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XXV Encontro Brasileiro de Psicologia e Medicina Comportamental

Primeiros Socorros Psicológicos:


Intervenção em situações de crise, emergência e
desastre

Curso Introdutório

Claudia Ballestero Gracindo Francisco Lotufo Neto


Psicóloga Professor Associado da FMUSP
Terapeuta Analítico Comportamental Professor da Pós-Graduação em Psicologia Clínica do
Neuropsicóloga Instituto de Psicologia da USP
Mestranda do IPqFMUSP
Colaboradora do Ambulatório de Ansiedade do IPqMUSP
Presidente do Comitê Cientifico da APorTA
Primeiros Socorros Psicológicos (PSPs)
e a Psicologia

Psychological First Aid (PFA)


Primeiros Auxílios Psicológicos
Intervenção Psicológica em Situação de Crise

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Psicologia
Psicologia das Emergências e
Desastres

Primeiros Socorros Psicológicos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Psicologia das Emergências e Desastres

Estuda o comportamento das pessoas nos incidentes críticos, acidentes e


desastres desde uma ação preventiva até o pós-trauma e, se for o caso,
subsidia intervenções de compreensão, apoio e superação do trauma
psicológico às vítimas e aos profissionais.
(BRUCK, 2009, p. 8)

Há diferentes enfoques, mas o denominador comum é compreendê-la como a


aplicação da Psicologia frente a situações de emergências, seja previamente,
durante o evento ou posteriormente.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Primeiros Socorros Psicológicos

Veremos neste curso:

 Princípios básicos
 Antecedentes Históricos
 Aplicação dos PSP

 Conteúdo Teórico: termos e


conceitos
 Saúde Mental e Eventos Traumáticos
 PSPs e modelos
 Autocuidado do Profissional

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Reconhece e recomenda o serviço dos PSPs
como uma forma de ajuda humanitária:

“Quando coisas terríveis acontecem nas


nossas comunidades, podemos estender a
mão para ajudar aqueles que são afetados. ”

 Abrangem apoio psicológico e social;

 Visam garantir que qualquer pessoa, em sofrimento em função de uma


situação de crise, seja capaz de receber suporte básico;

 Encaminham aqueles que necessitam de maior suporte para serviços


adicionais de saúde.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


 As ajudas Psicológica e Psiquiátrica precisam ser
disponibilizadas imediatamente para problemas
específicos e urgentes de saúde mental como parte da
resposta de saúde pública.

 O impacto de um evento traumático pode gerar respostas novas ou


agravar condições já existentes.

 Situação de emergência pode levar a separação da família, perda de


segurança, discriminação, perda de meios de subsistência,
superlotação, falta de privacidade, perda de apoio da comunidade e
outros.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A abordagem dos PSPs levam:

 Segurança
 Calma
 Esperança

 Importantes para os que não desenvolverão transtornos mais


graves, pois trazem sentimentos de apoio e orientação acerca
de como fazer para uma recuperação mais rápida.

 Fazem a diferença sobre aos que não possuem capacidades


de resiliência.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


 Podem ser prestados por diversos
profissionais, não sendo um serviço
restrito ao psicólogo, mas...

... Não é qualquer pessoa que pode


prestar esse serviço, pois o treinamento
teórico e prático é essencial para que
essas pessoas possam ajudar a
comunidade afetada.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Primeiros Socorros Psicológicos

Em 2009, a OMS concluiu que os


PSP deveriam ser oferecidos a
pessoas em estresse agudo
Primeiros Socorros logo após terem sido expostas
Psicológicos a um evento traumático, em
substituição ao
“debriefing psicológico”.

Debriefing (interrogatório):
Técnica que faz parte da gestão
de eventos críticos ( Mitchell e
Dyregrov).

Controversa e de difícil
aplicação. Deve ser conduzida
por um psicólogo treinado para
a mesma.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


PSPs: Princípios Básicos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


PSPs: Princípios Básicos

Objetivo
principal:
As situações Reduzir o
envolvem: impacto do
acontecimento evento
Aplicados a traumático,
pessoas de inesperado,
fora do buscando
Série de ações todas as prevenir os
idades. cotidiano (é
ordenadas, uma mudança sintomas do
aplicadas pelos na rotina e gera TEA e TEPT.
primeiros medo intenso).
profissionais que
chegam ao local
do evento
traumático.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


PSP: Princípios Básicos

Vivenciar uma situação de risco pode:

 Levar a falhas nos mecanismos normais de adaptação


e resolução de problemas,

 Resultar em desequilíbrio psicológico e diminuição do


funcionamento adaptativo.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Antecedentes Históricos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Antecedentes Históricos

Termo surge na Segunda Guerra Mundial (Blain, Hoch y Ryan, 1945) e sua evolução
e uso são confusos até o momento presente (Jacobs y Meyer, 2006; Raphael, 2003).

Usado, pela primeira vez, em uma publicação da Associação Americana


de Psiquiatria (1954).

Incêndio de Coconut Grove, em Boston (1942): mais de 493 mortos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Antecedentes Históricos

Cruz Vermelha Americana informou sobre como


trabalhar dentro do sistema de resposta a
desastres.

