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Lingua Portuguesa As Margens Da Influencia 7A PDF
Lingua Portuguesa As Margens Da Influencia 7A PDF
Coordenação editorial:
Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos dos tex-
tos contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve alguma omissão
e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram modificações com o novo Acordo Ortográfico.
Inclui referências.
CDU 37
PeR – BPE 19-79 CDD 370
ISBN: 978-85-8168-700-1
Impresso no Brasil
Reprodução proibida.
Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
A todo momento, os meios de comunicação de massa chamam a nossa atenção e nos oferecem
ideias, produtos, serviços e opiniões prontas a nos influenciar e orientar. Ao mesmo tempo, esses
meios de comunicação são necessários para sabermos do que acontece e está além dos limites
territoriais que ocupamos. Precisamos recorrer a essas fontes de informação para saber dos fatos
e acontecimentos que, mesmo estando longe de nós, influenciam a nossa vida e fazem parte da
nossa realidade. Mas também precisamos reconhecer os vários momentos em que a mídia tenta
nos influenciar e os recursos que utiliza para isso.
Neste livro, observamos a mídia sob esta perspectiva dupla: como fonte de informação e
como fonte de influência. Para desbravar essa influência, passeamos por mensagens que são ca-
pazes de nos influenciar; analisamos os elementos que formam essas mensagens; e descrevemos
um conjunto de estratégias comuns. A partir de pensadores e teorias da comunicação, refletimos
também sobre o sucesso dessa influência. Será que a mídia nos manipula completamente ou
somos capazes de escolher no que vamos acreditar?
Ao fim, esperamos estimular não só a identificação e a compreensão das técnicas de convenci-
mento, mas também o hábito de ler o que está à margem. Somos desafiados a ver além do óbvio,
compreender contextos, explorar sentidos e entender o dito e o não dito. Assim como somos
desafiados a sermos questionadores, formadores de nós mesmos e reivindicadores da mídia que
queremos.
Dedico este livro a todos que aceitam o desafio de ver além do óbvio.
Liliane Feitoza
Dissecando a cultura
dos fandoms
Apurando os fatos
Tudo o que fazemos ao longo da nossa vida dei- Às vezes nem percebemos, mas o nosso jeito de
xa marcas sobre nós. Algumas marcas são mais evi- amarrar o cadarço do tênis, nossa preferência para
dentes, outras até passam despercebidas. Algumas o café da manhã e o nosso idioma são exemplos de
podem ser vistas por todos, outras só por nós. É as- hábitos ensinados e que vão formando as caracte-
sim com a cicatriz de um machucado, que carrega rísticas que nos definem, embora não nos deter-
a história do momento em que tudo aconteceu. E minem. Em outras palavras, podemos dizer que a
é assim também com os gostos particulares e com realidade à nossa volta influencia o nosso jeito de
os conhecimentos, que vêm de várias experiências ser, mas não nos obriga a ser de uma única forma.
a que você e eu estamos sendo expostos desde que Na atualidade, a influência que as nossas ex-
nascemos. periências exercem sobre nós ganha mais uma
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Não é preciso ter viajado quilômetros e visitado o Museu do Louvre,
em Paris, para compreender os memes criados a partir de uma obra
renascentista com mais de cinco séculos de existência.
Com esse exemplo, podemos perceber que, ses famosos, saber dos seus gostos, o nome dos
mesmo não tendo apreciado o quadro direta- pais ou filhos, o que comeram (ou costumam
mente (grande parte de nós não foi ao Museu do comer) no café da manhã, as roupas que usam e
Louvre, em Paris, para ver a obra de perto), po- até o que pensam sobre alguns assuntos, tudo isso
demos tê-la como uma referência. Nessa situação, sem nunca ter encontrado com eles pessoalmente.
há uma forma de experimentar a obra sem ter um Ao ser fã de alguém, isto é, ao ter grande ad-
contato direto com ela. Em todo caso, como es- miração, afeição ou interesse, não só conhecemos
tamos falando em experiências que nos formam, o outro indiretamente, mas em maior ou menor
certamente é preciso ir além do conhecimento de medida deixamos que a nossa vida seja influencia-
uma pintura célebre. da pela vida e obra de outra pessoa. Essa influên-
Pense agora em uma pessoa famosa que você cia pode não só fazer com que dediquemos tempo
admira. Pode ser uma cantora ou cantor, ator ou a saber o que o famoso faz ou fez e a conhecer
atriz, um escritor ou escritora, atleta, digital in- seu trabalho, como também pode nos levar a fazer
fluencer e até uma personagem de ficção, enfim, escolhas influenciados por essas pessoas. Podemos
qualquer pessoa de quem você goste e que o ins- querer copiar atitudes dos que nos inspiram ou
pire. Não é difícil ser e encontrar pessoas que são copiar produtos iguais ou semelhantes ao que es-
verdadeiras fãs de outras que nunca encontraram. sas pessoas consomem, para sentirmos que esta-
Podemos conhecer vários elementos da vida des- mos mais próximos.
