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Aula 2

COLHEITA
Curso Técnico em Cafeicultura

Objetivos da aula

Y Compreender os processos relacionados com a colheita do café.


Y Entender o procedimento de arruação
ão das lavouras cafeeiras e as
modalidades que podem ser usadas.
Y Conhecer os métodos
dos de colheita
colheita, adequando o método à situação.Destacar
Destacar
a importância da limpeza e da higienização
ão dos equipamentos de colheita.
Y Compreender os demais procedimentos que ssão realizados após
ós a colheita,
antes do café ser levado para a secagem.

Introdução

A colheita é o momento em que vamos colher o resultado de todo o investimento


realizado na cultura do café. Por isso é dispensável comentarmos o quanto ela é
importante.
Muitas pessoas acreditam que a colheita é um momento a mais que dispomos
para
ra melhorar a qualidade d
do produto.. Mas é um engano pensar assim,
assim
conseguiremos se observarmos alguns fatores, manter a qualidade que o café
apresenta enquanto está na planta. O contrário resultará na perda de qualidade com a
ocorrência de transformações indesejáveis
ndesejáveis nas substâncias químicas que compõem o
grão de café. Entre elas destacamos a fermentação que dá origem ao gosto azedo na
bebida do café.
Nesta nossa primeira aula estudaremos o
os preparos da etapa de
e colheita e a
colheita propriamente dita.
Aproveite bastante a aula!!

Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 2


Curso Técnico em Cafeicultura

1. DEFINIÇÃO

A colheita do café consiste na etapa


de retirada dos frutos da planta de café.
Nesta etapa o fruto do café, que é o
principal objetivo da produção de cafés,
estará em nossas mãos. É importante
prestarmos atenção nos preparativos e
nos procedimentos que iremos adotar na
colheita, pois deles depende a
manutenção da qualidade que o café Colheita do café de Candido Portinari
apresenta quando ainda está na planta.

É importante lembrar que o café é um produto agrícola, valorizado em função de


aspectos qualitativos. Isto quer dizer que quanto maior a qualidade do produto, maior
será o preço pago por ele.
Você poderá observar, ao longo desta aula, que todos os process
processos, os
métodos, e cuidados que serão citados e sugeridos para serem utilizados, devem ser
adotados levando-se em consideração a preservação da composição química do grão
de café. Para que esses
es compostos químicos sejam pre
preservados,, é importante que o
grão de café permaneça intacto, ou com o menor nível de injúrias*.
Essas injúrias, além de alterar a quantidade e modificar quimicamente os
componentes do grão de café, podem ser uma abertura para a entrada de
microrganismos que em geral, aceleram a deterioraçã
deterioração** dos grãos.

*Injúria
Injúria é o termo usado para indicar que o grão de café sofreu
algum tipo de dano ou estrago. Pode ser uma perfuração por uma
broca, ou qualquer outro estrago causado por uma ação
mecânica,, como um arranhão de algum equipamento.
GLOSSÁRIO
**Deterioração refere
refere-se
se ao processo que envolve reações de
alteração, estrago, causando a decomposição do produto.

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Vamos observar os procedimentos a serem adotados para preparar a


propriedade cafeeira para esta importante etapa que é a colheita.
Antes de citarmos esses fatores a serem observados, gostaria de lembrá
lembrá-los que
cada um dos tipos de manejos estudados ao longo deste curso, exercerão influência
na qualidade do produto.

Vejamos alguns exemplos:

a) Adubação: plantas de café bem nutridas produzem frutos mais


vigorosos.

b) Controle de pragas: a exemplo da broca do café, que é a praga


que mais afeta os frutos, quando controladas evitam a infestação destes
insetos e não permitem a ocorrência do defeito conhecido como brocado
brocado.

c) Podas: facilita a colheita, porque os ramos podados fazem com


que a arquitetura da planta fique mais organizada, pois os ramos ficam com a
mesma característica.

d) Aplicação de defensivos: quanto menos a planta de café for


atacada por pragas e doenças
doenças, maiores serão
ão as chances de
desenvolvimento de frutos com qualidade superior. Mas cuidado, não
estamos dizendo que apenas o uso dos defensivos são garantia de
qualidade!

Estes manejos já foram tratados em suas respectivas disciplinas


disciplinas.. Queremos
Q
apenas destacar a importância
portância pela influência que eles causam à qualidade do
produto final. Vamos focar agora nos processos que teremos que adotar para garantir
o sucesso na colheita.

