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1. ESTRUTURA ATÔMICA
1.1. A natureza elétrica da matéria
Os primeiros indícios importantes relativos à natureza da eletricidade e à estrutura elétrica
dos átomos foram obtidos em 1833, como resultado dos experimentos de Faraday sobre a
eletrólise. Faraday foi capaz de mostrar que a quantidade de um produto formado em uma
eletrólise depende da quantidade de eletricidade (1ª Lei), e da identidade (Equivalente grama) do
produto.
Pode-se perceber que as leis da eletrólise são análogas às leis que regem as reações
químicas, que inicialmente sugeriram a existência dos átomos. Se um número definido de átomos
se combina com uma quantidade definida de eletricidade, parece razoável supor que a própria
eletricidade seja constituída por partículas.
W Nmv 2 / 2 Eq. 1
Q Ne Eq. 2
Visto que Thomson já havia medido Q e W, bastava medir a velocidade das partículas para
calcular a relação e/m. Isto foi conseguido medindo-se a deflexão provocada pela ação de um
campo magnético de intensidade conhecida, B, sobre um feixe de raios catódicos. Partículas de
carga e e massa m deslocando-se com uma velocidade v, descrevem um movimento circular de
raio r quando se encontram sob a ação de um campo magnético. A equação que relaciona estas
grandezas é
V= erB/m Eq. 4
Todas as grandezas devem ser expressas em unidades consistentes. No sistema SI, W deve
estar em joules (J), r em metros (m), Q em coulombs (C) e B em tesla (T). O valor
experimentalmente encontrado de e/m por Thomson a partir de suas medidas simples foi
aproximadamente de 1,2x1011 C kg-1.
Uma maneira de verificarmos a validade do experimento é por meio da repetição da
determinação por um segundo método experimental, que seja o mais diferente possível do
primeiro utilizado.
No segundo método, um feixe de raios catódicos foi passado através de uma região na qual
ele estava sujeito à ação de um campo elétrico e um campo magnético. Independentemente, cada
um dos campos podia desviar o feixe de sua trajetória original, mas os campos elétricos e
magnéticos foram orientados de tal modo que o desvio provocado pelo campo elétrico fosse
exatamente o oposto ao daquele provocado pelo campo elétrico. Assim, se o campo elétrico
aplicado fosse mantido constante, a magnitude do campo magnético poderia ser ajustada de tal
modo que o feixe retornasse à sua trajetória original. Nesta condição, a força exercida pelo
campo magnético, Bev, sobre as partículas era exatamente igual à força exercida pelo campo
elétrico, eE. Logo,
Bev = eE
V=E/B
e 2 E
m l 2 B2
Os valores de e/m obtidos por Thomson não eram muito precisos, e ele apenas pode
concluir que tal relação é aproximadamente igual a 1x1011 Ckg-1. O valor atual, obtido
utilizando-se aparelhos muito mais sofisticados, com cinco significativos é igual a 1,7588 x1011
Ckg-1.
J. J. Thomson havia suposto que um átomo era uma esfera uniforme de matéria
positivamente carregada, dento da qual havia milhares de elétrons incrustrados. Thomson e seus
alunos imaginavam que a única questão dizia respeito ao número de elétrons que circulavam na
esfera. Por volta de 1910, Ernest Rutherford decidiu testar o modelo de Thomson. Ele havia
descoberto anteriormente que os raios α (alfa) eram partículas positivas carregadas que possuíam
a mesma massa dos átomos de hélio. Ele raciocinou que, se o modelo atômico de Thomson
estivesse correto, um feixe dessas partículas tão pesadas seria muito pouco defletido ao
atravessar uma folha delgada de ouro. Rutherford, com seus colaboradores Hans Geiger e Ernst
Marsden, montaram a aparelhagem mostrada na Figura 4 e observaram o que ocorreu quando as
partículas α atravessaram a folha de ouro. A maior parte passou direto, mas algumas partículas
foram defletidas em grandes ângulos, e outras quase voltavam à fonte! Mais tarde, Rutherford
descreveria esse experimento da seguinte forma: “Era como se você atirasse um projétil de 15
polegadas contra uma folha de papel e ele voltasse e o atingisse”.
Figura 4: Experimento de Rutherford
A idéia de que a luz é constituída por ondas eletromagnéticas deslocando-se no espaço foi
aceita sem contestação, até 1900. De acordo com a teoria eletromagnética clássica, a energia
contida ou transportada pela onda eletromagnética deveria ser proporcional ao quadrado das
amplitudes máximas das ondas devido aos campos elétrico e magnético. Segundo esta teoria, a
energia de uma onda depende somente de sua amplitude, e independe de sua frequência ou
comprimento de onda.
