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Fosforilação Oxidativa

  A Fosforilação Oxidativa – é a transferência de elétrons na
Mitocôndria

As mitocôndrias, tais como as bactérias gram‐negativas, possuem
duas membranas.

A membrana mitocondrial externa é facilmente permeável a
pequenas moléculas ( Mr < 5.000) e íons que se movem livremente
através de canais transmembrana formados por uma família de
proteínas integrais de membranas chamadas de porinas.
A membrana mitocondrial interna é impermeável a maioria das
moléculas pequenas e de íons, incluindo prótons (H +).

As únicas espécies que atravessam a membrana interna são aquelas
para as quais existem transportadores específicos.

A membrana interna contém os  componentes  da cadeia respiratória
e a ATP sintase.
 Os Elétrons são Canalizados para Transportadores Universais de
Elétrons:

A fosforilação oxidativa começa com a entrada de elétrons na Cadeia
Respiratória.

 Muitos desses elétrons são provenientes da ação de desidrogenases
que coletam elétrons das Vias Catabólicas e os canalizam para os
aceptores universais de elétrons:

‐ Nucleotídeos de nicotinamida (NAD + ou NADP+) ou
‐ Nucleotídeos de Flavina (FMN ou FAD)
 Desidrogenases associadas a nucletotídeo de nicotinamida
Catalisam reações reversíveis dos seguintes tipos gerais:

Substrato reduzido  +  NAD +            substrato oxidado  +  NADH  +  H +

Substrato reduzido  +  NADP +          substrato oxidado  +  NADPH  +  H+

O NADH e o NADPH são transportadores de elétrons hidrossolúveis
que se associam reversivelmente com as desidrogenases.

NADPH  +  NAD +            NADP +   +   NADH


 O NADH carrega os elétrons derivados das reações Catabólicas até o
seu ponto de entrada na Cadeia Respiratória, o Complexo de NADH
desidrogenase.

O NADPH geralmente fornece elétrons para as reações Anabólicas.

Nem o NADH e nem o NADPH podem atravessar a membrana interna
da mitocôndria, mas os elétrons que elas carregam podem ser
lançados através dela.
 As Flavoproteínas apresentam um nucleotídeo de Flavina, o FMN ou
o FAD, fortemente ligados, às vezes até covalentemente.

O nucleotídeo de flavina oxidado pode aceitar um elétron (dando
origem a uma forma semiquinona) ou dois (originando o FADH2 ou
FMNH2).

Como as flavoproteínas podem participar tanto na transferência de
um ou como dois elétrons, elas podem funcionar como
intermediárias de reações em que dois elétrons são doados ( como
nas desidrogenações) e aquelas em que um elétrons é aceito (como
na redução de uma quinona para hidroquinona).
 Os Elétrons passam por uma Série de Transportadores Ligados à
Membrana

Na fosforilação oxidativa ocorrem três tipos de transferência de
elétrons:
(1) ‐ transferência direta de elétrons, tal como na redução de Fe3+
para Fe 2+ ,

(2) – transferência como um átomo de hidrogênio (H+  +  e ‐ ) e

(3) – transferência como um íon hidreto(:H‐), que possui dois elétrons.
 Além do NAD e das Flavoproteínas, três outros tipos de moléculas
transportadoras de elétrons funcionam na Cadeia Respiratória:

 ‐ Uma quinona Hidrofóbica (ubiquinona ou coenzima Q) e

‐ Dois tipos diferentes de proteína que contêm ferro :

a‐ citocromos e

b‐ proteínas ferro‐enxofre (clusters)
 A Ubiquinona ( também chamada de Coenzima Q ou simplesmente
Q), é uma benzoquinona lipossolúvel que apresenta uma longa
cadeia lateral isoprenóide.

A Ubiquinona pode aceitar um elétron, originando o radical
semiquinona (QH +), ou dois elétrons para formar o ubiquinol (QH2)
  A Ubiquinona, semelhantemente aos transportadores
flavoproteínas, ela deve atuar na junção entre um doador de dois
elétrons e um receptor de um elétron.

 Como a Ubiquinona é pequena e hidrofóbica, ela se difunde
livremente na camada lipídica da membrana interna mitocondrial e
pode transportar equivalentes redutores entre outros
transportadores de elétrons menos móveis na membrana.

 Como carrega tanto prótons quanto elétrons, ela desempenha um
papel central no acoplamento do fluxo de elétrons ao movimento de
prótons.
  Os citocromos são proteínas que apresentam como característica
uma intensa absorção de Luz, devido aos seus grupos prostéticos
heme, que contêm ferro.

 As mitocôndrias contêm três classes de citocromos designados de a,
b e c, que podem ser distinguidos por diferenças nos seus espectros
de absorção de luz.

