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Perseverança:

“A arte de não desistir do Evangelho”

Nossa fé de cada dia


Produções

JATAIZINHO – 2020
Sumário

Introdução .............................................................................4
Registro Históricos de uma Igreja Perseverante ...................9
A Doutrina dos Apóstolos ...................................................25
A perseverança na Doutrina dos Apóstolos ....................27
O Evangelho que Paulo pregava .....................................37
O exemplo da perseverança em meio a Guerra: Dietrich
Bonhoeffer. .........................................................................45
Sobre o Autor: .....................................................................50
BIBLIOGRAFIA ................................................................51
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Introdução

Gostaria de começar fazendo uma pequena


reflexão sobre a diferença entre perseverança e
“teimosia”. É fácil incorrer neste erro, é confuso
descobrir se estamos sendo teimosos ou
perseverantes. Mas a principal diferença é que
perseverança está ligada aos valores, princípios
e propósito que fundamentam a vida de uma
pessoa; enquanto que teimosia é o ato de
persistir no que dá errado, no que faz a gente
sofrer e tem como consequência algo nulo, sem
valor real, desnecessário, é o querer pelo querer
sem avaliação prévia se realmente vale o preço e

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

o esforço. Agora, vamos pensar sobre uma


pequena história.

O homem que observava


Certa vez, José, um ótimo observador, viu
um casal discutindo em uma loja de artigos
diante de uma criança que, aos berros, se jogava
no chão por tanto querer um brinquedo.
O pai dizia que o menino já tinha o
brinquedo em casa, mas o filho afirmava que era
diferente, pois a cor era outra e que por isso ele
precisava que comprassem o tal brinquedo da
discórdia. Por sua vez a mãe, atônita, se
desesperava frente ao show de horrores do
pequeno, dizia ao marido que era melhor
comprar para que ele parasse de chorar.

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Bem, não suportando tamanha afronta que


a criança fazia aos pais, José, distanciou-se e
continuou a fazer o que pretendia. Mais tarde, na
praça de alimentação próxima a loja onde estava,
o homem que observava viu novamente a
dramática família, que agora estava gozando da
paz, comendo tranquilamente seu lanche.
Sem querer reparar, ele, o homem, viu o
brinquedo tão desejado pela criança jogado no
chão. A família terminou de comer, arrumaram
suas sacolas e foram embora. Continuou
observando e comendo, e para sua surpresa, o
brinquedo tão desejado, digno de lágrimas e
clamor, estava abandonado no chão, esquecido
como se nunca tivesse existido. E o homem que
observava, viu que na vida há muito desgaste por
aquilo que não vale a pena, por objetivos que não
se quer alcançar verdadeiramente. Viu, que
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

grande parte da vida se esvai por aquilo que nada


compensa, que não vale a preocupação, o
investimento, ou mesmo as brigas e as noites
mal dormidas.
Esta história nos inspira nos fazendo pensar
sobre a diferença entre teimosia e perseverança.
Digo, a teimosia faz isso... ela nos obriga a um
desgaste desnecessário, a um estresse sem razão
de ser, e depois quando temos o que tanto
desejávamos, perdemos o interesse,
simplesmente nos esquecemos, perde o valor.
Isso pode-se aplicar as roupas no armário, os
objetos na garagem, ou ao trabalho dos sonhos,
ou ainda a um sonho romântico onde o príncipe
vira sapo. Teimosia é lutar pelo que não vale a
pena.

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Nos tempos que temos vivido essa


realidade pode se aplicar perfeitamente a vida
cristã. É impressionante ver o número de pessoas
que buscam por experiências sobrenaturais, por
milagres fantásticos, por pregadores iluminados,
ou por unção das mais diversas possíveis. A
pergunta é: para onde vão estes novos cristãos?
A resposta é bem fácil: estão, de novo, a procura
de uma nova onda, uma nova “novidade” (o
pleonasmo, neste caso, faz todo sentido) que
satisfaça os desejos e expectativas das mais
diferentes e estranhas a que se possa imaginar.
Pensar sobre a “perseverança na doutrina
dos Apóstolos” é refletir sobre a vida e o futuro
da própria Igreja de Cristo. Portanto, uma
necessidade que não se pode ignorar

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Registro Históricos de uma Igreja


