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Introdução
Atualmente, vivemos numa época de grandes transformações tecnológicas que aceleram as relações
na economia, abrangidas pela automação. Veio a customização e o avanço do setor de serviços,
exigentes em especialidades.
Neste contexto, o trabalhador ganha o mais elevado status de relevância estratégia para as
organizações e o mundo do trabalho. Aumentando a produção de conhecimento relacionado à gestão
de pessoas. Por este fator exige-se do mercado de trabalho, não só melhorar os empreendimentos,
mas a qualificação das pessoas.
Desse modo é necessário avaliar continuamente os pré-requisitos para o sucesso profissional pessoal
e consequentemente das organizações.
As organizações travam competição para ser o melhor lugar para se trabalhar, oferecem altos
salários, remuneração variável, oportunidades para auto-realização, desenvolvimento profissional e
pessoal, rede social, benefícios estendido a família, enfim qualidade de vida no trabalho.
Entretanto, na Administração Pública Federal até pouco tempo os servidores não têm tido relevância
estratégia. Existia negligência na gestão dos servidores; o resultado disto é baixa qualidade de vida
no trabalho e principalmente desperdício de recursos humanos.
O desafio da gestão de pessoas não é igual para todas as instituições públicas. Neste sentido, o
Governo Federal vem criando aparato legal e demonstrando interesse em profissionalizar a gestão
de pessoas, no entanto os resultados ainda são incipientes, principalmente nas esferas estaduais e
municipais.
Diante deste contexto, é que se faz necessário o presente estudo sobre as inovações na Gestão de
Pessoas na Administração Pública Federal.
Assim, far-se-á um estudo sobre a Gestão de Pessoas como fator de contribuição das pessoas que
compõem a Administração Pública, observando como elas estão organizadas, como são estimuladas
e capacitadas e ainda, como são mantidas num ambiente de trabalho e num clima organizacional nas
instituições públicas.
Inicialmente, mister lembrar que o Estado passou de um período abstencionista no séc. XIX para um
período intervencionista na economia no séc.XX. Assim, a partir do Estado empreendedor no séc.
XVIII, para quem a economia não necessitava de ser regulada artificialmente por meio de forças
exteriores, isto é capitalismo auto-regulado de dentro para fora do mercado, uma vez que terminou
com o inicio da I Guerra Mundial e teve o seu fim assinalado mundialmente com a conferência de
keynes The end of laissez faire, em 1926, passando por um período de alta intervenção econômica do
Estado.
Ressalte-se que há uma intrínseca ligação entre os modelos de administração pública e modelos de
gestão de recursos humanos, daí, para uma melhor compreensão da gestão de recursos humanos na
administração pública seja interessante uma definição dos modelos mais conhecidos de
administração pública, no século XX. A noção de serviço público tem evoluído ao longo das últimas
décadas no sentido de se familiarizar com as regras de mercado e de livre concorrência atualmente
dominantes.
Segundo Carminha (2009), a Administração foi tomando dimensão a partir das suas qualificações e
exigências do mercado. Administrar tem vários conceitos e significados: dirigir, orientar, formar,
integrar, com tudo isso conseguir satisfações, tanto para o patrão quanto para os funcionários,
através de determinações de o administrador saber lidar com ambas as partes, suscitar assim
satisfação para ambas as partes.
Note-se que os modelos mais conhecidos são: o tradicional, do Estado empreendedor, o liberal, do
Estado franqueador e o do novo serviço público, do Estado parceiro, adotado atualmente na
administração do governo federal.
Segundo Bilhim (2001), este modelo tradicional, do Estado empreendedor, é baseado no modelo de
tipo ideal utilizado por Weber, distante da política, privilegiando leis e procedimentos
administrativos a valores, prevalecendo a racionalidade do “homem administrativo”, em que posto
em posições de tomada de decisões este não maximiza, apenas satisfaz, já que apenas toma decisões
racionais quando dispõe de um manancial de informação acerca da decisão que está prestes a tomar,
como por exemplo, consequências, dados de probabilidades, eventos futuros, alternativas
disponíveis.
Desse modo, este modelo tradicional empreendedor evoluiu no sentido de criar reformas para a
consolidação de uma administração pública atuante, baseando-se assim, na expansão efetiva do
Estado e na construção de instituições fortes para a maximização das respostas aos desafios sociais.
