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APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA

1. FINALIDADE 469272719.docO - PM

Orientar aos integrantes do Curso de Formação de Oficiais na disciplina de


socorros de urgência sobre a missão de socorros, visando o conhecimento
dos materiais e equipamentos, técnicas e táticas

2. OBJETO

Assuntos a serem tratados

- a. Agente de Socorros Urgentes

- b. Noções de Anatomia

- c. Mecanismos de Lesão

- d. Avaliação da Vítima

- e. Desobstrução de Vias Aéreas

- f. Reanimação Cardiopulmonar

- g. Ferimentos e Controle de Sangramentos

- h. Queimaduras

- i. Traumatismo Cranioencefálico - TCE

- j. Traumatismo Raquimedular

- k. Remoções de Vítimas – Princípios Básicos

- l. Acidentes com Eletricidade

- m. Assistência ao Parto

- n. Intoxicações e Envenenamento

- o. Acidentes com Animais Peçonhentos

- p. Corpos Estranhos

- q. Outras Emergências
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3. INTRODUÇÃO

As Doenças Cardiovasculares ocupam o primeiro lugar entre as causas


gerais de mortalidade em nosso meio. Mais de 200.000 (duzentos mil) brasileiros
morrem por ano em conseqüência de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e outras
doenças cardiovasculares.

Das mortes por IAM, mais de 50% ocorre antes do paciente chegar ao
hospital, geralmente nas primeiras duas horas após o início dos sintomas. Assim
sendo, a morte súbita por um ataque cardíaco (Parada Cardiorrespiratória – PCR) é
a emergência clínica mais importante nos dias de hoje. Tudo indica que muitas
vidas podem ser salvas com medidas imediatas, prontas e relativamente fáceis de
serem ensinadas e aprendidas. Danos ao cérebro ocorrem pouco tempo após a PC
mas, assim mesmo, muitos pacientes podem ser salvos se essas medidas forem
iniciadas.

Além disso, sabe-se que o trauma, ocasionado por acidentes no trânsito, no


trabalho e no lazer, é também responsável por uma parcela significativa de mortes
ou casos de invalidez.

É preciso que a comunidade seja capaz de responder prontamente a essas


situações, tomando medidas básicas de primeiro atendimento e acionando os
serviços de atendimento às emergências existentes.

Às pessoas que desejam esses conhecimentos básicos é dedicado este


Manual.
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CAPÍTULO I

COMPETÊNCIAS DO AGENTE DE SOCORROS URGENTES

Um Agente de Socorros Urgentes vem a ser o cidadão que, pela


natureza de seu próprio ofício, convive com as atividades diárias da população e
tem, consequentemente, maior probabilidade de presenciar situações de
emergência e delas participar, justificando-se seu treinamento para proporcionar
suporte básico de vida sem lançar mão de materiais e equipamentos
especializados. Incluímos neste grupo os policias civis e militares, os bombeiros em
geral, os motoristas de coletivos e taxis, os professores e os profissionais de
segurança de grandes empresas.

Está provado que a qualificação deste nível de pessoal, em número


estatisticamente significativo na comunidade, tem alto impacto na sobrevivência de
vítimas, especialmente aquelas com parada cardiorrespiratória, em que o “minuto
de ouro” é crucial.

Ao Agente de Socorros Urgentes cabe:

 Realizar o exame primário, avaliando condições de vias aéreas,


respiração, circulação e nível de consciência: decidir sobre a necessidade
de convocar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar e acioná-lo quando
for o caso.
 Obter informações do paciente e da cena do acidente e observar sinais
diagnósticos: respiração, pulso, cor da pele, nível de consciência,
habilidade de se movimentar.
 Manter vias aéreas permeáveis com manobras manuais.
 Realizar manobras de reanimação pulmonar e cardiorrespiratória.
 Controlar sangramento externo evidente, por pressão direta, elevação do
membro e ponto de pressão.
 Mobilizar e remover grandes traumatizados, com proteção da coluna
cervical, quando e somente quando a posição da vítima impedir
manobras de ressuscitação indispensáveis; houver risco real de incêndio,
explosão ou desabamento; onde não houver serviço de atendimento pré-
hospitalar.
 Reconhecer os períodos do parto normal: prestar assistência ao parto em
período expulsivo e transportar para o hospital gestantes nos demais
períodos.
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CAPÍTULO II

ANATOMIA E FISIOLOGIA

1. DEFINIÇÕES

Anatomia é a ciência que estuda a forma e estrutura do corpo humano.


Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento das diferentes partes
do corpo humano.

2. POSIÇÃO DE ESTUDO

Ao estudar o corpo humano, o mesmo deve ser considerado na posição


ereta, de frente para o observador , membros superiores ao longo do corpo e as
palmas das mãos voltadas para frente.

3. CONSTITUIÇÃO GERAL DO CORPO HUMANO

A célula é a unidade básica na constituição dos seres vivos. Um


agrupamento de células constitui um tecido. A reunião de vários tecidos constitui um
órgão, que se agrupam para formar um aparelho ou sistema.
Células  tecidos  órgãos  aparelhos  sistemas

Todas as células necessitam de oxigênio e nutrientes, sem os quais


entram em sofrimento, podendo esse sofrimento resultar em morte. À morte das
células segue-se morte dos tecidos, órgãos e do próprio ser vivo.

O suprimento de oxigênio e nutrientes para a célula, assim como a


retirada de resíduos é realizado pelo sangue. O sangue abastece de oxigênio e se
desfaz de gás carbônico nos pulmões e de nutrientes através de absorção de
alimentos digeridos no tubo digestivo.
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4. DIVISÃO DO CORPO HUMANO

O corpo humano é dividido em cabeça, tronco e membros.

Cabeça - Crânio e Face

Tronco – Pescoço, Tórax, Abdome


Membros – Superiores (ombro, braço, antebraço, mão)
Inferiores ( quadril, coxa, perna, pé)

5. DIVISÃO GERAL DOS APARELHOS E SISTEMAS

a) Sistema Tegumentar – pele e seus anexo (pelos, unhas e glândulas)


Envolve todo o corpo humano, protegendo-o e adaptando-o ao meio
ambiente. A pele é constituída por três camadas: a epiderme ( mais superficial ), a
derme ( intermediária ) e o tecido subcutâneo ( mais profundo ).

b) Sistema Esquelético – ossos e articulações.


O esqueleto humano é composto por 206 ossos, mantém a forma e a
sustentação do corpo humano, permitindo sua movimentação. Também fornece
proteção aos órgãos internos do organismo. A coluna vertebral é o eixo de
sustentação do corpo humano e protege a medula espinhal.

c) Sistema Muscular – Dá a forma ao corpo humano e permite sua


movimentação.

d) Aparelho Circulatório – Responsável pela circulação do sangue para


todo o organismo. Formado por: coração, vasos sangüíneos, sangue, baço e vasos
linfáticos. Os vasos sangüíneos são as artérias e as veias. As artérias são
responsáveis pela distribuição do sangue oxigenado pelo organismo e o pulso
arterial ( sensação de pulsação das artérias ) pode ser percebido em diversos locais
do corpo.

e) Aparelho Digestivo – Conjunto de órgãos responsáveis pela digestão e


absorção de alimentos são: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e
intestino grosso. Glândulas acessórias: glândulas salivares, fígado e pâncreas.

f) Aparelho Respiratório: permite a oxigenação do sangue através da


inspiração e a eliminação de gás carbônico através da expiração. É formado pela
boca, nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios e pulmões.

g) Aparelho Urinário – promove a filtragem do sangue retirando os


resíduos do metabolismo. Composto por: rins, ureteres, bexiga urinária e uretra.

h) Aparelho Reprodutor – responsáveis pela produção de células


reprodutoras e hormônio sexuais.
 Masculino – testículos, vias espermáticas, glândulas acessórias
(próstata, vesículas seminais) uretra e pênis.
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 Feminino – ovários, tuba uterina, útero, vagina e vulva.

i) Sistema Endócrino – formado por glândulas com função reguladora do


funcionamento do organismo. São eles: hipófise, tireóide, paratireóide, adrenais,
Ilhotas de Langerhans (pâncreas) e gônadas ( ovários e testículos ).

j) Sistema Nervoso: responsável pela regulação e integração das funções


dos diferentes órgãos.
 Sistema Nervoso Central – cérebro – cerebelo – tronco encefálico –
medula espinhal
 Sistema Nervoso Periférico – nervos que saem do crânio (12 pares) e
medula espinhal (31pares).

6. CAVIDADES DO CORPO HUMANO

O corpo humano possui cinco cavidades:

a)Cavidade craniana é o espaço dentro do crânio e contém o encéfalo.

b)Cavidade espinhal (ou medular), similar a um longo cilindro dentro da


coluna espinhal, contém a medula espinhal.

c)Cavidade torácica, contém a traquéia, os brônquios e os pulmões, o


coração, a aorta, e outros vasos sangüíneos, o esôfago e nervos.

d)Cavidade abdominal, separada da cavidade torácica pelo músculo


diafragma, contém o estômago, o fígado, a vesícula biliar, o intestino delgado, parte
do intestino grosso (cólon e cécum), o pâncreas e o baço. Os dois rins estão na
parte posterior da cavidade abdominal.

e)Cavidade pélvica contém os órgãos reprodutores, a bexiga e a parte


inferior dos intestinos.
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CAPÍTULO III

MECANISMO DE LESÃO

1. INTRODUÇÃO

É obrigação da pessoa que atende vítimas examinar a cena do acidente e


colher o maior número possível de informações sobre os mecanismos de lesão,
registrando-as e repassando-as para a equipe de atendimento pré-hospitalar ou
para o médico que recebe a vítima no hospital.

Embora existam vários mecanismos de lesão (queimaduras, afogamento,


inalações tóxicas, etc...), os mais comuns relacionam-se ao movimento,
respondendo pela maioria das mortes por trauma.

2. ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS

Incluem-se aqui os ferimentos produzidos em acidentes envolvendo


automóveis, motocicletas, outros veículos terrestres e tratores. O conceito
importante a ser apreciado é que a energia cinética do movimento deve ser
absorvida e que a intensidade e a forma de absorção desta energia é o componente
básico na produção do ferimento. Por exemplo: na colisão de um veículo com um
anteparo, toda a energia cinética bruscamente interrompida é absorvida pelo veículo
e pelos passageiros.

Em toda colisão podem ser identificados três momentos, cada um deles


com expressão própria no exame da cena, mas cada um deles oferecendo
informações sobre os outros dois: (1) Colisão da máquina, (2) Colisão do corpo, (3)
Colisão de órgãos.
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Na cena do acidente você poderá ainda colher as seguintes pistas:


- Deformidade do veículo (indicação de forças envolvidas).
- Deformidade das estruturas interiores do veículo (indicação do ponto de impacto
da vítima)
- Deformidades observadas na vítima (padrão de distribuição dos ferimentos
indicando quais partes do corpo podem ter sido atingidas com o impacto).

Há quatro formas comuns de acidentes automobilísticos:


a) Colisão de frente.
b) Colisão com impacto lateral.
c) Colisão traseira.
d) Colisão por tombamento.

a) Colisão de Frente

A energia cinética absorvida pelo corpo freiado contra estruturas do veículo


(pára-brisa, volante, painel, outras), é capaz de produzir ferimentos múltiplos.

 Exame da Cena do Acidente

Na cena do atendimento deve-se examinar o seguinte:


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1. Efeitos da colisão da máquina: grau de deformidade do pára-choques e


da extremidade dianteira do veículo.
2. Efeitos da colisão do corpo: rachadura no pára-brisa, deformidades do
volante.
3. Evidências de colisão de órgãos: golpe e contra-golpe do cérebro,
ferimentos de tecidos moles (couro cabeludo, face e pescoço).
Hiperextensão-hiperflexão da coluna cervical, tatuagem traumática do
anel do volante na pele.

 Lesões Potencialmente Provocadas no Motorista sem Cinto

b) Colisão com Impacto Lateral

O mecanismo de lesão na colisão lateral é similar àquele presente na


colisão frontal, adicionando-se deslocamento de energia lateral. As áreas mais
comumente feridas são as seguintes: cabeça, pescoço, tórax, pelve, ombros e
antebraços.
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O exame da cena inclui a busca de evidências da colisão da máquina


(deformidade apresentada pelo veículo como um todo) e do corpo (grau de
deformidade da porta), a partir das quais podem ser intensas as colisões de órgãos.

Cabeça: possibilidade de lesão cerebral do tipo golpe e contra-golpe, devido


ao deslocamento lateral súbito.

Pescoço: os ferimentos de deslocamento lateral vão desde a distensão


muscular até a fratura de vértebras com risco de paralisia.

Tórax e abdome: Ferimentos devidos à força direta exercida pelas paredes


laterais do veículo ou decorrentes de colisão contra outro passageiro. Os ferimentos
torácicos vão do tecido mole aos órgãos torácicos, sendo possível a contusão
pulmonar, o pneumotórax e o hemotórax. Os ferimentos abdominais podem
acometer órgãos maciços e ocos. Os ferimentos pélvicos podem se acompanhar de
fraturas e luxações, e lacerações da bexiga e da uretra. Ferimentos nos ombros ou
nas extremidades inferiores são muito comuns, dependendo de onde ocorrer o
impacto.

c) Colisão Traseira.

Na forma mais comum de colisão traseira, um carro parado é batido na parte


traseira por um veículo em movimento. Também um carro lento pode sofrer impacto
na parte traseira por um carro em velocidade mais alta. O aumento repentino da
aceleração posterior dos ocupantes e possível hiperextensão da coluna cervical, se
a cabeça não dispuser de apoio posterior ajustado adequadamente.

