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Descoberta do Elétron e Medida da Razão Carga/Massa

Thiago Fonseca dos Santos - 21951726


Victor Vinicius Borges - 21850640
Departamento de Física – Universidade Federal do Amazonas
Manaus, AM – Brasil
Email(s): thiagof.1997@gmail.com; vtborges78@gmail.com
Julho, 2022

1 - Introdução denominação de raios catódicos. No século


XIX, inúmeros físicos e cientistas
A descoberta da existência do elétron não desenvolveram experiências sobre a
ocorreu de um dia para o outro e nem de condução da eletricidade através dos gases.
uma única vez, foi fruto do trabalho de Tais experiências eram realizadas na
milhares de cientistas empenhados em maioria das vezes com tubos de vidro, nos
pesquisas sobre a estrutura da matéria. Essa quais eram aplicadas duas placas metálicas
descoberta foi um acontecimento que denominadas de ânodo e cátodo, uma em
revolucionou tanto a química quanto a cada extremidade, sobre elas se aplicavam
física. Atualmente sabemos que o elétron ́e altas voltagens. Quando a corrente elétrica
uma partícula que possui carga negativa e passava pelo gás existente no tubo, ela era
que pode ser encontrado nos átomos que mostrada em um amperímetro ligado ao
constituem toda e qualquer substância, mas esquema experimental. Durante a execução
a descoberta dessa partícula é relativamente dos experimentos, os cientistas perceberam
recente e ocorreu no final do século XIX e um fato inesperado: a corrente elétrica era
foi resultado dos trabalhos desenvolvidos indicada no amperímetro mesmo quando se
pelo físico inglês J.J Thomson quando ele alcançava alto nível de vácuo. Tivemos em
se interessou pelas pesquisas da natureza e 1857 a invenc̃ao do tubo (chamado também
propriedades de certas radiações, as quais de tubo de Geissler) pelo físico e soprador
na época eram conhecidas com de vidro alemão Heinrich Geissler. Esse

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tubo consiste em um cilindro de vidro a tensão entre o catodo e o anodo fica bem
selado e parcialmente evacuado de várias elevada surge um feixe luminoso que sai do
formas com um eletrodo de metal em cada catodo e atravessa o tubo. São os ”raios
extremidade, contendo gases rarefeitos catódicos". Esses experimentos fizeram
como neon, argônio ou ar; vapor de Thomson concluir que os raios eram na
mercúrio ou outros fluidos condutores; ou verdade um feixe de partículas carregadas
minerais ou metais ionizáveis, como o negativamente e que possuíam massa. É
sódio. Quando uma alta tensão é aplicada importante dizer que também se teve na
entre os eletrodos, uma corrente elétrica flui época o tubo de Perrin, na qual mostrava
através do tubo. A corrente dissocia os melhor a característica de partícula, pois no
elétrons das moléculas de gás, criando tubo só passava uma fatia horizontal do
´ıons, e quando os elétrons se recombinam feixe, o que o tornava mais colimado e
com os ´ıons, o g´as emite luz por definido. Quando colocado perto do tubo
fluorescˆencia. A cor da luz emitida é um campo magnético, o raio sofria uma
característica do material dentro do tubo, deflexão na qual se mostra bem visível
sendo que muitas cores e efeitos de nesse tubo. Abaixo, ilustrações dos tubos:
iluminação diferentes podem ser
alcançados. Como foram as primeiras
lˆampadas de descarga de gás, os tubos
Geissler eram novidade e eram feitos em
muitas formas e cores artísticas para
demonstrar a nova ciˆencia da eletricidade.
No início do século XX, a tecnologia foi
comercializada e evoluiu para a iluminação
neon. Logo depois, inventado pelo físico
inglês William Crookes e outros por volta
de 1869-1875, através do qual os raios
catódicos foram descobertos tivemos o tubo
de Crookes. Em uma ampola, William
Crookes submeteu um gás a uma pressão
menor que a pressão atmosférica e a uma
alta tensão. Quando os elétrons saem do O tubo de Geissler também se
catodo, colidem com moléculas do gás e apresenta em diversas cores. Na imagem
ocorre a ionização do gás e liberação de luz consta uma das cores.
que ilumina toda a ampola. A partir desses
experimentos , J. J. Thomson observou que
esse fenˆomeno é independente do gás e do
metal utilizado no eletrodo (até porque ele
utilizou diferentes tipos). A partir dessa
conclusão, Thomson pôde, posteriormente,
descobrir a existência do elétron. A ampola
de Crookes é feita de vidro ou quartzo e
dentro dela se faz o vácuo. Ela contém duas
placas metálicas ligadas a uma fonte de
tensão elétrica. A placa ligada ao pólo
negativo é chamada de catodo e a outra,
ligada ao pólo positivo, é o anodo. Quando