Antes de qualquer coisa, mais de cinco opções) e o mes- pode escolher provar outro pro-
imagine uma pessoa fazendo mo vale para o sabonete. duto, e existem também as pes-
compras em um supermercado. É bem verdade que quem soas que não conhecem bem os
Em todas as seções, são organi- consome esses produtos pode produtos ou não têm um gosto
zados lado a lado produtos di- ter preferências, por exemplo: formado sobre eles.
ferentes, mas que servem para a gostar de um biscoito que seja Se sua mãe ou seu pai lhe
mesma função ou para funções mais ou menos doce, com ou pedisse para comprar um deter-
muito parecidas. Não existe sem recheio, quadrado ou re- gente e não informasse por qual
apenas uma marca de biscoitos dondo, assim como se pode marca tem preferência, você se
de chocolate ou de sabonetes, preferir um sabonete com chei- veria na mesma situação de dú-
há diversas. As prateleiras ficam ro de camomila ou de lavanda, vida da pessoa que quer com-
cheias de opções, tanto para o com mais ou menos percentual prar biscoitos de chocolate e sa-
primeiro exemplo quanto para de hidratante, antibacteriano bonetes: qual produto escolher?
o segundo. A pessoa que com- ou não antibacteriano. Mas, Se todos os detergentes servem
pra precisa escolher se vai ficar mesmo já tendo um gosto for- para a mesma função, por que
com o biscoito A, B, C, D, E... mado, o comprador pode mu- há tantos deles? Indo além dos
ou qualquer outro (são muito dar de ideia diante das opções, detergentes, biscoitos e sabone-
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Olena Yakobchuk/Shutterstock.com
sa cor já faz sucesso em outros
países, e, por isso, a empresa re-
solveu lançá-lo no Brasil.
Você e seus colegas sabem Experimente o novo.
que, não sendo uma cor muito Ouse.
usual para batons, o produto
será rejeitado por muitas pes- usariam o verde); também po- publicidade de barbeadores e de
soas. E essa rejeição já é espera- deríamos retirar as senhoras espumas para barbear em uma
da, não há um objetivo de tor- idosas ou de meia-idade, afinal página de Internet dedicada a
nar o batom verde mais popular não esperamos que sejam a nos- falar de barbas longas, afinal a
do que cores como rosa ou ver- sa mãe e avó as mulheres que última coisa que os leitores da
melho, mas, sim, de apresentar vão aderir ao batom verde. Nos- página querem é comprar esses
um produto novo. Sabendo que sa aposta é em mulheres jovens. produtos. Esse processo de di-
não é todo mundo que se in- Mais ainda devemos alcan- vidir o mercado em fatias com
teressará por um batom verde, çar mais detalhes. Nem toda características em comum para
não faria sentido produzir uma mulher jovem teria coragem de selecionar aquela que tem o per-
peça publicitária para qualquer utilizar um batom desse, então fil mais compatível com nosso
um. É muito mais inteligente podemos desconsiderar mulhe- produto chama-se segmentação
falar diretamente para as pes- res tímidas, conservadoras ou e é um dos pilares da estratégia
soas a quem um batom verde discretas. O batom verde real- de mercado das empresas.
poderia interessar, ou seja, ao mente não é para elas. Em sen- Como a mensagem precisa
público-alvo do produto. tido oposto, podem se interessar chegar às pessoas certas, conhe-
Só para exercitar nossa cria- pelo batom mulheres que são cer o público-alvo é um exer-
tividade, vamos pensar em cara- ousadas na aparência, não têm cício muito importante para
terísticas desse público-alvo. Se medo de experimentar o novo o trabalho dos publicitários,
você pensou que o público será ou gostam de tentar opções não quanto mais detalhes se conhe-
constituído de mulheres, você usuais. ce, maiores as chances de atin-
acertou. Como, normalmente, Com esse exemplo, quere- gir o alvo com qualidade. Para
são mulheres que utilizam ba- mos deixar claro que uma cam- nós, que não produzimos peças
tom, o comum é a campanha panha publicitária precisa en- publicitárias, a percepção do
publicitária se direcionar para tender bem o público que pode público-alvo também é interes-
esse público. Mas a categoria se interessar pelo produto, para sante, uma vez que nos ajuda
mulheres é ampla demais. Para conseguir atingi-lo melhor. Não a compreender melhor como
atingir um público-alvo, é pre- faria sentido, por exemplo, pu- toda a publicidade é elaborada e
ciso de mais detalhes. Entre as blicar um anúncio do nosso ba- quais são seus objetivos. Devido
mulheres, podemos retirar as tom verde em uma revista lida à importância desse conceito,
meninas muito jovens, que não prioritariamente por mulheres ele voltará a aparecer, mas, por
costumam usar batom (e que, idosas ou por homens. Assim agora, vamos pensar no texto
se usassem, provavelmente não como não faria sentido fazer específico da publicidade.