A teoria eletromagnética explicava com perfeição fenômenos ópticos tais como a difração
e o espalhamento. Entretanto, a pesar dos sucessos em explicar certos fenômenos, os quais
reforçavam a validade da teoria, esta não era adequada para explicar a natureza da radiação
emitida por um corpo sólido aquecido. As diferentes frequências das radiações (ν nu),
experimental observadas, emanadas pelo sólido distribuíam-se de acordo com a curva mostrada
na Fig. 6.
Luz Visível
EQUAÇÃO DE PLANCK
E = nhv
Efeito fotoelétrico
Desde 1902 sabia-se que a incidência de luz sobre uma superfície metálica limpa e no
vácuo, provoca a emissão de elétrons da mesma. A existência deste efeito fotoelétrico não foi
visto com surpresa, pois podia-se inferir, a partir da teoria eletromagnética clássica, que a energia
transportada pela luz poderia ser utilizada para remover um elétron do metal. Entretanto, esta
mesma teoria era completamente incapaz de explicar os detalhes experimentais. Em primeiro
lugar, nenhum elétron era emitido a menos que a frequência da luz fosse maior do que um
determinado valor crítico v0, como mostrado na Fig. 7a. Em segundo lugar, a energia cinética dos
elétrons emitidos aumentava simultaneamente com o aumento da frequência da onda
eletromagnética, como mostrado na Fig. 7b. E finalmente, o aumento da intensidade da luz
incidente não alterava a energia dos elétrons ejetados, mas aumentava o número de elétrons
emitidos por unidade de tempo Fig. 8. De acordo com a teoria ondulatória, a energia da luz
deveria ser independentemente de sua frequência. Assim, esta teoria era absolutamente incapaz
de explicar o porquê da dependência da energia cinética com a frequência e a existência de uma
frequência limite, v0, para o efeito foto elétrico. Além disso, a teoria clássica previa que a energia
dos elétrons deveria aumentar com o aumento da intensidade da luz incidente. Esta previsão
estava em completo desacordo com os resultados experimentais.
Em 1905, Einstein chegou à conclusão de que o efeito foto elétrico poderia ser explicado
se a luz fosse constituída por partículas discretas, ou fótons, de energia hv. Ele propôs que a
energia de um fóton de frequência v e energia hv seria transferida para um elétron quando ele
colidisse com a superfície do metal. Certa quantidade desta energia, E0, seria utilizada para
superar as forças atrativas entre o elétron e o metal. E o restante daquela energia deveria aparecer
na forma de energia cinética, 1/2mv2, do elétron ejetado. Aplicando a lei da conservação da
energia, temos que:
hv= E0 + ½ mv2
Então, torna-se óbvio que E0 é igual a energia mínima que o fóton deve transferir para o
elétron de modo que este possa ser ejetado do metal. Se expressarmos E0 em termos de
frequências, E0=hv0, e a equação pode ser reescrita como
Se uma alta tensão é aplicada a átomos de um elemento na fase gasosa em baixa pressão,
eles absorvem energia e assumem um estado que chamamos de “excitado” da luz branca (Fig. 9).
Os átomos excitados emitem luz; porém essa luz é diferente do espectro contínuo de
comprimento de onda.
O físico dinamarquês Niels Bohr forneceu a primeira conexão entre os espectros dos
átomos excitados e as idéias quânticas de Planck e Einsten. Do trabalho de Rutherford, sabia-se
que os elétrons são arranjados no espaço exterior ao núcleo do átomo. Para Bohr, o modelo mais
simples de um átomo de hidrogênio era aquele em que o elétron move-se em uma órbita circular
ao redor do núcleo da mesma forma que os planetas circulam ao redor do sol. Ao propor essa
hipótese, entretanto, ele teve de contradizer as leis da física clássica. De acordo com as teorias
daquele tempo, um elétron carregado que se move no campo elétrico positivo do núcleo deve
perder energia. Por fim, o elétron colidiria com o núcleo, da mesma maneira que um satélite em
órbita da Terra acaba na Terra à medida que o satélite perde energia por fricção contra a
atmosfera da terra. Mas os elétrons não se comportam dessa maneira; se fosse assim, a matéria
seria finalmente destruída.