É sabido que o modelo de administração pública, mais liberalista, é essencialmente virado para o
conceito de mercado, em que, ao nível das pequenas organizações, a utilidade destas está,
intimamente, ligada às finalidades do mercado e o seu valor é mensurado através da razão
custo/beneficio. Verifica-se um aumento da capacidade de decisão política do administrador, desde
que esta esteja de acordo com as orientações politico-partidárias.
uma administração pública mínima e submetida a um rigoroso controlo político e de mercado, vira a
política contra o estado; o mercado contra as organizações públicas, prevalecendo assim, a
mentalidade do “Homem Econômico”, mentalidade esta, em que, o homem é essencialmente
motivado por razões de ordem econômica, sendo assim um animal passivo, a ser manipulado,
motivado e controlado pela organização. (BILHIM, 2001, p.32).
Observe-se que este modelo é essencialmente caracterizado por redução do tamanho do estado pela
privatização, terceirização e voluntarismo.
Trata-se do novo modelo e forma de atuar no serviço público, adotado pelo governo atual brasileiro.
Este procura integrar os aspectos positivos dos outros modelos. Assim, segundo Selma Roller
Quintela (2006), a gestão vem de parcerias entre público; privado e terceiro setor, simultaneamente
apelando ao envolvimento dos funcionários, através da mística do serviço público. Deste modo, este
modelo, promove uma liderança organizacional participada, interna e externamente, dando ênfase á
racionalidade estratégica e política.
Conforme leciona Bilhim (2005) em tais teorias de cidadania democrática defende-se que:
os governos devem ser centrados nos cidadãos, dirigentes e funcionários que não se apresentam
como portadores de autoridade (do Estado), mas como prestadores de serviços, encarregados de
fazer aquilo que competiria a todos fazer, promovendo que o “governo somos nós” ou “todos somos
accionistas do estado”. (BILHIM, 2005, p.34).
Sendo assim, todos os colaboradores (cidadãos e funcionários) devem estar empenhados em fazer
coisas importantes para a sociedade, e não em gerir o dinheiro público com interesse pessoal.
Após este breve histórico sobre a administração do Estado e seus modelos de administração pública,
melhor adentrar nos conceitos e aspectos fundamentais pormenorizados sobre administração
pública.
Sob o aspecto operacional é considerada a administração pública como sendo o desempenho perene
e sistemático, legal e técnico dos serviços próprios do Estado, em benefício da coletividade.
A administração pública pode ser direta quando composta pelas suas entidades estatais (União,
Estados, Municípios e DF), que não possuem personalidade jurídica própria, ou indireta quando
composta por entidades autárquicas, fundacionais e paraestatais.
Administração Pública tem como principal objetivo o interesse público, seguindo os princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
A administração pública é conceituada com base nos seguintes aspectos: orgânico, formal e
material.
Segundo ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2005) o conceito de administração pública divide-se
em dois sentidos:
Em sentido objetivo, material ou funcional, a administração pública pode ser definida como a
atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a
consecução dos interesses coletivos. Em sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir
Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei
atribui o exercício da função administrativa do Estado. (DI PIETRO, 2005, p.86)
Em sentido objetivo é a atividade administrativa executada pelo Estado, por seus órgãos e agente,
com base em sua função administrativa. É a gestão dos interesses públicos, por meio de prestação
de serviços públicos. É a administração da coisa pública (res publica).
As atividades estritamente administrativas devem ser exercidas pelo próprio Estado ou por seus
agentes.
Segundo o artigo 37 da Constituição Federal: "A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:...". Estes
são os (05) cinco princípios básicos explícitos na constituição.
a) Princípio da Legalidade
Atuar em conformidade com os princípios constitucionais e de acordo com a lei e o direito. Definido
no inciso II do art. 5 da CF: "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei".
b) Princípio da Impessoalidade
A finalidade é o interesse público (define também o Princípio da Finalidade) e o agente público deve
tratar a todos de forma igual (também define o Princípio da Isonomia ou Igualdade).
c) Princípio da Moralidade
d) Princípio da Publicidade
É a divulgação dos atos administrativos que só pode ser restringida em alguns casos extremos
(segurança nacional, investigações sigilosas).
e) Princípio da Eficiência
Princípios Fundamentais
Segundo o decreto-lei 200/1967: "As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes
princípios fundamentais: Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação de Competência
e Controle."
