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INTROUÇÃO
Atento à esta necessidade profissional e acadêmica, escrevi este livro com o objetivo
de fazer uma análise crítica à Resolução nº 723/18 que ratificou a Deliberação nº
163/17, norma esta que teve o objeto de revogar a Resolução nº 182/05 do
CONTRAN, e alterou severamente o procedimento administrativo de suspensão do
direito de dirigir e da cassação da CNH.
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Ex tunc é o efeito retroativo do ato administrativo. Desta forma, como consta em seu
bojo a resolução regulará também processos que terão/tiveram origem em infrações
cometidas antes dela, isto é, atos ocorridos a partir de 1º de novembro de 2016. Seus
efeitos são para o passado, e claro, para o futuro, pois doravante ela dará a tônica
dos processos em testilha.
Como não poderia deixar de ser, o CONTRAN apenas reproduz os termos do art. 261
do Código, uma vez não ter competência legislativa para instituir novas formas de
suspensão do direito de dirigir dada a ausência de previsão legal para tanto.
Vale lembrar que de acordo com o art. 22, XI da Constituição Federal, a competência
privativa para legislar sobre trânsito e transporte é da União, e qualquer inovação
neste sentido por parte de quem quer que fosse seria inconstitucional.
As previsões de cassação da CNH estão presentes no art. 263 do CTB conforme fiel
reprodução no art. 4º acima.
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Todo ato administrativo que impute penalidade a quem quer que seja
necessariamente deverá observar as garantias constitucionais do contraditório e da
ampla defesa previstas no inciso LV do art. 5º da CF.
Cabe lembrar que ordinariamente tais processos serão instaurados pelos DETRAN’s
tendo em vista que de acordo com o inciso II do art. 22 do CTB cabe exatamente
aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal no
âmbito de sua circunscrição, “realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação,
aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, expedir e cassar Licença
de Aprendizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante
delegação do órgão federal competente.”
Como visto, a penalidade de suspensão pode ocorrer em duas situações, sendo uma
delas por acúmulo de pelo menos 20 pontos no período de 12 meses.
Ocorre que os pontos aqui referenciados por óbvio advêm de infrações de trânsito que
isoladamente não tem o condão de gerar a suspensão da CNH.
Desta forma o processo de suspensão apenas terá início quando cada uma dessas
infrações forem alvo de processos administrativos próprios, com a garantia mais uma
vez dos preceitos constitucionais e procedimentais.
Cabe observar que uma infração de trânsito pode ser cometida pelo proprietário ou
pelo condutor que não seja proprietário. Cada uma destas hipóteses terá um rito
próprio e deverá ser observado sob pena de nulidade do futuro processo de
suspensão (e também de cassação).
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Explico:
Joana comete a infração prevista no inciso I do art. 252 do CTB referente a dirigir o
veículo com o braço do lado de fora, ação esta que caracteriza infração média com a
penalidade de multa.
Marcela terá interesse e legitimidade para figurar no processo, pois de acordo com a
Resolução nº108 do CONTRAN, independentemente de quem estiver conduzindo o
veículo a responsabilidade pelo pagamento da multa é sempre do proprietário.
E Joana também será parte legítima para apresentar defesa contra a suposta infração,
uma vez que, caso o auto seja julgado subsistente os pontos serão registrados em
seu prontuário, pontos estes que se somados a outros porventura existentes ou que
venham a existir no período de 12 meses darão ensejo à suspensão do direito de
dirigir.
Logo, caso estes 4 pontos da infração média se mostrem por exemplo como o estopim
para o início do processo de suspensão, o mesmo apenas poderá ser considerado
quando à ambas (proprietária e condutora) forem garantidos os direitos ao
contraditório e ampla defesa na forma do capítulo XVI do CTB que trata do processo
administrativo de trânsito, bem como das resoluções nº 619/17 e 299/08.
Infelizmente, muitos DETRAN’s tem a idéia errada de que não precisam notificar os
condutores, mas apenas os proprietários dos veículos por força literal do art. 282 do
CTB, o que é um erro absurdo e dá ensejo à NULIDADE total do futuro processo de
suspensão do direito de dirigir.
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Desta forma, apenas ao final do processo da multa de trânsito onde são garantidas
três defesas, caso o auto seja julgado subsistente é que os pontos serão considerados
para a instauração de um novo processo, qual seja, o de suspensão do direito de
dirigir.
Devemos lembrar que de acordo com o art. 7º do CTB2, vários são os órgãos do SNT,
e que em sua maioria eles têm a competência para fiscalizar e aplicar multas de
trânsito.
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Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho
Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; II
- os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores; III - os órgãos e entidades
executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; IV - os órgãos e
entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; V - a
Polícia Rodoviária Federal; VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e VII - as Juntas
Administrativas de Recursos de Infrações - JARI.