Para resolver a contradição com as leis da física clássica, Bohr desenvolveu um modelo de
átomo baseado nos seguintes postulados:
1. No átomo, somente é permitido ao elétron estar em certos estados estacionários, sendo
que cada um deles possui uma energia fixa e definida.
2. Quando um átomo, estiver em um destes estados, ele não pode emitir luz. No entanto,
quando o átomo passar de um estado de alta energia para um estado de menor energia há emissão
de um quantum de radiação, cuja energia hv é igual à diferença de energia entre os dois estados.
3. Se o átomo estiver em qualquer um dos estados estacionários, o elétron se movimenta
descrevendo uma órbita circular em volta do núcleo.
4. Os estados eletrônicos permitidos são aqueles nos quais o momento angular do elétron
é quantizado em múltiplos de h/2π.
Dentre os quatro postulados, as duas primeiras estão corretas e são mantidas pela teoria
quântica atual. O quarto postulado está parcialmente correto: o momento angular de um elétron é
definido, mas não da maneira proposta por Bohr. O terceiro postulado está completamente errado
e não foi incorporado pela teoria quântica moderna. Combinando os postulados com as leis de
movimento da física clássica, Bohr mostrou que a energia potencial apresentada pelo único
elétron no enésimo nível de energia ou órbita do átomo de H é dada pela equação
En= - Rhc/n2 Eq. 8
que dá a energia em unidades de J/átomo. A cada órbita permitida foi atribuída um valor de
n, um número inteiro adimensional. Esse número inteiro é hoje conhecido como número
quântico principal do elétron.
A Eq. 8 tem diversas características importantes. Primeiro, a energia potencial do elétron
tem valor negativo. Isso resulta da lei de Coulomb. A energia de atração entre corpos com cargas
opostas tem valor negativo, e esse valor torna-se mais negativo à medida que os corpos se
aproximam. A equação de Bohr mostra que, com o aumento do valor de n, o valor da energia se
torna menos negativo Fig. 11. Bohr também mostrou que, à medida que n aumenta, a distância
entre o elétron e o núcleo aumenta.
Em seguida, observe a relação entre a energia potencial e o valor n. Um elétron na orbita n
= 1 é o mais próximo do núcleo e tem, portanto, a energia mais baixa ou mais negativa. O
elétron do átomo de hidrogênio está normalmente nesse nível de energia. Diz-se que um átomo
com seus elétrons nos níveis de energia mais baixos possíveis encontra-se em seu estado
fundamental. Quando o elétron de um átomo de hidrogênio ocupa uma orbita com n maior do
que 1, o elétron está mais distante do núcleo, o valor de sua energia é menos negativo e então
dizemos que ele está em um estado excitado.
Os níveis de energia de Bohr são consistentes para átomos monoeletrônicos e podem ser
corrigidos para ser utilizado em átomos multieletrônicos. Entretanto, aqueles níveis de energia
em si não explicam a tabela periódica. N caso do átomo de Li, mostrado na Fig. 12, apresentam
momento angular orbital igual a zero. Experimentos similares com o átomo de H indicaram que
o momento angular dos níveis S (n = 1) é igual a zero. A teoria periódica é coerente com a
existência dos octetos eletrônicos, mas a teoria de Bohr não. Obviamente, o modelo de Bohr
tinha de ser revisto.
Figura12: Níveis de energia observadas para o átomo de lítio.
A teoria de Bohr não era capaz de explicar os detalhes dos espectros de átomos
multieletrônicos, e nem era capaz de proporcionar uma explicação satisfatória relativa às
ligações químicas. Estas e outras falhas da teoria indicavam claramente que as idéias de Bohr
consistiam apenas em mais uma etapa para o desenvolvimento de uma teoria atômica geral.
Havia dois fatos mal explicados pela física teórica, no início da década de 1920. Uma era o
conflito entre o modelo ondulatório e corpuscular da luz. O outro era o fato do conceito de
quantização de energia ter sido introduzido na mecânica Newtoniana de uma forma pouco
aceitável, quase como um apêndice. O desenvolvimento de uma nova teoria mecânica parecia
inevitável, para eliminar o conflito entre o modelo corpuscular e ondulatório da luz e para fazer
com que o conceito de quantização surgisse como uma conseqüência de algum princípio mais
fundamental.
Dualidade onda-partícula
Em 1924, L. de Broglie tomou algumas das equações utilizadas anteriormente por Einsten
para descrever o fóton e rearranjou-os de modo a poder calcular o comprimento de onda de
partículas em movimento. Seu resultado foi
λ = h/mv=h/p Eq. 9
Hψi=Eiψi Eq.11
As energias permitidas E1, E2,E3, etc. são obtidas quando o operador Hamiltoniano H é
aplicado sobre as funções de onda ψ1, ψ2, ψ3, etc. O resultado numérico obtido é denominado um
auto-valor: somente quando H operar sobre uma função inicial ψi com seu auto-valor E1.
