Coluna Prestes: encruzilhadas da marcha da esperança

Novo projeto do Coletivo de Galochas, contemplado na 39ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro
para a Cidade de São Paulo que procura reconstruir cenicamente uma das passagens mais icônicas da
história do Brasil do século XX, a marcha da Coluna Prestes, situando a narrativa no contexto histórico
que, no Brasil, marca o fim da república velha durante a década de 1920.
Em uma montagem teatral historicista, que se busca nesse projeto, o que se persegue são rastros, restos
ou retalhos dessa história, que possam ser a gênese de dramas pessoais, acontecimentos marcantes,
situações colocadas em contexto. E implicam em um trabalho de pesquisa que envolve uma relação entre
a produção e criação dramatúrgica e a reconstituição da história.
Como parte integrante do processo de montagem, foram articulados dois ciclos de rodas de conversa e
palestras, cobrindo a pesquisa histórica propriamente dita e, por outro lado, o que caracteriza esse
processo de reconstituir a história para uma peça teatral. Esses encontros fazem parte da base teórico-
histórica que fundamenta o processo criativo.
Os oito encontros serão realizados no período de um mês, com rodas aos sábados e domingos, de modo
combinado, ou seja, uma rodada por final de semana
• CICLO I, aos sábados - Coluna Prestes e o Brasil na década de 1920
Encontros com historiadores e intelectuais sobre a história do Brasil e da Coluna
• CICLO II, aos domingos - Teatro e História: Procedimentos criativos
Encontros com grupos de teatro que trabalham a dramaturgia historicista.

Ciclo I - Coluna Prestes e o Brasil na década de 1920

4 Seminários realizados aos sábados
Com pesquisadores com reconhecido repertório sobre o assunto, abertos ao público em geral,
que resgatam e analisam esse importante período da história nacional, fomentando o interesse
sobre o tema da Coluna Prestes no público em geral, além de atrair pesquisadores e
interessados no assunto.

1. Dra. Anita Leocádia Prestes

Graduação e mestrado em Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (respec. 1964, 1966),
doutorado em Economia Política pelo Instituto de Ciências Sociais de Moscou (1975) e doutorado em
História pela Universidade Federal Fluminense (1989). Autora de diversos livros e artigos, com ênfase em
História do Brasil República, sendo uma das principais biógrafas de seu pai, Luiz Carlos Prestes,
pesquisadora seminal da Coluna Prestes, e abordando temas como comunismo e antifascismo. Destaca-se
seu doutorado, depois publicado e ganhador do Prêmio Casa das Américas: “A coluna prestes” (PRESTES,
1997), trabalho utilizado como referência e considerado seminal na tratavia dos temas suscitados neste
projeto do Coletivo de Galochas.

2. Prof. Dr. Amílcar Guidolim

Doutor em História no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria -
UFSM. Possui graduação, licenciatura em História pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões - URI - Campus de Santo Ângelo (2009). Mestre em Patrimônio Cultural pela Universidade
Federal de Santa Maria - UFSM/RS (2012). Autor da tese que é também referência para este trabalho de
pesquisa historicista em dramaturgia: “A Coluna Prestes: disputas em torno do passado e construção do
patrimônio Cultural sul-rio-grandense” (AMILCAR, 2021).

3. Profa. Dra. Maria Meire Carvalho

Professora Associada da Universidade Federal de Goiás, Regional Goiás. Pós Doutoranda em Sexualidade,
Direito e Democracia, no Programa de Pós Graduação em Sociologia e Direito UFF (2019). Doutora em
História na área de Concentração em “Gênero e Estudos Feministas” (UnB - 2008). Mestre em História
pela UFG (2001), Especialista em Cultura, Memória e Linguagem (1999) e graduada em História pela PUC-
Goiás (1998). Autora da obra de referência “Mulheres na Marcha da Coluna Prestes: histórias que não
nos contaram”(CARVALHO, 2015) e “Vivendo a verdadeira vida: vivandeiras, mulheres em outras frentes
de combates” (CARVALHO, 2008), referências na reconstituição da história das mulheres na marcha e
neste projeto.

4. Prof. Dr. Marlei Rodrigues da Cunha

Professor, ator, dramaturgo, diretor e escritor. Tem diversas livros e obras publicadas sobre a Coluna e sua
passagem pelo estado de Goiás, recolhendo depoimentos, causos e narrativas. Traz uma visão regionalista
baseada nesses relatos, suas principais obras de referência para este trabalho são: “Histórias do chapadão
do Sul”, “Aparecida do Taboado”, publicados em fascículos de jornais regionais em Costa Rica (Goiás) e
uma das referências para o estudo de apagamento e extermínios históricos em “Pav Pira, o Bandeirante”
(CUNHA, 1989), que narra a história do Bandeirante Antônio Pires de Campos, que exterminou os índios
Caiapós que habitavam a região de Goiás, também palco da Coluna Prestes.