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Ou seja, é como se por exemplo a PRF tivesse registrado uma infração, autuado, dado
ao infrator o direito à ampla defesa, e somente após todos estes passos comunicasse
ao DETRAN que todo o processo transcorreu legalmente e já era possível efetuar o
registro dos pontos.
Note que o DETRAN em momento algum participa do processo de multa, pois se não
foi ele quem registrou a infração obviamente não terá competência para gerir o
processo.
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Como o CTB institui que sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vinte) pontos
no período de 12 (doze) meses haverá a imposição da penalidade de suspensão,
poderiam haver interpretações equivocadas no sentido de que a cada 20 pontos seria
instaurado um novo processo.
Não é este o entendimento correto, mas sim o previsto no parágrafo em análise que
admite apenas um processo por período.
► § 3º Não serão computados pontos nas infrações que prevêem, por si só, a
penalidade de suspensão do direito de dirigir.
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A Resolução veda o bis in idem que é a repetição de uma pena pelo mesmo fato.
Por óbvio não seria juridicamente lícito que um condutor que por exemplo viesse a
cometer a infração prevista no art. 165 do CTB, que é uma infração que por si só gera
suspensão, também desse ensejo ao cômputo de pontos para ser registrado em novo
processo de suspensão.
Desta forma o condutor iria ser punido duas vezes pela mesma infração.
Dito isto, o texto do parágrafo 4º (texto este que não estava na deliberação nº 163)
informa que fora a hipótese do parágrafo anterior, TODAS as demais infrações
previstas no código serão computadas.
Quando afirma que todas as demais infrações deverão ser pontuadas, o que fazer em
situações como a prevista no art. 245 do CTB? Cito:
Veja que estamos diante de uma infração que não gera suspensão, logo, está
abarcada na hipótese em análise.
Um condutor habilitado deverá ter em seu prontuário 5 pontos em razão desta infração
grave?
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O Conselho volta ao tema que trata de órgão autuador diverso daquele que promove
o processo de suspensão.
Aqui resta claro mais vez que o DETRAN não poderá responder por atos praticados
por outros órgãos/entidades que não estão em sua escala hierárquica.
É mais do que claro que se o órgão que lavrou o auto de infração que deu ensejo à
penalidade de suspensão ou de cassação, anulou o referido auto, não teria qualquer
sentido manter a penalidade que daquele AIT decorria.
Por esta razão, tendo em vista ser o sistema totalmente interligado, espera-se que tal
consequência ocorra sempre de ofício.
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Veja que pela redação do §10 acima, caso seja cometida uma infração de trânsito que
tenha como penalidade, além da multa, a suspensão, deveriam ser instaurados dois
processos concomitantemente.
A regra nesta hipótese será um único processo que ao final poderá punir o infrator
com três penalidades:
Assim, uma vez julgado subsistente o auto de infração, ao final do processo teremos
como consequência não apenas a multa de trânsito aplicável e exigível, mas também
a suspensão de imediato e a obrigatoriedade do curso de reciclagem.
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O infrator também irá ser punido com o curso de reciclagem, uma vez que embora omitido pela
Resolução, sabemos pelo inciso II do art. 268 que tal pena irá acompanhar a suspensão.
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Pela leitura do inciso II do artigo em estudo, fica claro que o já citado §10º do art. 261
do CTB não será aplicado em todo e qualquer caso, mas tão somente naqueles em
que estiverem presentes os 3 requisitos, quais sejam:
Tendo em vista que a dupla notificação ainda é uma obrigação inquestionável para a
validade do processo administrativo punitivo de trânsito, a Resolução reafirma a sua
necessidade e apresenta a forma como as mesmas devem ser feitas quando estiver
o DETRAN diante da hipótese de processos únicos (que deveriam ser concomitantes).
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Ou seja, o poder normativo em verdade é uma prerrogativa que o poder público tem
para garantir que a norma primária (lei) que porventura não seja autoexecutória, passe
a ser.
Todavia o exercício deste poder deve respeitar os limites impostos pela própria lei e
pelo ordenamento legislativo.
4CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3 ed. – Salvador: JusPODIVM, 2016, p.117-
118
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Os órgãos que detém o poder normativo não podem se valer desta atribuição para
efetivamente legislar, fato este que não poucas vezes ocorre.
A normatização de um preceito legal nunca pode falar mais do que a própria previsão
legal sob pena de usurpação de competência e nulidade do ato.
“Não raro, as leis uma vez em vigor, não estão prontas para
execução imediata pela Administração em virtude de não serem
minuciosas o suficiente. Nesse contexto, assume fundamental
importância o poder regulamentar, que tem por objetivo detalhar
o conteúdo das leis administrativas para sua fiel execução pela
Administração Pública.
(...)
Por oportuno, pontuo que o inciso I do art. 12 do CTB fixa competir ao CONTRAN
estabelecer as normas regulamentares referidas no código.
5 NASCIMENTO, Elyesley Silva do. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Impetus, 2013,
p.227-228
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(...)
