinda de imigran-
tes europeus.
Identidade nacional e
A primeira leva de colonos veio da ilha dos
regionalismos Açores. Essa era uma migração diferente, pois não
estava em busca de um sujeito isolado, mas de
grupos familiares. No auge da produção do café
Matrizes culturais do Brasil  veio a proibição do tráfego negreiro. Essa realida-
de fez com que os fazendeiros e o Estado fossem
A cultura nacional é resultado da contribuição
em busca de trabalhadores na Europa. No período
de vários grupos étnicos que, ao longo da história,
entre 1850-1930 chegaram ao Brasil migrantes de
passaram a integrar a sociedade brasileira e a
origem europeia e alguns asiáticos.
contribuir com as suas características para formar
as matrizes culturais do Brasil. Veja o gráfico abaixo:
A miscigenação de diversos povos - o branco
europeu, os diversos grupos indígenas o negro e,
posteriormente, no século XIX e XX, com a en-
trada de imigrantes europeus e asiáticos formou-
se esse povo que pode se ver em diversas outras
culturas, ou mesmo, diversos povos podem se ver
na sociedade brasileira.

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


Foram aproximadamente oito décadas de in-
tensas vindas de grupos de trabalhadores de diver-
sas origens: portugueses, espanhóis, italianos,
alemães, libaneses e japoneses. Todos esses povos
contribuíram para a formação cultural do Brasil.
Quando avaliamos a nossa comida regional con-
seguimos identificar as marcas dos povos que
Um povo ou grupo étnico é o termo que se predominaram em uma região do país. Havia uma
emprega para um agrupamento de pessoas com preocupação em manifestar seus costumes e suas
identidade cultural em comum. Caracterizam a crenças. Desse modo, os imigrantes influenciaram
unidade cultural: idioma, costumes, maneiras de e foram influenciados.
pensar, sentir e agir.
Podemos identificar como foi a contribuição
Dai verificarmos o importante papel do gover- quando observamos a diversidade de nossa músi-
no português em obrigar a língua portuguesa na ca, palavras de nosso idioma, as festas populares,
colônia, pois falávamos uma mistura de línguas. O as crenças e sincretismo religioso. Em tudo, quan-
mesmo fato se repetiu quando o governo de Getú- do observamos com essa intencionalidade, pode-
lio Vargas obrigou a todas as escolas a utilizarem mos identificar as influências desses povos que
o português. Nessa época, algumas colônias de aqui se fixaram.
imigrantes europeus educavam seus filhos utili-
A partir de 1930 a migração para o Brasil de-
zando a língua do país de origem.
clinou, o processo de modernização da economia
e a crise no setor agrícola trazia grandes levas de
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trabalhadores do campo para a cidade. Outra
questão que também foi observada foi as ideolo-
gias de alguns grupos europeus - socialista, anar-
quistas, etc. - que passavam a incomodar o gover-
no brasileiro. Os movimentos da classe operária
no inicio do Sec. XX foi marcado pela ideologia
dos trabalhadores que vinham da Europa para
trabalharem nas fábricas.
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

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4. A inversão do fluxo migratório para o Centro-
Oeste e Amazônia deveu-se:
EXERCÍCIOS  a) implementação do programa de recuperação
econômica de áreas pouco povoadas.
b) implementação de projetos de colonização
1. A primeira imigração de não portugueses para particulares em RR e MS.
o Brasil foi a dos;
c) implementação de projetos rodoviários aliados
a) alemães a programas de assentamentos.
b) italianos d) crescimento urbano devido a modernização dos
c) japoneses meios de transporte com a implementação de
novos portos.
d) suíços
e) obras gigantescas levou a indução de migração
e) poloneses em direção à Amazônia.

2. Caracteriza a integração da economia interna 5. (Ufal) "Nesta sub-região nordestina, a paisa-


do Brasil. gem é marcada tradicionalmente pela presença de
a) Ampliação das redes de transportes, havendo pequenas propriedades policultoras que empre-
uma concentração no Centro-Sul, mas conse- gam mão-de-obra familiar. Mas, nas últimas dé-
guindo servir todo território pela interligação cadas, a pecuária tem se desenvolvido bastante
dos meios de transportes - o modelo multi- provocando a concentração de terras, o aumento
modal. do desemprego rural e a emigração."

b) A substituição dos meios menos flexíveis por O texto se refere


meios mais flexíveis. a) à Zona da Mata.
c) O investimentos públicos mais numerosos e b) ao Meio-Norte.
mais injeção de recursos para promover a ex-
portação e mais proteção ao grande capital. c) ao Sertão.

d) Novas formas de relação entre metrópole d) ao Agreste.


econômica e centros regionais se estabelecem por e) ao Recôncavo Baiano
intermédio do caminhão.
e) Se os transportes marítimos sempre reforçam
dependência em relação ao estrangeiro, os novos 6. (Fatec) Recentemente tem-se dado grande

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


transportes terrestres, a partir da 2ª Guerra Mun- destaque à instalação de várias indústrias no Nor-
dial, garantem a integração e a independência deste brasileiro, muitas das quais de capital es-
econômica. trangeiro: indústrias de bens de consumo (vestuá-
rio e calçados) no Ceará, montadoras de veículos
na Bahia, indústrias variadas que criam algumas
3. "A união entre ciência e técnica, a partir dos centenas de empregos diretos e possibilitam mui-
anos 1970, havia transformado o território brasi- tos outros empregos indiretos.
leiro, revigora-se com os novos e portentosos Essa preferência do capital externo pelo Nordeste
recursos da informação, a partir do período da brasileiro deve-se, entre outros motivos,
globalização e sob a égide do mercado."
a) ao fim das políticas de incentivos fiscais
O texto refere-se a: instituídas na época da SUDENE e à densa rede
a) formação dos polos tecnológicos - (tecnopó- rodoferroviária da Região.
los). b) à redução das diferenças regionais, graças ao
b) inicio da revolução técnico-científica no Brasil. processo de democratização do Estado e à
existência de sindicatos de trabalhadores fortes e
c) inicio da terceira revolução industrial no país. atuantes.
d) melhorias na circulação dos insumos, dos pro- c) à existência de mecanismo de atração, como
dutos, do dinheiro, das ideias e informações. isenção de impostos, subsídios e incentivos
e) uma nova fase de integração, mas com especia- fiscais, e à presença de mão-de-obra abundante e
lização geográfica a produção material e imaterial. pouco organizada do ponto de vista sindical.
d) ao atual momento econômico, que tem
possibilitado a volta maciça dos migrantes
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nordestinos, com novos hábitos de consumo, e à e) Embora atravesse longo trecho com caracte-
presença de ambulantes matérias-primas. rísticas subtropicais, mantém-se como rio perene
embora sofra variação em seu volume de água,
e) ao novo papel do Estado, cada vez mais
além de já ser utilizado para irrigação e forneci-
distanciado do mercado, e à melhoria generalizada
mento de água para as populações ribeirinhas.
da qualidade da mão-de-obra nordestina.