a) Princípio do Planejamento
b) Princípio da Coordenação
Neste princípio procura-se uma ação integrada para evitar duplicidade de atuação e consequente
desperdício de recursos. A coordenação é feita em todos os níveis da administração pública: chefias,
reuniões de ministros, presidente da república.
c) Princípio da Descentralização
O Estado passa a terceiros as atividades públicas ou de utilidade pública, mas sem deixar de
fiscalizá-las com isso o Estado passa a atuar indiretamente. A descentralização pode ser feita: dentro
dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção do de execução
(chamada de desconcentração); da Administração Federal para a das unidades federadas, quando
estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio; da Administração Federal para a órbita
privada, mediante contratos ou concessões.
e) Princípio do Controle
Feito pela chefia (entre os subordinados), feita por auditorias (dentro do próprio órgão) e pelo
Sistema de Controle Interno (para controlar dinheiro e bens públicos).
Sem dúvida, podemos dizer que o sucesso da administração pública hoje vai além das ferramentas
de trabalho e consiste na melhoria contínua e na capacitação de seus servidores, ou seja, para a
instituição pública a falta de atenção às práticas da gestão de pessoas é um grande problema para o
sucesso da administração.
Temos então, que a qualidade de organização pública resulta de um comportamento positivo do seu
corpo de servidores. Pessoas diferentes têm habilidades, aptidões e talentos diferentes. Gerir
pessoas não é mais sinônimo de controle, padronização ou rotina.
Portanto, temos que gerenciar pessoas significa estimular suas habilidades e aptidões, ou seja, deve
haver o envolvimento e o desenvolvimento das mesmas e por isso, é necessário avaliar suas
competências, habilidades, conhecimentos e o seu poder de liderança.
Importante frisar que a gestão de pessoas baseia-se no fato de que o desempenho da Administração
depende fortemente da contribuição das pessoas que a compõem e da forma como elas estão
organizadas, são estimuladas e capacitadas, e como são mantidas num ambiente de trabalho e num
clima organizacional adequados para executarem suas funções.
A respeito da qual se tem a expectativa de ser executada por todos gestores de uma dada
organização, contando com o apoio do seu setor de recursos humanos com a finalidade de alcançar
um desempenho que possa combinar as necessidades individuais das pessoas com as da
organização. (BASTOS, 2007, p.125).
E ainda, lembra Robbins (1999), deve ser levado em conta como estão estruturados e organizados os
membros da força de trabalho, de modo a habilitá-los a exercer maior poder e liberdade de decisão,
levando à maior flexibilidade e à reação mais rápida aos requisitos de mudança que exigem o
mercado consumidor.
Nos dias de hoje, a Administração Pública deve buscar cada vez mais prestar serviços de qualidade
aos cidadãos e contribuintes. Dentre as estratégias usadas para se chegar a esse objetivo, Lopes
(2003), destaca-se a motivação dos seus servidores, não basta apenas bons salários, nem
estabilidade, o servidor precisa ser reconhecido, valorizado para que produza.
Nessa busca pela qualidade do serviço público, alguns fatores motivam as pessoas a se
comprometerem mais com a organização em que trabalham, os quais devem ser identificados e
conhecidos pelo Estado.
Sendo assim, fica claro que a motivação das pessoas tem uma relação direta na excelência da
qualidade dos produtos e serviços prestados pela Administração Pública e está diretamente ligado
com a motivação do servidor público. As várias correntes acerca do comportamento do homem
organizacional demonstram uma particular estratégia de comportamento individual e de equipe.
A compreensão do que é motivação e principalmente o que motiva as pessoas, é que faz com que
algumas pessoas simplesmente podem dizer “citam-se parte” da organização, enquanto outras são
totalmente indiferentes em relação à mesma.
Nesse caso, segundo Lopes (2003, p.38), o homem faz o que faz por causa das suas necessidades e
enumera estas necessidades de forma hierárquica, “necessidade de auto-realização, necessidade de
estima, necessidades sociais, necessidade de segurança e necessidades fisiológicas”.