Perseverante

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

A base doutrinária da Igreja Reformada


tem seu fundamento nas Sagradas Escrituras e
editada em documentos que sintetizam sua
teologia em tópicos, organizando didaticamente
para que os estudiosos e, principalmente, os
crentes possam acessar para fins de
conhecimentos e amadurecimento na Palavra de
Deus.
Diante disto apresentaremos alguns destes
importantes documentos, há muitos outros, mas
faremos menção a três deles: Didaquê, os
Cânones de Dort e a Confissão de fé de
Westminster.
O documento conhecido como Didaquê ou
Doutrina dos Apóstolos, foi descoberto em 1873
e publicada por A. Harnack em 1884. Acredita-
se que seu uso foi muito difundido nos dois
primeiros Séculos pela Igreja Cristã para ensino
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

dos princípios doutrinários referentes a vida


comum dos cristãos.
Acerca da perseverança, encontramos
neste documento a seguinte afirmação na Parte
IV, intitulada “fim dos tempos”, Capítulo XVI:
Então toda criatura humana passará pela
prova de fogo e muitos, escandalizados,
perecerão. No entanto, aqueles que
permanecerem firmes na fé serão salvos (...)
Esta citação nos mostra que falar sobre
provação da comunidade cristã ainda era um
tema recorrente e o desafio da perseverança de
seus membros era algo muito incentivado pois
teria como recompensa a manutenção da
salvação eterna com o Senhor, seguindo a leitura
do Evangelho, assim descrito por Lucas: É na
vossa perseverança que ganhareis a vossa alma.
(Lc 21.19)
11
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Se no Didaquê encontramos uma menção a


perseverança frente as provações da vida, nos
Cânones de Dort temos uma declaração
teológica mais elaborada, uma vez que tal
documento foi fruto de um trabalho para
refutação das doutrinas de Jacobus Armínius
(arminianismo), as quais eram vistas com
estranheza pela Igreja Reformada.
O Sínodo de Dort, foi
um sínodo internacional que aconteceu na
cidade de Dordrecht, na Holanda, e teve duração
de um ano, de 1618 a 1619. Esta reunião contou
com representantes de oito países estrangeiros.

A verdade fundamental levantada no


Sínodo de Dort foi a qual a Reforma pautava

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

seus valores, à saber: A soberania de Deus e a


exaltação da sua Glória – Soli Deo Gloria.
No Capítulo V, na chamada, Doutrina da
Perseverança dos Santos, em seu Artigo 4,
podemos ler o seguinte:
Os santos estão sujeitos a cair em pecados graves
Embora o poder de Deus, pelo qual Ele confirma
e preserva os verdadeiros crentes na graça, seja
tão grande que não pode ser vencido pela carne,
os convertidos, contudo, nem sempre são
guiados e dirigidos por Deus de sorte que não
possam, em certas circunstâncias particulares e
pela própria culpa deles, se desviar da direção da
graça e serem seduzidos pela carne e se rendam
à sua concupiscência. (cf. Ef 1.19; Mt 26.41; 1Ts
5.6, 17; 2Sm 11; Mt 26)

Este assunto rende grandes discussões


quanto a salvação eterna do crente, no entanto,
gostaríamos de nos manter distantes deste tipo
de situação para focarmos na manifestação da
13
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

graça, do amor e da misericórdia de Deus a nós


pecadores.
O que afirmamos é que o Senhor preserva
seus filhos para que os mesmos não se deixem
levar pela astúcia de Satanás, pelos seus
enganos, pelos seus planos de morte, uma vez
que, a pesar de salvos, ainda travam uma luta
interna contra sua natureza pecaminosa, logo, se
não for a graça de Deus no mover do Espírito
Santo agindo em nós, seríamos por completo
destruídos pelas obras do Diabo, do mundo e do
pecado.
Como disse o apóstolo Paulo: Porque eu
sei que em mim, isto é, na minha carne, não
habita bem nenhum, pois o querer o bem está
em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não
faço o bem que prefiro, mas o mal que não
quero, esse faço.(Rm 7.18-19).

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

A chamada, Doutrina da Perseverança dos


Santos, pode também ser compreendida como
“A Doutrina da manifestação da misericórdia
divina sobre os crentes para preservação de sua
salvação”. Neste sentido, passamos a
compreender que o fato de Deus nos ajudar para
nos mantermos firmes na fé em Cristo, não nos
exime da oração, da disposição, do serviço e do
zelo quanto a uma vida reta e santa em sua
presença.
Passemos ao próximo documento. De
forma semelhante ao evento histórico que deu
origem aos Cânones de Dort, a Confissão de fé
de Westminster, se deu por meio de uma
grande reunião em Londres com a participação
de vários teólogos para promulgação de um
texto de orientação bíblica para Igreja.
Em 1640, após vitória dos puritanos, o
Parlamento Inglês se reuniu na Abadia de
15
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Westminster, sendo 120 dos mais notáveis,


piedosos e cultos teólogos da época somados a
alguns influentes calvinistas escoceses para
organizar e sistematizar a doutrina bíblica para
orientação dos crentes em sua profissão de fé.
A formação e publicação deste documento
demorou tempo considerável, pois teve seu
início em 1643 e publicação em 1649. Nesse
período, houve 1643 reuniões do plenário e
centenas de reuniões de comissões e
subcomissões. Após ter concluído o trabalho
em 1649, a Assembleia foi dissolvida.1
Uma vez concluída a Confissão de fé de
Westminster tendo como base as teses
fundamentais do Calvinismo, onde a Soberania