10. Aziz Ab’Saber, considerado um dos geógra-


7. (Unesp) Dentre os grandes projetos que objeti- fos mais importantes do mundo, falando de suas
varam a integração da Amazônia, destaca-se o que
angústias de brasileiro para o caderno Aliás, de-
visava à ocupação efetiva das áreas fronteiriças,
clarou que “os governantes e os políticos não têm
ao desenvolvimento de infra-estrutura e valoriza-
noção de escala e sabem que o povo também não
ção econômica e à demarcação de terras indíge-
tem”. Segundo ele, o semiárido tem 750 mil qui-
nas. A descrição diz respeito ao Projeto
lômetros quadrados, no mínimo, e a transposição
a) Calha Norte. das águas do São Francisco não vai resolver o
problema dessa região. Para Aziz, é preciso tam-
b) Jari. bém saber a quem irá servir a transposição: se aos
c) Trombetas. capitalistas, que têm fazendas e moram em apar-
tamentos chiques em Fortaleza ou Recife, ou aos
d) Carajás. pobres da região, “pessoas que passaram a vida
e) Tucuruí. resistindo à seca”.
Com base no texto acima e nos conhecimentos
de Geografia, assinale a alternativa correta.
8. (EsSa) A opção que indica os dois países vizi-
nhos com os quais o Brasil possui as maiores a) O aumento da oferta de água em algumas áreas
extensões fronteiriças é: do semiárido não garante a distribuição equitativa
desse recurso.
a) Equador e Bolívia
b) Segundo Ab’Saber, um planejamento adequado
b) Chile e Equador para a região teria de ser elaborado com base em
c) Bolívia e Peru mapas de escala cartográfica pequena, que apre-
sentam informações mais detalhadas.
d) Peru e Chile
c) Aziz Ab’Saber defende que a transposição deve
e) Bolívia e Paraguai beneficiar preferencialmente os grandes produto-
res da região, pois os pobres já se acostumaram às
restrições impostas pela seca.
9. A Bacia do Rio São Francisco passou a ter um
d) O semiárido corresponde ao domínio da vege-
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

destaque maior, pois o governo brasileiro pretende


utilizar suas águas num projeto a fim de minimi- tação de cerrado, condicionando, em conjunto
zar os problemas da seca no Nordeste Brasileiro. com o clima, a baixa fertilidade dos solos.
Sobre o rio e sua bacia hidrográfica, assinale o e) Ab’Saber sustenta que a principal causa da
que for correto. miséria no semiárido resume-se a causas naturais.
a) O Rio São Francisco foi, no passado, o
principal elo entre o Nordeste e o Sul do país,
sendo por isso chamado de “rio da integração 11. O mapa mostra a localização de uma grande
nacional”. usina hidrelétrica destinada a abastecer as regiões
Norte e Nordeste do Brasil. Assinalar a alternativa
b) Com mais de 3.000 km de extensão, a pesca que contém, na seguinte ordem:
nunca teve importância como fonte de alimenta-
ção na bacia do São Francisco. 1 - o nome da hidrelétrica; 2 - o nome do rio em
que se localiza.
c) A Bacia do Rio São Francisco banha os es-
tados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ala-
goas e Sergipe e tem como principais afluentes os
Rios Tocantins, Araguaia, Paranaíba e Grande.
d) Possui longo trecho navegável entre Minas
Gerais e Bahia além de, como rio de planalto,
apresentar diversas quedas d’água que lhe confe-
rem grande potencial hidráulico, a exemplo das
usinas de Paulo Afonso e Sobradinho.

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GEO 04

14. Associe os minerais aos Estados onde ocor-


rem predominantemente:
1. Ferro
2. Sal
3. Carvão
4. Estanho
5. Cobre
6. Chumbo
a) 1 - Furnas; 2 - Grande.
( ) Rondônia e Amazonas
b) 1 - Carajás; 2 - Tocantins.
( ) Minas Gerais e Pará
c) 1 - Tocantins; 2 - Tucuruí.
( ) Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Para-
d) 1 - Tucuruí; 2 - Araguaia. ná
e) 1 - Tucuruí; 2 - Tocantins. ( ) Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte
( ) Bahia e Rio Grande do Sul
12. O Brasil é um país rico em rios, o que lhe ( ) Santa Catarina
confere um grande potencial hidrelétrico. Este
A sequência correta é:
potencial está relacionado respectivamente aos
seguintes fatores geográficos: a) 4, 3, 2, 1, 5, 6
a) às condições climáticas e ao relevo acidentado. b) 5, 4, 1, 2, 3, 6
b) à predominância no país do clima equatorial e à c) 4, 6, 2, 1, 5, 3
existência de poucas áreas planas.
d) 4, 1, 6, 2, 5, 3
c) à continentalidade do território e à disposição
longitudinal do seu relevo. e) 4, 5, 3, 1, 2, 6

d) à latitude e à monotonia do relevo.


e) à tropicalidade e à existência de planícies de 15. Considere as afirmações adiante sobre os
tamanho considerável. grandes Projetos Minerais no Brasil.
I - Usam técnicas conservacionistas, preservando

Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO


o meio ambiente.
13. As condições naturais do Brasil favorecem
II - Por suas características é considerado fator de
amplamente a produção de hidreletricidade. Sobre
o seu aproveitamento, é INCORRETO afirmar repulsão de população.
que: III - De modo geral implantam-se com o objetivo
de atender aos mercados nacionais e internacio-
a) o rio São Francisco recebeu a sua primeira
hidrelétrica em 1913, instalada por Delmiro Gou- nais.
veia, que passou a utilizá-la na sua fábrica de IV - São exercidas por empresas mistas de capital
linha. nacional e internacional.
b) em 1901, foi instalada a usina de Parnaíba no Estão corretas SOMENTE
rio Tietê para fornecer energia para a cidade de
São Paulo. a) I e II

c) a construção da usina de Tucuruí, no rio Tocan- b) I e IV


tins, permitiu a exploração mineral do complexo c) II e III
de Carajás.
d) II e IV
d) é na bacia do Paraná que se situa o maior apro-
veitamento hidrelétrico do país, destacando-se os e) III e IV
complexos de Urupungá e Itaipu.
e) Balbina, hidrelétrica da bacia do Paraguai,
abastece toda a região Centro-Oeste e trechos da
região Norte.
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GEO 04
16. (UFCE) Sobre o Nordeste do Brasil, é verda- b) aumento da pobreza nas metrópoles brasileiras
deiro afirmar que: como resultado da escassez de investimentos
públicos em infraestrutura.
a) na Zona da Mata açucareira predominam as
pequenas propriedades agrícolas ocupadas com a c) redução do número de municípios componentes
policultura. das Regiões Metropolitanas, visando a otimização
das Políticas Públicas.
b) as atividades industriais implantadas a partir da
Sudene possibilitaram eliminar as desigualdades d) aumento de contingentes populacionais sem
regionais do país. qualificação educacional ou profissional nas me-
trópoles brasileiras.
c) o avanço do capitalismo no campo vem provo-
cando mudanças nas relações de trabalho e possi- e) diminuição da circulação de capitais e a conse-
bilitando o acesso à ter- ra para a maioria dos quente redução do crescimento econômico das
trabalhadores rurais. metrópoles em relação ao território como um
todo.
d) o litoral nordestino apresenta-se homogêneo
quanto aos seus aspectos físicos, uso do solo e
exploração econômica. GABARITO
e) a Sudene foi criada com o objetivo de integrar a
região ao processo de expansão do capitalismo
nacional com base na industrialização.

17. (Cefet-PR) Analise as afirmações abaixo 1. D 


sobre a população brasileira.
2. E 
I. Devido a fatores históricos e econômicos, a 3. B 
maioria da po- pulação concentra-se nas porções
4. D 
litorâneas e a densidade demográfica decresce do
norte para o sul. 5. D 
6. C 
II. A transformação em uma sociedade urbano-
industrial permitiu a queda significativa da natali- 7. A 
dade e a conseqüente redu- ção do número de 8. C 
jovens. 9. D 
III. Como conseqüência do processo de industria- 10. A 
lização, temos hoje uma pirâmide etária que reve- 11. E 
la uma base mais larga que há vinte anos. 12. A 
Capítulo: GEO 04 EIXO 4: REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO

IV. A população absoluta do Brasil e sua grande 13. E 


extensão territorial permitem-nos classificar o país 14. D 
como muito populoso, porém pouco povoado. 15. E 
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmação(ões): 16. E 
a) I e II. 17. C 
18. E 
b) III.
c) IV.
d) I e III.
e) II.