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“O organismo enfraqueci-
do tira-lhe a disposição para o
estudo. Pesa-lhe a cabeça. Fal-
ta-lhe a memória. Domina-o o
somno. É necessário fortificar-
-lhe o physico. O Biotonico
Fontoura, recomendado pela
medicina brasileira, desperta
o apetite, restaura as energias,
acaba com o cansaço, fortalece
os músculos e nervos e torna a
memoria agil.”
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Peças publicitárias do
Biotônico Fontoura de 1938
e 2018, respectivamente.
Observe que não só os recursos
tecnológicos mudaram a cara
dos anúncios, mas também
as estratégias de abordar o
público-alvo.
Fonte: https://www.propagandashistoricas.com.br/2013/03/biotonico-fontoura-1938.html
Fonte: http://propmark.com.br/agencias/biotonico-fontoura-apresenta-criancas-de-ferro
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Essas duas peças publicitárias tamento das crianças, assim como farmácia ou ao médico sozinhos
ainda podem nos ajudar a pen- são elas que se interessam pela para reclamar da falta de dispo-
sar em duas outras característi- saúde, pelo rendimento escolar e sição e apetite. Normalmente,
cas do texto publicitário: o in- pelo que os médicos têm a dizer. são os adultos responsáveis que
teresse e a proximidade. Toda O erro pode estar na inter- se preocupam com isso, e, dian-
redação publicitária deve usar a pretação da segunda peça. Ao te dessa certeza, a campanha faz
criatividade para chamar a aten- observar crianças vestidas de dessas pessoas o público-alvo.
ção e despertar interesse para o super-heróis e se divertindo, O envolvimento maior das
produto ou serviço, apresentan- podemos pensar que são elas o crianças, no segundo caso, de-
do seus benefícios e utilidades. público-alvo, mas, na verdade, a monstra que a publicidade se
E, para isso, deve se aproximar informação continua se dirigin- preocupa também em atingir
das pessoas que são ou pode- do prioritariamente aos respon- os consumidores dos produ-
riam ser interessadas. Assim, a sáveis. Em outros conteúdos tos, ainda que não sejam eles
proximidade que se deseja al- da campanha, como no vídeo os compradores. Não só a pu-
cançar é a do público-alvo, e o veiculado na televisão e na In- blicidade se tornou divertida,
mesmo vale para o interesse. ternet, o narrador afirma que o mas também o produto ganhou
Voltemos ao exemplo. Olhan- produto garante “energia de so- sabores atrativos e aproveitou a
do rapidamente para as duas peças bra, para seu filho crescer como embalagem para levar jogos e
publicitárias que apresentamos, uma criança de ferro”. brincadeiras. Essa atenção não
poderíamos ter a ideia errada de E em todo caso, ainda são as quer dizer que a criança seja
que falam para públicos diferen- mães e os pais que se preocupam precisamente o público-alvo,
tes. Na primeira, fica claro que a ponto de comprar suplemen- mas, sim, que o seu interesse
o público que se quer alcançar tos que ajudem as crianças a te- pelo produto também importa
são os responsáveis pelas crianças rem mais disposição e apetite, na tomada de decisão dos pais.
(principalmente as mães), afinal e não as próprias crianças. Não Isso acontece porque toda
são eles que se preocupam com o encontramos meninos e meni- compra é um processo de toma-
que é ou não normal no compor- nas de oito ou nove anos indo à da de decisão. Às vezes, toma-
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Na imagem, o produto (um sabão
para lavar-roupas) se conecta ao
futebol a partir da sua utilidade
na limpeza de uniformes. A
ideia oferecida ao público-alvo,
composto de mães e pais de
crianças que brincam de futebol
(principalmente mães), é de
que se sujar é importante tanto
para a criança quanto para a
seleção de futebol do País, já que
os artilheiros do futuro são as
crianças que agora brincam e se
sujam com a bola.
