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Anatomia da Parede Anterolateral do Abdome e

Região Inguinal
PARTE I – Anatomia da Parede Anterolateral do Abdome
1) Paredes Abdominais
- Embora contínua, a parede abdominal pode ser subdividida em parede anterior,
parede lateral direita, parede lateral esquerda e parede posterior.
- As parede se caracterizam por ser musculoaponeuróticas (exceto a posterior) e o
limite entre elas não é bem definido – daí o termo parede anterolateral do abdome.

2) Delimitação
→ Limite superior: cartilagens das VII a X costelas e processo xifoide;
→ Limite inferior: ligamento inguinal e margens superiores das faces anterolaterais do
cíngulo do membro inferior (cristas ilíacas, cristas púbicas e sínfise púbica).

3) Composição Geral
→ Pele: (epiderme e derme) está frouxamente fixada à tela subcutânea, exceto no
umbigo;
→ Tela subcutânea: composta por gordura, músculos e suas aponeuroses e fáscia,
gordura extraperitoneal e peritônio parietal.
- A maior parte da parede anterolateral é composta por três camadas musculotendíneas,
com as fibras de cada camada dispostas em direções diferentes.

4) Fáscia da Parede Anterolateral do Abdome


- A tela subcutânea da maior parte da parede
tem tecido adiposo, sendo um importante
depósito de gordura.
- Inferiormente ao umbigo, a tela subcutânea
é reforçada por muitas fibras elásticas e
colágenas, formando duas camadas: o
panículo adiposo do abdome (fáscia de
Camper) e o estrato membranáceo da tela
subcutânea do abdome (fáscia de Scarpa).
- A camada superficial, a camada
intermediária e a camada profunda da fáscia
de revestimento cobrem as faces externas
das três camadas musculares da parede
anterolateral do abdome e suas aponeuroses,
não sendo facilmente separadas delas.
- A face interna da parede do abdome é
revestida por lâminas membranosas de tecido
conjuntivo frouxo, com espessuras variáveis,
formando a fáscia parietal do abdome.
Embora contínua, suas partes são
denominadas de acordo com o
músculo/aponeurose que revestem.
Ex.: a porção que reveste a face profunda
do m. transverso do abdome é sua aponeurose
é a fáscia transversal.
- O peritônio parietal, revestimento formado por uma camada simples de células
epiteliais + estroma, situa-se internamente à fáscia transversal e é separado dela por
gordura extraperitoneal.

5) Músculos da Parede Anterolateral do Abdome


→ Classificação
- A parede anterolateral do abdome tem cinco pares bilaterais de músculos:
↳ Músculos planos (03): o m. oblíquo externo do abdome, o m. oblíquo interno
do abdome e o m. transverso do abdome.
Todos os três continuam anterior e medialmente como aponeuroses fortes;
entre a linha medioclavicular e a linha mediana, as aponeuroses formam a bainha do
músculo reto do abdome. As aponeuroses então se entrelaçam com as companheiras
do lado oposto e formam uma rafe mediana, a linha alba, que se estende do processo
xifoide até a sínfise púbica.
↳ Músculos verticais (02): o m. reto do abdome e o m. piramidal, contidos na
bainha do músculo reto do abdome.

→ Funções
↳ Sustentação para a parede anterolateral do abdome e proteção das vísceras
abdominais contra lesões;
↳ Movem o tronco e ajudam a manter a postura;
↳ Aumentam a pressão intra-abdominal e facilitam a expulsão de ar.

→ Músculo Oblíquo Externo do Abdome


- É o maior e mais superficial dos três
músculos planos do abdome, seus fásciculos se
estendem inferior e medialmente.
- Inferiormente, sua aponeurose se fixa à
crista púbica, medialmente ao tubérculo púbico. A
margem inferior da aponeurose se espessa e se curva
para baixo com uma margem posterior livre, que
segue entre a EIAS e o tubérculo púbico como o
ligamento inguinal.
- Principal ação: compressão das vísceras
abdominais e flexão do tronco.

→ Músculo Oblíquo Interno do Abdome


- É o músculo intermediário dos três
músculos planos, uma lâmina fina que se abre
em leque anteromedialmente.
- Suas fibras se tornam aponeuróticas na
linha medioclavicular e participam da
formação da bainha do músculo reto do
abdome.
- Principal ação: flexão lateral e rotação da
coluna vertebral.
→ Músculo Transverso do Abdome
- É o mais interno dos três músculos
planos do abdome. Suas fibras seguem
em direção transversal (exceto as
inferiores), o que é ideal para comprimir
o conteúdo abdominal.
- Suas fibras também terminam em
uma aponeurose que contribui para a
formação da bainha do músculo reto
do abdome.
- Entre os m. oblíquo interno e m.
transverso do abdome, há o plano
neurovascular da parede
anterolateral do abdome, que contém os nervos e artérias que suprem a parede
anterolateral do abdome.
- Principal ação: comprime e sustena as vísceras abdominais.

