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TRABALHO DE TOXICOLOGIA
Arsênio antropogênico e natural: um estudo em regiões do Quadrilátero
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Arsênio antropogênico e natural: um estudo em regiões do Quadrilátero
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LISTA DE FIGURAS E TABELAS.................................................................................3
RESUMO...........................................................................................................................4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................5
1.‘ ESTUDOS PRELIMINARES............................................... ......................................6
2.‘ PROPOSIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO. ....................................10
3.‘ INFORMAÇÕES PARA A COMUNIDADE.............................................. .............12
4.‘ CONCLUSÃO...........................................................................................................13
5.‘ REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...........................................................................14
























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. Evolução temporal de arsênio total no ribeirão Água Suja, próximo de sua foz no
rio das Velhas, no período de 1997 a 2005. ............................... ................................................7

. Ocorrência de arsênio total na bacia do rio das Velhas de 1997 a 2004, nas estações
BV e de 2002 a 2004 nas estações AV.............................................. .........................................9

 ± Estatísticas descritivas da bacia do rio das Velhas....................... ............................7

 Correlações de Pearson R e Spearman relativas aos períodos seco e chuvoso..........8

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O quadrilátero Ferrífero é uma das áreas mais conhecidas no Brasil em razão de sua
riqueza em recursos e desenvolvimento econômico e social. O trabalho enfatizou a extensão
territorial que abrange o município de Santa Bárbara, que tem sido explorada pela mineração
e consequentemente, sofre com as implantações de depósitos de rejeitos de mineração
contendo expressivos teores de arsênio que contribuiu para a atual contaminação do local.
As fontes de arsênio na bacia do rio das Velhas concentram-se em seu alto curso, numa
região cuja importância econômica advém das explorações de minério de ferro, ouro e gemas.
O estudo estabelece medidas de variabilidade e de associação entre os parâmetros
fisicoquímicos de monitoramento da qualidade da água e verifica-se que na região do alto
curso do rio das Velhas, as maiores concentrações de arsênio ocorrem em períodos do ano
diferentes quando comparados ao restante da bacia.
Este estudo, mesmo ainda que em caráter preliminar, foi suficiente para avaliar a
potencialidade de contaminação por arsênio nos compartimentos ambientais e o seu impacto
no corpo humano o que justifica a necessidade de estudos mais aprofundados.
Em 2000, com base nos dados preliminares dessa campanha, foi submetido à aprovação
técnica o projeto Pesquisa da Contaminação por Arsênio, em 2001, desta vez incluindo
parcerias com empresas nacionais e internacionais. A partir daí, foram desenvolvidos
procedimentos que ajudassem na purificação da água potável, considerada a principal via de
contaminação pelo arsênio. Lembrando que a contribuição da população destes municípios
em estudos possibilita alcançar os resultados reais e encontrar melhorias para o bem estar
destas gerações e às futuras.
Finalmente, os resultados foram apresentados em fóruns científicos nacionais e
internacionais, de forma a viabilizar a troca de conhecimentos e a conseqüente criação de
novas proposições de abordagem ao tema.

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: Arsênio, contaminação, Quadrilátero Ferrífero.

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INTRODUÇÃO

Minas Gerais é o maior produtor de minério de ferro, nióbio, zinco e ouro do País d 
hoje. O quadrilátero Ferrífero é uma das áreas mais bem conhecidas no Brasil em razão de sua
riqueza em recursos e belezas naturais, de sua importante função na história brasileira e do
expressivo desenvolvimento econômico e social, especialmente nos anos 1950.
Neste trabalho daremos ênfase à extensão territorial que abrange o município de Santa
Bárbara, que tem sido explorada desde 1704 pelos bandeirantes em busca de ouro.
Assim como várias outras cidades mineiras, Santa Bárbara tem sua origem ligada ao
ciclo das minerações que deixa suas marcas na paisagem deste município. Um exemplo
importante das mudanças causadas pela mineração foi a implantação de depósitos de rejeitos
de mineração contendo expressivos teores de arsênio em um vale por onde passa o ribeirão
Cardoso, que passou a ser chamado de ribeirão Água Suja, considerado um importante
afluente do rio das Velhas que nasce na serra do Veloso, próxima à cidade de Ouro Preto, e
desemboca no rio São Francisco, a jusante de Pirapora. Isso se deveu, sobretudo, à
minimização de custos, à facilidade de transporte dos rejeitos para essas áreas e à
possibilidade de distribuí-los ao longo das drenagens afluentes.


