Você está na página 1de 7

Teste Sumativo Intermédio Prova Escrita de Português

Data: 2016/03/02 12º ano de escolaridade

7 páginas
Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos

VERSÃO 2
Indique de forma legível a versão da prova.
Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.
Não é permitida a consulta de dicionário.
Não é permitido o uso de corretor. Deve riscar aquilo que pretende que não seja classificado.
Para cada resposta, identifique o grupo e o item.
Apresente as suas respostas de forma legível.
Ao responder, diferencie corretamente as maiúsculas das minúsculas.
Apresente apenas uma resposta para cada item.
As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

Página 1/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2
Grupo I

Leia o poema seguinte. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado a seguir ao texto.

A ÚLTIMA NAU

1 Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,


E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
5 Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta


Aportou? Voltará da sorte incerta
10 Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.

15 Ah, quanto mais ao povo a alma falta,


Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou ‘spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
20 Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,


Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
25 Surges em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

Fernando Pessoa, Mensagem, 19.ª ed., Lisboa, Ática, 1997

Glossário
aziago (verso 4) – que prenuncia desgraça.
cerração (verso 17) – nevoeiro denso; escuridão.
erma (verso 5) – solitária.
pendão (verso 2) – bandeira longa e triangular.
pressago (verso 5) – que pressagia, prevê ou pressente.

Página 2/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Explicite três dos aspetos que, nos versos de 1 a 12, se referem ao mito sebastianista, fundamentando a
sua resposta com elementos do texto.

2. Caracterize, com base na terceira estrofe do poema, o modo como o sujeito poético e o povo português
reagem ao desaparecimento da «última nau».

3. Relacione o conteúdo da última estrofe com a pergunta «Voltará da sorte incerta / Que teve?»,
formulada nos versos 8 e 9.

B
Leia o texto seguinte.

1 Maria (entrando com umas flores na mão, encontra-se com TeImo, e o faz tornar para a cena)
˗ Bonito! Eu há mais de meia hora no eirado passeando - e sentada a olhar para o rio a ver
as faluas e os bergantins que andam para baixo e para cima - e aborrecida de esperar... e o senhor
Telmo aqui posto a conversar com a minha mãe, sem se importar de mim. Que é do romance que
5 me prometestes? Não é o da batalha, não é o que diz:
Postos estão, frente a frente,
Os dous valorosos campos;
é o outro, é o da ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião, que não morreu e que há de vir, um
dia de névoa muito cerrada... Que ele não morreu; não é assim, minha mãe?
10 Madalena - Minha querida filha, tu dizes coisas! Pois não tens ouvido, a teu tio Frei Jorge e a
teu tio Lopo de Sousa contar tantas vezes como aquilo foi? O povo, coitado, imagina essas quimeras
para se consolar na desgraça.
Maria - Voz do povo, voz de Deus, minha senhora mãe: eles que andam tão crentes nisto, al-
guma cousa há de ser. Mas ora o que me dá que pensar é ver que tirado aqui o meu bom Telmo
15 (chega-se toda para ele, acarinhando-o), ninguém nesta casa gosta de ouvir falar em que escapasse
o nosso bravo rei, o nosso santo rei D. Sebastião. Meu pai, que é tão bom português, que não pode
sofrer estes castelhanos, e que até, às vezes, dizem que é de mais o que ele faz e o que ele fala... em
ouvindo duvidar da morte do meu querido rei D. Sebastião... ninguém tal há de dizer, mas põe-se
logo outro, muda de semblante, fica pensativo e carrancudo; parece que o vinha afrontar, se vol-
20 tasse,o pobre do rei. Ó minha mãe, pois ele não é por D. Filipe; não é, não?
Madalena - Minha querida Maria, que tu hás de estar sempre a imaginar nessas coisas que
são tão pouco para a tua idade! Isso é o que nos aflige, a teu pai e a mim; queria-te ver mais alegre,
folgar mais, e com coisas menos...