O operador Hamiltoniano pode ser escrito como a soma da energia cinética T e da energia
potencial V, ambos na forma de operadores. A energia cinética de uma partícula que se
movimenta somente na direção do eixo x é dada por
1 (mvx ) 2 px2
T mvx2 ,
2 2m 2m
Se este operador diferencial for elevado ao quadrado e for aplicado sobre ψ, temos que
h 2 d 2
T 2
8 m dx 2
No caso de uma partícula livre, cuja energia potencial é igual a zero, H = T. substituindo na
Eq. 11, obtemos a expressão
h 2 d 2
H 2 E
8 m dx 2
Os termos conhecidos desta equação são a massa da partícula m e sua energia potencial
expressa como uma função de x. Resolvendo-se a equação determinam-se os valores de E, o
autovalor para a partícula, e a função de onda. Quando estas equações são aplicadas a sistemas
reais tal como o átomo de hidrogênio, elas não podem ser resolvidas a não ser para certos valores
de E, relacionados por meio de números inteiros. Assim, a quantização de energia e os números
quânticos aparecem naturalmente da teoria de Schrödinger, não sendo necessário acrescentá-los
de maneira forçada à mecânica Newtoniana, como no caso da teoria de Bohr.
O que é ψ? Isoladamente ele não tem nenhum significado físico. Entretanto, o quadrado do
valor absoluto de ψ, |ψ2|, possui um significado físico importante. Esta é a expressão matemática
que nos possibilita calcular como a probabilidade de se encontrar uma partícula varia de lugar
para lugar. Portanto, as trajetórias exatas dadas pela mecânica Newtoniana e pela teoria de Bohr
não aparecem como um dos resultados da mecânica quântica.
A equação de Schrödinger tridimensional é uma simples extensão da Eq. 12, na qual o
termo que representa a energia cinética inclui os momentos da partícula nas direções y e z.
Infelizmente, neste caso temos de utilizar derivadas parciais, como mostrado abaixo:
h 2 2 2 2
2 2 2 2 V E
8 m x y z
O número quântico principal n pode ter qualquer valor inteiro 1 ao infinito. O valor de n é
o fator primário na determinação da energia de um elétron. Na verdade, para o átomo de
hidrogênio a energia varia somente em função do valor de n e é dada pela mesma equação
derivada por Bohr para o átomo de H: En = - Rhc/n2.
O valor de n define o tamanho de um orbital: quanto maior o valor de n, maior é a distância
média entre o elétron e o núcleo.
Cada elétron é rotulado de acordo com seu valor de n. Nos átomos que possuem mais de
um elétron, dois ou mais elétrons podem ter o mesmo valor de n. Dizemos que esses elétrons
ocupam a mesma camada eletrônica ou o mesmo nível eletrônico.
O numero quântico magnético, ml, está relacionado à orientação espacial dos orbitais em
uma subcamada. Orbitais em uma determinada subcamada diferem apenas quanto à sua
orientação no espaço, não quanto à sua energia.
O valor de l limita os valores inteiros atribuídos a ml podem variar entre +l e –l, incluindo o
zero. O número de valores de ml para uma determinada subcamada (2l+1) especifica o número
de orientações que existem para os orbitais daquela subcamada, e, portanto, o número de orbitais
na subcamada.
Figura 13: os dois estados de spin de um elétron podem ser representados como rotações.
ORBITAIS s
O fato de que a densidade de pontos ser maior mais perto do núcleo indica que o elétron é
mais frequentemente encontrado perto do núcleo. Colocando esta afirmação na linguagem da
mecânica quântica, dizemos que a maior probabilidade de encontrar o elétron está em um
minúsculo volume de espaço ao redor do núcleo. O esmaecimento da nuvem eletrônica com o
aumento da distância, mostrado pela diminuição da densidade de pontos na Fig. 14, é ilustrado
de modo diferente na Fig. 15. Aqui, mostramos um gráfico do quadrado da função de onda para
um elétron em um orbital 1s, multiplicado por 4π e a distância ao quadrado em função da
distância do elétron até o núcleo. As unidades de 4πr2ψ2 são 1/distância, de forma que o eixo
vertical desse gráfico representa a probabilidade de se encontrar o elétron em cada nanômetro
cúbico, por exemplo, a uma determinada distância do núcleo. Por esse motivo, 4πr2ψ2 é às vezes
chamada de curva da superfície de densidade ou curva de distribuição radial. Para um orbital 1s,
4πr2ψ2 é zero no núcleo, mas a probabilidade é muito alta a uma distância curta do núcleo, e
decai rapidamente à medida que aumenta a distância para o núcleo.