 Primeira implantação: agosto/1992, após o furacão Andrew (Flórida).

 Atualmente: há um movimento crescente, no mundo, para desenvolver


um conceito semelhante ao de primeiros socorros físicos para lidar com
eventos estressantes e traumáticos.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação:

Quando?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação: Quando?

Contextos de Emergências em massa


• Desastres/Acidentes: carro, trem, avião, ônibus

• Catástrofes Naturais: furacão, terremoto, tsunami, vulcão,


enchentes, desabamentos, desmoronamentos

• Atentados

• Conflitos armados

• Incêndios e Explosões

• Chacinas

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Aplicação: Quando?

Contextos de Crise Específicos (emergências


cotidianas):

• Crise psicótica • Retirada familiar de


• Ansiedade e pânico menores
• Violência doméstica e • Crise em contexto escolar
negligência • Negociação e intervenção
• Violação e abuso sexual com reféns
• Suicídio • Roubos e assaltos
• Morte inesperada • Alcoolismo e dependência
• Violência de gênero de drogas
• Agressão sexual • Intervenção em crise com
• Famílias multiproblemáticas crianças

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação:

Em quem?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação: Em quem?

Indivíduos

Famílias

Comunidades

Socorristas

Profissionais da Imprensa

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação: Diferentes Fases da Vida e outras situações

Infância, Adolescência, Adultos, Idosos,


Pessoas com necessidades especiais.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação: Em quem?

Possuem vivência prévia em desastres?

Tem antecedentes de enfermidades mentais?

Sofrem de alguma enfermidade física?

Contam com apoio social e psicológico?

Precisam de habilidade para a resolução de problemas?

Há idosos e crianças? (eles reagem de forma diferente)

Viveram conflitos por alguma crise em sua vida?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação: Em quem?

Níveis de vítimas: Há diferentes níveis de vitimização, de


acordo com a proximidade das pessoas com o evento:

 Primeiro: pessoas que sofrem o impacto direto do desastre;

 Segundo: familiares diretos das vítimas do primeiro nível;

 Terceiro: integrantes das equipes de primeira resposta (policiais,


pessoal sanitário).

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicação: Em quem?

 Quarto: a comunidade envolvida no desastre;

 Quinto: aquelas que ficam sabendo do acontecimento;

 Sexto: aqueles que deveriam estar, mas não estavam no lugar do


evento por diversos motivos.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Quando e Quem no Brasil?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Especificidades do Brasil

1) Segundo a ONU: estamos entre os dez países que mais


sofrem com catástrofes climáticas.

2) Taxas altas e crescente de mortalidade por homicídios e


outras formas de violência:

 Guerras territoriais entre grupos de adolescentes


 Guerras territoriais por tráfico de drogas
 Acidentes de trânsito
 Chacinas
 Brigas armadas
 Violência e acidentes domésticos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Saúde Mental
e
Eventos Traumáticos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A população padece de
uma série de problemas de
saúde mental durante e
muito tempo após as
situações de emergências

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Efeito dos desastres naturais sobre as taxas de suicídio

377 condados dos Estados Unidos, com desastres naturais declarados


entre os anos 1982 e 1989: Inundações, Furacões e Terremotos

Resultados:
» Inundações: os suicídios aumentaram 13,8% nos quatro anos
posteriores.
» Furacões: aumento de 31% nos suicídios durante os dois anos
posteriores ao evento.
» Terremotos: alta de 62,9% no número de suicídios, no ano posterior ao
desastre.

“É necessário um apoio psicológico depois de desastres naturais


graves e ele deve estar disponível por períodos variáveis e deve levar
em consideração as necessidades dos diferentes grupos de idade”.

Etienne Krug (Diretor OMS)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


75% das pessoas expostas a uma situação
traumática precisam ser bem avaliadas quanto à
possibilidade de apresentarem distúrbios psíquicos
com comorbidades associadas tais como: depressão,
ansiedade, fobia, abuso de drogas e álcool.
(Freedy, Saladin, Kilpatrick, Resnick & Saunders, 1994; Giel, 1990; Green, 1994)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Primeiros Socorros
Psicológicos

Modelos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Modelos

 Modelo Naomi Golan (1978)


 Modelo Centrado em Tarefas
 Modelo Shalev y Ursano
 Modelo Singer (1982)
 Modelo Raphael (1986)
 Modelo Walker (1990)
 Modelo Everly e Mitchel (1999)
 Modelo de Intervenção em Crise Malcolm Payne (2002)
 Modelo Wiger e Harowski (2003)
 Modelo Ritchie (2003)
 Modelo Orner et al (2006)
 Protocolo ACERCARSE (2015)
 Protocolo RAPID da Universidade Johns Hopkins +
Bases da UAB

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Primeiros Socorros Psicológicos
(PSPs)

O que, como, quando, onde e por que?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


PSPs

 Técnica de intervenção imediata (é uma


técnica em si mesma).

 Acontece imediatamente após o evento e


em até 72 horas após.