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Estratégia
psicodinâmica
A estratégia psicodinâmi-
ca, como o nome já diz, parte _____________
da premissa de que os com- Na imagem, podemos ver várias bolhas, representando o cheiro agradável que
fica na roupa. Uma das bolhas, maior e aberta para a nossa observação, quer
portamentos são resultado de mostrar o que existe em cada partícula de cheiro a sensação de um carinho de
questões psicológicas, que vêm mãe e da delicadeza das pétalas de flores.
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Assim como muitas cam- oferece esses produtos, como atletas famosos. Também é co-
panhas publicitárias reforçam perfumes, a homens. mum apresentar um perfume
lugares e normas de comporta- A publicidade deve, então, como sendo o adequado para
mento esperados das mulheres, lidar com o desafio de fazer os um profissional bem-sucedi-
há também as que reforçam homens, que normalmente não do ou como sendo aquele que
normas ligadas ao homem. querem parecer excessivamen- conquista as mulheres. Nas três
Ainda que, normalmente, se- te preocupados com cuidados soluções geralmente adotadas,
jam as mulheres, e não os ho- estéticos, se interessarem pelo são reforçados interesses comu-
mens, associadas com o desejo perfume vendido. Em mui- mente impostos aos meninos e
por produtos de beleza e cos- tas campanhas e produtos, a homens, isto é, eles devem se
méticos, é verdade que tam- solução encontrada é associar interessar por esportes, sucesso
bém existe um mercado que os perfumes a esportistas ou profissional e mulheres.
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O perfume é apresentado ao lado de homem bem
vestido, utilizando um terno, que por si só já simboliza
uma profissão de elevado status. A expressão do ator
Ryan Reynolds, que aparece na campanha, também
procura relacionar o produto à seriedade e ao sucesso.
Acompanhando a imagem, está a frase atribuída
ao ator “I don’t expect success. I prepare for it”, que
podemos traduzir como “Eu não espero sucesso. Me
preparo para ele”, completando a associação entre o
produto e homens bem-sucedidos no trabalho.
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Uma outra marca bem-su- a frase “pergunta lá no posto não afirmam que uma das estra-
cedida na criação de significa- Ipiranga” ganhou tanta força tégias é capaz de garantir resul-
dos foi a da rede de postos de que passou a aparecer em brin- tados. Ainda que não existam
combustível Ipiranga. Com a cadeiras na Internet e em falas garantias, há uma percepção
intenção de criar o significado cotidianas. generalizada de que as marcas
de que os postos são lugares No decorrer dos anos, a precisam de publicidade para
completos, nos quais há tudo campanha se adaptou, ganhou serem lembradas, desejadas,
ou resposta para tudo, a mar- elementos gráficos, trouxe per- preferidas e associadas a signi-
ca passou muitos anos criando sonalidades famosas, mas con- ficados positivos. E, ao longo
peças publicitárias em torno da tinuou mantendo o significa- deste capítulo, descobrimos al-
ideia. O conceito foi iniciado do construído pela figura do guns elementos essenciais para
em 2011 por meio de uma per- ator, já associado à marca, e do esse convencimento e algumas
sonagem simples, um homem conceito-núcleo. A estratégia estratégias.
simpático que respondia, na de construção de significado Adiante, vamos chamar a
beira de uma estrada, a pergun- precisa conseguir, ao mesmo atenção para o fato de que,
tas de motoristas. Para todas as tempo, inovar e manter uma além dos textos publicitários,
perguntas, a resposta apontava identidade. existem outros que tentam nos
o posto como o lugar em que se Como já dissemos, os estu- convencer. Mas, antes disso, va-
podia achar a solução. O per- diosos da persuasão não apon- mos praticar um pouco do que
sonagem agradou as pessoas, e tam fórmulas infalíveis, ou seja, aprendemos.
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2. Na atualidade, é possível conhecer pessoas, lugares e obras tanto pela experimentação direta,
aquela em que estamos no mesmo lugar que o acontecimento ou a pessoa, quanto pela experi-
mentação indireta, na qual o nosso contato é mediado. Sobre a experiência sem território, que
utiliza os meios de comunicação, marque o que for correto.
a. A experiência mediada permite experimentar a realidade exatamente como ocorreu e, por esse
motivo, deve substituir, no futuro, a experimentação direta.
b. A experimentação a partir dos meios de comunicação não permite sentir emoções, como as
experiências diretas.
c. A experiência possibilitada pela mídia nunca é tão completa quanto a experiência direta po-
deria ser, devendo ser rejeitada.
d. Há diferenças entre as experiências direta e mediada, mas as duas são necessárias na atualidade.
e. Não é preciso responsabilizar a experiência indireta ou mediada por eventuais erros, são as
pessoas que devem escolher se vão ou não experimentar através da mídia.