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gota de óleo de Millikan”. Abaixo, o seu
experimento:

Figura 4: Experimento da gota de óleo


de Millikan

Millikan obteve um valor para a carga do


elétron de 1, 60×10−19C(Coulomb)a qual
chamamos de constante elementar. Com
isso ele pôde, então, calcular a massa do
Portanto, logo J.J Thomson viu elétron, usando também o valor 𝑒/𝑚
que os raios catódicos eram compostos por (carga-massa) obtido por J.J Thomson a
partículas negativas, onde essas partículas 8
qual tem o valor de 1, 76 × 10 C/g.
foram denominadas elétrons. Entretanto, J.J
Thomson, através do experimento não
conseguiu diretamente medir a carga do
2 - Experimento
elétron. Ele simplesmente obteve a razão
em (Razão carga massa do elétron). Com o Temos incluso no experimento, os
equipamento que temos em nosso tubos de raios catódicos na qual o professor
laboratório, é justamente essa razão Haroldo possibilitou que visualizassemos o
carga-massa do elétron que iremos obter, que temos disponível em nosso laboratório
além de que visualizamos os raios catódicos da universidade (UFAM). Logo em seguida
em todos os tubos citados. Sabendo que J.J o experimento que utilizamos para medir a
Thomson somente conseguiu obter a razão razão carga-massa e obter nossos
e/m (carga-massa) do elétron, Robert resultados.
Millikan em 1909 conseguiu medir com
êxito a carga de um el´etron realizando o
que é conhecido como ”experimento da

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3 - Análise

A problematização do nosso experimento


em resumo é a determinação de em (razão

Figura 5: Equipamento Utilizado para da carga-massa) pela análise da trajetória de


Obtenção dos Dados um feixe de elétrons através dos campos
elétrico e magnético, transversais, de
intensidade variável. Como foi visto na
• Tubo de feixe estreito
seção do experimento, o equipamento
• Par de bobinas de Helmholtz E possui bobinas, portanto como a corrente
deve ser a mesma em ambas as bobinas, a
• Voltımetro, 0.3-300 V-DC,10-300
conexão em série é preferível à paralela. A
V-AC
corrente contínua máxima utilizada não
• Amperímetro 1/5 A DC 2 deve exceder o valor de 5A. Se a polaridade
do campo magnético for correta, uma
• Multímetro digital
trajetória curva luminosa será visível em
• Cabo de conexão, 100 mm, vermelho uma sala escurecida. Variando-se o campo
magnético (corrente) e a velocidade dos
• Cabo de conexão, 500 mm, vermelho
elétrons (potencial de foco e acelerador)
• Cabo de conexão, 500 mm, azul pode-se ajustar o raio da órbita de modo a
fazê-lo coincidir com os raios pré-definidos
• Cabo de conexão, 1000 mm, vermelho
da escala de hastes metálicas. Quando o
• Cabo de conexão, 1000 mm, amarelo feixe eletrônico coincide com uma das
hastes da escala, somente metade do círculo
• Cabo de conexão, 1000 mm, azul
é observada. Os valores pré-definidos na
• Cabo de conexão, 1000 mm, preto escala são 3, 4, e 5 cm. Maiores detalhes
sobre o funcionamento do tubo de feixes
• Cabo de conexão, 2000 mm, azul
colimados são fornecidos no manual de
• Fonte de alimentação, universal operação correspondente. A trajetória
helicoidal do feixe é indicação de que os
• Sonda Hall , axial
elétrons não estão sendo projetados
• Gaussímetro, digital perpendicularmente ao campo magnético.
Isto pode ser corrigido rodando-se o tubo
• Fonte de alimentação, 0...600 VDC
em torno de seu eixo longitudinal. Ao total,
foram feitas 4 medidas para os valores