18. A  metropolização  brasileira  se  dá  também 


como  "involução".  O  dito  processo  de  involução 
metropolitana significa: 
a) diminuição da mancha urbana das metrópoles
brasileiras em razão da dispersão espacial das
classes médias.

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GEO 05

GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASI‐


LEIRA
 compromisso do imigrante para pagar as
despesas da viagem com trabalho nos cafe-
Movimentos Migratórios zais;
 a I Guerra Mundial;
Imigrações   crise da economia cafeeira com a “Quebra da
Bolsa de Nova Iorque,” em 1929;
A imigração inicia a partir da chegada da
coroa portuguesa ao Brasil.  temor dos imigrantes de serem tratados como
escravos;
Para garantir a ocupação do território foi
incentivada a vinda de imigrantes para a região  revolução de 30;
sul do país. O governo trouxe 4.000 famílias aço-
 lei das latitudes, isto é, o clima tropical de
rianas para a região de Porto Alegre e Santa Cata-
difícil adaptação;
rina.
A preocupação da coroa portuguesa gira-  medidas restritivas da Constituição de 1934
va em torno da garantia territorial disputada com (exceto para os portugueses):
os espanhóis. Posteriormente a preocupação estará  lei das cotas;
fundamentada na garantia de mão-de-obra para a
lavoura que expandia para ao interior paulista. Era  seleção profissional;
a fase do café, o ouro negro conquistava mercado  seleção social;
no exterior, passava a compor o produto de expor-
tação mais importante para o país e sofria com a  seleção ideológica.
limitação imposta pelo fim do tráfico de escravos.
Podemos listar muitas causas da imigra- Principais grupos de imigrantes para o
ção para o Brasil, porém as mais importantes são:
Brasil:
 maior quantidade de negros, mestiços e indí-
 Italianos: foram para São Paulo (interior e
genas nos períodos colonial e imperial;

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


capital) onde se dedicaram à cultura do café e
 necessidade de ocupar efetivamente o territó- à indústria. No Rio Grande do Sul e Santa
rio devido às ameaças de invasão estrangeira; Catarina (interior) fundaram cidades e se de-
dicaram à cultura da uva para produzir vi-
 pressões da Inglaterra contra a escravidão; nhos.
 instabilidades econômicas na Europa em  Espanhóis: foram para vários lugares, especi-
função das guerras. almente para São Paulo, tanto para a capital
como para o interior, onde se dedicam ao co-
mércio, oficinas, restaurantes.
Fatores favoráveis à imigração para o
Brasil:  Japoneses: chegaram a partir do inicio do
século XX e foram para São Paulo (capital e
 desenvolvimento da cafeicultura exigindo interior) onde cuidam de hortifruticultura e
muita mão-de-obra; granjas, floricultura e comércio. No Paraná
 leis abolicionistas; (capital e interior) dedicam-se à agricultura e
ao comércio. No Pará (interior e capital) cul-
 subsídio às despesas de viagem dos imigran- tura da pimenta-do- reino, juta, frutas e co-
tes; mércio.
 permissão ao imigrante para que este pudesse  Alemães: foram para Santa Catarina (Vale do
cultivar gêneros alimentícios em uma gleba Itajaí) onde se dedicam à policultura e à in-
de terras; dústria caseira. No Rio Grande do Sul, São
Paulo e Espírito Santo dedicam-se a diversas
 custeio das despesas dos imigrantes no pri- atividades.
meiro ano de trabalho;
 Eslavos: foram, principalmente, para o Paraná
 crise na Itália. (capital e interior) onde se dedicam especial-
mente às atividades madeireiras e agricultura.
Fatores desfavoráveis à imigração para o 
Sírio-libaneses: foram para diversas partes do
Brasil: país, especialmente para as áreas urbanas, 129
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GEO 05
pois geralmente, dedicam-se ao comércio em
lojas ou como ambulantes.
 Portugueses: mais numerosos, espalharam-se
por todo o país, especialmente no Rio de Ja-
neiro, dedicaram-se geralmente ao comércio
(quitandas, padarias, bares...).

Imigração no Brasil, por nacionalidade –  

períodos decenais 1884‐1893 a 1924‐1933 

Efetivos decenais 

Nacionalidade  Os principais destinos de brasileiros para o


1884‐ 1894‐ 1904‐ 1914‐ exterior são: EUA, Europa, Japão – Dekaseguis,
1924‐1933 
1893  1903  1913  1923  países vizinhos.

Alemães  22778  6698  33859  29339  61723 

Espanhóis  113116  102142  224672  94779  52405 

Italianos  510533  537784  196521  86320  70177 

Japoneses  ‐  ‐  11868  20398  110191 

Portugueses  170621  155542  384672  201252  233650 


Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

Sírios e turcos  96  7124  45803  20400  20400 

Outros  66524  42820 109222  51493  164586 

100661
Total  883668  852110  503981  717223 

Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro : IBGE,


2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 226

A tabela acima demonstra a entrada de Migrações Internas 


imigrantes até a promulgação da Lei de Cotas –
1934, editada no governo Vargas. Vários fatores contribuem para a mobilida-
No próximo gráfico podemos verificar a de da população no interior do território. As mu-
contribuição dos imigrantes para o crescimento danças econômicas regionais e as alterações no
demográfico brasileiro pelo número de entradas sistema produtivo podem dispensar mão de obra
de imigrantes no período de 1850 – pós-lei de em uma região e criar empregos em outra. Desse
terras e 1975. Após 1975 o Brasil começou a modo, a população tende a ir em busca de melho-
apresentar um déficit migratório, ou seja, passa- rias que podem ser momentâneas – causando as
mos a ser um país com fluxo de emigração. migrações temporárias ou permanentes
Êxodo  Rural: é a transferência permanente
de grandes levas populacionais do campo para a
cidade. Tornaram-se mais intensos a partir da
década de 50 devido ao processo de industrializa-
ção. O Censo de 1970, indicava predomínio de
população urbana (55,92°% ) em relação à popu-
lação rural (44,43%).
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GEO 05
Causas do Êxodo Rural:  · rural/rural: são trabalhadores rurais que
saem de uma área agrícola para outra em função
· mecanização das lavouras;
de trabalho;
· concentração fundiária;
· urbano/rural: são fluxos de trabalhado-
· falta de assistência médico-hospitalar e res temporários que saem das cidades interioranas
educacional no campo; para executar trabalhos nas fazendas das adjacên-
cias. É o caso dos “bóias-frias”.
· falta de empregos permanentes com salá-
rio fixo, e · urbano/urbano: são trabalhadores espe-
cializados que buscam melhores salários entre as
· baixos salários nas cidades
cidades industrializadas. Geralmente ocorre das
· atração exercida pela cidade sobre o ho- pequenas para as grandes cidades.
mem do campo;
· inter‐regionais: quando há deslocamento
· possibilidade de emprego e salário fixos; de populações de uma região para a outra, sendo
· assistência médico-hospitalar e educacio- no Brasil denominados de “retirantes”. O Nordes-
nal; e te é a maior área de repulsão e o Sudeste a princi-
pal área de atração.
· possibilidade de aposentadoria e da casa
própria.
Migrações inter‐regionais 
Consequências do Êxodo Rural:  A industrialização do Sudeste, principal-
mente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro,
· no campo: queda da produção em áreas na década de 80, foi o grande fator atrativo para
que não foram mecanizadas, redução da popula- essa região. Tal fator, capaz de atrair brasileiros
ção rural e falta de mão-de-obra para pequenos e de outras regiões e estrangeiros, é bem represen-
médios proprietários. tado pelo maior fluxo interno proveniente da
· na cidade: favelização, periferização, ma- grande região Nordeste. Esse fluxo nordestino
crocefalismo, marginalismo, especulação imobili- também era direcionado para o Maranhão em
ária, desemprego e/ou subemprego, deterioração função da rizicultura da várzea; para o Mato
dos equipamentos urbanos. Grosso, atraída pela garimpagem; para Rondônia
em função da extração de cassiterita e para o Nor-

