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Medicina, Ribeirão Preto,

34: 70-78, jan./mar. 2001 REVISÃO

DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO DAS INFECÇÕES


DO TRATO URINÁRIO - UMA REVISÃO TÉCNICA

BACTERIOLOGICAL DIAGNOSTIC OF URINARY TRACT


INFECTIONS - A TECHNICAL REVISION

Ilana L. Baratella da C. Camargo1; Andresa Maschieto1; Caio Salvino2 & Ana Lúcia da Costa Darini3

1
Pós-Graduandas – Curso de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto–
USP. 2Bioquímico – Microbiologista – Laboratório Saldanha – Lages/SC. 3 Docente do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas
e Bromatológicas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto–USP
CORRESPONDÊNCIA: Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto–USP. Av. Café s/ n°-CEP 14.040-903-Ribeirão Preto-SP.
aldarini@fcfrp.usp.br

CAMARGO ILBC; MASCHIETO A; SALVINO C & DARINI ALC. Diagnóstico bacteriológico das infecções do
trato urinário - Uma revisão técnica. Medicina, Ribeirão Preto, 34: 70-78, jan./mar. 2001.

RESUMO: Entre as doenças mais comuns está a infecção do trato urinário, afetando mais
de um sítio ou um único local como a uretra (uretrite), próstata (prostatite), bexiga (cistite) ou rins
(pielonefrite).
A urina é considerada estéril e pode sofrer contaminação de bactérias da pele, da roupa ou
da genitália. Por isso, se não colhida, armazenada e transportada adequadamente, pode-se
obter falsos resultados em exames bacteriológicos.
Bactérias da família Enterobacteriacea estão envolvidas em quase todas as uretrocistites
não gonocócicas, sendo a Escherichia coli o agente causal de aproximadamente 80% dos casos
entre mulheres na idade fértil, sem lesões do trato urinário. Outros microrganismos, incluindo
Klebsiella sp., Enterobacter sp., Proteus sp., Pseudomonas sp. e Enterococcus sp., são freqüen-
temente encontrados em pacientes com lesões obstrutivas ou doenças paralíticas, afetando a
função renal. Staphylococcus saprophyticus é um importante patógeno oportunista na infecção
do trato urinário em humanos, especialmente em mulheres jovens, sexualmente ativas.
O paciente deve ser informado quanto aos procedimentos recomendados, relacionados com
o horário da colheita, modo de obtenção e toda a assepsia necessária, assim como o profissio-
nal deve estar bem atualizado quanto às técnicas utilizadas para o isolamento, identificação e
antibiograma.
Atualmente, existem métodos químicos automatizados e kits excelentes para o diagnóstico
presuntivo de infecções urinárias, auxiliando e agilizando os processos de identificação e de
tratamento eficaz ao paciente infectado.

UNITERMOS: Infecções Urinárias. Diagnóstico Laboratorial. Bacteriúria.

1. CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS tativos ou semiquantitativos são usados, o exame bac-


teriológico de urina pode ser uma ajuda valiosa no diag-
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das nóstico e no controle terapêutico.
doenças bacterianas mais comuns; a conduta clínica A urina é um excelente meio de cultura para a
adequada exige o conhecimento do número e tipos de maioria dos microrganismos que infectam o trato
bactérias envolvidas. Assim, quando métodos quanti- urinário e o crescimento bacteriano pode ocorrer na