Objetos soltos no interior do veículo (bagagem, compras, livros e o mais


importante – passageiros sem cinto), podem tornar-se projéteis mortais no caso de
desaceleração rápida para frente.

d) Vítima com Cinto de Segurança

Pacientes com o cinto tem maior probabilidade de sobreviver do que


passageiros soltos, por se encontrarem mais protegidos do impacto dentro do
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automóvel. Ademais, correm menor risco de serem projetados para fora do veí
culo, o que aumenta consideravelmente a gravidade das lesões. Entretanto, mesmo
usando cintos os passageiros estão sujeitos a certos ferimentos.

Recomenda-se que o cinto pélvico passe pela pélvis (crista ilíaca) e não
através do abdome.

O cinto de três pontos segura o corpo muito melhor do que o cinto pélvico.
O tórax e a pélvis ficam seguros e, assim, os ferimentos com risco de vida são
menos comuns.

1) Ferimentos causados pelo painel

e) Acidentes com Veículos Pesados ( caminhões, tratores e outros )

O acidente mais comum é o tombamento e o principal mecanismo de lesão


é o esmagamento, cuja gravidade depende da região anatômica atingida.
Mecanismos adicionais são as queimaduras químicas (por gasolina, óleo diesel,
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líquido hidráulico, ou mesmo ácido da bateria) e térmicas (provocadas pelas partes


aquecidas da máquina ou por combustível inflamado).

f) Acidentes com Veículos Pequenos

Incluem-se as motocicletas ou outros veículos terrestres de pequeno porte,


como as bicicletas. Os operadores destes veículos são sempre ejetados em caso de
acidentes com alta velocidade e, em baixa velocidade, sua defesa está limitada ao
uso de capacete e roupa de proteção (roupas de couro, luvas e botas).

Embora o uso de capacetes seja altamente recomendável, eles são pouco


ou nada efetivos em altas velocidades, e 75% das mortes dos passageiros de motos
são atribuídas a ferimentos na cabeça.

g) Atropelamento

O pedestre atropelado por um carro quase sempre sofre graves ferimentos


internos, bem como fraturas. Isto acontece mesmo nos acidentes em baixa
velocidade, porque a massa do carro é tão grande que dispensa a alta velocidade
para produzir transferência de alta energia. Em alta velocidade, os resultados são
catastróficos.

3 - DESACELERAÇÃO VERTICAL RÁPIDA

O mecanismo de lesão presente nas quedas é a desaceleração vertical.


Os tipos de ferimentos dependem de três fatores principais: (1) Altura da
queda: (2) Área anatômica impactada. (3) Superfície corporal que se choca contra o
anteparo (solo, marquise, etc...).

4 – FERIMENTOS POR ARMAS

Ferimentos penetrantes produzidos por armas de fogo, em nossa sociedade


são geralmente devidos a armas de mão. Informações importantes a serem obtidas,
sempre que possível, são o tipo de arma, seu calibre e a distância da qual foi
disparada.

a) Exame dos ferimentos

 Ferida de entrada: geralmente óbvia, pode não ser identificada se a


vítima não é completamente despida e examinada.

 Ferida de saída: nem sempre existe (o projétil pode não abandonar o


corpo) e pode ser múltipla para um único projétil, devido à fragmentação
do próprio projétil ou de ossos. Geralmente a ferida de saída é mais
larga que a de entrada e apresentada bordos lacerados.
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 Feridas internas: projéteis em baixa velocidade danificam principalmente


os tecidos com o qual o projétil entra em contato. A alta velocidade
produz prejuízos à distância, lesando tanto os tecidos com que o projétil
faz contato como transferindo energia cinética aos tecidos vizinhos.

4. Atendimento

Implica na abordagem primária e secundária prevista para qualquer


traumatizado.

CAPÍTULO IV

AVALIAÇÃO DA VÍTIMA
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Antes de administrar cuidados de emergência, é preciso garantir condições


de segurança para a vítima e para os demais presentes na cena. Ao mesmo tempo
deve-se fazer um rápido e completo exame da vítima para determinar a extensão
das lesões que causam riscos de vida e executar as ações de suporte necessárias.

1. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DA VÍTIMA

Aproximar-se da vítima, identificar-se dizendo quem é você, e que pretende


ajudá-la, tentar tranqüilizar a vítima e simultaneamente palpar por pulso e perguntar
à vítima o que aconteceu. Nesse momento está-se iniciando a Avaliação Primária
da vítima que:

 Visa identificar e manejar situações de ameaça à vida;


 Passos a seguir
A = Via aérea com Controle Cervical
B = Respiração
C = Circulação e Controle de grandes hemorragias
D = Estado Neurológico
 Só se avança para o passo seguinte após completar o anterior.

5. Vias Aéreas com Controle Cervical

A primeira prioridade na abordagem do paciente traumatizado é a


verificação da permeabilidade das vias aéreas. Deve-se pesquisar a existência de
corpos estranhos ou trauma de face e pescoço, que podem levar à obstrução das
vias aéreas.

Durante o exame e manipulação das vias áreas, deve-se tomar muito


cuidado para evitar a movimentação excessiva da coluna cervical.

Com base na história do trauma, devemos suspeitar da existência de lesão


da coluna cervical; todos os pacientes politraumatizados, principalmente aqueles
que apresentam alteração do nível de consciência ou traumatismos fechados acima
do nível das clavículas, são potencialmente portadores de lesão em coluna cervical.

A cabeça e o pescoço da vítima não podem ser hiperestendidos,


hiperfletidos ou rodados para o estabelecimento da permeabilidade das vias aéreas.
Com esse objetivo, recomendam-se as manobras de elevação do queixo (chin-lift) e
tração da mandíbula (jaw-thrust). Deve-se estabelecer a imobilização adequada da
cabeça e do pescoço, com equipamentos adequados ou controle manual sobre a
cabeça e o pescoço da vítima, mantendo-os alinhados.

b) Respiração
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A boa ventilação envolve o funcionamento adequado dos pulmões, da


parede torácica e do diafragma. Cada um desses componentes deve ser avaliado
rapidamente.

Uma vítima só consegue falar se tiver ar nos pulmões e este passar pelas
cordas vocais. Portanto se você perguntar à vítima : “O que aconteceu?” e a vítima
responder normalmente é porque as vias aéreas estão permeáveis (A) e a pessoa
respira.

Estando presente a respiração, analise sua qualidade:


 lenta ou rápida
 superficial ou profunda
 tranqüila ou ruidosa

Se observar sinais que antecedem parada respiratória (respiração


superficial, lenta, irregular), mantenha-se de prontidão.

Se a vítima não responde normalmente, examina-se as vias aéreas:

 Se obstruída - desobstruir;
 Examinar a respiração: se ausente - iniciara respiração artificial.

Garanta os passos A e B para que possa avançar para o próximo


passo.

c) Circulação e Controle de Grandes Hemorragias

A hemorragia é a principal causa de morte pós-traumática, porém pode ser


plenamente avaliada e tratada. Deve-se avaliar a presença de pulso em todas as
vítimas; o pulso de escolha para a avaliação é o pulso carotídeo, mas também
pode-se avaliar o pulso femoral ou o pulso radial, nos adultos, ou ainda o pulso
braquial ,nas crianças.
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Se o pulso estiver presente, avançar para o passo seguinte – D – Estado


Neurológico;

Se o pulso estiver ausente – iniciar manobras de reanimação


cardiorrespiratória.

Nessa fase do exame é preciso também controlar os pontos de


sangramento externo evidentes ao examinador. Isso pode ser realizado através da
compressão direta dos ferimentos ou aplicação de curativos compressivos.

d) Estado Neurológico ( nível de consciência)

Tomadas as medidas possíveis para garantir o ABC, importa conhecer o


estado neurológico da vítima, de maneira suscinta, resumida. Isso se realiza da
seguinte maneira:

Verificar o nível de consciência da vítima: estabelecer se ela está


 Alerta, ou
 reagindo a voz, ou
 reagindo a dor, ou
 não reagindo.

Verificar as pupilas da vítima: observar se elas estão


isocóricas (iguais no tamanho), ou
anisocóricas (diferentes) no tamanho.

As vítimas que apresentarem nível de consciência alterado ( aquelas vítimas


que não estiverem totalmente alertas) merecem observação cuidadosa dos itens
ABC ( vias aéreas, respiração e circulação), pois podem estar apresentando lesões
que podem resultar em risco de vida.
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As vítimas com pupilas desiguais no tamanho (anisocóricas) também


merecem atenção cuidadosa para o ABC, pois geralmente a anisocoria resulta de
alguma lesão cerebral que pode agravar a situação da vítima.

2. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA DA VÍTIMA

É, na verdade, o exame físico do paciente, à procura de lesões que não são tão
evidentes no momento da Abordagem Primária.

Só se inicia a Abordagem Secundária após completar e resolver todas as


etapas do A-B-C-D. Examina-se os segmentos do corpo, procurando realizar:

 Inspeção: verificando a cor da pele, a simetria das estruturas, o


alinhamento, a presença de deformidades ou sangramento;
 Palpação: em busca de deformidade, rigidez, flacidez.

É importante examinar cada um dos segmentos do corpo:

 Cabeça: Palpar o crânio, examinar olhos procurando por objetos


estranhos, verificar se as pupilas estão normais, dilatadas, contraídas,
desiguais; observar se não há sangramento ou saída de líquor em nariz
ou ouvido. Procurar por corpo estranho, dente vômitos na boca e
garganta. Palpar os ossos, inspecionar cor da pele, equimose
retroauricular (sinal roxo atrás das orelhas) sugestivo de lesão de coluna
cervical ou fratura da base do crânio.
 Pescoço: Inspecionar a traquéia e simetria do pescoço, verificar se as
veias do pescoço não estão cheias demais (sugestivo de lesão
intratorácica grave). Palpar a coluna cervical verificando o alinhamento,
dor, crepitação, rigidez muscular.
 Tórax: Palpar à procura de ferimentos e reação à dor.
 Abdome: Analisar sensibilidade e rigidez.
 Pelve: Analisar mobilidade e dor.
 Membros Inferiores: Inspecionar e palpar da coxa até os pés. Observar
alinhamento, deformidades e rigidez.
 Membros Superiores: inspecionar e palpar dos ombros às mãos,
observar alinhamento, deformidade e rigidez.
 Dorso: Realizar a manobra para examinar o dorso. Observar
alinhamento da coluna.

Durante todo o exame o examinador deve manter-se atento ao A-B-C-D.


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CAPÍTULO V

DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

As vias aéreas são constituídas pela boca, nariz, faringe, laringe (vias
aéreas superiores) e pela traquéia, brônquios e pulmões (vias aéreas inferiores).
Para que o processo de respiração se realize adequadamente, as vias aéreas
devem estar livres, permitindo a expiração e a inspiração.
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A respiração de uma pessoa pode ser considerada adequada quando:

 Tórax e abdome sobem e descem;


 O ar pode ser ouvido ao sair da boca;
 O ar pode ser sentido saindo do nariz e da boca.

A obstrução das vias aéreas pode ser parcial ou total. Na obstrução parcial,
ainda é possível a passagem de uma certa quantidade de ar pelas vias aéreas.
Nesses casos a respiração pode estar lenta, ou ruidosa, ou ainda a pessoa pode
estar com bastante dificuldade para respirar, ou tossindo.

Na obstrução total nenhum ar pode ser ouvido saindo ou entrando pelo nariz
ou pela boca, e a vítima pode apresentar coloração cinza-azulada na pele, em volta
dos lábios, orelhas, unhas e às vezes no corpo inteiro.

A obstrução total das vias aéreas pode levar a vítima à inconsciência e


parada cardiorrespiratória.

1) OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS PELA LÍNGUA

Numa vítima que se torne inconsciente por qualquer motivo, a língua pode
cair contra o fundo da garganta e obstruir a via respiratória.

Para restabelecer a passagem do ar pelas vias aéreas, deve-se posicionar a


vítima em decúbito dorsal (de costas) sobre uma superfície rígida (chão), e fazer as
manobras de desobstrução.

a) Manobra de levantamento do queixo. (chin lift)

- Colocar uma das mãos na região frontal da vítima e aplicar pressão firme,
pendendo a cabeça contra o chão;
- Com o polegar e o indicador da outra mão, puxar a mandíbula da vítima para
frente.
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b) Manobra de Projeção da Mandíbula (jaw thrust)

 Segurar com ambas as mãos a mandíbula da vítima, com uma de cada


lado da cabeça.
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 Os polegares devem ficar apoiados nas maças do rosto e os


indicadores apoiam os ângulos da mandíbula, que deve ser projetada
para a frente.

2..OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO SÓLIDO

A obstrução das vias aéreas por corpos estranhos sólidos é uma situação
de urgência que pode, em poucos minutos, levar a vítima a óbito. Esse tipo de
obstrução pode ocorrer durante uma refeição, brincadeira ou acidentes; os
principais corpos estranhos são pedaços de alimento mal mastigados, balas,
chicletes, pequenos objetos ou brinquedos ou mesmo próteses dentárias.

As obstruções podem ser parciais ou totais. Nas parciais, a pessoa ainda


consegue respirar, mesmo com dificuldade, e pode estar apresentando tosse;
nesses casos, deve-se estimular a vítima a continuar tossindo, pois a tosse pode
expelir o corpo estranho e desobstruir a via aérea.

Nos casos em que a obstrução é total, verifica-se que o ar não passa e a


pessoa se encontra em grande angústia para respirar. A vítima pode ainda estar
consciente, tentando de alguma maneira a desobstrução, ou, pela falta de
respiração, pode já ter perdido a consciência. Em ambos os casos, aplica-se uma
manobra especial para desobstruir as vias aéreas, denominada Manobra de
Heimlich, que consiste em alternar tapas nas costas com compressões abdominais,
até que o corpo estranho se exteriorize na boca da vítima, para, então, ser retirado
com os dedos.