 Procedimento que ajuda a pessoa a


transitar entre a fase do choque e a da
adaptação.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Evidências

Bom? Ruim?

 Não se pode ter um grupo controle onde não se


aplica os PSPs.

 Não é possível garantir o rigor do protocolo


diante de situações graves.

 Sabe-se que é melhor fazer!

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


PSPs: Objetivos da Técnica

1. Promover segurança física e emocional do afetado;


2. Reduzir o nível de estresse produzido pelo evento traumático
bem como pelo impacto da noticia dele;
3. Proporcionar calma e tranquilidade;
4. Conectar as pessoas com sua rede de apoio (vizinhos,
familiares, lideres comunitários e religiosos);
5. Incentivar auto eficácia, eficácia da comunidade ou do grupo
afetado, potencializando as estratégias de enfrentamento das
pessoas afetadas (todos tem estratégias);
6. Favorecer os processos de enfrentamento, fomentando a
autonomia dos afetados (retomada das habilidades para tomar
decisões e o controle da vida);
7. Proporcionar ajuda pró ativa e positiva.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


PSPs

Como devem ser?


 Levar calma e modelar respostas saudáveis
 Levar ajuda não intrusiva
 Facilitar a fala sem que a pessoa seja pressionada

O que NÃO são?


 Interrogatório
 Terapia
 Diagnóstico
 Técnica de desativação (defusing ou debriefing)
 Abordagem profunda e muito verbal

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicabilidade após 72 horas

 Possibilidade 1 (Europa): utilizar outros


procedimentos como potencializar a
psicoeducação.

 Possibilidade 2 (OMS): PSPs são o primeiro


passo de uma sequência de ajuda e devem
ser aplicados mesmo após as 72 horas,
sendo procedimento de escolha de até meses
após o evento traumático.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Orientação OMS

Até 72 horas:
Após 72 horas (pode ser útil
3 objetivos básicos: até a sexta semana):
• Manter ativação diminuída
• Informar Outros objetivos:
• Conectar a rede social • Informar
• Psicoeducar sobre as
reações esperadas e sobre
os fatores protetores para a
recuperação.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

E SE TUDO ISSO NÃO FOR POSSÍVEL?

Há situações de catástrofes que dificultam a aplicação no tempo


recomendado, podendo passar 3/4/5 dias ou até semanas.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Onde aplicar

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Onde aplicar: regras gerais

 Local da ocorrência,
 Prontos socorros,
 Residências,
 Hospitais, etc.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Onde aplicar: regras para situação de desastres

IDEAL X REAL

 Local amplo, seguro, confortável, e com boa


temperatura
 Distante do local do evento (200/300 metros)
 Sem acesso visual do afetado ou mesmo dos ruídos
 Deve ter espaço para comida e bebida
 Deve ter espaço para criança (brinquedos)
 Deve ser protegido dos meios de comunicação
 Deve ter espaços fechados para atendimento
individual ou a famílias (privacidade)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Antes de tudo:

SE PREPARE!

1. Buscar informações sobre o ocorrido


2. Coordenar com pessoas ao redor
3. Localizar onde estão os recursos de atenção primária
4. Identificar quem está no comando
5. Entender o plano de trabalho dos interventores
6. Entender o que acontecerá com o passar das horas

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Antes de tudo:

OLHE PARA VOCÊ!

1. Sua condição interfere com a pessoa que vivenciou o evento


traumático. Ele é um termômetro, sua reação é percebida.
2. Mantenha a calma e tenha claro os objetivos.
3. Dê à pessoa tranquilidade e sensação de que está em boas
mãos.
4. Saiba o que está fazendo: a vitima deve perceber que há alguém
estável no meio do caos.
5. Adapte-se aos locais, culturas e religiões.
6. Avalie se a vitima tem alguma incapacidade.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar
aos objetivos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicando os PSPs

Primeira Fase: Estabelecer o Primeiro contato

 Aproximação de forma não intrusiva (pessoa quer ou


não?)

 Apresentação pessoal, dizendo o nome, a função e o


motivo da aproximação: “garantir que os primeiros
momentos corram da melhor forma possível, pois eles
são muito complicados”.

 Perguntar o nome da vitima e a forma como chegou


ali.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicando os PSPs

Segunda Fase: Garantir segurança e alivio

 Indicar os pontos de socorro a fim de assegurar que


as necessidades básicas serão garantidas.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicando os PSPs

Terceira Fase: Buscar Estabilidade


(nem sempre é aplicado, pois nem todos desenvolvem
um aspecto emocional que precisa ser estabilizado)

 Ofertar água, incentivar a caminhar com o intuito de


ajustar a emoção e continuar o contato de forma mais
tranquila.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicando os PSPs

Quarta Fase: Reunir Informações

 Quais as necessidades e preocupações imediatas? Do


que precisa?

Quinta Fase: Assistência Prática

 Solucionar o imediato e planejar os passos seguintes


(onde passar a noite, comunicação com familiares,
etc.)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Aplicando os PSPs

Sexta Fase: Encerramento

 Deixar a pessoa conectada com seus apoios sociais;

 Informar sobre como enfrentar a situação, dando


ferramentas de enfrentamento como higiene do sono,
orientação sobre alimentação, evolução dos
sintomas;

 Deixar as pessoa conectada aos serviços de atenção


médica e outros.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


RESUMINDO...