1
Disponível em:
https://www.redalyc.org/jatsRepo/4496/449657590012/html/index
.html. Acessado em 26 de janeiro de 2020.
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

de Deus é exaltada, principalmente para declarar


que a salvação é obra de Deus nos homens por
meio do sacrifício de seu amado Filho na cruz
do Calvário, esta salvação por Deus concedida
se mantem vívida e permanente por este
princípio evidente, o qual pode-se resumido
assim: O Deus que salva é também o Deus que
nos mantém salvos, porque ele não se arrepende
e nem muda de opinião.
Diferentemente de nós, Deus permanece
fiel a sua promessa e a sua obra até quando
somos infiéis (2Tm 2.13)2. Veja o livro de
Números 23.14: Deus não é homem, para que
minta; nem filho de homem, para que se
arrependa. Porventura, tendo ele prometido,
não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?

2
... e somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma
pode negar-se a si mesmo.

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

No capítulo 17 da Confissão de Fé de
Westminster: Da perseverança dos santos, se
lê:
1. Os que Deus aceitou em seu Amado,
eficazmente chamados e santificados pelo
seu Espírito, não podem cair do estado de
graça, nem total nem finalmente; mas com
toda a certeza hão de perseverar nesse estado
até ao fim, e estarão eternamente salvos. 2.
Esta perseverança dos santos depende, não
do próprio livre-arbítrio deles, mas da
imutabilidade do decreto da eleição,
procedente do livre e imutável amor de Deus
Pai, da eficácia do mérito e intercessão de
Jesus Cristo, da permanência do Espírito e
da semente de Deus neles, da natureza do
pacto da graça e de tudo o que gera também
a sua exatidão e infalibilidade. 3. Eles,
porém, pelas tentações de Satanás e do
mundo, pelo predomínio da corrupção
restante deles e pela negligência dos meios
de sua preservação, podem cair em graves
18
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

pecados e, por algum tempo, continuar


neles; incorrem, assim, no desagrado de
Deus, entristecem o seu Santo Espírito e, em
alguma medida, vêm a ser privados de suas
graças e confortos; têm seus corações
endurecidos e suas consciências feridas;
prejudicam e escandalizam os outros e
atraem sobre si juízos temporais.

No final do texto citado, há o ensino bíblico


que os que se desviam dos caminhos do Senhor
sofrem juízos temporais, esta situação de dor
servirá de alerta para que o pecador torne ao
arrependimento e volte aos braços do Pai, assim
como foi registrado na parábola do Filho
Pródigo (Lc 15.11-24), o qual encontra, em seu
retorno, um Pai perdoador que o acolhe e o
recebe como filho, porque uma vez que a
filiação divina se dá, se concretiza na vida do
ser humano, não mais será esquecida pelo Pai
Celestial.
19
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

O que vamos escrever aqui neste momento


poderá ser recebido com estranheza por boa
parte dos leitores, mas a verdade é esta: o
sacrifício da Cruz uma vez efetuado em seus
benefícios ao pecador, seus pecados passados
estão perdoados, assim como os pecados que,
porventura, ainda possamos cometer.
Então podemos questionar esta afirmação
dizendo ser possivelmente injusta, mas não é
injusta, uma vez que quem opera a justiça
salvadora foi quem decidiu, liberalmente, se
entregar para morrer e não os pecadores. Os que
se colocam na posição de julgadores do pecado
da vida pregressa dos que estão em Cristo, não
foram os que pagaram o preço, não foram eles
que morreram na cruz, os que fazem tal
julgamento, o fazem muitas vezes para esconder
seus próprios pecados. Estão mais preocupados

