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O ÁTOMO E AS LIGAÇÕES ATÔMICAS
INTRODUÇÃO
O comportamento macroscópico de um material pode ser previsto a partir da
análise do mesmo junto aos níveis subatômico, atômico e microscópico. Esse fato
torna necessário examinar o material, inicialmente, no tocante a sua microestrutura,
que é determinada pelos tipos de átomos e de ligações atômicas presentes. A
natureza dessas ligações apenas é compreendida quando o átomo é examinado
dentro do nível subatômico.
O ÁTOMO
A teoria atômica moderna é razoavelmente complexa, pois envolve conceitos
distintos daqueles usualmente descritos pela física clássica. De forma simplificada,
pode-se descrever o átomo como uma entidade constituída por três partículas
subatômicas, a saber: prótons, elétrons e nêutrons. O átomo é formado por uma
Ligações Atômicas 19
nuvem de elétrons que envolve o núcleo, onde residem prótons e nêutrons e que
concentra a quase totalidade da massa atômica. Enquanto a massa de um próton é
igual a 1,673x10-24g e sua carga elétrica é de +1,602x10-19 coulombs (C), o nêutron
tem massa igual a 1,675x10-24g e é eletricamente neutro. O elétron tem massa de
9,11x10-28g e carga igual a -1,602x10-19 coulombs. Assim, é possível concluir que a
quase totalidade do volume atômico concentra-se na nuvem de elétrons. Os
elétrons, particularmente os mais externos, determinam a maioria das
características elétricas, mecânicas, químicas e térmicas do átomos e assim, o
conhecimento básico do mesmo é necessário no estudo dos materiais. Os
elementos químicos conhecidos são caracterizados pelo número atômico (Z), que
está associado ao número de prótons em seu núcleo. A massa atômica (A) é
definida como a soma das massas dos prótons e nêutrons de um átomo. Enquanto
o número atômico é sempre o mesmo para um determinado átomo, o número de
prótons pode variar, o que leva à definição de isótopos, que está associado a um
átomo com diferentes valores de massa atômica. O peso atômico pode ser definido
como a média das massas atômicas dos isótopos de um átomo. A unidade de
massa atômica ou u.m.a. corresponde a 1/12 da massa atômica do isótopo mais
freqüente do elemento carbono.
Tentativas em se compreender a constituição da matéria remontam há
mais de 2.000 anos. Porém, apenas no século XIX, esforços foram envidados no
sentido de compreender a existência de uma unidade de formação de todos os
materiais denominada de “átomo”. Esse conceito foi idealizado na antiga Grécia,
por Leucippus e Democritus, e previa a existência de pequenas partículas que
não poderiam ser divididas, denominadas de “átomo”, palavra grega que significa
indivisível. A combinação de um átomo com outros poderia formar qualquer
“coisa” existente. Apesar de sua natureza rudimentar e pouco aprofundada, tal
conceito atômico sobreviveu por mais de 20 séculos e a constituição da matéria
apenas voltou a ser tratada após a era Newtoniana. No século passado, Dalton
introduziu os princípios da interação entre átomos, assumindo que a matéria
poderia ser formada por diferentes átomos, em proporções bem definidas, o que
originou a idéia de fórmula química.
20 Ligações Atômicas
QUANTIZAÇÃO DA ENERGIA
A observação de alguns fenômenos físicos sugeriam que as leis da
mecânica clássica de Newton e a teoria eletromagnética elaborada por Maxwell
eram falhas na interpretação dos mesmos, o que indicava a necessidade da
elaboração de novos conceitos, aglutinados no que convencionou-se chamar de
mecânica quântica. A seguir, são descritos alguns desses fenômenos, dentre os
quais podem ser citados a radiação térmica de um corpo negro, o efeito
fotoelétrico, e o espectro de emissão de gases sob descarga elétrica.
Um corpo negro pode ser definido como um sistema capaz de absorver a
totalidade da radiação nele incidente. Uma forma de compreender tal sistema é a
concepção de uma cavidade esférica provida de um pequeno orifício, através do
qual a radiação incidente pode entrar. Quando essa radiação entra na cavidade,
parte dela é absorvida e parte é refletida. Após um número suficiente de
reflexões, a radiação é totalmente absorvida, como ilustra a figura 2.3. Quando o
corpo negro é aquecido, este emite radiação e o tipo de radiação emitida
dependerá da temperatura do corpo. Em baixas temperaturas, o comprimento de
onda da emissão abrangerá principalmente a região do infravermelho.