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


O êxodo rural é o grande responsável pelo te do Paraná, onde a expansão da cafeicultura
acelerado ritmo de urbanização do Brasil. exigia mão-de-obra nos anos 60. Quanto ao estado
Transumância: é um movimento periódico, de Goiás, o principal fator de atração populacional
foi a construção de Brasília, movimento de grande
determinado, ou não, por razões climáticas, por
monta, dinamizador do crescimento populacional
isso diz-se que um movimento SAZONAL. Ocor-
do Centro-Oeste.
re no Brasil nas seguintes regiões:
Na região Sudeste o principal fator popula-
Nordeste: do Sertão para a Zona da Mata
cional foi a industrialização que dinamizou as
e/ou litoral por ocasião do período das secas e,
migrações inter-regionais e o êxodo rural, repre-
retorna no período das chuvas. Os trabalhadores
sentado na maior parcela pela população oriunda
são denominados de Corumbas.
do Nordeste, marcado pela estagnação da econo-
Amazônia: executado pelos seringueiros mia, coronelismo, concentração fundiária e as
que, numa época entram na Floresta em busca do privações da população. Essa população recém-
látex, depois retornam às suas casas para fazer a regressa tem estoque de mão-de-obra barata, aten-
preparação das denominadas pélas, isto é, a goma dendo à voracidade dos grandes poderosos capita-
de borracha natural. listas e o acentuado crescimento urbano acelerado
e desordenado, marcado pelas funções de produ-
Quando termina esta parte do trabalho eles ção e trabalho do esquema centro-periferia.
vão para as zonas de coletas de castanha-do-pará
e, assim, sucessivamente. A partir de 1964, apoiado na vontade dos
governos militares, iniciou-se então a marcha em
Movimento  Pendular  ou  Commuting: são direção à Amazônia, no local predominou o gran-
movimentos periódicos, isto é, diários da periferia de capital e ignorou-se o homem da terra, pois as
para os grandes centros de comércio e de indús- propriedades ocupadas possuíam dimensões gi-
trias pela manhã e de retorno à noitinha. Dão gantescas, geralmente, fruto de apropriação e
origem às cidades-dormitórios e pique de trânsito expropriação de terras indígenas e de posseiros
ou “rush”. para beneficiarem grandiosos projetos agropecuá-
rios. A mão-de-obra de maior vulto na região
Outros movimentos internos: 
continua sendo a nordestina que é incrementada a
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GEO 05
partir de 1967, após a criação da Superintendência cidades jardins e trabalham diariamente no grande
da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). centro urbano.
O norte do Paraná continuou atraindo,
principalmente em função da concentração de
terras do sul do país e da situação socioeconômica
das populações do Nordeste; esse fluxo se alastra
por todo o estado de Mato Grosso. A década de
70, através do governo do general Médici, desta-
cou a necessidade imediata de construção de ex-
tensas rodovias como a Transamazônica e a Cuia-
bá-Santarém para facilitar o fluxo migratório
oriundo do Nordeste, com a finalidade de reduzir
o superpovoamento das áreas metropolitanas do
Sudeste, que já apresentavam tensões sociais,
abastecer a Amazônia de mão-de-obra e reduzir as Esse mapa resume a mudança no perfil das
mostras de pobreza do Nordeste. migrações internas: da migração inter-regional do
Essas estradas foram implantadas sem ne- período 40-70 para, hoje, termos as migrações em
nhum estudo de impacto ambiental e social, e direção aos polos regionais. Veja o quadro abai-
apresentaram como principais prejudicados os xo:
indígenas e seus ecossistemas, através das ocupa- Ranking das Unidades da Federação com
ções e crescimento populacional desordenado. maior população não-natural – Brasil - 2000
A década de 90 foi evidenciada pela queda
do movimento interno em direção ao Sudeste, e
particularmente as metrópoles que já apresentari- Unidade da Federação População não-natural
am os maiores índices negativos do macrocefa- São Paulo 8.821.030
lismo urbano, passaram a reduzir o crescimento
Rio de Janeiro 2.476.072
populacional (ex.: São Paulo), o crescimento das
cidades de pequeno e médio porte e a permanên- Paraná 1.795.751
cia acentuada do vetor migratório para a Amazô- Goiás 1.293.733
nia. Minas Gerais 1.221.299
Observe o mapa dos fluxos migratórios na década Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

de 1970.

População e trabalho

O perfil das migrações internas modificou


e, atualmente, verifica-se a tendência de migração
das grandes cidades para as cidades de porte mé-
dio. Fatores que constituem a qualidade de vida
como violência, trânsito, poluição, estagnação da
Tarsila do Amaral, Operários, 1933.
Infraestrutura urbana são considerados no mo-
mento de escolher o novo destino de moradia. Nas
grandes regiões metropolitanas já se identifica a Prezado candidato, neste capítulo analisa-
formação de famílias que moram nas chamadas remos a população quanto à distribuição da popu-
lação nos setores da economia (primário, secundá-
132 rio terciário) percebemos enormes transforma-
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GEO 05
ções que permitem avaliar a economia do país.
Entre os fatores causadores de alterações, podem
se destacar a industrialização, a urbanização e a
modernização de campo brasileiro.
No Brasil, a concentração fundiária injusta,
antidemocrática e impune que proporciona grande
quantidade de terras nas mãos de poucos. Existem
milhares de trabalhadores sem-terra prontos para
produzir os quais são, geralmente, aproveitados
como trabalhadores temporários (bóias-frias) nas
grandes fazendas. A falta de acesso a terra influ-
encia nos fluxos populacionais em direção a cida-
de, aumentando as taxas de êxodo rural, contribu-
indo ainda mais para o aumento dos níveis de
urbanização e dilatação da PEA (população eco-
nomicamente ativa) nos setores secundário e ter-
ciário. Devemos ainda considerar o papel da me-
canização e a tecnologia inserida no campo as
quais contribuiu para a liberação da mão-de-obra FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
para as cidades. lios. 2007.

Distribuição da PEA por setores O Brasil, na condição de periferia privile-


giada, apresenta deficiência em oferta de empre-
Países Primário Secundário Terciário gos e como consequência disso, apresenta inchaço
no setor terciário (hipertrofia do terciário), geran-
EUA 3% 25% 72%
do elevados índices de informalidade.
A PEA brasileira total é da ordem de 42%
Brasil 23,2% 23,8% 53,0% da população total, sendo que destes, 65% é mas-
culina e 35% feminina. Nos setores da economia
Índia 62% 11% 27% verifica-se o seguinte distribuição:
setor  primário (agricultura, pecuária e ex-