A seguir apresentamos o resumo da técnica, nas situações em que a vítima


ainda está consciente ( em pé ) ou já se apresenta inconsciente ( deitada ).

a) Vítima em pé

- O agente deve ficar atrás da vítima e colocar seu braço em volta da cintura
da mesma;
- Fechar uma mão e colocar o lado do polegar contra o abdome da vítima,
levemente acima do umbigo e bem abaixo do apêndice xifóide;
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- Com a outra mão envolver a mão fechada e pressionar o abdome da vítima;


- Fazer 4 compressões rápidas e para cima;
- Curvar a vítima para frente segurando o queixo com uma mão;
- Bater 4 vezes a outra mão em concha entre as espáduas;
- Repetir a manobra até conseguir a desobstrução ou a vítima tornar-se
inconsciente.

b. Vítima deitada ( inconsciente )

 A vítima deve ser colocada em decúbito dorsal (de costas);


 Abrir a boca da vítima procurando o corpo estranho;
 Pesquisar a respiração através da audição (som da ventilação), tato
(contato com o ar na face) e visão (movimentos torácicos).
 Ao ser constatada a falta de respiração, iniciar a ventilação boca a boca
(inspirar profundamente; colocar seus lábios sobre os da vítima; ocluir as
narinas da vítima com os dedos polegares e indicadores da mão que
estiver sobre a região frontal para evitar que escape de ar; ventilar a
vítima 2 vezes, expirando volume de ar necessário para expandir o tórax
da vítima e, também proceder as manobras de desobstrução.
 Agachar-se em cima das coxas do paciente, ou lateralmente a ele, colocar
o calcanhar de um mão contra o abdome levemente acima do umbigo;
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 Colocar a segunda mão diretamente sobre a primeira e pressionar o


abdome para cima, 4 vezes;
 Colocar a vítima em decúbito lateral;
 Colocar-se de joelhos à frente da vítima, apoiando-a em seu joelho e
sustentar com uma das mãos a cabeça;
 Com a outra mão, bater 4 vezes entre as espáduas, com a mão em
concha.

Resumo da Técnica

 Colocar a vítima deitada de costas;


 Fazer 4 compressões abdominais;
 Verificar a boca;
 Ventilar por 2 vezes;
 Dar 4 tapas nas costas;
 Verificar a boca;
 Ventilar por 2 vezes;
 Continuar até obter sucesso na desobstrução ou entregar a vítima a
um serviço de emergência.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 24

Ao verificar a boca, se o corpo estranho já estiver visível, colocar o dedo


indicador dentro da boca até a base da língua. Usar ação de enganchar, para
desalojar o corpo estranho e removê-lo.

3. DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA EM CRIANÇA

Em crianças pequenas usa-se um manobra especial para retirada de corpo


estranho:

 Deitar a criança de bruços sobre o braço, apoiando na palma da mão, de


cabeça para baixo e com os dedos abrir a boca da mesma;
 Bater nas costas com a palma da mão.

Numa criança maior, pode-se usar a mesma manobra deitando a criança


sobre uma das pernas do socorrista.

CAPÍTULO VI

REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 25

A parada cardíaca ou “morte súbita” é a cessação repentina dos batimentos


cardíacos. Como sempre vem acompanhada de uma cessação dos movimentos
respiratórios, é chamada também de parada cardiorrespiratória (PCR).

A PCR pode ocorrer por diversas causas, tais como obstrução completa das
vias aéreas, traumatismos do tórax ou que causem grandes hemorragias e
problemas clínicos.

São Sinais de parada cardiorrespiratória :

 Inconsciência (vítima não responde)


 ausência de batimentos cardíacos
 ausência de movimentos respiratórios
 pele pálida ou arroxeada (cianótica)

Os casos de PCR requerem ação imediata:

 colocar a vítima deitada sobre uma superfície firme (chão);


 Ajoelhar-se junto à vítima;
 Verificar pulso/respiração/nível de consciência;
 CHAMAR SEMPRE AJUDA ESPECIALIZADA;
 INICIAR SEQÜÊNCIA DE REANIMAÇÃO – massagem cardíaca e
respiração artificial

1.PONTOS IMPORTANTES NA RCP

a) Ponto de compressão no tórax do adulto

2 dedos acima do apêndice xifóide

b) Posição do Agente

Ajoelhado junto à vítima, com os cotovelos retos, de maneira que o peso do


corpo ajude na compressão; o “calcanhar” de uma das mãos (região do carpo) se
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 26

apóia sobre o ponto de compressão; a outra mão se entrelaça por sobre a primeira,
com os dedos separados e afastados da parede torácica.

Sequência de reanimação com um Agente

- Abrir vias aéreas e checar a respiração (ver, ouvir e sentir);


- Ventilar os pulmões com 2 respiradas lentas e cheias;
- Checar o pulso; se ausente:
- Realizar 15 compressões
- Parar as compressões e dar 2 ventilações lentas e plenas;
- Continuar as compressões e ventilações fazendo 4 ciclos de 15x2.
- Parar a RCP e reavaliar o pulso;
- Ao recomeçar a RCP, comece com duas respirações plenas e lentas.

c) Sequência de Reanimação com dois Agentes

- Agente na cabeceira da vítima: abrir a via aérea; verificar e ventilar os


pulmões com duas ventiladas cheias e plenas;
- O outro agente deve checar o pulso;
- Constatada a ausência de pulso, o segundo agente deve fazer 5
compressões torácicas;
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 27

- Alternar as compressões com uma ventilação;


- (O compressor deve parar e deixar o “ventilador” dar uma ventilada lenta e
plena até que o tórax da vítima se mova) – Cadência: e um... e dois... e
três... e quatro... e cinco...ventila.
- Repetir a operação 12 vezes e reavaliar pulso e respiração.

d) Reanimação em infantes e pré-escolares (1 a 6 anos)

- Ponto de compressão: o ponto mais deprimido do esterno ( terço infeior do


esterno);
- Em crianças pequenas comprimir apenas com dois ou três dedos; em
crianças maiores usar apenas uma das mãos (“calcanhar”);
- Comprimir o esterno de 2,5 a 4 cm
- Realizar cerca de 80 compressões por minuto (cadência 1e2e3e4e5,
ventile).

e) Reanimação em recém-natos e lactentes (0 a 1 ano)

- Ponto de compressão: Um dedo abaixo da linha entre os mamilos;


- Usar um ou dois dedos para comprimir o esterno cerca de 1,5 a 2,5 cm;
- Realizar cerca de 100 compressões por minuto (cadência 1,2,3,4,5,
ventile);

2. QUANDO INTERROMPER A REANIMAÇÃO?

- Quando a circulação e respiração espontâneas forem restabelecidas;


- quando outro agente assume o suporte básico de vida;
- quando um médico assume a responsabilidade pelo atendimento;
- quando o agente está exausto e não tem condições de prosseguir.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 28

A DECISÃO DE INTERROMPER A RCP POR IRREVERSIBILIDADE DO QUADRO


É DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO MÉDICO!
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 29

CAPÍTULO VII

FERIMENTOS E CONTROLE DE SANGRAMENTOS

1. FERIMENTOS

Chama-se FERIMENTO qualquer lesão da pele produzida por um


traumatismo, em qualquer tipo de acidente.
Todos os ferimentos podem apresentar dor, sangramento ou infecção.

a) Classificação dos Ferimentos

 Ferimentos Fechados ou Contusões

São as lesões produzidas por objetos contundentes, que promovem dano


sem romper a pele. Chamamos de hematoma (sinal arroxeado) o extravasamento
de sangue no tecido subcutâneo, com formação de coleção (com inchaço no local )
como conseqüência de uma contusão. E equimose é extravasamento de sangue no
subcutâneo sem formação de coleção.

 Ferimentos Abertos

Diz-se que um ferimento é aberto quando há perda de solução de


continuidade do tecido de revestimento (pele). São as feridas. Conforme o agente
que as produz, as feridas podem ser:

Incisivas ou Cortantes – são aquelas produzidas por agentes cortantes,


afiados, capazes de penetrar a pele, produzindo ferida linear com bordas regulares e
pouco traumatizadas. Por exemplo: bisturi, faca, estilete, etc.

Feridas Contusas - são aquelas cujo objeto que as produz tem superfície
romba e é capaz de romper a integridade da pele, resultando em feridas com
bordas muito traumatizadas. Exemplo: paus, pedras, soco, etc.

Feridas Perfurantes - são aquelas cujo objeto que as produz é geralmente


fino e pontiagudo, sendo capaz de perfurar a pele e tecidos, resultando em lesão
cutânea puntiforme ou linear, de bordas regulares ou não.

Feridas Penetrantes - quando o agente atinge uma cavidade natural do


organismo, geralmente tórax ou abdome; apresentam formato externo variável,
geralmente linear ou puntiforme.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 30

Feridas Transfixantes - constituem uma variedade de ferida perfurante ou


penetrante, no qual o objeto é capaz de penetrar e atravessar os tecidos ou
determinado órgão, em toda a sua espessura.

Escoriações ou Abrasões – são produzidas pelo atrito de uma superfície


áspera e dura contra a pele. Atinge somente a pele. Freqüentemente contém
partículas de corpo estranho (cinza, graxa, terra).

Avulsões ou Amputações - ocorrem quando uma parte do corpo é cortada


ou arrancada (membros ou parte de membros, orelhas, nariz, etc).

Lacerações - o mecanismo de ação é pressão ou tração exercida sobre o


tecido causando lesões irregulares .

b. Atendimento

O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos visa dois objetivos principais:


proteger a ferida contra o trauma secundário e a infecção, através de curativos
estéreis e conter sangramentos.

Nas escoriações, recubra a área escoriada com gaze estéril, que poderá ser
fixada no local com fita adesiva ou, se a área é muito grande, com atadura ou
bandagem triangular.

Se a ferida estiver contaminada ( com partículas de corpos estranhos ),


lave-a com água corrente, soro fisiológico ou ainda, se disponível, com solução
antisséptica ( povidine ou PVPI ) antes de realizar o curativo.

Nas feridas incisivas, aproxime e fixe as bordas da ferida com um curativo


compressivo, utilizando ataduras ou bandagem triangular.

Nas feridas lacerantes, controle o sangramento e proteja a ferida, cobrindo-


a com uma gaze estéril firmemente pressionada. Em caso de lesões severas, pode
ser necessária a imobilização da parte afetada. Todos os ferimentos extensos ou
profundos devem ser avaliados em um hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 31

c) Ferimentos na Cabeça

Uma vítima que apresente ferimentos na cabeça, dependendo do


mecanismo de lesão que causou esse ferimento, pode apresentar lesão cerebral
(traumatismo craniano); os sintomas podem ser imediatos ou não, e para isso
devemos estar atentos às possíveis alterações:

 Perda de consciência por instantes;


 dor de cabeça;
 pupila do lado afetado dilatada ;
 vítima não responde a estímulos dolorosos;
 náuseas, vômitos;
 desorientação;
 saída de líquor pelo nariz e/ou ouvidos

Quando o cérebro é lesado ele reage com um edema, como qualquer outro
tecido. Os centros de controle da respiração e outros processos vitais podem ficar
prejudicados pelo edema. Deve-se tomar os seguintes cuidados:

 Prestar atenção ao A-B-C-D:


liberando e mantendo as vias aéreas, e realizando o
controle da coluna cervical;
controlando as hemorragias presentes;
vigiando o nível de consciência da vítima;
 Procurar não mexer com a vítima;
 Proteger com gaze ou pano limpo a ferida e não apertar.
 Se apresentar sangramento ou saída de líquor pelo nariz, boca ou ouvido,
ou vômitos, proceder ao rolamento da vítima, em bloco, para o lado que
está sangrando, não tentar conter a saída desses líquidos. (Atenção para
não aspirar).
 Chamar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou conduzir
a vítima para um hospital.

d) Ferimentos no Tórax

No tórax nós temos as costelas, as vértebras torácicas e o esterno: a caixa


torácica envolve os pulmões e o coração, grandes vasos e esôfago. Qualquer
traumatismo no tórax pode resultar em dano a esses órgãos.

Se um ferimento colocar em comunicação permanente a parte interna com a


externa (cavidade pleural com atmosfera), o mecanismo de aspiração do ar é
comprometido. Desta forma devemos tomar os seguintes cuidados:

 Colocar uma proteção (gaze, plástico, esparadrapo) sobre o ferimento no


final da expiração, para evitar entrada de ar no tórax;
 fixar o material usado para proteção com cinto ou faixa de pano,
firmemente;
 não apertar muito para não prejudicar a respiração;
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 32

 acionar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou conduzir


a vítima a um hospital;
 não retirar objetos que estejam empalados.

e) Ferimentos no Abdome

No abdome encontramos alças intestinais, fígado, baço, pâncreas e outras


vísceras que dependendo do ferimento, podem se exteriorizar. Os cuidados a serem
adotados são os seguintes:

 Evitar ao máximo mexer na vítima;


 não remover objetos que estejam impalados;
 não tentar recolocar os órgãos para dentro do abdome;
 cobrir os órgãos com gaze, compressa ou pano limpo, úmidos;
 manter o curativo preso com ataduras não muito apertadas.

2. HEMORRAGIA

É o extravasamento de sangue dos vasos sangüíneos através de uma


ruptura nas suas paredes. Dependendo do local do sangramento, a hemorragia
pode ser chamada de externa, quando pode ser vista porque extravasa para o meio
ambiente, ou ainda interna, quando o sangue extravasa para o interior do próprio
corpo, dentro dos tecidos ou cavidades naturais.