3. A publicidade é uma atividade profissional do ramo da comunicação que tem por finalidade tra-
balhar a imagem de produtos, empresas e marcas, persuadindo o público sobre a sua qualidade
diferenciada, sobre a sua importância, além de vantagens e muitos outros benefícios. A respeito
do trabalho da publicidade, assinale a alternativa correta.
a. O texto utilizado na publicidade deve ser claro, direto e curto, além de que deve tentar atingir
o máximo de pessoas possível, sem distinção.
b. O trabalho da publicidade inclui, muitas vezes, fazer com que um produto seja preferido
entre uma quantidade muito grande de concorrentes que desempenham a mesma função. A
única solução para esse desafio é provar que os concorrentes têm baixa qualidade.
c. Conhecer o público-alvo é uma tarefa importante no trabalho publicitário, mas a boa publi-
cidade deve priorizar a qualidade do produto, e não o público.
d. O texto publicitário deve conseguir atingir a todas as pessoas de forma igualmente eficaz.
e. O interesse e a proximidade de um texto publicitário têm relação direta com o público-alvo,
assim é possível imaginar que algumas publicidades podem ser interessantes e próximas para
alguns e indiferentes a outras pessoas.
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Fonte: https://grandesnomesdapropaganda.com.br/anunciantes/garnier-fructis-cria-plataforma-para-consumidoras-cacheadas/
c. Na peça publicitária, é concedido mais espaço para falar do produto ou para falar da ideia
relacionada a ele? Justifique sua resposta.
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5. Para despertar interesse, uma ação comum do texto publicitário é tentar utilizar a criatividade.
Por esse motivo, algumas vezes, a publicidade precisa que o público-alvo desempenhe um esforço
de interpretação, tanto de imagens quanto de palavras. Seguindo essa necessidade de interpretar,
identifique nos itens abaixo (1) o produto que a publicidade anuncia, (2) a ideia que se deseja
transmitir e (3) os elementos utilizados para essa finalidade.
Fonte: http://mesquita.blog.br/publicidade-temperos
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Fonte: http://agenciab2f.blogspot.com/2013/05/analise-semiotica_3037.html
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No capítulo anterior, pas- influenciar. Sobre a organização ramo da comunicação que uti-
seamos por características do desses novos formatos, vamos liza textos persuasivos a fim de
trabalho publicitário e por es- apresentá-los separados em dois convencer um público-alvo a
tratégias de convencimento blocos. Primeiro, falaremos da consumir determinado produto
adotadas nessa atividade profis- influência exercida pela propa- ou serviço. No capítulo ante-
sional. Como a nossa intenção ganda e, em seguida, sobre a rior, ao expor textos publicitá-
não é falar apenas da capacida- que é exercida pelo jornalismo. rios, acabamos expondo tam-
de de influência da publicidade, Falar sobre propaganda de- bém muitos produtos e marcas,
mas da mídia como um todo, pois de um capítulo inteiro pois era em torno deles que a
cabe perguntar: é só a publici- dedicado à publicidade pode tentativa de influência da publi-
dade que tenta e consegue nos parecer estranho, afinal propa- cidade estava atuando.
convencer? Para essa pergunta, ganda e publicidade não são si- Com a propaganda, a relação
a resposta é simples: não, a per- nônimos? Ainda que no cotidia- é outra. Por mais que ela tam-
suasão não é uma ação exclusi- no seja comum se referir a uma bém deseje estimular ações, a
va da publicidade, ela também peça publicitária como propa- propaganda não se dedica a di-
pode ser alcançada por outras ganda, conceitualmente as pala- vulgar produtos e serviços, mas
narrativas. vras têm significados diferentes. ideias. Assim, o que se deseja
A partir de agora, falaremos O termo publicidade, em seu não é influenciar um compor-
de outros textos transmitidos uso mais comum na atualidade, tamento de compra, mas um
pelos meios de comunicação está relacionado à divulgação comportamento, em geral, a
e que têm a capacidade de nos comercial. É uma prática do exemplo de atitudes e hábitos.
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A propaganda, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dirige-se para pais e mães, como público-
-alvo, procurando influenciá-los a consumirem alimentos orgânicos com a justificativa de que eles são mais saudáveis
e, por isso, melhores não só para os filhos, hoje, como também para os netos que virão. Ao mencionar as gerações
futuras, a propaganda relaciona hábitos saudáveis a uma vida mais longa. Os alimentos em questão aparecem na
imagem, são frutas, verduras e legumes, bem como produtos de origem animal, todos frescos e saudáveis.
