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Livro Digital

Aula 02 –
Estudando a
introdução
Prática de redação ITA 2020

Professora Celina Gil


Profa. Celina Gil
Aula 02 – Prática de redação ITA 2020

Sumário
Sumário
Apresentação .................................................................................................................................... 3
1 – Análise social .................................................................................................................... 4
2 – Estudando o desenvolvimento I. ....................................................................................... 6
1.1 – Tipos de argumentos ................................................................................................................ 7
Argumento por analogia .................................................................................................................................................. 8
Argumento por autoridade ............................................................................................................................................... 8
Argumento por causa e consequência .............................................................................................................................. 9
1.2 – Análise de redação ................................................................................................................. 10
1.3 – Exercícios: Argumentação ...................................................................................................... 11
3 – Prática de redação ......................................................................................................... 21
3.1 – Passo a passo ......................................................................................................................... 21
Proposta ITA (2013) ........................................................................................................................................................ 21
3.2 - Propostas ................................................................................................................................. 28
3.1 – Proposta I. .............................................................................................................................. 28
3.2 – Proposta II. ............................................................................................................................. 29
3.3 – Proposta III. ............................................................................................................................ 35
3.4 – Proposta IV. ............................................................................................................................ 38
Anexos ................................................................................................................................. 43
Considerações finais ............................................................................................................. 44

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Apresentação

Olá!

Essa é uma das aulas mais importantes para a escrita de sua redação. Começaremos aqui
nosso estudo sobre o desenvolvimento. Essa é a parte à qual você deve se dedicar com maior
profundidade na sua redação. O ITA valoriza uma argumentação aprofundada!

Na aula de hoje, veremos então:

- Prática e estudo de desenvolvimento dos argumentos


AULA 02 – Estudando o - Exercícios de identificação de temática;
desenvolvimento I. desenvolvimento de argumentos e planejamento de
redação; e
- Prática de redação: produção de 4 textos.

Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes:

1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na
elaboração de argumentos.

2 - Estudo de uma parte da dissertação


Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo.
Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência.

3- Produção textual
Análise de redações/trechos de redações no modelo ITA e/ou exemplo de produção
textual.
Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.

Vamos lá?

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1 – Análise social
Vamos abrir a aula de hoje com uma breve discussão acerca da relação entre homem e
tecnologia na contemporaneidade. Esse assunto tem sido muito abordado em diversas redações,
sob diversos ângulos.
Essencialmente, o que norteia a discussão acerca dessa relação é a tentativa de tentar
responder à pergunta: a tecnologia traz mais benefícios ou mais malefícios para o homem.
Ao longo do tempo, vivemos sob a ideia de que o progresso cientifico e tecnológico sempre
levaria à evolução, ou seja, seríamos melhores na medida em que tivéssemos uma sociedade mais
tecnológica. De fato, a tecnologia foi capaz de melhorar nossa vida e facilitar nossas ações
cotidianas. Desde ações pequenas – como a possibilidade não precisar lavar a roupa à mão, pois há
uma máquina – até maiores – como as viagens de avião ou a invenção de máquinas que auxiliam em
tratamentos médicos.
A tecnologia, porém, não foi capaz de solucionar alguns problemas essenciais aos seres
humanos: a igualdade não foi alcançada, não fomos capazes de eliminar a pobreza e ainda passamos
por momentos de guerra e conflito intenso. Muitas vezes, inclusive, a tecnologia parece estar no
centro de diversos desses problemas. Muita tecnologia, por exemplo, surge de pesquisas voltadas
para a guerra, e as grandes corporações parecem muitas vezes incentivar a desigualdade social e
lucrar com ela. Cabe sempre pensar como a tecnologia se insere na lógica de mercado, não
eliminando as desigualdades, mas aprofundando-as.
O questionamento que fica é:

A tecnologia piorou o homem?

Ou o homem é mau e a tecnologia evidencia isso?


Um elemento importante ligado à tecnologia é a ideia de alienação. Vilém Flusser, filósofo,
ao escrever sobre fotografia no livro A filosofia da caixa preta, conclui que somos alienados dos
processos de produção que envolvem tecnologia, ou seja, nós não sabemos como as coisas
acontecem, só que acontecem.
Um exemplo disso são nossos conflitos quanto ao uso de nossos dados na internet. Nós não
sabemos de que modo nossos dados serão usados na internet, porque não conhecemos os
processos tecnológicos. Ao não conhecer os processos, não fazemos uso da total capacidade da
tecnologia. Além disso, corremos o risco de tratá-la como algo mágico, ou seja, de tratarmos os
processos tecnológicos como tabu religioso e, por isso mesmo, imutáveis e inquestionáveis.
Veja algumas situações em que a relação com a tecnologia poderia ser um caminho para sua
redação:
Novos modos de relacionamento pessoal A influência da tecnologia no trabalho
Inclusão de tecnologia na educação As diferenças geracionais do uso da tecnologia
Diferença de comportamento na vida real e na
A onipresença da internet
digital

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FILMES
Matrix (1999) - Dir.: Lana e Blade Runner (1982) - Dir.: Ex_Machina: Instinto Artificial
Lilly Wachowski Ridley Scott (2014) - Dir.: Alex Garland

Neo é um hacker que descobre No ano de 2019, uma grande Programador vence concurso
a verdade sobre a realidade ao corporação cria clones humanos para passar uma semana na casa
conhecer um grupo rebelde. para trabalhar em colônias fora do CEO da companhia que
Eles mostram a Neo que o da Terra. Um ex-policial é trabalha. Lá, descobre que fará
mundo e a relação dos homens chamado para caçar um grupo parte de um experimento
com as máquinas não é de clones que fugiu e se interagindo com o primeiro robô
exatamente o que ele pensava. escondeu em Los Angeles. de inteligência artificial.

LIVROS

1984 – George Orwell Admirável mundo novo – Aldous Eu, Robô – Isaac Asimov
Em uma sociedade sempre Huxley
Coletânea de contos que, no
em guerra, completamente O livro conta a história de Bernard entanto, se relacionam entre si.
vigilada por câmeras e telas, Marx, um homem que vive em O livro discorre sobre a evolução
a personagem Winston uma sociedade que se organiza dos robôs e a transformação de
Smith, um homem que em torno da supervalorização do seu papel na sociedade ao longo
trabalha alterando notícias pensamento científico. Já não há do tempo. O último conto – e
de jornal, pensa mais estruturas familiares: as último estágio da evolução dos
secretamente em modos de pessoas são geradas em robôs – mostra a Terra sendo
burlar a tirania do Estado do laboratórios e adestradas para administrada por 4 máquinas
Grande Irmão, entidade que exercer seu papel na sociedade, que ditam desde os modos de
observa a todos por telas. que se organiza em castas. produção até os de consumo.

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2 – Estudando o desenvolvimento I.
Na nossa aula 00, quando falamos sobre o desenvolvimento – ou a argumentação – da
redação, citamos alguns modos mais comuns de criar uma argumentação. Relembre esses modos:

Argumento por analogia (ou comparação)

•Partindo do princípio que se deve tratar os iguais como iguais, o argumento por analogia faz uso de
exemplos de casos semelhantes para comprovar uma ideia.

Argumento de autoridade (ou por citação)

•O argumento de autoridade faz uso das falas ou preceitos de um especialista no assunto, reconhecido
publicamente ou presente nos textos de apoio, para corroborar as suas ideias.

Argumento por causa e consequência

•Para comprovar a tese, buscam-se relações de causa e consequência, ou seja, de motivos e efeitos
resultantes.

Argumento por comprovação

•No argumento por comprovação, a tese é sustentada a partir dos dados concretos apresentados (como
estatísticas e porcentagens).

Argumento por exemplificação

•No argumento por exemplificação, o autor baseia a defesa de sua tese em exemplos representativos.

Argumento por princípio (senso comum)


•São argumentos baseados em conhecimentos gerais, incontestáveis. Não pode ser questionado, pois são
universais, associados ao senso comum. Necessitam de maior aprofundamento para não serem
considerados rasos demais.

Vamos passar um por um os modos de argumentar para que você possa praticar um pouco a
feitura de cada um deles. Na aula de hoje, vamos nos dedicar aos seguintes modos:
➢ Argumento por analogia (ou comparação)
➢ Argumento de autoridade (ou por citação)
➢ Argumento por causa e consequência.

Vamos ver cada um deles.

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1.1 – Tipos de argumentos

Vamos partir de dois pequenos textos de apoio para compreender que argumentos poderiam
ser desenvolvidos. Já partiremos de um tema, recorte temático e tese desenvolvidos.

Texto 1.
Vivemos a era da informática, das informações livres e da acessibilidade fácil e rápida a elas.
As tecnologias se renovam, incessantemente, favorecendo e permitindo o contato das pessoas a
todos os assuntos, a todos os lugares e a hora que quiserem. Esta é a internet, o mundo de
possibilidades que se veio de fato para ficar e hoje o mundo não existiria sem ela. A internet é o sol
no centro deste sistema globalizado que aquece a tudo e todos. Mas acontece que, como tudo nesta
vida, a lei criacionista de “causa e efeito” sintetiza uma máxima: tudo que é demais enjoa. Enjoa,
mas também adoece. Muitos problemas e dificuldades despontaram por conta do surgimento da
internet. Problemas que nem ousarei enumerar, mas quando refletimos quais seriam eles,
rapidamente identificamos. Admito que muitos já existiam e que a internet só acentuou sua
gravidade. Me limitarei a um agravante que recebe pompas de transtorno, reconhecido pela
Associação Americana de Psicólogos como uma dependência tão crônica quanto à de substâncias
como álcool e cocaína, a Internet Addiction Disorder (Transtorno do Vício de Internet).
Disponível em: <https://canaltech.com.br/comportamento/O-Transtorno-do-Vicio-em-Internet/> Acesso em: ago.2019.

Texto 2.
Jovens da geração da internet constantemente interagem remotamente com pessoas de todo
lugar, literalmente, de tal modo que, mesmo quando estão interagindo com uma pessoa que
conhecem, essa pessoa está atrás de uma tela. Sob condições ancestrais, nossos antepassados só se
comunicavam cara a cara, em contextos em que não havia desindividualização. Em suma, hoje é
muito mais fácil os jovens serem mesquinhos e cruéis uns com os outros do que foi em qualquer
momento passado da história humana, graças à internet. E resultados sociais que geram sofrimento
podem, sem dúvida alguma, exercer consequências graves sobre a saúde mental.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/08/1907983-com-internet-cada-vez-mais-jovens-sofrem-
de-depressao-e-ansiedade.shtml> Acesso em ago. 2019.

A partir desses textos de apoio, pode-se depreender que um possível tema, recorte temático
e a tese a ser desenvolvida na redação são, respectivamente:

TEMA: Relação do homem com a tecnologia.


RECORTE TEMÁTICO: O vício em internet.
TESE: A internet deve ser utilizada com responsabilidade, pois o vício nessa tecnologia pode trazer
problemas à saúde mental e, por consequência, prejudicar outras áreas da vida não
necessariamente ligadas ao mundo virtual.

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Argumento por analogia

Um analogia é uma relação de semelhança entre coisas ou fatos distintos. Normalmente ele
segue uma relação lógica entre os termos a partir de suas semelhanças.

Ex.: Esse doente apresenta manchas avermelhadas pelo corpo, febre e mal estar intenso.