(...)
Dito isto, passemos à análise do art. 9º que trata do curso preventivo de reciclagem.
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Assim, o condutor que se enquadre nas hipóteses previstas nos termos dos
parágrafos 5º, 6º e 7º do art. 261 do CTB ao atingir 14 pontos (lembrando que a
suspensão por pontuação exige no mínimo 20) poderá se submeter ao curso
preventivo de reciclagem de modo a evitar a premente suspensão e todas as
consequências que dela advém.
Os textos legais acima tratam do curso preventivo de reciclagem que pode ser
aplicado aos motoristas que exercem atividade remunerada, de modo a que eliminem
os pontos registrados em sua CNH quando presentes os requisitos legais.
A Resolução não foi muito clara em seu intuito ao dispor que “o órgão executivo de
trânsito de registro do documento de habilitação do condutor aplicará a
regulamentação prevista para o art. 268 do CTB”.
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Tendo em vista que a suspensão da CNH por pontuação se dá com o acúmulo mínimo
de 20 pontos, o CONTRAN instituiu que o benefício do curso de reciclagem poderia
ser requerido por condutores que acumulassem de 14 a 19 pontos.
Mesmo sendo lógica esta dinâmica, o fato é que o Congresso Nacional não chancelou
textualmente a possibilidade de utilização do curso preventivo de reciclagem por
condutores que ultrapassassem os famigerados 14 pontos.
Será que efetivamente o curso de reciclagem não era um tema de simples, rápida e
automática aplicação com os três parágrafos do art. 261 do CTB?
Diante da construção toda feita até este momento, a nosso juízo o art. 9 da Resolução
nº 723/18 representa uma violação dos limites do poder normativo, aparentando o já
citado excesso de poder.
Dito isto, é importante ressaltar que fora a questão doutrinária, até que a presente
norma seja revogada/reformada ou declarada ilegal, fato é que os órgãos de trânsitos
são OBRIGADOS a aplicar a norma da presente Resolução.
O primeiro é que este elastecimento não consta na lei e é claramente ilegal por
violação aos limites do poder regulamentar.
Mais uma vez aqui existe a ratificação do abuso de poder por parte do CONTRAN
pelos motivos acima narrados.
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Art. 37, § 4º da CF - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
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Ora, se os pontos apenas são registrados após o fim do processo administrativo, como
pode o CONTRAN admitir que alguém simplesmente autuado se submeta a um curso
de reciclagem de modo a retirar pontos que ainda não estão registrados e talvez nunca
venham a ser?
O texto reflete mais uma vez a tônica de nosso pensamento sobre o famigerado efeito
suspensivo dos recursos de multas de trânsito.
Muito embora o §1º do art. 285 do CTB afirme que o recurso não terá efeito
suspensivo, e o §3º do mesmo artigo fixe que “Se, por motivo de força maior, o recurso
não for julgado dentro do prazo previsto neste artigo, a autoridade que impôs a
penalidade, de ofício, ou por solicitação do recorrente, poderá conceder-lhe efeito
suspensivo.”, resta mais do que claro pelo §1º do art. 10º da resolução, que
obrigatoriamente todo e qualquer recurso terá efeito suspensivo.
Por este motivo, se nenhum impedimento ao exercício dos direitos do condutor irá
gerar, e claramente dirigir é um direito, a conclusão é a de que o processo de
suspensão, assim como o de cassação, tal qual o de multa, tem SIM efeito suspensivo,
e caso em algum processo tal efeito não seja conferido de imediato, caberá a
impetração de Mandado de Segurança.
Veja que a resolução mais uma vez é enfática em dizer que a notificação informará a
data do cumprimento da pena, dentre outra situação, caso não seja interposto recurso
à JARI.
Ou seja, caso haja recurso, não há que se falar em aplicação de pena, e se não há
que se falar em aplicação de pena diante da existência de recurso, é porque o mesmo
tem efeito suspensivo.
Mais uma vez de forma a ratificar o aqui disposto, veja a clareza do inciso I do art. 16
da Resolução em estudo:
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Ainda sobre o tema, vale trazer à baila o parágrafo único do art. 290 do CTB, que sem
a menor necessidade de regulamentação aduz: “Esgotados os recursos, as
penalidades aplicadas nos termos deste Código serão cadastradas no RENACH.”
(...)
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DIDIER Jr., Fredie. CUNHA da., Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil. V3. 14 ed.
Salvador: JusPODIVM, 2017, p. 166-167
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A notificação deve alcançar o seu objetivo primordial que é dar ciência ao suposto
infrator da existência de um processo administrativo cuja consequência pode ser a
sua efetiva penalização.
Por este motivo é absolutamente necessário que o órgão de trânsito efetue um tipo
de notificação que assegure a ciência do interessado sob pena de nulidade do
processo, seja ela de que tipo for na forma do texto acima.
