A 13° Emenda aboliu a escravidão nos Estados Unidos em 1865, já o Brasil repetiu

semelhante ato em 1888, com o sancionamento da Lei Áurea. Apesar de terem libertado o
negro, ambas as medidas não colocaram um fim no preconceito que esses sofriam. O Brasil,
diferentemente dos EUA, não adotou práticas legalmente segregacionistas após a alforria,
porém a falta de políticas que reintegrassem o negro na sociedade e a naturalização do
racismo corroboraram para a manutenção desse povo numa situação degradante.
Após a abolição no território brasileiro, os lugares ocupados pelos escravos na
produção foram substituídos pela mão-de-obra europeia assalariada. Assim, sem
oportunidade de empregos decentes, dinheiro ou suporte governamental, os negros
migraram para as zonas periféricas das cidades e muitas vezes precisaram recorrer ao furto
ou a prostituição para que conseguissem sobreviver. As consequências dessa
marginalização podem ser vistas com grande facilidade hoje em dia, como por exemplo na
concentração de negros nas favelas e nos presídios.
Nos EUA, as Leis de Jim Crow deram ao racismo uma face exacerbada e violenta,
assim o Brasil passou a ser visto como um paraíso para as etnias, onde uma suposta
democracia racial existia. Porém, o fato do preconceito no território brasileiro não ser
explicitamente agressivo, não significava a sua inexistência, mas sim um mascaramento.
Decorrente dessa ilusão, as raízes do racismo foram praticamente apagados das memórias
e conceitos como dívida histórica acabaram sendo esquecidos. Tudo isso colaborou para
que a discriminação crescesse e se consolidadas na nossa cultura, seja através de apelidos
pejorativos ou da associação ao negro a violência e a inferioridade intelectual.
Em virtude dos fatos mencionados, pode-se observar que a escravidão ainda
acorrenta o presente dos negros ao passado de seus ancestrais, não sendo o ato de tê-la
abolido o suficiente para quebrar tais amarras. Assim, é imprescindível que o governo por
meio do incentivo a cotas públicas e a grupos do movimento negro, busque a inserção dessa
população em escolas e empregos de qualidades e