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urina “in natura”, resultando em contagens elevadas Além dos casos citados, critérios de Stamm e o
em infecções estabelecidas não tratadas, ou mesmo de Kass, outras preconizações são aceitas. Nos pa-
por contaminação da genitália externa (1). Mas, cientes sem tratamento, sintomáticos ou assintomáti-
bacteriúria pode ocorrer em várias condições clínicas, cos, apresentando contagens maiores que 105 bacté-
envolvendo a invasão microbiana de qualquer tecido rias por mL, indicativas de infecção(6) e contagens
do trato urinário ou pode resultar de simples multipli- menores que 104 bactérias por mL, podendo ser indi-
cação na urina, sem invasão do tecido. víduos sadios, recomenda-se a identificação do mi-
Como critérios de avaliação de bacteriúria con- crorganismo(7).
siderável, utilizam-se, na prática, dois critérios: o de O emprego de um único espécime, provavel-
Kass(2,3) e o de Stamm et al.(4,5). mente, oferece uma precisão de 80%, entretanto,
Segundo Kass, são consideradas amostras com- um único espécime obtido, por micção espontânea,
patíveis com ITU aquelas com contagem de colônias de um paciente masculino adulto, deve ser considera-
igual ou maior a 100.000 UFC/mL (Unidades forma- do diagnóstico, desde que tenha havido preparo ade-
doras de colônia por mililitro de urina). quado do paciente e cuidado na colheita e transporte
Já, segundo Stamm, são consideradas amostras do espécime.
compatíveis com ITU aquelas com contagem de co- Em mulheres, segundo Kass(2,3), se dois espé-
lônias igual ou maior a 100 UFC/mL. cimes sucessivos de urina, colhidas por micção es-
A utilização deste ou daquele critério é de com- pontânea, contêm o mesmo microrganismo e uma
petência do clínico a cada situação isolada, já que o de concentração de, pelo menos, 105 bactérias por mL, a
Kass é mais específico, enquanto o de Stamm é mais probabilidade de ter bacteriúria é de 95%.
sensível. Em crianças, casos de ITU podem vir acompa-
Sendo a urina um elemento estéril, a simples nhados de bacteriúria ao redor de 103 UFC/mL, pas-
presença de bactérias, independente de sua quantida- sando, muitas vezes, despercebida aos olhos dos
de, deveria indicar ITU, o que, na prática, não se de- bacteriologistas, que a consideram como contaminante
monstra. Deve-se considerar a possível contamina- dentro do contexto de bacteriúria considerável pro-
ção da amostra através da microbiota vaginal, o que posto por Kass(2,3).
aumentaria muito o número de resultados falso-positi- Coletas pediátricas podem ser problemáticas
vos, se o critério utilizado for o de Stamm. Porém, e devem contar com uma pequena série de cuida-
como veremos adiante, este critério se adequa melhor dos, principalmente em casos de uso de coletores
à realidade pediátrica, na qual, muitas vezes, os crité- plásticos.
rios de Kass são pouco sensíveis a determinadas situ- A infecção pode afetar um único local, tal como
ações clínicas. a uretra (uretrite), próstata (prostatite), bexiga (cisti-
O critério de Stamm auxilia a diferenciar casos te) ou rins (pielonefrite), embora, freqüentemente, mais
de contaminação dos casos de ITU, porém, o critério de um sítio esteja envolvido. Infecção restrita à urina
não é, atualmente, muito apreciado pelos microbiolo- pode apresentar-se como bacteriúria assintomática, mas
gistas devido ao elevado índice de resultados falso- pode, subseqüentemente, levar à infecção clínica. To-
negativos, demonstrando a alta especificidade, e, tam- das as porções do trato urinário podem correr risco,
bém, a baixa sensibilidade. desde que algum de seus sítios torne-se infectado(8).
Utilizando somente os critérios de Kass, o nú- Há duas vias de infecção dos rins: infecção he-
mero de mulheres com cistite aguda e microbiota in- matógena, pela corrente sanguínea, e infecção ascen-
ferior a 100.000 UFC/mL foi altíssimo; sendo assim, dente, a partir da via urinária. A infecção ascendente
foram interpretados como “não infectadas”, segundo é, claramente, a via mais comum pela qual as bactérias
tais critérios. Já no caso de utilização dos critérios de têm acesso ao rim. O primeiro passo para a patogenia
Stamm, para estes mesmos casos, o número de cultu- da infecção ascendente parece ser a colonização da
ras ditas positivas foi de 36%. uretra distal e intróito por coliformes, pela capacidade
Demonstra-se, através desta discussão, que de adesão às células vaginais ou da uretra(8), sendo
ambos os critérios deverão ser utilizados, sempre acom- que a via sanguínea é um dos maiores focos, também,
panhados de dados clínicos compatíveis para que se para bacteremias causadas por enterobactérias.
diagnostique ITU. Atualmente, os critérios de Stamm Os sítios mais comuns de infecção do trato
são utilizados para crianças e mulheres jovens. urinário, na mulher, são a uretra e a bexiga. A mulher