Ressalto desde já que conforme o parágrafo 6º abaixo, que reproduz o §1º do art. 282
do CTB, o órgão de trânsito não cometerá ato nulo se a notificação for devolvida por
desatualização do endereço do proprietário do veículo, eis que neste caso será
considerada válida para todos os efeitos.
Um tema muito importante ainda nos dias de hoje é a validade para fins probatórios
da notificação feita por carta simples e não por AR.
Conforme se depreenderá das linhas que seguem, entendemos que quando se trata
de notificação via remessa postal, apenas a notificação por AR ou similar tem o
condão de gerar a prova concreta de que a Administração efetuou com propriedade a
sua obrigação.
O Código de Trânsito Brasileiro em seu artigo 282 traça normas básicas, mas
importantes sobre a notificação, veja:
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Posto isso, o CONTRAN utilizando o seu poder normativo editou a Resolução nº 619
em substituição à Resolução nº 404, e dedicou o art 4º para tratar sobre o tema
“notificação”.
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Como se vê, nem o Congresso Nacional muito menos o CONTRAN atentaram para a
lacuna legal e infralegal que deixaram em aberto quando não especificaram o tipo de
carta (simples ou com aviso de recebimento) deveria ser adotada pelos órgãos de
trânsito do SNT.
Tal fato pode ensejar então a interpretação de que “tanto faz” a forma adotada.
1 - Legalidade
2 - Eficiência
3 - Segurança Jurídica
4 - Finalidade
5 - Economicidade
6 - Proporcionalidade e Razoabilidade
É sabido que não existe necessidade jurídica para que o condutor infrator seja
notificado pessoalmente, podendo ser tal ato recebido por terceiros como parentes,
porteiros, etc.
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Características
1 - Anulação do processo;
6 - Gasto com audiências, petições e demais atos praticados pelo advogados do;
(...)
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Retirar o envio de carta com aviso de recebimento irá gerar, com a mais absoluta
certeza, um ônus financeiro desproporcional e inaceitável, além de maior descrédito
do já atacado e criticado processo administrativo punitivo de trânsito.
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MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo; ed 16. Gen. 2014 pg 95, 96
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(...)
Com efeito, caso seja constatado que in casu a adoção de carta simples ao invés de
AR não tenha sido uma opção economicamente viável conforme os fundamentos
alhures delineados, ou que tal opção não observou princípios da Administração
Pública como proporcionalidade e razoabilidade, poderá haver a tipificação do ato de
improbidade administrativa.
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(...)
(...)
9
NASCIMENTO, Elyesley Silva do. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Impetus, 2013.p. 1042
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NASCIMENTO, Elyesley Silva do. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Impetus, 2013. p 1044
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Desta feita, caso a Administração Pública adote uma ação que no futuro se mostre
desproporcional e não razoável, poderá haver questionamento através do controle
externo levado à efeito pelo Poder Judiciário.
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CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. Salvador: JusPodivm, 2016. p 84
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Por fim, antes que vozes administrativas se levantem no afã de tentar justificar a
conduta da adoção da carta simples ratificada pela publicação da notificação no diário
oficial, cabe aqui um último registro.
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Em segundo lugar, ainda que o edital (em Diário oficial) seja publicado
concomitantemente com o envio da carta (simples ou AR) apenas com o cunho de
ratificação, tal conduta violaria os princípios da economicidade e do interesse público,
pois os órgãos de trânsito teriam que fazer um alto investimento que muitas vezes se
mostraria inócuo, e admitir um gasto desnecessário com o dinheiro que nunca foi
privado, mas sim público.
Além das formas ordinárias de ciência, a Resolução em estudo andou bem ao trazer
à baila a possibilidade da “ciência inequívoca” dos atos da Administração.
Este instituto jurídico ocorre quando o interessado vai até o órgão público, e mesmo
que não tenha sido validamente notificado é automaticamente cientificado da
existência do processo, bem como das atitudes cabíveis.
Certamente tal “novidade” teve influência do §5º do art. 26 da Lei nº 9.784, in verbis:
Perceba que o órgão de trânsito poderá sim conferir um prazo superior a 15 dias para
que o interessado apresente defesa, mas tal decisão ficará estritamente a seu critério
por se caracterizar ato administrativo discricionário.
Vale ressaltar que o prazo para defesa inicia-se apenas da efetiva ciência do
interessado e não da expedição da notificação.
Esta regra, assim como outras está prevista no §1º do art. 282 do CTB.
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De forma louvável, a Resolução unificou o rito procedimental que antes era tratado de
forma diferente para defesas e recursos de multas (Resolução nº 299/08) e o processo
de suspensão e cassação (Resolução nº182/05).
Mais uma vez cabe a leitura e inserção dos ensinamentos da lei nº 9.784/99, que
define ser motivada a decisão que apresenta a indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos (art. 50 da lei).