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, realização didática de Luís Amaro de Oliveira, Porto Editora

4. Maria e D. Madalena dialogam sobre a possibilidade de regresso de D. Sebastião, manifestando


convicções distintas.
4.1. Refira os argumentos apresentados por Maria e D. Madalena para sustentarem as suas posições.

5. Explicite três traços que caracterizam Maria, justificando a resposta com expressões do texto.

Página 3/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2
Grupo II
_____________________________________________________________________________________

Nas respostas de escolha múltipla, selecione a opção correta.


Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
_____________________________________________________________________________________

Leia o texto.

1 Se existe um mito fundamental da nacionalidade portuguesa, este mito é o do sebastianismo.


Independentemente da classe social e do nível de educação, quase toda a gente vive à espera de
alguém que “venha endireitar isto”. (…)
O “legítimo” Desejado, fundador inconsciente do mito, foi D. Sebastião. Paradoxalmente, tra-
5 tou-se talvez do pior rei da História portuguesa, se é que tais coisas podem ser medidas com fia-
bilidade. Vejamos como pôde isto acontecer.
Sentado no trono aos 14 anos de idade, em 1568, o neto de D. João III, (o pai morrera com 16
anos de diabetes juvenil) pensava em tudo, menos em governar o País. Sem fazer grande caso do
que os conselheiros lhe diziam, misógino e desprezando totalmente a descendência (nunca lhe
10 passou pela cabeça ter um filho), sonhava com caçadas e guerras contra os infiéis. Um dia embar-
cou em Paço de Arcos para Tânger sem dar palavra a ninguém e ali quis convencer a guarnição da-
quela praça-forte ocupada pelos portugueses a reconquistar Larache e Arzila, abandonadas pelo
avô. Conseguiu regressar com vida, mas ia naufragando numa tempestade que o atirou para a
Madeira. Sempre a sonhar com um império cristão no norte de África, resolveu em 1578 intervir
15 numa disputa entre dois senhores da guerra marroquinos aliando-se a um deles. Arrastou para a
aventura toda a nobreza portuguesa, à frente de um exército de 25 000 homens. Partiram como
se fossem para uma festa, e a maioria perdeu a vida em Alcácer Quibir numa batalha absurda, sem
objetivo,sem tática, sem liderança. Oliveira Martins escreveu que, no areal onde se travara a batalha,
se acharam 10 000 guitarras, mas isto também deve ser um mito.
20 Feitos prisioneiros, muitos nobres foram regressando à medida que foram pagos os resgates
exigidos pelos marroquinos. Quem não se lembra do Romeiro da peça de Almeida Garrett, Frei Luís
de Sousa, que não era outro senão D. João de Portugal, um nobre desaparecido em Alcácer Quibir?
Chegavam também muitos cadáveres de nobres. Como o corpo do rei não fosse encontrado, nasceu
a crença no seu regresso com vida, mais tarde ou mais cedo. O desejo popular de que isso sucedesse
25 devia-se ao facto de D. Sebastião não ter descendentes, o que significava que a coroa deveria passar
para Filipe II de Espanha, filho de Isabel de Portugal e neto de D.Manuel I. Isso veio efectivamente a
acontecer, tendo Portugal estado ligado a Espanha entre 1580 e 1640.
Durante esses 60 anos, os patriotas não pararam de sonhar com o regresso do Desejado, tam-
bém chamado Encoberto e Adormecido. O seu aparecimento deveria verificar-se numa manhã de
30 nevoeiro, à proa de um navio, para resgatar Portugal e fundar um novo império. Mas durante os
primeiros tempos de “dominação filipina”, como costuma dizer-se, esta aspiração popular não era
compartilhada pela maioria da nobreza, que esteve aliada aos reis espanhóis, só vindo a mudar de
opinião muito mais tarde, já na década de 1630.Um grupo de fidalgos lideraria então a Restauração,
um movimento largamente apoiado pelo povo.