22 Ligações Atômicas
2000 K
Potência Irradiada
1700 K
1300 K
1 2 3 4 5
λ (x 10 m)
-6
A
E
+
Energia Cinética. EC
V
Luz
C -
i νo
Freqüência da Luz,ν
(a) (b)
Figura 2.5. (a) Diagrama esquemático do experimento para observação do efeito
fotoelétrico; (b) energia cinética em função da freqüência da luz incidente na
superfície metálica.
Exemplo 2.1
A emissão de raios-X em um microscópio eletrônico de varredura permite
identificar os elementos presentes em uma amostra. O exame de uma amostra
metálica revelou picos de energia eqüivalentes a 8063 eV e 8556 eV. Determine
os elementos dessa amostra.
26 Ligações Atômicas
Solução
A partir das energias emitidas, é possível determinar os comprimento de
onda das mesmas, utilizando a relação de Plank.
hc
• =
E
• 1eV=1,6x10-19 J
• E1= 8063 eV ou 1,29x10-15 J
• E2= 8556 eV ou 1,38x10-15 J
• 1eV=1,6x10-19 J
• c=3,0x108 m/s
Logo:
hc 6,63x10 −34.3,0x108
1 = = = 0,1542 nm Cobre
E1 1,29x10 −15
MODELO DE BOHR
A etapa seguinte na procura por um modelo atômico consistente
necessariamente deveria envolver conceitos de quantização de energia relatados
anteriormente. Em 1913, ao avaliar a natureza do espectro de luz resultante da
emissão de energia de átomos de hidrogênio excitados, Niels Bohr associou
estados quânticos ao átomo. Utilizando-se de átomos de hidrogênio, o modelo de
Bohr previa que seus elétrons descreveriam órbitas circulares e com distâncias
até o núcleo bem definidas. Tais órbitas descreveriam círculos concêntricos,
associados a diferentes distâncias crescentes a partir do núcleo. A energia de um
elétron em uma determinada órbita seria constante e alteraria-se em quantidades
discretas à medida que o elétron mudasse de órbita.
No modelo de Bohr, a energia dos elétrons seria quantizada. Cada elétron
teria um valor específico de energia, que estaria ligado a uma órbita atômica
específica, e a alteração desse valor ocorreria através de saltos quânticos. Ao
passar para um nível energético maior, o elétron absorveria energia. Ao retornar
Ligações Atômicas 27
mv 2
FC = 2.10
r
onde 0 é a constante de permissividade do vácuo (8,85x10 -12 C2/Nm2), e é a
carga do elétron (1,6x10-19C), r é o raio da órbita circular do elétron e Z o número
atômico do átomo. Para um elétron com órbita estável, FA é igual a FC, ou:
Ze2 v2
= m 2.11
4 0 r 2 r
A energia potencial EP do elétron é obtida por meio da equação:
r r
Ze2 Ze2
FA dr =
4 0 r
2
dr = −
4 0r
2.12
Por outro lado, a energia cinética, EC, desse elétron é dada por:
m.v 2
EC = 2.13
2
Rearranjando a equação 2.11 e utilizando-se 2.13, tem-se:
m.v 2 Ze2
EC = = 2.14
2 8 0 r
Ligações Atômicas 29
Exemplo 2.2
Utilizando o modelo atômico de Bohr, determine e faça um diagrama dos
níveis energéticos de um átomo de hidrogênio.
Solução
Na solução desse problema são necessários as seguintes informações:
• Átomo de hidrogênio: Z=1;
• 0 = 8,85 x 10-12 C2/Nm2;
• e = 1,6 x 10-19C;
• 1 J = 6,242 eV
• m = 9,109x10-31 kg
• h = 6,623x10-34 J.s = 4,135x10-15 eV.s
Z 2 e 4m
ET = −
8n 2h 2 ( 0 )
2
13,6
ET = − eV para n=1, 2, 3, ...
n2
Valores de energia:
n 13,6
ET = − eV
n2
1 -13,60
2 -3,40
3 -1,51
4 -0,85
5 -0,54
6 -0,38
7 -0,28
E=-3,4 eV n=2
E1
E51
E41
E31
E21
E=-13,6eV n=1
Ligações Atômicas 31
Exemplo 2.3
Calcule o comprimento de onda de De Broglie de uma pedra com massa
de 100 g, em movimento retilíneo à velocidade de 5 m/s.
