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PARÓQUIA SÃO JOÃO BATISTA

End.: Av. Agostinho Pereira, 514 – Zequinha Amendola.


CEP. 14.781-256 – Tel.: (17) 3323-3343 .
E-mail: psjbb2@yahoo.com.br

Elaborada pelo: Fr. Pedro Paulo dos Reis Mendes, scj1


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O conteúdo aqui exposto foi retirado do livro: CODINA, Victor. Nosso Credo – Deus a Caminho com o seu Povo. Fr. Pedro Paulo
dos Reis Mendes, scj.
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PRIMEIRA AULA

O QUE É O CREDO?

Credo é uma palavra que significa creio. É a primeira palavra dessa fórmula. O Credo não pode ser
entendido como uma simples repetição de verdades teóricas nem como um mero resumo do catecismo. É
muito mais. O Credo é uma profissão de fé, um grito de esperança, a proclamação de uma boa notícia, o
sinal daquele que se diz cristão, fruto de uma longa caminhada de Israel, dos Apóstolos e da Igreja.
Para compreender melhor o CREDO, é bom lembrar que o Povo de Israel também possuía os seus
credos. O mais antigo deles, ao que parece, está escrito no livro do Deuteronômio (Dt 26,5-10). Quando o
israelita colhia os primeiros frutos de sua colheita, tinha de coloca-los numa cesta e oferece-los ao sacerdote,
em agradecimento a Deus. Enquanto o sacerdote depositava diante do altar os primeiros frutos da terra, o
israelita deveria dizer um profissão de fé diante de Iahweh.
O Credo de Israel era, pois, uma profissão de fé daquilo que Iahweh fizera para o povo, uma
proclamação da libertação do Egito e de como Deus havia guiado o povo até a terra prometida.
O Credo da Igreja é também uma profissão da identidade cristã a partir de uma experiência histórica:
Jesus salvou seu povo através de sua morte e ressurreição, cuja primeira imagem era a Páscoa de Israel.
O Credo cristão é um resumo desta gloriosa experiência de salvação ligada a Cristo e da qual o Novo
Testamento (NT) apresenta algumas expressões embrionárias: Jesus é o Messias (At 9,22; Jo 20,31); Jesus é
o Senhor Ressuscitado (Rm 10,9).
É profissão de fé e esperança de que o Senhor continuará guiando o seu povo – a Igreja – até a terra
prometida do Reino, tal como guiou Abraão e sua descendência (Hb 11).

QUAL É A ORIGEM DO CREDO?

O cristão deve testemunhar a sua fé, deve saber explicar de onde nasce a sua esperança (1Pd 3,15;
1Tm 3,15; 2Tm 1,13-14). Frente a um mundo pagão era necessário que o cristão primitivo pudesse conhecer
sua própria identidade. O Credo contribui em tudo isso. É o símbolo da fé. Por isso não nos é estranho que o
Credo cristão tenha origem batismal. Durante o catecumenato – o tempo de preparação ao batismo -, o
Credo era ensinado aos catecúmenos, que o deviam decorar, assimilar e recitar.
Mais tarde este Credo batismal sofre mudanças e evolui até converter-se numa profissão afirmativa e
doutrinal da fé, para os diferentes momentos da vida eclesial, a ponto de impor-se como norma de fé frente
aos desvios cometidos pelas heresias. O Credo que recitamos na celebração da eucaristia dominical e que
será comentado neste curso é chamado de SÍMBOLO APOSTÓLICO, não por ter sido escrito pelos
apóstolos, mas porque está ligado à tradição apostólica primitiva. Sua origem data do século IV e é uma
fusão de outros credos anteriores, mais primitivos.

QUAL É A ESTRUTURA DO CREDO?

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A estrutura do Credo Apostólico é TERNÁRIA, isto é, composta de três partes, cada uma delas
iniciada pela palavra CREIO e fazendo referência ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Dito de modo

diferente, o Credo tem uma estrutura trinitária e reflete, como já dissemos, a fé batismal em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.
No entanto, dentro dessa estrutura, a parte que mais se destaca é a relacionada a Jesus Cristo. Isto
significa que o núcleo fundamental do CREDO É CRISTOLÓGICO e corresponde ao fato de que é
precisamente Jesus que nos revela o mistério do Pai e do Espírito. Através de Jesus temos acesso ao Pai e ao
Espírito, é ele o caminho (Jo 14,6). A fé em Jesus é o núcleo de nossa fé trinitária. Ou seja, a fé no mistério
pascal de Jesus, morte e ressurreição, é o centro do Credo e de nossa fé (Rm 10,9).

O QUE SIGNIFICA CRER?