Dessa forma, antes as pessoas eram vistas simplesmente como recursos, dotadas de habilidades,
capacidade, destreza e conhecimentos para a execução de tarefas a fim de alcançar objetivos
organizacionais; hoje as pessoas são, dotadas de características próprias de personalidade,
aspirações, valores, crenças, atitudes, motivações e objetivos individuais. Logo, as pessoas que
fazem parte da Administração Pública, são talentos que precisam ser desenvolvidos e mantidos,
LOPES (2003) enuncia,
Os elogios não devem ser economizados, mas devem ser sinceros, fazendo com que as pessoas
sintam que deram uma contribuição de valor. Os fatores motivacionais têm uma contribuição direta
na qualidade de vida das pessoas e na qualidade de produtos. É a força motriz que impulsiona a
participação do colaborador e desenvolve um compromisso duradouro com responsabilidade além de
um relacionamento frutífero e produtivo, satisfazendo os interesses de ambas as partes, ou seja, da
organização e do indivíduo. (LOPES, 2003, p.43).
Nesse diapasão, os fatores motivacionais contribuem para que haja qualidade de produtos e serviços
e qualidade de vida dentro e fora das Instituições Públicas, produzem pessoas que se citam
valorizadas, necessárias, bem remuneradas, com fácil comunicação com as chefias, são pessoas
motivadas a darem tudo de se para o sucesso da Administração Pública, e, além disso, geram
qualidade, produzem um clima de trabalho no qual as pessoas se sentem bem e há interação social
na equipe.
Assim, na definição de uma administração eficaz, existe uma estratégia com missão e conceitos
fundamentais inseridos dentro de um contexto, segundo Dolabela (2002):
É importante que as empresas tenham também planejamentos de longo e de curto prazos, nos quais
estejam inseridos os seus funcionários. Uma empresa se faz com a soma das ações inteligentes de
cada um dos seus colaboradores. (DOLABELA, 2002, p.78).
Sendo relevante, isto sim Araújo (2006), dizer que o sistema de gestão é também considerado como
uma administração eficaz em que deverão ser adotados processos de qualidade, custos, segurança,
manutenção e meio ambiente adequados para o trabalho.
Lição 07: Concurso Público e Gestão de Pessoas por Competências
Não é de hoje que vários estudiosos procuraram dar uma definição de Serviço Público. De forma
geral, pode-se dizer que serviço público é aquele que a Administração Pública presta à comunidade
porque reconhece-se como essencial para a sobrevivência do grupo social e do próprio Estado.
Nesse diapasão, dentre os principais autores que exploram a natureza de Serviço Público destacam-
se os conceitos de Hely Lopes Meireles (2003):
Serviço Público é todo aquele que é prestado pela Administração ou seus delegados sob normas e
controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples
conveniência do estado. (MEIRELES, 2003, p.14)
Nesse mesmo sentido, tem-se o conceito de Cretella jr (2004, p.25): “Serviço Público é toda
atividade que o Estado exerce, direta ou indiretamente, para satisfação das necessidades públicas
mediante procedimento típico do Direito Público”.
Serviço Público é uma atividade de Administração que tem por fim assegurar, de modo permanente,
contínuo e geral, a satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da sociedade, assim por lei
considerados, e sob as condições impostas unilateralmente pela própria Administração. (MOREIRA
NETO, 2006, p.35).
Enfim, observa-se que o Serviço Público é toda a atividade prestada pelo Estado ou por quem lhe
faça às vezes, sob um regime de Direito, em favor dos interesses que houver definido como próprios
no sistema normativo, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob
regime jurídico total ou parcialmente público.
Tais funcionários prestadores dos serviços públicos são selecionados através de um concurso
público.
O concurso é a forma mais usual de ingresso na função pública, ou no acesso á categoria seguinte
dentro de cada carreira. Os concursos podem ser classificados de externos ou internos
(relativamente á origem), e de ingresso ou acesso (relativamente à natureza das vagas). Os externos
são abertos a todos os indivíduos, os internos destinam-se apenas a funcionários ou agentes da
Administração Pública, estes ainda se podem subdividir em: de acesso geral, para todos os
funcionários públicos, ou de acesso limitado, apenas para um determinado quadro ou serviço. Os de
ingresso são para preencher um lugar numa categoria base, os de acesso, para preencher lugares
intermédios ou de topo.