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É importante ressaltar que o processo pode ser arquivado inclusive de ofício mediante
a utilização do princípio da autotutela12.
Seria como se a Polícia Federal pudesse analisar atos da Polícia Civil e anulá-los em
virtude de alguma ilegalidade que tenham constatado.
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Sobre a autotutela, veja os textos a seguir:
Súmula nº 346 do STF - A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula nº 473 do STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Art. 53 da Lei nº 9.784/99. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade,
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
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informou o DETRAN na forma do art. 6º13 da Resolução que os pontos dali derivados
poderiam ser inseridos no prontuário do infrator para todos os fins.
O que tem ocorrido em algumas partes do país é o famoso e odioso “jeitinho brasileiro”
que passa por cima de procedimentos, da lei e por vezes da honestidade para “ajeitar”
situações que nem sequer lhe dizem respeito.
Como por exemplo quando o CONTRAN passa por cima dos limites de sua
competência para “legislar”.
Desta forma, os que com a lei não concordam devem propor mudanças e não
simplesmente adequá-las ao seu modo de entender ou interesses.
► Art. 14. Não apresentada, não conhecida ou não acolhida a defesa, a autoridade
de trânsito do órgão de registro do documento de habilitação aplicará a penalidade de
suspensão do direito de dirigir.
Se a defesa não for apresentada ou mesmo não for conhecida por algum erro no
atendimento dos requisitos de admissibilidade, mesmo assim a Administração deverá
analisar toda a situação posta e mediante o princípio da autotutela verificar se seus
atos estão corretos sob pena de nulidade.
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Art. 5º Esgotados todos os meios de defesa da infração na esfera administrativa, a pontuação prevista no art.
259 do CTB será considerada para fins de instauração de processo administrativo para aplicação da penalidade
de suspensão do direito de dirigir.
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Como ponto mais importante temos o disposto no inciso V que traz a determinação
de que a notificação já apresente a data limite para a entrega do documento de
habilitação e assim seja iniciado o cumprimento da pena, ou para que o interessado
apresente o recurso à JARI.
Outra questão digna de nota é o texto do inciso VI que traz a previsão de outro prazo
para ser observado referente ao início do cumprimento da pena. De acordo com o
texto, esta situação estará configurada quando o recurso não for apresentado e não
seja entregue o documento de habilitação.
Caso a CNH tenha sido perdida14, aduz o parágrafo em análise que o condutor deverá
apresentar a segunda via para que seja dado início ao cumprimento da pena.
Todavia este parágrafo não faz muito sentido de existir quando fazendo uma reanálise
do inciso VI do caput, lembramos que caso o documento de habilitação não seja
entregue, ainda assim a suspensão será aplicada no prazo fixado na notificação de
penalidade.
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Por “perdida”, vamos considerar todas as hipóteses previstas no §2º, como: perda, extravio, furto
ou roubo.
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Quem terá interesse em tirar uma segunda via do documento de habilitação para
iniciar o cumprimento da penalidade, se em x dias15 o bloqueio será efetivado
automaticamente e ele (infrator) poderá providenciar a 2ª via ao final do cumprimento
da pena?
Em segundo lugar, a “2ª instância” tem que se referir ao recurso apresentado via de
regra ao CETRAN16, isto por força do que consta no inciso V do art. 14 do CTB que
confere ao CETRAN a competência de julgar os recursos interpostos contra decisões
das JARI.
Assim, muito embora a Resolução não faça menção expressa, é óbvio que a mesma
não tem a menor competência de restringir o direito à ampla defesa dos acusados,
que neste caso perpassa pelo direito a apresentar recurso ao CETRAN em 2ª
instância recursal.
Dito isso, de acordo com o texto sub examine, caso o interessado deixe transcorrer in
albis o prazo de apresentação dos recursos à JARI ou ao CETRAN, a partir do término
deste prazo serão contados 15 dias corridos para o início automático do cumprimento
da pena.
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O prazo real irá depender de cada processo.
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Art. 289. O recurso de que trata o artigo anterior será apreciado no prazo de trinta dias:
I - tratando-se de penalidade imposta pelo órgão ou entidade de trânsito da União:
a) em caso de suspensão do direito de dirigir por mais de seis meses, cassação do documento de habilitação ou
penalidade por infrações gravíssimas, pelo CONTRAN;
b) nos demais casos, por colegiado especial integrado pelo Coordenador-Geral da JARI, pelo Presidente da
Junta que apreciou o recurso e por mais um Presidente de Junta;
II - tratando-se de penalidade imposta por órgão ou entidade de trânsito estadual, municipal ou do Distrito
Federal, pelos CETRAN E CONTRANDIFE, respectivamente.
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III - na data de entrega do documento de habilitação físico, caso ocorra antes das
hipóteses previstas nos incisos I e II.
Se o interessado optar por apresentar recurso, ou uma vez tendo apresentado queira
dele desistir, a entrega da habilitação terá o efeito de causar a desistência do recurso
e será o marco inicial do cumprimento da penalidade.