6.‘ ESTUDOS PRELIMINARES

Na margem direita do ribeirão Água Suja, uma fábrica de trióxido de arsênio começou a
ser construída em 1910 até 1975. A matéria-prima era o minério que apresentava elevado teor
de arsenopirita, que era transformada em trióxido de arsênio, por sua vez recuperado e
comercializado. A antiga fábrica possuía uma chaminé apoiada ao longo do Morro do Galo, a
qual contribuiu para a atual contaminação do local. Constatou-se, por meio de sondagem, que
em certas áreas do Morro do Galo o teor de arsênio atinge 24,6% do material depositado. A
contaminação da água subterrânea era evidente, uma vez que a análise da água de poços
escavados à margem esquerda do rio das Velhas apresentava teor de arsênio de até 41,4 mg/L,
quando o limite de potabilidade é de 10 µg/L.
Verificaram que durante o período estudado houve ocorrências críticas de arsênio total
ao longo do todo o rio das Velhas, bem como seus tributários. Observa-se que os valores
máximos identificados estão bem acima do padrão legal. O maior valor médio foi encontrado
no ribeirão Água Suja, próximo de sua foz no rio das Velhas, e representa o dobro do valor do
limite estabelecido na legislação, que é de 0,05mg/L.
Mas, os pesquisadores perceberam que as águas do ribeirão Água Suja, próximo de sua
foz no rio das Velhas, mostram tendência de redução das concentrações de arsênio total ao
longo dos anos. No entanto, em abril de 2003 houve uma ocorrência acentuada de arsênio, e
que voltou a se reduzir nas amostras seguintes, chegando a atingir um valor bem baixo do
padrão legal em janeiro de 2004, como mostra a  a seguir.
As fontes de arsênio na bacia do rio das Velhas concentram-se em seu alto curso, numa
região cuja importância econômica advém das explorações de minério de ferro, ouro e gemas.
Fez-se um estudo para estabelecer medidas de variabilidade e de associação entre os
seguintes parâmetros fisicoquímicos de monitoramento da qualidade da água: condutividade
elétrica, sólidos dissolvidos, sólidos em suspensão, sólidos totais, turbidez, sulfatos, pH e
temperatura. A temperatura foi considerada por se tratar de uma variável que interfere na
disponibilidade do arsênio no meio aquático, juntamente com a variação de pH. Estes dados
estão disponíveis na  a seguir.


. Evolução temporal de arsênio total no ribeirão Água Suja, próximo de sua foz
no rio das Velhas, no período de 1997 a 2005.

Fonte: Projeto Água de Minas, 2004.

. ± Estatísticas descritivas da bacia do rio das Velhas.

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Arsênio total (mg L-1) 244 0,012 0,049
-1
Condutividade (µS cm ) 438 101,0 249,3
-1
Sólidos dissolvidos (mg L ) 438 91,2 217,6
-1
Sólidos em suspensão (mg L ) 438 220,2 517,2
-1
Sólidos totais (mg L ) 424 311,4 577,5
Turbidêz 438 247,3 647,9
Temperatura (°C) 438 21,3 2,8
-1
Sulfatos (mg L ) 197 33,8 138,6
pH 422 7,0 0,655
($$ )
Arsênio total (mg L-1) 270 0,017 0,028
-1
Condutividade (µS cm ) 348 144,6 106,5
-1
Sólidos dissolvidos (mg L ) 348 109,7 67,4
-1
Sólidos em suspensão (mg L ) 348 218,7 330,8
-1
Sólidos totais (mg L ) 348 328,4 352,4
Turbidêz 348 235,6 412,1
Temperatura (°C) 348 22,7 3,1
-1
Sulfatos (mg L ) 174 8,5 6,1
pH 348 7,1 0,515
Fonte: Projeto Água de Minas, 2004.
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Os resultados revelaram um aumento na concentração de arsênio que resulta em
aumento dos valores dos demais parâmetros. Houve exceção nas correlações entre arsênio e
temperatura, e arsênio e pH. No entanto, as correlações demonstram ser significativas, porém,
não lineares.
Avaliando-se o monitoramento, verifica-se que na região do alto curso do rio das Velhas
as maiores concentrações de arsênio ocorrem no período seco. No restante da bacia, as
maiores concentrações de arsênio foram constatadas no período chuvoso.

