Este documento resume um artigo que discute os desafios de desenvolver as competências dos servidores públicos brasileiros para melhorar a capacidade do governo de gerenciar políticas públicas. O artigo analisa o decreto de 2006 que estabeleceu a política de desenvolvimento de pessoal e competências, e argumenta que a capacitação permanente é essencial, mas não é suficiente para motivar os servidores. Críticas e sugestões para melhorar o texto também são resumidas.
Descrição original:
Resenha crítica da disciplina Teoria Organizacionais - Tema Estudo do Desempenho Organizacional
Título original
Resenha Crítica - Estudo do Desempenho Organizacional
Este documento resume um artigo que discute os desafios de desenvolver as competências dos servidores públicos brasileiros para melhorar a capacidade do governo de gerenciar políticas públicas. O artigo analisa o decreto de 2006 que estabeleceu a política de desenvolvimento de pessoal e competências, e argumenta que a capacitação permanente é essencial, mas não é suficiente para motivar os servidores. Críticas e sugestões para melhorar o texto também são resumidas.
Este documento resume um artigo que discute os desafios de desenvolver as competências dos servidores públicos brasileiros para melhorar a capacidade do governo de gerenciar políticas públicas. O artigo analisa o decreto de 2006 que estabeleceu a política de desenvolvimento de pessoal e competências, e argumenta que a capacitação permanente é essencial, mas não é suficiente para motivar os servidores. Críticas e sugestões para melhorar o texto também são resumidas.
DO AMARAL, Helena Kerr. Desenvolvimento de competências de servidores na administração
pública brasileira. Revista do Serviço Público, Brasília, DF, v. 57, n. 4, p. 549-563, 2006
MCADAM, Rodney; HAZLETT, Shirley-Ann; CASEY, Christine. Performance management in
the UK public sector: addressing multiple stakeholder complexity. International Journal of Public Sector Management, USA, v. 18, n. 3, p. 256-273, 2005.
Diego Fillipe de Souza
Mestrando em Administração Pública pela
Universidade Federal de Pernambuco
O artigo intitulado “Desenvolvimento de competências de servidores na
administração pública brasileira” de autoria de Helena Kerr do Amaral, publicado em 2006 na Revista do Serviço Público (Brasília) trata dos desafios de desenvolver as competências dos servidores, impactando assim na capacidade do governo de gerenciamento de políticas públicas no Brasil. O principal marco é o Decreto 5.707/2006 que “Institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivos da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.” Na introdução a autora retrata um pouco da Administração Pública brasileira, levantando a percepção do cidadão quanto à qualidade e funcionamento do serviço público prestado. Alega haver uma ineficiência administrativa em suas funções, mas, acredita que é possível contornar a situação, ao investir esforços no principal recurso: o servidor. Demonstra que o servidor capacitado poderá alterar esta realidade, e irá demonstrar isso analisando o contexto que a administração pública foi constituída e apontando as prioridades de desenvolvimento de competências como fonte propulsora de capacitação estratégica. Para isso demonstra as características da Administração Pública e o conceito de gestão de competências, sua importância e relação o Decreto 5.707/2006. Ao desenvolver o texto, encontra-se inicialmente a definição de três dimensões que ajudaram no entendimento das características da Administração Pública brasileira, são elas: o modelo híbrido de carreiras de servidores, o tipo de federalismo brasileiro e o ambiente em que opera a administração marcado por grande heterogeneidade social e econômica. A primeira dimensão busca criticar os dois tipos de regimentos dos servidores, porém, não leva em consideração os tipos de empresa e as relações jurídicas que as regem. Empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas) e algumas fundações públicas possuem personalidade jurídica baseadas de Direito Privado, devido a sua configuração econômica; já as demais formas de organizações públicas possuem personalidade jurídica de Direito Público, devido a sua configuração social. Sendo o foco da autora as políticas públicas, a atenção deveria ser voltada exclusivamente para as organizações públicas regidas pelo Direito Público. Seria mais conveniente citar a alteração realizada na Emenda Constitucional 19/1998 que extinguiu o Regime Jurídico Único, admitindo que as organizações regidas pelo Direito Público pudessem realizar contratações através de concurso público de pessoal efetivo pelo regime celetista. Como o artigo é de 2006, seria impossível citar a decisão do Supremo Tribunal Federal em 2007 pela proibição deste tipo de contratação, voltando assim para aplicação exclusiva do Regime Jurídico Único. A segunda dimensão é bem coerente, devido a atuação intergovernamental na aplicação das políticas públicas, faz-se necessário uma atuação harmônica e responsável de todas as esferas, tornando-se um fator crítico para o sucesso das ações. A terceira dimensão determina que o acentuado grau de desigualdade econômica e social aumenta a responsabilidade da gestão administrativa da área pública, pois são necessárias políticas acolhedoras capazes de contemplar essas diferenças. A partir disso, observa-se a atenção (ou falta dela) que a Administração Pública tem dado ao quadro de servidores e suas principais dificuldades, sugerindo que é necessária uma maior motivação para o quadro atual, e uma das formas que deve ser aplicada é a capacitação permanente destes. A capacitação permanente é algo considerado primordial, e para fomentá-la foi instituído o Decreto 5.707/2006, sob o qual o artigo se desenvolve. Entende-se a fundamental importância da capacitação, assim como as ferramentas e escola (ENAP) criada pelo governo como principal multiplicadora de conhecimento. A política e estratégias são retratadas no texto, porém, há uma falha ao acreditar que oferecer unicamente a capacitação é a melhor forma de motivar o servidor público. Os benefícios de ser servidor público são claros, dentre eles destaca-se a estabilidade é o que mais dá segurança ao seu trabalho. Como sugestão, acredito que o texto poderia associar a motivação e capacitação a outras legislações fundamentais: o Regime Jurídico Único, que trata com discricionariedade afastamentos para Estudo (Mestrado, Doutorado e Pós- Doutorado); a legislação dos cargos, que deve fomentar a capacitação com incentivo (como ocorre com as carreiras de docentes e técnicos, leis 12.772/08 e 11.091/05); e regimentos internos dos órgãos, associando a capacitação aos cargos de confiança. O texto se preocupa com a explicitação de como a administração por competências é válida, porém, faz-se necessário um campo prático, além do teórico. A autora conclui reafirmando a necessidade da gestão por competências, colocando os princípios da equidade e democracia como os principais a serem desenvolvidos, assim como a compreensão e tratamento devido da sociedade heterogênea (principalmente nas questões racial e de gênero). A ideia central do texto, importância da gestão de competências como ferramenta para aumento de capacidade de gerenciamento, é compartilhada por diversos autores. Destaco a pesquisa realizada por MCADAM et al. (2005), aplicada no setor público de uma empresa do Reino Unido, o autor destacou a necessidade da vinculação de elementos motivacionais, como recompensa e reconhecimento, para efetivação de mudanças na aplicação da gestão por competências. Desta forma, a aplicação de uma gestão por competências desacompanhada de outros elementos não é fator motivacional. O texto trouxe grandes esclarecimentos para época em que foi publicado, devido a atualidade do tema, assim como a abordagem da gestão por competências aplicada a área pública. Porém, ao acreditar que o servidor público se sentirá motivado apenas pela existência de cursos de capacitação e qualificação, reduz a validade do texto. Ao mesmo tempo, estimula o leitor a realizar uma pesquisa científica a partir destes fundamentos.