Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ARTIGO 2: A Necessidade de Uma Organização Independente Do Proletariado - Odt
ARTIGO 2: A Necessidade de Uma Organização Independente Do Proletariado - Odt
Gustavo Machado
A minoria substitui a observação crítica pela intuição dogmática, a intuição materialista pela
idealista. Para ela, a roda motora da revolução não são as circunstâncias reais, mas a
vontade. Nós, ao contrário, dizemos aos operários: terão que passar por quinze, vinte,
cinquenta anos de guerras civis e lutas entre os povos, e não apenas para transformar as
circunstâncias, mas para transformar a vós mesmos, capacitando-os para o Poder, se não for
assim, podemos deitar e dormir. (MARX, 1973, p. 121-2).
No lugar de implantar de fora uma nova forma de sociedade por meio de atividades
conspirativas, a função central do partido é intervir no movimento operário para ganhá-lo e educá-lo
no sentido da tomada do poder. Por isso, nas Revelações sobre o Processo dos Comunistas de
Colônia Marx explica que “a Liga dos Comunistas não era nenhuma sociedade de conspiradores,
mas simplesmente uma sociedade que trabalhava secretamente para a organização do proletariado”
(MARX, 1979, p.446).
Curiosamente, a batalha contra Willich já no interior da Liga dos Comunistas em muito se
assemelha a luta com as concepções de Wilhelm Weitling, que culminara no ingresso de Marx na
Liga. Trata-se do mais importante dirigente da Liga dos Justos, cuja dissolução resultou da Liga dos
Comunistas. Weitling dizia: me dê um exército de 40.000 ex-presidiários e eu implanto pela força o
comunismo. Como se nota, o programa defendido por Weitling é indiferente as necessidades
objetivas do proletariado. Trata-se da construção de uma sociedade comunista pré-fabricada por
meios exclusivamente militares.
Somente após uma longa batalha contra as concepções de Weitling, que se retirou da Liga,
Marx nela ingressou. Em suas próprias palavras no livro Senhor Vogt: “o Comitê Central preparava
a realização de um Congresso da Liga em Londres, onde as opiniões críticas sustentadas por nós
[Engels e Marx] viriam a ser proclamadas doutrina da Liga em manifesto público [que viria a ser o
Manifesto Comunista]”. Somente então, dirá Marx: “Assim entramo nela” (MARX, 1976, p.86).
Esse quadro torna claro como Marx considerava fundamental a existência de uma organização
específica com uma concepção programática clara e bem delimitada, ainda que, do outro lado da
moeda, tenha combatido tenazmente organizações isoladas do conjunto do proletariado e afeitas a
conspirações descoladas de qualquer base mais ampla.
Nas cláusulas que definiam quem pode ser membro da organização não resta qualquer
dúvida a respeito do caráter restrito da Liga, tanto em relação ao programa que professa, bem como
a dedicação e compromisso de seus respectivos membros. Em verdade, tais estatutos parecem
sectários diante daquelas condições que Lênin, meio século depois, defenderá para que alguém seja
considerado membro do Partido operário social democrata russo. Nessas cláusulas podemos ler:
Notas
Bibliografia