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possui a bexiga maior, podendo armazenar a urina por sendo testado como indicador de abuso sexual em ví-
mais tempo, apresenta uretra mais curta e ausência timas sem rompimento de hímen, mesmo quando há
de propriedades antimicrobianas, como as encontra- ausência da fosfatase ácida, prostática, na vagina.
das no líquido prostático. Por isso, as infecções agu- Alguns dados mostram que a simples presença deste
das são mais comuns nas mulheres que nos homens, grupo de bactérias seria um forte indício de contato
além do fato de que a proximidade anatômica entre peniano-vaginal, já que elas estão presentes na micro-
vagina e ânus, associada ao alto grau de umidade lo- biota normal do pênis.
cal, cria uma verdadeira “ponte” líquida, proporcio- Outros microrganismos, incluindo Klebsiella
nando livre acesso dos microrganismos ao sistema sp., Enterobacter sp., Proteus sp., Pseudomonas sp.
urinário feminino. e Enterococcus sp., são, freqüentemente, encontra-
Bacteriúria assintomática, em mulheres jovens, dos em pacientes com lesões obstrutivas, doenças
é comum, mas, raramente, persiste, o que é um forte paralíticas, afetando a função renal, ou naqueles que
indício de uma subseqüente ITU sintomática(9). foram manipulados no trato urinário. Staphylococcus
No sexo feminino, a freqüência urinária e a aureus,ocasionalmente, causa cistite e raras infecções
disúria também podem ser provocadas por outras con- ocorrem com S. epidermidis. Espécies de Candida
dições, além da ITU. Síndrome uretral aguda é um podem estar implicadas em infecções do trato urinário,
termo que tem sido aplicado, quando da presença de particularmente em diabetes não controlada ou como
um ou mais sintomas típicos da cistite em mulheres um componente de candidíase sistêmica em pacien-
com suspeita de piúria associada a baixo número de tes imunodeficientes(6).
bactérias na cultura de urina (isto é, geralmente, < 102 Prostatite bacteriana, crônica é uma doença
UFC/mL). Entretanto, como a maior parte dos labo- comum no homem. É de difícil cura e é, freqüente-
ratórios não trabalha com culturas de urina de baixos mente, responsável por infecções recidivas no trato
números, essas mulheres, aparentemente, têm piúria urinário. A prostatite é, geralmente, causada por
“estéril” do ponto de vista clínico. bacilos gram-negativos, com E. coli presente em 80%
Stamm et al.(4,5) determinaram que a uretrite dos pacientes. A maioria dos casos restantes é cau-
aguda, a vaginite e as infecções por herpes genital sada por Klebsiella sp., Proteus mirabilis,
são responsáveis por todos os casos de síndrome uretral Pseudomonas sp. e Enterobacter sp. Entre as bac-
aguda, não provocados pela cistite. térias gram-positivas, o enterococo parece ser mais
Amostras uretrais devem ser utilizadas para freqüente como causa de prostatite. Duas ou mais
fazer culturas ou para conduzir testes de detecção espécies de bactérias podem estar presentes na urina
desses patógenos, em mulheres que têm vida sexual de 10% dos pacientes com prostatite bacteriana.
ativa e piúria documentada com culturas de urina “per- Pielonefrite é um processo inflamatório, en-
sistentemente” negativas. As culturas de urina tam- volvendo a pelve e parênquima renal, que pode tor-
bém podem apresentar resultados falso-negativos, no nar-se crônico e levar a uma extensa destruição re-
caso da Candida albicans, em mulheres portadoras nal. Acredita-se que a infecção ascendente seja a
de vulvovaginite provocada por contaminação uriná- mais comum. Infecções hematogênicas podem cau-
ria pela descarga vaginal. sar abscessos únicos ou múltiplos. Embora a doença
A uretrocistite é uma causa importante de mor- renal, inflamatória (nefrite) possa resultar de uma va-
bidade, mas é mais importante como fonte potencial riedade de causas, admite-se, apenas, a infecção
para a disseminação da infecção com comprometi- bacteriana como a causa de pielonefrite. Deve ser
mento dos rins. enfatizado que só a bacteriúria não é diagnóstico de
Bactérias da família Enterobacteriaceae es- pielonefrite, embora pacientes com pielonefrite ativa,
tão envolvidas em quase todas as uretrocistites não não tratada, tenham bacteriúria. O diagnóstico exige
gonocócicas, sendo a Escherichia coli identificada evidências de inflamação renal e bacteriúria e estu-
como o agente causal de aproximadamente 80 % dos dos bacteriológicos, em espécimes de urina colhida
casos na comunidade, entre mulheres na idade fértil. no ureter, podem ser importantes para estabelecer o
Staphylococcus saprophyticus, por não fazer diagnóstico e determinar se a infecção ativa é uni ou
parte da microbiota bacteriana vaginal de mulheres, bilateral.
em fase pré-sexual, é importante agente etiológico de Na pielonefrite aguda, até 90% dos pacientes
ITU em mulheres jovens. Este dado, inclusive, está têm E. coli como agente etiológico. Os demais pa-