Diz-se também que os tipos de hemorragia variam conforme o tipo de vaso


sangüíneo lesado. Dessa maneira poderemos ter:

Hemorragia arterial – é a perda de sangue de uma artéria. O sangue é de


coloração viva vermelho claro, derramado em jato conforme o batimento cardíaco.
Geralmente é rápida e de difícil controle.

Hemorragia venosa – perda de sangue por uma veia. Sangramento de


coloração vermelho escuro em fluxo contínuo sob baixa pressão. Pode ser grave se
a veia comprometida for de grosso calibre.

Hemorragia capilar – sangramento por um leito capilar. Flui de diminutos


vasos da ferida. Coloração avermelhada, menos vivo que o arterial e é facilmente
controlado.

a) Sinais e Sintomas de Hemorragia – Choque hipovolêmico

A hemorragia externa por ser visualizada é facilmente reconhecida.


Geralmente o sangue se exterioriza por algum ferimento existente, ou por algum
orifício natural do corpo – boca, nariz, ânus, vagina ).
Na hemorragia interna o sangramento não se extrioriza, ou seja, não é
visualizado externamente ao corpo, geralmente porque acontece em uma cavidade
do corpo ( crânio, tórax, abdome, pelve). As evidências mais comuns de
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 33

sangramento interno são áreas extensas de contusão na superfície corpórea. As


fraturas dos ossos longos ( úmero, fêmur ), também provocam perda de sangue,
que fica confinado nos tecidos moles ao redor da fratura.

As hemorragias ( externas ou internas ) graves, com grande perda de


volume sangüíneo, podem levar a uma situação denominada choque
hipovolêmico ( choque por perda de sangue ). Esta é uma situação grave, que
pode levar a vítima a uma situação de risco de vida; por causa da perda de grande
quantidade de sangue, fica prejudicado o suprimento sangüíneo para todas as
células do corpo. Por essa razão, deve-se procurar controlar as hemorragias
externas evidentes e encaminhar rapidamente ao hospital as vítimas em que se
suspeita de hemorragia interna.

Os sinais que podem sugerir hemorragia severa são:

 O pulso da vítima se torna fraco e rápido;


 a pele fica fria e úmida (pegajosa);
 as pupilas podem ficar dilatadas;
 a vítima fica ansiosa, inquieta e com sede;
 a vítima pode apresentar náusea e vômitos;
 sua respiração torna-se rápida e profunda;
 pode haver perda de consciência e até parada cardiorrespiratória.

b) Controle da Hemorragia Externa

O sangramento externo geralmente é de fácil controle. Os métodos


utilizados são:

 Pressão Direta sobre o ferimento:


Quase todos os casos de hemorragia externa podem ser controlados pela
aplicação de pressão direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo
de sangue e favorece a formação de coágulo. Preferencialmente utilizar
uma compressa estéril, pressionando firmemente por 10 a 30 minutos; logo
a seguir, fixar a compressa com um bandagem. Se o sangramento é
profuso, não se deve perder tempo em localizar a compressa – faça a
pressão direta com a própria mão enluvada.

 Elevação da área traumatizada


Quando uma extremidade é elevada de forma que área ferida fica acima do
nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o fluxo de sangue. Esse
método deve ser utilizado simultaneamente ao da pressão direta. Não deve
ser usado em caso de fraturas e luxações ou objetos empalados na
extremidade.

 Pressão digital sobre o ponto de pulso


A pressão sobre o pulso de artéria é utilizada quando os dois métodos
anteriores falharam ou não se tem acesso ao local do sangramento
(esmagamento, extremidades presas em ferragens).
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 34

É a pressão aplicada com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria


contra uma superfície óssea. É necessário habilidade do agente e
conhecimento dos pontos exatos de pressão das artérias.
Principais pontos – artéria braquial – para sangramento de membros
superiores; - artéria femoral – para sangramento de membros inferiores;
- artéria temporal – para sangramento de couro cabeludo.

 Aplicação de gelo
O uso de compressas frias ou bolsas de gelo pode diminuir sangramento
interno ou mesmo interromper sangramentos venosos e capilares. Nas
contusões a aplicação de gelo previne a equimose (mancha roxa). Deve-se,
no entanto, evitar o uso prolongado pois pode diminuir a circulação
causando lesões de tecidos.

 Torniquete
É sempre considerando como último recurso, pois a aplicação de torniquete
pode levar à perda do membro; se for apertado demais, pode lesar
músculos, nervos e vasos. Mesmo nos casos de amputações ou avulsões
graves, os métodos anteriores geralmente são suficientes para o controle da
hemorragia. Por requerer técnica de colocação e retirada adequadas, sob
cuidados médicos, não se recomenda seu uso corriqueiro para o controle de
sangramentos.

c) Atendimento da Vítima com Hemorragia Interna

Para suspeitar que uma vítima esteja com hemorragia interna é importante
conhecer o mecanismo de lesão. Os traumas contusos são as principais causas de
hemorragias internas (acidentes de trânsito, quedas, chutes e explosões).

Alguns sinais de alerta para suspeitar de hemorragia interna são: fratura da


pelve ou ossos longos (braços ou coxa), rigidez abdominal, área de equimose em
tórax e abdome, ferida penetrante em crânio, tórax ou abdome.

O tratamento de uma hemorragia interna só pode ser obtido através de


alguma intervenção cirúrgica, para localizar o órgão que foi principalmente afetado e
os vasos que estão lesados. Como esse tipo de tratamento só pode ser realizado
sob cuidados médicos em ambiente hospitalar, as medidas de atendimento inicial
consistem em:

 abordar adequadamente a vítima, prestando atenção ao A-B-C-D;


 aquecer a vítima com cobertores;
 não dar-lhe nada para comer ou beber;
 imediatamente acionar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se
existente, ou conduzir a vítima a um hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 35

AS RECOMENDAÇÕES CITADAS ACIMA TAMBÉM SÃO


VÁLIDAS SE VOCÊ SUSPEITAR QUE A SITUAÇÃO DA VÍTIMA
ESTÁ SE AGRAVANDO, EVOLUINDO PARA UM QUADRO DE
CHOQUE HIPOVOLÊMICO.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 36

CAPÍTULO VIII

FRATURAS

Chama-se fratura qualquer interrupção na continuidade do osso. As fraturas


podem ser classificadas como:

Fraturas fechadas: são aquelas nas quais não há conexão entre o osso
quebrado e a superfície externa do corpo.

Fraturas abertas: são aquelas nas quais a fratura comunica-se com o meio
externo. A pele é rasgada ou aberta pela mesma força que quebrou o osso ou pela
força que faz o osso perfurar a pele.

Tanto as fraturas abertas como fechadas podem resultar em uma séria per-
da de sangue. As fraturas abertas produzem hemorragias externas; as fechadas,
hemorragias internas; dependendo da quantidade de sangue perdido, pode haver
também choque hipovolêmico, quadro comum, por exemplo, nas fraturas de fêmur.
As fraturas abertas correm o perigo de infecção.

1. SINAIS E SINTOMAS DAS FRATURAS

 Dor;
 impotência funcional (não são possíveis os movimentos);
 deformidade;
 aumento de volume e descoloração (pode ocorrer imediatamente se
houver sangramento excessivo ou pode ocorrer mais tardiamente);
 crepitação (pode ser sentida durante o exame da vítima, as extremidades
do osso fraturado atritam-se entre si traduzindo-se como som de
crepitação).
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 37

2. CUIDADOS GERAIS NO ATENDIMENTO DAS FRATURAS

 Se não existir um serviço de atendimento a emergências onde você se


encontra, deve-se imobilizar as fraturas para transportar a vítima de modo
mais confortável e cuidadoso;
 não mover a vítima até que as fraturas estejam imobilizadas, com exceção
se a vítima estiver perto de fogo, explosões, etc. Nesses casos, a vítima
deve ser resgatada no sentido do maior eixo do corpo;
 para fraturas abertas, controlar o sangramento e cobrir a ferida com
curativo limpo antes de imobilizar (não tente limpar a ferida).
 no caso de fratura exposta, não tente colocar o osso no lugar;
 se houver fratura em joelho, tornozelo, punho e cotovelo não tentar
retificar a fratura;
 imobilizar as fraturas incluindo a articulação proximal e a distal;
 aplicar uma leve tração enquanto imobiliza e manter até que a tala esteja
no lugar;
 as talas devem ficar firmes, mas não apertadas a ponto de interferir na
circulação;
 forrar toda a tala e colocar estofamento extra nos locais com deformidade.

3. CUIDADOS ESPECÍFICOS NAS FRATURAS DE CRÂNIO

As fraturas dos ossos da cabeça podem ser graves por causar lesão
cerebral. Podem ser sinais e sintomas de fratura de crânio a tontura, os desmaios,
perda de consciência, sangramento pelo nariz, boca e/ou ouvido, e a alteração de
pupilas. Além da abordagem primária, com atenção ao A-B-C-D, os cuidados a
serem tomados incluem:

 Manter a vítima deitada, quieta;


 proteger a ferida, cuidando para não comprimir o local;
 acionar imediatamente o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se
existente, ou transportar a vítima para um hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 38

4. CUIDADOS ESPECÍFICOS NAS FRATURAS DE COLUNA

As fraturas de coluna podem ser produzidas por acidentes de automóvel,


acidentes de trabalho ou no lazer. O conhecimento do mecanismo da lesão pode
ser importante na suspeita de fraturas da coluna.

As fraturas de coluna podem ser simples ou envolver outras estruturas,


geralmente a medula espinhal, responsável pela condução de impulsos nervosos do
cérebro para as extremidades. Podem ser sinais e sintomas de lesões medulares a
perda total ou parcial dos movimentos nas extremidades ( paralisia ou paresia ) e/ou
a perda total ou parcial da sensibilidade nas extremidades (anestesia ou
parestesia).

É importante que, no primeiro atendimento, a vítima não seja manipulada de


maneira brusca e intempestiva. Nas localidades onde existe Serviço de Atendimento
Pré-hospitalar, este deve ser o responsável pelo manuseio e remoção da vítima
com suspeita de lesão de coluna. O simples fato de remover esse tipo de vítima de
maneira inadequada pode resultar em lesões irreversíveis.

5. CUIDADOS ESPECÍFICOS NAS FRATURAS DE PELVE

As fraturas da pelve (bacia) devem ser consideradas graves pois podem


perfurar estruturas importantes como a bexiga, intestinos ou outros órgãos. A vítima
pode apresentar sinais de choque por perda de sangue (externo ou interno) e dor
intensa, com impossibilidade de movimentar os membros inferiores.

Deve-se ter o cuidado de não rolar a vítima, erguendo-a para a colocação


sobre a tábua de transporte; a imobilização é feita com a colocação de
acolchoamento entre as coxas, e enfaixando juntos as coxas e as pernas, com
bandagens triangulares.

Deve-se realizar a abordagem primária ( A-B-C-D ) e acionar


imediatamente o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou transportar
a vítima para um hospital.

6. CUIDADOS ESPECÍFICOS NAS FRATURAS DE FÊMUR

As fraturas de fêmur (coxa) geralmente produzem sangramento


considerável, que pode levar inclusive ao choque hipovolêmico.

Além dos passos da abordagem primária ( A-B-C-D ), os cuidados incluem


os seguintes:

 manter a vítima deitada e aquecida;


 colocar a perna em posição mais próxima do normal, através de uma leve
tração ( não fazer tração se a fratura for exposta);
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 39

 a tração deve ser mantida durante a imobilização, para reduzir a dor;


 imobilizar com duas talas acolchoadas, fixando-as com bandagens;
 se a fratura for exposta, fazer curativo para o controle da hemorragia antes
de fazer a imobilização, tomando o cuidado de não introduzir fragmentos
ósseos novamente para dentro da pele;
 acionar imediatamente o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se
existente, ou transportar a vítima para um hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 40

CAPÍTULO IX

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO - TCE

O TCE é a principal causa de morte na população jovem e suas causas mais


frequentes são o acidente automobilístico e agressões interpessoais. Estima-se que
ocorre um TCE a cada 15 segundos, sendo que um paciente morre devido ao TCE
a cada 12 minutos.
Aproximadamente 50% das mortes de causa traumática são associadas a
TCE, e mais de 60% de mortes devido a trauma por acidente automobilístico são
devidos à TCE.

1. AVALIAÇÃO DE TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO

A. HISTÓRIA - Certos tipos de TCE resultam de certos tipos de


trauma e os dados da história ajudam no diagnóstico e terapia correta.
As informações sobre a cena do acidente e o mecanismo de lesão
devem ser passadas ao médico da sala de emergência.

B. AVALIAÇÃO INICIAL - Muitos fatores influenciam na avaliação


neurológica inicial, por isso a avaliação cardiorrespiratória deve
acompanhar o exame neurológico. O controle e manipulação das vias
aéreas, respiração e circulação são prioritários.
O uso de álcool ou drogas que deprimem sistema nervoso ou ainda
fatores tóxicos podem influenciar a avaliação inicial do paciente.

C. AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS - O TCE pode alterar os


dados vitais, sendo que muitas vezes é difícil saber se essas alterações
são devidas ao TCE ou a outros fatores:

c. 1. Nunca atribuir a hipotensão ao TCE, apesar de que


laceração de escalpe podem levar ao choque hipovolêmico,
principalmente em crianças. O sangramento intracraniano não produz
choque.

c. 2. Hipertensão, bradicardia e diminuição da freqüência


respiratória (Resposta de Tríade Cushing) são uma resposta
específica ao aumento agudo e potencialmente fatal à hipertensão
intracraniana, e indica a necessidade de intervenção imediata.

c. 3. Hipertensão em combinação com hipertermia pode refletir


uma disfunção autonômica central causada por certos tipos de TCE.