Para refletir sobre outros temas que podem re- no entanto cabe a pais e responsáveis zelar pela
querer a produção de propagandas, basta pensar presença dos alunos e pelo estudo fora da sala de
em setores em que é essencial a população fazer aula, por exemplo, para garantir o cumprimento
a sua parte, ou seja, em que a execução de ações da parte que cabe aos responsáveis. Para tanto, a
precisa não só da atuação do poder público, mas propaganda pode ser um auxílio importante.
também da contribuição de uma parcela da po- Outro exemplo interessante diz respeito à lim-
pulação. Na educação, por exemplo, é dever do peza e conservação do espaço público. Garantir
Estado prover um sistema de ensino qualificado, que as ruas e o patrimônio estejam limpos e con-
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nhem um comportamento que tores. Nos diversos momentos priorizando a economia ou o sis-
há muito tempo vem sendo visto de campanha, o conhecimento tema de saúde. Falar com cada
como normal, as propagandas dos interessados em diversos se- um desses grupos, bem como
costumam combinar diversas es- tores, bem como a compreensão com outros, exige atenções espe-
tratégias, na intenção de conven- das suas preocupações e objeti- cíficas.
cer o público-alvo, seja por um vos, é essencial para que o can- Nessas situações, são co-
elemento, seja por outro. didato seja bem aceito. muns estratégias como a psico-
Um tipo de propaganda do Como a administração públi- dinâmica, com apelo à razão.
qual ainda não tratamos e em ca envolve muitos setores, os dis- Por essa forma de convencer,
que a necessidade de conhecer o cursos da propaganda eleitoral o candidato tenta persuadir os
público-alvo fica muito eviden- precisam variar para se adaptar potenciais eleitores apresentan-
te é a propaganda eleitoral. Du- ao público interessado em cada do argumentos, provas e outras
rante períodos de campanha, um deles. Os candidatos sabem utilizações da razão para mos-
candidatos e candidatas a car- que muitos eleitores decidem trar que conhece os problemas e
gos públicos costumam utilizar seus votos com base nos projetos que sabe como solucioná-lo.
estratégias para convencer elei- voltados para a educação, outros, Ainda que em uma disputa
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Reflexão em pauta
1. Ainda que seja comum tratar a publicidade e a propaganda como sinônimos, há características
que diferenciam essas suas práticas. Sobre as diferenças entre publicidade e propaganda, marque
o que for correto.
a. O texto publicitário tem a intenção de convencer ou persuadir uma pessoa a comprar um
produto ou usar um serviço, enquanto a propaganda não tenta convencer, apenas educar
sobre temas importantes.
b. A principal diferença está nas estratégias utilizadas. A publicidade costuma apelar ao desejo e
aos sentimentos, enquanto a propaganda focaliza a razão.
c. As duas práticas se dedicam ao convencimento de um público-alvo, mas, enquanto a propa-
ganda quer convencer a consumir ou utilizar algo, a publicidade quer persuadir sobre uma
ideia.
d. As diferenças não incluem a necessidade de focalizar um público-alvo. Ou seja, tanto a pu-
blicidade quanto a propaganda, ao tentar convencer, precisam se esforçar para conhecer a
parcela do público que deseja atingir.
e. Uma importante diferença entre a publicidade e a propaganda está na clareza do texto. A
publicidade pode ser mais específica, pois fala para um público-alvo menor, já a propaganda
precisa ser genérica e menos criativa para atingir públicos-alvo maiores e mais diversos.
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Fonte: https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/nova-campanha-da-ecorodovias-chama-atencao-para-o-perigo-de-utilizar-o-celular-ao-
volante
fonte: http://designontherocks.blog.br/imagem-do-dia-fiat-se-beber-nao-dirija/
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fonte: http://adsarchive.com/more/lg2/
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A imagem abaixo traz uma propaganda contra o tabagismo e, especificamente, contra o fumo em
lugares fechados ou de uso coletivo. Identifique a(s) estratégia(s) em destaque.
fonte: http://fumonao.blogspot.com/
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5. Abaixo serão expostos dois textos dedicados à mesma temática: a utilização de canudos de plás-
tico e a poluição ambiental.
Texto 1:
Por que o canudo de plástico virou o inimigo número 1 do meio ambiente
10/07/2018 – 11H49 – ATUALIZADA ÀS 12H23 - POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
[...]
Os números impressionam: só nos Estados Unidos, mais de 500 milhões de canudos
plásticos são utilizados diariamente, de acordo com uma pesquisa do governo. O Fórum
Econômico Mundial relata a existência de 150 milhões de toneladas métricas de plásticos
nos oceanos. Caso o consumo de plástico siga no mesmo ritmo de hoje, cientistas preveem
que haverá mais plástico do que peixes no oceano até 2050.