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2. ORGANIZAÇÃO DA COLHEITA

2.1.
1. PREPARO DA INFRAESTRUTURA
Preocupados com a manutençã
manutenção da qualidade,

devemos nos lembrar de toda a infraestrutura que esta


relacionada com a etapa de colheita e da pós
pós-colheita. Tudo
isso depende das dimensões da lavoura e dos tipos de
preparo que iremos realizar no café, mas os reparos e o
aumento do terreiro
ro já devem estar prontos neste momento.
A compra e/ou instalação de equipamentos da pós
pós-colheita
já devem ter sido realizados, assim como também a revisão
mecânica dos equipamentos já instalados
instalados, conforme vimos
na Aula 1.

2.2.
2. TIPO DE COLHEITA A SER UTILIZADA

A colheita do café pode ser feita manual ou mecanicamente. Na colheita

manual utilizamos pequenos instrumentos que auxiliam a retirada dos frutos da


planta, e na colheita mecanizada recorremos ao uso de equipamentos (má
(máquinas).
Para assumirmos a organização e o preparo da colheita, primeiramente é necessário
definir qual dos dois processos cabem nas condições da lavoura. Vamos discuti
discuti-los
em seguida.

2.3. ARRUAÇÃO

Consiste
onsiste na limpeza do solo sob as plantas, preparando a área para a

realização da colheita. Neste momento, é feita a retirada de todo o material caído ao


solo que possa dificultar a colheita dos frutos, como plantas invasoras, folhas, ramos.
Ainda, são retirados os frutos caídos precocemente ao solo, que na maioria das
vezes, apresentam desenvolvimento anormal seja por erros na nutrição das plantas

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ou pelo ataque de pragas e doenças, com grande possibilidade de estarem


embolorados e em péssimas condições sensoriais.
Os objetivos desta etapa é fazer com que a área a ser colhida fique limpa e
facilite o trânsito e a colheita propriamente dita.

Colher café com a presença de plantas infestantes


altas pode ser tanto um incomôdo quanto um perigo para
o colhedor de café, visto que o mato pode esconder
animais peçonhentos.

A presença de vegetação nas entrelinhas pode ainda dificultar o levantamento


do café que cai e se mistura à terra solta, favorecendo a sua rápida deterioração.

Lavoura de café sem arruação.

Ainda faz parte do processo de arruação,


amontoar todo o material retirado no centro da
entrelinha, na forma de leiras ou montes. Este
procedimento garante a preservação do solo e
a manutenção deste material vegetativo para Detalhe do material empilhado ao
melhorar as propriedades físicas do solo. centro da entrelinha.
Fonte: Campo e Negócios (2010)

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A arruação poderá ser realizada de acordo com as diferentes formas de


condução da lavoura. Por exemplo, se for o caso de uma lavoura convencional a
aplicação de herbicidas pode ser uma opção, ou em todos os casos (lavoura
orgânica, ou sem agrotóxico) podemos lançar mão da capina, que poderá ser
mecânica ou manual.

Lavoura arruada
Fonte: Planeta orgânico (2010)

De forma geral, a arruação deve remover apenas os materiais caídos sobre o


solo, não deslocando a terra sob a projeção dos ramos das plantas, visto que grande
parte das raízes está localizada nos primeiros centímetros do solo e quaisquer
movimentos no solo podem provocar sua morte.
Você já ouviu alguém dizer que fez uma arruação mais profunda para que os
frutos “cheguem” mais rapidamente? A expressão “chegar os frutos” refere
refere-se ao
amadurecimento dos frutos. Isso ocorre porque a arruação promove a retirada da
terra e causa a morte de grande
de porcentagem das raízes... O resultado é simples: as
plantas sofrem um dano grande, morre uma porcentagem significativa do sistema
radicular e, além disso, é retirada uma faixa de solo com alto teor de matéria orgânica
e capacidade de retenção de água.

Com relação ao sistema radicular, vamos


fazer um raciocínio simples: relembrando a
morfologia do cafeeiro, aproximadamente 84%
das raízes estão localizados até uma
profundidade de 30cm de solo.