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citados acima de 3, 4 e 5 cm, cujo esses sendo 𝑉𝑎𝑝 o potencial aplicado (ou tensão
valores se referem ao raio do rastro do aplicada), e ( 𝑚𝑒 ) a massa do elétron.
elétron. Cada medida dessa nos deu valores
Sabendo disso, isolamos a velocidade na
de corrente e tensão, sem falar que
equação da relação da força centrípeta e o
consideramos também nos cálculos o raio
produto da carga elementar, velocidade e
da bobina que é de 0,2m e o número de
campo magnético e substituímos essa
espiras com o valor de 154. Após isso,
velocidade na equação de energia cinética,
temos as relações matemáticas que nos dará
surge o termo 𝑒/𝑚 ao qual queremos:
os valores de e/m de B (campo magnético
em Tesla): Partimos então de que o elétron 𝑒 2𝑉𝑎𝑝
𝑚𝑒
= 2 2
entra em um campo magn´etico e sofre uma 𝐵𝑅

força de Lorentz:
Após isso, precisamos saber como
𝐹 = 𝑒𝑣 × 𝐵 calculamos o B (campo magnético).
Todavia, o manual do experimento nos diz
sendo (F) a força centrípeta, (𝑒) a carga
que B é dado por:
elementar do elétron e (B) o campo
magnético. Escrevendo F como força µ0𝑁𝐼
𝐵 = 0, 716 𝑟
centrípeta e o produto vetorial através da
definição de produto vetorial, fica: sendo N o número de espiras, I a corrente
2 dada pelo nosso multímetro em A
𝑣
𝑚 𝑅
= 𝑒𝑣𝐵𝑠𝑒𝑛θ (Ampére), r o raio da bobina (ao qual não
varia) e µ0 a constante de permeabilidade
porém há uma condição de ortogonalidade
entre a velocidade e o campo magnético, magnética do vácuo. Substituindo B na
𝑜 equação de e/me, obtemos:
então seu sen90 dá 1, ficando:

2
𝑣
𝑚 𝑅
= 𝑒𝑣𝐵

agora olhando isso no contexto de energias,


temos a conservação da energia sobre o lembrando que tanto a corrente em Ampere
elétron e, a partir disso visualizamos a e a tensão (Vap) em volts são dadas pelo
energia potencial e cinética como: equipamento do experimento através do
multímetro. Sabemos também os valores
2
𝑚𝑒 𝑣
𝑒𝑉𝑎𝑝 = para o N (número de espiras), R (raio do
2
rastro do elétron), r (raio da bobina) e a
constante de permeabilidade.

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4 - análise deduzimos as equações necessárias para
encontrarmos essa razão carga massa e o
A partir dos dados obtidos através do
campo magnético, sendo importante
experimento, cálculos, tem-se as seguintes
ressaltar que primeiro achou-se o campo
tabelas
magnético para assim obtermos a razão
carga massa. As equações de B e de e/m
foram colocadas no excel (como mostra as
figuras de 6 a 8) obtendo assim o resultado
e o erro. O valor real obtido por J.J
Thomson e que consta na literatura é de:
Figura 6: tabela de 𝑒/𝑚 com 𝑅 = 0, 03m
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𝑒/𝑚 = 1, 759 × 10 𝐶/𝑘𝑔

olhando os resultados na seção resultados,


nota-se que chegamos para valores bem
próximos.

6 - conclusão
Figura 7: tabela de 𝑒/𝑚 com 𝑅 = 0, 04m A visualização dos tubos de raios catódicos
é muito interessante, e sem dúvidas foi mais
interessante ainda na época em que foram
descobertos, sendo um marco inicial para o
então cálculo da razão carga-massa que
possibilitou a descoberta do elétron. Com
um erro relativo baixo para os raios a qual
Figura 8: tabela de 𝑒/𝑚 com 𝑅 = 0, 05m
foram feitas as medidas, pode-se dizer que
o experimento foi concluído com sucesso.
5 - discussão
7 - referências
Nesse experimento vimos os tubos de raios
catódicos que muito contribuíram para a [1] EISBERG, R.M. Fundamentos de Física
ciência. Após isso, realizamos o Moderna.. Editora campus
experimento de J.J Thomson cujo principal
[5] Quımica T. Brown, Química: a ciência
objetivo foi determinar a razão da carga
central, 9a ed. (Prentice-Hall, 2005), p. 1.
massa e/m do elétron. Fizemos então as
medidas para os raios 0,03 m, 0,04 m e [2] TIPLER, P. A . Fısica Moderna. Rio de

0,05m obtendo assim os dados necessários Janeiro, Ed. Guanabara Dois

para o cálculo de e/m. Na seção de análises

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