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cientes têm várias outras bactérias entéricas (por do os resultados de culturas repetidas de urina, forne-
exemplo: Klebsiella sp., Enterobacter sp., Proteus cem números conflitantes de microrganismos e mi-
sp. e Enterococcus sp.). S. aureus é raramente en- crobiota bacteriana, mista. Também, quando na pre-
contrado na pielonefrite aguda. A incidência de E. coli, sença de bacteriúria e a cultura é negativa, existe a
como agente etiológico na pielonefrite crônica, vem possibilidade de infecção por anaeróbios.
diminuindo, mas permanece ainda como o agente mais Espécimes colhidos durante cistoscopia ou por
comum. Infecções mistas podem ocorrer, quando há punção suprapúbica da bexiga têm menor probabili-
obstrução do trato urinário ou o uso de cateteres. dade de estarem contaminados e, assim, mesmo um
Embora ITU, geralmente, seja causada por ape- pequeno número de microrganismos pode ser repre-
nas um agente etiológico, raros são casos de entero- sentativo na amostra.
bacilos gram-negativos, associados às bactérias do A cateterização uretral já foi considerada o
gênero Enterococcus, sendo que, nesses casos, a melhor recurso de colheita de urina na bexiga, mas
bacterioscopia de gota pode confundir o microbiolo- pode favorecer infecção, particularmente, em pacien-
gista na análise prévia. tes idosos, confinados ao leito, por ser extremamente
Assim, a bacterioscopia pela coloração de Gram invasiva.
deve servir apenas como guia de raciocínio e não como Durante a cateterização, a urina não deve ser
triagem, como recomendavam alguns autores. colhida do saco de drenagem, porque o crescimento
das bactérias pode ter ocorrido fora do corpo. O cate-
2. COLHEITA DO ESPÉCIME ter deve ser limpo com álcool 70o, diretamente perfu-
rado, em local apropriado, com agulha e seringa para
Espécimes matinais são recomendados, pois as aspirar a urina. A prática de realizar a cultura da pon-
contagens bacterianas são mais altas devido à incu- ta do cateter, após sua remoção, não tem sentido, por-
bação noturna na urina contida na bexiga. A urina de que a ponta contamina-se, quando ele é removido da
pacientes que estão recebendo líquidos diuréticos pode uretra(1). Nunca se deve coletar a urina do saco coletor
estar diluída, reduzindo a contagem de colônias. devido à possibilidade de contaminação e ao fato de
Os cuidados na colheita, preservação e trans- estar em temperatura ambiente, proporcionando re-
porte dos espécimes de urina são da maior importân- sultados falso-positivos.
cia. As melhores técnicas de laboratório para contar A cateterização foi amplamente substituída pela
e identificar bactérias são de pouco valor, se o espéci- técnica de micção espontânea, coletando-se o jato
me não é colhido adequadamente e levado ao labora- médio que elimina o risco de causar infecção. Atual-
tório, sem demora ou sob refrigeração adequada. mente, é a técnica utilizada, pois, com o primeiro jato
A urina a ser pesquisada bacteriologicamente de urina, são eliminadas as bactérias encontradas na
não deve ser colhida em urinol ou “comadre”, deve uretra, diminuindo a possibilidade de contaminação da
ser coletada diretamente em frasco estéril, identificada amostra.
e examinada ou refrigerada, o mais rapidamente pos- A obtenção de espécime de urina por micção
sível, entre 4 – 6 °C, pois, sob refrigeração, as conta- espontânea varia muito, dependendo da idade, sexo e
gens bacterianas permanecem em ritmo lento de da capacidade de cooperação do paciente. As instru-
replicação por (pelo menos) 24 horas nessas condi- ções adequadas para colher uma urina por micção
ções(8), embora não parem totalmente a replicação. espontânea devem ser passadas para todos os pacien-
Bactérias contaminantes, provenientes do perí- tes, de forma que as bactérias encontradas na urina
neo, podem multiplicar-se nos espécimes mantidos à possam ser consideradas como provenientes apenas
temperatura ambiente e invalidar os resultados dos da bexiga e uretra.
exames. Nos adultos, a higiene genital deve ser feita com
Espécimes de urina podem ser colhidos por clorexidina. O homem deve retrair o prepúcio e lim-
cateterização, aspiração suprapúbica ou jato médio de par o meato uretral e a glande. Na mulher, a assepsia
micção espontânea. deve ser da uretra para o ânus. Em ambos, desprezar
A aspiração suprapúbica da bexiga pode ser o início da micção e coletar apenas o segundo jato. O
necessária para diagnosticar uma infecção. Esse pro- frasco deve ser seguro de tal maneira que se evite o
cedimento é realizado pelo médico e envolve a pun- contato com as pernas, vulva ou roupa. Os dedos de-
ção direta da bexiga através da parede abdominal, vem ser mantidos afastados da boca ou superfície
usando-se agulha e seringa. A técnica é utilizada quan- externa do frasco.