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

em apontar pecados que experimentar o perdão


por seus próprios pecados.
Dizer que não há pecados maiores ou
menores, já sabemos disso, mesmo porque, a
diferença está tão somente nas consequências
dos mesmos. Mas, Deus sendo rico em
misericórdia pode perdoar cada um deles seja
qual for a proporção.
No entanto, gostaríamos de evidenciar
biblicamente a afirmação citada acima. Vejamos
primeiramente, 1Jo 1.9: Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça.
Nele encontramos a afirmação de que
havendo confissão, como manifestação do
profundo reconhecimento de nossos erros,
haverá também perdão purificador. Agora veja
1Jo 2.1-2: Filhinhos meus, estas coisas vos
21
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

escrevo para que não pequeis. Se, todavia,


alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos
nossos pecados e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
Nosso Intercessor é também, ele mesmo,
a Propiciação pelos nossos pecados, Ele não
somente intercede como também se faz
condenação pelos nossos erros, e a ideia de que
ele pode fazê-lo pelo mundo inteiro é para
mostrar o quanto é eficaz e poderoso o antidoto
de Cristo contra o pecado. Só Ele pode. A
principal ideia que queremos compartilhar é
Jesus não nos deu um ingresso para o céu, Ele
nos concedeu a filiação que nos concede o céu.
A diferença entre ingresso e filiação é está:
se temos um ingresso, ao sairmos perdemos o
direito de entrar novamente; no entanto, se
somos filhos, assim seremos por toda
eternidade, independentemente de onde
estivermos, haverá uma marca espiritual em nos,
22
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

o sangue de Deus, que nos lembrará nossa


identidade: Filho de Deus por causa de Cristo.
Um dos textos mais lindos da Bíblia, o qual
se encontra em Romanos capítulo 8.33-37,
podemos ler:
Quem intentará acusação contra os eleitos de
Deus? É Deus quem os justifica. Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou,
antes, quem ressuscitou, o qual está à direita
de Deus e também intercede por nós. Quem
nos separará do amor de Cristo? Será
tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Como está escrito: Por amor de ti, somos
entregues à morte o dia todo, fomos
considerados como ovelhas para o
matadouro. Em todas estas coisas, porém,
somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou.

Nada pode nos separar do amor de Deus


que está em Cristo, nem mesmo o pecado, nem
mesmo as mazelas da vida, foi Deus quem nos
23
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

justificou em Cristo. No entanto, por isso vamos


viver pecando? Quem assim entende a vida
cristã, ainda não foi liberto das sombras da
ignorância e ainda não conheceu o amor de
Deus, não foi tocado pela graça salvadora do
Senhor.
Estas verdades bíblicas não servem para
nos manter no erro, mas devem nos fortalecer no
amor, na santidade e na verdade do Evangelho.
Somente permaneceremos firmes em Deus,
porque o próprio Deus nos ajudará. Sem Ele
nada podemos fazer: Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada
podeis fazer. (Jo 15.5)

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

A Doutrina dos Apóstolos

25
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Depois de uma longa viagem histórica


através destes documentos que orientam a fé no
Evangelho, nos apeguemos agora ao texto
principal de nossa dissertação, Atos 2.42: E
perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações.
Após focarmos o capítulo anterior na
palavra perseverança, a partir de agora,
passaremos a descrever o que há em comum
entre a perseverança e a “doutrina dos
Apóstolos”.
Nosso objetivo é compreender como a
Igreja Primitiva, a qual o livro de Atos nos
apresenta, conseguiu, mesmo com tantas
limitações, tão grande avanço e conquistou
tantas pessoas. Se pensarmos bem, o
crescimento desta igreja foi surpreendente, pois
passa de 120 discípulos para mais de 3.000
discípulos, os quais foram cuidados, ensinados e
conduzidos na fé cristã. A igreja não parava de
26
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

crescer, pois a próxima leva da evangelização


pública passou de 5.000 convertidos.
Cremos que a palavra chave seja,
comprometimento em perseverar. Em Atos 2.42
temos a direção: Eles perseveravam na doutrina
dos Apóstolos e na comunhão, no partir do pão
e nas orações.

A perseverança na Doutrina dos Apóstolos

A doutrina dos Apóstolos era o Evangelho.