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O fato é que, como penalidade acessória à suspensão, faria mais sentido que apenas
com a apresentação da comprovação do aproveitamento do curso de reciclagem
houvesse o cumprimento total da pena principal, qual seja a suspensão.
Pois bem, qual é a diferença entre dirigir durante o período de suspensão e dirigir
depois do período de suspensão sem ter feito o curso de reciclagem?
Logo, se o motorista for flagrado conduzindo veículo, obviamente não poderá ser
autuado na forma do art. 232 conforme sugere o §4º em estudo, simplesmente porque
não faz o menor sentido autuar alguém por dirigir sem os documentos de porte
obrigatório se esta pessoa NÃO poderia estar dirigindo.
Ora, a hipótese prevista na Resolução não tem qualquer precedente legal, o que por
consequência, a torna ilegal.
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A única informação válida neste particular é a de que o condutor que dirige com
Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir
Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito de dirigir comete a infração
gravíssima prevista no inciso II do art. 162 do CTB.
Texto sem nenhuma utilidade, uma vez que obviamente a aplicação da suspensão
deve seguir os preceitos do CTB antes de qualquer outra norma.
► Art. 18. O documento de habilitação físico, que tiver sido entregue, ficará acostado
aos autos e será devolvido ao infrator depois de cumprido o prazo de suspensão do
direito de dirigir e comprovada a realização e aprovação no curso de reciclagem, no
caso de documento de habilitação eletrônico este deverá ser regularizado na forma
estabelecida pelo Departamento Nacional de Trânsito.
Assim, a única cassação que faz sentido ser dita e entendida no contexto da
Resolução é a cassação da CNH, prevista no inciso V do citado artigo18.
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Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua
circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;II - multa;III - suspensão do direito de dirigir;IV - apreensão do veículo; (Revogado pela
Lei nº 13.281, de 2016)V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;VI - cassação da Permissão para
Dirigir;VII - freqüência obrigatória em curso de reciclagem
18
Quanto á cassação da permissão para dirigir, vale ressaltar que a mesma não pode ser aplicada atualmente em
virtude da falta de procedimento próprio, eis que o art. 264 do CTB que trataria do assunto fora vetado.
O texto dizia o seguinte: “A cassação da permissão para dirigir dar-se-á no caso de cometimento de infração grave
ou gravíssima, ou ainda, na reincidência de infração media.”
Ocorre que, como muito bem lembrou o professor Arnaldo Rizzardo: “O Poder Executivo entendeu exagerada a
severidade, vetando o cânone e argumentando: “Os §§3º e 4º do art. 148 tratam adequadamente da matéria, uma
vez que impõem a suspensão do direito de dirigir e obrigam o condutor detentor de Permissão para dirigir a reiniciar
o processo de habilitação caso, no período de um ano, tenha cometido infração grave ou gravíssima ou seja
reincidente em infração média.” RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao código de trânsito brasileiro.6 ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007. p. 531
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Como já dito, deverá (espera-se) estar suspenso o condutor que estiver bloqueado e
mesmo após o decurso do tempo previsto originalmente não tenha finalizado o curso
e sido aprovado na prova de reciclagem.
II - caso o condutor seja autuado por outra infração que preveja suspensão do direito
de dirigir, será aberto apenas o processo administrativo para cassação, sem prejuízo
da penalidade de multa;
Estando Josué com o seu direito de dirigir suspenso, caso o mesmo seja flagrado
cometendo a infração prevista no art. 165 do CTB este não responderá a processo do
qual possa resultar nova penalidade de suspensão, mas certamente será objeto de
processo que poderá culminar em cassação da CNH, além da penalidade pecuniária
(multa) atrelada às infrações cometidas.
A redação é extremamente nebulosa e apresenta mais um inciso que não tem razão
de existir.
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Quando o DETRAN tomar ciência(?) por qualquer meio de prova admitido em direito
que alguém(?) suspenso está conduzindo um veículo automotor, deverá instaurar o
processo de cassação.
Como é isso? Estaria o CONTRAN dizendo que não é mais preciso o auto de infração
de trânsito onde o agente flagra devidamente o ilícito ocorrendo?
Basta uma “informação” comprovada sabe-se lá como de que alguém está violando a
penalidade de suspensão e pronto? Estará o DETRAN obrigado a instaurar o
processo de cassação?
O certo é que por qualquer prisma que se analise este inciso ele nunca fará o menor
sentido, e esperamos que nunca ninguém tente colocá-lo em prática.
A infração do inciso II do art. 162 do CTB gera a cassação prevista no inciso I do art.
263.
b) nas infrações de estacionamento, quando não for possível precisar que o momento
inicial da conduta se deu durante o cumprimento da penalidade de suspensão do
direito de dirigir.