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No caso de uma arruação mais profunda, com remoção de 5cm de solo sob a
saia das plantas, em torno de 10 a 15% de todo o sistema radicular das plantas está
sendo atingido, principalmente as raízes da placa superficial, mais finas e com função
principal de absorção de água e nutrientes. Certamente, o dano será gr
grande,
principalmente pela época que é realizada a arruação, período seco do ano.
Existem formas diferentes de se fazer a arruação da lavoura, que podem ser
agrupadas da seguinte forma:

a) Arruação Manual

É a forma de arruação de maior ocorrência. Consist


Consistee na retirada do material com
uso de rastelos ou até mesmo, vassouras de fabricação artesanal. Apresenta baixo
rendimento sendo recomendada para regiões mais declivosas que impossibilitem a
adoção de máquinas.

Enxada Rastelo

Fonte: Luar Representações (2010) Fonte: Luar Representações (2010)

b) Arruação Mecanizada

A remoção dos resíduos localizados sob a saia das plantas é realizado por meio
de máquinas conhecidas por arruadores. Existem formas diferentes de ser realizada a
arruação com máquinas, existindo arruadores mecânicos e arruadores sopradores.
Obviamente, a arruação
rruação mecanizada apresenta maior rendimento, porém exige mais
investimento em máquinas. Observe alguns tipos de arruadores mecânicos:

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Arruador e esparramador de café no terreiro da Soprador de café e folhas com arruador.


Agrale. Fonte: Femagril (2010) Fonte: MFRural (2010)

Arruação feita com roçadeira


Fonte: Globo Rural (2010)

c) Arruação Química

É realizada com uso de herbicidas não


não-
seletivos, com objetivo de dessecar as plantas
invasoras localizadas próximas ao cafeeiro e
que possam dificultar o manejo do pano de
colheita do café.

Esta prática é recomendada para áreas com presença de pedras e/ou declive
acentuado. Como vantagens dessa forma de arruação, estão o alto rendimento e o
não-revolvimento do solo.

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A arruação deve ser feita o mais próximo possível do momento da colheita.


Considerando que a colheita deve ocorrer quando os frutos estão maduros, mas que
ainda não estivessem caindo, a arruação deveria ser realizada uma semana antes.
Em pequenas propriedades, isto é possível de ser feito, mas nas grandes
propriedades, vale ajustar o método de arruação com o prazo antes da colheita.
Quando a arruação precisa ser antecipada, é necessário prevenir a reinfestação de
plantas daninhas, na área já arruada, utilizando herbicidas.

2.4.
4. LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS

É importante, durante a fase de preparo para a colheita, lavar,


avar, limpar e higienizar
todos os equipamentos que estão envolvidos tanto com a colheita (dedos das
colhedoras, por exemplo) quanto com a pós-colheita
colheita (lavadores, secadores e
máquinas de beneficiar).
Os restos da colheita da safra anterior podem servir de abrigo para os esporos*
dos microrganismos. Assim eles ficam dormentes até o momento em que encontram
condições para se desenvolver. E a condição favorável para isso é exatamente a
chegada dos novos frutos, associado com as condições climáticas da época de
colheita. Antes de falarmos sobre o processamento do café discutiremos a ação
destes pequenos organismos. Mas antes disso, vamos evitar as condições favoráveis
para o seu desenvolvimento.

*Esporos são células


élulas reprodutoras produzidas por plantas, fungos, e
por alguns protozoários e bactérias. Os esporos apresentam paredes
GLOSSÁRIO grossas e são capazes de suportar variações de temperatura,

umidade e outras situações desfavoráveis. Os esporos possuem um


conteúdo celular
lular denso e rico em reservas, sendo por isso
considerado também um elemento de resistência. São necessárias
altas temperaturas para inativar os esporos de bactérias.
(Fonte: Enciclopédia, 2010; ICB, 2010).

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A higienização é o processo em que se usa sanitizantes


também conhecidos como desinfetantes. Em alguns casos,
limpar ou até mesmo lavar não garante que se conseguiu
eliminar os microrganismos.

Outra infra-estrutura
estrutura que merece
especial atenção com a higienização é o
terreiro. Lembre-se
se que ele fica exposto o ano
todo e quando não tem café secando ele
funciona como estacionamento de carros ou
cavalos, local de festas, e normalmente é área
Fonte: Revista Cafeicultura, 2010 de circulação para pequenos
equenos animais.