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Estabeleça o contato com a


pessoa, apresente-se e
ofereça ajuda.

Fale de forma tranquila.

Empatia é a chave aqui!

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Se possível, retire a pessoa


da situação de tensão, mas
não a leve para tão longe a
ponto de não ter acesso a
sua rede de apoio.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Ofereça comida e bebida.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Evite que a pessoa se


exponha a visões,
barulhos ou cheiros do
local do evento.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Proteja a pessoa de curiosos e/ou


dos meios de comunicação.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Facilite os meios materiais necessários.


(telefone, papel, lápis, roupa)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Informe tudo que está


acontecendo, sem mentir ou
gerar falsas esperanças nem
expectativas.

Não dê mais informações do


que o necessário e nem falar
acerca de detalhes mórbidos
ou ruins.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Pergunte, com cuidado, o


que aconteceu e como se
sente. Permita que a pessoa
fale sobre suas
experiências, preocupações
e sentimentos.

Deixe a fala se desenvolver


(catarse).

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Converse sobre o significado da


situação (crise, emergência ou
desastre) e tente descobrir o por
quê a pessoa acha que aquilo
aconteceu. Avalie os sentimentos
e necessidades.

Escute sem julgar, dando


importância ao que é falado.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Nunca deixe a vitima


sozinha.
Se precisar se
ausentar garanta que
alguém fique com ela.

Nunca negligencie.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Assegure que as
reações são normais
e que a maioria das
pessoas se
recuperam diante
destas situações.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Reúna as famílias, em
especial se há crianças.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Converse sobre possíveis soluções aos


problemas existentes, estimule a utilização das
habilidades pessoais para a resolução deles.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Motive a pessoa a tomar decisões. Me


parece
que...

Promova o empoderamento, estimulando a pessoa ou o grupo a


identificar e detectar as suas necessidades, tomar suas próprias
decisões, priorizar os problemas e buscar soluções para si.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Ajude a pessoa a funcionar de forma


independente ou assista-a com cuidado.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Leve em conta as diferenças


culturais, interação entre
gêneros, expressão da dor,
rituais funerários e outros.

Leve em consideração as
necessidades espirituais e
proporcione espaços para
que sejam praticadas.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Ofereça psicoeducação, listas de trabalho, de


higiene e outras que facilitem o enfrentamento
da situação de modo progressivo.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Faça a conexão dos afetados com os


recursos governamentais,
assistenciais, médicos e sociais.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Estratégias para chegar aos objetivos

Ao terminar a
intervenção, despeça-se
de forma atenta e
disponibilize-se para
ajudar posteriormente.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Intervenção

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


O Modelo
RAPID

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


O Modelo RAPID

Bases da Universidade Johns Hopkins:

Os Primeiros Socorros Psicológicos não são uma


intervenção finita e não foram concebidos como
intervenção única.

Trata-se do início de um continuum e espera-se que


evolua para um processo que atenda todas as
necessidades daqueles que sobrevivem a adversidade.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Modelo John Hopkins de ajuda para pessoas em situações
traumáticas

R Rapport and
Reflective listening
Rapport e Escuta
Reflexiva

A Assessment of
needs
Avaliação das
necessidades

P Prioritization Priorização

I Intervention Intervenção

D Disposition and
follow-up
Disposição e
seguimento

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Sobre o Modelo:

 Oferece presença compassiva e solidária a fim de


amenizar a angustia e avaliar a necessidade de
cuidados continuados.
 Não é psicoterapia.
 Analisa as consequências acerca de lesões e traumas
que estão além da natureza física.
 Modelo facilmente aplicável em ações de saúde pública.
 Eficaz para a promoção da resiliência pessoal e
comunitária.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Rapport e Escuta Reflexiva

R Rapport and
Reflective listening
Rapport e Escuta
Reflexiva

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R – Rapport e Escuta Reflexiva

Construção do relacionamento por meio da


Escuta Reflexiva:

 Cria vínculo (ligação com o outro)


 Habilidade útil nas crises ou em qualquer outro tipo de ajuda.
 Torna o ouvir mais eficaz.
 Demonstra que a pessoa em risco/crise é compreendida,
gerando confiança.

Na maioria das vezes as pessoas dizem o que precisam.


A escuta deve demonstrar: disposição, compaixão, paciência.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R – Rapport

RAPPORT: técnica usada para criar uma


ligação de sintonia e empatia com outra
pessoa. Sensação de sincronização entre
duas ou mais pessoas.