 Os co‐fatores heme dos citocromos a e b estão fortemente, mas não
covalentemente, ligados as suas proteínas associadas; os grupos
heme do citocromo do tipo c estão ligados covalentemente por meio
de resíduos de Cys
  Os citocromos do tipo a e b, e alguns do tipo c são proteínas
integrais da membrana interna da mitocôndria.

  Uma notável exceção é o citocromo c da mitocôndria, uma proteína
solúvel que se associa com a superfície externa da membrana
interna da mitocôndria por meio de interações eletrostática.
 Nas proteínas ferro‐enxofre (inicialmente descoberta por Helmut
Bienert), o ferro está presente não no heme, mas associado a átomos
de enxofre inorgânico ou a átomos de enxofre do resíduo de Cys na
proteína, ou a ambos.

 Esses centros de ferro‐enxofre (Fe‐S) variam desde estruturas
simples, com um único átomo de Fe coordenado a quatro grupos Cys
– SH, até centros Fe‐S mais complexos com dois ou quatro átomos de
Fe.
 As proteínas ferro‐enxofre Rieske (denominada após sua descoberta),
são uma variação nesse tema, em que um átomo de ferro está
coordenado a dois resíduos de His em vez de dois resíduos de  Cys.

 Todas as proteínas ferro‐enxofre participam de transferência de um
elétron em cada átomo de ferro do arranjo ferro‐enxofre está
oxidado ou reduzido.

 Pelo menos, oito proteínas ferro‐enxofre funcionam na transferência
de elétrons da mitocôndria.
  Na reação completa catalisada pela cadeia respiratória mitocondrial,
os elétrons movem‐se do NADH, succinato ou de algum outro doador
primário de elétrons por meio das flavoproteínas, ubiquinona,
proteínas ferro‐enxofre, citocromo e, finalmente, para o O 2.
  Os Transportadores de Elétrons funcionam em Complexos
Multienzimáticos

Os transportadores de elétrons da cadeia respiratória estão
organizados em complexos supramoleculares embebidos na
membrana que podem ser fisicamente separados.

 Os complexos I e II catalisam a transferência de elétrons para a
ubiquinona a partir de dois doadores de elétrons diferentes: o NADH
(complexo I) e o succinato ( complexo II).

 O complexo III transporta elétrons da ubiquinona até o citocromo c,
e o complexo IV, completa a sequência transferindo elétrons do
citocromo c para o O2.
 ‐ Complexo I – NADH até a Ubiquinona – também chamado de
NADH:ubiquinona oxirredutase.

 É uma grande molécula de enzima composta por 42 cadeias
polipeptídicas diferentes, incluindo uma flavoproteína ligada a FMN e,
pelo menos seis centros de Fe‐S.

 Este complexo catalisa simultânea e obrigatoriamente dois processo
acoplados:
(1) – a transferência exergônica de um íon hidreto do NADH para a
ubiquinona e um próton da matriz
(2) – transferência endergônica de quatro prótons da matriz para o
espaço intermembranoso.

 Entretanto, o complexo I é uma bomba de prótons movida pela
energia de transferência de elétrons e a reação que ela catalisa é
vetorial: ela movimenta os prótons em direção específica de um local
(a matriz, que se torna negativamente carregada com a saída de
prótons) para outro (espaço intermembranoso, que se torna
positivamente carregado).
 Para enfatizar a natureza vetorial do processo, a reação global
geralmente é escrita com subscritos que indicam a localização dos
prótons:

‐ P para o lado positivo da membrana interna (espaço
intermembranoso),

‐  N para o lado negativo (a matriz):
Complexo II:  Succinato até Ubiquinona

 O complexo II, leva o nome de succinato desidrogenase; é a única
enzima do Ciclo de Krebs que é ligada à membrana.

Embora menor e mais simples que o complexo I, ele contêm dois
tipos de grupos prostéticos e, pelo menos, quatro proteínas
diferentes.

Uma proteína possui um FAD ligado covalentemente e um centro Fe‐
S com quatro átomos de Fe; uma segunda proteína ferro‐enxofre
também está presente.

Os elétrons passam do succinato para o FAD e, então, através dos
centros Fe‐S, para a ubiquinona.
 Complexo III:  Ubiquinona até Citocromo c

 O Complexo III, e o próximo complexo respiratório é também
chamado de complexo dos citocromos bc1 ou ubiquinona‐citocromo
c oxirredutase, acopla a transferência do elétrons do ubiquinol (QH2)
para o citocromo c com o transporte vetorial de prótons da matriz
para o espaço intermembranoso.
Ubiquinona – citocromo c
oxidorredutase (complexo III)
...