D. AVPU E MINI EXAME NEUROLÓGICO - O método


mneumônico AVPU - A (alerta), V (resposta ao estímulo verbal), P
(resposta somente à dor) e U (sem resposta), juntamente com o mini
exame neurológico (nível de consciência, função pupilar e alteração
de força muscular nas extremidades) determinam a presença ou
severidade da lesão neurológica.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 41

a) NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

a) A. ESCALA DE COMA DE GLASGOW - É uma medida


quantitativa do nível de consciência, e é avaliada por três parâmetros:

a.1. Abertura ocular - espontânea - 4 pontos


-por estímulo verbal - 3 pontos
-por estímulo a dor - 2 pontos
-sem resposta - 1 ponto

a.1 .2. Resposta verbal - orientado - 5 pontos


-confuso (mas ainda responde às
perguntas) - 4 pontos
- resposta inapropriada - 3 pontos
- sons incompreensíveis - 2 pontos
- sem resposta - 1 ponto

a.1.3. Resposta motora - obedece ordens - 6 pontos


-localiza dor - 5 pontos
-reage à dor, mas não localiza - 4
pontos;
-flexão anormal - decorticação - 3
pontos
-extensão anormal - decerebração - 2
pontos
-sem resposta - 1 ponto

Classificação do paciente - A escala de coma serve para classificar os


pacientes em:

coma, grave - menor que 8.


moderado - 9 a 12,
leve - 13 a 15.

b. AVALIAÇÃO DA REAÇÃO PUPILAR - São avaliadas por sua simetria e


resposta igual à luz. A diferença de mais de um mm no diâmetro das pupilas já é
considerado anormal; uma resposta lenta ao estímulo luminoso pode indicar lesão
intracraniana.

c. AVALIAÇÃO DE FORÇA MUSCULAR - Pesquisa de diminuição de força


muscular:
Paresia ou paralisia de uma das extremidades; a resposta motora não simétrica
indica lesão intracraniana.

O objetivo do exame neurológico é determinar a presença de lesão cerebral,


sua severidade e detectar uma deterioração neurológica. Independente da Escala
de Coma de Glasgow, o paciente é considerado com TCE grave se apresenta
qualquer uma das situações abaixo:

1. Assimetria de pupilas
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 42

2. Assimetria motora
3. Fratura de crânio com perda de líquor ou exposição do tecido cerebral
4. Deterioração neurológica (com queda de 2 ou mais pontos na Escala de
Glasgow, ou cefaléia intensa, ou aumento do diâmetro de uma pupila ou
desenvolvimento de paresia assimétrica)
5. Fratura com afundamento craniano.

Fig. 1 Assimetria da Pupila

6. TIPOS ESPECÍFICOS DE TRAUMA CRANIANO

Após avaliação inicial e reanimação, deve-se estabelecer o diagnóstico


anatômico da lesão cerebral, assegurar suplemento metabólico ao cérebro e
prevenir lesão cerebral secundária devida à hipóxia, isquemia e hipertermia.

As lesões cerebrais são divididas em: Fratura de crânio, lesão cerebral


difusa e lesão focal e a fisiopatologia e a severidade são diferentes em cada grupo:
Focal e a fisiopatologia e a severidade são diferentes em cada grupo:

A. FRATURA DE CRÂNIO

As fraturas são comuns, mas nem sempre associadas à lesão cerebral, sendo
que muitas lesões cerebrais graves ocorrem sem fratura craniana. A identificação
da fratura de crânio é muito importante, devido a possibilidade da presença ou do
desenvolvimento de um hematoma intracraniano, devendo então esse paciente ficar
sob observação.

1. Fratura linear sem afundamento - Não requer tratamento específico,


somente observação se houver suspeita de lesão cerebral. Atenção às fraturas que
cruzam leito vascular ou suturas cranianas, devido à possibilidade de hematoma
epidural.

2. Afundamento craniano - Podem não ser uma emergência cirúrgica,


dependendo da lesão cerebral, mas devido ao risco de seqüelas graves e crises
convulsivas de difícil controle, geralmente o tratamento é cirúrgico com retirada e
elevação do fragmento ósseo.

3. Fratura de crânio aberta - Com comunicação direta entre o escalpe


acerado e a substância cerebral, essa condição é diagnosticada por tecido cerebral
visível ou perda de LCR (líquido cefaloraquidiano) e o tratamento é cirúrgico.

4. Fratura de base de crânio - Esse tipo de fratura muitas vezes não


aparece na radiografia convencional; indiretamente se suspeita devido à presença
de ar intracraniano e opacificação do seio esfenoide. O diagnóstico clínico se baseia
na perda de LCR pelo ouvido - otoliquorréia ou pelo nariz - rinoliquorréia, equimose
na região da mastóide (sinal de Battle), sangue na membrana timpânica
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 43

(hemotímpano) e equimose periorbitáría, (olhos de guaxinin).


O sinal de Battle e a equimose periorbitária são sinais tardios de fratura de
base de crânio.

Fig. 2 — Rinoliquorréia — Perda de Iiquor pelo nariz

Equimose Periorbitária Equimose Retroauricular ( sinal de Battle)

Fig. 3a e 3b — Fratura de base de crânio

6. LESÃO CEREBRAL DIFUSA

Geralmente é produzida por rápidos movimentos da cabeça (aceleração e


desaceleração), levando à interrupção das funções cerebrais. É importante tentar
distinguir essa lesão das lesões focais, pois as lesões focais geralmente necessitam
de cirurgia de emergência.

B.1. CONCUSSÃO - É um distúrbio que não se associa a uma lesão


anatomopatológica; caracteriza-se por perda rápida das funções neurológicas,
podendo causar confusão ou amnésia temporária. Geralmente a concussão causa
uma perda temporária de consciência, mas muitas vezes pode ser mais prolongada.
O paciente pode apresentar cefaléia, náusea e vômitos, mas sem sinais de
localização, devendo ficar em observação até cessar a sintomatologia.

B.2. LESÃO AXONAL DIFUSA - É caracterizada por um coma prolongado e é


uma lesão cerebral freqüente, com mortalidade de 33% e nos casos mais severos
com 50%, geralmente devida a um aumento da pressão intracraniana secundária ao
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 44

edema cerebral. O diagnóstico é realizado em pacientes em coma com posturas de


decerebração ou decorticação. Disfunções autonômicas com hipertermia,
hipertensão e sudorese são comuns.

C. LESÃO FOCAL
As lesões focais consistem em contusões, hemorragias e hematomas e

geralmente necessitam de tratamento cirúrgico.

1. CONTUSÃO - Pode ser única ou múltipla, geralmente está associada a uma


concussão e é caracterizada por um longo período de coma e confusão mental. A
contusão pode ocorrer na área de impacto ou em áreas remotas (contragolpe),
sendo os lobos frontais e temporais os locais mais comuns desse tipo de lesão.
Se a contusão for grande e apresentar edema perilesional, pode ocorrer
compressão de tronco cerebral devido à herniação causada pelo efeito massa da
lesão, e somente nessa situação é indicado o tratamento cirúrgico,

2. HEMORRAGIA INTRACRANEANA - As hemorragias intracranianas podem


ser classificadas em meningeas e cerebrais. Devido à grande variação de
localização, tamanho e rapidez de sangramento, o quadro clínico também é
variável.

2.A.1. HEMATOMA EPIDURAL AGUDO - O sangramento epidural ocorre


geralmente por lesão de uma artéria dural, principalmente a artéria meningea
média, e uma pequena porcentagem ocorre devido à lesão de seios da dura. Sua
evolução é rapidamente fatal, e geralmente essas lesões estão associadas a
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 45

fraturas lineares temporais ou parietais.


Os sinais e sintomas são: perda de consciência seguida de um período de
lucidez, a seguir depressão do nível de consciência e hemiparesia do lado oposto.
Pode-se encontrar uma pupila fixa e dilatada no mesmo lado da lesão, apesar de
que se pode ter alterações pupilares contralaterais ao hematoma.
O prognóstico é bom se a intervenção é imediata.

2.A.2 HEMATOMA SUBDURAL AGUDO - Muito mais comum que os


hematomas epidurais, ocorrem geralmente por rotura de veias entre córtex e dura; a
fratura de crânio pode ou não estar presente, e o prognóstico melhoram quanto
mais precoce for a intervenção cirúrgica.
A compressão cerebral lenta pela expansão do hematoma causará sintomas
dentro de poucas horas ou dias como cefaléia, irritabilidade, vômitos, alteração do
nível de consciência, anisocoria e alterações sensitivas e motoras.

2.A.3. HEMORRAGIA SUBARACNOIDE - Esse tipo de hemorragia leva a um


quadro de irritação meningea, e o paciente queixa-se de cefaléia e/ou fotofobia e o
tratamento é clínico.

Fig 5 a – Fratura de crânio Fig 5 b – Hematoma Extradural -


Tomografia Computadorizada de crânio

2.B. HEMORRAGIAS E LACERAÇÕES CEREBRAIS

1. HEMATOMAS INTRACEREBRAIS - As hemorragias intraparenquimatosas


podem ocorrer em qualquer localização; o déficit neurológico depende da área
afetada e do tamanho da hemorragia. A hemorragia intraventricular e cerebral são
associadas à alta taxa de mortalidade.

2. FERIMENTOS PENETRANTES - Todo corpo estranho intracraniano só


deve ser retirado em centro cirúrgico. Deve-se fixar o corpo estranho se for o caso,
para que o mesmo não produza lesões secundárias no transporte.

3.FERIMENTO POR ARMA DE FOGO - Quanto maior o calibre e maior a


velocidade do projétil, maior a probabilidade de lesões graves ou letais. A entrada e
saída do projétil devem ser coberta com compressa esterilizada até o tratamento
neurocirúrgico ser providenciado.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 46

AVALIAÇÃO DE EMERGÊNCIA

No atendimento a vítimas de TCE, permanecem válidas todas as


recomendações da abordagem primária, com ênfase especial para a proteção da
coluna cervical, pela possibilidade de lesão cervical associada, e uma vigilância
sobre a respiração que pode se tornar irregular e deficitária devido à compressão de
centros vitais. Se houver parada respiratória, iniciar imediatamente manobras de
RCR.
Deve-se realizar avaliações neurológicas sucessivas, pois pode demonstrar
tendência a estabilidade do quadro ou agravamento (TCE em evolução).
E prioridade determinar o nível de consciência baseado na Escala de Coma de
Glasgow. Se estiver igual ou menor que 8, determinar imediatamente se as pupilas
são simétricas ou não, e se há déficit motor localizado.

LEMBRAR QUE O EXAME NEUROLÓGICO NORMAL INCLUI ESTADO


MENTAL NORMAL e não deve presumir que a alteração de consciência seja por
intoxicação alcoólica.

Tabela de riscos relativos em lesões intracranianas

Pequeno risco - assintomático


- cefaléia
- tonturas
- hematoma, laceração, contusão, abrasão de couro
cabeludo

Moderado risco - alteração de consciência


- cefaléia progressiva
- intoxicação alcoólica ou outras drogas
- menor de 2 anos
- crise convulsiva
- vômitos
- amnésia
- politraumatizado
- trauma de face
- sinais de fratura de base de crânio
- possível afundamento ou lesão penetrante em crânio
- suspeita de abuso em criança
-
Risco acentuado - depressão do nível de consciência
- sinais focais
- aprofundamento da depressão do nível de consciência
- lesão penetrante ou afundamento craniano

TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA

As vítimas de TCE devem ser transportadas recebendo oxigênio (a hipóxia


agrava o edema cerebral) e com a cabeça elevada em 30 graus, o que facilitará o
retorno venoso, atenuando o edema. Havendo ferimento, enfaixe a cabeça. Porém
sem exercer pressão no curativo, pois se houver fraturas de crânio a compressão
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 47

poderá lesar o cérebro com fragmentos ósseos e agravar o quadro.


Se a vítima encontra-se desorientada e agitada, garanta proteção para a
mesma, para você e para os demais no local. Seja gentil, porém firme.

FERIMENTO DE COURO CABELUDO

Apesar da aparência dramática o escalpe geralmente causa poucas


complicações. A localização e tipo de lesão nos dão a noção da força e direção de
energia transmitida.

a. Perda sangüínea - O sangramento por lesão de couro cabeludo pode ser


extenso e especialmente em crianças, pode levar ao choque hipovolêmico, mas em
adultos sempre se deve procurar outra causa para o choque.
Deve-se localizar a lesão e parar o sangramento por compressão, a grande
maioria dos sangramentos é controlados com aplicação de curativo compressivo.

b. Inspeção da lesão - Deve-se avaliar a lesão para detectar fratura de


crânio, material estranho abaixo da lesão de couro cabeludo, ou se há perda de
líquor.

RESUMO DO PROTOCOLO AO ATENDIMENTO DA VÍTIMA COM TCE

A. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

1. ABC - Vias aéreas, respiração e circulação;


2. Imobilização da coluna cervical;
3. Realização de exame neurológico rápido:

— AVPU - Alerta, resposta verbal, resposta à dor e sem resposta.


— Avaliação pupilar: simetria e reação à luz.
— Simetria motora das extremidades.

C. AVALIAÇÃO SECUNDARIA

1. Inspeção
a. Lacerações
b. Presença de saída de LCR pelo nariz ou ouvido.

2. Palpação
a. Fraturas
b. Lacerações com fraturas

3. Inspeção das Lacerações do Couro Cabeludo


a. Presença de tecido cerebral
b. Afundamento craniano
c. Perda de substância
d. Perda de líquor

4. Determinação da escala de cama de Glasgow


a. Resposta ocular
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 48

b. Resposta verbal
c. Resposta Motora

5. Palpação da coluna cervical para afastar fraturas

6. Determinar a extensão das lesões;

7. Reavaliação contínua, observando sinais de deterioração


a. Freqüência
b. Parâmetros usados
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 49

CAPÍTULO X

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR

O traumatismo da medula espinhal também é chamado de traumatismo


raquimedular —TRM.
As maiorias dessas lesões são causadas por acidentes automobilísticos,
quedas, acidentes desportivos (principalmente mergulhos em águas rasas) e
ferimentos por arma de fogo.
Lesões ósseas vertebrais podem estar presentes sem que haja lesões de
medula espinhal, por isso a vítima deve ser imobilizada quando há qualquer
suspeita de lesão medular e tal imobilização deve ser mantida até ser
radiologicamente afastada qualquer suspeita de fraturas ou luxações.