Luís Martins, “D. Sebastião regressará numa manhã de nevoeiro” in Visão, nº 910, 12 de agosto de 2010

Página 4/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2
1.1. O uso de aspas na expressão “venha endireitar isto” (linha 3) justifica-se, por se tratar
(A) de uma citação.
(B) de uma expressão em discurso direto.
(C) do título de uma obra.
(D) de um desvio ao registo de língua adequado ao texto.

1.2. “Com a utilização do advérbio “Paradoxalmente” (linha 4), o emissor


(A) chama a atenção para as facetas antagónicas de D. Sebastião.
(B) salienta a incompetência governativa de D. Sebastião.
(C) explora a fundação do mito sebastianista.
(D) enaltece as virtudes espirituais do rei Desejado.

1.3. O antecedente do pronome pessoal que ocorre em “Sem fazer grande caso do que os conselheiros lhe
diziam” (linhas 8 e 9) é
(A) “o neto de D. João III” (linha 7).
(B) “D. Sebastião” (linha 4).
(C) “pai” (linha 7).
(D) “conselheiros” (linha 9).

1.4. A enumeração “sem objetivo, sem tática, sem liderança.” (linhas 17 e 18) destaca
(A) as dificuldades em encontrar um líder para a missão portuguesa.
(B) a falta de experiência dos soldados.
(C) a escassez de recursos materiais das tropas lusas.
(D) a insensatez da participação portuguesa na batalha.

1.5. Os complexos verbais usados na passagem “muitos nobres foram regressando à medida que iam
sendo pagos os resgates” (linha 20) têm um valor aspetual
(A) genérico.
(B) imperfetivo.
(C) durativo.
(D) pontual.

1.6. Relativamente ao conteúdo das orações anteriores, a oração iniciada por “Mas” (linha 30) apresenta
(A) uma ideia contrastante.
(B) uma consequência.
(C) uma ideia equivalente.
(D) uma causa

1.7. As expressões “entre 1580 e 1640” (linha 27) e “na década de 1630” (linha 33) contribuem para
garantir a coesão
(A) interfrásica.
(B) referencial.
(C) lexical.
(D) temporal.

Página 5/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2
2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Identifique a função sintática do constituinte sublinhado na frase: “Chegavam também muitos
cadáveres de nobres.” (linha 23)
2.2. Classifique as duas orações subordinadas sublinhadas no excerto “O seu aparecimento deveria
verificar-se numa manhã de nevoeiro, à proa de um navio, para resgatar Portugal e fundar um novo
império” (linhas 29 e 30)
2.3. Identifique a função sintática do constituinte sublinhado em “esta aspiração popular não era
compartilhada pela maioria da nobreza”(linhas 31 e 32)

Grupo III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras,
apresente uma reflexão sobre a identidade nacional portuguesa.
Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.:dir-se-ia). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.:2016).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas palavras –, há que atender ao
seguinte:
– um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto
produzido;
– Um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM

Página 6/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2
COTAÇÕES

Grupo I - A
1............................................................................................................ 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

2............................................................................................................ 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

3............................................................................................................ 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

Grupo I - B
4........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)

5........................................................................................................... 20 pontos
Conteúdo (12 pontos)
Estruturação do discurso e correção linguística (8 pontos)
100 pontos

Grupo II

1.1........................................................................................................... 5 pontos

1.2............................................................................................................ 5 pontos

1.3............................................................................................................ 5 pontos

1.4............................................................................................................ 5 pontos

1.5............................................................................................................ 5 pontos

1.6.......................................................................................................... 5 pontos

1.7......................................................................................................... 5 pontos

2.1............................................................................................................ 5 pontos

2.2............................................................................................................ 5 pontos

2.3........................................................................................................... 5 pontos

50 pontos
Grupo III
Estruturação temática e discursiva.................................................... 30 pontos
Correção linguística........................................................................... 20 pontos
50 pontos
TOTAL ..........................................200 pontos

Página 7/7
Teste sumativo intermédio– Português/2016 – 12º ano
VERSÃO 2

Você também pode gostar