Outro dado importante vem de uma pesquisa publicada pela revista científica Science
em 2015. Pesquisadores descobriram que a humanidade gera um total de 275 milhões de
toneladas de resíduos plásticos por ano — e um valor entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de
toneladas chega aos oceanos.
A expectativa dos ativistas é que, ao chamar a discussão para os canudos plásticos, os
consumidores se conscientizem e deixem de utilizar outros materiais de uso único, como
sacolas e garrafas — que são responsáveis por índices de poluição maiores.
[...]
Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2018/07/por-que-o-canudo-de-plastico-virou-o-inimigo-numero-1-do-
meio-ambiente.html
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(Campanha da organização Greenpeace. Abaixo da imagem aparece a frase “Don’t suck the life from our oceans”, em
português: “Não sugue a vida dos nossos oceanos”)
Fonte: http://www.clubedecriacao.com.br/ultimas/dont-suck-the-life-from-our-oceans/
Depois de ler os dois textos com atenção, responda ao que for pedido.
a. Os textos 1 e 2 concordam sobre a relação entre canudo e meio ambiente? Justifique sua res-
posta.
b. Retire um fragmento do Texto 1 e descreva elementos do Texto 2 que confirmem sua resposta
anterior.
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Os limites da
influência
Nos capítulos anteriores, fa- questões, tanto que este é um século XIX e início do século
lamos da capacidade da publi- dos motivos para o surgimento XX. Nesse período, movidas
cidade, da propaganda e do jor- de uma área de estudo chama- por repercussões das revoluções
nalismo de influenciar opiniões, da de teorias da comunicação. Industrial e Francesa, as socie-
hábitos e ações e mencionamos Assim como nós, esses estudio- dades passavam por um gran-
que qualquer produto midiáti- sos queriam entender o impacto de processo de transformação.
co, ao nos fazer experimentar das comunicações mediadas por Para pesquisadores e estudiosos,
realidades, pode ser uma fonte meios como o rádio, o cinema e antes dessas modificações as
de influência. A partir de agora, o jornal (e mais tarde a televisão pessoas sentiam-se unidas pela
vamos começar a nos questio- e a Internet) sobre as pessoas. força das tradições que com-
nar sobre essa influência. Será Desde as primeiras teorias da partilhavam, ou seja, todos se
que acreditamos em tudo que comunicação até a atualidade, percebiam como semelhantes
essas comunicações nos dizem? muito mudou na compreensão graças ao vínculo com o lugar
Ou, ainda, existem limites para dos estudiosos sobre os limites de origem e com as tradições
a influência dos meios de comu- dessa influência. e costumes desse lugar. Mas,
nicação sobre nós? As primeiras teorias da co- ao deixar os locais de origem e
Muitos estudiosos já se de- municação surgiram observan- migrar para os centros urbanos,
dicaram a pensar sobre essas do as sociedades entre o fim do onde estavam as indústrias e as
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crítica estivessem errados, mas dem variar um pouco, mas, de da desigualdade e contribuindo
apenas que não se deve trans- maneira geral, a maior parte para que as pessoas não questio-
formar a crítica à indústria cul- dos pesquisadores em comuni- nem o mundo à sua volta.
tural numa incapacidade de re- cação da atualidade reconhece Também é de aceitação geral
conhecer qualidade no que ela a existência de uma indústria que a estrutura midiática torna
produz. cultural, percebe sua impor- muito difícil uma resistência.
Depois de toda essa viagem tância para a sociedade em que Afinal, são esses meios de comu-
por pensamentos e teorias da vivemos, mas questiona sua ca- nicação que possuem os recur-
comunicação ocupadas em ana- pacidade de manipular comple- sos para falar para a população
lisar os meios de comunicação de tamente as pessoas. e equipamentos e capacidade de
massa, seus produtos e seus efei- Isso não quer dizer que a padronizar mensagens simples,
tos, chegamos ao ponto de res- mídia seja pouco poderosa ou difundi-las em massa e ainda as
ponder à pergunta que norteou pouco influente. Na verdade, repetir diversas vezes. Utilizan-
todo este livro: a mídia é ou não mesmo pesquisas relacionadas do uma metáfora, poderíamos
é capaz de dizer quem nós so- aos estudos culturais (que acre- dizer que existem diversas vozes
mos? A publicidade, a propagan- ditam na possibilidade de os e opiniões na sociedade, porém
da, o jornalismo e outros produ- produtos da cultura de massa poucas delas têm acesso a um
tos da indústria cultural são ou refletirem conflitos e terem qua- microfone e aos equipamentos
não capazes de nos manipular e lidade) costumam apontar que, de som.