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


Etiópia 88% 2% 10% trativismo) = 23,2%;
setor  secundário (indústria e construção
Devemos atentar para a existência de várias situa- civil) = 23,8%;
ções de subdesenvolvimento nos países, como por setor  terciário (serviços, profissionais libe-
exemplo, os africanos que apresentam sua econo- rais, funcionalismo, comércio...) = 53,0%.
mia quase que plenamente calcada na agricultura
tradicional, que exige numerosa mão-de-obra; já
nos países subdesenvolvidos e industrializados,
como Brasil, Argentina, Egito e México a distri-
buição da população é marcada por intenso pro-
cesso de terceirização (concentração da população
no setor terciário) da população, mas isso não é
visto exclusivamente como melhoria em função
da industrialização e, sim, como problemas exis-
tentes nas economias desses países.
Podemos citar muitos problemas na distribuição
dos trabalhadores por faixa de renda. Veja o gráfi-
co a seguir:
Distribuição das pessoas ocupadas de 10 ou mais, Candidato, como se observa nessa divi-
por classes de rendimento no trabalho principal - são, o setor primário é basicamente rural e os
2005-2007. setores secundários e terciários são principalmente
urbanos. O setor primário abrange grande percen-
tual da população ativa em países pouco industria-
lizados. O setor secundário era considerado o
mais importante pelo menos até os anos 1970, no
auge da Segunda Revolução Industrial. O setor
terciário é o mais complexo e problemático dos 133
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GEO 05
três, pois é muito amplo, engloba atividades muito Grandes regiões do Brasil: pessoas de 10 anos ou mais
diversas e, às vezes, até discrepantes, tanto ativi- de idade ocupadas, por setores de produção (1993)
Setores de produção
dades modernas (setor financeiro, firmas que Grandes Primário Secundário Terciário
elaboram programas para computadores, assesso- regiões
rias diversas, universidades, etc.) quando ativida- Norte 13,8% 19,2% 67%
des tradicionais (camelôs, biscateiros, subempre- Nordeste 42,1% 14,4% 43,5%
gados). Nos países desenvolvidos, esse setor é Sudeste 16,2% 25,5% 58,3%
Sul 32,8% 22,0% 45,2%
grande e vem crescendo cada vez mais. Centro- 28,3% 15,3% 56,4%
Para a população ocupada as condições variam Oeste
Brasil 27,4% 20,7% 51,9%
muito. Uma característica da situação dos países
de industrialização tardia é ter um setor terciário
inchado e com muita informalidade. O trabalho O Sudeste apresenta 25,5% da sua popula-
informal é um problema muito grave, pois mesmo ção no setor secundário.
que o trabalhador esteja produzindo riqueza, este
A Região Norte apresenta o mais elevado
não tem as garantias de proteção do trabalho e do
percentual da população no setor terciário —
sistema de assistência social como aposentadoria,
67%.
seguro desemprego, seguro acidente, licença ma-
ternidade e paternidade. O trabalho informal é um O estudo da distribuição populacional por
mal para o governo devido não permitir o reco- setores da economia fornece subsídios para o
lhimento de impostos, mas é mais prejudicial para conhecimento da economia e viabiliza o replane-
o trabalhador que fica sem amparo em caso de jamento do espaço geográfico brasileiro.
necessidade. Veja no gráfico a seguir a distribui-
ção da população ocupada. Caro candidato, a PEA – População Eco-
nomicamente Ativa – diz respeito a parcela da
Pessoas ocupadas por posição na ocupação - população de um país que trabalha ou que está
2006-2007 procurando emprego é designada população eco-
nomicamente ativa, está voltada para o mercado
de trabalho e inclui a população ocupada( pessoas
que estão efetivamente trabalhando ) e os desem-
pregados. A parcela que não trabalha e não esta
empenhada na busca de emprego denomina-se
inativa e inclui as crianças, os aposentados, os
estudantes ( desde que não trabalhem) e as mulhe-
Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

res que exercem funções domésticas remuneradas.

Qualidade na força de trabalho 

A qualificação na força de trabalho influi


de forma direta nas características da economia
dos países e seu desenvolvimento, afinal de con-
tas, o homem é o agente da vida econômica dos
países. Para avaliar a qualidade da mão-de-obra
FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2007 verificam-se os índices de analfabetismo existente
no país. Veja o gráfico a seguir:

Observe a forte diferença na distribuição Taxas de analfabetismo das pessoas de 15


da população pelos setores produtivos no Brasil. anos ou mais - 2005-2007

134
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GEO 05

FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2007. A mulher no Brasil – ISERÇÃO NO
MERCADO DE TRABALHO
O problema que se verifica ainda é o baixo Diversas conquistas têm colocado a mulher
índice de escolaridade, conformando grande par- numa posição de luta sem trégua na busca de uma
cela da população com menos de quatro anos de sociedade justa; no entanto, a participação da
estudo. Essa parcela da população é considerada mulher na sociedade sempre foi marcada pela
analfabeta funcional. interferência da instituição família, que sempre
enfrentou conceitos e ideologias machistas, prin-
Quando falamos em qualificação da força cípios inibidores do desempenho feminino na vida
de trabalho um parâmetro importante é o analfa‐ social e no mercado de trabalho. A herança de
betismo  funcional - pessoas com 15 anos ou mais uma sociedade patriarcal retardou a inserção da
que têm menos de 4 anos de estudo completos - ou mulher no mercado de trabalho.
que não são capazes de ler mais e entender mais
do que uma palavra ou uma frase curta. Essas Pessoas Economicamente Ativas - 2006-2007
pessoas têm muita dificuldade de se inserir no
mercado de trabalho devido a exigência tecnoló-
gica que se verifica em qualquer função do mer-
cado. Veja o gráfico:

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2007.

Apesar da predominância masculina na PEA bra-


sileira, a participação da mulher no mercado de
trabalho brasileiro tem aumentado consideravel-
mente nos últimos anos. Esse ingresso foi dificul-
Porém verifica-se que já se registra uma tado, ao longo dos anos, por inúmeros obstáculos
queda nas taxas de analfabetismo geral da popula- como a maternidade e a criação de filhos, o baixo
ção e do analfabetismo funcional, isso influencia nível de empregos. O emprego da mão-de-obra
na qualidade da mão-de-obra em geral. Como o feminina não é seguido dos mesmos padrões de
índice de analfabetismo é mais alto na população empregabilidade masculina. As mulheres recebem
mais idosa à medida que essa passa para a inativi- menores rendimentos quando comparados em
dade a PEA apresenta um melhor perfil. uma mesma categoria de trabalho. A diferença de
tratamento tem raízes culturais e econômicas.
Veja no gráfico abaixo a série histórica

Veja a inserção da mulher, por região, na catego-


ria de dirigente:

O gráfico demostrou que as mulheres con-


tinuam ganhando espaço no mercado de trabalho
do Brasil.

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dados e realizar as projeções necessárias para
subsidiar as ações do Estado.

Conceitos centrais no estudo de população


Taxa  ou  índice  de  natalidade: é o número de
nascimentos dividido pela população total, multi-
plicado por 1.000. (TN= n° de nat/pop. total
.1.000). Tendo por base dados de 2005 a TN do
Brasil era de 20,4%o (20,4 por mil) ou 2,04%.
Embora ainda seja considerada elevada, a natali-
dade brasileira está experimentando uma redução
nos últimos anos devido aos seguintes fatores:

 casamentos mais tardios, principalmente no 
meio urbano; 
 elevado custo da formação de um indivíduo 
nas áreas urbanas; 
 maior integração da mulher no mercado de 
trabalho; 
Composição social e étnica  maior  acesso  aos  métodos  anticoncepcio‐
nais nas últimas décadas. 
Atenção candidato, não confundir a taxa de cres-
cimento vegetativo com a taxa de crescimento
demográfico. A segunda a população de um país
aumenta mediante dois processos: a diferença
entre o número de pessoas que entraram e o das
que saíram; e diferença entre os índices de natali-
dade e os de mortalidade que é o crescimento
vegetativo/ natural. Apesar de ter diminuído bas-
Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

tante nas últimas décadas, os índices brasileiros de


natalidade ainda são relativamente altos, se com-
parados aos dos países desenvolvidos.
 