O SOCORRISTA E O MÉDICO DEVEM ESTAR CONSCIENTES QUE


MANIPULAÇÃO, MOVIMENTOS E IMOBILIZAÇÃO INADEQUADA PODEM
CAUSAR DANO ADICIONAL AO TRAUMATISMO DE COLUNA VERTEBRAL E
PIORAR O PROGNÓSTICO DA LESÃO.

Deve-se sempre suspeitar de traumatismo raquimedular nas seguintes


situações:

— TRM CERVICAL — Lesão supra clavicular — Qualquer vítima de trauma


que apresente lesões acima das clavículas.
— TCE — Qualquer vítima de traumatismo crânioencefálico.
— TRM CERVICAL, TORÁCICA E LOMBAR — Múltiplos Traumas — Vítima
politraumatizada
— Acidente Automobilístico

As localizações mais freqüentes de TRM são: Cervical baixa, entre a quarta


vértebra cervical (C4) e a primeira torácica (T1), geralmente associado a TCE, e
transição tóraco-lombar, entre a décima primeira ou décima segunda vértebra
torácica (T1) e (T12) e primeira lombar (L1).
Os sinais e sintomas do TRM dependem do nível da lesão, com
comprometimento neurológico abaixo do tal nível, geralmente com alterações
motoras como paralisias ou apenas diminuição de força muscular, e sensitivas,
como anestesia, diminuição da sensibilidade e parestesias (formigamento,
amortecimento, etc.)

São três os principais objetivos no tratamento de um paciente com TRM:

1. Imobilização de coluna para prevenir lesões neurológicas adicionais. Nessa


etapa é essencial o atendimento pré-hospitalar adequado às vítimas, incluindo
avaliação clínica e imobilização. As duas, outras etapas estão relacionadas ao
tratamento hospitalar definitivo.

2. Cirurgia para redução de fraturas com descompressão medular de raízes.

3. Realinhamento de coluna através de fixação externa ou interna.


APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 50

Para o diagnóstico de TRM deve-se examinar a coluna vertebral


cuidadosamente, com a vítima em posição neutra; em hipótese alguma se deve
fletir qualquer segmento da coluna, verificando deformidades, dor, limitação de
movimentos e queixa de amortecimento de extremidades ou impossibilidade de
movimentação.
Na avaliação clínica de uma vítima com suspeita de TRM devemos realizar a
avaliação da estrutura óssea e da avaliação de lesões medulares.

AVALIAÇAO VERTEBRAL Deve-se avaliar toda a coluna vertebral a procura


de:
— Dor localizada;
— Deformidades ósseas;
— Dor a palpação;
— Edemas e equimoses;
— Espasmo muscular;
—Verificar a posição da cabeça e dificuldade e
dor em tentar colocá-la na posição neutra;
— Desvio de traquéia.

AVALIAÇÃO MEDULAR Na avaliação medular deve-se procurar por alterações


neurológicas, sempre comparando um lado com o
outro pesquisando:
— Déficit de força muscular, ou seja, se há diminuição de
força ou paralisia, uni ou bilateral, abaixo da lesão
medular
— Déficit de sensibilidade, ou seja, alteração sensitiva
abaixo do nível de lesão;
— Diminuição ou ausência de reflexos tendinosos;
— Disfunção autonômica, onde o paciente perde a
capacidade de controlar esfíncteres

AVALIAÇÃO DO TRM:

A Vitimas Conscientes:
a Solicitar que a vítima movimente suas extremidades e testar sua força
muscular sempre comparando um lado com o outro. Evitar movimentar
membros fraturados
b.Testar a sensibilidade sempre em sentido ascendente e comparando um
lado com o outro. Para testar a sensibilidade pode-se usar o objeto
pontiagudo ou mesmo uma gaze e perguntar se a vítima está sentindo o
objeto, caso contrário testar mais acima até o momento em que a mesma
começa a sentir o toque do objeto; dessa forma consegue-se localizar o
nível da lesão.

B. Vítimas Inconscientes:

Deve-se sempre suspeitar de traumatismo de coluna cervical se a vítima


estiver inconsciente devido a TCE por acidente automobilístico, e a imobilização
cervical é essencial.

Principais sinais clínicos que sugerem TRM cervical em uma vítima


APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 51

inconsciente:
— Ausência de reflexos;
— Respiração diafragmática ;
— Apenas flexão de membros superiores;
— Resposta ao estímulo doloroso somente acima da clavícula;
— Hipotensão com bradicardia sem sinais de hopovolemia.

Lesões de coluna cervical alta C3 a C5 podem levar à parada respiratória


devido paralisia de musculatura respiratória — Diafragma.

Cuidados Importantes na avaliação de vítimas com TRM:


1. Hipoventilação — Lesões de coluna cervical C5 a 11, podem levar à

paralisia de musculatura intercostal levando a dificuldade respiratória e

hipoventilação.

2. Lesões medulares podem mascarar outras lesões, pois a ausência de


sensibilidade pode deixar passar um abdome agudo por inabilidade de sentir dor.

3. Luxações cervicais altas podem ocasionar desvio cervical com torcicolo e


NÃO DEVE-SE TENTAR CORRIGIR A ROTACÃO.

7. TRATAMENTO

O principal objetivo no atendimento à vítima com traumatismo raquimedular é


prevenir agravamento de lesões já existentes devido ao manuseio inadequado,
através da imobilização de toda a coluna vertebral.

IMOBILIZAÇÃO COM COLAR CERVICAL, COLETE DORSAL (se necessário) e


TÁBUA LONGA.

ENCAMINHAMENTO AO HOSPITAL DE REFERÊNCIA.


APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 52

CAPÍTULO XI

REMOÇÃO DE VÍTIMAS – PRINCÍPIOS BÁSICOS

Toda vítima de trauma deve ser manuseada com o máximo cuidado a fim de
não se permitir o agravamento de suas lesões e/ou ferimentos. Isto é
particularmente importante nas vítimas com suspeita de lesão de coluna vertebral,
quando a vítima necessita ser removida do local do acidente, atendida com medidas
básicas e transportada ao local de tratamento definitivo; é óbvio que haverá grande
probabilidade de manejo excessivo da coluna vertebral, o que pode por em risco a
integridade da medula espinhal caso haja alguma lesão óssea instável na mesma.

Nas localidades onde existe Serviço de Atendimento Pré-hospitalar,


este deve ser o responsável pelo manuseio e remoção das vítimas com
suspeita de lesão de coluna. Os princípios básicos relatados a seguir servem
como orientações gerais para remoção de vítimas onde não houver esse tipo de
atendimento.

A melhor posição para imobilização da coluna do paciente é a posição neutra


– decúbito dorsal. Para conseguir conduzir o alinhamento do paciente é necessário
utilizar ambas as mãos, com gestos firmes, porém suaves, tentando evitar qualquer
movimento brusco e especialmente de “vai-e-vem”. Sempre que houver um só
responsável pela ação, normalmente será o mais experiente, e caberá a ele a
direção da manobra. Sua posição deve ser junto a cabeça do paciente, já que este
é o local mais crítico (coluna cervical). Se a vítima estiver consciente, deve ser
informada dos procedimentos a serem executado para que ela possa colaborar e
não causar empecilhos. Além disso, se a manobra provocar aumento da dor,
significa que algo está errado e o movimento não deve ser continuado. Neste caso,
recomenda-se um pequeno retorno no movimento e imobilizar nesta posição.

Se a vítima estiver inconsciente ou incapaz de se comunicar, a


movimentação deverá também ser realizada, porém bastante cuidadosa, e deverá
ser interrompida caso haja alguma resistência ou bloqueio no movimento. Neste
caso, como no anterior, realizar um pequeno retorno no movimento e então
imobilizar.

Só se deve iniciar determinado movimento com a vítima se todo o material


necessário estiver disponível e à mão, bem como todo o pessoal posicionado e
instruído.
A remoção segura das vítimas se inicia com a colocação de um colar cervical
de tamanho adequado, e passa por uma certa mobilização, de maneira a colocá-la
em decúbito dorsal sobre uma tábua de transporte ou outra superfície plana, e
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 53

conseqüente fixação da vítima com cintos. Em termos de noções básicas de


mobilização e remoção, as seguintes técnicas são utilizadas:

1. COLOCAÇÃO DE COLAR CERVICAL

a) Vítima sentada

Aproximar-se por trás da vítima, colocando as duas mãos posicionando os


polegares no occipital e os indicadores e médios pressionando a mandíbula;
após posicionar as mãos, realizar os movimentos de alinhamento e tração
leve; neste momento posiciona-se o colar cervical (previamente selecionado pelo
tamanho) por baixo da mandíbula da vítima.

b) Vítima deitada ( decúbito dorsal )

Na vítima deitada no solo, posicionar-se sobre a cabeça, realizando a


fixação da mesma com as duas mãos; apoiar os polegares na mandíbula e os
outros dedos ao longo do crânio, a partir do occipital, para permitir o posicionamento
do colar; posicionar-se inicialmente a face posterior do colar por trás do pescoço, e
então traz a face anterior do colar para a frente do pescoço a fim de posicioná-lo.

c) Vítima em pé

O fato de uma vítima de acidente encontrar-se deambulando ou mesmo


parada de pé, não exclui a possibilidade da existência de uma lesão cervical.
Portanto, se houver indício da lesão, o colar cervical deve ser aplicado antes de
posicionar a vítima. A seqüência é semelhante à da vítima sentada, porém o agente
deve posicionar-se em pé atras da vítima.

d) Vítima em decúbito ventral

Fazer o controle cervical manual ( fixação da cabeça ); fazer o rolamento da


vítima primeiro até 90 graus, mantendo o alinhamento cervical e o corpo em posição
neutra; deitar a vítima sobre a tábua, colocar o colar cervical e posicionar coxins e
almofadas se necessários. Fixar com tirantes sobre os ombros, quadril e acima do
joelho.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 54

2. ROLAMENTOS

São manobras que servem para colocar as vítimas sobre a tábua de


transporte . O princípio básico dos rolamentos é a mobilização da vítima como um
todo, em monobloco, como se estivéssemos rolando uma tora de madeira. Deve-
se tomar cuidado especial com o alinhamento da coluna da vítima, em todos os
seus segmentos.
Os rolamentos podem ser realizados por uma duas ou mais pessoas, porém
não é difícil perceber que uma pessoa sozinha não é capaz de estabelecer um
alinhamento seguro da coluna da vítima. Quando os rolamentos são realizados por
três pessoas, por exemplo, uma delas fica responsável pelo controle cervical, a
outra vai mover o ombro e o quadril (tronco), e a terceira fica responsável pelo
quadril e pelas pernas da vítima, todas agindo em conjunto e mantendo o
alinhamento. O rolamento a 90 graus permite que uma vítima em decúbito dorsal
seja rolada para que se posicione a tábua de transporte sob a mesma; o rolamento
a 180 graus permite que a vítima em decúbito ventral seja primeiramente rolada a
90 graus e depois seja colocada sobre a tábua de transporte.

Uma vez posicionada sobre a tábua, a vítima deve ser adequadamente


fixada com tirantes.

3. ELEVAÇÃO DA VÍTIMA

A finalidade dessa manobra é erguer a vítima do solo, quando o rolamento


não é possível, e colocá-la sobre a tábua de transporte. A elevação pode ser
realizada por duas, três ou mais pessoas.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 55

CAPÍTULO XII

QUEIMADURAS

As queimaduras são lesões freqüentes; mesmo quando não levam a óbito,


as queimaduras severas produzem grande sofrimento físico e requerem tratamento
que dura meses ou mesmo anos. Pessoas de todas as faixas etárias estão sujeitas
às queimaduras, sendo as crianças vítimas freqüentes e muitas vezes por descuido
dos pais ou responsáveis.

1) CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS

As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a sua causa,


profundidade, extensão, localização e gravidade.

a) Quanto à Causa:

 Térmicas: São as queimaduras mais comuns. Podem ser causadas por


gases, líquidos ou sólidos quentes.

 Químicas: São causadas por ácidos ou álcalis e podem ser graves;


necessitam de um correto atendimento pré-hospitalar pois o manejo
inadequado pode agravar as lesões.

 Por eletricidade: São muitas vezes queimaduras graves. Geralmente as


lesões internas, no trajeto da corrente elétrica através do organismo, são
extensas enquanto as lesões das áreas de entrada e saída da corrente
elétrica na superfície cutânea são pequenas. Esta particularidade pode
levar a erros na avaliação da severidade da lesão.

 Por radiação: Podem ser causadas por raios ultravioletas (UV), por raio-
x ou por radiações ionizantes. As lesões por raios UV são bem
conhecidas queimaduras solares e geralmente superficiais e de pouca
gravidade.

b) Quanto à Profundidade

As queimaduras, principalmente as térmicas, podem ser classificadas de


acordo com a profundidade da lesão em queimaduras de primeiro, segundo e
terceiro graus. Esta classificação é importante porque direciona desde o
atendimento pré-hospitalar até o atendimento definitivo no centro de queimados.