Manchas avermelhadas pelo corpo, febre e mal estar intenso são sintomas do sarampo.

Logo, esse doente tem sarampo.

Nas orações, é a recorrência de elementos idênticos que permite a analogia: se o doente


possui características que o sarampo causa, então o doente tem sarampo.

Também pode aparecer como uma associação entre pares não semelhantes. Na matemática
essa estrutura é bastante comum: A está para B, assim como C está para D.

Ex.: Amor está para ódio, assim como alegria está para tristeza.

Nas duas orações temos uma associação entre opostos: amor é oposto a ódio e alegria é
oposta a tristeza. Assim, a relação entre amor e ódio é a mesma que a relação entre alegria e
tristeza: de oposição.

Mas como isso pode ser acessado na hora de escrever uma argumentação?

Partindo da estrutura que propusemos e dos textos de apoio apresentados, veja um exemplo
de argumentação por analogia:

Ex.:

O uso excessivo da internet já se configura um vício, podendo ser considerado mesmo uma
doença. Isso se comprova a partir do comportamento que algumas pessoas assumem
quando afastadas, por exemplo, do celular. Assim como dependentes químicos que,
quando em abstinência de álcool ou drogas, chegam a sofrer fisicamente pela falta do
vício, também os viciados em celular podem apresentar sintomas na ausência do aparelho.
Também em função disso, a Associação Americana de Psicólogos já reconhece o Transtorno
do Vício de Internet.

Argumento por autoridade

No argumento por autoridade, utiliza-se a opinião de outras pessoas como base para a
argumentação. Claro que numa redação dissertativa o corretor quer ver sua opinião sobre os
assuntos e valoriza sua capacidade argumentativa. Porém, apoiar sua informação em especialistas
é um modo de demonstrar à banca que você possui embasamento, ou seja, que aquilo não é pura
e simplesmente sua opinião pessoal.

Diversos elementos podem servir como base para um argumento por autoridade:

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➢ Estudiosos e pesquisadores
➢ Instituições respeitadas, como associações e centros de pesquisa
➢ Filósofos, sociólogos e demais cientistas, estejam eles citados nos textos de apoio ou não.

Muitas vezes, os alunos acham que devem decorar citações de filósofos ou pensadores
importantes para a redação. Você NÃO DEVE fazer isso!
As teorias filosóficas são complexas e dificilmente podem ser resumidas em uma frase.
Se você não conhece o autor e sua teoria, apenas citar uma frase pode produzir o efeito
contrário e fazer com que você perca pontos!
Descontextualizar uma frase pode esvaziar seu significado, ou seja, pode ser que o
estudioso quisesse dizer algo diferente do que você entendeu lendo apenas uma frase.
Se quiser citar algum pensador, tenha certeza que você é capaz de explicar seu
pensamento. Não é preciso citar palavra por palavra o que ele disse. É mais seguro, para
não incorrer em erros, falar sobre o autor e suas teorias, mas sem usar citações.

Partindo da estrutura que propusemos e dos textos de apoio apresentados, veja um exemplo
de argumentação por autoridade:

Ex.:

A internet vem sido utilizada de maneira tão exacerbada que a Associação Americana de
Psicólogos já considera o vício em internet uma dependência crônica. Esse transtorno vem
sendo chamado de Transtorno do Vício de Internet. Essa definição parte principalmente da
percepção de que quando nos encontramos distantes da tecnologia ou do acesso à internet,
podemos reagir do mesmo modo que dependentes químicos. Isso demonstra que o uso da
internet se tornou tão fora de controle que chega a nos afetar fisicamente.

Argumento por causa e consequência


No argumento por causa e consequência, buscam-se relações causa e feito para comprovar
a tese. Assim, a argumentação se baseia em motivos para o problema e seus efeitos resultantes.

Ex.:

O uso desmedido da internet tem causado problemas à saúde mental, principalmente entre
os jovens. Essa camada da população tem um contato muito maior com a internet,
principalmente através do uso das redes sociais. Como as redes sociais promovem
interação de maneira remota, há maior facilidade em agir de maneira agressiva ou cruel.
Consequentemente, os usuários ficam mais expostos a situações de conflito, podendo
chegar mesmo a desenvolver uma série de quadros clínicos por conta desse tipo de
interação.

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1.2 – Análise de redação

Veja um exemplo de redação que constrói sua argumentação a partir de vozes autorizadas
(argumento de autoridade). O tema da redação era “O altruísmo e o pensamento a longo prazo
ainda têm lugar no mundo contemporâneo?”, e apareceu na prova da FUVEST (2011).
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão

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Essa redação possui algumas características a seguir na redação do ITA.


Distribuição: O texto conta com 4 parágrafos.
Introdução – 9 linhas
Desenvolvimento – 18 linhas, distribuídas em dois parágrafos
Conclusão – 4 linhas
Porém, lembre-se que ultrapassar o número máximo de 28 linhas é proibido na prova do ITA. Essa
redação foi selecionada aqui apenas para que você veja o modo como a argumentação foi
construída.

Perceba que essa redação não possui título.


No manual de redação do ITA, não há indicação de necessidade de título.
Caso você ache necessário, adicione título à sua redação, mas não se preocupe em ser
criativo ou inovador. Preocupe-se em escrever um bom texto com uma argumentação
aprofundada.

1.3 – Exercícios: Argumentação

Para compor uma boa argumentação, você deve considerar dois tipos de argumento:

Argumento principal
• O primeiro a ser acionado, já no primeiro parágrafo do desenvolvimento. É o argumento mais
importante para comprovar sua tese.
Argumento secundário
• Aqui você pode colocar outro argumento que comprove sua tese. Não precisa entrar em tantos
detalhes quanto no argumento principal. É o momento de mostrar que sua ideia tem
fundamento e pode ser observada de diversos ângulos.

Porque sugiro começar com o argumento principal?


➢ É importante que esse seja seu argumento mais forte. Assim, ele deve ser o mais bem
escrito. No início do texto, estamos sempre menos cansados do que no final.
➢ Deixando-o próximo à tese, você garante que o corretor compreende logo no início qual o
seu objetivo e qual o seu ponto de vista.
➢ A progressão do seu texto fica melhor. Nas próximas aulas veremos melhor o assunto, mas
perceba como um texto se estrutura dessa maneira:

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Contextualização
Tese Comprovada
principalmente por esse
Argumento Principal argumento
Retomado
imediatamente na Argumento Secundário
conclusão e preparando
para a finalização com o
argumento principal. Conclusão com:
Retomada do Argumento Secundário
Retomada do Argumento Principal.

Não se preocupe tanto com essa estrutura agora. Quando falarmos de conclusão, coesão e
coerência tudo ficará mais claro. Por ora se preocupe em construir sempre sua argumentação
pensando em dois argumentos: um principal e outro secundário.
Vamos fazer alguns exercícios para treinar a argumentação. Em todos eles, há espaço para a
redação de um argumento principal e um secundário. Como escrevê-los (por analogia, autoridade
ou causa e consequência) fica a seu critério. Pratique e compreenda qual você tem mais facilidade.
Vamos lá?
I.
Texto 1.

Disponível em: < encurtador.com.br/adi37> Acesso em ago. 2019.


Texto 2.
Veja lá o que escreve
“Aquilo que antigamente as pessoas escreviam numa parede de banheiro hoje pode ser visto por
milhões”.
A constatação é da advogada americana Sandra Baron. Está numa matéria do Wall Street
Journal sobre os processos cada vez mais frequentes contra blogueiros nos Estados Unidos por

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vários tipos de ilícitos, de difamação a invasão de privacidade, passando por desrespeito a direitos
autorais.
Segundo a reportagem de M.P.McQueen, transcrita no Valor desta quinta-feira, 21, sob o
título “Cuidado com o que você escreve na web”, o número dessas ações judiciais cresceu quase
nove vezes entre 2003 e 2007. Pensando bem, uma gota de água perto da explosão da blogosfera
no período.
A previsão é de que o número de processos acompanhe o contingente de internautas que
publicam comentários online – uma parcela dos quais lembra mesmo os rabiscos nas paredes de
banheiros de que fala a advogada Sandra Baron.
Trecho retirado de Luiz Weis, para Observatório da Imprensa, 21/05/2009. Disponível em:
<http://observatoriodaimprensa.com.br/codigo-aberto/veja-la-o-que-escreve/> Acesso em ago.2019

TEMA:
RECORTE TEMÁTICO:
TESE:

Argumentação:
Argumento Principal:

Argumento Secundário:

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Antes de ler o comentário, lembre-se:

Não há uma resposta completamente certa quando o assunto é o texto dissertativo.


Defender um ponto de vista tem mais a ver com a capacidade de conseguir embasar
sua opinião com argumentos consistentes do que com estar “certo”.
Aqui, apontamos caminhos possíveis.
Nos dedicamos sempre a um tema específico nos comentários, o que não significa que
seja o único tema possível.

Comentário:
Tema 1.
Uma opção de tema acerca desses textos de apoio é “a privacidade na internet”. O texto 1
aponta para uma das faces do problema: a quantidade de informações que compartilhamos –
conscientemente ou não – na internet. Muitas vezes, toda a nossa vida já se encontra disponibilizada
online. Muitas vezes não nos damos conta da quantidade de informações sobre nós mesmos que
compartilhamos. Já o texto 2 mostra um outro lado do problema: usamos a internet de maneira
despreocupada, sem pensar nas possíveis consequências do que falamos. Porém, tendo em vista
que a privacidade na internet nem sempre é garantida, esse comportamento pode acarretar uma
série de consequências, inclusive legais.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
➢ Os perigos da ausência de privacidade na internet.
➢ A produção de conteúdo online num contexto de pouca privacidade.
➢ A ilusão de anonimidade na internet.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Nós desconhecemos os processos por trás da troca de informação na internet. Assim, se não
tomarmos providências para nos precavermos contra essa situação, corremos muitos riscos,
como por exemplo, ter nossas informações roubadas.
➢ Quando compartilhamos nossas informações na internet, muitas vezes, confiamos
cegamente no sistema. Houve porém uma série de denúncias envolvendo a venda e
manipulação de dados dos usuários na internet, comprovando que não se deve ser
descuidado com suas informações online.
➢ A questão dos direitos autorais na internet se altera, pois a velocidade do compartilhamento
de informação é muito alta. Assim, fica muito difícil se manter vigilante e garantir os direitos
autorais. Por outro lado, talvez a internet demande um novo olhar sobre o modo como
resguardamos a propriedade intelectual.
➢ Somos levados a crer que na internet gozamos de anonimidade completa, podendo assim
dizer o que quisermos sem sofrer as consequências desses atos. Diversos casos têm
mostrado, porém, que é sim possível rastrear a identidade das pessoas que produzem
qualquer tipo de conteúdo online.
➢ Ao mesmo tempo em que acreditamos nessa anonimidade, percebemos uma ausência
completa de privacidade, como por exemplo, na oferta de propagandas a partir dos nossos
mecanismos de busca.

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II.
Texto 1.

Disponível em: < http://direitonamidia.blogspot.com/2016/03/humor.html> Acesso em ago.2019.