Segundo Paulo escreveu aos Romanos, o
Evangelho é o poder de Deus para salvar (Rm
1.16), isso significa que este ensino fala sobre a
salvação eterna; nas palavras de Jesus, no
Sermão do Monte (Mt 5-7), o Evangelho
também é lições detalhadas para vida cristã em
seu dia a dia, com uma ética relacional
27
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

transformadora, que uma vez praticada muda


uma sociedade, muda o mundo, porque os
ensinos de Jesus mudam a gente de dentro pra
fora.
Quanto ao verso 42 de Atos 2, podemos
ressaltar algumas questões que nos direcionaram
de forma mais específica quanto ao vocábulo:
Doutrina.
Ao analisar a palavra em sua língua
original, o grego, nos deparamos com o termo
didachê, o qual serve para designar instrução,
sendo compreendida como o aprofundamento
que segue para aqueles que aderem a fé cristã
iniciada e selada pelo batismo.
Uma vez que, didachê é instrução, cabe-
nos a pergunta sobre o conteúdo que era
ensinado pelos apóstolos. O fundamento do
28
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

ensino era, segundo FABRIS (1991), a releitura


de texto bíblicos à luz de Cristo, a evocação dos
ensinamentos de Jesus, para guiar as opções
práticas dos crentes.
Portanto, é na partilha das histórias, dos
textos bíblicos, do aprofundamento no conhecer
da Palavra de Deus que a comunidade cristã tem
seu crescimento e amadurecimento, ou seja,
dependem do aprofundamento e interiorização
da palavra, o que, por sua vez, nos faz lembrar
do Salmo 119:11: guardo no coração as tuas
palavras, para não pecar contra ti.
Portanto, doutrina cristã não é ideologia
e/ou moralismo. É sobretudo, o testemunho
autorizado dos apóstolos, isto é, daqueles que
são os garantes da revelação histórica de Deus.

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

O ensinamento dos apóstolos é a transmissão


fiel do que Jesus ensinou. (FABRIS, 1991, p.76)
Para exemplificarmos, o que acabamos de
afirmar acima, leiamos o texto bíblico de Atos
4, os versículos 8-21:
8 Então, Pedro, cheio do Espírito Santo,
lhes disse: Autoridades do povo e anciãos,
9 visto que hoje somos interrogados a
propósito do benefício feito a um homem
enfermo e do modo por que foi curado, 10
tomai conhecimento, vós todos e todo o
povo de Israel, de que, em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, a quem vós
crucificastes, e a quem Deus ressuscitou
dentre os mortos, sim, em seu nome é que
este está curado perante vós. 11 Este Jesus
é pedra rejeitada por vós, os construtores, a
qual se tornou a pedra angular. 12 E não
há salvação em nenhum outro; porque
abaixo do céu não existe nenhum outro
nome, dado entre os homens, pelo qual

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

importa que sejamos salvos. 13 Ao verem a


intrepidez de Pedro e João, sabendo que
eram homens iletrados e incultos,
admiraram-se; e reconheceram que haviam
eles estado com Jesus. 14 Vendo com eles o
homem que fora curado, nada tinham que
dizer em contrário. 15 E, mandando-os sair
do Sinédrio, consultavam entre si, 16
dizendo: Que faremos com estes homens?
Pois, na verdade, é manifesto a todos os
habitantes de Jerusalém que um sinal
notório foi feito por eles, e não o podemos
negar; 17 mas, para que não haja maior
divulgação entre o povo, ameacemo-los
para não mais falarem neste nome a quem
quer que seja. 18 Chamando-os,
ordenaram-lhes que absolutamente não
falassem, nem ensinassem em o nome de
Jesus. 19 Mas Pedro e João lhes
responderam: Julgai se é justo diante de
Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a
Deus; 20 pois nós não podemos deixar de
falar das coisas que vimos e ouvimos. 21
Depois, ameaçando-os mais ainda, os
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

soltaram, não tendo achado como os


castigar, por causa do povo, porque todos
glorificavam a Deus pelo que acontecera.

Neste trecho bíblico, onde vemos a


pregação veemente do Apóstolo Pedro,
podemos observar o fundamento da fé cristã, ao
confrontar o Sinédrio sobre a sua crença, quanto
ao poder sobrenatural de Jesus para curar
enfermos.
Precisamos lembrar que o que leva Pedro e
João para prisão foi a cura de um coxo de
nascença, pedinte, que se colocava todos os dias
na porta do Templo de Jerusalém.
Aparentemente, o que há de errado em ajudar
alguém em sua principal necessidade?
Aqui está a questão, não foi simplesmente
o fato de ajudar um necessitado, mas sim, o fato
32
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

de colocar em “cheque” toda construção e


representação religiosa simbolizada pelo
templo, pelos sacerdotes, e pela liderança local.
O que a religião do Templo não fez por
aquele homem coxo, cujo nome não é revelado,
foi o que o Nome de Jesus fez, milagrosamente,
sob uma poderosa palavra de fé liberada em
nome Dele: Em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, anda! (At 3.6)
Quando confrontado por seus acusadores,
Pedro, faz uso das palavras do Salmo 118,
apresentando Jesus como a pedra rejeitada.
Lemos o Apóstolo fazer uso dessa vívida
expressão: "a quem vós crucificastes, e a quem
Deus ressuscitou" (2:23-24; 3:15)3. Logo, Jesus