Entre os produtos sanitizantes, existe o hipoclorito de sódio, na forma comercial


da conhecida água sanitária que pode ser comprada em supermercados e até
produtos fungicidas, como o Fegatex®. O que vale aq
aqui
ui é adequar o método ao bolso.
No caso do hipoclorito de sódio, a recomendação para a higienização dos
equipamentos é a dose de 1%, ou seja, a cada 1 litro de água devem ser usados 100
mL da água sanitária.
Para o uso do Fegatex® conforme o Agrofit (2010) a recomendação é fazer a
assepsia de toda a área do terreiro, aplicando a calda por pulverização antes de o
café ser espalhado no terreiro.
Aplicar a calda por pulverização em todas as partes do
lavador diariamente e no secador semanalmente. Na tulha, deve
deve-
se aplicar antes de colocar
olocar o café.
Preparo da calda para fazer a pulverização do terreiro,
lavador, secador e tulha: 400 ml do produto em 20 litros de água
(proporção de 1:50). Cobrir toda a superfície do terreiro, lavador,
secador e tulha; usando 3,50 litros de calda/100 m² (70 ml produto
ou 7 g i.a. 1100 m²).

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Para usar no lavador de água retida. Ajustar a dose a cada adição de água.
Adicionar no lavador de água retida: 100 ml do produto a cada 100 litros de água do
lavador (1:1000). Trocar a água diariamente.

No caso do lavador de água corrente, realizar


pulverização diretamente sobre o café, espalhando em
camadas finas no próprio terreiro. Adotar este
procedimento também no caso de café chuvado.
Pulverizar no café no terreiro: 100 ml por 20 L de água
(1:200). Sobre o café no terreiro aplicar 6 litros de
calda/100 m² (30 ml produto ou 3 gramas do ingrediente
ativo 1100 m²).

3. COLHEITA DO CAFÉ

Neste momento, a lavoura está devidamente preparada para o início da colheita


dos frutos e também, todos os equipamentos, máquinas, benfeitorias e mão
mão-de-obra
necessária organizados.
A colheita pode ser realizada por diferentes combinações de práticas e recursos,
sendo que a determinação do melhor arranjo de trabalho deverá ser feito com base
nas condições da propriedade
opriedade cafeeira. Isto envolve fatores como o relevo da
propriedade, o tamanho das lavouras, a mão
mão-de-obra
obra disponível, o maquinário
presente, o mercado ao qual deseja fornec
fornecer
er o café produzido, entre outros.
Faremos aqui uma apresentação da colheita quan
quanto
to aos tipos (manual e
mecanizada) e da mesma forma, dos tipos de derriça (no pano e no chão e também,
seletiva e não-seletiva).

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3.1. TIPOS DE COLHEITA

A. COLHEITA MANUAL

A colheita manual é realizada retirando


retirando-
se os frutos de café da planta com as mãos,
sem uso de máquina, seja ela de qualquer
porte. É a formade colheita mais utilizada na
região sul de Minas Gerais.

B. COLHEITA MECANIZADA

A colheita do café por meio de


máquinas rotula essa prática, podendo ser
utilizadas máquinas de pequeno, médio ou
grande porte, dependendo principalmente
do relevo da lavoura cafeeira e do capital
disponível para investimento em máquinas.

Apenas um detalhe... a mecanização de uma


prática agrícola não é restrita ao uso de máquinas de
grande porte, como uma colhedora automotriz, por
exemplo. A derriça realizada com derriçadoras
costais também se caracteriza como mecanização
na cafeicultura.

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Podemos considerar que a


mecanização não está voltada apenas aos
cafeicultores com áreas mais extensas,
mas sim, o uso de máquinas de grande
porte tem maior ocorrência nestes casos.

3.2. TIPOS DE DERRIÇA

A derriça dos frutos consiste na retirada dos frutos das plantas


plantas.. Neste
N item,
faremos um estudo das formas mais usuais de realização dessa atividade.

A. DERRIÇA NO PANO

Antes de se efetuar a derriça dos


frutos, um pano deve ser colocado sob a
saia das plantas com objetivo de isolar os
frutos a serem retirados da planta
daqueles que caíram ao solo após a
arruação até aquele momento.

Isto é necessário pelo fato dos frutos caídos ao solo antes da colheita
apresentarem elevada possibilidade de perda de qualidade em função de
fermentações indesejáveis devido ao contato com a umidade existente no solo e com
microrganismos que causam o embo
emboloramento. Desta forma, evita-se
se que os frutos
“limpos” sejam contaminados com frutos de qualidade inferior, capazes de causar
danos importantes à qualidade do café.