Texto 2.
Redes sociais não são a nova ágora, mas a nova cracolândia
O questionamento sobre a qualidade do debate público nas redes sociais já havia sido
esboçado na década passada; no entanto, a euforia com o potencial da democratização da
informação e da chamada inteligência coletiva — além da propaganda ostensiva das empresas,
que obviamente superdimensiona os aspectos positivos e oculta os negativos — acabou
soterrando a crítica em uma montanha de cacofonia.
Andrew Keen, em um livro chamado: O culto do amador: como blogs, MySpace, YouTube
e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores já havia formulado uma
crítica importante sobre o que a Internet havia se tornado a partir da supremacia de um conjunto
de empresas que se especializaram em obter lucros em escala, explorando a vaidade dos usuários.
Celebrados na teoria como uma revolução democrática que teria fortalecido a esfera pública a
níveis inéditos, os blogs e as redes sociais, na prática, têm nos desviado do debate cívico ao
estimular a exposição narcísica de nossas vidas privadas, de nossa vida social, de nossa vida sexual
ou simplesmente de nossa falta de vida. Mesmo aqueles comentários indignados que, à primeira
vista, poderiam ser confundidos com uma iniciativa de discussão pública de questões
fundamentais, frequentemente não passam de um exibicionismo desajeitado de uma alma
insegura que, no fundo, está mais preocupada com a autoafirmação e a aceitação de seus iguais
do que com o debate cívico propriamente dito.

Por André Azevedo da Fonseca, 30/10/2018, Observatório da Imprensa. Disponível em:


<http://observatoriodaimprensa.com.br/dilemas-contemporaneos/redes-sociais-nao-sao-a-nova-agora-mas-a-nova-
cracolandia/> Acesso em ago.2019.

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TEMA:
RECORTE TEMÁTICO:
TESE:

Argumentação:
Argumento Principal:

Argumento Secundário:

Comentário:
Tema 2.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
➢ A internet mina o diálogo entre pontos de vista diferentes.
➢ A distância aparente promovida pela internet torna fácil julgarmos o outro.
➢ Ao mesmo tempo que a internet promove maior troca de conhecimento, também abre
margem para o não diálogo.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Nos sentimos legitimados para expor nossa opinião na internet e para julgar outras pessoas
por seus posicionamentos, possivelmente em virtude de uma noção de anonimidade.

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➢ Nem sempre é possível conciliar o eu e o outro, pois pensamentos diferentes por vezes se
negam. Assim, nos debates online muitas vezes nos cercamos apenas de vozes consonantes,
não dissonantes.
➢ Ainda que na internet não seja possível eliminar as diferenças, é possível escolher as pessoas
com que queremos conviver ou incluir nos nossos círculos de amigos.
➢ O indivíduo encontra legitimidade para suas ações quando está em grupo, pois há pessoas
iguais a ele endossando suas ações e pensamentos. Assim, cercados por grupos que
concordam conosco na internet, acabamos nos sentindo mais livres para nos expressarmos.

III.
Na lista de 20 livros mais vendidos de 2018 figuram principalmente escritores populares nas redes
sociais, que divulgavam seus textos via Instagram e Blogs (posições 1, 4, 6, 10, 13). Além disso,
livros que foram adaptados para o cinema e televisão ou obras mais recentes de autores cujos
livros tiveram adaptações de sucesso no cinema recentemente também foram populares
(posições 3, 5, 7, 9, 14, 16, 17, 19). A lista deixa claro que a literatura hoje se relaciona
profundamente com a internet e o audiovisual. Veja a lista abaixo:
1. Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente – Coletivo TCD (Globo Alt)
2. Origem – Dan Brown (Arqueiro)
3. Ainda Sou Eu – Jojo Moyes (Intrínseca)
4. Outros Jeitos de Usar a Boca – Rupi Kaur (Planeta)
5. O Conto da Aia – Margaret Atwood (Rocco)
6. O que o Sol Faz com as Flores – Rupi Kaur (Planeta)
7. Mais Escuro – E. L. James (Intrínseca)
8. O Homem Mais Feliz da História – Augusto Cury (Sextante)
9. Mitologia Nórdica – Neil Gaiman (Intrínseca)
10. Poesia que Transforma – Bráulio Bessa (Sextante)
11. O Homem Mais Inteligente da História – Augusto Cury (Sextante)
12. A Revolução dos Bichos – George Orwell (Companhia das Letras)
13. O Livro dos Ressignificados – João Dorderlein (Paralela)
14. A Mulher na Janela – A. J. Finn (Arqueiro)
15. O Homem de Giz – C.J. Tudor (Intrínseca)
16. Depois de Você - Jojo Moyes (Intrínseca)
17. Me Chame pelo Seu Nome – André Aciman (Intrínseca)
18. 1984 – George Orwell (Companhia das Letras)
19. It – A Coisa – Stephen King (Suma)
20. O Segredo de Helena – Lucinda Riley (Arqueiro)
Fonte: Informações retiradas de Revista Veja, 28/12/2018. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/entretenimento/os-
20-livros-de-ficcao-mais-vendidos-de-2018-quantos-voce-leu/> Acesso em: 18 Mar. 2019.

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TEMA:
RECORTE TEMÁTICO:
TESE:

Argumentação:
Argumento Principal:

Argumento Secundário:

Comentário:
Tema 3.
Um possível tema para essa redação poderia ser depreendido facilmente a partir parágrafo
que antecede a lista no texto de apoio: “A relação entre a literatura e a internet”.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:


➢ A relação entre literatura e a internet é benéfica, com mais pontos positivos do que negativos.
➢ A relação entre literatura e a internet é maléfica, com mais pontos negativos do que positivos.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Há um movimento característico contemporâneo de autores que dialogam com as mídias
sociais, o que mostra a força que esses meios de comunicação possuem hoje em dia.

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➢ A influência do cinema e televisão no consumo de cultura hoje se expande para outros meios
de expressão e cultura. Como o mercado de livros não é diferente. Isso pode ser um indício
de que as pessoas se interessam pelas histórias, mas não pelo formato do livro.
➢ A criação de mercados de cultura que englobam literatura, audiovisual e outros meios – se
levarmos em conta a produção de produtos licenciados – caminha em diferentes direções
concomitantes. Há uma tendência que as obras não se encerrem numa só linguagem,
alimentando diversos mercados, muito em função do desejo dos fãs.
➢ Houve mudanças no modo de produção e divulgação das obras literárias. Com o maior acesso
que a internet permitiu, mais pessoas puderam produzir textos e, por isso, há tantos
escritores advindos da internet. Como são populares online, há grandes chances de terem
livros bem vendidos.

IV. Tema 4.

Texto 1.
Já é uma cena comum: Antes mesmo de entrar em um museu ou um centro de artes, as pessoas
estão preparando seus celulares e câmeras. Nada contra esses objetos, inclusive os amo. Mas às
vezes coisas boas não são bem aproveitadas. No último mês, tive o privilégio de visitar vários
museus e lugares bonitos. Foi ótimo, porém, em alguns momentos, me batia um incômodo: Por
que, afinal, qual é o sentido de milhares de pessoas pagarem um ingresso (geralmente bem caro)
para tirarem fotos praticamente iguais que serão compartilhadas nas mesmas redes sociais?
(...)
A fotografia é uma das linguagens que usamos para nos comunicar, criar e habitar esse mundo de
um modo humano. Quando tiramos uma foto podemos olhar as coisas a partir de outro ângulo e
assim redescobrir nossa própria realidade. Esse é um dos modos de experienciar as coisas. Mas
quando entramos já preparados para registrar uma experiência estamos de fato sentindo ou
enxergando algo? Nessas horas, acho que estamos tão preocupados em não perder as memórias
que esquecemos de criá-las.
Fonte: Taís Bravo, Comportamento em Museus: tirando fotos, Revista Capitolina, 31/12/2015. Disponível em:
<http://www.revistacapitolina.com.br/comportamento-em-museus-tirando-fotos/> Acesso em 18 Mar. 2019.

Texto 2.

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Disponível em: < https://pixabay.com/pt/photos/paris-louvre-arte-monalisa-turismo-1325512/> Acesso em ago. 2019.

TEMA:
RECORTE TEMÁTICO:
TESE:

Argumentação:
Argumento Principal:

Argumento Secundário:

Comentário:
Tema 4.
Uma opção de tema que contemplaria uma boa variedade de assuntos é “A obsessão pelo
registro no contemporâneo”. O museu parece ser, aqui, um exemplo dentre outros possíveis de
impulso em registrar, criar um arquivo, que nem sempre parece ter um propósito definido.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:


➢ O registro fotográfico se banalizou no contemporâneo.

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➢ A experiência física da obra de arte não é mais tão importante quanto o fato de provar que
esteve em frente à obra.
➢ A popularização da fotografia digital mudou o modo como nos relacionamos com a arte.
➢ Há uma necessidade contemporânea crescente de compartilhar todas as suas experiências.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Os museus e as obras de arte se tornaram item de turismo obrigatório, ou seja, nem sempre
a fruição da obra de arte é o objetivo principal da ida ao museu.
➢ A popularização das redes sociais cria alguns comportamentos esperados na internet. Se
estabelece um padrão: não é possível viver algo sem compartilhar com seus seguidores.
➢ A produção excessiva de imagens cria clichés e lugares-comuns. Porém, imagens repetidas e
reproduzidas à exaustão perdem seu significado, provocando um esvaziamento de sentido
nas imagens hoje em dia.
➢ A fotografia do cotidiano não se preocupa em comunicar algo, mas sim registrar o momento
presente.
➢ A rapidez da fotografia digital modifica a relação que estabelecemos com o aparelho
fotográfico, as imagens e os registros, a partir da chave do imediatismo.
➢ Temos uma necessidade de registar o cotidiano, ainda que o único propósito seja criar um
arquivo – nem sempre acessado com frequência.
➢ Ao planejar nossos passos pensando nas fotografias que podem vir deles, não estamos
vivendo experiências realmente, mas as encenando.

3 – Prática de redação
3.1 – Passo a passo

Vamos fazer o passo a passo dessa aula a partir da proposta de redação do IME de 2015.
Repare um ponto muito importante: na prova do ITA, há muitos textos e o tema não costuma estar
expresso na prova. Isso significa que você deve prestar muita atenção nos textos para compreendê-
los com profundidade.

Proposta ITA (2013)


Texto 1
Escravos da tecnologia
Não, não vou falar das fábricas que atraem trabalhadores honestos e os tratam de forma
desumana. Cada vez que um produto informa orgulhoso que foi desenhado na Califórnia e fabricado
na China, sinto um arrepio na espinha. Conheço e amo essas duas partes do mundo.
Também conheço a capacidade de a tecnologia eliminar empregos. Parece o sonho de todo
patrão: muita margem de lucro e poucos empregados. Se possível, nenhum! Tudo terceiro!