Sendo assim, no Brasil, em parte, a intenção da regulação social do trabalho nos setores públicos e
privados é a de preservar o sentido de justiça meritocrática “por merecimento” quem tem maiores
qualidades pessoais devem ser abonados com as melhores posições e altas remunerações. Mas as
conquistas sociais da cidadania que se expressam nessas leis têm muitas vezes um sentido que
relativiza a importância da meritocracia porque, como foi sublinhado antes, por uma aplicação do
princípio da diferença, asseguram uma devida compensação social para aqueles que se encontram
em situação de menor privilégio, através das práticas de equidade no emprego (“fair employment
practices”).
Portanto, o princípio da meritocracia, ou seja, do mérito decorrente da qualificação pessoal, tão caro
às burocracias antigas, é reformulado e relativizado em sua importância para que possa ser ajustado
às novas concepções de equidade. Assim, um indivíduo que obteve uma menor pontuação do que
outro, num exame de admissão, pode ocupar a vaga oferecida, desde que seja procedente de uma
minoria e desde que a composição dos empregados já admitidos esteja sub-representada em relação
à população como um todo.
De um modo geral, nas sociedades modernas, a qualificação formalmente definida por exames ou
por títulos tende a ser limitada em sua validade a um determinado período de tempo, havendo
dispositivos de reavaliação e acreditação que agem contra o pressuposto antigo de que um título
(profissional ou de outro tipo) representa, para sempre, saber e poder.
A meritocracia é, como observa Walzer (1983), uma instituição limitada a uma concepção de
equidade simples. Nas sociedades democráticas avançadas, ela tem sua importância
recontextualizada dentro de uma concepção de equidade complexa, ou seja, precisa ser compensada
e enriquecida por outros critérios de justiça, para que não dê lugar a privilégios abusivos.
Conceito de competências
Logo, podemos concluir que o sucesso do órgão público está diretamente ligado à importância que
se dá ao seu fator humano, através do reconhecimento das competências de seus servidores.
E ainda, conforme Prahalad & Hamel (1990, p.25), “São os conjuntos de conhecimentos, habilidades,
tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que geram diferencial competitivo para a
organização”.
É evidente, que esse conjunto de elementos faz a diferença para o atendimento e satisfação dos
contribuintes. Assim, o mesmo pensamento é defendido por (Magalhães, et al, 1997, p.34), que diz
ser competência: “Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que credenciam um
profissional a exercer determinada função”.
Com efeito, vem a definição de Durand (1998): “é o conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes interdependentes e necessárias à consecução de determinado propósito”.
Diante dos conceitos apresentados para definir competências vale mencionar que para Fleury (2000)
as idéias e pressupostos das escolas do pensamento administrativo demonstram um movimento
evolucionário no entendimento e na compreensão do comportamento humano nas organizações.
E, justamente por essas e outras mudanças processadas no entendimento desse tema, sabemos que
as tentativas de revalorização da função e do escopo do trabalho humano na Administração Pública
não garantem um tipo de integração consensual e satisfatória entre o indivíduo e a organização. O
que efetivamente muda são as estratégias formuladas para que o trabalho seja redimensionado de
forma positiva sob o ponto de vista da satisfação pessoal do servidor, ou seja, valorizando suas
competências.
Nesse diapasão, diz Fleury (2000) afirma que competências é um saber, “agir responsável e
reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que
agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. (FLEURY, 2000, p.23).
Tipos de competências
a) Competência Humana
Uma definição bastante direta e objetiva que se tem sobre a competência humana é que se trata de
conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas pelos diferentes níveis de gestão dentro de uma
empresa para atingir os objetivos específicos de cada função (comprometimento) em qualquer tipo
de trabalho.
b) Competência Corporativa
Já quando tratamos da competência corporativa a maioria dos estudiosos entendem como sendo o
conjunto de qualificações e tecnologias essenciais de difícil imitação por parte dos concorrentes e
necessárias para o atingimento dos objetivos estratégicos da organização.
Portanto, a gestão de recursos humanos aparece, como um processo que, ao regular os componentes
do sistema de pessoal (carreiras, desempenho, qualificação e outros), procura dirigi-los para que
sejam não só compatíveis com a missão, mas também facilitadores de seu cumprimento a médio e
longo prazo.
Imperioso informar que o Estado brasileiro tem o poder de pesquisa e investigação e o acesso ao
conhecimento através de suas instituições acadêmicas. Desse modo, são muitos os projetos
desenvolvidos na e para a área pública, porém nem sempre são aproveitados, parcial ou
integralmente, por falta de critérios legais que os adaptem às exigências constitucionais e/ou por
falta de vontade política mesmo e acabam sendo esquecidos, engavetados.