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Nas crianças, é necessário coletor infantil. An- do procedimento básico. Colocar 10µL de urina não
tes, coloca-se a criança em posição ginecológica e centrifugada em uma lâmina, deixar secar sem espa-
faz-se a assepsia com clorexidina. Na primeira hora, lhar, fixar e, então, corar pelo método de Gram. Em
o coletor deve ser trocado a cada 30 minutos. Daí em objetiva de imersão, uma ou mais células bacterianas
diante, a cada 60, mas sempre após a higiene genital. observadas, por campo, é indicativo de infecção uri-
Observação: em estudos realizados com amos- nária. É sempre bom lembrar que este é um procedi-
tras de recém-nascidos, obtidas através de saco coletor mento de triagem, e não diagnóstico. Deve servir ape-
e com o diagnóstico comprovado por aspiração su- nas como guia para o microbiologista.
prapúbica, pode-se concluir que o saco coletor forne- A presença de várias células epiteliais esca-
ce resultados confiáveis somente quando utilizado em mativas é típica de contaminação pelo conteúdo vagi-
crianças com mais de sete dias de vida, visto que, em nal, sendo recomendável nova amostra (independente
crianças mais novas, há maior probabilidade de ocor- do número total de bactérias). O exame microscópico
rência de resultados falso-positivos(10) por contamina- também serve como medida de controle de qualidade,
ção fecal. pois, uma bacterioscopia positiva, com a cultura sem
crescimento bacteriano, alerta o microbiologista para
3. INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS a possibilidade de uma troca de espécime, a presença
de aeróbios de crescimento lento, bactérias exigentes
Além da identificação usual do paciente, o nutricionalmente ou uso de antibiótico antes da co-
laboratório precisa de informações sobre o diagnós- lheita da amostra.
tico clínico, o método e hora exata em que foi colhida,
se o paciente estava sob tratamento com diuréticos, 7. CULTURA PARA CONTAGEM DE COLÔ-
ou se foi administrado algum agente antimicrobiano NIAS
específico.
A contagem de colônias deve ser feita através
4. CRITÉRIOS PARA REJEIÇÃO DA AMOS- da técnica de espalhamento em superfície. Ágar
TRA Müeller-Hinton suplementado com sangue de carnei-
ro a 5% ou, preferencialmente, um meio rico diferen-
Os espécimes recebidos com mais de duas ho- cial (Cled ou Brolacin) é normalmente usado para a
ras após a coleta, sem evidência de refrigeração, de- quantificação e isolamento.
vem ser devolvidos e solicitada nova colheita. Se isso Em todos os métodos, a urina deve ser bem
não for possível, o material deve ser refrigerado e nova homogeneizada antes de semeada.
requisição deve ser feita. Quando não houver informa-
ção, quanto à hora da colheita ou à técnica utilizada, o 7.1. Procedimento de semeadura em superfície.
mesmo procedimento deve ser obedecido. Nenhum Técnica da alça calibrada
espécime deve ser descartado sem o contato prévio Uma alça calibrada de 1µL (0,001 mL)(1) é usa-
com o médico que fez a requisição, porque há possibi- da para inocular a urina nos meios de cultura em pla-
lidade de ser inviável a obtenção de outro espécime. cas. A alça é mantida verticalmente e imersa logo
abaixo da superfície da urina homogeneizada, deven-
5. EXAME BACTERIOLÓGICO do ser movimentada para cima e para baixo. Uma al-
çada de urina é, então, depositada e espalhada na su-
O procedimento básico deve permitir uma esti- perfície de cada meio. Este procedimento proporcio-
mativa do número total de microrganismos viáveis por na, invariavelmente, uma separação que permite a
mililitro de urina (UFC/mL) e, ao mesmo tempo, per- contagem de colônias na faixa de importância clínica
mitir isolamento de colônias em meios nutritivos, enri- e a seleção de colônias isoladas para estudos subse-
quecidos e diferenciais, para possibilitar o reisolamento qüentes.
e identificação dos microrganismos predominantes. O volume dispensado pela alça calibrada ma-
nualmente pode mudar com o uso repetido, devido à
deformação, corrosão, ou acúmulo de material incine-
6. EXAME DIRETO DO ESFREGAÇO
rado, portanto, a alça deve ser inspecionada, pelo
O exame de esfregaço de urina não centrifu- menos, uma vez ao mês. A alça não deve ser usada
gada, corada pelo Gram, é recomendado como parte para semeaduras de rotina ou para outros espécimes