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Conheço ainda como a tecnologia é capaz de criar empregos. Vivo há 15 anos num meio que
disputa engenheiros e técnicos a tapa, digo, a dólares. O que acontece aí no Brasil, nessa área,
acontece igualzinho no Vale do Silício: empresas tentando arrancar talentos umas das outras. Aqui,
muitos decidem tentar a sorte abrindo sua própria start-up, em vez de encher o bolso do patrão.
Estou rodeada também de investidores querendo fazer apostas para... voltar a encher os bolsos
ainda mais.
Mas queria falar hoje de outro tipo de escravidão tecnológica. Não dos que dormiram na rua
sob chuva para comprar o novo iPhone 4S... Quero reclamar de quanto nós estamos tendo de
trabalhar de graça para os sistemas, cada vez que tentamos nos mover na internet. Isso é escravidão
– e odeio isso.
Outro dia, fiz aniversário e fui reservar uma mesa num restaurante bacana da cidade. Achei
o site do restaurante, lindo, e pareceu fácil de reservar on-line. Call on OpenTable, sistema bastante
usado e eficaz por aqui. Escolhi dia, hora, informei número de pessoas e, claro, tive de dar meu
nome, e-mail e telefone.
Dois dias antes da data marcada, precisei mudar o número de participantes, pois tive
confirmação de mais pessoas. Entrei no site, mas aí nem o site nem o OpenTable podiam modificar
a reserva on-line, pela proximidade do jantar. A recomendação era... telefonar ao restaurante!
Humm... Telefonei. Secretária eletrônica. Deixei recado.
No dia seguinte um funcionário do restaurante me ligou, confirmando ter ouvido o recado e
tudo certo com o novo tamanho da mesa. Incrível! Que felicidade ouvir um ser humano de verdade
me dando a resposta que eu queria ouvir! Hoje, tentando dar conta da leitura dos vários e-mails que
recebo, tentando arduamente não perder os relevantes, os imprescindíveis, os dos amigos, os da
família e os dos leitores, recebi um do OpenTable.
Queriam que avaliasse minha experiência no restaurante. Tudo bem, concordo que ranking
do público é coisa legal. Mas posso dizer outra coisa?
Não tenho tempo de ficar entrando em sites e preenchendo questionário de avaliação de
cada refeição, produto e serviço que usufruo na vida! Simples assim! Sem falar que é chato! Ainda
mais agora que os crescentes intermediários eletrônicos se metem no jogo entre o cliente e o
fornecedor.
Quando o garçom ou o “maitre” perguntam se a comida está boa, você fica contente em
responder, até porque eles podem substituir o prato se você não estiver gostando. Mas quando um
terceiro se mete nessa relação sem ser chamado, pode ser excessivo e desagradável. Parece que
todas as empresas do mundo decidiram que, além de exigir informações cadastrais, logins e senhas,
e empurrar goela abaixo seus sistemas automáticos de atendimento, tenho agora de preencher
fichas pós-venda eletronicamente, de modo que as estatísticas saiam prontas e baratinhas para eles
do outro lado da tela, à custa do meu precioso tempo!
Por que o OpenTable tem de perguntar de novo o que achei da comida? Eu sei. Porque para
o OpenTable essa informação tem um valor diferente. Não contente em fazer reservas, quis invadir
a praia do Yelp, o grande guia local que lista e traz avaliações dos clientes para tudo quanto é tipo
de serviço, a começar pelos restaurantes.
O Yelp, por sua vez, invadiu a praia do Zagat (recém-comprado pelo Google), tradicionalíssimo
guia (em papel) de restaurantes, que, por décadas, foi alimentado pelas avaliações dos leitores, via

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correio. As relações cliente-fornecedor estão mudando. Não faltarão “redutores” de custos e


atravessadores on-line.
(Marion Strecker. Folha de S. Paulo, 20/10/2011. Texto adaptado.)
(*) Start-up: Empresa com baixo custo de manutenção, que consegue crescer rapidamente e gerar
grandes e crescentes lucros em condições de extrema incerteza.

Texto 2
Trecho de uma entrevista com o escritor canadense Don Tapscott.
Jornalista: Hoje, quando tanto se fala de trocas de informações on-line, como fica a questão da
privacidade?
Don Tapscott: Quando falamos em informação livre, em transparência, falamos de governos, de
empresas, não do ser humano comum. As pessoas não têm obrigação de expor seus dados, seus
gostos. Ao contrário, elas têm a obrigação de manter a privacidade. Porque a garantia da privacidade
é um dos pilares de nossa sociedade. Mas vivemos num mundo em que as informações pessoais
circulam, e essas informações formam um ser virtual. Muitas vezes, esse ser virtual tem mais dados
sobre você do que você mesmo. Exemplo: você pode não lembrar o que comprou há um ano, o que
comeu ou que filme viu há um ano. Mas a empresa de cartão de crédito sabe, o Facebook pode
saber. Muitas pessoas defendem toda essa abertura, mas isso pode ser muito perigoso por uma
série de razões. Há muitos agentes do mal por aí, pessoas que podem coletar informações a seu
respeito para prejudicá-lo. Muitas vezes somos nós que oferecemos essa informação. Por exemplo,
20% dos adolescentes nos Estados Unidos enviam para as namoradas ou namorados fotos em que
aparecem nus. Quando uma menina de 14 anos faz isso, ela não tem ideia de onde vai parar essa
imagem. O namorado pode estar mal-intencionado ou ser ingênuo e compartilhar a foto.
Jornalista: E as informações que não fornecemos, mas que coletam sobre nós por meio da visita a
websites ou pelo consumo?
Don Tapscott: Há dois grandes problemas. Um é o que chamo de Big Brother 2.0, que é diferente
daquela ideia de ser filmado o tempo todo por um governo. Esse Big Brother 2.0 é a coleta
sistemática de informações feita pelos governos. O segundo problema é o “little brother” – as
empresas que também coletam informações a nosso respeito por razões econômicas, para definir
nosso perfil e nos bombardear com publicidade. Muitas empresas, como o Facebook, querem é que
a gente forneça mais e mais informações sobre nós mesmos porque isso tem valor. Às vezes, isso
pode até ser vantajoso. Se eu, de fato, estiver procurando um carro, seria ótimo receber publicidade
de carros diretamente. Mas e se essas empresas tentarem manipulá-lo? Podem usar sofisticados
instrumentos de psicologia para motivá-lo a fazer alguma coisa sobre a qual você nem estava
pensando.
Jornalista: O que podemos fazer para evitar isso?
Don Tapscott: Precisamos de mais leis sobre como essas informações são usadas. É necessário ficar
claro que os dados coletados serão usados apenas para um propósito específico e que esse conjunto
de dados não pode ser vendido para outros sem a sua permissão.
(Folha de S. Paulo, 12/07/2012. Texto adaptado.)
Texto 3

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O Texto 1 fala sobre a interferência que as marcas produzem nas vidas dos consumidores.
Essa interferência foi facilitada pelas novas tecnologias, que expõe a privacidade do consumidor.
Essa foi uma discussão importante recente, tendo mesmo sido parte do tema de redação do ENEM
2018, que falava sobre “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na
internet”. A questão que se levanta aqui é até que ponto nossa privacidade está preservada na
internet e quanto das informações nós mesmos damos, de maneira inocente. Além disso, o texto
questiona sobre o grau de exigência de feedback das marcas online, já que a comunicação é mais
rápida e fácil.
O Texto 2 fala sobre quando a perda da privacidade se torna um negócio na internet. As
marcas fazem uso dos dados que expomos na internet para criar uma publicidade agressiva. Tudo
aquilo que procuramos em sites de busca ou que escrevemos em nossos perfis de redes sociais pode
ser considerado um potencial veículo para o direcionamento de publicidade. Nossa privacidade fica
bastante prejudicada nesse cenário, pois não temos certeza de quais dados que fornecemos em um
site podem se tornar produto vendido par outras empresas. Essa troca pouco transparente de
informações é um dado de forte preocupação nos dias de hoje.
O Texto 3 apresenta a personagem Mafalda pensando sobre o discurso publicitário e a
interferência desses discursos na vida das pessoas. Ancorado em palavras no imperativo, o discurso
publicitário está sempre ordenando. O incômodo da personagem está em ver que esses meios,
através desse discurso de certezas, atuam no sentido de construir a identidade das pessoas. Em uma
crítica velada ao consumismo, fica clara a ideia de que as pessoas só sentem que construíram sua
identidade de algum modo no ato de comprar.

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Aqui, trabalharemos com a seguinte configuração:


TEMA: A relação entre a tecnologia e privacidade/individualidade.
RECORTE TEMÁTICO: A manipulação da nossa vontade de compra na internet
TESE: A publicidade online desrespeita nossa privacidade, pois faz uso de nossos dados pessoais,
consequentemente manipulando nossa vontade de compra.

Além daquilo que está nos textos, o desenvolvimento da tese passa por referências pessoais.
Essa tese parte, portanto, de algumas impressões, opiniões nossas:
➢ A publicidade sempre trabalhou com o desejo irracional de consumo.
➢ A internet modifica o comportamento dos consumidores e das marcas, que encontram novos
modos de se relacionar.
➢ A manipulação de dados pessoais na internet direciona a publicidade.
➢ Essa manipulação parte principalmente das empresas privadas buscando acessar seus
potenciais consumidores.
Assim, uma possível introdução para esse texto poderia ser escrita da seguinte maneira:
INTRODUÇÃO:
Quando escreveu “1984”, George Orwell imaginou um futuro distópico em que o Estado moldaria
a opinião pública através da modificação sistemática das notícias e demais produtos da mídia,
com o objetivo de defender o governo. Em 2019, a realidade se mostra um pouco diferente:
também as empresas privadas se esforçam diuturnamente para moldar nossa opinião, porém
visando o consumo. A publicidade online desrespeita nossa privacidade, pois faz uso de nossos
dados pessoais, consequentemente manipulando nossa vontade de compra.

Tendo em vista as impressões descritas e redação da introdução, é possível perceber que há


alguns problemas/questões acerca da problemática do medo:
➢ O modo como usamos a internet incentiva o fornecimento de dados dos usuários.
➢ Os dados pessoais dos usuários se tornaram um produto.
➢ Não só produtos de publicidade, como notícias também são parte de uma tentativa de
influenciar os consumidores.
➢ Nós somos comunicados do modo como nossas informações estão sendo usadas?
➢ Estamos atentos a como nossos dados são usados e para quem são fornecidos?
➢ Quem são as pessoas mais suscetíveis à manipulação online?
➢ Há lados bons no modo como nossos dados são usados ou isso é uma ação essencialmente
negativa?
➢ Ao ser direcionados para aquilo que supostamente deveríamos gostar, não ampliamos
nossos horizontes nem descobrimos novas referências.
Essas questões norteiam o desenvolvimento dos argumentos. Ao desenvolver os argumentos,
você deve tentar encontrar respostas para esses questionamentos.
Como vimos, uma dissertação se divide em argumento principal e argumento secundário. A
partir das perguntas que formulamos acima, vamos pensar em argumentos. Num primeiro
momento, vamos apenas escrever argumentos sem conectivos:

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ARGUMENTO PRINCIPAL: O modo como a internet é utilizada hoje em dia incentiva a


manipulação e direcionamento do usuário.
DESENVOLVIMENTO:
O modo como utilizamos a internet hoje permite esse tipo de manipulação. Nosso uso das redes
sociais ou dos sites de busca deixa muitos rastros. A partir desses rastros, é possível rastrear
nossos gostos e preferências, nos indicando não só produtos, como notícias que dialogam com o
que supostamente mais nos identificaríamos. O problema é que muitas vezes não somos
comunicados desse compartilhamento de nossos dados pessoais.
ARGUMENTO SECUNDÁRIO: Pessoas jovens e/ou com seu campo de referências ainda não bem
formado podem ser mais suscetíveis à manipulação online.
DESENVOLVIMENTO:
A internet é cada vez mais cedo acessada pelas crianças e adolescentes. Muitas dessas pessoas
ainda não têm seu campo de referências formado e, por isso, podem sofrer com essa manipulação
de forma mais forte. Pessoas jovens que não tenham sido ensinadas, não só a usar a tecnologia,
como também a compreendê-la de maneira crítica, podem ter maiores dificuldades em perceber
movimentos mal-intencionados de marcas online.