1º Conclusão: Nas hipóteses previstas nos incisos “a” e “b” (embora não seja possível
entender exatamente qual foi a mens legis, dada a redação truncada principalmente
da alínea “b”) não será possível punir o proprietário do veículo (ou o principal condutor)
sem que tenha ocorrida a efetiva abordagem.
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Veja que esta conclusão vai de encontro com o entendimento firmado acima de que
não seria possível em hipótese alguma o início do processo de cassação sem que
houvesse abordagem, qualquer que fosse a infração.
O inciso em análise também é uma inovação trazida pela Resolução nº 723 inclusive
em relação à Deliberação nº 163.
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Mais uma vez o CONTRAN adota um entendimento que prejudica o condutor de forma
desmedida e até mesmo com viés inconstitucional.
Como pode um cidadão ser considerado reincidente se ainda não foi condenado pela
primeira infração?
Se uma penalidade não pode ser aplicada antes do fim do processo, como então
poderíamos considerar alguém reincidente se a primeira infração ainda está em
trâmite e pelo princípio da inocência não se pode afirmar que o suposto infrator saiu
da figura de suposto e assumiu a de infrator?
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Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/viewFile/26272/20912
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(...)
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É óbvio que todas as penalidades previstas para a primeira infração serão aplicadas,
caso contrário estaríamos diante de um benefício sem sentido algum.
Estes e outros efeitos sui generis irão acontecer cada vez com mais frequência em
virtude dessa consideração descabida de reincidência.
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Conforme já vimos em diversas ocasiões, será cassado o condutor que suspenso seja
flagrado conduzindo um veículo automotor.
Ocorre que caso ele seja flagrado novamente dirigindo durante o período da
suspensão, o condutor poderá responder a novo processo de cassação
concomitantemente.
Resta saber se o entendimento a ser adotado pelos DETRAN’s será o de que o infrator
poderá responder por múltiplos processos de cassação ficando múltiplos dois anos
sem poder dirigir, ou se serão vários processos de cassação mas a penalidade
continuará sendo de apenas 2 anos para várias infrações.
► Art. 21. A não concessão do documento de habilitação nos termos do §3º do art.
148, do CTB, não caracteriza a penalidade de cassação da Permissão para Dirigir.
Mais uma vez cabe uma crítica severa ao CONTRAN neste momento.
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Na verdade, de acordo com o artigo 21, caso o documento não seja entregue por
qualquer motivo, o bloqueio ocorrerá em 10 dias contados do dia final determinado
para a apresentação do documento.
► Art. 23. Esgotadas as tentativas para notificar o condutor por meio postal ou
pessoal, as notificações de que trata esta Resolução serão realizadas por edital, na
forma disciplinada pela Resolução CONTRAN nº 619, de 06 de setembro de 2016, e
suas sucedâneas.
Como não poderia deixar de ser, o CONTRAN ratifica que a regra quando o tema é
notificação, é que ela seja pessoal, admitindo-se a ficta apenas de forma excepcional
para trazer carga de formalidade ao ato.
Note que caso o órgão de trânsito opte por realizar a notificação via edital antes de
levar a efeito as tentativas de notificação por meio postal ou pessoal, tal notificação
será nula de todos os efeitos conforme jurisprudência pátria:
O tema da prescrição sempre foi um tópico tortuoso quanto à sua aplicação, termo
inicial, incidentes de interrupção etc.
(...)
20
GONÇALVES, Carlos roberto. Direito Civil, 1: esquematizado - 6ª ed - São Paulo: Saraiva, 2016. p. 414, 424
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Neste particular, penso ter andado bem a Resolução ao tratar do tema de forma
simples e direta.
Vale ainda lembrar do antigo art. 23 da Resolução nº 182/05 que fixava o dies a quo
e o dies ad quem da pretensão executória:
Por fim, temos a prescrição intercorrente que com a sua entrada no bojo da
Resolução, põe fim à celeuma da aplicação ou não deste instituto no direito de trânsito.
Ao fixar ser de 3 anos o prazo desta prescrição, a Resolução se filia aos termos do
§1º do art. 1º da Lei nº 9.873/99 que traz a seguinte informação:
21
Art. 19. Mantida a penalidade pelos órgãos recursais ou não havendo interposição de recurso, a autoridade de
trânsito notificará o infrator, utilizando o mesmo procedimento dos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Resolução, para
entregar sua CNH até a data do término do prazo constante na notificação, que não será inferior a 48 (quarenta e
oito) horas, contadas a partir da notificação, sob as penas da lei.
§ 1º. Encerrado o prazo previsto no caput deste artigo, a imposição da penalidade será inscrita no RENACH.
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22
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume: parte geral / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo
Pamplona Filho. - 12 ed - São Paulo: Saraiva, 2010. p. 521
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Diante da teoria apresentada, resta claro que a Resolução do CONTRAN teve o intuito
de separar muito bem causas de suspensão e interrupção, trazendo à luz a diferença
conceitual entre ambas.