EMPATIA: Envolve entendimento, é sentir


como o outro sente.
As técnicas de escuta devem construir
vinculo com base na empatia.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R - Escuta Reflexiva ou Ativa

Visa “DEVOLVER” a fala da vitima por meio de afirmações que


podem ser de cinco tipos:

• Repetir: palavra dita pelo cliente que parece importante;


• Refrasear: repetir alterando um pouco o que foi dito;
• Parafrasear: repetir o dito com novas palavras a partir do que foi falado pela
vítima;
• Apontamento emocional: forma mais profunda de reflexão, são frases que
revelam sentimentos ou emoções: "Te percebo um pouco triste” ou “Parece que
este assunto te emociona.“;
• Silêncios: indica entendimento, compreensão e aceitação. Permite a auto
observação sobre o que se fala e sente.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R - Escuta Reflexiva ou Ativa
PSPs são projetados para fornecer assistência às Pessoas em
sofrimento na fase mais aguda

1.A abordagem inicial dependerá da situação, mas de um modo geral começa


com uma apresentação de forma respeitosa (nome e função)
2.Parte-se para a pergunta inicial que deve ser bem formulada a fim de gerar
insight e criar, na vitima, senso de valor envolvendo-a na solução de seus
próprios problemas.
a.Introduzir: “Estou aqui para ajudá-lo e quero fazer da melhor forma
possível e para isso preciso saber um pouco mais sobre quem você
é e o que aconteceu.”
b.Caso essa pergunta inicial não dê resultados, pergunta claramente:
Como posso ajudá-lo?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R - Escuta Reflexiva ou Ativa

Considera-se três tipos de perguntas:

Fechada (Close-ended): restringe as respostas a algumas opções disponíveis.


O mais usado é o SIM/NÃO. Estabelece rapidamente os fatos ocorridos.

Aberta (Open-ended): São bem produtivas e começam com “O que, Por que e
Como”. Por exemplo: Como você está? Observação: Cuidado com o "Você está
bem?“.

Escuta Reflexiva (reflective listening paraphrase questions): Embora seja


eficiente é necessário se tomar cuidado para não abusar. Não pode parecer
uma técnica.

Ao profissional cabe decidir qual o aspecto a refletir e quando.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R - Escuta Reflexiva ou Ativa

Sobre a Escuta Reflexiva

 É uma técnica eficaz.


 Demonstra vontade de estar presente e de ouvir.
 Dá valor ao que a outra pessoa tem a dizer.
 Comunica o desejo de ajudar na resolução de problemas.
 Proporciona sensação de apoio interpessoal (melhor
preditor da resistência humana).

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


R - Escuta Reflexiva ou Ativa

Regras:
1) “Estar presente” (ouvir, permitir catarse, desabafo, permitir que
as pessoas expressem suas frustrações, sentimentos de dor e
perda).
2) Não ter pressa para resolver um problema complicado com uma
solução simplista, a menos que a resolução pareça bastante
evidente.
3) Não diminua ou banalize as preocupações das vítimas.
4) Não discuta.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Avaliação das Necessidades

A Assessment of
needs
Avaliação das
necessidades

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Avaliar as necessidades não significa diagnosticar e sim predizer


quem está ou não em sofrimento, em função da situação.

 Avalia as necessidades físicas e psicológicas básicas.


 Feita de forma rudimentar, a partir de uma conversa guiada, com
perguntas específicas, baseada na narrativa do sobrevivente.
 Foco é nos detalhes do evento e das reações tidas a partir do
que aconteceu.
 Por meio dela é possível informar sobre a intervenção.

Não é uma avaliação clínica e deve acontecer a partir do bom senso.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

 Durante a Avaliação é importante


encontrar um sentido no acontecido
ou nas reações construídas pelas
pessoas.

 O estado do sobrevivente deve ser colocado no contexto e


as perguntas devem ser feitas para esclarecer aspectos
ambíguos das reações pessoais ou os aspectos do evento
que simplesmente não parecem fazer sentido.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Eustress
Group
Base para a Avaliação

Grupos de
Sobreviventes

Dysfunction Distress
Group Group

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Eustress Group

Características dos Sobreviventes:


 Cumprem as suas demandas diárias, realizando tudo que precisa.
 Não estão felizes com a adversidade ou desastre, mas estão se movendo
nesse contexto.

Procedimento:
 As perguntas “O que é que você precisa fazer hoje? Consegue fazê-lo?”,
levam a classificar a pessoa neste grupo.
 Para elas, o profissional não tome atitudes, apenas fica disponível e
continua a observar.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Distress Group

Características dos Sobreviventes:


 Não parecem bem, mas fazem o que precisa ser feito.
 Sofrimento é benigno.

Procedimento:
 Este grupo deve ser monitorado, pois a grande maioria vai seguir em frente,
necessitando apenas de ajuda no que refere a abrigo, alimentação, vestuário,
etc.
 Algumas pessoas deste grupo podem passar por uma descompensação,
perdendo e regredindo na capacidade de funcionar e vão passar para o grupo
disfuncional.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Dysfunction Group

Características do Sobrevivente:
 Incapacidade grave que leva a uma interferência naquilo que precisa ser
feito (atividades de vida diária).

Procedimento:
 O trabalho se resume a ajudá-los direta ou indiretamente.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Quantas pessoas se espera em cada grupo?