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Após a derriça no pano, os


trabalhadores rurais retornam à área
para efetuar a varreção, ou
u seja, a
retirada dos frutos caídos ao solo que
ficaram embaixo do pano, que formará
outro lote de café possivelmente de
qualidade inferior, chamado “café do
Chão”.

B. DERRIÇA NO CHÃO

Neste caso, ocorre uma inversão


da ordem da varreção e da derri
derriça. No
início da colheita, os trabalhadores
realizam a varreção dos frutos caídos ao
solo desde a arruação até aquele
momento. Após, ocorre a derrubada dos
frutos das planta sobre o solo, sem
pano.

Imediatamente após a derriça no chão, repete


repete-se a operação de varreção dos
frutos derrubados no dia, que são levantados, abanados e levados ao processamento
pós-colheita. Recomenda-se
se que neste caso, os frutos sejam pelo menos, lavados
para a retirada de torrões e outros materiais ali presentes.
É muito importante
mportante salientar que os frutos derrubados das plantas não devem
permanecer caídos ao solo por muito tempo, evitando
evitando-se,
se, assim, problemas com
relação à qualidade do produto.

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C. DERRIÇA SELETIVA OU PARCIAL

Neste sistema, é feita a retirada


dos frutos maduros, permanecendo
ainda na planta, os frutos verdes e/ou
verdolengos. A remoção dos frutos
maduros pode ser efetuada por catação
a dedo, fruto a fruto ou ainda, por
derriça de parte da planta.

Na prática, é fácil perceber que os frutos localizados no terço superior da planta


atingem o amadurecimento mais rapidamente, sendo neste caso que se encaixa a
derriça de apenas uma parte da planta. Após alguns dias, retorna
retorna-se
se à lavoura e
realiza-se
se a derriça dos frutos restantes, em estágio adequado de matur
maturação.
ação.

D. DERRIÇA TOTAL OU NÃO-SELETIVA


SELETIVA

A derriça total como o nome traz, é


a derriça de todos os frutos das plantas,
por mais heterogêneos que estejam com
relação ao estágio de maturação. Assim,
quando da passagem dos trabalhadores
na lavoura, é realizada a colheita de
todos os frutos, não sendo necessária
uma nova entrada na área para este fim.

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A grande limitação deste sistema é a


formação de lotes de frutos com diferentes
estágios de maturação, ou seja, frutos
verdes, maduros, passas e até mesmo,
secos.
Mais detalhes sobre essa situação
serão apresentados nos itens de secagem.

Após a apresentação de cada tipo de derriça, podemos começar a analisar


arranjos diferentes para a colheita do café:

Colheita manual por derriça total no pano e posterior varreção


varreção.

Colheita manual por derriça parcial no pano

Varreção seguida por colheita manual por derriça total no chão

Colheita mecanizada por derriça parcial com derriçador costal no pano e


repasse manual no pano

Colheita mecanizada por derriça parcial de parte da planta (ponteiro) com


colhedora automotriz

Apenas um detalhe com relação à derriça parcial mecanizada: existem dois


mecanismos para a realização de derriça parcial com derriçadores cos
costais,
tais, laterais ou
quaisquer outras máquinas para este fim.

O primeiro consiste na diminuição da vibração


das varetas ou do ponteiro no caso de
derriçadores costais, que permite que os frutos
retidos na planta com maior força (os mais
verdes) não sejam retirados e prossigam seu
amadurecimento.

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O segundo é a retirada de varetas das


colhedoras e derriçadores laterais, não
atingindo as partes das plantas que ainda
apresentem frutos em estágios mais
atrasados de maturação.

Derriçadeira de café DCM-11 (Brudden)

Assim sendo, a idéia que na colheita mecanizada não se faz derriça parcial é
equivocada, ou seja, mesmo mecanizada, a derriça poderá ser seletiva.

4. PRÉ-LIMPEZA

A derriça dos frutos sobre o


pano promove também a queda de
galhos e folhas dass plantas. Esta
fase de pré-limpeza
limpeza consiste na
abanação do material retido no
pano, procedendo-se
se a separação
das impurezas caídas juntamente
com os frutos recém-derriçados.
derriçados.