Lembre-se que seu espaço para a redação não é muito grande. Por isso, você não precisa
pensar em muitos argumentos. Dois argumentos são mais do que suficientes para
aprofundar o assunto na medida certa.

Por fim, vamos pensar em uma conclusão que amarre os pontos levantados, fazendo uma
retomada dos principais elementos. Assim, podemos elaborar uma conclusão da seguinte maneira:
CONCLUSÃO:
Mesmo que o jovem possa ser mais suscetível à manipulação da publicidade, todos estão sujeitos
a passar por esse problema. Tendo em vista o modo pouco seguro com que utilizamos a internet
hoje em dia, a publicidade encontra terreno fértil para a invasão de nossa privacidade e nos
aproxima cada vez mais de um futuro como o descrito em 1984.

Não é possível construir uma redação apenas copiando e colando os desenvolvimentos


descritos acima. É preciso introduzir elementos de coesão que unam os argumentos e os
encadeiem.

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A redação, então, ficaria assim:

TÍTULO: A manipulação da publicidade na internet


Quando escreveu “1984”, George Orwell imaginou um futuro distópico em que o Estado
moldaria a opinião pública através da modificação sistemática das notícias e demais produtos da
mídia, com o objetivo de defender o governo. Em 2019, a realidade se mostra um pouco diferente:
Introdução
também as empresas privadas se esforçam diuturnamente para moldar nossa opinião, porém visando
o consumo. A publicidade manipula nossa vontade de compra, fazendo uso de nossos dados na
internet para acessar um potencial consumidor.
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que o modo como utilizamos a internet hoje
permite esse tipo de manipulação. Nosso uso das redes sociais ou dos sites de busca deixa muitos
Argumento rastros. A partir desses rastros, é possível rastrear nossos gostos e preferências, nos indicando não só
Principal produtos, como notícias que dialogam com o que supostamente mais nos identificaríamos. O
problema é que muitas vezes não somos comunicados desse compartilhamento de nossos dados
pessoais.
Argumento Além disso, a internet é cada vez mais cedo acessada pelas crianças e adolescentes. Muitas
Secundário dessas pessoas ainda não têm seu campo de referências formado e, por isso, podem sofrer com essa
manipulação de forma mais forte. Pessoas jovens que não tenham sido ensinadas, não só a usar a
tecnologia, como também a compreendê-la de maneira crítica, podem ter maiores dificuldades em
perceber movimentos mal-intencionados de marcas online.
Conclusão Mesmo que o jovem possa ser mais suscetível à manipulação da publicidade, todos estão
sujeitos a passar por esse problema. Tendo em vista o modo pouco seguro com que utilizamos a
internet hoje em dia, a publicidade encontra terreno fértil para a invasão de nossa privacidade e nos
aproxima cada vez mais de um futuro como o descrito em 1984.

Os processos que aqui parecem longos e demorados se tornam mais ágeis com o tempo.
Muitas vezes você fará alguns desses processos mentalmente, sem precisar escrevê-los.
Por ora, não se preocupe com o tempo que pode levar para planejar sua redação! O
importante agora é ir praticando!

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3.2 - Propostas

Aqui você encontra 4 propostas diferentes a partir do tema “Tecnologia”. Como desenvolver
esses temas, quais argumentos utilizar e quais elementos de coerência e coesão utilizar, ficam a seu
critério! Lembre-se, porém, que grande parte das redações do ITA exploram temas de caráter social.
Por isso, o ideal é que você pratique redações que exploram esse olhar.
Nesse primeiro momento, não se preocupe tanto com o tempo que você vai levar para
escrever. Mais para frente nós vamos pensar nisso! Agora, a principal orientação para a redação é
utilize apenas dados que já sejam de seu conhecimento ou presentes nos textos de apoio.
Lembre-se: o vestibular do ITA não costuma dar o tema expresso textualmente. É preciso
identificar o tema e elaborar uma tese a partir dele.

Nossa prática de redação funcionará da seguinte maneira:


➢ Uma proposta de redação do ITA; e
➢ Três propostas de redação inéditas, falando sobre o mesmo campo temático.
Esse material conta com uma folha pautada de 30 linhas (número máximo da maioria dos
vestibulares) e uma folha de planejamento de redação, ambas no fim do material. Imprima quantas
folhas você precisar.

Para mandar bem na prova, você deve praticar muito sua escrita. Produzir pelo
menos uma redação por semana é o mínimo para treinar.
Não deixe para escrever todos os seus textos perto da prova, pois não haverá
tempo hábil para correção!
Se você enviar ao menos uma redação por semana, nós vamos poder corrigi-la e
mandar feedback sobre sua escrita com maior agilidade.

3.1 – Proposta I.

ITA – 2013
Os textos para a proposta estão no item 2 dessa aula. Utilize um dos temas e teses que você
elaborou para este vestibular na Aula 00 de nosso curso para desenvolver sua redação. Utilize nosso
modelo de planejamento para te ajudar a organizar.
Tanto o modelo de planejamento quando a folha de redação se encontram no final do
material.. Lembre-se que a prova do ITA exige no máximo 28 linhas, incluindo título. Por isso, nossa
folha de redação conta apenas com esse número de linhas.
A correção também se pauta nos parâmetros do manual do ITA.

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3.2 – Proposta II.

Texto I
A partir do livro Psicologia das Massas (1855) de Le Bon, Freud investiga a ideia de
comportamento de grupo. Veja um trecho de um dos ensaios do livro:

Precisemos mais uma vez a questão. Se a psicologia que procura as disposições, os impulsos
instintuais, os motivos, as intenções do indivíduo nas suas ações e nas relações com os mais
próximos tivesse cumprido cabalmente a sua tarefa e tornado transparentes todos esses nexos,
depararia subitamente com um problema novo, não resolvido. Teria de explicar o fato
surpreendente de que esse indivíduo, que se tornara compreensível para ela, em determinada
condição pensa, sente e age de modo completamente distinto do esperado, e esta condição é seu
alinhamento numa multidão que adquiriu a característica de uma “massa psicológica”. O que é então
uma “massa”, de que maneira adquire ela a capacidade de influir tão decisivamente na vida psíquica
do indivíduo, e em que consiste a modificação psíquica que ela impõe ao indivíduo?
Responder a essas três perguntas é tarefa de uma psicologia teórica das massas. A melhor
maneira de abordá-las, sem dúvida, é iniciar pela terceira delas. A observação da reação alterada do
indivíduo é que fornece o material à psicologia das massas; toda tentativa de explicação deve ser
precedida pela descrição daquilo a ser explicado.
Agora passo a palavra a Le Bon. Ele diz (p. 13):
“O fato mais singular, numa massa psicológica, é o seguinte: quaisquer que sejam os indivíduos que
a compõem, sejam semelhantes ou dessemelhantes o seu tipo de vida, suas ocupações, seu caráter
ou sua inteligência, o simples fato de se terem transformado em massa os torna possuidores de
uma espécie de alma coletiva. Esta alma os faz sentir, pensar e agir de uma forma bem diferente
da que cada um sentiria, pensaria e agiria isoladamente. Certas ideias, certos sentimentos
aparecem ou se transformam em atos apenas nos indivíduos em massa. A massa psicológica é um
ser provisório, composto de elementos heterogêneos que por um instante se soldaram,
exatamente como as células de um organismo formam, com a sua reunião, um ser novo que
manifesta características bem diferentes daquelas possuídas por cada uma das células”
Tomando a liberdade de intercalar comentários nossos à exposição de Le Bon, observemos
aqui o seguinte. Se os indivíduos da massa estão ligados numa unidade, tem de haver algo que os
une entre si, e este meio de ligação poderia ser justamente o que é característico da massa. [...]
Temos aqui outra importante comparação para ajudar-nos a entender o indivíduo num grupo:
‘Além disso, pelo simples fato de fazer parte de um grupo organizado, um homem desce vários
degraus na escada da civilização. Isolado, pode ser um indivíduo culto; numa multidão, é um
bárbaro, ou seja, uma criatura que age pelo instinto. Possui a espontaneidade, a violência, a
ferocidade e também o entusiasmo e o heroísmo dos seres primitivos.’ (Ibid., 36.) Le Bon demora-
se então especialmente na redução da capacidade intelectual que um indivíduo experimenta
quando se funde num grupo. [...]
Um grupo é impulsivo, mutável e irritável. É levado quase que exclusivamente por seu
inconsciente. Os impulsos a que um grupo obedece, podem, de acordo com as circunstâncias, ser
generosos ou cruéis, heroicos ou covardes, mas são sempre tão imperiosos, que nenhum interesse
pessoal, nem mesmo o da autopreservação, pode fazer-se sentir (ibid., 41). Nada dele é
premeditado. Embora possa desejar coisas apaixonadamente, isso nunca se dá por muito tempo,

Aula 02 – Estudando o desenvolvimento I. 29


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porque é incapaz de perseverança. Não pode tolerar qualquer demora entre seu desejo e a
realização do que deseja. Tem um sentimento de onipotência: para o indivíduo num grupo a noção
de impossibilidade desaparece.
Um grupo é extremamente crédulo e aberto à influência; não possui faculdade crítica e o
improvável não existe para ele. Pensa por imagens, que se chamam umas às outras por associação
(tal como surgem nos indivíduos em estados de imaginação livre), e cuja concordância com a
realidade jamais é conferida por qualquer órgão razoável. Os sentimentos de um grupo são sempre
muito simples e muito exagerados, de maneira que não conhece a dúvida nem a incerteza.
Ele vai diretamente a extremos; se uma suspeita é expressa, ela instantaneamente se
modifica numa certeza incontrovertível; um traço de antipatia se transforma em ódio furioso (ibid.,
56).
Inclinado como é a todos os extremos, um grupo só pode ser excitado por um estímulo
excessivo. Quem quer que deseje produzir efeito sobre ele, não necessita de nenhuma ordem lógica
em seus argumentos; deve pintar nas cores mais fortes, deve exagerar e repetir a mesma coisa
diversas vezes.

FREUD, Sigmund, A descrição de Le Bon da mente grupal. In.: Psicologia das Massas e a Análise do eu, São Paulo: Editora
Schwartz, 2011, p. 12.
Texto II
Gritaria e silêncio não é conversa
Como os conflitos e a omissão prejudicam o espetáculo das arquibancadas
“Torcedor organizado não é santo” é uma das principais frases que a reportagem do R7 ouviu
durante a apuração deste especial. As torcidas reconhecem seus erros e muitos líderes julgam
acertadas algumas decisões tomadas pelo poder público. Há consciência de que pedaço de pau não
atinge ninguém sozinho e de que armas não acertam o alvo sem alguém puxar o gatilho.
O que as torcidas pedem, no entanto, é que sejam punidos os criminosos, e não a instituição.
“As pessoas têm que começar a entender que temos livre arbítrio de gostar de algo, e ser um
torcedor organizado não é crime”, comenta André Azevedo, presidente da Anatorg (Associação
Nacional das Torcidas Organizadas) e presidente de honra da Dragões da Real (São Paulo).
A generalização, para os torcedores, é um dos maiores vilões para a falta de diálogo com
outros setores. Enquanto “todo” torcedor organizado for chamado de bandido, não há conversa. E
o diálogo talvez seja hoje a opção mais racional para que as torcidas voltem às arquibancadas e
façam a festa no estádio.
Além das torcidas, que não se toleram, há outros atores neste cenário que contribuem para
a criminalização das organizada: o clube de futebol é um deles.
Em São Paulo, o diálogo entre organizada e time vive em uma eterna montanha-russa. Há
momentos em que os clubes arcam com algumas despesas e incentivam a festa nas arquibancadas.
Há momentos em que o clube usa a torcida como cão de guarda para pressionar jogadores, treinador
e comissão técnica. Há reuniões a portas fechadas. E há situações, como a atual, em que os times
evitam qualquer relação.