Depende do evento e do contexto do evento, mas em geral:

60 a 90% das pessoas com a A maioria mostrará resiliência e


experiência do sofrimento vai sustentar ou recuperar as
agudo é afetada (por isso a capacidades funcionais, sem
observação continua). assistência.

A avaliação da pessoa que está


no grupo disfuncional é uma
Grupo preocupante é o condição “BÁSICA” do processo
Disfuncional: 5 a 49% das de saúde mental e é necessário
pessoas afetadas diretamente. ter certeza de que as pessoas
mais necessitadas obterão
ajuda.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Como diferenciar os grupos Disfuncional e Distress?

Que Sinais e Sintomas cognitivos, emocionais,


comportamentais, espirituais e fisiológicos irão surgir?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


REAÇÕES COGNITIVAS

Distress Dysfunction

• Confusão Temporária • Diminuição da capacidade


• Incapacidade de concentração cognitiva
• Capacidade de resolução de • Confusão incapacitante
problemas diminuída • Incapacidade de tomada de
• Sensação de sobrecarga decisões
• Pensamentos obsessivos • Capacidade de resistência e
• Reviver o evento recuperação ficam diminuídas
• Pesadelos (possivelmente) • Desesperança
• Pensamentos suicidas ou
homicidas
• Alucinações
• Delírios paranoicos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


REAÇÕES EMOCIONAIS

Distress Dysfunction
• Medo • Ataques de pânico
• Tristeza • Depressão
• Irritabilidade • Embotamento
• Raiva • TEPT
• Frustração
• Luto (perda) interferem na capacidade de
• Ansiedade recuperação/resiliência

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


REAÇÕES COMPORTAMENTAIS

Distress Dysfunction

• Evitação fóbica temporária • Anulação persistente


• Compulsões • Compulsões extremas que levam
• Acumulação a imobilização
• Distúrbios do sono • Agressividade
• Distúrbios alimentares • Comportamento violento
• Reações de susto • Reclusão
• Impulsividade
• Comportamento de risco
• Auto medicação
• Uso e abuso de drogas
• Uso de energéticos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


REAÇÕES ESPIRITUAIS

Distress Dysfunction

• Questionamento acerca da fé • Interrupção das práticas


• Questionamentos sobre as ações relacionadas a fé
de Deus: Como Deus permitiu que
isso acontecesse comigo? Ou

• Projetar a fé para outros (o outro


não tem fé e por isso aconteceu)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


REAÇÕES FISIOLÓGICAS

Distress Dysfunction
• Alterações no apetite • Alterações nas funções cardíacas
• Alterações no desejo sexual • Alterações nas funções
• Dores de cabeça gastrointestinais
• Dores musculares e espasmos não • Inconsciência
associados a esforço físico • Dor no peito
• Diminuição da imunidade com • Tontura
vulnerabilidade a doenças • Dormência ou paralisia
infecciosas • Incapacidade para falar e/ou para
entender o que se fala

Atenção: essa pessoa DEVE ser


encaminhada para cuidados médicos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


A – Avaliação das Necessidades

Em resumo:

 Na Avaliação é importante distinguir a angústia (distress) que se


resolve sozinha da disfunção (dysfunction) que interfere com a
capacidade das pessoas e você deve ouvir/ver todos esses
sinais/sintomas.
 Não é admissível que haja julgamento: o desastre ou a
adversidade não é sua, é do outro!
 O objetivo é sempre ajudar as pessoas a recuperem a vida ou algo
perto da vida que tiveram uma vez, diante do que pode ter sido o
pior dia de suas vidas.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Priorização

P Prioritization Priorização

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


P – Prioritization (Priorização)

Avaliação das
Trabalha com a necessidades
ideia de Triagem atuais
Relacionada (escolher,
a Avaliação selecionar ou Determinação de
criar uma quem será
hierarquia). atendido em
primeiro lugar.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


P – Prioritization (Priorização)

Representa a aplicação de princípios básicos de


triagem.

A atenção é focada sobre as pessoas e necessidades


que requerem cuidados emergentes

A ênfase é dada para ajudar a capacidade funcional


básica.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


P – Prioritization (Priorização)

O que a pessoa na situação de crise precisa fazer?

Auto Para Maslow:


Realização
1. Pessoas têm necessidades
Estima 2. Há uma hierarquia delas e
as necessidades médicas e
Sociais
físicas básicas devem ser
atendidas em primeiro lugar.

Segurança 3. Não há como pular etapas.

Fisiológicas

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


P – Prioritization (Priorização)

Auto
Realização

Estima

Sociais

Segurança

Fisiológicas

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


P – Prioritization (Priorização)

Auto
Realização
A Intervenção leva em
consideração a hierarquia de
necessidades de Maslow em
Estima
relação ao que deve vir em
primeiro lugar: necessidades
básicas (físicas e médicas).
Segurança

Sociais
Afeição / Aceitação / Apoio

Fisiológicas

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


P – Prioritization (Priorização)

Triagem

Baseada em Baseada no
Evidências Risco

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Triagem Baseada em Evidências
Base: Observação de pessoas que apresentam disfunções (levam a uma
intervenção direta e ativa).