Taxa  ou  índice  de  mortalidade: é o número de
óbitos dividido pela população total, multiplicado
por 1.000. (TM = n° de óbitos/pop. Total . 1.000).
Tendo por base dados de 2005o último a TM do
Brasil era de 6,3%o ou 0,63%. A taxa de mortali-
dade experimentou sensível redução nos últimos
Prezado candidato, nossos estudos de população anos em função dos seguintes fatores:
tem como finalidade trazer informações acerca da
formação étnica, composição da população em Ø maior acesso à assistência médico-hospitalar
gênero e distribuição por grupos de idade, distri- por um maior número de pessoas em função da
buição da população pelos setores produtivos, urbanização da população; Ø desenvolvimento da
formação da população economicamente ativa e medicina preventiva com as campanhas de vaci-
inativa, expectativa de vida, índice de desenvol- nação e da utilização de aparelhos e drogas mais
vimento humano, pobreza e exclusão social. No sofisticadas;
Brasil, os estudos são realizados pelo IBGE.
Ø melhoria das condições de saneamento básico
Para se desenvolver esses estudos o IBGE realiza que, embora não seja para todos, tem crescido nos
estudos estatísticos e censos demográficos visan- últimos anos.
do levantar informações sobre cada domicílio
 
brasileiro. O período entre os censos, que são
realizados com intervalos de 10 anos, o IBGE Taxa  ou  índice  de  crescimento  vegetativo  ou 
realiza as pesquisas nacionais por amostra de natural: é o saldo entre a TN e a TM, isto é, CV =
domicílios – PNAD com o objetivo de atualizar os TN-TM. Pelo último censo (2010) era de 1,17%.

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Taxa  ou  índice  de  mortalidade  infantil: é o nú- mento Familiar”. O Brasil enviou representantes à
mero de crianças que nascem vivas, porém mor- Conferência de Bucareste promovida pela ONU,
rem até um ano de idade. Segundo dados de 2008- sobre Planejamento Familiar.
o Brasil, seria de 23%o ou 2,3%. Ainda é conside-
O modelo de planejamento adotado no Brasil tem
rada elevada.
como base o planejamento organizado pela pró-
Taxa  de  fecundidade: é o número médio de filhos pria família e, não pelo Governo. A posição do
nascidos vivos durante a fase reprodutiva femini- governo é neutra, pois há grande resistência social
na, considerada pelo IBGE para efeito estatístico, exercida principalmente pela Igreja e pelos Parti-
como sendo entre 15 e 49 anos. Esta taxa caiu em dos Progressistas. Devemos destacar que em nos-
19% no período de 1980 a 1984 (era de 4,35 e so território houve momentos de esterilização em
caiu para 3,53 em 1984). De 1960 a 1984 sofreu massa de mulheres de baixa renda, especialmente
uma queda da ordem de 50%. Isto se deve, princi- no Nordeste, sendo patrocinada por fundações
palmente, à grande frequência das ligaduras ou estrangeiras como é o caso da BEMFAM (Socie-
laqueadura das trompas. Atualmente, nossa taxa dade Brasileira de Bem-Estar Familiar). Nas dé-
de fecundidade está estimada em 1,8 filhos por cadas de 60 e 70 o governo, mesmo não tendo
mulher. uma política clara de controle populacional permi-
tiu atuação de instituições estrangeiras como a
Caro estudante, a queda da taxa de fecundidade no Fundação Rockenfeller e Fundação Ford no Bra-
Brasil avançou bastante nos últimos 46 anos. sil, o que acabou por influenciar influenciando as
Saindo de 6 filhos por mulher em 1960 e chegan- políticas sanitárias e de controle populacional.
do a 1,8 em 2010. Ou seja, abaixo da taxa de
reposição recomendada pela ONU, que é de 2,1 Atenção candidato, nossa constituição prevê que o
filhos por mulher. A continuar dessa forma a Estado deve dar as condições para a família reali-
população brasileira terá um decréscimo popula- zar o planejamento familiar por meio da educação
cional por volta de 2040, quando deverá está pró- e das condições materiais para isso, como é o caso
xima de 235 milhões de habitantes. da distribuição gratuita de camisinhas, pílulas e
ainda a realização, nos hospitais públicos de ci-
De acordo com a especialista do IBGE Sônia rurgias como a vasectomia e a laqueadura. As
Oliveira, a grande variação diz respeito à relação autoridades brasileiras, na realidade, especialmen-
entre o nível de instrução das mulheres e o plane- te no tocante ao posicionamento sobre o tema
jamento do número de filhos. “Em anos anterio- procura agradar a igreja católica e os demais gru-
res, os números de filhos por mulher caíam apenas pos cristãos, majoritários no país e radicalmente
em classes mais altas e para mulheres que tinham contra os métodos anticoncepcionais; e também se

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


melhor instrução. Hoje, mesmo as mulheres de opõem às pressões exercidas pelos países ricos,
classes baixas planejam o número de filhos que que gostariam de políticas mais firmes de controle
querem ter.” O estudo mostra que, em 1970, mu- da natalidade nos países pobres especialmente na
lheres que tinham até três anos de estudo tinham América Latina. Apesar desse posicionamento, na
cerca de 7,2 filhos e mulheres com oito ou mais política interna o governo brasileiro tem procura-
anos de estudo tinham 2,7 filhos. Em 2005, esses do expandir os métodos de planejamento familiar.
índices eram de 3 e 1,4 filhos, respectivamente. O
levantamento reúne dados já pesquisados pelo  
IBGE e pretende analisar a relação entre os índi-
ces demográficos e a questão da saúde. “Pegamos
A população em números 
índices oriundos de diversos estudos já publicados Existe certo equilíbrio biológico entre os sexos. A
e analisamos tendências como a queda da mortali- demografia utiliza o conceito de índice de mascu-
dade infantil e da fecundidade, por exemplo,”, linidade (1 homem por 100 mulheres). Em todas
explica Sônia. as regiões observa-se que o índice de masculini-
Expectativa de vida: é a esperança de vida que dade ao nascer é maior do que 100, o que significa
corresponde à vida média da população. Pelos dizer que nasceu mais crianças do sexo masculino
dados de 2008, a expectativa de vida esta em do que do sexo feminino.
torno de 72,6 anos, sendo mais elevada para as O índice de crescimento populacional vem apre-
mulheres. sentando sensível redução de crescimento desde a
Prezado estudante, que fique claro que a banca década de 70, em decorrência da ocorrência de
examinadora correlaciona o aumento da expecta- diversos fatores como:
tiva de vida a um avanço na qualidade de vida da  a preponderância da emigração; 
população brasileira o que no atual contexto é tido  as dificuldades econômicas do país; 
como correto.  a insegurança no trabalho; e 
Política  demográfica  brasileira: oficialmente, o  a inserção marcante da mulher no mercado 
governo adotou sempre uma política natalista ou de trabalho. 
populacionista. A partir de 1974, o governo pas-
sou a interessar-se por uma “Política de Planeja- 137
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Observando a pirâmide etária do ano 2000 verifi-
ca-se que há mais nascimentos de homens (base
da pirâmide) e uma maior mortalidade destes
demonstrado pelo estreitamento mais acentuado.
No topo observa-se o predomínio de mulheres,
demonstrando que estas têm maior longevidade.

Inicia o estreitamento da base, corpo começa a alargar.