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Trecho retirado de Amor e ódio: uma história das torcidas organizadas – Capítulo IV, R7, 30/03/2017. Disponível em: <
http://www.r7.com/r7/media/2017/2017-torcida/index04.html> Acesso em 18 abr. 2019.

Texto III
Como funciona o maior grupo de propagação de ódio na internet brasileira, que lucra com
misoginia, racismo e homofobia
Além de apostar em conteúdos que geram indignação, eles costumam mirar em personalidades
com fama na rede.
Além da superfície de imagens fofas e curtidas, a internet cultiva o ódio. Rede narcísica,
estimula um novo personagem: o troll. É aquele usuário que provoca e enfurece outras pessoas,
com comentários injustos, ignorantes e, muitas vezes, criminosos. O objetivo do troll é provocar a
ira dos outros internautas — e, se possível, ganhar algum dinheiro de modo fácil. Os trolls se
alimentam da atenção que atraem e se valem de qualquer coisa para tal. Talvez, por isso, esta
reportagem possa não ser uma boa ideia, exceto pelo fato de que precisamos falar sobre esse novo
Kevin.
É um monstrinho digital à moda do personagem da escritora americana Lionel Shriver. O
Kevin*, de Shriver, é aquela criança mimada que aprende que a violência é um método aceitável e
simples para obter o que quer. O Kevin digital o emula nas redes sociais e, principalmente, em fóruns
privados de discussão.
[...]
Os trolls estão transformando as mídias sociais e painéis de comentários em um gigante
recreio de adolescentes malcriados, repetindo epítetos raciais e misóginos, definiu uma reportagem
recente da revista Time. Uma pesquisa que a publicação cita mostrou que 7 em cada 10 jovens
sofreram algum tipo de assédio por meio da internet. Um terço das mulheres já se disse perseguida
on-line. Um estudo de 2014 publicado no periódico de psicologia Personality and Individual
Differences constatou que 5% dos usuários da internet que se identificaram como trolladores
obtiveram pontuação extremamente alta em traços obscuros de personalidade: narcisismo,
psicopatia, maquiavelismo e, principalmente, sadismo. E não pense que isso não ocorre em sua
vizinhança.

* Referência ao livro “Precisamos falas sobre Kevin”, de Lionel Shriver, que conta a história da mãe
de um menino que comete um massacre em uma escola. A história é vista da perspectiva dessa mãe.

Trecho retirado de Daniel Salgado, Igor Mello e Marcella Ramos, 02/07/2018. Disponível em:
<https://epoca.globo.com/sociedade/noticia/2018/06/como-funciona-o-maior-grupo-de-propagacao-de-odio-na-internet-
brasileira-que-lucra-com-misoginia-racismo-e-homofobia.html> Acesso em: 18 abr.2019.

Texto IV
Os gráficos abaixo mostram as páginas curtidas por brasileiros no Facebook entre os anos de
2013 e 2016. Os pontos maiores representam páginas com mais seguidores e os links entre os pontos
representam páginas que uma mesma pessoa segue.

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Gráfico pré-junho de 2013. Pablo Ortellado e Marcio Moretto Ribeiro, CC BY

Gráfico após os protestos de junho de 2013. Pablo Ortellado e Marcio Moretto Ribeiro, CC BY

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Gráfico em 2016. Pablo Ortellado e Marcio Moretto Ribeiro, CC BY


Gráficos disponíveis em: <https://theconversation.com/mapping-brazils-political-polarization-online-96434> Acesso em 18
abr.2019.
Comentário:
Proposta II.
Um dos possíveis temas para esse conjunto de textos é “a convivência com as diferenças”.
Visto à luz da ideia de tecnologia o encaminhamento poderia ser “como conviver com as
diferenças nos meios digitais”
O Texto I. consiste em uma análise de Freud sobre a ideia de “massas” ou “grupos”. Freud
analisa o livro do intelectual Gustave Le Bon sobre a ação do homem em grupo. Segundo essa
análise, o homem modifica seu comportamento em grupo, pois este pende para o extremo. Fazer
parte de um grupo, aqui, é deixar de lado os traços civilizatórios e agir pelo instinto. Por isso
mesmo, quem deseja manipular uma grande quantidade de pessoas não deve apelar a sua razão,
mas sim a sua emoção.

Sigmund Freud é uma das figuras mais importantes da psicologia,


criador da psicanálise, campo clínico que se debruça sobre a psique
humana, ou seja, aquilo que vai por dentro das pessoas – mente e
sentimentos.
Um dos conceitos mais importantes de Freud é a ideia de que as ações humanas são muitas vezes
fruto do inconsciente, ou seja, de uma parte da mente humana que não está no nível do racional,
da consciência. Por isso, por vezes não sabemos verdadeiramente o porquê fizemos algo: as
razões estão escondidas no inconsciente. Veremos um pouco mais sobre psicologia e psicanálise
na aula Texto teórico de Gramática e Interpretação para ITA.
O Texto II. se discute a questão das torcidas organizadas. Há uma tentativa de expor
diversas facetas acerca do mesmo fenômeno nesse texto. Há uma necessidade aqui de
compreender as diferenças entre grupo e indivíduo: as torcidas defendem que o problema não
está essencialmente nas torcidas, mas sim em indivíduos que atuam de maneira errônea. Já a
opinião mais frequente no cotidiano é de que a estrutura das torcidas é estruturalmente nociva,
porque incentiva o comportamento violento. Uma possibilidade aqui, é investigar o contraponto
do comportamento do grupo X do indivíduo.

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O Texto III. aponta um assunto que se tornou bastante discutido recentemente: os fóruns
de discussão online. Há diversos exemplos de fóruns e a comunicação que eles propiciam entre
pessoas com gostos parecidos – mesmo os mais específicos. O problema apontado aqui é quando
as pessoas se valem de uma suposta anonimidade para arquitetar ações contra outros. Se é
verdade que há dificuldade em conviver com pessoas que pensam diferente, como isso se
expressa num contexto em que parece não haver consequência para os nossos atos. Afinal, será
que é apenas o receio de sofrer represálias que nos impede de agir como realmente desejamos?
O Texto IV. se dedica a tentar entender a crescente polarização política no Brasil a partir
do comportamento nas redes sociais, especificamente no Facebook. As redes sociais são parte do
entendimento de como se expressam as opiniões hoje. Traçar interações em redes sociais é um
modo de conseguir dados de uma genealogia da opinião pública brasileira.

Aqui, o aluno precisaria ser capaz de compreender de maneira interdisciplinar os eventos


ocorridos em nos anos de 2013 (Manifestações conhecidas como Jornadas de Junho) e 2016
(Impeachment de Dilma Rousseff) para entender os gráficos. Saber atualidades e história
contemporânea é essencial para construir bons argumentos.
Há uma série de caminhos que poderiam ser tomados a partir disso. Tomando como base
alguns elementos de cada texto:
➢ É preciso encontrar semelhanças nos diferentes para conviver bem.
Possíveis argumentos: Por mais diferentes que sejamos, é sempre possível encontrar
semelhanças, pois os seres humanos compartilham de muitos anseios; viver bem em
sociedade depende de conviver com a diferença, respeitando os limites do outro e impondo
nossos próprios limites; viver em sociedade significa abrir mão de algumas coisas e insistir em
outras; ao nos despir de conceitos pré-concebidos, podemos descobrir semelhanças naqueles
que julgávamos completamente diferentes.
➢ Alguns pensamentos são tão opostos que é impossível conviver com a diferença.
Possíveis argumentos: Nem sempre é possível conciliar o eu e o outro, pois pensamentos
diferentes por vezes se negam; aceitar pensamentos discordantes radicais muitas vezes
significa abrir mão daquilo que se acredita; ainda que não seja possível eliminar as diferenças,
é possível escolher as pessoas com que queremos conviver e decidir se queremos nos cercar
de pessoas mais parecidas ou não conosco.
➢ Negamos o diferente, pois expressamos melhor nossa individualidade em grupo.
Possíveis argumentos: O indivíduo encontra legitimidade para suas ações quando está em
grupo, pois há pessoas iguais a ele endossando suas ações e pensamentos; no contemporâneo,
em que as noções de individualidade estão abaladas, é possível encontrar no grupo uma
possibilidade de entender melhor a si mesmo.

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3.3 – Proposta III.

Texto I.
Inclusão digital: o que é e a quem se destina?
O termo “inclusão digital”, de tão usado, já se tornou um jargão. É comum ver empresas e
governos falando em democratização do acesso e inclusão digital sem critérios e sem prestar
atenção se a tal inclusão promove os efeitos desejados. O problema é que virou moda falar do
assunto, ainda mais no Brasil, com tantas dificuldades - impostos, burocracia, educação - para
facilitar o acesso aos computadores.
É que inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma
determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. A expressão nasceu do termo “digital
divide”, que em inglês significa algo como “divisória digital”. Hoje, a depender do contexto, é comum
ler expressões similares como democratização da informação, universalização da tecnologia e outras
variantes parecidas e politicamente corretas.
Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas “alfabetizar” a pessoa em
informática, mas também melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos computadores.
Como fazer isso? Não apenas ensinando o bê–á–bá do informatiquês, mas mostrando como ela pode
ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda daquele monstrengo de bits e bytes que de vez em
quando trava.
O erro de interpretação é comum, porque muita gente acha que incluir digitalmente é colocar
computadores na frente das pessoas e apenas ensiná–las a usar Windows e pacotes de escritório. A
analogia errônea tende a irritar os especialistas e ajuda a propagar cenários surreais da chamada
inclusão digital, como é o caso de comunidades ou escolas que recebem computadores novinhos em
folha, mas que nunca são utilizados porque não há telefone para conectar à internet ou porque
faltam professores qualificados para repassar o conhecimento necessário.
Desde a década de 90, acadêmicos e especialistas em tecnologia da informação (TI) deram
início a uma série de debates sobre um quadro preocupante e que pouco mudou: os países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, sobretudo os mais pobres, estão perdendo o bonde da
informação. Sem os meios necessários (computadores e laboratórios) e recursos apropriados
(internet rápida, telecomunicações), esses países deixam para trás um amplo leque de opções para
aquecer a economia e melhorar os baixos índices sociais.
Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor não é,
definitivamente, inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio e coletivo.
Induzir a inclusão social a partir da digital ainda é um cenário pouco estudado no Brasil, mas tem à
frente os bons resultados obtidos pelo CDI* no País, cujas ações são reconhecidas e elogiadas
mundialmente. Inclusive, por vários estudiosos consultados pela reportagem, que costumam
classificar as ações do Comitê como exemplo em palestras mundo afora.
* CDI = Comitê para Democratização da Informática.
Paulo Rebêlo para site Webinsider, 12/05/2005. Disponível em: <https://webinsider.com.br/inclusao-digital-o-que-e-e-a-
quem-se-destina/> Acesso em 22 de abr. 2019.