comandar as nossas ações? na maior parte das vezes, a mí- O máximo que as vozes sem
A depender da teoria, res- dia atua reforçando a estrutura microfone podem fazer é gri-
postas para essa pergunta po- social, apoiando a manutenção tar, para mostrar suas opiniões
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1. A teoria da comunicação é uma área de estudo dedicada à pesquisa dos efeitos, das origens e dos
funcionamentos dos processos de comunicação social. Com o desenvolvimento e a inovação de
dispositivos tecnológicos, que estão se tornando cada vez mais acessíveis, sofisticados e presentes
na vida das pessoas, essa área de estudo tem sido reforçada. Sobre os processos comunicativos da
atualidade e sobre sua capacidade de influência, marque a alternativa correta.
a. Não há muita diferença nas formas de comunicação das pessoas comuns de hoje e do passado.
As grandes diferenças estão na qualidade dos recursos tecnológicos, não utilizados pela maio-
ria das pessoas.
b. Uma vez que os processos comunicativos não têm sofrido muitas mudanças, também perma-
necem semelhantes as opiniões dos especialistas sobre a sua capacidade de influenciar na vida
das pessoas.
c. Os meios de comunicação de massa — aqueles capazes de disseminar informações em larga
escala, de maneira simples e acessível para uma grande quantidade de receptores — são im-
portantes para a compreensão das formas de se comunicar na atualidade.
d. Os primeiros estudos dedicados a entender a capacidade de influência dos meios de comuni-
cação de massa se voltaram para a incapacidade das mensagens da época de gerar efeitos ou
mesmo despertar interesse.
e. Entre os produtos dos meios de comunicação de massa estão filmes e programas de rádio, mas
não jornais, pois eles se voltam para públicos menores.
2. Tanto a teoria da bala mágica quanto as teorias da persuasão e dos efeitos limitados defendiam
que, nos processos de comunicação, acontecia uma relação de estímulo e resposta, em que as
mensagens da mídia seriam os estímulos e as respostas seriam as reações das pessoas. No entanto,
a primeira teoria e as duas seguintes discordam quanto à capacidade do estímulo de garantir a
resposta esperada. Sobre essas teorias, responda às questões abaixo.
a. Como a teoria hipodérmica, ou da bala mágica, percebe os receptores das mensagens comu-
nicativas?
b. Qual a diferença entre a percepção da teoria da bala mágica e a das teorias da persuasão e dos
efeitos limitados no entendimento do público?
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d. É possível afirmar que da teoria da bala mágica para as teorias da persuasão e dos efeitos
limitados existe uma crença que aumenta o poder do público e diminui o da mensagem?
Justifique sua resposta.
III. A teoria crítica estabeleceu uma relação entre cultura e economia. Para os pesquisadores, a
produção cultural do período estava abandonando o compromisso com a criatividade, com a
autenticidade e com a verdade artística, para se comprometer com fórmulas que garantissem
uma maior possibilidade de venda, o que transformava a cultura em mercadoria.
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5. Ao criticar a indústria cultural, a Escola de Frankfurt separava a verdadeira arte, aquela compro-
metida com a autenticidade, de uma arte menor, aquela que pode ser reproduzida tecnicamente.
A fotografia e o cinema seriam, pensando apenas por essa perspectiva, necessariamente artes
menores por poderem ser reproduzidas em larga escala e por serem oferecidas às massas.
Sobre a fotografia, observe os dois textos a seguir, de autoria do brasileiro Sebastião Salgado,
considerado um dos maiores fotógrafos da atualidade. No primeiro texto, está reproduzida uma
fala do autor, e, no seguinte, é exposta uma de suas obras.
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Texto 2:
1985 - Os campos de refugiados de Korem e Bathi na etiópia atingida pela fome. (Fotografia premiada pelo
Award-winning photographer 1985 photo contest)
Fonte: https://www.worldpressphoto.org/collection/photo/1985/general-news/sebasti%C3%A3o-ribeiro-salgado
Depois de ler os textos, opine se a fotografia pode ser uma forma de arte comprometida com a
reflexão e com a transformação social. Justifique sua opinião.
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a. Se analisássemos o funk enquanto manifestação cultural sob a lente dos pensadores da Escola
de Frankfurt, seria correto qualificá-la como valiosa?
b. Sob a perspectiva dos estudos culturais, é possível considerar o funk uma manifestação cultu-
ral legítima?
c. Na sua opinião, por que o funk ainda é alvo de questionamentos enquanto manifestação cul-
tural?
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O fim e o
recomeço
igorstevanovic/Shutterstock.com
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