. Correlações de Pearson R e Spearman relativas aos períodos seco e chuvoso.


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P| 
Arsênio e condutividade
0,234 0,000 significativo 0,415 0,000 significativo
elétrica
Arsênio e sólidos
0,226 0,000 significativo 0,630 0,000 significativo
dissolvidos
Arsênio e sólidos em
0,255 0,000 significativo 0,382 0,000 significativo
suspensão
Arsênio e sólidos totais 0,346 0,000 significativo 0,553 0,000 significativo
Arsênio e turbidez 0,456 0,000 significativo 0,226 0,000 significativo
não
Arsênio e temperatura 0,074 0,247 0,187 0,003 significativo
significativo
Arsênio e sulfatos 0,211 0,003 significativo 0,318 0,000 significativo
não não
Arsênio e pH 0,021 0,751 -0,700 0,289
significativo significativo

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P| 
Arsênio e condutividade não
0,004 0,951 0,202 0,001 significativo
elétrica significativo
Arsênio e sólidos não
0,055 0,364 0,324 0,000 significativo
dissolvidos significativo
Arsênio e sólidos em
0,177 0,004 significativo 0,206 0,001 significativo
suspensão
Arsênio e sólidos totais 0,178 0,003 significativo 0,296 0,000 significativo
Arsênio e turbidez 0,211 0,000 significativo 0,171 0,005 significativo
Arsênio e temperatura 0,158 0,009 significativo 0,198 0,001 significativo
não
Arsênio e sulfatos 0,088 0,250 0,304 0,000 significativo
significativo
Arsênio e pH -0,098 0,107 significativo -0,196 0,001 significativo
Fonte: Projeto Águas de Minas, 2004.


 . Ocorrência de arsênio total na bacia do rio das Velhas de 1997 a 2004, nas
estações BV e de 2002 a 2004 nas estações AV.

Fonte: Projeto Águas de Minas, 2004.

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7.‘ PROPOSIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO.

O marco indutor do presente projeto iniciou-se em 1997, quando a idéia principal foi
avaliar, ainda que preliminarmente, compartimentos ambientais potencialmente contaminados
por arsênio e o seu impacto no corpo humano.
Enfocando áreas próximas ou situadas nos sítios de mineração no distrito de Nova Lima,
revelou contaminação por As dispersa em vários compartimentos ambientais tais como: solo,
água, plantas.
As áreas do projeto incluíram os municípios de Nova Lima, Santa Bárbara e Mariana.
Porém, Santa Bárbara foi inicialmente considerado como área de referência para o projeto
uma vez que ali, a mineração de ouro era supostamente menos intensa e mais recente.
Em abril de 1998, fez-se uma única campanha de amostragem. Durante um período de
três semanas, uma série de amostras foi coletada para que fossem avaliadas as concentrações
de As na maioria dos compartimentos ambientais. Amostras de água filtrada foram coletadas
para avaliar a presença de As no material suspenso e o seu armazenamento à curto prazo em
sedimentos de superfície após a precipitação da fase dissolvida. Amostras de superfícies de
solo foram coletadas nas ruas e hortas, para avaliar a acumulação. Uma primeira campanha de
amostragem de material biológico humano foi realizada. Urina de crianças, entre 8 e 12 anos
de idade, foi coletada em escolas públicas, totalizando uma amostra de apenas 126 crianças.
Essa primeira campanha revelou um enriquecimento de As bastante relevante em partes
de todos os compartimentos ambientais investigados, incluindo valores elevados de As no
corpo humano em uma porcentagem significativa das crianças investigadas. Tudo leva a
concluir que os resultados, de caráter preliminar, justificam a necessidade de estudos mais
aprofundados.
Em 2000, com base nos dados preliminares dessa campanha, foi submetido à aprovação
técnica o projeto Pesquisa da Contaminação por Arsênio, em 2001, desta vez incluindo
parcerias com empresas como: Fundação Estadual do Meio Ambiente, órgãos da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Companhia de Saneamento Minas
Gerais ± Copasa, Fundação Ezequiel Dias ±Funed, órgão da Secretaria de estado de Saúde,
Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Química da
Água em Karlsruhe e a Universidade Técnica de Freiberg, na Alemanha.
A meta fundamental do estudo era a identificação de todas as fontes de As assim como
sua qualificação e a qualificação de fluxo de As entre os compartimentos ambientais, para que