 Primeiro grau (superficiais): São as queimaduras que atingem apenas a


epiderme. A pele fica avermelhada (eritema) e quente, ocasionalmente há
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 56

edema (inchaço). Causam dor de leve a moderada. O exemplo clássico


são as queimaduras solares.

 Segundo grau (espessura parcial): São queimaduras que atingem a


epiderme e a derme e produzem dor severa. A pele se apresenta
avermelhada e com bolhas, as lesões que atingem a derme mais profunda
são úmidas. São queimaduras que mais se beneficiam de um curativo
efetuado corretamente.

 Terceiro grau (espessura total): Atingem toda espessura da pele e


chegam ao tecido subcutâneo. As lesões são secas e com uma cor
esbranquiçada com aspecto de couro ou então pretas com aspecto
carbonizado. Geralmente não são dolorosas porque as terminações
nervosas são destruídas; as áreas nos bordos das lesões de terceiro grau
podem apresentar queimaduras menos profundas, de segundo grau, e
serem portanto bastante dolorosas.

c) Quanto à Extensão

A extensão da queimadura, ou a porcentagem da área da superfície


corporal queimada, é um dado importante para se determinar a gravidade da lesão
e o tratamento a ser instituído, tanto no local do acidente quanto no hospital. Utiliza-
se para este cálculo a “regra dos nove”. O resultado obtido é aproximado mas é
suficiente para uso prático.
Observe o gráfico:

PARTE DO CORPO ADULTOS CRIANÇAS

Cabeça 9% 18%
Braço 9% 9%
Tronco (frente) 18% 18%
Tronco (costas) 18% 18%
Genitália 1% 1%
Pernas 18% 13,5%
TOTAL 100% 100%
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 57

d) Quanto à Localização

As queimaduras variam de gravidade de acordo com a sua localização.


Certas áreas, como as mãos, faces, os pés e os genitais são consideradas críticas.
As queimaduras que envolvem as vias aéreas são também bastante graves.

2. ATENDIMENTO AO QUEIMADO

O atendimento inicial da vítima de queimaduras segue a mesma seqüência


do atendimento de uma vítima de outras formas de trauma. Deve-se considerar o
grande queimado como um politraumatizado, inclusive porque freqüentemente
existem lesões outras associadas. Existem particularidades no atendimento que
serão abordadas a seguir.

A primeira preocupação da equipe deve ser com a sua própria segurança,


isto se aplica a qualquer situação mas deve ser reforçado ao se atender vítimas de
queimaduras que estejam em ambientes hostis. Deve-se ter cuidado com as
chamas, gases tóxicos e fumaça, risco de explosões e desabamentos.

O segundo passo no atendimento á vítima é a interrupção do processo de


queimadura, feito na seguinte seqüência:

 Extinguir as chamas sobre a vítima ou suas roupas


 Remover a vítima do ambiente hostil
 Remover as roupas que não estejam aderidas ao corpo da vítima
 Promover o resfriamento da lesão e de fragmentos de roupas ou de
substâncias como asfalto que estejam aderidas ao corpo do queimado.

Após se interromper o processo de queimadura se procede ao atendimento


segundo o A,B,C,D.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 58

Queimaduras superficiais e de pequena extensão ( cerca de 10% de área


corporal queimada ) podem ser tratadas por resfriamento, colocando-se compressas
frias sobre a região lesada. As bolhas formadas não devem ser perfuradas.

As vítimas com queimaduras de face, pescoço e tórax devem se


permanentemente vigiadas no que diz respeito à permeabilidade de suas vias
aéreas.

O Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, deve ser acionado,


ou a vítima deve ser removida a um hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 59

CAPÍTULO XIII

ACIDENTES COM ELETRICIDADE

A eletricidade é uma forma de energia que pode fluir sob a forma de


corrente elétrica entre dois pontos, desde que um deles esteja mais carregado de
energia elétrica que o outro. A corrente elétrica flui com maior facilidade através de
materiais específicos, chamados condutores, que são a água, a maioria dos metais
e os seres vivos; nestes últimos, flui mais facilmente naqueles tecidos em que há
maior quantidade de água. A pele úmida é um excelente condutor de eletricidade.

a) Efeitos da Corrente Elétrica sobre o Organismo Humano

 Queimaduras, que ocorrem quando a corrente elétrica percorre os tecidos


corporais, promovendo seu aquecimento. Observam-se áreas de
queimadura nos pontos de entrada e saída da corrente elétrica,
geralmente pouco impressionantes; deve-se lembrar, no entanto, que em
todo o trajeto da corrente elétrica pode-se observar lesões em vasos,
nervos ou outros tecidos.

 Lesão direta no coração, que pode resultar em alteração do ritmo normal


do coração ( denominada fibrilação ventricular) , ou mesmo a parada
cardiorrespiratória.

 Podem também haver lesões associadas, como as fraturas, produzidas


pelos espasmos musculares severos que podem ocorrer, ou se a vítima
cai ou é arremessada contra anteparos rígidos.

b) Atendimento

 Interromper a corrente elétrica: não tocar na vítima antes de Ter certeza


que a corrente elétrica foi interrompida. Desligar a chave geral nos
ambientes domicilares ou industriais. Chamar a companhia de energia
elétrica nos acidentes em via pública.

 Fazer a abordagem primária da vítima ( A-B-C-D ), tomando especial


cuidado com a respiração e o pulso da vítima, pois pode haver parada
cardiorrespiratória; nesse caso, iniciar as manobras de RCP.

 Colocar curativos limpos, preferencialmente estéreis, sobre as áreas de


queimaduras;
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 60

 Acionar o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou


conduzir a vítima a um hospital.

LEMBRE-SE: TODAS AS VÍTIMAS DE ACIDENTES COM

ELETRICIDADE - QUEIMADURAS OU

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DEVEM SER

CONDUZIDAS AO HOSPITAL.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 61

CAPÍTULO XIV

ASSISTÊNCIA AO PARTO

O chamado parto normal caracteriza-se por três períodos distintos: o


período de dilatação, onde as sucessivas contrações dilatam o colo do útero,
preparando para o nascimento; o período expulsivo, quando a dilatação está
completa e já pode-se visualizar o alto da cabeça do bebê na vagina, e o período
de dequitação, após o nascimento do bebê, que se caracteriza pela expulsão da
placenta.

Geralmente com o início das contrações a parturiente já deve procurar um


hospital para aí ser atendida. Nesse caso, a parturiente deve idealmente ser
tranqüilizada e transportada deitada, preferencialmente sobre o lado esquerdo do
corpo, com as pernas fletidas. Nesse período é importante orientar a parturiente
para não “fazer força” durante as contrações, pois isso pode provocar ruptura das
estruturas do períneo. Pode-se pedir que a parturiente faça a “respiração do
cachorrinho cansado”, o que auxilia nas contrações.

Se no entanto já puder ser visualizado o alto da cabeça do bebê no canal do


parto, o transporte deve ser interrompido e o parto realizado. O parto de emergência
pode ocorrer em qualquer lugar: em casa, na rua, num taxi, num carro, etc. Nestes
casos, você tem uma vida em suas mãos. A parturiente vai fazer força
espontaneamente, referindo uma “necessidade de evacuar”, e a “bolsa d’água” se
rompe.

Prepare-se para o auxílio ao parto e realize os seguintes procedimentos:

- lavar muito bem as mãos e braços;


- deixar a parturiente deitada, da maneira mais confortável possível;
- colocar a parturiente com os joelhos flexionados e as pernas afastadas;
- deixar que o processo do parto seja natural, não interferir em nada que
não seja absolutamente necessário;
- esperar que o bebê venha sozinho;
- sustentar a cabeça do bebê sem puxar, para que ele respire e não caia;
- evitar que o rosto do bebê entre em contato com líquidos ou qualquer
coisa que possa dificultar a respiração.
- orientar para que a mãe não empurre forte demais, para evitar que o bebê
nasça rápido e causa ruptura de vagina;
- orientar a mãe para que respire com a boca aberta, como cachorrinho;
- limpar suavemente a boca e o nariz do bebê, mantendo a cabeça em nível
mais baixo que o corpo;
- esfregar as costas do bebê e manter a cabeça para baixo se ele não
chorar e respirar imediatamente após o nascimento;
- colocar o bebê sobre a barriga da mãe;
- assegurar-se de que tudo esteja bem limpo antes e cortar o cordão
umbilical;
- fazer um nó duplo (com uma tira de algodão ou barbante bem limpos),
mais ou menos quatro dedos de distância de onde o cordão se une ao bebê;
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 62

 assegurar-se de apertar bem o nó para evitar hemorragia;


 fazer um segundo nó mais ou menos três dedos de distância em direção à
placenta;
 cortar com tesoura entre os nós;
 manter o bebê aquecido;
 esperar que a placenta saia do útero, da mãe naturalmente, não puxe;
 colocar um tecido limpo entre a pernas da mãe e orientar para que feche as
pernas;
 colocar a mão sobre o abdome da mãe, logo abaixo do umbigo. Você sentirá o
útero como uma massa dura. Fazer uma massagem por alguns segundos para
que o útero se contraia e diminua o sangramento;
 encaminhar mãe e criança para o hospital.

CAPÍTULO XV
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 63

ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

1. INTOXICAÇÕES / ENVENENAMENTOS

Venenos são substâncias químicas que podem causar dano ao organismo.

Os envenenamentos são na sua maioria acidentais, mas resultam também


de tentativas de suicídio e mais raramente até de tentativas de homicídio.

É muito importante tentar identificar a substância responsável pelo


envenenamento; caso isso seja impossível no início do atendimento, posteriormente
devem ser feitas tentativas de obter informações e ou amostras da substância e das
circunstâncias em que ocorreu o envenenamento.

Um veneno pode penetrar no organismo, causando os envenenamentos


ou intoxicações por diversos meios, podendo ser:

 Ingerido – Ex. medicamentos, substâncias químicas industriais,


derivados de petróleo, agrotóxicos, raticidas, formicidas, plantas,
alimentos contaminados (toxinas).

 Inalado – gases e poeiras tóxicas. Ex. monóxido de carbono, amônia,


agrotóxicos, cola a base de tolueno (cola de sapateiro), acetona, benzina,
éter, G.L.P. (gás de cozinha), fluido de isqueiro e outras substâncias
voláteis, gases liberados durante a queima de diversos materiais
(plásticos, tintas, componentes eletrônicos).

 Absorvido – Inseticidas, agrotóxicos e outras substâncias químicas que


podem penetrar no organismo pela pele ou mucosa

 Injetado – Toxinas de diversas fontes como aranha, escorpiões ou


drogas injetadas por meio de seringas com agulha.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 64

a) Sinais e Sintomas

Os sinais e sintomas mais comuns nos envenenamentos são:


 Queimaduras ou manchas ao redor da boca.
 Odores característicos (da respiração, roupa ou no ambiente)
 Respiração anormal (rápida, lenta ou com dificuldade)
 Sudorese, Salivação e Lacrimejamento
 Alterações pupilares – midríase ou miose
 Pulso (lento, rápido ou irregular)
 Pele (pálida, “vermelha”, ou cianótica)
 Alterações da consciência
 Convulsões
 Choque
 Distensão Abdominal
 Vômitos
 Cefaléia (dor de cabeça), dor abdominal, queimação nos olhos e
mucosas, dificuldade para engolir podem estar presentes.

b) Atendimento

 Verifique inicialmente se o local é seguro, procure identificar a via de


administração e o veneno em questão.
 Aborde a vítima como de costume, identifique-se e faça o exame
primário, esteja preparado para intervir com manobras para liberação das
vias aéreas e de R.C.P., caso seja necessário.
 Há situações em que a vítima deve ser removida imediatamente para
diminuir a exposição ao veneno e preservar a segurança da equipe.
 Se o veneno tiver sido ingerido e a vítima estiver consciente e alerta, dê
dois ou três copos de água para a vítima beber, isto diluirá o veneno.
 Se a ingestão ocorreu há menos de quatro horas induza o vômito, pela
estimulação cuidadosa da retrofaringe com o dedo ou cabo rombo de
colher, após a ingestão de um ou dois copos de água.
 Cuidado : existem casos que isto não deve ser feito, como nos
casos de ingestão de derivados de petróleo (gasolina, querosene),
de corrosivos como soda cáustica, e quando a vítima está sonolenta
ou comatosa.
 Acione o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou conduza
a vítima para um hospital.
 Esteja certo de que a vítima que você está atendendo é a única
intoxicada; no caso de crianças, deve verificar se estava só ou brincava
com outras, pois estas também devem ser avaliadas.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 65

c) Monóxido de Carbono (CO)

É um gás incolor, sem cheiro e potencialmente perigoso, provoca


diminuição de oxigênio podendo ocasionar lesão cerebral e morte. O monóxido de
carbono pode ser emitido por diversas fontes, como escapamento de veículos
(perigo em lugares fechados, como garagens), aquecedores a gás, fogões, e provir
da queima de praticamente qualquer substância em locais fechados.

Os sintomas do envenenamento por monóxido de carbono podem ser,


inicialmente, dor de cabeça, náusea, vômitos, coriza, e posteriormente distúrbios
visuais, confusão mental, síncope (desmaio), tremores, coma, disfunção
cardiopulmonar e morte.

2. ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

São chamados animais peçonhentos aqueles que possuem glândula de


veneno que se comunica com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno
passa ativamente, como por exemplo, as serpentes, aranhas, escorpiões e arraias.