Em tese, a cada mudança no Poder Executivo, seja nas esferas municipal, estadual ou federal, é
necessário transformar o comportamento dos servidores. Este novo comportamento visa assegurar a
reformulação interna de processos e a prestação de serviços de qualidade aos cidadãos, consoante
com a nova leitura política.
Desse modo, muitas das vezes o cidadão atendido na ponta não consegue perceber a mudança de
atitude do servidor, estimulada pela nova gestão. Isso ocorre porque, dentro de uma instituição
pública, habitam, com estabilidade, servidores das diversas correntes políticas do país.
Entretanto, cabem aos servidores alinhados com a nova Administração e aos “servidores não
concursados” (comissionados), a implantação e manutenção da “nova ordem”.
Um dado importante, nesta seara é que a maioria dos planos de cargos, carreiras e salários da área
pública, principalmente para cargos cujo título representa a formação acadêmica, o servidor
concursado não encontra opções de crescimento profissional.
Porém há casos em que, para tornar o salário de um determinado cargo mais próximo do chamado
padrão de mercado, aplicam-se adicionais diversos como gratificação disso, gratificação daquilo. Os
chamados penduricalhos, como se diz na linguagem pública. E por aí vão e vêm os problemas de
ordem interna na administração pública.
Entretanto, falta uma Proposta de Emenda Constitucional, para provimento de vagas via ascensão
funcional, uma vez que o texto atual não permite tal provimento. Falta planos de valorização e
desenvolvimento funcional do servidor, articulação dos cargos, atividades e carreiras com os
diversos ambientes institucionais, facilitação de programas de capacitação, tendo em vista o
contínuo aperfeiçoamento profissional dos servidores, ênfase no auto desenvolvimento e auto gestão
da carreira, mobilidade horizontal e vertical dentro dos grupos ocupacionais atividades
determinados, responsabilidade do servidor sobre sua própria evolução profissional, qualificação
para o crescimento, revalorização do Padrão Salarial, avaliação periódica de desempenho e potencial
dos servidores, realizada em conformidade com metas previstas e modelos atuais de competências
técnico funcionais. Portanto, falta uma maior flexibilidade política em relação a administração
pública dos recursos humanos na gestão federal.
Assim sendo, verifica-se que a maioria dos planos de cargos, carreiras e salários da área pública,
principalmente para cargos cujo título representa a formação acadêmica, o servidor concursado não
encontra opções de crescimento profissional. Há uma burocratização dos serviços, e falta de
valorização do servidor público. Portanto, investir na gestão de pessoas dentro da Administração
Pública Federal permitira uma mudança cultural da instituição pública.
Assim, para alcançar o propósito de equilíbrio entre as prerrogativas da burocracia e os direitos dos
cidadãos, mediante uma real efetividade dos serviços públicos, é preciso politizar a gestão de
recursos humanos, a par de outras medidas de controle social do Estado que se tomem fora das
organizações públicas.
Sem dúvida a motivação das pessoas tem uma relação direta na excelência da qualidade dos
produtos e serviços prestados pela Administração Pública e está diretamente ligado com a motivação
do servidor público.
Observa-se que a competência dos recursos humanos passou a ser uma questão vital para o bom
funcionamento do Estado e está sendo demandada não só para realizar adequadamente as tarefas
complexas da regulação social, mas também as tarefas usuais das transações econômicas,
envolvendo fornecedores e clientes, num relacionamento que cada vez mais é mediado pela
tecnologia da informação. Uma das conseqüências desta nova conjuntura é que estão sendo
reavivados os esquemas de mérito e de negociação no trabalho. São afirmados, igualmente, novos e
importantes conceitos de alcance ético-político, com implicações econômicas, como é o caso da
noção de diversidade da força de trabalho.
Portanto, é preciso rever a legislação brasileira como um todo, por vezes conflitante e sem eficácia,
com o objetivo de torná-la menos burocrática e mais racional e possibilitar, desta forma, maior
objetividade na sua aplicação.
Bibliografia/Links Recomendados
Bibliografia/Links Recomendados
ARAUJO, Luis César G. de. Gestão de Pessoas. Estratégias e integração organizacional.
Colaboradora: Adriana Amadeu Garcia. São Paulo: Atlas, 2006.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
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