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Capítulo II

O GRAU DE SUSCETIBILIDADE ÀS VIBRAÇÕES ASTRAIS

Parte 1

Quando julgamos um horóscopo, é de suma importância que levemos em


consideração a posição social e etnológica do indivíduo, pois configurações de
grande importância no horóscopo de um caucasiano instruído podem
significar pouco ou nada no horóscopo de um trabalhador nativo não
qualificado chinês, e vice-versa. Esquecer tal fator nos levaria,
inevitavelmente, a conclusões falsas, como nós explicaremos a seguir.

É uma máxima mística que quanto mais baixo um indivíduo estiver na escala
da evolução, mais certamente ele responderá aos raios astrais, e, inversamente,
quanto mais elevado um indivíduo na escala da realização, mais ele
conquistará e governará suas estrelas, se libertando da dependência ou tutela
das Hierarquias Divinas. Esse jugo, contudo, não foi imposto ao ser humano
para refreá-lo desnecessariamente, mas do mesmo modo que impedimos uma
criança, na nossa vida cotidiana, de fazer coisas que desconhece, e que
poderiam machucá-la ou talvez invalidá-la por toda a vida, também somos
contidos pelas Hierarquias Divinas por meio dos Aspectos entre os Astros, de
modo a não nos machucarmos além do que possamos nos recuperar nas
experiências da vida.

Contudo, juntamente com essa a orientação, existe, é claro, certo grau de


Livre Arbítrio, o qual cresce à medida que evoluímos. Entre nós, a criança
possui, na verdade, pouquíssimo livre arbítrio, estando sujeita não somente
aos seus pais, mas também aos empregados da casa, e a todos a quem esteja
relacionada, todo o mundo a controlando para o próprio bem dela. À medida
que a criança cresce, esse cerceamento vai se moderando pouco a pouco, até
que, com o passar dos anos, a criança aprenda a exercitar esse seu livre
arbítrio. Esse método é seguido pelas Hierarquias Divinas, no caso do ser
humano. Na sua infância a humanidade foi totalmente guiada pelas regras
Divinas, sem exercitar nenhum Arbítrio; “Portanto, deverás fazer isto, ou não
fazer” eram as ordens impostas a ela, e que deviam ser implicitamente
obedecidas, caso contrário, o descontentamento Divino seria, imediatamente,
mostrado por meio de manifestações enérgicas como um recurso para
impressionar a Mente da humanidade infantil, tais como: raios, trovões,
terremotos e ocorrências de grandes pragas. Isso ocorria para a orientação
coletiva da humanidade; para repressão individual haviam as leis, os
mandamentos e as regras rígidos. Tributos deviam ser pagos continuamente ao
Líder Divino e oferecidos no altar como sacrifícios, e para cada infração à lei
um determinado sacrifício de bens materiais devia ser feito. Temor era a nota-
chave dominante daquela Dispensação, pois “O começo da sabedoria é o
temor do Senhor Deus”1. Esse regime prosseguia sob as condições astrais de
Marte e da Lua. Marte, sendo o lar dos Espíritos Luciferinos dominantes, dava
à humanidade a energia necessária para que a evolução pudesse ser realizada;
essa energia marciana era da maior importância, particularmente, é claro, nos
estágios iniciais. A Lua, que é o lar dos Anjos, sob o Divino Líder deles
Jeová, deu à humanidade em sua infância aquele cérebro-mente como de
criança, que é passível de ser governado e se curva facilmente perante à
autoridade.

Esses dois Astros com Saturno eram os únicos raios astrais que afetavam a
humanidade como um todo durante a Época Lemúrica, de modo que, se se
levantasse um horóscopo para qualquer pessoa naquele tempo, seria
desnecessário considerar outros Astros, pois ela não podia responder aos seus
raios. Mesmo hoje, uma grande parte da humanidade ainda não evoluiu muito
além daquele ponto. Uma grande classe, particularmente entre aquelas que
chamamos de “raças inferiores”, e mesmo as classes mais baixas do nosso

1
N.T.: Prov 9:10
mundo ocidental, são dominadas, principalmente, por esses raios astrais. Sob
seus impulsos essas duas classes atuam com infalibilidade automática em uma
maneira específica, de forma que é possível predizer exatamente o que farão
sob determinados Aspectos desses Astros, porque elas vivem inteiramente em
suas emoções e raramente, se tanto, são suscetíveis às vibrações intelectuais
de Mercúrio. Elas nem podem apreciar as emoções tais como as expressas por
Vênus ou pela sua oitava, Urano; tais pessoas respondem somente à natureza
inferior, às paixões animais. Movem-se sob os impulsos de Marte e da Lua,
com respeito ao sexo e à subsistência. Seus prazeres são da natureza a mais
baixa e mais sensual. Elas vivem como animais em bando no físico, e seus
credos é “comer, beber e se divertir”. Seus desejos são dirigidos
principalmente para “vinho e amores”, pois ainda não despertaram para o
encanto da música; nem a beleza teve ainda a oportunidade para encantar o
coração selvagem, nesse estágio de desenvolvimento, porque isso provém dos
raios de Vênus, que estão além dessas pessoas. Em tal estágio, a mulher é
apenas um animal de carga e uma conveniência para o homem.