No caso de derriça no chão e varreção imediata do café, a pré


pré-limpeza
limpeza ainda
objetiva retirar os torrões e pedras presentes junto aos frutos.
Esta simples etapa do processo de colheita do café, quando bem realizada, é
capaz de evitar que dificuldades ocorram daí por diante. Dentre os problemas
advindos de uma pré-limpeza
limpeza mal feita, estão:

- excesso de impurezas (folhas e galhos) junto com os frutos de café,


dificultando a secagem no terreiro e aumentando o risco de perda de qualidade na
bebida do café;

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menor rendimento do café, pois será necessário maior número de medidas


de café recém-colhido
colhido por saca de 60kg de café beneficiado, visto que uma parte do
volume da medida estará ocupada por impurezas;

maior acúmulo de impurezas no lavador/separador, na unidade de


processamento pós-colheita,
colheita, diminuindo rendimento do conjunto;

desgaste
gaste das máquinas (secadores, beneficiadores) devido a presença de
pedras e torrões;

possibilidade de aparecimento de impurezas no café beneficiado,


promovendo maior porcentagem de defeitos nas amostras classificadas e
conseqüentemente, menor preço para ao cafeicultor pela saca de 60kg de café
beneficiado, entre outras.

A pré-limpeza
limpeza ou abanação pode
ser feita manualmente como também por
abanadores mecânicos acoplados à
tomada de força do trator, sendo que a
manual apresenta menor rendimento em
comparação
ão à mecanizada, porém, não
exige investimento em equipamentos
(trator e abanador).

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5. ACONDICIONAMENTO DOS FRUTOS

Após a derriça e a abanação, os


frutos são acondicionados em sacos até
o momento do transporte da lavoura até
a propriedade, para que seja iniciado o
processamento pós-colheita.
colheita. Esta etapa
é extremamente simples, porém capaz
de promover grandes prejuízos ao
cafeicultor devido à perda da qualidade
da bebida do café provocada por falta
de cuidados.

Vamos fazer uma análise simples...


Considerando que os colhedores de café iniciam seus trabalhos às 7:00 horas
da manhã em uma lavoura com carga pendente de frutos alta, são necessários
aproximadamente de 30 a 40 minutos para se obter uma medida de café colhida,
abanada e ensacada.

Na maioria
ioria das propriedades cafeeiras, o transporte
do café recém
recém-colhido
colhido ocorre ao final da tarde, por volta
de 16 às 17:00 horas. Temos, então, quase 10 horas
entre a colocação dos frutos nos sacos após a abanação
e a retirada, para a medição e transporte, te
tempo
mpo mais que
suficiente para que seja iniciado um processo de
fermentação dos frutos, capaz de promover danos
irreparáveis à qualidade da bebida.

Nesta situação após um dia inteiro


inteiro,, quando da retirada dos frutos, percebe-se
percebe
com muita facilidade, um aumento da temperatura da massa de frutos e também, o
que é pior, um cheiro de fermentação.

Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 20


Curso Técnico em Cafeicultura

Então, esses frutos são


misturados aos demais
provenientes da derriça ao
longo do dia. Imagine só que
situação... No caso de ter
iniciado o processo de
fermentação dos frutos
colhidos pela manhã, os frutos
colhidos no dia serão
contaminados pelos frutos
fermentados.

Assim, com objetivo de se evitar todo esse problema, recomenda


recomenda-se que o
transporte dos frutos seja realizado em mais etapas, não ficando restrita a apenas
uma viagem da lavoura até o processamento pós
pós-colheita.

Outro detalhe importante está na


confecção dos sacos de
acondicionamento dos frutos. Estes,
devem apresentar possibilidade de
trocas térmicas, ou seja, deve
devem ser
trançados,, pois mesmo que as
aberturas
berturas sejam pequenas para que
não escapem os frutos de café, elas
permitem que ocorram trocas térmicas
e gasosas entre a massa de frutos e o
ambiente, evitando-se
se assim,
fermentações.