3
Esta é a terceira vez que faz uso desta expressão.
33
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

é a pedra do Salmo 118 que os construtores


rejeitaram, no entanto, Deus o promoveu
colocando-o, Cristo, como a pedra angular (At
4.11).
A base da fé apostólica é apresentada
quando no verso 12 há a afirmação de Pedro: E
mais, não há salvação em nenhum outro, -
porque abaixo do céu não existe nenhum outro
nome, dado entre os homens, pelo qual importa
que sejamos salvos. Ele, com esta declaração,
não permite dúvidas quando a salvação, e foi por
causa da experiência de fé no Salvador, que
todas as possibilidades de milagres (no caso a
cura do coxo) se torna possível, não há
salvação, chance, oportunidade, em nenhum
outro, a não ser em Jesus, a Pedra fundamental.
Este fato muda a lógica religiosa, pois não são
os rituais, mas a fé no Salvador que faz a real
34
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

diferença entre a doença e cura, a perdição e a


salvação. Como é comenta, John Stott, sobre o
contexto teológico deste texto:
Ele (Pedro) vê a cura física de um homem
como uma ilustração da salvação que é
oferecida a todos em Cristo. Os dois
negativos (nenhum outro e nenhum outro
nome) proclamam a singularidade positiva
do nome de Jesus. A sua morte e
ressurreição, sua exaltação e autoridade
fazem dele o único Salvador, já que nenhum
outro possui tais qualificações. (1994,
p.108)

O que faz ao confrontar as autoridades


religiosas e políticas que se apresentam diante
dele, as quais têm poder de polícia, ou seja,
podem prender e soltar de acordo com suas leis
e regras, é apresentar com clareza sua irrefutável
declaração de fé, a qual é reforçada pela cura do
coxo, relembrando o que eles viram e também
35
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

participaram, ou seja, o que o Evangelho de João


chama de sinais. Desta forma se confirma a
própria palavra do Senhor quando diz: em
verdade, em verdade vos digo que aquele que
crê em mim fará também as obras que eu faço e
outras maiores fará, porque eu vou para junto
do Pai. (Jo 14.12)

O texto se encerra com um profundo


constrangimento por parte dos sacerdotes que
prenderam Pedro e João por não poderem nada
declarar contra eles, que seja por medo de uma
revolta do povo que frequentava o Templo de
Jerusalém, que seja alguma outra questão que
propusesse a Lei de Moisés, então, os apóstolos
são soltos sob intimidação para que não mais
falasse sobre o nome de Jesus. O que por sua
vez, não surte efeito nenhum, pois eles e a Igreja

36
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

continuam vivendo e anunciando a salvação que


há no nome de Jesus.

O Evangelho que Paulo pregava

É interessante analisar os discursos de


Paulo, seja seus discursos quanto ao seu
testemunho de conversação, ou mesmo sua
enfática defesa da fé evangélica em vários
momentos em suas cartas.
A mais contundente carta paulina quanto a
distinção do Evangelho em relação ao espírito
religioso são seus escritos aos Gálatas. Nesta
carta vemos o Apóstolo dizer de forma categoria
que aqueles que anunciam outro ensino se não
aquele apresentado por ele, deve ser considerado
“anátema”, ou seja, maldito: Assim, como já
dissemos, e agora repito, se alguém vos prega
37
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

evangelho que vá além daquele que recebestes,


seja anátema. (Gl 1.9)
A palavra anátema traz a ideia de que
aquele que anunciar outro evangelho sem que
seja o primeiramente anunciado por Paulo, é
maldito por estar condenado a destruição, e
assim também será todo aquele que se render a
mentiras humanamente falaciosas, as quais não
provém de Deus.
Com a finalidade de tornar ainda mais
expressivo seu ensino, ele diz: Mas, ainda que
nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue
evangelho que vá além do que vos temos
pregado, seja anátema. (Gl 1.8)
Portanto, ainda que o próprio Paulo
pregasse outra mensagem diferente da
primeiramente anunciada, que ele mesmo seja
38
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

amaldiçoado. Tamanha era e é a seriedade


quanto a fidelidade ao Evangelho de Cristo.
Uma vez, compreendida a seriedade que
Paulo reconhecia quanto ao ministério da
pregação e do ensino do Evangelho, gostaríamos
de lembrar um texto registrado na Primeira carta
que escreveu aos Coríntios, 15.1-4:
1 Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho
que vos anunciei, o qual recebestes e no
qual ainda perseverais; 2 por ele também
sois salvos, se retiverdes a palavra tal como
vo-la preguei, a menos que tenhais crido em
vão. 3 Antes de tudo, vos entreguei o que
também recebi: que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 e
que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras.