Solução
O comprimento de onda de De Broglie é dado por:
h
=
mv
Assim, utilizando os dados fornecidos:
• h = 6,623x10-34 J.s
• m = 100 g
• v = 5 m/s
pode-se obter :
6,623 x 10 -34 J.s
= = 1,32 x 10 -34 m
(0,1 kg) (5 m / s)
2
dv = 1 2.27
r = x2 + y2 + z2 2.33
Sabendo-se que:
1 2 1 2 1
= 2 r
2
+ 2 + 2 sen 2.34
r r r r sen
2 2
r sen
a equação 2.29 torna-se igual a:
1 2 1 2 1
r + 2 + 2 sen
r r r r sen
2 2 2
r sen
2.35
8 2 m
+ (E T − EP ) = 0
h2
36 Ligações Atômicas
r
l Secundário l=0,1,2,3,...,n-1
l=s, p, d, f,...
ml Magnético Valores Inteiro
de –l,(-l+1),...,0,...,(l-1), l
ms Spin 1 1
+ e –
2 2
Ligações Atômicas 39
n,l,ml R n,l,ml
3
− Zr 1 3
− Zr
Z 2 a0 1 Z 2 a0
e 4 e
a 0
1,0,0
a0
3
− Zr 1 3
− Zr
Z 2 Zr 1 Z 2 Zr 2a0
2 − e 2a0
4 2 − e
4 2 a 0 a 0
2,0,0
2a 0 a0
3 3
− Zr 3 − Zr
Z 2 Zr cos 1 Z 2 Zr
e 2a0
4 cos e 2a0
4 2 a 0
2,1,0
a0 3a 0 a0
3 − Zr 3
− Zr − Zr
Z 2 3 2a0 1 Z 2 Zr 2a0
Zr
e 2a0 e sene i e sen e i
8
8 a 0
2,1,1
2a 0 3 a0 a0
3 − Zr 3
− Zr 3 2a0 − Zr
Z 2 Zr e sen e −i 1 Z 2 Zr 2a0
e 2a0
8 e sen e −i
8 a 0
2,1,-1
2a 0 3 a0 0a
1s
R(r)
2p
0 2s
0 2 4 6 8 10 12 14
r/a o
Figura 2.11. Evolução do fator radial da função de onda para o átomo de hidrogênio.
1s
4 r 2 R(r)
2p
2s
0
0 2 4 6 8 10 12 14
r/a o
Figura 2.12. Probabilidade de encontrar um elétron em função da distância radial,
para os orbitais 1s, 2s e 2p, para o átomo de hidrogênio.
Ligações Atômicas 41
Z Z
Y Y
X X
(a) (b)
Z
Z
Y
Y
X
X
(c) (d)
Figura 2.13. Fator angular da função de onda para o hidrogênio: (a) 1s, 2s; (b) 2p
(ml=1); (c) 2p (ml=-1); (d) 2p (ml=0).
Z
(a) (b)
(c) (d)
Figura 2.14. Parte angular 2 da densidade de probabilidade de encontrar um
elétron para o hidrogênio: (a) 1s, 2s; (b) 2p (ml=1); (c) 2p (ml=-1); (d) 2p (ml=0).
42 Ligações Atômicas
Para o átomo de hidrogênio, com seu elétron no estado 1s, uma comparação
entre o modelo de Bohr e o da mecânica quântica dado pela equação de
Schrödinger pode ser visto na figura 2.15.
Probabilidade
Probabilidade
ao ao
Distância Radial Distância Radial
(a) (b)
DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA
A distribuição dos elétrons em torno do núcleo segue alguns princípios
fundamentais associados aos estados quânticos, ao princípio da exclusão de
Pauli, onde apenas dois elétrons podem ocupar um mesmo nível de energia e
mesmo assim, tais elétrons devem ter números quânticos spins opostos. Além
disso, vale lembrar que não é possível estabelecer completamente o movimento
de um elétron, à medida que o princípio da incerteza de Heisenberg sugere que
Ligações Atômicas 43
1A 8A
1 Z 2
1 H Xx He
1,00 2A A 3A 4A 5A 6A 7A 4,00
3 4 5 6 7 8 9 10
2 Li Be B C N O F Ne
6,94 9,01 10,81 12,01 14,00 15,99 18,99 20,18
11 12 13 14 15 16 17 18
3 Na Mg Al Si P S Cl Ar
22,98 24,30 3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B 26,98 28,08 30,97 32,06 35,45 39,95
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
4 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
39,09 40,08 44,96 47,88 50,94 51,99 54,94 55,85 58,93 58,69 63,54 65,38 69,72 72,59 74,93 78,96 79,90 83,8
37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54
5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
85,47 87,62 88,90 91,22 92,90 95,94 98,91 101,07 102,91 106,40 107,87 112,40 114,82 118,69 121,75 127,60 126,90 131,30
55 56 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86
6 Cs Ba Lu Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn
132,91 137,33 174,90 178,49 180,95 183,85 186,20 190,20 192,22 195,09 196,97 200,59 204,37 207,20 208,98 (209) (210) (222)
87 88 103 104 105
7 Fr Ra Lr Rf Ha
(223) 226,03 (260) (257) (260)
57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
Série dos Lantanídeos La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb
138,91 140,12 140,91 144,24 (145) 150,36 151,96 157,25 158,92 162,50 164,93 167,26 168,93 173,04
89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102
Série dos Actinídios Ac Th Pa U Np Pu Am Cm Bl Cf Es Fm Md No
227,03 232,04 231,04 238,03 237,05 (244) (243) (247) (247) (251) (254) (257) (258) (259)
1s
2s 2p
3s 3p 3d
4s 4p 4d 4f
5s 5p 5d
6s 6p 6d
7s
LIGAÇÕES QUÍMICAS
A estrutura interna dos materiais é resultado da agregação de átomos obtida
através de forças de ligação interatômicas. Esta agregação, em função das
características de tais ligações, pode resultar nos estados sólido, líquido e gasoso.