Ciclo II - Teatro e História: Procedimentos criativos

4 encontros realizados aos domingos
Com grupos de teatro e com pesquisadores que tenham repertório e experiência de montagem
ou adaptação de temas históricos, pautados pelo teatro épico e pela produção coletiva do
teatro de grupo. Esses encontros, abertos ao público em geral, terão por objetivo resgatar
abordagens metodológicas de trabalhos teatrais que partem de acontecimentos históricos
como tema. Explorar processos criativos teatrais realizados no enfrentamento da História e da
disputa da memória.

1. Companhia do Latão
Palestrantes: Sérgio de Carvalho e Helena Albergaria
Sérgio de Carvalho é professor de teatro da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA), dirige a
Companhia do Latão composto por, além dele, sua esposa, a atriz Helena Albergaria e um pequeno e
coeso grupo de atores, músicos e artistas apaixonados por Brecht e o “princípio da contradição, numa
perspectiva materialista”. A Companhia do Latão é um grupo teatral de São Paulo interessado na reflexão
crítica sobre a sociedade atual. Seu trabalho inclui espetáculos, atividades pedagógicas, a edição da revista
de teatro “Vintém” e do jornal de artes “Traulito”, bem como uma série de experimentos artísticos.

2. Estudo de Cena
Palestrantes: Diogo Noventa, Juliana Liegel e Marilza Batista
Diogo Noventa é diretor teatral e cineasta. Mestre em Filosofia – Estudos Culturais, pela Universidade de
São Paulo (USP). Diretor e fundador da companhia Estudo de Cena onde desde 2005 atua como
dramaturgo, produtor e diretor das peças e filmes do grupo. Juliana Liegel e Marilza Batista são artistas
criadoras do grupo e Juliana também atua como produtora e figurinista do grupo. Estudo de Cena tem por
objeto principal de pesquisa de teatro a relação entre cena/espaço e ficção/realidade, atrelados a temas
críticos contemporâneos, trabalhando elementos de diálogo com o público. Os temas abordam as
condições atuais de vida, assumindo a responsabilidade do artista por tencionar o futuro e situando a
questão histórico-social como elemento criativo e fundante dos textos.

3. LABTD
Palestrante: Ave Terrena
Ave Terrena Alves é atriz, escritora, dramaturga, poeta, diretora teatral, performer e um dos ícones da
representatividade trans no mundo artístico. É orientadora do Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de
Teatro de Santo André, integrante dos grupos LABTD e Queda para o Alto. Em SP, sua dramaturgia leva
aos palcos o intenso legado de violência da ditadura civil-militar de 1964 sobre os corpos transgêneros. Ela
é a autora da peça “As três Uiaras de SP City”, montada com o grupo Laboratório de Técnica Dramática e
inspirada nos relatórios da Comissão da Verdade.

4. Estelar de Teatro
Palestrantes: Viviane Dias, Ismar Rachmann, Anderson Negreiro.
Anderon Negreiro é graduado pelo curso de Comunicação das Artes do Corpo com dupla habilitação:
Teatro e Dança. Ismar Rachmann é formado ator pelo INDAC Escola de Atores e Graduado em
Comunicação Social pela PUC-SP. Viviane Dias é doutoranda e Mestra em Artes Cênicas pela ECA-USP,
com um segundo mestrado em pedagogia teatral na UNAM, Universidade Nacional Autônoma do México.
Formada pela ECA-USP e Ágora CDT (participou do núcleo de atores entre 2000-2005), com residências
artísticas internacionais, como residência artística no teatro Potlach, na Itália, braço do ISTA. A Estelar de
Teatro nasceu em 2006 e dedica-se à pesquisa de uma dramaturgia construída em diálogo antropofágico
com mitos e uma escrita de cena a partir da composição de diferentes linguagens, sob a voz feminina e
revisitando a história e historiografia com novos pontos de vista. Destacan-se seus espetáculos
“Matriarcado de Pindorama”, “Invasores de Sistemas” e “Frida Kahlo - Calor e Frio”, nas dramaturgias de
Viviane Dias e direção de Ismar Rachmann.

DATAS DE REALIZAÇÃO

1. Primeira semana
 19/11 – CICLO I
Dra. Anita Leocádia Prestes
20/11 – CICLO II
Companhia do Latão: Sérgio de Carvalho e Helena Albergaria

2. Segunda semana
26/11 – CICLO I
Prof. Dr. Amílcar Guidolim
27/11 – CICLO II
Estudo de Cena: Diogo Noventa, Juliana Liegel e Marilza Batista

3. Terceira semana
03/12 – CICLO I
Profa. Dra. Maria Meire Carvalho
04/12 – CICLO II
LABTD: Ave Terrena

4. Quarta semana
10/12 – CICLO I
Prof. Dr. Marlei Rodrigues da Cunha
11/12 – CICLO II
Estelar de Teatro: Viviane Dias, Ismar Rachmann, Anderson Negreiro