Enquanto isso o “Pai Tempo”, representado pelo Planeta Saturno, marca a


contagem e brande sobre elas o açoite da necessidade, a fim de impeli-los para
frente, nesse caminho evolutivo, retribuindo a cada um, na época da colheita
entre vidas, com os frutos de seu trabalho. Quando o ser humano já cultivou as
rudes virtudes de bravura, resistência física, etc., sonha na existência post-
mortem com novos campos para conquistar, e vê onde fracassou, e a razão de
seus desejos frustrados por falta de ferramentas. Gradualmente, o raio
marciano construtivo e a destreza de Saturno fertilizam o cérebro lunar que ele
está construindo, de maneira que, com o tempo, aprende a fazer as toscas
ferramentas necessárias à realização de suas ambições primitivas. Mesmo
atualmente vemos os mesmos traços de caráter hábil, as mesmas técnicas
primitivas manifestadas nas “raças inferiores” e por meio delas, com o
propósito de irrigar a terra, extrair minério ou moer grãos. Todos aqueles
primeiros instrumentos resultaram dos raios astrais de Saturno, da Lua e de
Marte, influenciando o cérebro primitivo da humanidade infantil.

Um pouco adiante no caminho evolutivo, na Época Atlante, os Senhores de


Vênus e os Senhores de Mercúrio vieram a Terra com o objetivo de dar um
impulso no desenvolvimento mental e emocional. A tarefa de Vênus era
combater as emoções inferiores e elevar a rude paixão animal de Marte ao
mais terno e mais belo amor de Vênus. Devia acrescentar beleza à força, e
para alcançar aquele ideal, os Senhores de Vênus estimularam as artes
plásticas, a pintura e a escultura. Tais artes não eram ensinadas aos seres
humanos comuns daquela época; os ideais que precisam ser desenvolvidos
numa raça são sempre ensinados primeiramente aos mais avançados, em um
templo de mistério, e, naquela época, a Iniciação não incluía instrução
espiritual, mas consistia de educação nas artes liberais2. A escultura ensinava
como o belo pode ser incorporado à forma física. Chamava a atenção para o
corpo, e tornava um ideal as suaves linhas curvas. O resultado está agora
incorporado ao nosso próprio corpo, pois, compreenda-se bem, numa escola
de mistério um ideal não é ensinado hoje simplesmente para ser esquecido
amanhã ou na geração seguinte, mas ideais são inculcados para que, com o
tempo, eles se tornem parte da própria vida, da alma e corpo de uma raça.
Compare o corpo de raça do ser humano civilizado moderno com o do
indiano, do australiano, do hotentote3, etc., e verá que nele a beleza foi de fato
acrescentada à força.

Pode-se argumentar que estamos degenerando, se comparados ao que


mostram as Artes Helênicas, mas isso positivamente não está acontecendo,
mesmo porque ainda não alcançamos esse ideal tão elevado. Na Grécia antiga
os templos de mistério ocupavam uma posição muito mais proeminente do
que hoje; a forma bonita era idolatrada em detrimento da Mente, não obstante

2
N.T.: São compostas da lógica, gramática, retórica e da aritmética, música, geometria, astronomia.
3
N.T.: Povo da África ao norte do Rio Orange.
se constatar o fato de que a Grécia teve um Platão e um Sócrates. Os Senhores
de Mercúrio, que tinham a incumbência de desenvolver a Mente à época em
que os Senhores de Vênus exerciam sua grande influência sobre as emoções,
não foram então capazes de causar uma impressão universalmente forte na
humanidade primitiva. Sabemos muito bem que mesmo hoje é difícil pensar,
ao passo que é fácil se entregar às emoções. Hoje em dia, a classe média do
ocidente está muito mais adiantada do que os Gregos antigos, em virtude da
influência desses dois raios planetários em nossas vidas. A mulher,
naturalmente, sobressai na faculdade altamente imaginativa de Vênus, devido
à sua participação na função criadora, que ajuda a moldar o corpo da raça. Por
isso, a sua silhueta possui as curvas graciosas que naturalmente expressam a
beleza, ao passo que o homem possui um intelecto de conhecimento mundano,
estimulado pelos Senhores de Mercúrio, que é o expoente da razão e o agente
criador do progresso físico no trabalho do mundo.

Sempre almejamos, admiramos e aspiramos àquilo que nos falta. Nos dias de
selvageria, quando golpes e pontapés era seu pagamento diário, a mulher
ansiava pelo carinho de seu senhor. O raio de Vênus lhe deu a beleza e a fez
adepta dos artifícios femininos que conquistaram o coração masculino, de
modo que agora o homem desempenha o papel de protetor sob o pretexto de
que a mulher não é mentalmente competente; entretanto, ele está se tornando
aquilo que admira nela; ele está mais gentil e afável. Vênus está conquistando
Marte, mas a ilusão da superioridade intelectual de Mercúrio precisa de outra
influência para conquistá-lo. Agora, a mulher está suprindo isso, por meio de
sua aspiração. Do mesmo modo que ela dominou a brutalidade marciana
através da beleza de Vênus, assim também ela vai se libertar da escravidão
mercuriana pela intuição uraniana.

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