Basicamente, os átomos podem atingir uma configuração denominada de
estável a partir de três maneiras, quais sejam: ganho de elétrons, perda de elétrons
ou compartilhamento de elétrons. Tais características atômicas resultam na
existência de três tipos de ligações atômicas, denominadas como primárias ou
fortes, que são mostradas na tabela 2.4
ELEMENTO ELETROPOSITIVO
+ LIGAÇÃO IÔNICA
ELEMENTO ELETRONEGATIVO
ELEMENTO ELETROPOSITIVO
+ LIGAÇÃO METÁLICA
ELEMENTO ELETROPOSITIVO
ELEMENTO ELETRONEGATIVO
+ LIGAÇÃO COVALENTE
ELEMENTO ELETRONEGATIVO
LIGAÇÕES IÔNICAS
É o resultado da interação entre íons positivos (cátions) e negativos (anions),
que perderam ou ganharam elétrons. Um exemplo que pode ser considerado
clássico de ligação iônica ocorre na formação do NaCl (sal de cozinha).
Ligações Atômicas 47
Antes da
Reação
Após a
Reação Cl-
Na+
(a) (b)
LIGAÇÕES COVALENTES
Quando dois elementos eletronegativos, de caráter não metálico, reagem
entre si, não é formada uma ligação iônica, pois ambos os átomos têm facilidade em
receber elétrons. Neste caso, a configuração estável dos dois elementos ocorre por
compartilhamento de elétrons. Uma ligação covalente surge quando os átomos
apresentam orbitais semi-preenchidos. Quando existe o compartilhamento de
elétrons, tais orbitais completam-se mutuamente, gerando ligações bastante fortes.
As ligações covalentes podem ser altamente direcionais. Isto ocorre quando a
densidade de probabilidade (2) é mais elevada em algumas direções que outras
(vide figura 2.14.b, c e d). Caso a densidade de probabilidade seja esfericamente
simétrica, como mostra figura 2.14.a, a ligação é não direcional. Como exemplo de
ligação covalente, pode-se citar a formação da molécula de cloro Cl2. Cada átomo
de cloro compartilha um de seus elétrons com outro átomo, que é exemplificada na
figura 2.17.
Dessa forma, um par eletrônico pode ser compartilhado igualmente por dois
átomos e cada átomo tem na sua camada mais externa, seis elétrons originalmente
dele e um par compartilhado. Isto torna cada átomo eletronicamente estável e o
mesmo atinge a configuração do gás nobre argônio. Da mesma forma, a formação
da molécula de oxigênio envolve o compartilhamento de quatro elétrons. Ligações
covalentes podem ser observadas entre átomos de oxigênio e silício, como mostra a
figura 2.18, ou nos hidrocarbonetos presentes nos materiais poliméricos.
LIGAÇÕES METÁLICAS
Esse tipo de ligação é normalmente encontrado em metais e envolve a
interação entre elementos de caráter metálico. Para haver a ligação metálica é
necessário um número elevado de átomos. A ligação metálica é resultado da ação
entre elétrons livres (nuvem eletrônica) e íons positivos. Estes elétrons livres são
originários da última camada de valência, fracamente presos ao átomo, e que estão
livres dentro da estrutura metálica. A figura 2.19 mostra ligações metálicas
observadas em metais. Através de tais elétrons pode-se explicar as altas
condutibilidades elétrica e térmica dos metais. Outro fato que resulta dessa nuvem
de elétrons é a opacidade dos metais, pois quando a luz atinge um metal, seus
elétrons livres absorvem a energia incidente, em seguida, refletindo-a. A estrutura
dos sólidos formados por elementos metálicos é razoavelmente simples, à medida
que as ligações metálicas não são direcionais como as covalentes, não dependem,
50 Ligações Atômicas
- - - -
- - - -
- - - -
- -
(a)
- -
- -
- - - -
- -
- - - -
- -
- -
- + - +
(b)
Figura 2.20. Ilustração do fenômeno de efeito de dispersão de elétrons: (a) antes da
dispersão; (b) após a dispersão.
