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Resenha Texto Origens Sociais do Teatro – Richard Courney

Leonardo Kumagai, Vitor Rocha, Nay Sabóia, Vinicius Butel, Paulo Martins

Prof Luiz Davi

Apresentamos a resenha do texto Origens Sociais do Teatro extraído do livro Jogos, Teatros e
Pensamentos de Richard Courney. Autor utiliza do termo homens para representar a
humanidade, ou os seres humanos de forma geral. Uma reflexão que possivelmente não
existia na época da publicação, em que podemos dar preferencias a pronomes neutros que
não precisam passar por neologismo, mas sim muitas vezes se utilizando de pronomes
coletivos no feminino, da mesma forma que o movimento que um dia já foi GLS (gays lesbicas
e simpatizantes) hoje se homenageia as mulheres lésbicas ao chamar de LGBT+ (mesmo em
suas diferentes vertentes como LGBTQIA+ o “L” vem na frente, dando visibilidade as mulheres
lésbicas).

Inicia o texto afirmando que teatro como tentativa de comunicação, entre seres humanos.
Entre dramaturgo e comunidade. Entre inconsciente do artista e do público numa linhagem
Freudiana. Acreditam que a evolução da linguagem está extremamente ligada a evolução da
reprodução de mitologias e rituais dramáticos.

Ele cita o autor Zevedei Barbu, 1967

Na origem do teatro em diversas partes do mundo se observa “em muitos indivíduos e grupos
poderosas tendências não-conformistas, divergentes e mesmo anarquistas”

“teatro é a expressão literária do primeiro período no conflito entre a sociedade tradicional e o


emergente espirito do individualismo”

Incluindo arquétipos de literatura como Édipo, Arlequino, Hamlet e Falstaff. Tambem aponta
como psicanalitimante tudo isso se relaciona com o desenvolvimento da infância humana.

As origens e desenvolvimento do jogo dramático envolve a necessidades e padrões tribais, da


mesma forma que os jogos em roda para crianças. O estabelecimento das populações
humanas em comunidades não-nomades trouxe o estabelecimento também de espaços
específicos para rituais (templos).

Apresenta diversas origens na evolução do teatro que chamamos de ocidental, destacando


que o “método variou de acordo com a estrutura da cultura local existente” colocando que a
trama teatral de dá em duas formas: comédia (ajustamento comunal) e tragédia (como
experiência suprema). Os estudos dramáticos são afetados pelas atividades humanas de sua
época, o autor apresenta alguns aspectos dessa abordagem sociológica.

Herança dramática comunal, ele cita alguns exemplos no nosso cotidiano. Vamos citar alguns
que tem se evidenciado a cada aula de História do Teatro: como a mitologia cristã que domina
e coloniza nossos corpos nos impõem. Sendo algumas formas de teatro ritual primitivo
reproduzido até hoje: a missa com a representação do corpo de cristo, sua morte e sua
ressureição, incluindo o sacrifício ritualístico. Os rituais de comer peru na ceia de natal;
bacalhau na sexta-feira santa na páscoa. A própria encenação que é criada em cima dessas
cenas e reproduzido como grandes produções em igrejas e outros lugares. O guardamento do
corpo e a missa de sétimo dia como papéis importantes no “se despedir de um ente querido” e
sua importância psicológica desse momento. O sino da igreja do Largo São Sebastião que toca
a cada 15 minutos reproduzindo uma época onde as pessoas não tinham acesso a outras
referências temporais além do sol. Não podemos esquecer das fantasias e mascaras no
carnaval, momento 40 dias antes da a pascoa, onde entramos em quaresma ou “quarentena
espiritual”. São alguns exemplos de teatro ritual que muitas vezes não fazem mais sentido
algum e são reproduzidos sem nenhuma reflexão, apenas como “verdade absoluta da nossa
época”.

Nesses tempos de Covid-19 assistimos uma apresentação de 2016 do Teatro da Pomba Gira de
SP, via youtube disponível em https://teatrodapombagira.art/portfolio/anatomia-do-fauno . A
descrição de “Anatomia do Fauno” é um espetáculo fruto da parceria inédita entre o Teatro da
PombaGira, o Laboratório de Práticas Performativas da USP e a SP Escola de Teatro, numa
residência de um ano ao longo do qual esse coletivo se uniu pelo desejo de representar
imagens da cena homoerótica urbana e propor utopias como novas formas de convivência.”
Eles iniciam a cena numa projeção no telão com as pessoas na floresta, vivendo, interagindo.
Essa floresta pega fogo e eles fogem. Vem para o palco uma pessoa nua vestida apenas com
pernas e chifres de fauno. Diversas pessoas nuas interagem reproduzindo padrões estéticos de
homens homoafetivos na contemporaneidade. Reproduzindo cenas como de banheirão, de
pegação em aplicativo, festas onde todas se esnobam, Golden shower. Depois de diversas
cenas reproduzindo como o sistema coloniza nossos corpos e nossa forma de se relacionar,
transar, fazer sexo. Surge alguém com uma mangueira e lava todos mundo, dando início a
segunda cena: corpos livres que se relacionam. Todo uma corporeidade muito mais ritualística,
espontânea e performática. Movimentos em roda e em coro de forma mais animalesca, mais
natural aos corpos. É incrível quando uma moça do público entra no meio da dança ritual, tira
a roupa entra no ritual, na vibração da cena.

Lembrando um pouco do que estamos preparando para nosso Seminário Performativo da AP1
de sua disciplina, corpos colonizados pelo sistema cis-tema, branco, cristão, heteronormativo,
machista. E depois corpos decolonizados se expressando livremente.

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