→ Músculo Reto do Abdome


- É largo e fino superiormente e estreito e espesso inferiormente.
- Os dois músculos retos são separados pela linha alba e aproximam-se na parte
inferior.
- A maior parte dele está contido na bainha do músculo reto do abdome, sendo
sustentado transversalmente por fixação à lâmina anterior da bainha em três ou mais
intersecções tendíneas.
- Principal ação: flexiona o tronco e comprime as vísceras abdominais, estabilizando e
controlando a inclinação da pelve (antilordose).

→ Músculo Piramidal
- Não é encontrado em cerca de 20% das pessoas.
- Situa-se anteriormente à parte inferior do m. reto do abdome e se fixa à face
anterior do púbis e ao ligamento púbico anterior.
- Principal ação: termina na linha alba e a tensiona.
→ Bainha do Músculo Reto do Abdome, Linha Alba e Umbigo
↳ Bainha do m. reto do abdome: é o compartimento fibroso incompleto e forte dos
m. reto do abdome e m. piramidal. Nela encontram-se as artérias e veias epigástricas
superiores e inferiores.
↳ Linha arqueada: a 1/3 de distância entre umbigo e crista púbica, as aponeuroses
dos músculos planos passam anteriormente ao m. reto do abdome para formar a sua
bainha, e deixam uma fina fáscia transversal para cobrir o m. reto posteriormente. A
linha arqueada marca a transição entre a bainha que reveste os ¾ superiores do
músculo e a fáscia que reveste o ¼ anterior.
↳ Linha alba: separa as bainhas do m. reto do abdome bilateralmente, estreita-se
inferiormente e alarga-se superiormente até ficar da largura do processo xifoide. Em sua
porção média, subjacente ao umbigo, ela contém o anel umbilical – onde os vasos
umbilicais fetais entravam e saíam do cordão umbilical e placenta. Todas as camadas da
parede anterolateral do abdome se fundem no umbigo.

6) Vasos da Parede Anterolateral do Abdome


- Irrigação: artéria epigástrica superior, artéria epigástrica inferior, artérias intercostais,
artérias subcostais e ramos da artéria femoral
- Drenagem: segue o suprimento arterial

7) Face Interna da Parede Anterolateral do Abdome


- É coberta por fáscia transversal, gordura extraperitoneal e peritônio parietal.
- Sua parte infraumbilical apresenta cinco pregas peritoneais umbilicais:
↳ Prega umbilical mediana: estende-se do ápice da bexiga até o umbigo e cobre
o ligamento umbilical mediano.
↳ Pregas umbilicais mediais (02): laterais à prega umbilical mediana, cobrem os
ligamentos umbilicais mediais, formados por partes ocluídas das artérias umbilicais.
↳ Pregas umbilicais laterais (02): laterais às pregas umbilicais mediais, cobrem os
vasos epigástricos inferiores.
- As depressões laterais às pregas umbilicais são as fossas peritoneais, locais de
possível hérnia. São as:
↳ Fossas supravesicais: entre as pregas umbilicais mediana e mediais, formadas
quando o peritônio se rebate da parede anterior do abdome sobre a bexiga urinária.
↳ Fossas inguinais mediais: entre as pregas umbilicais mediais e laterais,
comumente denominadas trígonos inguinais (triângulo de Hesselbach), que são
possíveis locais de hérnias inguinais diretas.
↳ Fossas inguinais laterais: entre as pregas umbilicais laterais, incluem os anéis
inguinais profundos e são os possíveis locais do tipo mais comum de hérnia na parede
inferior do abdome, a hérnia inguinal indireta.
- A parte supraumbilical tem um rebatimento peritoneal, o ligamento falcifome, que
se estende entre a parede anterossuperior do abdome e o fígado. Encerra o ligamento
redondo do fígado e as veias paraumbilicais em sua margem livre inferior.

PARTE II – Anatomia da Região Inguinal


- Estende-se entre a EIAS e o tubérculo púbico.
- É uma importante área sob os pontos de vista anatômico e clínico, pois é uma
região onde as estruturas entram e saem da cavidade abdominal e porque essas vias de
saída e entrada são possíveis locais de herniação.

1) Ligamento inguinal e Trato iliopúbico


- O ligamento inguinal e o trato iliopúbico, se extendem da EIAS até o tubérculo
púbico e constituem um retináculo anterior bilaminar da articulação do quadril.
- Esse retináculo cobre o espaço subinguinal, através do qual passam os músculos
flexores do quadril e estruturas neurovasculares que servem o membro inferior. As
faixas que o constituem são partes do m. oblíquo externo do abdome e a aponeurose e
marge inferior da fáscia transversal.
- O ligamento inguinal e o trato iliopúbico cobrem uma área de fraqueza inata na
parede do corpo na região inguinal, o óstio miopectíneo, local de hérnias inguinais
diretas e indiretas e hérnias femorais.

