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Colheita e Preparo
(Coffea arábica L.)
MANUAL DO CAFÉ
COLHEITA E PREPARO
BELO HORIZONTE
EMATER-MG
ABRIL DE 2016
FICHA TÉCNICA
CDU 633.73(021)
APRESENTAÇÃO
O café é o principal produto da adotadas, é fundamental ter padrões e
pauta de exportações do agronegócio informações tecnológicas que se adap-
de Minas Gerais. É um importante gera- tem às várias condições, testados e
dor de emprego, renda e, principalmen- aprovados em campo e resguardados
te, um meio de vida para milhares de pela pesquisa.
agricultores mineiros. A série de Manuais do Café, escrita
A cafeicultura tem papel estraté- por extensionistas da Emater–MG com
gico para a Emater–MG. Os extensio- larga experiência em assistência técnica
nistas da Empresa, presentes em todas e extensão rural na cafeicultura, propor-
as regiões do Estado, são responsáveis ciona aos produtores e técnicos o aces-
por disseminar informações técnicas, so a práticas agronômicas, que buscam
que colaboram para que a atividade melhorar a eficiência na condução das la-
cafeeira seja conduzida de maneira lu- vouras. O uso de tecnologias adequadas
crativa e sustentável. torna a atividade competitiva e sustentá-
Em um território com sistemas de vel, além de garantir a oferta de produtos
produção diversificados, regiões com de qualidade aos consumidores e, como
relevos distintos, tamanho variado de consequência, a geração de melhores
propriedades e diferentes tecnologias condições de vida para agricultores.
Amarildo Kalil
Presidente da Emater–MG
SUMÁRIO
FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DO CAFÉ.............................................. 7
DESENVOLVIMENTO DO FRUTO DE CAFÉ......................................................... 6
PRODUÇÃO DE CAFÉS DE QUALIDADE............................................................. 8
PRÉ-COLHEITA DO CAFÉ.................................................................................... 9
DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA................................................... 11
Previsão de colheita:........................................................................................... 13
COLHEITA DO CAFÉ.......................................................................................... 14
PRÉ-LIMPEZA..................................................................................................... 22
ACONDICIONAMENTO.................................................................................... 23
MEDIÇÃO E TRANSPORTE................................................................................ 24
LIMPEZA............................................................................................................ 25
LAVAGEM E SEPARAÇÃO.................................................................................. 26
AS MODALIDADES DE PREPARO DO CAFÉ...................................................... 28
CEREJA DESCASCADO....................................................................................... 30
CAFÉ DESPOLPADO.......................................................................................... 31
SECAGEM DO CAFÉ.......................................................................................... 33
SECAGEM EM TERREIROS................................................................................. 34
SECAGEM EM TERREIROS SUSPENSOS............................................................. 42
SECAGEM NO PANO......................................................................................... 43
RODOS PARA CAFE........................................................................................... 44
RECOLHEDORES PARA CAFÉ............................................................................ 44
SECADORES MECÂNICOS................................................................................. 45
SECAGEM EM SECADORES MECÂNICOS.......................................................... 46
ARMAZENAMENTO........................................................................................... 50
BENEFICIAMENTO............................................................................................. 50
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 51
MANUAL DO CAFÉ - COLHEITA
E PREPARO
FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DO CAFÉ
As características físicas e a compo- eira é o de que a matéria-prima para um
sição química do café são influenciadas café de qualidade é constituída por frutos
por fatores de naturezas diversas, des- cerejas sadios e graúdos e que estes ocor-
tacando-se entre eles os fatores genéti- rem em ramos vigorosos. Com o passar dos
cos, ambientais, nutricionais, manejo da anos, as altas cargas, os fatores adversos
lavoura, colheita, preparo, etc. À exceção (secas, pragas, doenças), o fechamento e
dos genéticos e ambientais, os demais mesmo a própria idade da lavoura somam-
fatores podem ser controlados após a -se, resultando na acentuação da bienalida-
implantação da lavoura, não só no mane- de, finalizando em declínio.
jo (boas práticas agronômicas), quando
As técnicas de manejo, visando os
todo esforço é empregado na obtenção
objetivos citados, devem ser aplicadas
do máximo em qualidade, quanto na fase
desde o início, a partir da implantação
de colheita e preparo do café, em que se
do cafezal, o que requer planejamento, a
busca a preservação da qualidade obtida.
começar pela escolha da variedade mais
Padronização da lavoura para a melho- adequada às condições de clima e solo de
ria da qualidade cada região, combinando os espaçamen-
tos mais compatíveis com o manejo que
O princípio básico a ser aplicado na se pretende adotar, levando-se em conta
implantação e condução da lavoura cafe- a disponibilidade dos recursos requeridos.
Lavoura em produção
DESENVOLVIMENTO DO Crescimento e granação
FRUTO DE CAFÉ Segue-se um período de cresci-
mento rápido (expansão), prosseguindo
Desde a sua formação que ocorre até o fruto verde atingir seu tamanho
com o vingamento da flor até a com- final, caracterizado pelo endurecimento
pleta maturação, o fruto de café passa do endocarpo (pergaminho). O déficit
por diversas fases, cada uma delas de hídrico, a deficiência nutricional, a inci-
importância decisiva na obtenção de ce- dência de doenças podem ocasionar a
rejas sadias e graúdas. queda prematura dos chumbinhos.