  Baseado na estrutura do complexo III e nos estudos bioquímicos
detalhados das reações redox, foi proposto um modelo razoável para
a passagem dos elétrons e prótons por meio desse complexo. A
equação global para as reações redox de ciclo Q  é:

QH2  +  2citc1(oxidado)     +  2H +N                 Q  +  2citc 1(reduzido)    +  4H +p


 Embora o caminho dos elétrons através desse segmento da cadeia
respiratória seja complicado, o efeito global da transferência é
simples:
QH2 é oxidado a Q e duas moléculas de citocromo c são reduzidas.

 O citocromo c é uma proteína solúvel do espaço intermembranoso.
Após o seu único heme aceitar um elétron do complexo III,  o
citocromo c se move em direção ao complexo IV para doar o elétron
para um centro de cobre binuclear nessa enzima.
 Complexo IV: citocromo c até o O 2.

 No passo final da cadeia respiratória, o complexo IV, também
chamado de citocromo oxidase, transporta dois elétrons do
citocromo c para o oxigênio molecular, reduzindo‐o a H 2O.

O Complexo IV é uma proteína grande (13 subunidades; Mr=204000)
da membrana mitocondrial interna.

 A subunidade II mitocondrial contém dois íons cobre complexados ao
grupo – SH de dois resíduos de Cys em um centro binuclear
(denominado CuA) que lembram as proteínas de centros 2Fe – 2S.
 A subunidade I contém dois grupos heme designados a e a3 e um
outro íon cobre (CuB). O heme a3 e o CuB formam um segundo centro
binuclear que aceita elétrons do heme a e então o transfere para o O2
ligado ao heme a3.
...
 A transferência de elétrons por meio do complexo IV ocorre do
citocromo c para o centro Cu A, do heme a para o heme a 3 – centro CuB
e finalmente para o O2.

 Para cada quatro elétrons que passam através desse complexo, a
enzima consome quatro “substrato” H+ da matriz (lado N)
convertendo o O 2 em H 2O.

 Ela também usa a energia dessa reação redox para bombear um
próton para o espaço intermembranoso (lado P) para cada elétron
transportado, aumentando o potencial eletroquímico produzido pelo
transporte de prótons, induzido pelas reações redox, através dos
complexos I e III.
  A reação global catalisada pelo complexo IV é:

  4 cit c(reduzido)  +  8H +N  +  O 2                4 cit c(oxidado)  +  4H +P  +  2H 2O

 Força próton motriz

                                                     a membrana interna da mitocôndria,
                                                    separa dois compartimentos de
                                                    diferentes [H +]
 Resumo do Fluxo de elétrons e prótons por meio de quatro
complexos da cadeia respiratória:
  A Síntese de ATP

  Como o gradiente de concentração de prótons é transformado em
ATP?
 Observou que a transferência de elétrons libera e a força próton
motriz conserva energia livre mais que suficiente (cerca de 200Kj) por
mol de pares de elétrons para formar um mol de ATP que requer 50Kj.

 Vamos agora considerar o mecanismo químico que acopla o fluxo de
elétrons com a fosforilação.
 O Modelo Quimiosmótico proposto por Peter Mitchell é o paradigma
para este mecanismo.

 De acordo com o modelo, a energia eletroquímica inerente da
diferença na concentração de prótons e da separação de cargas
através da membrana mitocondrial interna, a força próton motriz,
dirige a síntese de ATP a medida que os prótons fluem passivamente
de volta para a matriz através de um poro de prótons associado à ATP
sintase.

 Para enfatizar esse papel crucial da força próton motriz, a equação da
síntese de ATP é dada por:

            ADP   +   Pi   +  nH+P                     ATP   +   H2O   + nH+N
    O Modelo Quimiosmótico
 A ATP sintase possui dois domínios funcionais F o e F 1.

  Esse grande complexo enzimático da membrana mitocondrial
interna catalisa a formação de ATP a partir de ADP e Pi acompanhado
do fluxo de prótons do Lado P para o N da mitocôndria.

 A ATP sintase também chamada complexo V, apresenta dois
componentes distintos: F 1 uma proteína periférica de membrana, e Fo,
uma proteína integral de membrana. A letra o subscrita em F o,
significa sensível à oligomecina. F1 foi o primeiro fator identificado
como essencial para a fosforilação oxidativa.
FoF1 ATP sintase (complexo V)

F1

F0

F0
Bomba de prótons
Mecanismo de síntese de ATP
DESACOPLADORES
RENDIMENTO DA OXIDAÇÃO DA GLICOSE

* Em algumas células o rendimento é de apenas 36 ATP!!!
Equação global do catabolismo da glicose:
C6H12 O6 + 6O2                       6CO 2 + 6H2O              ∆G` = ‐ 686 kcal/mol

C6H12 O6 + 6O2 +38ATP + 38 Pi              6CO 2 + 38 ATP + 44H 2O        ∆G` = ‐ 409 kcal/mol

1ATP = 7,3 kcal             ‐277 kcal    (Eficiência = 40,43%)

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