De forma geral, algumas observações podem ser feitas para esta etapa com
objetivo de evitar a ocorrência de fermentações indesejáveis:

Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 21


Curso Técnico em Cafeicultura

Use
se sacaria limpa, livre de resíduos e de material que
permita a circulação de ar dentro da massa de
frutos;

Realize abanação bem feita, de forma


que as impurezas não prejudiquem a
circulação de ar na massa de frutos;

Após a abanação e o
transporte, mantenha os sacos
com os frutos acondicionados
sob sombra, protegidos da
incidência da luz solar;

Faça o transporte do café já


abanado o mais rápido possível
para o terreiro;

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Curso Técnico em Cafeicultura

Após a chegada do café no terreiro,


proceda à esparramação imediata dos
frutos;

6. MEDIÇÃO E TRANSPORTE

Após um determinado intervalo de trabalho


dos colhedores de café, os frutos recém
recém-colhidos
devidamente acondicionados e protegidos
conforme explanado no item anterior, devem ser
levados ao processamento pós-colheita.
colheita.

Mais adiante, faremos um estudo mais aprofundado do processamento pós


pós-
colheita, que poderá ser constituído simplesmente pela esparramação do lote de
frutos no terreiro para
ra a secagem ou por etapas do processamento por via úmida
(lavador/separador de bóias, descascador/separador de verdes,
desmucilador/despolpador).

Cada
ada colhedor entrega os sacos com o
café colhido, que é devidamente contabilizado
em uma medida padrão
o de 60 litros (a mesma
medida que usamos para fazer os cálculos da
aula 1).

Detalhe da medida de café


é
(recipiente verde)

Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 23


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Posteriormente à conferência do volume de café colhido, cada colhedor recebe


um ticket referente à cada medida colhida ou é feita uma anotação pelo funcionário
responsável no controle do
o rendimento da colheita e ao final da semana, cada
trabalhador recebe o pagamento, equivalente ao valor combinado por medida colhida
multiplicado pelo número de medidas colhidas ao longo da semana.
Apenas um detalhe com relação ao volume da medida de ccafé.
afé. Normalmente, o
volume é de 60 litros, mas podem aparecer medidas com volumes variados. Assim,
no caso de medidas com volume menor que 60 litros, o valor pago ao colhedor deverá
ser menor enquanto, para medidas com volume maior, o inverso acontece.
O ajuste
juste deverá ser feito no cálculo do valor a ser pago por cada medida de café
colhido, visto que leva em consideração o volume da medida usada como referência
para pagamento ao colhedor.
Imediatamente depois da medição, os frutos são transportados até a
propriedade
opriedade e encaminhados ao processamento pós
pós-colheita.
colheita. Vale ressaltar que a
carreta do trator deve apresentar condições mínimas para receber os frutos:

Deve
eve ser lavada ao final de cada dia de trabalho;

Não
ão devem ser transportadas ferramentas e outros equipamentos
juntamente com os frutos. Imagine só o problema que pode ser causado por um
vazamento de combustível de alguma das máquinas derriçadoras costais sobre os
frutos...

Não
ão devem ser transportadas substâncias estranhas (combustíveis,
defensivos, etc) juntamente com os frutos;

A madeira da carreta deve estar em boas condições, amenizando riscos de


perdas de frutos ou ferimentos nos trabalhadores (por pregos soltos, por exemplo);

Não
ão devem ser transportadas pessoas na carreta do trator, tanto pe
pelo
aspecto legal mas também, pelo risco de acidentes pelo elevado peso da carga.

Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 24


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7. VARREÇÃO

O levantamento dos frutos caídos ao solo geralmente é feita depois da derriça


dos frutos no pano. Assim, faz-se
se o recolhimento dos frutos caídos que forma um lote
de café chamado de café de varreção.

Geralmente, os frutos que formam o


café de varreção apresentam maior
porcentagem de defeitos e bebida de pior
qualidade, quando comparados aos
frutos colhidos das plantas sobre os
panos.

Isto se deve ao fato que os frutos caídos ao solo entram em contato com
microrganismos ali presentes capazes de promover a fermentação dos grãos, o que é
favorecido em regiões com elevada umidade relativa do ar ou pela ocorrência de
chuvas durante a colheita.
Por isso, tanto no transporte
sporte quanto no processamento pós
pós-colheita,
colheita, os lotes de
frutos de café de varreção devem ser mantidos separados dos frutos provenientes da
derriça sobre pano.

RESUMO
Nesta aula estudamos os procedimentos relacionados à etapa de
colheita de colheita do café.

Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 25


Curso Técnico em Cafeicultura

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Profa. Luciana Lopes Mendonça & Profo José Marcos Mendonça 26

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