Para o orbital 1s, a Fig. 14 mostra que o elétron encontra-se muito provavelmente dentro
de uma esfera com o núcleo no centro. Não importa em que sentido você se afaste do núcleo, a
probabilidade de encontrar um elétron é a mesma a uma mesma distancia do núcleo Fig. 15.
Figura 15: Uma curva da densidade de probabilidade em função da distancia do núcleo para um átomo com
um elétron, com uma onda eletrônica 1s.
Uma característica importante dos orbitais (1s, 2s, 3s e assim por diante) é que todos têm
formato esférico. Porém existem algumas diferenças importantes entre orbitais s com n diferente;
o tamanho do orbital s e sua energia aumenta à medida que n aumenta Fig16. Assim, o orbital 1s
é mais compacto do que o orbital 2s, que por sua vez é mais compacto do que o orbital 3s.
ORBITAIS p
Os orbitais atômicos para os quais l = 1 são orbitais p e todos têm o mesmo formato básico.
Todos os orbitais p têm um plano imaginário que passa através do núcleo e que divide a região
de densidade eletrônica ao meio (Fig. 17). Esse plano imaginário é chamado de superfície nodal,
na qual a probabilidade de se encontrar o elétron é zero. O elétron nunca deve ser encontrado na
superfície nodal; as regiões de densidade eletrônica encontram-se de um lado do núcleo ou do
outro. Uma curva da probabilidade eletrônica versus distância começaria em zero no núcleo,
cresceria a uma máxima e, então, cairia em distâncias ainda maiores. Cada orbital é rotulado de
acordo com o eixo ao longo do qual ele se encontra (px, py ou pz)
ORBITAIS d
Os cinco orbitais d, para os quais l = 2, têm duas superfícies nodais, o que resulta em
quatro regiões de densidade eletrônica. O orbital dxy, por exemplo, fica no plano xy, as duas
superfícies nodais são os planos xz e yz (Fig. 18). Outros dois orbitais, dxz e dyz, ficam nos planos
definidos pelos eixos xz e yz, respectivamente, e também possuem duas superfícies nodais
mutuamente perpendiculares.
Dos dois orbitais d restantes, é mais fácil visualizar o orbital dx2-y2. Assim como o orbital
dxz, o orbital dx2-y2 resulta de dois planos verticais que dividem a densidade eletrônica em quartos.
Porém, nesse caso, os planos seccionam os eixos x e y, de modo que as regiões de densidade
eletrônica localizam-se ao longo dos eixos x e y.
O último orbital d (dz2), tem duas regiões principais de densidade eletrônica ao longo do
eixo z, mas uma “rosca” de densidade eletrônica também ocorre no plano xy.
ORBITAIS f
Todos os sete orbitais f têm l = 3. As três superfícies nodais fazem com que a densidade
eletrônica encontre-se em oito regiões do espaço. Esses orbitais não são visualizados tão
facilmente, mas um orbital f é ilustrado na Fig. 19.
Todos os átomos neutros, exceto o hidrogênio, têm mais de um elétron. Um átomo neutro
de um elemento com número atômico Z > 1 têm Z elétrons. Esses átomos são conhecidos como
átomos multieletrônicos.
Os elétrons em átomos multieletrônicos ocupam orbitais semelhantes aos do átomo de
hidrogênio. Entretanto, as energias desses orbitais não são iguais às do átomo de hidrogênio. O
núcleo de um átomo multieletrônico tem um número maior de cargas do que o núcleo do
hidrogênio e atrais os elétrons mais fortemente, diminuindo sua energia. Entretanto, os elétrons
também se repelem uns aos outros, o que aumenta sua energia. No caso do átomo de hélio, por
exemplo, em que a carga do núcleo é +2, a energia potencial total é dada por três termos:
Um elétron s de qualquer das camadas pode ser encontrado em uma região muito próxima
do núcleo, e podemos dizer que ele pode penetrar através das camadas internas. Um elétron p
penetra muito menos, porque o momento angular do orbital impede a aproximação entre o
elétron e o núcleo (Fig. 20). Vimos que sua função de onda tem um nodo que atravessa o núcleo;
logo, a densidade de probabilidade do elétron é zero no núcleo para o elétron p. Como o elétron p
penetra menos que um elétron s através das camadas internas do átomo, ele está mais
efetivamente blindado em relação ao núcleo e por isso experimenta uma carga efetiva menor do
que a que um elétron s experimenta. Em outras palavras, um elétron s está mais firmemente
ligado ao núcleo do que um elétron p e tem energia ligeiramente menor (mais negativa). Um
elétron d está menos firmemente ligado ao núcleo do que um elétron p da mesma camada,
porque é menos capaz ainda de se aproximar do núcleo. Isto é, os elétrons d têm energia mais
alta do que os elétrons p da mesma camada, que por sua vez, têm energia mais alta do que os
elétrons s daquela camada.