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a não ser que seja necessária uma quantificação. A de, o que deve levar o microbiologista a analisar, jun-
alça calibrada pode ser substituída por micropipetas tamente com o médico, dados clínicos que, se compa-
calibradas e ponteiras estéreis, obtendo-se os mes- tíveis com ITU, justifiquem a continuidade da cultura,
mos resultados. principalmente, em pacientes pediátricos, idosos e
imunodeprimidos, levando-se sempre em considera-
7.2 Técnica de inoculação com pipeta ção a presença ou não de leucócitos na amostra.
Uma alternativa para o método de espalha- Se houver crescimento de 10 a 100 colônias,
mento em superfície com alça calibrada consiste em registra-se o número de bactérias por mililitro de urina
inocular 0,1 mL de uma diluição de urina em água (número de colônias vezes 1000). Se há predominân-
destilada a 1:1000, na superfície de uma placa de ágar, cia de um único tipo de microrganismo, ele deve ser
e distribuir esse inóculo, uniformemente, sobre a su- identificado, mas se há uma mistura de dois ou mais
perfície total da placa com o auxílio de uma alça esté- tipos de bactérias relata-se “microbiota mista” e re-
ril ou bastão de vidro em “L”. Um dispositivo giratório quisita-se uma nova amostra. Em geral, o número de
pode ser usado para se obter uniformidade no espa- espécimes que fornecem microbiota mista com con-
lhamento do inóculo. As colônias são contadas e os tagens entre 104 e 105 por mL é um bom índice para
resultados são multiplicados por 1000 para dar a con- avaliar o cuidado com que tais materiais estão sendo
tagem de viáveis. manipulados. Eles devem compreender uma pequena
proporção, quando a coleta e o transporte são sa-
8. CULTURAS PARA IDENTIFICAÇÃO DO tisfatórios.
MICRORGANISMO ENVOLVIDO Se estiverem presentes mais do que 100 colô-
nias, relata-se como mais de 105 bactérias por mL. Se
Recomenda-se o uso de ágar Cled (Difco) ou as placas foram adequadamente semeadas, colônias
Brolacin (Merck), que permitem o cultivo de micror- bem isoladas devem estar presentes. Se mais de um
ganismos aeróbios ou microaerófilos, gram-positivos tipo de colônia está presente em um número suficien-
ou gram-negativos. Devido a uma ampla disponibili- temente elevado, cada tipo deve ser identificado e os
dade de substâncias nutritivas e por não possuírem testes de susceptibilidade aos antimicrobianos realiza-
substâncias inibidoras, são considerados meios de cul- dos, quando solicitados. Não se faz nenhuma ten-
tivo universal para urocultura. tativa para isolar e identificar aqueles microrganis-
Semeia-se a 35°-37°C e incuba-se por 24 ho- mos que estão presentes em pequena quantidade, e
ras. Uma incubação mais prolongada (mais 24h) reconhecidos somente quando são usados meios sele-
somente é necessária, se houver uma discordância tivos diferenciais.
entre os resultados do exame bacterioscópico e da Se forem encontradas mais de duas espécies,
cultura, se estiver presente a esterase leucocitária, deve-se suspeitar de contaminação grosseira, especi-
indicando piúria (leucócitos degenerados) e, com almente quando os leucócitos estão ausentes e célu-
isso, uma possível infecção(11). Pode-se utilizar meio las epiteliais, escamativas aparecem no exame direto
de Mac Conkey para isolamento de enterobacilos pelo Gram. Embora, muitas vezes, tal microbiota mis-
gram-negativos, por se tratar de um meio com ini- ta indique uma colheita insatisfatória ou contamina-
bidores para gram-positivos. É um excelente auxílio ção de espécimes, isto pode estar presente na urina
diagnóstico. da bexiga de pacientes com cateteres ou com lesões
obstrutivas do trato urinário inferior. Em tais casos, o
9. REGISTRO DOS TESTES QUANTITATI- médico deve ser consultado para se discutir o que deve
VOS E SELEÇÃO DE MICRORGANISMOS ser feito. Algumas vezes uma identificação completa
ISOLADOS PARA IDENTIFICAÇÃO será necessária, se a cultura repetida mostrar as
mesmas espécies de microrganismos.
Urinoculturas quantitativas devem ter seus re- A compatibilidade entre cultura e clínica é im-
sultados relatados, e as colônias isoladas devem ser portantíssima para diagnósticos de ITU, já que se ob-
selecionadas para os testes de identificação e suscep- serva, em muitos casos, a utilização de metodologias
tibilidade de acordo com o roteiro indicado a seguir: de triagem em laboratórios de bacteriologia. Essas
Se houver crescimento de 10 colônias (≅104 metodologias deverão ser utilizadas apenas como guia
UFC / mL), a probabilidade de contaminação é gran- do microbiologista, e avaliadas internamente.

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10. IDENTIFICAÇÃO DOS ISOLAMENTOS E adicionais valiosas, ajudando no diagnóstico diferen-


TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE cial entre a recorrência devido à reinfecção com uma
nova amostra ou recaída devida à supressão terapêu-
Deve-se identificar, pelo menos, o gênero de tica inadequada do foco de infecção. Isso é melhor
patógenos potenciais, embora com o advento dos equi- acompanhado pela determinação precisa das espécies
pamentos de automação, a identificação em gênero e envolvidas e, em casos necessários, por métodos de
espécie tenha se transformado em prática diária. A tipagem epidemiológica do microrganismo infectante
identificação de espécies deve ser feita em todos os e pode determinar seu exato relacionamento com a
casos nos quais espécies do mesmo gênero diferem, amostra da mesma espécie isolada anteriormente.
em sua susceptibilidade, dos agentes antimicrobianos.
Procedimentos definidos para a identificação de 13. MÉTODOS QUÍMICOS E KITS BACTE-
bactérias estão descritos no Manual of Clinical RIOLÓGICOS PARA O DIAGNÓSTICO
Microbiology(1), mas a maioria dos patogênicos co- PRESUNTIVO DE INFECÇÕES DO TRA-
muns, na urina, podem ser identificados pelo uso de TO URINÁRIO
testes de triagem de leitura rápida ou com poucos tes-
tes convencionais. As colônias repicadas para identi- Há uma variedade de kits ou dispositivos dis-
ficação devem ser testadas quanto à susceptibilidade poníveis comercialmente para o diagnóstico presuntivo
antimicrobiana, quando isso for requisitado. A inocu- de infecções do trato urinário. Eles se baseiam em
lação direta de placas com espécimes de urina para procedimentos bacteriológicos ou químicos.
testes de susceptibilidade não é recomendada, e colô- Um exemplo de kit para cultura bacteriológica,
nias individuais devem sempre ser testadas sob condi- quantitativa é o laminocultivo que consistem numa lâ-
ções padronizadas. Recomendam-se os testes para mina coberta de meio sobre cada lado, sendo um sele-
avaliar a susceptibilidade antimicrobiana, descritos em tivo e outro não seletivo. A lâmina é mergulhada na
manuais de referência(1,12). urina, removida, recolocada na embalagem estéril, e
incubada. Os laminocultivos são destinados ao isola-
11. LIMITAÇÕES DO PROCEDIMENTO BÁ- mento e à identificação presuntiva de determinadas
SICO bactérias, freqüentes na urocultura, reduzindo a mão-
de-obra, custos e tempo de semeadura e identifica-
Ocasionalmente, como em infecções por Cân- ção. Os laminocultivos substituem, com segurança e
dida sp, infecções em desenvolvimento e em fase de qualidade, os métodos tradicionais de isolamento, mas
resolução, pacientes pediátricos e imunodeprimidos, o nunca os de identificação de gênero e espécie, embo-
agente etiológico pode estar presente em números ra a urocultura quantitativa seja prejudicada pela falta
menores. Nesses casos, culturas negativas devem ser de padronização do inóculo. Recomendamos o uso de
registradas como contendo “< 103 microrganismos/mL”, laminocultivos apenas para laboratórios de pequeno
levando, muitas vezes, o clínico a entrar em contato porte (desde que usados criteriosamente), plantões (já
com o microbiologista para discutir caso a caso. que normalmente o plantonista não é microbiologista),
A cultura para anaeróbios deve ser feita, so- tornando-se mais fácil a padronização da técnica.
mente quando houver evidência clínica ou radiológica Não são recomendados os kits bacteriológicos
de infecção anaeróbia, ou quando houver presença de que visam, também, à diferenciação de microrganis-
bactéria no esfregaço corado pelo Gram e cultura mos em relação a gêneros ou grupos, pelo emprego
negativa, sugerindo a presença de anaeróbios. A as- de múltiplos meios diferenciais e seletivos para a cul-
piração suprapúbica é indicada na coleta de espéci- tura direta de urina.
mes para a cultura de anaeróbios. Os kits químicos detectam a redução de nitrato
a nitrito, a redução de corantes derivados do tetrazólio
12. PROCEDIMENTOS SUPLEMENTARES resultante do metabolismo bacteriano, a medida da
RECOMENDADOS EM SITUAÇÕES ES- redução dos níveis de glicose na urina, a presença de
PECIAIS esterase leucocitária, indicando piúria(1).
A pesquisa de nitritos deve ser realizada com a
O laboratório clínico microbiológico pode sub- primeira urina da manhã e não em espécimes colhidos
sidiar o clínico, no acompanhamento do paciente com em qualquer tempo. Ele pode também fornecer resul-
infecção recorrente do trato urinário, com informações tados falso - negativos em pacientes com dieta pobre

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Bacteriologia das infecções urinárias

em nitrato, pode sofrer o bloqueio ou interferência pelo antimicrobianos, exceto em suspeita de falhas tera-
cloreto de fenzapiridina ou qualquer droga que seja pêuticas.
ativa sobre bactérias e requer grandes populações • Desprezo de amostras com microbiota abaixo de
bacterianas para dar resultados positivos. Portanto, 105 UFC/mL, triadas pelo Gram.
deve-se ressaltar que uma urina sem refrigeração • Utilização da observação da flora bacteriana do
permite a multiplicação de bactérias, aumentando con- Exame Comum de Urina como método de triagem
sideravelmente sua quantidade, resultando em resul- para Urocultura.
tado falso-positivo na pesquisa de nitritos(6). Adicio-
nalmente, o teste não detecta microrganismos incapa- 14.1 Conseqüências da não refrigeração da
zes de reduzir nitrato a nitrito. A fidelidade do teste da amostra
glicose é questionada devido à elevada porcentagem • Aumento do pH pela degradação da uréia em amô-
de resultados falso-positivos. A medida de piúria pela nia por bactérias produtoras de urease.
padronização microscópica pode atrasar todo o pro- • Diminuição da glicose pela glicólise e pela utiliza-
cesso de isolamento, por isso uma alternativa aceitá- ção desta por bactérias.
vel é a medida de esterase leucocitária, uma enzima • Diminuição de corpos cetônicos pela volatilização.
presente nos leucócitos. Um teste rápido (dois minu- • Diminuição de urobilinogênio por sua oxidação em
tos) e fácil, disponível em fitas. urobilina.
Os kits podem ser apropriados como métodos • Diminuição da bilirrubina decorrente da exposição
de triagem. Somente quando as infecções exigem tra- à luz.
tamento de urgência, é que o diagnóstico deve ser • Aumento do nitrito pela redução do nitrato pelas
baseado apenas em um dos testes, mas, mesmo nes- bactérias.
sas circunstâncias, a cultura quantitativa de urina deve • Aumento do número de bactérias.
ser realizada para confirmação e identificação preci- • Aumento da turbidez pela proliferação de bactérias.
sa do agente causal, além da realização dos testes de • Desintegração de hemácias e cilindros, particular-
susceptibilidade antimicrobiana, quando indicados. mente em urinas alcalinas.
• Alteração na coloração pela oxidação ou redução
14. PROCEDIMENTOS INADEQUADOS de metabólitos.