Olha-se para:
 Comprometimento da capacidade de exercer o discernimento,
 Dificuldade de memória e resolução de problemas (Há uma diminuição
em entender as consequências de suas ações?),
 Perda de orientação em relação ao futuro, sentimentos de desamparo ou
desesperança, desespero.
 Capacidade funcional (diminuída ou não?). Há incapacidade para
desempenhar as funções necessárias da vida: autocuidado, cuidar dos
outros, trabalhar, higiene pessoal?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Triagem Baseada no Risco
Base: Seus princípios levam em conta a tríade Death, dislocation and
disabling impact (morte, deslocamento e incapacitação).

 Busca fatores de risco que levam ao aumento do sofrimento psíquico,


deficiência e incapacidade (aguda, subaguda, dias ou semanas
depois).
 Houve a visão de restos humanos? Achou que morreria?
 A pessoa foi separada da família e entes queridos? Tem onde ficar?
Perdeu sua casa?
 Foi ferida fisicamente de tal maneira que necessita de cuidados
médicos imediatos? Fez dissociação, sentindo-se flutuando fora do
corpo?

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Triagem

A Triagem baseada no RISCO nunca deve ser usada na


ausência de triagem baseada em EVIDÊNCIAS.

A chave da Triagem é reconhecer e priorizar inclinações e


comportamentos disfuncionais.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Intervenção

I Intervention Intervenção

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


I - Intervention (Intervenção)

Rapport
Avaliação Triagem Intervenção
Escuta

 O que fazer a fim de oferecer alguma estabilização e sentido de


diminuição do sofrimento agudo?
 Que estratégias podem abrir caminho para o processo de
cicatrização.

Pontos Principais:
Presença compassiva e solidária e não terapia.
Não serve para corrigir o problema de ninguém.
É a primeira ajuda, não a cirurgia.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


I - Intervention (Intervenção)

 Escuta Reflexiva: ouvir sem julgamento.

 Intervenção aguda: projetada para atender as necessidades


básicas, mitigar o sofrimento psicológico (estresse agudo), e se
possível, restaurar a capacidade funcional.
1) Satisfazer as necessidades básicas em primeiro lugar:
médicas e físicas de base.
2) Agir para reduzir o estresse e restaurar a capacidade.
3) Conseguir apoio social (fator mais preditivo para o
estabelecimento da resiliência pós desastre ou crise).

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


I - Intervention (Intervenção)

Se a pessoa lhe parece psicologicamente instável:


Estabilize a excitação

 Remova estímulos provocativos (pessoas discutindo, área de


destruição, etc.)

 Incentive alguns a realizar alguma tarefa. Ter um foco ajuda na


estabilidade

 Permita a catarse

 Atrase ações impulsivas (diga que não é um bom momento


para tomar decisões ou aplique técnicas de distração)

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


I - Intervention (Intervenção)
Suavizar o estresse agudo, adotando uma melhor
capacidade para funcionar

 Educação 1: orientação explicativa. As pessoas querem saber por


que isso aconteceu.

 Normalizar: as pessoas querem saber se seus sintomas vão ser


normalizados, se outras pessoas passam por isso (saber que
outros sentem a mesma coisa provoca alivio e retira a sensação
de “enlouquecimento”).

 Tranquilizar e instalar esperança: é uma das coisas mais


poderosas que se pode fazer.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


I - Intervention (Intervenção)
Suavizar o estresse agudo, adotando uma melhor
capacidade para funcionar

 Educação 2: orientação antecipada acerca do que irá acontecer a


partir dali, tanto emocionalmente quanto ambientalmente (você vai
dormir em tal lugar, vai ser levado a, vai sentir tais coisas).

 Técnicas de gerenciamento de estresse: respiração profunda,


alimentação, resolução de problemas.

 Reenquadramento: uma outra maneira de olhar a adversidade


(poderia ter sido pior), ligado a ressignificação (uma porta fecha e
outra abre).

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


I - Intervention (Intervenção)

Vimos até aqui que:

1) Intervenção consiste basicamente de duas formas: estabilização e


mitigação.
 Estabilização: remoção de sinais provocativos, incentivo a
realização de uma tarefa (mudar o foco), atrasando ações
impulsivas.
 Mitigação: valor da educação, tanto explicativo e
antecipatória, normalização, garantia, técnicas de
gerenciamento de estresse e reenquadramento, ajudar as
pessoas a focarem não o que perderam, mas o que eles
tinham e como eles podem seguir em frente.

2) O apoio social é de extrema importância.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Disposição e Seguimento

D Disposition and
follow-up
Disposição e
seguimento

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


D – Disposition and follow-up

Pelo menos um follow-up (ideal = 3)


Para que?

 Analisar o quão bem as intervenções foram: as vítimas estão


bem, mais capazes? Estão cuidando das coisas? Voltaram ao
seu funcionamento?

 Facilitar o acesso ao próximo nível de cuidado: profissional é um


elo que liga a pessoa ao apoio necessário (psiquiátrico,
psicológico, médico, logístico, financeiro, espiritual).

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Sobre o modelo RAPID de Primeiros Socorros Psicológicos

 Mostrou eficácia nos programas piloto.