Em conformidade com a mensagem


petrina, de Atos 4.12, o que foi ressaltado por
39
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Paulo é que a salvação é obra do redentor, o qual


morreu por nossos pecados, portanto, não há
outro nome que possa nos garantir a salvação;
bem como demonstra, de forma clara, que o
Evangelho anunciado fala de morte, apresenta a
sepultura, e a ressurreição como o ponto alto da
fé evangélica, a qual crê no Cristo vivo,
ressurreto, o que dá vida e sentido a nossa fé.

Perseverar na doutrina dos Apóstolos é


compreender que a justiça de Deus já foi feita na
cruz e por meio do sacrifício do Filho de Deus
podemos acessar, pela fé, seus benefícios,
lembrando de que a própria fé é dom de Deus,
conforme lemos em Efésios 2.8-9.
Esta palavra maravilhosa de salvação pela
fé, obteve notoriedade histórica ainda maior
quando ressaltada por Martinho Lutero ao
compartilhar sua experiência de fé: o justo
40
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

viverá pela fé, comecei a entender a justiça de


Deus como aquela justiça por meio da qual o
justo vive pelo dom de Deus. Imediatamente,
tive a sensação de haver nascido de novo, como
se tivesse entrado pelos portões abertos do
paraíso. Comecei a amar e a glorificar como a
mais doce das frases, pois essa passagem em
Paulo tornou-se para mim o verdadeiro portão
do paraíso. (LUTERO apud MCGRATH, 2005,
p519)
Ou ainda como lembra ALISTER, citando
as palavras de João Calvino: a pessoa que é
justificada pela fé é alguém que, à parte da
justiça das obras, tomou posse da justiça de
Cristo pela fé e, tendo sido revestida por essa
justiça, aparece aos olhos de Deus não como
pecador, mas como justo. Portanto, a
justificação deve ser entendida, simplesmente,
como a aceitação por meio da qual Deus nos
41
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

recebe. Nossa justiça não está em nós, mas em


Cristo. Partilhamos dessa justiça apenas
porque somos de Cristo. (CALVINO apud
MACGRATH, 2005, p524).
Ao falar sobre a salvação em Cristo,
BERKHOFF, escreve que os crentes podem
alcançar a segurança da salvação4, segundo ele,
“essa segurança só pode ser desfrutada por
aqueles que estão com a firme convicção de que
Deus aperfeiçoará a obra que começou
(BERKHOFF, 1949, p.545).
Logo, isso significa que não seja algo pelo
qual o cristão se exalta como pessoas melhores
ou mais importantes, mas compreende que é a
operosidade da obra de Deus em sua vida, e

4
Alguns textos bíblicos que fundamental esta tese bíblica: Hb
3.14; 6.11; 10.22; 2 Pe 1.10.
42
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

glorifica a Ele com profunda gratidão em seu


coração, como escreveu Paulo ao Romanos:
Porque dele, e por meio dele, e para ele são
todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém! (Rm 11.36)
Passamos a compreender, então, que não
existe outro modo pelo qual o ser humano pode
alcançar a graça da salvação se não for por
intermédio de Cristo e sua obra vicária. Isso é a
síntese da doutrina dos apóstolos que eles
declararam e que nós, como Igreja de Cristo,
devemos declarar.
Essa compreensão muda completamente a
postura da vida cristã, assim como transforma
nossa prática, uma vez que experimentamos a
salvação em Cristo, somos tomados por um
profundo sentimento de gratidão, o qual nos
43
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

conduz a uma devoção mais profunda e mais


comprometida, assim como nos dá um senso de
disposição e obediência, nos colocando nos
trilhos da continuidade, da perseverança, da
permanência, o que é compreendido na
linguagem joanina da seguinte forma, Ele nos
escolheu e nos capacitou para operarmos nesta
graça salvadora para comunicação do
Evangelho no mundo: não fostes vós que me
escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos
escolhi a vós outros e vos designei para que
vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça (Jo
15.16).

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

O exemplo da perseverança em meio a


Guerra: Dietrich Bonhoeffer.