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Texto II.
Maior acesso à internet muda comportamento do consumidor online
Pesquisas apontam alto índice de usuários que consultam a internet para adquirir produtos e
serviços, enquanto os smartphones já são responsáveis por 10% das vendas online
O maior acesso da população à internet e aos smartphones vem mudando o comportamento
do consumidor de e-commerce. Um exemplo dessa mudança foi apontado na sétima edição da
pesquisa Comportamento dos Usuários na Internet, realizada pela FecomercioSP e divulgada em
agosto. Segundo o estudo, 75% dos entrevistados informaram que usam a internet e as redes sociais
para obter informações para aquisição de produtos e serviços.
Outra tendência que se consolida com essa mudança é a do omnichannel – quando o cliente
interage com a marca em diversos canais, podendo ver o produto na loja física, efetuar a compra
pela loja virtual e tirar dúvidas pelo site da empresa, por exemplo. Isso porque, segundo o presidente
do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e diretor executivo da E-bit, Pedro Guasti, “a
tendência do varejo mundial e brasileiro é que esses canais se integrem, com o consumidor
querendo comprar de acordo com a conveniência, seja por celular, pesquisar características na loja
física e comprar pela internet, ou ainda comprar pela internet e retirar na loja física”, aponta.
Segundo ele, isso deverá se concretizar em breve, impulsionado pela crescente facilidade de
acesso à internet e aos smartphones. “Ainda há uma gama de pessoas que não estão 100%, mas
daqui a dois ou três anos não vai mais existir telefones que só falem. Haverá mais smartphones em
uso, permitindo o acesso à informação farta para o consumidor tomar sua decisão de compra a partir
de comparadores de preços, acesso a portais e sites especializados”, diz.
Trecho retirado de Fecomercio SP, 18/08/2015. Disponível em: < http://www.fecomercio.com.br/noticia/pesquisa-fecomercio-
detalha-o-comportamento-do-usuario-paulistano-na-internet> Acesso em 22 abr. 2019.

Texto III.
Uma pesquisa sobre os hábitos de consumo de notícias online levou à noção de que o
WhatsApp está se tornando, cada vez mais, a fonte preferida dos usuários na hora de obter notícias.
Os dados de 36 países levaram a um total de 15% das pessoas utilizando o mensageiro e o contato
com familiares e amigos na hora de se informar.
Pode parecer pouco, mas de acordo com os pesquisadores do Instituto Reuters e da
Universidade de Oxford, responsáveis pelo estudo, é uma tendência que vem crescendo
significativamente. O WhatsApp, de um ano para o outro, se tornou o segundo maior sistema usado
para obtenção de notícias, atrás apenas do Facebook, com 47% de preferência e grande declínio ao
longo do tempo.
E o motivo é exatamente o que você está imaginando: preocupados com as notícias falsas
compartilhadas nas redes sociais, os usuários estariam procurando o WhatsApp, e principalmente
seus grupos, devido à familiaridade com quem as envia. Ao receberem dados de familiares e amigos,
por exemplo, eles não cogitariam que, ali, também poderiam estar sendo levadas adiantes
informações incorretas.
Trecho retirado de Canal Tech, 23/06/2017. Disponível em: < https://canaltech.com.br/internet/whatsapp-esta-se-tornando-
fonte-de-noticias-para-usuarios-diz-pesquisa-95918/> Acesso em 22 abr. 2019.

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Texto IV.
Trecho da música “Vou te excluir do meu Orkut”, de Ewerton Assunção (2006):
“Eu vou te deletar te excluir do meu Orkut
Eu vou te bloquear no MSN
Não me mande mais scraps nem e-mail Power Point
Me exclua também e adicione ele
Vou te excluir do meu Orkut.”
Disponível em: < https://www.vagalume.com.br/ewerton-assuncao/vou-te-excluir-do-meu-orkut.html> Acesso em 22 abr.
2019.

Comentário:
Proposta III.
Nesta proposta, um dos temas possíveis a serem depreendidos é “inclusão digital e usos
da tecnologia”. O tópico foi abordado de diversos ângulos diferentes.
O Texto I. discorre sobre o próprio conceito de inclusão digital. Segundo o texto, não basta
ensinar como usar computadores ou aparelhos celulares para garantir inclusão digital. É essencial
que o aprendizado da informática esteja ligado a uma melhoria de vida das pessoas. Não basta
colocar computadores em frente às pessoas se eles não terão função. Ensinar o uso das
tecnologias é também ensinar como usá-las em benefício próprio e social.
O Texto II. aponta como o perfil do comportamento das pessoas se altera com o maior
acesso às tecnologias. Isso indica que a tecnologia influencia em outros aspectos da vida para
além dos usos dos meios digitais. O perfil de consumo é usado aqui de exemplo para mostrar
novas demandas que surgem no dia a dia após o contato com a tecnologia. A comparação de
preços e condições de pagamento/entrega se torna facilitada pela internet. Assim, o consumidor
já não aceita mais comprar sem antes investigar mais a fundo. Cabe pensar aqui que outras áreas
da nossa vida foram influenciadas pela maior inclusão digital.
O Texto III. mostra como a tecnologia influencia hoje na busca por informação. Ao invés da
grande mídia, como jornais e revistas, as redes sociais e o WhatsApp se tornaram veículos
considerados de confiança para a difusão de informação. Há que se lembrar, porém, que nem
sempre aquilo que está sendo veiculado nas redes sociais possui base verdadeira. Cabe então se
perguntar: uma maior inclusão digital promove necessariamente só benefícios? Ou é preciso que
essa inclusão seja acompanhada não só de quantidade, mas de qualidade na informação?
O Texto IV. descreve relações mediadas por uma ferramenta tecnológica. Mais do que
discutir a pertinência desse relacionamento, o texto demonstra como o acesso à internet se
modifica rapidamente. Apesar da música ter sido lançada em 2006, muitas pessoas não chegaram
a conhecer o que eram o Orkut, MSN ou a prática de mandar e-mails com apresentações de Power
Point. Como os meios de comunicação online se alteram muito rapidamente, é preciso uma rápida
capacidade de adaptação nos dias de hoje. Há que se habituar com rapidez a novas tecnologias
ou usos delas para manter-se bem informado ou em diálogo.

Há uma série de caminhos que poderiam ser tomados a partir disso. Tomando como base
alguns elementos de cada texto:

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➢ A inclusão digital só é efetiva quando o uso da tecnologia promove mudanças significativas


na vida das pessoas.
Possíveis argumentos: o mais importante do maior acesso à tecnologia está nas possibilidade
que ela traz na vida pessoal e profissional; hoje em dia, um conhecimento e familiaridade com
tecnologia é um requisito básico para um emprego melhor; a tecnologia não pode ser apenas
fonte de lazer, mas também de conhecimento; utilizar novas tecnologias em seu meio de
trabalho pode ser um modo de fazer seu negócio crescer e tornar-se mais próspero; deve-se
estar alinhado com as novas tecnologias para manter-se no mercado de trabalho.
➢ A tecnologia se modifica muito rapidamente, o que torna mais difícil efetivamente incluir
as pessoas digitalmente.
Possíveis argumentos: uma das grandes dificuldades quanto à inclusão digital é manter-se
atualizado; quando não se está atualizado, perde-se a possibilidade de diálogo; as mudanças
aceleradas nos meios de comunicação digital tornam o diálogo dificultado; há problemas
ligados à geração e classe quanto à facilidade no aprendizado de novas tecnologias.
➢ Um maior acesso às tecnologias sem responsabilidade ou cuidado pode ser mais prejudicial
do que benéfico.
Possíveis argumentos: há muita informação espalhada pela internet, o que torna mais difícil
saber o que é ou não de confiança; a rapidez com que as informações são difundidas amplifica
a possibilidade de contato com notícias falsas; aumentar o acesso à tecnologia sem
paralelamente incentivar uma visão mais crítica e consciente do que se vê pode promover
desinformação; é um erro achar que aquilo que está na internet é passageiro, pois os efeitos
podem ser muito duráveis.

3.4 – Proposta IV.

Texto I.
Sociabilidade, tecnologia da internet e comunicação
(Rafael Freitas, para Observatório da Imprensa)
[...]
O surgimento da sociedade em rede não pode ser entendido sem a interação entre essas duas
tendências relativamente autônomas: o desenvolvimento de novas tecnologias da informação e a
tentativa da antiga sociedade de readaptar-se com o uso dessa ferramenta tecnológica. Cabe
enfatizar que as relações online estão baseadas em interesses compartilhados do homem, onde ele
se agrupa com seus semelhantes e vai estabelecendo relações. Esses relacionamentos são também
diferenciados: alguns constroem vínculos mais fortes; outros, relações mais superficiais. O ser
humano, portanto, aspiraria à união e ao mesmo tempo, seria contra ela, oscilaria entre a conexão
e a separação, o coletivo e o individual. As redes de relações pessoais não são nenhuma novidade,
pois o formato de rede é extremamente atrativo para relacionamentos, pois tudo se torna
descentralizado, transparente e autônomo, ao mesmo tempo em que é otimizado em conjunto. A
rede funciona muito bem na manutenção das relações e na intermediação de laços entre pessoas

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que não podem se ver pessoalmente com frequência. Além disso, permite o exercício da
solidariedade em várias situações, ameaças, riscos, problemas coletivos ou individuais.
Na contramão, o surgimento das tecnologias informacionais, principalmente a internet,
aumentou a dificuldade de discutir o tópico de privacidade. Com a internet, os indivíduos que na
época da TV eram apenas receptores de informação passaram a ser produtores de informação,
disseminando-se por meio das tecnologias, que possibilitam que as informações – dentre elas as que
se referem a algo particular dos indivíduos – ganham amplitude global rapidamente. Tal acesso
poderia, também, constituir um clima de hostilidade entre grupos que possuem interesses distintos,
interesses esses que estariam disponíveis para conhecimento.
As atividades humanas estão ficando, a cada dia, mais dependentes da tecnologia e, portanto,
susceptíveis às suas vulnerabilidades e seus efeitos. É certo que estamos na “infância da
cibercultura” como afirma Lévy, e que as principais transformações sociais provocadas pela
tecnologia ainda estão por vir. Entretanto, há muito ainda o que pensar no que se refere a todas as
questões polêmicas e importantes que surgiram com o advento da internet. Talvez sejam essas
polêmicas o motivo de conflitos como pontua Manuel Castells: o aparecimento de novos padrões
de interação social que, cada vez mais densa entre os indivíduos realmente contribui para ações
coletivas, transformadoras e democráticas.
Trecho retirado de Observatório da Imprensa, 14/01/2014. Disponível em < http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-
academico/_ed781_sociabilidade_tecnologia_da_internet_e_comunicacao/> Acesso em 16 abr. 2019.