Este novo procedimento se diferencia em muito daquele que era adotado pelo §2º do
art. 6º da resolução nº 182/05 conforme pode-se depreender do texto abaixo:
Grande foi a mudança aqui tratada, uma vez que doravante o processo apenas será
suspenso quando houver decisão judicial neste sentido.
Por este motivo, elevado ao nível de matéria de ordem pública, a prescrição pode ser
reconhecida a qualquer tempo inclusive de ofício.
Sua aplicação abarca não apenas o âmbito administrativo, mas também o judicial23.
23
DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo
de conhecimento - 19 ed- Salvador: Ed. Jus Podivm, 2017. p. 826
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Por este motivo, como poderia a retenção do veículo ou recolhimento da CNH serem
prejudicadas por um lapso temporal de 3 ou 5 anos?
► Art. 25. No curso do processo administrativo de que trata esta Resolução não
incidirá nenhuma restrição no prontuário do infrator, inclusive para fins de mudança
de categoria do documento de habilitação, renovação e transferência para outra
unidade da Federação, até a efetiva aplicação da penalidade de suspensão ou
cassação do documento de habilitação.
O texto apresenta a informação de que caso seja interposto recurso fora do prazo
legal (intempestivo), ele não impedirá o cadastro da penalidade do registro do
condutor.
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Em primeiro lugar, reforço a teoria já muito levantada aqui sobre a existência inata do
efeito suspensivo nos recursos de multas de trânsito, mesmo que negada pelo próprio
CTB.
Muito embora não fique claro no texto em análise, via de regra incumbe à algum setor
do órgão de trânsito que irá julgar o recurso, fazer a análise prévia da tempestividade
do ato.
E assim como ocorre em geral nos processos judiciais onde a secretaria da vara
registra a tempestividade ou intempestividade, também no órgão de trânsito o recurso
administrativo usualmente é distribuído com este registro de “tempestivo” ou
“intempestivo”.
Ocorre que esta análise e a respectiva anotação devem ser encaradas apenas como
uma prévia, pois a averiguação da tempestividade é uma competência do órgão
julgador, eis que se trata de um juízo de admissibilidade do recurso.
Pois bem, caso a apreciação preliminar por agente diverso do julgador tenha o condão
de negar seguimento ao recurso, teremos um julgamento nulo em função da violação
do princípio do juiz natural.
Este brocardo muito embora tenha aplicação voltada ao âmbito do Poder Judiciário, é
certo que ao aprofundarmos a discussão fica claro que em verdade a sua força
cogente se aplica a todo e qualquer órgão com competência de julgamento, e por
consequência, ao processo de trânsito.
24
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional.19.ed – São Paulo: Atlas, 2006., p. 76
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Ampliando o debate, em 2010 o próprio STF analisou a incidência do referido princípio nos
processos administrativos disciplinares.
Dada a importância das balizas ali fixadas, fica o registro de parte do referido precedente25:
25
(íntegra do julgado em: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo587.htm#transcricao1)
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Como restou claro, o princípio do juiz natural se aplica aos processos administrativos,
inclusive os de trânsito, e por este motivo retornando ao tema principal, é ILEGAL o
julgamento (não o simples registro sugerindo a tempestividade ou intempestividade)
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prévio da admissibilidade dos recursos por parte de órgão diverso daquele que tenha
a competência legal para tanto, como a JARI ou o CETRAN.
Outrossim, a análise equivocada da contagem do prazo por órgão (ou pessoa) não
julgador pode ensejar diversos dissabores ao recorrente, como por exemplo ser
abordado em uma blitz e no sistema constar o seu bloqueio em virtude de um recurso
que não gerou efeitos por estar intempestivo.
►Art. 27. Os atos referentes aos processos de que trata esta Resolução deverão
ser registrados no RENACH e no RENAINF.
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Caso o condutor não seja aprovado nos termos do §3º do art. 148 do CTB, ele não
obterá a CNH e será obrigado a reiniciar todo o processo de habilitação.
Tendo em vista o disposto no art. 2º da Resolução em análise que fixa o seu objeto
em estabelecer o procedimento administrativo para a aplicação das penalidades de
suspensão do direito de dirigir, cassação da CNH e curso preventivo de reciclagem,
fica claro que a mesma não iria tratar do cancelamento da PPD, que além de não ser
penalidade de trânsito, não exige prévio processo administrativo para a sua
efetivação.
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Portanto, mais uma vez cabe uma crítica severa a esta parte da Resolução que
simplesmente não tem razão de existir, pois esta “sanatória geral” não tem qualquer
efeito prático muito menos jurídico.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredito que esta norma será alvo de mudanças urgentes e profundas, eis que vários
são os pontos controversos entre si e até contrários ao CTB.
O certo é que todos devem ficar atentos às novidades que ainda virão, pois certamente
causarão impactos maiores ainda ao sistema processual de trânsito.
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