 É uma intervenção de crise: estabilização, mitigação e facilitação para
o próximo nível de cuidados.
 Não é a terapia e nem um substituto para ela.
 Pode ser feito por diversos profissionais.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Autocuidado do Profissional

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Autocuidado do Profissional

Os profissionais que atuam com este tipo de


intervenção devem ser:

 ativos e diretos,
 orientados a obtenção de objetivos rápidos,
 ágeis e flexíveis.

Moreno, 2003

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Autocuidado do Profissional

O provedor dos PSPs deve se cuidar para evitar


danos em função da exposição ao estresse e a dor
que advém do trabalho em situações de
emergências, desastres e crises.

Então...

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Autocuidado do Profissional

 Contato continuo com o sofrimento extremo das vitimas


 Consciência que não há controle absoluto sobre as situações
 Possibilidade de passar pelo evento
 Confronto direto com mortes inesperadas e traumáticas
 Consciência de que há pessoas que vão continuar impactadas
por todo seu futuro
 Vivenciar eventos que levam ao contato direto com a violência
exercida entre as pessoas.

Desgaste
Estresse

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Autocuidado do Profissional

Desgaste
Contato Visão de
por
com vida
ajudar Burnout
Eventos realista e
quem
Críticos dura
sofre

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Autocuidado do Profissional

Burnout

Estresse e Experiências prévias:


Há alguma? Quais os recursos para lidar?

Estresse Traumático secundário:


acumulado pela exposição aos fatores de risco.

Desgaste continuado por meio da acumulação, cansaço


e esgotamento em função de condições anteriores.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Autocuidado do Profissional

Sinais de Alerta
(descartar quaisquer problemas orgânicos)

Fadiga Dificuldade de
Dores Musculares Irritabilidade concentração
Problemas Mal humor Dificuldade para
gastrointestinais assumir
Ansiedade compromissos
Dificuldades para
Agressividade Isolamento
dormir
Frustração Dificuldade de
Mudança de hábitos
alimentares relacionamentos

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Autocuidado do Profissional

Descansar

Desconectar

Buscar apoios Sociais


Voltar a rotina!
O que fazer?

Praticar esportes

Atividades culturais

Entrar em contato com a natureza

Relaxamento e Meditação

Ter um Hobby e dedicar tempo à ele

Tomar sol

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Técnicas da Autocuidado após retorno

Ventilação: contar e compartilhar o que aconteceu

Descompressão: transição da emergência pra a vida normal.


Volta à rotina: cuidar da casa, animais, plantar, cozinhar, etc.

Técnicas grupais: Defusing e Debriefing


Constituem uma forma estruturada de abordar a recuperação.

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


O que vimos neste Curso?
 O que são PAPs e sua aplicação geral.

O que não vimos?


 Os PAPs aplicados nas diversas fases da vida
 Os PAPs nas necessidades especiais
 Os PAPs nas crises cotidianas
 As técnicas grupais de autocuidado profissional

Claudia Gracindo / Francisco Lotufo


Referências:
Blain, D., Hoch, P. y Ryan, V.G. (1945) A course in psychological first aid and prevention. American Journal of Psychiatry, 101, 629-
634.
Castro, Antônio L. C. de. Manual de Planejamento em Defesa Civil (vol. ll). Ministério da Integração Nacional. Brasília: Secretaria de
Defesa Civil, 2004, 86p.
Franco, M.H.P., A intervenção psicológica em emergências, fundamentos para a prática, 2015, editora Summus.
Jacobs, G.A. y Meyer, D.L. (2006). Psychological First Aid. En L. Barbanel y R.J. Sternberg (dir.). Psychological interventions in times
of crisis (pág. 57-71). Nueva York: Springer Publishing Company.
Melo, C.A.; Santos, F.A. As contribuições da psicologia nas emergências e desastres. Psicol inf., São Paulo , v. 15, n. 15, p. 169-
181, dez. 2011.
Muñoz M., Benito B. A., Santos E.P., Primeros auxilios psicológicos: protocolo ACERCARSE. Revista internacional de psicologia
clinica y de la salud, numero 3,2007, pg 479-506.
Trindade, M. C., & Serpa, M. G. (2013). O papel dos psicólogos em situações de emergências e desastres. Estudos e Pesquisas em
Psicologia, 13(1), 279-297.
I Seminário Nacional de Psicologia das Emergências e dos Desastres, 2006, Brasília. A Disciplina da Psicologia. Brasília: CFP, 2006.
Psychological First Aid (PFA): Johns Hopkins Center for Public Health Preparedness.
Primeiros Auxílios Psicológicos (PAP): Universidade Autônoma de Barcelona
Psychological First Aid An Australian guide to supporting people affected by disaster
Primera ayuda psicológica: Guía para trabajadores de campo (OMS)
Psicologia de emergências e desastres na América Latina: Promoção de direitos e construção de estratégias de atuação - CRP
Psychological First Aid - National Child Traumatic Stress Network National Center for PTSD
programa.psp.ipq@gmail.com
claudia.gracindo@hc.fm.usp.br

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