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pudesse avaliar a exposição humana e justificar propostas de atividades governamentais de
controle.
A comprovação dos resultados preliminares, de que pessoas, especialmente crianças,
estavam afetadas pelo arsênio levou a equipe a adotar uma abordagem menos acadêmica,
bastante prática e necessária, a fim de não somente coletar dados, mas gerar resultados
confiáveis e disponibilizá-los.
A proposta do projeto aborda três aspectos:
&!$: continuar aperfeiçoando sistematicamente o banco de dados e, portanto,
amostrar e analisar os compartimentos ambientais e interpretar os resultados obtidos.

$(: ensinar as populações das áreas alvo a se tornarem conscientes do risco
ambiental em sua vizinhança, assim como alertar as autoridades sobre o risco.
$: minimizar riscos através de diferentes medidas de remediação. Nas situações
em que a saúde humana esteja direta ou indiretamente em risco, a questão mais importante
está relacionada com ações de remediação.
No início do projeto, não havia uma estrutura técnica nem especialistas disponíveis entre
os parceiros, por isso foram implementadas, com a participação de membros experientes e de
iniciantes que pudessem aprender.
Para padronizar as técnicas de análise de As, foi adotada a espectrometria de absorção
atômica acoplada a um gerador de hidretos/ forno de grafite.
Uma vez que inúmeros estudos registraram casos que apontam ser o consumo de água
potável um dos maiores constituintes da contaminação de ser humano por As, no presente
projeto procurou-se avaliar adsorventes naturais com maior relevância para a remoção e
imobilização do As contido em água usada para consumo humano. A partir daí, foram
desenvolvidos procedimentos que ajudassem na purificação da água com a utilização de
substâncias como os óxidos e hidróxidos de ferro que têm capacidade de adsorver vários
ânions, incluindo os de arsênio contidos em soluções aquosas.

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8.‘ INFORMAÇÕES PARA A COMUNIDADE

Palestras foram realizadas sobre a problemática do arsênio para a população alvo, na


busca de um desenvolvimento efetivo da comunidade. A partir daí, foram feitas as avaliações
clínicas, coletadas as assinaturas de termo de adesão e de cessão voluntária de urina e/ou
cabelo, para posterior preparação, coleta e encaminhamento da material biológico aos
laboratórios para análise. Também foram coletadas amostras de água, hortaliças, solos e
sedimentos.
As oficinas esclareceram também a definição de formas de intervenção nas fontes de
contaminação por arsênio e proposição de medidas corretivas. Entende-se que uma
comunicação científica bem-sucedida é a chave para a mudança de atitudes. Somente após
compreenderem as implicações da situação e as consequências de ações e comportamentos
pessoais, os cidadãos estarão dispostos a mudar ou adaptar-se a situações diversas. A
personalização do mundo acadêmico nas comunidades ajudou a diminuir a lacuna entre os
leigos e profissionais locais, e membros do projeto. Tornou-se, então, mais fácil a aceitação
de estratégias de adaptação sugeridas.
O projeto seguiu com a divulgação na mídia, para que a problemática do arsênio nas
regiões em estudo ficasse conhecida.
Houve apresentação de resultados do projeto em fóruns científicos nacionais e
internacionais, de forma a viabilizar a troca de conhecimentos e a conseqüente criação de
novas proposições de abordagem ao tema.

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9.‘ CONCLUSÃO

É evidente a necessidade de estudos preliminares com abordagens científicas em


benefício não somente aos futuros desenvolvimentos nestas áreas, mas também para a
identificação de erros cometidos durante os progressos no passado.
Também é muito importante a conscientização da comunidade sobre as pesquisas e a
sua colaboração para alcançar os resultados da real situação em análise. Estabelecer uma
união entre a comunidade científica e a população a fim de encontrarem melhorias, progressos
e o bem estar destas gerações e às futuras.


10.‘REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DESCHAMPS, E., MATSCHULLAT, J.  /! !&/!(  !0 


 $1 $2$3 4+. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio
Ambiente, 2007.

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