Algumas vezes são empregados certos proce- 15. AUTOMAÇÃO


dimentos inaceitáveis ou parte de procedimentos con-
siderados inadequados. Atualmente, são utilizados muitos instrumentos
• Semeadura de rotina da urina em qualquer caldo. para identificação microbiana e realização de testes
• Obtenção de várias amostras, por centrifugação, de susceptibilidade, além de sistemas que permitem a
como triagem para uroculturas. detecção de antígenos e produtos do metabolismo
• Cultura dos sedimentos (após centrifugação das microbiano diretamente em espécimes clínicos huma-
urinas obtidas por micção espontânea). nos, entre eles, a urina(13).
• Cultura de rotina para anaeróbios. A automação, que também é utilizada no diag-
• Testes de susceptibilidade antimicrobiana não pa- nóstico das ITU, é de grande importância oferecendo
dronizados ou diretos. benefícios e facilidades tanto para o paciente quanto
• Inoculação direta da urina em meios diferenciais para o laboratório. Alguns exemplos podem ser cita-
múltiplos. dos pela redução do tempo de internação e de riscos
• Cultura de espécimes que tenham sido enviadas ao de contrair infecção hospitalar, rapidez nos resultados,
laboratório e que, de alguma forma, permaneceram identificação de espécies raras e de difícil identifica-
por mais de duas horas sem refrigeração apropriada. ção; monitorização das infecções nosocomiais e de
• Cultura a partir de urina coletada em ponta de cate- cepas multirresistentes e a facilidade de obtenção de
ter. estatísticas.
• Uso de métodos simplificados de cultura ou inocu- Os princípios básicos para a detecção e iden-
lação de placa, de modo a não proporcionar colôni- tificação de microrganismos viáveis podem ser atra-
as isoladas a partir de espécimes contendo um nú- vés da turbidez, análise do metabolismo microbiano,
mero elevado de espécimes. medição de metabólitos e detecção colorimétrica de
• Cultura de urina de pacientes sob uso de agentes partículas.

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ILBC Ca margo; A Maschieto; C Salvino & ALC Darini

CAMARGO ILBC; MASCHIETO A; SALVINO C & DARINI ALC. Bacteriological diagnostic of urinary tract
infections. A technical revision. Medicina, Ribeirão Preto, 34: 70-78, jan./march 2001.

ABSTRACT: Urinary tract infection is one of the most common diseases and it can affect more
than one site or one single place like urethra (urethritis), prostate (prostatitis), urinary bladder
(cystitis) or kidney (pielonephritis).
Urine is considered sterile and may suffer bacterial contamination from skin, clothes or external
genitals, so it should be collected, kept and transported appropriately, to avoid false results in
laboratory analysis.
Urethritis and cistitis non gonococcal are commonly caused by members of Enterobacteriacea
family but Escherichia coli is the casual agent of approximately 80% of the cases between fertile
age women without urinary tract leison. Other microrganisms including Klebsiella sp., Enterobacter
sp., Proteus sp., Pseudomonas sp and the Enterococcus sp are frequently found in patients with
obstructive leisons or paralytical diseases affecting the renal function.
Staphylococcus saprophyticus is an important opportunistic pathogenin human urinary tract
infections, especially in young, sexually active females.
The patient must be informed about the recommended procedures related to the collect time,
way of obyaining and all the necessary asepsis, such as the professional must be up to date
about the techniques utilized for the isolation, identification and susceptibility test of the
microrganism.
Currently, there are chemical and authomatical methods and excelent kits for laboratorial
diagnosis of urinary infections, helping and accelerating the process of identification and efficient
treatment to the infected patient.

UNITERMS: Urinary Tract Infections. Diagnosis, Laboratory. Bacteriuria.

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