→ Ligamento inguinal
- O ligamento inguinal é uma faixa densa que constitui a parte inferior extrema da
aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome. Embora a maioria das fibras da
extremidade medial do ligamento insira-se no tubérculo púbico, algumas seguem outros
trajetos.
↳ As fibras mais profundas formam o ligamento lacunar (de Gimbernat), que
forma o limite medial do espaço subinguinal.
↳ As fibras laterais seguem ao longo da linha pectínea do púbis como o
ligamento pectíneo.
↳ As fibras superiores se fundem com as fibras inferiores da aponeurose do m.
oblíquo externo do abdome contralateral e formam o ligamento inguinal reflexo.

→ Trato iliopúbico
- O trato iliopúbico é a margem inferior espessa da fáscia transversal, que reforça a
parede posterior e o assoalho do canal inguinal enquanto une as estruturas que
atravessam o espaço subinguinal.

2) Canal Inguinal
- O canal inguinal é formado em relação à
descida do testículo durante o
desenvolvimento fetal.
- Em adultos, é uma passagem oblíqua em
sentido inferomedial, com cerca de 4 cm de
comprimento, situada paralela e
superiormente à metade medial do ligamento
inguinal.
- Contém vasos sanguíneos e linfáticos, o
nervo ilioinguinal, o funículo espermático em
homens e o ligamento redondo nas mulheres.
- Tem uma abertura em cada extremidade:
uma entrada, o anel inguinal profundo, e uma
saída, anel inguinal superficial.
↳ Anel inguinal profundo: é o início de
uma evaginação na fáscia transversal.
Através dele, o ducto deferente
extraperitoneal e os vasos testiculares (nos
homens) ou o ligamento redondo do útero
(nas mulheres) entram no canal inguinal.
Situa-se superiormente ao ligamento inguinal
e lateralmente aos vasos epigástricos
inferiores.
↳ Anel inguinal superficial: é a saída
pela qual o funículo espermático e o
ligamento redondo emergem do canal
inguinal. É uma divisão que ocorre nas fibras
da aponeurose do músculo oblíquo externo,
na região imediatamente superolateral ao tubérculo púbico. As partes da aponeurose
situadas lateral e medialmente ao anel superficial são os pilares (pilar lateral, fixado ao
tubérculo púbico e pilar medial, fixado à crista púbica).
- Tem duas paredes (anterior e posterior), um teto e um assoalho.
↳ Parede anterior: formada pela aponeurose do músculo oblíquo externo;
↳ Parede posterior: formada pela fáscia transversal;
↳ Teto: formado lateralmente pela fáscia transversal, centralmente pelos arcos
musculoaponeuróticos dos m. oblíquo interno e m. transverso do abdome, medialmente
pelo pilar medial da aponeurose do m. oblíquo externo;
↳ Assoalho: formado lateralmente pelo trato iliopúbico, centralmente pelo sulco
do ligamento inguinal invaginado e medialmente pelo ligamento lacunar.

3- Anel inguinal superficial 4- Ligamento redondo do útero


5- Lábios maiores 6- M. reto abdominal e arteria epigástrica
inferior
7- Anel inguinal profundo com nervo 8- Ligamento inguinal
ilioinguinal
9- Nervo femoral 10- Artéria femoral

3) Hérnias Inguinais
- A maioria das hérnias abdominais (75%) ocorre na região inguinal. As hérnias
inguinais ocorrem em ambos os sexos, mas a sua maioria (86%) ocorre nos homens
devido à passagem do funículo espermático pelo canal inguinal.
- A hérnia inguinal é a entrada de uma protrusão do peritônio parietal, com
vísceras abdominais – como o intestino delgado – ou não, por meio de uma parte
enfraquecida da parede abdominal na região inguinal. Essa entrada pode ser:
↳ Indireta: pelo anel inguinal profundo. Ocorre por uma parte do processo
vaginal ter permanecido aberta ou evidente, por isso é dita congênita.
↳ Direta: pela parede posterior do canal inguinal. Ela é normalmente descrita
como adquirida e pode desenvolver-se em razão de uma enfraquecimento da
musculatura abdominal. A protuberância ocorre medialmente aos vasos epigástricos
inferiores no trígono inguinal (triângulo de Hesselbach, delimitado lateralmente pela a.
epigástrica inferior, medialmente pelo m. reto do abdome e inferiormente pelo
ligamento inguinal).

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