Morfologia do fruto maduro de café
Semente (grão)
ou endosperma
Polpa ou
mesocarpo Película prateada
ou espermoderma
Casca ou Pergaminho ou
epicarpo endocarpo
Pedúnculo
Amadurecimento
Amadurecimento
Após a granação, a cor verde
intenso do fruto passa para o verde-
-cana, evoluindo para o vermelho
ou amarelo, conforme a cultivar. Há
um aumento da síntese de açúcares,
com alterações nos ácidos e compos-
tos fenólicos responsáveis pela ads-
tringência do fruto verde. Os consti-
tuintes químicos atingem teores que Senescência e seca
conferem características peculiares de
maturação completa, destacando-se
a presença da mucilagem, que é um
hidrogel solúvel e coloidal, parte inte-
grante do fruto, composta de 85% de
água e 15% de sólidos.
V
A
P
GRÃOS NORMAIS
1
3
1
Limpeza do terreiro
Exemplo
Quando não se faz colheita seletiva, que à medida que a colheita avança, as
o momento ideal para dar início à colheita proporções vão se invertendo. Como
referencial prático e dependendo dos
deve ser definido não apenas pelo per-
fatores citados, sugere-se uma faixa de
centual de grãos verdes, mas pela soma
5% a 20% de grãos verdes para o início
de outros fatores tais como: volume da
da colheita.
safra, estrutura de secagem, disponibilida-
de de mão-de-obra e, obviamente, pela Planejamento da colheita
qualidade de bebida que se quer obter.
Deve-se lembrar que no início da O planejamento da colheita con-
colheita é mínimo o percentual de grãos siste em aproveitar a amostragem feita
secos e maior o de grãos verdes, sendo por gleba ou talhão, para dimensionar
12 MANUAL DO CAFÉ - Colheita e Preparo
os recursos materiais (panos de café, • Resultado da amostragem e
peneiras, etc.), o transporte do café, re- avaliação do ponto de maturação:
cursos financeiros e mão-de-obra que 60 litros de café colhidos em 12 pés
serão necessários para a realização da (4 pés por talhão);
operação de colheita.
• Colheita: manual por derriça no
Caso não tenha feito a amostragem,
pano.
este planejamento pode ser feito através
da estimativa de safra que se faz antes da A seguir são simulados os cálculos:
colheita. Para os cálculos que se seguem,
serão utilizados os seguintes dados: Cálculos simplificados
PREVISÃO DE COLHEITA:
60 litros ÷ 12 pés = 5 litros / pé em média 20.000 pés x 5 l/pé = 100.000 litros
de café (a serem colhidos)
Cerca de 208 sacas de café beneficiado (480 litros por saca)
Período de colheita:
Colhedora automotriz
5.000 litros/hora
Retirada parcial
das varetas
inferiores
Retirada total
das varetas
inferiores
Largura das ruas: programada em função da Carreador adequado para a colheita mecâ-
colhedora a ser utilizada nica e manobra das colhedoras
Acondicionamento
em saco de ráfia
Acondicionamento
em big bags.
Abanadora manual
Abanadora mecânica
Descascador
Tanques de dego-
magem
Direção correta de
caminhamento para
rodar o café no terreiro
1º DIA
2º DIA
Diferença na secagem
dos grãos no terreiro
1 2
3 4
30º C 2,26%
40º C 21,51%
50º C 51,20%
60º C 100,00%
Secagem no pano
BENEFICIAMENTO
Alguns cuidados são fundamentais
para o armazenamento do café, como A umidade ideal para o beneficio
segue: do café é de 10,5% a 11,5%. Abaixo de
10%, poderá ocorrer a quebra de grãos
Localização da tulha: local arejado, durante o beneficiamento. Acima de
batido pelo sol e próximo do terreiro, 12%, pode ocorrer também o branque-
secadores e máquina de beneficiar. amento dos grãos, reduzindo o período
Material de construção: madeira de armazenamento e devem retornar ao
ou alvenaria. Quando o material for terreiro ou secador, antes de serem be-
alvenaria, recomenda-se a colocação neficiados.
de estrados no piso, no caso do arma- A máquina de beneficiar o café
zenamento em sacaria, ou a sua im- deve ser regulada antes de ser usada,
permeabilização com lona plástica, em a fim de se evitar a quebra de grãos, a
caso de armazenamento a granel. Re- saída de grãos junto com a palha ou a
comenda-se também o isolamento em saída de palha junto com os grãos. É im-
relação ao ambiente externo através portante o café descansar nas tulhas an-
do revestimento interno das paredes tes do beneficiamento, após a seca para
com tábuas. melhorar a uniformidade da secagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mercado exige atualmente café complementam todas as demais realiza-
de qualidade superior, pagando a mais das durante o ciclo produtivo da cultura,
por essa qualidade. Portanto, os cuida- buscando a obtenção de um CAFÉ DE
dos na pré-colheita, colheita, preparo, QUALIDADE SUPERIOR, a justa remu-
secagem, armazenamento e beneficia- neração para o cafeicultor profissional e
mento, são muito importantes pois estas dedicado.