O crescimento demográfico tem apresenta-


Continua o estreitamento da base, alargar o copo e o
do uma modificação substancial nas últimas déca-
topo.
das. Desde 1872, quando se iniciou o acompa-
nhamento da população e se realizou o primeiro Visite o link abaixo do IBGE e veja a
censo até a década de 1940 o Brasil a presentava projeção da população até o ano de 2050
um crescimento demográfico inferior a 2%. Isso http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_popula
era uma realidade na qual se tinha altas taxas de cao/2008/piramide/piramide.shtm
natalidade e altas taxas de mortalidade. Muitos Devido as mudanças que ocorreram, após
nascimentos, porém muitos óbitos, a expectativa a década de 1940, houve a preocupação com o
Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

de vida era muito baixa. crescimento populacional. Verificava-se que após


Vários fatores contribuíram para essa rea- a 2ª GM deu inicio a transição demográfica nos
lidade, entre eles: países pobres. Vejamos o gráfico seguinte:
Falta de acesso a infraestrutura – água tra-
tada, esgoto canalizado, coleta de lixo, etc.
Falta de acesso a saúde – vacinas, pré-
natal, hospitais suficientes;
Alimentação deficiente – a subnutrição era
um mal comum entre a população pobre...
Observe a comparação das pirâmides etá-
rias das últimas três décadas.

Período de Pré-transição – registram-se al-


tas taxas de natalidade - TN e taxas de mortalida-
de – TM com baixo crescimento vegetativo.
1ª fase – queda brusca das TM com a ma-
nutenção das TN – explosão demográfica. Princi-
pais causas das mudanças são o maior acesso a
saúde (vacinas, remédios) e infraestrutura (urba-
Base larga, topo estreito - Baixa expectativa de vida nização)
2ª fase – queda das taxas de natalidade –
138 com a urbanização inicia uma mudança no padrão
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de família na sociedade. Mulheres no mercado de
trabalho, maior custo para manutenção da família
na cidade, melhorias sanitárias.
3ª Fase – regime demográfico moderno –
pós-transição. Esse é o momento em que se tem
um crescimento populacional baixo, tendendo a
estabilidade demográfica. Nessa fase, o cresci-
mento populacional se dá, principalmente, devido
ao aumento da expectativa de vida
A tendência que se observa no período
pós-transição são: Mudança do perfil de mortali-
dade – fim das mortes por doenças de pobre (des-
nutrição e epidemias) para termos mortes de velho
– doenças cardiovasculares.
Mudança no perfil populacional – redução
do percentual de jovens na população e cresci-
mento do percentual de velhos.
Redução do número de componentes na
família – família celular – pai, mãe, dois filhos.
Observe os dois gráficos que demonstram
as mudanças por década (gráfico 1) e no período
de 1991 a 2003 (gráfico 2).

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


Gráfico 1

Gráfico 2

A redução da taxa de fecundidade demons-


tra que as famílias em nosso país têm decidido ter
um menor número de filhos.
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b) apenas II é verdadeira.
EXERCÍCIOS 
c) apenas I e II são verdadeiras.
d) apenas I e III são verdadeiras.
1. O  período  de  1850  a  1930  foi  o  de  maior  en‐
trada de imigrantes no Brasil. São favoráveis para 
4. (CEFET‐PR) Analise as afirmações abaixo sobre 
isso, EXCETO: 
a população brasileira.  
a) o desenvolvimento da cafeicultura.
I. Devido a fatores históricos e econômicos, a
b) a abolição da escravatura. maioria da população concentra-se nas porções
litorâneas e a densidade demográfica decresce do
c) custeio, por parte do governo imperial, dos norte para o sul.
gastos de transporte do imigrante até 1889.
II. A transformação em uma sociedade urbano-
d) condições favoráveis ao desenvolvimento ur- industrial permitiu a queda significativa da natali-
bano e das atividades industriais e manufatureiras. dade e a consequente redução do número de jo-
e) disposição dos fazendeiros de café de cobrir as vens.
despesas do imigrante durante o 1º ano de traba- III. Como consequência do processo de industria-
lho. lização, temos hoje uma pirâmide etária que reve-
la uma base mais larga que há vinte anos.

2. Assinale a alternativa INCORRETA:  IV. A população absoluta do Brasil e sua grande


extensão territorial permitem-nos classificar o país
a) no Brasil é muito intensa a mestiçagem entre como muito populoso, porém pouco povoado.
brancos e amarelos.
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmação(ões):
b) do ponto de vista antropológico, a população
brasileira ainda se encontra em formação. a) I e II.

c) os eslavos, principalmente poloneses, concen- b) III.


tram na região Sul. c) IV.
d) os negros estão concentrados, em sua maioria d) I e III.
no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, regiões que
Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

receberam o maior contingente de escravos para a e) II.


agroindústria açucareira, lavoura cafeeira e mine-
ração, respectivamente.
5.  (PUC‐MG)  A  distribuição  da  população  brasi‐
e) os mulatos são resultantes do cruzamento do
leira no território constitui‐se um grave problema 
branco com o negro, sendo numerosos no Nordes-
atual, sendo incorreto afirmar que:  
te e Sudeste brasileiros.
a) a luta pela posse da terra, no campo ou na cida-
de, para moradia ou trabalho, gera conflitos e
3. (UFCE) Sobre a dinâmica populacional no Bra‐ acentua a crise política, econômica e social.
sil,  nos  últimos  40  (quarenta)  anos,  considere  as  b) ocorrem grandes aglomerações demográficas
seguintes afirmativas:   em áreas urbanas, acentuadas pelo êxodo rural.
I. O crescimento natural ou vegetativo é o princi- c) o fenômeno da metropolização especialmente
pal elemento do incremento demográfico no país. se relacionou ao processo de industrialização.
II. O aumento das taxas de natalidade da popula- d) cerca de um quarto da população vive em áreas
ção brasileira vem ocorrendo paralelamente com a rurais, dispersas no território.
intensidade do crescimento da população urbana.
e) a ocupação do espaço é homogênea, por não
III. Os índices médios de mortalidade infantil, apresentar empecilhos naturais ao povoamento e à
apesar de terem diminuído nas últimas décadas, produção.
ainda estão longe de se igualar aos índices dos
países do chamado "Primeiro Mundo". De acordo
com as afirmativas, pode-se dizer corretamente:
6. (FEI‐SP)  Observe  a  tabela  abaixo  e  indique  a 
a) apenas I é verdadeira. alternativa correta.  

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GEO 05
b) renovação tecnológica e informatização;
c) automação e privatização;
d) globalização e privatização;
e) terceirização e informatização.

9. (UFES)  A  imigração  japonesa  se  iniciou  no 


Brasil  em  1908.  Entretanto,  nos  últimos  anos, 
tem  havido  uma  inversão  do  fluxo  migratório. 
a) As projeções indicam que o Brasil se torna cada São  os  dekasseguis  que  partem  em  direção  ao 
vez mais um país jovem. Japão.  
b) No futuro existirá uma reversão da urbanização É correto afirmar que os dekasseguis são:
que ocorreu durante o século XX.
a) trabalhadores brasileiros, bem remunerados,
c) As projeções indicam a necessidade de o go- interessados em turismo a baixo custo.
verno voltar de modo significativo as políticas
públicas em direção aos estratos mais jovens da b) trabalhadores brasileiros que foram para o
população. Japão atuar em linhas de produção, ocupando
posições subalternas.
d) Existe uma projeção de diminuição absoluta da
população em idade ativa no país. c) trabalhadores brasileiros que foram em busca
de trabalhos altamente especializados e bem pa-
e) A população urbana brasileira apresenta uma gos.
tendência futura de crescimento e envelhecimen-
to. d) trabalhadores brasileiros que se engajaram
definitivamente no mercado de trabalho japonês e
que não têm intenção de retorno.
7.  (UFPI) Sobre a população brasileira assinale a  e) trabalhadores brasileiros que se destacam nos
opção correta.   melhores empregos, competindo com a classe
trabalhadora japonesa.
a) A causa máxima do declínio populacional nas
áreas urbanas deve-se ao aumento da taxa de

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


mortalidade infantil.
10. Sobre  a  estrutura  e  a  dinâmica  populacional 
b) A modernização não alterou, em nada, a dinâ- do  Brasil,  assinale  a(s)  proposição(ões)  VERDA‐
mica populacional brasileira. DEIRA(S): 
c) A regulamentação da esterilidade voluntária é a) O crescimento natural é maior nas áreas urba-
um dos pontos centrais da lei que regula o plane- nas, em virtude das condições favoráveis ao de-
jamento familiar. senvolvimento da criança.
d) O Brasil já atravessou o período da chamada b) Desde meados da década de 60, a população
transição demográfica. urbana predomina em relação à população rural.
e) Os estereótipos sexuais impedem que ocorra a c) Dentre os fatores responsáveis pelo êxodo ru-
feminização da pobreza. ral, ganham destaque a industrialização, a estrutu-
ra fundiária e a mecanização agrícola.