52 Ligações Atômicas
DISTÂNCIAS INTERATÔMICAS
Em um material no estado sólido, os átomos exibem um constante
movimento vibratório, ao redor de suas posições de eqüilíbrio. A intensidade de tal
vibração depende da temperatura em que se encontra o material. Nos estudos das
estruturas dos materiais sólidos, tal movimento pode ser considerado desprezível ao
se considerar que tal material é um agregado estático de átomos interligados e
localizados nos pontos de eqüilíbrio. Independente do tipo de ligação existente entre
dois átomos do agregado atômico em questão, seja ela iônica, metálica ou ainda
covalente, os pontos de eqüilíbrio resultam da interação de dois tipos de força. O
primeiro tipo é a força de atração, que é resultante da ligação existente (iônica,
metálica ou covalente) e é responsável pela agregação atômica. O outro tipo de
força a ser considerado é o de repulsão, que resulta da proximidade acentuada de
camadas eletrônicas dos átomos. A distância interatômica é resultado da interação
entre forças de repulsão e de atração, dando origem a uma distância de eqüilíbrio
entre os átomos, que é o ponto onde ambas as forças são iguais. Em termos de
energia, a distância de equilíbrio entre os átomos é aquela em que a energia
potencial tem valor mínimo ou quando a força de repulsão apresenta valor igual a de
atração.
Para ilustrar a interação de forças pode-se tomar o caso de uma ligação
iônica, onde tais forças podem ser determinadas mais facilmente. A força de atração
54 Ligações Atômicas
(FA) neste caso é dada pela ação de duas cargas pontuais e de caráter
coulombiano:
F =−
(Z1e)(Z2e) 2.46
A
4 o a 2
nb
F =- 2.47
R n+1
a
onde b e n são constante. Para a ligação iônica do NaCl, n assume valores entre 7 e
9. Assim, a força resultante (FT) é dada pela soma das forças de atração e repulsão:
( Z e)(Z e)
1 2 - nb 2.48
F =- n+1
T 4 a 2 a
o
a (Z e)(Z e)
E = - 1 2 -
nb
da 2.49
T 2 n + 1
4 a a
o
(Z Z e2) b
E =+ 1 2 + n 2.50
T 4 a a
o
FA
FA
FT
Distância entre
átomos ou íons, a
FR
ao=rcátion + rânion
FR
ao
Energia
Repulsão
Energia
Distância entre
átomos ou íons, a
ao=rcátion + rânion
Energia
Total
Energia
Repulsão
ao
Problemas
2.1. Descreva sucintamente as ligações atômicas primárias iônica, covalente e
metálica.
Ligações Atômicas 57
2.2. Após a ionização, por que um íon de sódio torna-se menor que um átomo de
sódio?
2.3. Após a ionização, por que um íon de cloro se torna maior que um átomo de
cloro?
2.4. Por que o diamante tem dureza muito elevada?
2.5. Por que os metais são bons condutores de calor e de eletricidade?
2.6. Por que os metais são opacos?
2.7. É possível obter ligações metálicas entre um conjunto muito pequeno de
átomos? Por que?
2.8. O silício, no estado líquido, apresenta um volume específico menor que no
estado sólido. Qual é a razão desse fenômeno?
2.9. Calcule a força de atração entre o par iônico Na+ e F-, quando os mesmos estão
se tocando. Assuma que o raio iônico do Na+ é 0,095nm e do F- é 0,136nm.
2.10. Os aços com baixo teor de carbono apresentam módulo de elasticidade
independente da quantidade desse elemento. Qual é a origem desse fato?
2.11. O elétron de um átomo de hidrogênio sofre uma transição, passando do
estado n=1 para n=3. Determine: (a) a variação da energia do elétron; (b) ocorreu
absorção ou emissão de energia? (c) a freqüência e o comprimento de onda da
energia emitida ou absorvida.
2.12. Que tipo de ligação apresenta um número elevado de átomos de sódio?
2.13. Determine a força de atração entre os íons Cl- e Na+ quando os mesmos
estão se tocando. O raio iônico do sódio é igual a 0,095 nm e o do cloro é 0,181
nm.