Os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não


possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento por
contato (lagartas), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe-baiacu).

a) Ofídios ( Serpentes )

Para sabermos se uma serpente é peçonhenta ou não, três


características são fundamentais:

 presença de fosseta loreal (órgão situado entre o olho e a narina)


 presença de guizo ou chocalho no final da cauda.
 presença de anéis coloridos (vermelho, preto, branco ou amarelo)

No Estado do Paraná existem três gêneros de importância toxicológica; cada


um desses gêneros causa envenenamentos com sinais e sintomas distintos.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 66

Gênero Bothrops – pertencem a este grupo a Jararaca, Urutu, Cruzeira,


Cotiara, Jararacuçu. Possuem fosseta loreal ou lacrimal, tendo a extremidade da
cauda com escamas, são de cor geralmente parda e vivem em locais úmidos,
podem atingir na idade adulta o tamanho de 40 cm a 2 m. Agressivas, são
responsáveis por 70% dos acidentes ofídicos no estado.

A vítima apresenta manifestações locais ( inchaço, vermelhidão e dor ) de


instalação precoce e caráter evolutivo com aparecimento de equimose, bolhas,
sangramento no local da picada e necrose. Nos acidentes causados por filhotes as
manifestações locais podem estar ausentes.

Outras manifestações geralmente ocorrem: náuseas, vômitos, sudorese,


hipotermia, hipotensão arterial, choque, hemorragias a distância (sangramento
nasal, sangramento gengival, digestivo, na urina) e insuficiência renal aguda.

Gênero Crotalus: é o grupo das Cascavéis. Sua característica mais


importante é a presença de guizo ou chocalho na ponta da cauda. Possuem fosseta
loreal, atingem na idade adulta 1,6 m de comprimento, vivem em lugares secos,
regiões pedregosas e pastos, não sendo encontradas nas regiões litorâneas. São
menos agressivas que as jararacas, sendo responsáveis por 11% dos acidentes
ofídicos no estado, que costumam ser de maior gravidade.

A vítima apresenta manifestações locais – ausentes ou pouco intensas,


inchaço, formigamento discreto, pouca dor.

Outras manifestações: cefaléia, náusea, prostração, sonolência. A vítima pode


apresentar também diplopia (visão dupla), visão turva, queda da pálpebra e
dificuldade para deglutir, dores musculares, urina escura e olhos dilatados.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 67

Gênero Micrurus: é o grupo das corais verdadeiras.

São serpentes peçonhentas que não possuem fosseta loreal (isto é uma
exceção), e não tem um aparelho inoculador de veneno tão eficiente quanto as
jararacas e cascavéis; o veneno é inoculado através de dentes pequenos e fixos.

Possuem um padrão de cor vermelho (ou alaranjado), branco (ou amarelo)


e PRETO. Habitam preferencialmente buracos, tornando os acidentes raros mas
muito graves pela característica de seu veneno de provocar parada respiratória.

Podem aparecer, vômitos, salivação, queda da pálpebra , sonolência, perda


de equilíbrio, fraqueza muscular, dilatação da pupila, paralisia flácida que pode
evoluir comprometendo a musculatura respiratória com apnéia e insuficiência
respiratória aguda. Todos os casos devem ser considerados graves.

As medidas gerais de atendimento aos acidentes ofídicos incluem:

 Lave o local da picada com água e sabão;


 não faça cortes, perfurações, torniquetes, nem coloque outros produtos
sobre a lesão;
 mantenha o acidentado calmo e imóvel.
 transporte a vítima para um hospital, levando, se possível, o animal
agressor (mesmo morto), para facilitar o diagnóstico e a escolha do soro
específico mais adequado.

b) Aranhas

Algumas espécies de aranhas podem causar envenenamentos. São mais


comuns:

A aranha marrom (Loxosceles) é pequena ( 4 cm ), pouco agressiva, com


hábitos noturnos, encontrada em pilhas de tijolos, telhas e no interior das
residências, atrás de móveis, cortinas e eventualmente nas roupas.

A picada ocorre em geral quando a aranha é comprimida contra o corpo (ao


vestir-se ou ao deitar) e não produz dor imediata. Dentro de 6 a 12 horas da picada,
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 68

aparece um eritema (vermelhidão), edema duro (inchaço) e dor no local; depois de


24 a 36 horas pode aparecer um ponto de necrose central no ferimento, e até 72
horas após pode surgir febre, mal estar e ulceração local. Pode haver também dor
de cabeça, náuseas, vômitos, urina escura ou ausência de urina.

A aranha armadeira (Phoneutria) é muito agressiva, encontrada em


bananeiras, folhagens, entre madeira e pedras empilhadas e no interior das
residências. Tem coloração marrom escura com manchas claras e atingem 12 cm
de diâmetro.

A vítima de um acidente com armadeira apresenta manifestações locais. A


dor é imediata e em geral intensa podendo irradiar a raiz do membro acometido.
Ocorrem inchaço, vermelhidão, formigamento e sudorese no local da picada, onde
podem ser encontradas duas marcas em forma de pontos. Podem ocorrer
especialmente em crianças sudorese, náuseas, vômitos, hipotensão e choque.

As tarântulas (Scaptocosa = Lycosa) são aranhas pouco agressivas, com


hábitos diurnos, encontradas em jardins, gramados e residências. Causam
acidentes leves sem necessidade de tratamento específico.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 69

As caranguejeiras – (Mygalomorphae) são aranhas grandes, peludas,


agressivas, de hábitos noturnos, encontradas em quintais, terrenos baldios e
residências. Quando ameaçadas ou manipuladas esfregam suas patas posteriores
no abdome e lançam pêlos com farpas em grande quantidade ao seu redor,
provocando irritação da pele e alergia. Não há tratamento específico.

As medidas gerais de atendimento aos acidentes com aranhas incluem:

 Lave o local da picada com água e sabão;


 pode-se colocar sobre a picada uma compressa fria;
 não faça cortes, perfurações, torniquetes, nem coloque outros produtos
sobre a lesão;
 mantenha o acidentado calmo e imóvel.
 transporte a vítima para um hospital, levando, se possível, o animal
agressor (mesmo morto), para facilitar o diagnóstico e a escolha do soro
específico mais adequado.

C) Escorpiões

Existem diversas espécies, mas somente o gênero Tityus tem interesse


médico. O escorpião amarelo (T. serrulatus), é o responsável pela maioria dos
casos graves em nosso meio, o veneno do escorpião preto ( T. bothriurus) é menos
tóxico.
Os escorpiões picam com a cauda, medem de 6 a 8 cm, tem hábitos
noturnos escondendo-se durante o dia sob cascas de árvores, pedras, troncos,
dentro de residências etc.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 70

Os sintomas podem ser locais, como inchaço, vermelhidão, formigamento e


sudorese no local da picada. A dor pode ser de forte intensidade e se irradiar para a
raiz do membro acometido. Há também sintomas gerais como náuseas, vômitos,
sudorese intensa e choque.

O tratamento inicial é semelhante ao mencionado acima, para acidentes


com aranhas, e a vítima deve ser transportada a um hospital.

d) Lagartas

Algumas lagartas ( gênero Lonomia), também chamadas de taturanas, são


larvas de mariposas e medem 6 a 7 cm, e possuem o corpo revestido de espinhos
urticantes que contêm uma poderosa toxina. Sua cor é marrom-esverdeada ou
marrom-amarelada, com listras longitudinais castanho-escuras.

O contato da pele com essas lagartas provoca dor local


em queimação, seguida de vermelhidão, inchaço e calor local.
Surgem cefaléia, náusea e vômitos, dor nas articulações. Entre
8 e 72 horas depois podem surgir manifestações hemorrágicas,
como manchas pelo corpo, sangramentos gengivais, pelo nariz,
urina e por ferimentos recentes, os casos mais graves podem
evoluir para insuficiência renal e morte.

Colocar uma compressa fria sobre o ferimento e transportar a vítima ao


hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 71

CAPÍTULO XVI

CORPOS ESTRANHOS

Às vezes pequenas partículas de poeira, carvão, areia, grãos diversos,


sementes e pequenos insetos podem penetrar nos olhos, ouvidos e nariz, tornando-
se “corpos estranhos”.

Se isto ocorrer, proceda da seguinte maneira:

a) Corpos Estranhos nos Olhos

 faça a vítima fechar os olhos para que as lágrimas lavem e removam o


corpo estranho; ou
 lave o olho com água limpa; ou
 remova o corpo estranho com um cotonete úmido.

Porém se o corpo estranho estiver encravado no globo ocular, ou no caso de


objetos empalados, não tente removê-los, pois isso pode causar danos mais
graves. Feche os dois olhos da vítima com curativos frouxos, mantenha a vítima
deitada ( pois isso ajuda a manter as estruturas vitais dentro dos olhos ) e acione o
Serviço de Atendimento Pré-hospitalar, se existente, ou remova a vítima para um
hospital.

Nas vítimas de queimaduras nos olhos por substâncias químicas ( ácidas ou


alcalinas ), enxagüe os olhos com água abundante, e conduza a vítima
imediatamente para um hospital.

b) Corpos Estranhos no Nariz

 Não introduzir nenhum objeto ou instrumento na narina da vítima na


tentativa de remover o corpo estranho;
 Orientar a vítima para que não assoe a narina obstruída com muita força;
 Orientar a vítima para que comprima a narina que não está obstruída e,
suavemente, tente expelir o ar pela narina onde se encontra o corpo
estranho;
 Se a vítima não conseguir expelir o corpo estranho, conduzi-la a um
hospital.

c) Corpos Estranhos nos Ouvidos


APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 72

 Não introduzir nenhum instrumento ou objeto no ouvido da vítima para


tentar remover o corpo estranho, pois pode-se empurrá-lo cada vez mais
para dentro do conduto auditivo ou até mesmo lesar o tímpano;

 Procurar imediatamente ajuda especializada, conduzindo a vítima a um


hospital.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 73

CAPÍTULO XVIII

OUTRAS EMERGÊNCIAS

1. CRISE CONVULSIVA

A convulsão é uma desordem cerebral. Durante um breve período de


tempo, o cérebro deixa de funcionar normalmente e passa a ter uma atividade
anormal enviando estímulos desordenados ao resto do corpo, iniciando as crises
convulsivas, também conhecidas como “ataque”.

As crises convulsivas podem se manifestar de várias maneiras, mas o tipo


mais comum em que geralmente se solicita ajuda é o conhecido como “Grande
Mal”, que pode fazer com que a pessoa caia no chão, fique com o corpo rígido e
comece a tremer, com perda de consciência. Outros tipos de epilepsia são o
“Pequeno Mal” ou “Crise de Ausência” onde a pessoa fica com olhar fixo por alguns
instantes e sem responder ou se lembrar daquele desligamento.

São inúmeras as causas de crise convulsiva, dentre elas podemos citar as


alterações no nascimento, meningites, intoxicações por drogas ou álcool, tumores
cerebrais, trauma craniano, acidente vascular cerebral.

No atendimento a uma situação de crise convulsiva:

 Manter-se calmo e procurar acalmar os demais;


 colocar algo macio sob a cabeça da vítima;
 remover da área objetos que possam vir a ferir a vítima;
 afrouxar a gravata ou colarinho da camisa, deixando o pescoço livre de
qualquer coisa que o incomode;
 girar a cabeça do paciente para o lado para que a saliva não dificulte a
respiração;
 ficar ao seu lado até que sua respiração volte ao normal e ele se levante;
 não introduzir nada pela boca; também não prender a língua com colher
ou outro objeto (não existe perigo algum do paciente engolir a sua
língua);
 não tente fazê-lo voltar a si, lançando-lhe água ou obrigando-o a tomar.
 não o agarrar na tentativa de mantê-lo quieto;
 caso o ataque se demore indefinidamente, ou seja seguido por outros, ou
a pessoa não recupere a consciência, deve ser levada a um hospital para
receber medicamentos específicos.
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 74

2. SINCOPE ( DESMAIO )

É qualquer tipo de perda de consciência de curta duração que não necessite


manobras específicas para recuperação ( desmaio ) . O termo lipotímia tem sido
utilizado para designar episódio de perda incompleta da consciência.

Pode haver várias causas para a síncope, como por exemplo:

 queda súbita da pressão arterial, cuja causa pode ser emocional, dor
súbita, esforço físico, ambiente lotado, cena de sangue, calor excessivo,
etc.
 alteração metabólica, como na diabete ou hipoglicemia.
 trauma craniano;
 intoxicações exógenas;

O episódio sincopal surge geralmente quando a vítima está em pé; a vítima


pode apresentar-se pálida, fria, com respiração suspirosa – após alguns minutos
ocorre tontura, visão embaraçada e súbita perda de consciência.

No atendimento desses episódios

 Manter a vítima deitada, preferencialmente com a cabeça abaixo do


corpo; eleve os membros inferiores mais ou menos 20 cm;
 mantê-la deitado por alguns minutos mesmo após a vítima se recuperar.
 se estiver em local mal ventilado ou ambiente lotado, providenciar
remoção para local mais apropriado.
 liberar vestimentas que estejam apertadas.
 não dar nada para a vítima comer ou beber.
 informar-se sobre a história da vítima (doenças, medicamentos utilizados,
etc.).
APOSTILA DE SOCORROS DE URGÊNCIA 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABRAL, Sueli Bueno de Moraes; REDONDO, Vera Lúcia Marinho Diniz. Manual
Agentes de Socorros Urgentes. 3 ed. SIATE – Coordenação de
Desenvolvimento de Recursos Humanos. Curitiba : 1997.

OLIVEIRA, Beatriz Ferreira Monteiro et al. Manual de Atendimento Pré-hospitalar


e Suporte Básico de Vida. Coordenação de Desenvolvimento de Recursos
Humanos - SIATE . Curitiba : Imprensa Oficial do Estado do Paraná, 1998 ( no
prelo).

OLIVEIRA E SILVA, Vera Lúcia; MACIEL, Adão Rodrigues; RODRIGO, Lenora


Catharina; Suporte Básico de Vida para Vítimas de Acidentes de Trânsito.
Curitiba : Champagnat, 1996.

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