8.  (Unimep‐SP)  A  maioria  dos  estrangeiros  que  d) A taxa de natalidade, apesar dos esforços na
área de educação e saúde, teima em crescer nas
compõem a nova onda de imigrantes para o Bra‐
últimas décadas.
sil vem de países ricos, traz família, instala‐se em 
São Paulo e Rio de Janeiro e tem mais de 30 anos.  e) A diminuição da participação dos jovens (0-
No  ano  passado,  17.178  estrangeiros  vieram  19 anos), entre 1970 e 1991, na estrutura etária
trabalhar  legalmente  no  mercado  brasileiro,  um  brasileira, confirma mudanças no comportamento
contingente mais de três vezes o total registrado  reprodutivo da população.
em  1993,  5.256  segundo  o  Ministério  do  Traba‐
lho. Neste ano, o ritmo de chegada desses novos 
imigrantes  continua  acelerado.  Até  junho,  mais  11. (Cesgranrio) Em relação às fontes de energia 
de 8.000 entraram no país com visto de trabalho.  do Brasil, podemos afirmar que: 
Essa  tendência  se  acentuou  fortemente  em  fun‐ a) O preço do quilowatt de energia nuclear é um
ção de dois processos nos anos 1990:   estímulo à instalação dessa fonte energética.
a) terceirização e reengenharia; 141
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b) O aproveitamento dos nossos rios de planalto é d) Existe uma projeção de diminuição absoluta da
de aproximadamente 90%, donde se conclui que o população em idade ativa no país.
Brasil deva buscar outras fontes energéticas.
e) A população urbana brasileira apresenta uma
c) O carvão mineral é uma importante fonte de tendência futura de crescimento e envelhecimen-
energia, sendo que as principais vantagens das to.
jazidas brasileiras são o baixo custo da produção e
a grande quantidade de carvão coqueificável.
d) A produção de energia elétrica no Brasil é 14. (Fuvest‐SP)  
basicamente de fonte hidráulica, e sua participa-
ção supera a ordem de 75%.
e) As regiões Sudeste e Sul, juntas, participam
com 75% da produção e 30% do consumo total de
energia elétrica.

12. (PUC‐MG) A distribuição da população brasi‐
leira no território constitui‐se um grave problema 
atual, sendo incorreto afirmar que:  
a) a luta pela posse da terra, no campo ou na cida-
de, para moradia ou trabalho, gera conflitos e
acentua a crise política, econômica e social.
b) ocorrem grandes aglomerações demográficas
em áreas urbanas, acentuadas pelo êxodo rural.
c) o fenômeno da metropolização especial- mente
se relacionou ao processo de industrialização.
d) cerca de um quarto da população vive em áreas
rurais, dispersas no território.
e) a ocupação do espaço é homogênea, por não
Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

apresentar empecilhos naturais ao povoamento e à


produção.
Fonte: IBGE, 2001.

13. (FEI‐SP)  Observe  a  tabela  abaixo  e  indique  a 


alternativa correta.   Analise as pirâmides etárias do Brasil, conside-
rando os itens abaixo sobre a estrutura populacio-
nal brasileira.
I. O aumento significativo, na faixa de 15-19
anos, nesse período, foi decorrente do milagre
econômico brasileiro.
II. A base mais estreita da pirâmide de 2000,
quando comparada com a de 1960, indica uma
redução na taxa de natalidade.
III. O alargamento do topo da pirâmide de 2000
indica um decréscimo da expectativa de vida da
população brasileira.
a) As projeções indicam que o Brasil se torna cada
vez mais um país jovem. IV. Nos últimos 40 anos, há evidências de que o
país passa por processo de transição demográfica.
b) No futuro existirá uma reversão da urbanização
que ocorreu durante o século XX. Estão corretas todas as afirmações da alternativa

c) As projeções indicam a necessidade de o go- a) I e II.


verno voltar de modo significativo as políticas b) I e III.
públicas em direção aos estratos mais jovens da
população. c) II e III
d) II e IV.
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e) III e IV. b) migração pendular.
c) êxodo rural.
15. (UFPI)  Sobre  a  população  brasileira.  assinale  d) "commuting".
a opção correta.   e) emigração.
a) A causa máxima do declínio populacional nas
áreas urbanas deve-se ao aumento da taxa de
mortalidade infantil. 18. Os  últimos  censos  demográficos  do  Brasil 
têm  registrado  inúmeras  mudanças  na  dinâmica 
b) A modernização não alterou, em nada, a dinâ-
e  no  comportamento  da  população  brasileira. 
mica populacional brasileira.
Todas as afirmações abaixo são exemplos destas 
c) A regulamentação da esterilidade voluntária é alterações com exceção da(o): 
um dos pontos centrais da lei que regula o plane-
jamento familiar. a) declínio das taxas de natalidade, fecundidade
e mortalidade geral.
d) O Brasil já atravessou o período da chamada
transição demográfica. b) aumento da população idosa no conjunto da
população.
e) Os estereótipos sexuais impedem que ocorra a
feminização da pobreza. c) crescimento da população e ameaça de explo-
são demográfica.
d) elevação do número de pessoas empregadas
16. (Fuvest‐SP)  Podemos  afirmar  que  a  rede  no setor terciário.
urbana no Brasil é  
e) aumento da expectativa de vida.
a) pouco densa no Sul, devido ao desenvolvimen-
to agrícola baseado no minifundo familiar, volta-
do à produção de trigo para o consumo interno.
b) densa no Centro-Oeste, devido ao desenvolvi-
mento agrícola baseado na produção de soja e
trigo, constituindo uma hierarquia urbana comple- GABARITO
ta.

Capítulo: GEO 05 EIXO 5: DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA


c) rarefeita no Nordeste, devido à migração da
população para outras regiões do país, que ofere- 1. D 2. A 3. D  4. C
cem oportunidades de trabalho.
d) pouco densa no Norte, apresentando uma estru-
5. E 6. E 7. D  8. B
tura hierárquica incompleta, apesar dos investi-
mentos estrangeiros em infraestrutura urbana, a
partir de 1970. 9. B 10. C 11. D  12. E
e) densa no Sudeste, devido à bem desenvolvida
infraestrutura de transporte e ao número de cida-
des, viabilizando um sistema de fluxos de merca- 13. E 14. D 15. D  16. E
dorias e de pessoas.

17. A 18. D  
17. (Mackenzie‐SP)  "Este  tipo  de  migração  ocor‐
re entre o interior do Nordeste (principalmente o 
Agreste) e o litoral. Logo após a colheita do milho 
e  feijão  no  interior,  os  pequenos  produtores 
deslocam‐se  para  a  Zona  da  Mata  onde  vão  tra‐
balhar no corte e na moagem da cana. Terminada 
a tarefa, retornam ao interior. No ano seguinte a 
migração se repete."  
(COELHO, Marcos A. Geografia do Brasil. São Paulo, Mo-
derna.)

o tipo de migração descrita no texto é classi- fica-


da como:
a) transumância.
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