Configuração eletrônica
Raio Atômico
As nuvens de elétrons não têm fronteiras bem definidas; logo, não é possível medir o raio
exato d um átomo. Entretanto, quando os átomos se organizam como sólidos e moléculas, seus
centros encontram-se em distâncias definidas uns dos outros. O raio atômico e um o raio atômico
de um elemento é definido como sendo a metade da distância entre os núcleos de átomos
vizinhos. Se o elemento é um metal, o raio atômico é a metade da distancia entre os centros de
átomos vizinhos em uma amostra sólida. Por exemplo, como a distância entre os núcleos
vizinhos do cobre sólido é 256 pm, o raio atômico do cobre é 128 pm. Se o elemento é um não-
metal usamos a distância entre os núcleos de átomos unidos por uma ligação química. Esse raio
também é chamado de raio covalente do elemento. Como exemplo, a distância entre os núcleos
de uma molécula de Cl2 é 198 pm; logo, o raio covalente do cloro é 99 pm.
A Fig. 23 mostra a variação do raio atômico com o número atômico. O aumento em cada
grupo, como do Li para o Cs, por exemplo, faz sentido: cada novo período, os elétrons mais
externos ocupam uma camada mais distante do núcleo. O decréscimo em cada período, como do
Li para o Ne, por exemplo, é surpreendente a princípio, porque o número de elétrons cresce com
o número de prótons. A explicação é que os novos elétrons estão na mesma camada e estão tão
próximos do núcleo como os demais elétrons da mesma camada. Como eles estão espalhados, a
blindagem da carga nuclear sobre um elétron pelos demais não é muito eficiente e a carga
nuclear efetiva cresce ao longo do período. A carga nuclear efetiva crescente atrai o elétron para
o núcleo e, como resultado, o átomo é mais compacto.
Energia de Ionização
Observe que a remoção de cada elétron subsequente requer mais energia porque o elétron
está sendo removido de um íon cada vez mais positivo. As duas primeiras etapas de ionização
são para a remoção dos elétrons da camada mais externa, ou de valência, de elétrons. O terceiro
elétron, entretanto, deve vir da subcamada 2p. Essa subcamada tem energia significativamente
mais baixa do que a subcamada 3s, e uma energia consideravelmente maior é necessária para
remover o elétron com n = 2 do que para os elétrons com n = 3.
Para elementos do grupo principal (blocos s e p), as primeiras energias de ionização
geralmente aumentam ao longo de um período e diminuem grupo abaixo (Fig. 24). A tendência
ao longo de um período é racionalizada pelo aumento na carga nuclear efetiva, com o aumento
do número atômico. Isso não significa apenas que o raio atômico diminui, mas também que a
energia necessária para remover um elétron aumenta a diminuição geral na energia de ionização
grupo abaixo ocorre porque o elétron removido está cada vez mais distante do núcleo, reduzindo
assim a força atrativa núcleo-elétron.
Um exame mais detalhado das energias de ionização revela que a tendência ao longo de
determinado período não é suave, especialmente no segundo período. Variações são observadas
ao passarmos dos elementos do bloco s aos do bloco p; por exemplo, do berílio ao boro. Isso
ocorre porque os elétrons 2p têm energia ligeiramente mais alta do que os elétrons 2s, e,
portanto, a energia de ionização do boro é menor do que a do berílio.
Os menores valores de IE ocorrem na parte inferior à esquerda da Tabela Periódica e o
mais alto na parte superior à direita. Elementos com baixa energia de ionização devem formar
cátions facilmente e devem conduzir eletricidade no estado sólido. Elementos com energias de
ionização alta não devem formar cátions facilmente ou conduzir eletricidade.
Afinidade Eletrônica