45
A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Um ótimo exemplo de um homem cristão,


capaz de servir ao Senhor nas situações mais
perversas de perseguição, prisão e morte foi
Dietrich Bonhoeffer (04-02-1906 – 09-04-
1945). Ele foi pastor luterano, professor
universitário, pioneiro do movimento
ecumênico, escritor, poeta e, sobretudo, uma
figura central na luta contra o regime nazista.
Na tentativa de ajudar um grupo de judeus
a fugir da Alemanha acabou por leva-lo à prisão
em abril de 1943. Nela permaneceu durante dois
anos, onde, mesmo numa cela feia e fria foi
capaz de escrever vários textos, os quais foram
públicos postumamente.
Um deles, “Resistência e Submissão”,
onde se registra as cartas a várias pessoas
importantes para o autor, estão registradas, por
exemplo, as correspondências ao
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

amigo Eberhard Bethge, nas quais,


Bonhoeffer discorre sobre o significado da fé
cristã em um "mundo que se tornou adulto",
perguntando-se: "Quem é Cristo para nós
hoje?".
Em 20 de julho de 1944, depois de uma
tentativa frustrada contra Hitler, Bonhoeffer foi
transferido para a prisão de Berlim, chegando,
posteriormente ao campo de concentração
de Buchenwald e, por fim, para o
de Flossenbürg, onde foi enforcado junto com
outros conspiradores.5
Diz o tradutor, no prefácio do livro
Resistência e Submissão:

5
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/541537-
dietrich-bonhoeffer-uma-biografia. Acessado em: 26 de janeiro de
2020.
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

"... Da cela de um frio presídio, sob


constante ameaça de tortura e morte, às
vezes em tiras de papel de embrulho, em
pequenos bilhetes metidos entre as roupas,
saíram as cartas, recados, estudo e palavras
repletas de fé para o mundo aí fora. (...) O
inimigo jamais lhe perdoou ser ele o que foi,
não só corajoso, mas nobre e digno. Metido
em uma cela, incomunicável, não se deixou
abater nem desalentar".6

Seguindo o exemplo do apóstolo Paulo, nas


chamadas Cartas da Prisão, Bonhoeffer se
manteve fiel ao chamado de Deus para sua vida,

6
Ao final, trechos das cartas escritas na prisão, que formaram o
livro “Resistência e Submissão”, publicado no Brasil tradução de
Ernesto J. Bernhoeft, Editora Paz e Terra Ltda., Rio de Janeiro,
1965. Executado em 9 de abril de 1945 por ordem especial de
Himmler, depois de ter permanecido como prisioneiro desde 4 de
abril de 1943. Disponível em:
http://www.cirejus.berardo.com.br/arquivos/estudos/Dietrich%20
Bonhoeffer.pdf. Acessado em 26 de janeiro de 2020.
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

permaneceu na missão de perseverar na doutrina


dos Apóstolos para que assim o mundo
conhecesse a verdade do Evangelho de forma
intensa e contumaz, pois aquele que é tomado
pela verdade de Deus não se cala, como Pedro e
João não puderam se calar frente aos seus
algozes no Sinédrio, afinal, como disseram: não
é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós
outros do que a Deus (At 4.19).
Com este testemunho fiel de Dietrich
Bonhoeffer, o que nos inspira a continuar firmes
na vivência e pregação do Evangelho,
concluímos mais uma etapa nas reflexões
propostos sobre o texto bíblico de Atos 2.42, ele
perseveravam na doutrina do apóstolos e na
comunhão, no partir do e nas orações. Seja
perseverante, há muito mais pelo que lutar do
que pelo que desistir!
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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

Sobre o Autor:
Possui Especialização em
Docência do Ensino Superior
com ênfase em Educação à
Distância (2016) e Mestrado Livre em Liderança
Pastoral Urbana, ambas pelo Centro Universitário
Filadélfia (2017);

Graduação em Teologia pelo Seminário Teológico


Antônio de Godoy Sobrinho (2001) e convalidação
pela Faculdade Teológica Sul Americana (2012).

Possui licenciatura plena, habilitação para o Magistério


em Filosofia e Ensino Religioso pelo Programa
Especial de formação - PROLIC (2015).

Pastor Presbiteriano desde 2002.

Contato: nossafedecadadia@gmail.com

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A ARTE DE NÃO DESISTIR DO EVANGELHO

BIBLIOGRAFIA

MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica


e Filosófica. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.

BONHOEFFER, Dietrich. Resistência e Submissão.


São Leopoldo: Sinodal.....

BERKHOFF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo:


Cultura Cristã, 1949.
STOTT, John R.W. A Mensagem de Atos Até os confins
da terra. ABU Editora: São Paulo, 1994.
BABARGLIO, Giuseppe. Comentário Bíblico as cartas
de Paulo, Vol. II. São Paulo, Loyola. 1991.

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