Texto II.
A linguagem dos emojis
(Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, Revista Trabalhos em Linguística Aplicada)
O crescente uso dos emojis é uma tentativa de transmitir mais sentido de forma mais
econômica em determinados contextos de interação, mas, ao mesmo tempo, fazendo emergir
sentidos acrescidos de muitos outros significados, especialmente, de emoções. As imagens são
sempre mais fortes e é muito mais fácil enviar um coração pulsando do que dizer para um amigo "eu
te amo".
As práticas sociais de linguagem acontecem de forma complexa devido à inter-relação dos
vários agentes e modos de produção de sentido e das tecnologias que medeiam essas práticas. A
linguagem está em constante processo de mudança e se adapta aos propiciamentos e às restrições
presentes nas tecnologias digitais. As experiências passadas e as atuais servem de insumo para os
novos comportamentos, tanto para os desenvolvedores de tecnologia como para seus usuários.
A ação de um agente pode influenciar toda uma rede, como foi o caso da criação do grupo
Unicode, associado às tecnologias móveis e seus teclados de emojis, que mudou a forma como
interagimos, mediados pelos nossos smartphones e tablets, no Twitter, no WhatsApp, no Facebook,
no Instagram e em outros ambientes virtuais.
É impossível prever quais novas tecnologias vão surgir, como as redes sociais atuais vão se
desenvolver ou se serão substituídas por outras. No entanto, podemos prever que sempre haverá
mudanças. Novas formas de comunicação podem emergir, novos gêneros podem surgir e outros
poderão ter sua "relativa estabilidade" alterada.
Trecho retirado de Scielo, mai/ago. 2016. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
18132016000200379> Acesso em 16 abr. 2019.

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Texto III.
Sorria, você está falando Emoji: a rápida evolução de uma língua sem palavras
(Adam Sternbergh, para NY Mag)
Considere o ponto de exclamação. Por muito tempo, o ponto de exclamação tinha um uso
bastante simples: indicar direta e sinceramente excitação ou, se incluso numa citação, veemência
ou volume (“Sai do meu pé!” é diferente de “Sai do meu pé.”). Ainda assim, por um bom tempo,
durante os anos 1990, parecia linguística e socialmente impossível usar um ponto de exclamação
sem soar irônico. Ancoro essa observação no quadrinho inaugural da cultura grunge, “Hate!”, que
foi lançado em 1990 simplesmente chamado de “Hate”, mas que depois adicionou o revelador ponto
de exclamação ao seu nome na edição nº 16 em 1994. Adiciono também, numa rememoração
pessoal, que se você incluísse uma frase exclamatória como “Estou empolgado!” ou “Te vejo hoje à
noite!” em qualquer correspondência eletrônica por escrito até, digamos, 1999, você podia
certamente presumir que a exclamação seria lida como uma pontuação equivalente a um sorriso
amarelo.
Era assim, pelo menos, que a minha geração usava o ponto de exclamação. Mais
recentemente, com o advento de novas formas de comunicação, como tweets e mensagens de
texto, o ponto de exclamação foi revertida a algo mais próximo do seu sentido original. Na verdade,
ele praticamente trocou de lugar com o ponto final, então, “Estou feliz em te ver!” significa agora
que estou genuinamente feliz em te ver, enquanto “Estou feliz em te ver.” parece, pelo menos
quando no texto escrito, significar o contrário. O ponto de exclamação, antes tão vivaz e forte,
passou a significar, segundo Ben Yagoda em um artigo do New York Times, “entusiasmo
minimamente aceitável”.
Toda essa fluidez significa que é muito difícil se manter atualizado – é o que a escritora Emily
Gould descreveu a uma amiga como “competição de estilos de comunicação que me fez sentir que
às vezes apenas um ponto de exclamação parece sem entusiasmo, ou mesmo sarcástico”. Ela estava,
em parte, explicando sua atração pelos emojis – os quais, ela escreveu, “tornam mais fácil conversar
sobre qualquer coisa, eu acho!”.
Trecho retirado de NY Mag, 16/11/2014.Tradução nossa. Disponível em < http://nymag.com/intelligencer/2014/11/emojis-
rapid-evolution.html?gtm=bottom&gtm=top> Acesso em 16 abr. 2019.

Texto IV.
Discurso de ódio nas redes sociais
(Sarah Corrêa Cardoso, Camila Zago e Bianca Vieira da Silva para site Jus)
As redes sociais se tornaram o ápice do mundo virtual por possibilitarem a interligação de
pessoas de todos os lugares do mundo, buscando de forma facilitada, a interação social entre os
indivíduos. No entanto, em se tratando de um espaço amplamente diversificado e plúrimo, exsurge
clara e insofismável, a vasta dessemelhança entre as pessoas que ali se encontram e, que por óbvio,
não compartilham exatamente dos mesmos ideais, gerando os conflitos sociais nas redes.
Os conflitos sociais pertinentes às redes sociais, em sua grande parte, já se tratavam de
ideologias originárias do mundo físico, mas devido à impossibilidade de propagação da manifestação
de pensamento, se restringiam aos grupos sociais de convivência. Juntamente com a evolução
tecnológica e digital, as redes sociais tornaram-se cada vez mais informais e próximas aos seus
usuários, dando a ilusão de que seria um espaço intocável aos ditames do direito.

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Partindo da concepção de que no espaço virtual inexiste o contato físico, seus usuários se
viram encorajados em expressar suas opiniões, sem qualquer ponderação de limites ao que se é
postado, comentado e compartilhando, o que se seria refletido em uma interação social corpórea.
Ao momento em que por meio das redes sociais restou claro e evidente a tranquilidade de seus
usuários em expressar tudo que se pensa, as redes se tornaram um espaço de se noticiar opiniões,
preconceituosas, discriminatórias e intolerantes, principalmente com discurso de ódio voltados as
minorias sociais. Neste sentido, constatou-se que o direito à liberdade de expressão, estaria sendo
exercido de forma abusiva, ao momento em que lesionava a dignidade da pessoa humana, sendo
este, princípio fundamental dos direitos humanos.
Trecho retirado de Jus, 01/19. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/71639/discurso-de-odio-nas-redes-sociais> Acesso
em 16 abr. 2019.

Comentário:
Proposta IV.
Nesta proposta, um dos possíveis temas a serem depreendidos é “como os meios digitais
modificam os processos de comunicação entre as pessoas”
O Texto I. discute o modo como as relações humanas no contemporâneo se encontram
mediadas pela tecnologia. O primeiro questionamento do texto é em que medida relações que
acontecem nos meios digitais podem ser profundas. Há espaço na internet para construir
relacionamentos verdadeiros? O ser humano essencialmente tende a se unir e criar vínculos.
Somos seres sociais, que gostam de viver em comunidade. A internet parece um ambiente
propício para a construção das relações em rede. Por outro lado, há menos privacidade na internet
e é preciso tomar cuidado com o que se compartilha ou expõe da própria vida.
O Texto II. defende a possibilidade de que os emojis sejam hoje em dia uma linguagem. É
comum nos estudos linguísticos a ideia de que a língua tende à economia. Assim como a expressão
“vossa mercê” se contrai até chegar em “você”, também expressões ou palavras poderiam ser
substituídas por emojis de modo a economizar a construção. É importante pensar o que significa
usar uma linguagem única: será que a partir das tecnologias seremos capazes de eliminar limites
comunicacionais linguísticos? Há a possibilidade de que uma grande parte da população consiga
se compreender mutuamente a partir de uma linguagem mais simples e instintiva?
O Texto III., em continuação à ideia do Texto II., afirma, a partir do exemplo do ponto de
exclamação e dos emojis, que a linguagem é mutável e adaptável. O texto também levanta uma
questão acerca das gerações: como diferentes utilizam a internet e as comunicações online. Era
costume acreditar que a internet era um local de mais fácil acesso às gerações mais jovens, que
compreendiam melhor a linguagem e ritmo do ambiente virtual. Será que isso ainda é verdade?
Ou o exemplo dos emojis levantado pode demonstrar que os gaps geracionais estão se fechando
e pessoas de diferentes idades estão sendo capazes de se comunicar e compreender?
O Texto IV. explora um assunto bastante comum atualmente: a facilidade com que as
pessoas assumem comportamento violento na internet. Algumas razões podem ser levantadas
para isso, a mais popular é a de que a garantia de anonimidade seria responsável por modificar o
comportamento das pessoas. Na internet, é bastante fácil manter-se oculto e, portanto, há uma
sensação de impunidade envolvida. O que se questiona, pensando no tema das relações
interpessoais, é como os meios digitais podem ser locais em que é mais fácil cometer crimes. Além

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disso, os meios digitais propiciam maior rapidez na propagação do conhecimento. Ao mesmo


tempo que isso promove maior difusão do conhecimento, também pode trazer maior número de
situações abusivas.

Há uma série de caminhos que poderiam ser tomados a partir disso. Tomando como base
alguns elementos de cada texto:
➢ A mediação da internet nas relações modifica nossa noção de preservação pessoal, pois há
maior exposição online.
Possíveis argumentos: nos expomos mais nos nossos relacionamentos com pessoas menos
intimas na internet; aquilo que normalmente seria reservado aos amigos mais íntimos fica à
vista de todos na internet; conseguimos estabelecer mais conexões e mais diversas por conta
da comunicação em rede; é preciso tomar cuidado para que essas relações não se tornem
superficiais devido ao ambiente em que foram iniciadas.
➢ A linguagem que se utiliza na internet está ganhando mais terreno, modificando também
a linguagem do dia a dia.
Possíveis argumentos: como convivemos fortemente na internet, a nossa linguagem no dia a
dia vai se tornando mais próxima da que usamos online; é preciso tomar cuidado para que a
proximidade com a informalidade que a internet proporciona não influencie negativamente a
nossa linguagem, empobrecendo-a; o uso de tecnologias como os emojis podem aumentar a
comunicação entre pessoas de diferentes meios e gerações, pois uniformiza a linguagem e
torna-a mais compreensível a todos.
➢ A comunicação digital cria relações mais violentas de comunicação, pois há maior facilidade
em dizer o que pensa na internet.
Possíveis argumentos: a garantia de anonimidade que a internet proporciona nos torna mais
propensos à violência verbal; o aumento da quantidade de redes de comunicação não
significa necessariamente aumento de relacionamentos; as pessoas só não se expressam
violentamente no dia a dia porque têm medo de sofrer as consequências de suas falas; a
internet cria ambiente propício para a impunidade, como se o que é dito online não pudesse
ter consequências fora do ambiente digital.

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Anexos
Planejamento
TEMA:
RECORTE TEMÁTICO:
TESE:

PROBLEMAS E SOLUÇÕES:

ARGUMENTOS POSSÍVEIS:

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Considerações finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você
não acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir. Você terá duas
semanas para produzir seus textos.

Lembre-se sempre:
A REDAÇÃO VALE 20% DA NOTA DA PROVA DO ITA NA SEGUNDA FASE!
SEU DIFERENCIAL DIANTE DOS OUTROS CANDIDATOS PODE SER UMA BOA REDAÇÃO!

Na próxima aula, vamos começar a estudar o desenvolvimento argumentativo da sua


redação. Na aula 03, continuaremos a nos debruçar sobre os tipos de argumentação possíveis, pois
esse assunto é muito importante na sua redação.
Veremos então:
➢ Identificação das características dos gêneros;
➢ Temas ligados à inclusão social.
➢ Tipos de argumentação.

Até lá, procure ler textos relacionados a inclusão social. Assim, você já vai chegar na próxima
aula com bagagem para construir argumentos para suas redações. Qualquer dúvida estou à
disposição no fórum ou nas redes sociais.
Prof.ª Celina Gil

/professora.celina.gil Professora Celina Gil @professoracelinagil

Versão Data Modificações

1 16/08/2019 Primeira versão do texto.

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