No Credo afirmamos a existência do Pai, de Jesus Cristo e do Espírito Santo, sua ação salvífica no
passado e no presente.
Porém, no Credo há muito mais que uma confissão de verdades objetivas. Nele professamos nossa
atitude pessoal e comunitária de confiança em Deus, em sua palavra e em sua ação. Não se trata de uma
simples afirmação de verdades, mas uma entrega confiante e cheia de amor ao Senhor, depositando nele
nossa esperança de salvação. É colocarmo-nos sem suas mãos, confiando em seu amor, e apoiarmo-nos nele
como sendo a rocha firme. Em outras palavras, crer é estarmos seguros de que Deus continuará guiando seu
povo à terra prometida do Reino, mesmo que em alguns momentos somente enxergamos diante de nós
trevas e dificuldades.
O Credo não é somente para ser rezado durante a liturgia do domingo. Ele deve estar inserido na
vida. Crer é colocar-se a caminho, tal como Abraão...

PERGUNTAS:

A) Que importância tem o Credo para a nossa vida prática?


B) Para nós o que realmente significa crer?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES:

CREIO EM UM SÓ DEUS – Is 45,22-24; Fl 2,10-1; Dt 6,4-5;Mc 12,29-30; Mc 12,35-37. DEUS VIVO –


Ex 3,6;Ex 3,13-15; Is 45,15; Ex 3,12; Is 6,5; Lc 5,8; Os 11,9; 1Jo 3,19-20; Jz 13,18; Ex 32; Ex 33, 18-19; Ex
34,5-6; Sl 102, 27-28; Tg 1,17. DEUS É A VERDADE – Sl 119,160; 2Sm 7,28; Ml 2,6; Jo 18,37; Dt 7,9;
Sb 13,1-19; Sl 115,15; Sb 7,17-21; 1Jo 5,20. DEUS É AMOR – Os 11,1; Dt 4,37; Dt 7,8; Dt 10,15; Is 43,1-
17; Os 2; Is 49,14-15; Is 62, 4-5; Ez 16; Os 11; Jo 3,16; Is 54,8; Is 54,10; Jr 31,3; 1Jo 4,8.16; 1Cor 2,7-16;
Ef 3,9-12 e 1Jo 4,16.

SEGUNDA AULA

CREIO EM DEUS PAI (1ª PARTE)


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CREIO EM DEUS PAI TODO-


PODEROSO
Todos os povos de todas as raças de todas as épocas sentem-se maravilhados diante do mistério de
vida, diante da majestade do sol, das estrelas e da lua, diante da beleza das montanhas e dos rios, diante da
variedade de plantas e animais, e diante do bater do coração humano.
Algumas vezes esses povos e raças têm adorado a esses seres da natureza, substituindo a glória do
Deus imortal por imagens de forma mortal (Rm 1,23). Quase sempre sentem-se atemorizados pela grandeza
desse poder surpreendente que se esconde nas raízes de tudo o quanto existe. Sentem-se ora atraídos, ora
repelidos por esse mistério fascinante e temível.

A EXPERIÊNCIA DE ISRAEL

Em Israel este ser misterioso e onipotente é experimentado sobretudo como libertador e salvador
bondoso. O Deus, autor e Senhor da vida, é um Deus bom, ele libertou o povo do Egito, como nos fala o
Êxodo, e será sempre lembrado pelos profetas: “Quando Israel era menino, eu o amei. Do Egito chamei o
meu filho” (Os 11,1).
É o Deus dos pobres, do órfão, da viúva, do indigente e dos oprimidos, cujo clamor escuta
compassivo (Jt 9,11; Sl 9,10; Sl 103, 6; 109,31; Ex 3,7). É um Deus “rico em misericórdia” (João Paulo II),
com caráter bondoso e compassivo para com todos os homens, em especial para com os mais sofridos.
Ainda que uma mãe se esqueça do filho de suas entranhas, Deus não se esquece nunca de seu povo (Is
49,4.14-15). Deus jamais coloca o seu poder a serviço da sua ira, mas a serviço de seu amor.

A EXPERIÊNCIA DE JESUS

Esta experiência de Israel se completará com a vinda de Jesus. Jesus anuncia que este mistério todo-
poderoso de vida e de bondade é o Pai Nosso. Jesus chama a Deus de “Abba”, que significa “papaizinho”,
“pai querido” e nos diz que seu Pai é também o nosso Pai. A palavra Abba, como invocação a Deus, não
aparece em todo o AT, enquanto no NT a palavra Pai, aplicada a Deus, aparece em Mateus mais de quarenta
vezes, em João mais de cem vezes e mais de sessenta vezes em Paulo. O Pai Nosso é a oração dos cristãos
(Mt 6,9s; Lc 11,1s). Movidos pelo Espírito Santo, podemos chamar a Deus de “Abba” – Pai – (Gl 4,6; Rm
8,15) e não somente podemos nos considerar filhos seus, mas termos a profunda certeza de que realmente o
somos (1Jo 3,1). Somente Jesus, o Filho que conhece o Pai (Jo 1,18), poderia nos revelar este mistério (Mt
11,27). O mistério máximo da existência não é uma força impessoal, mas sim um mistério pessoal de
bondade: Deus Pai todo-poderoso. Seu amor por nós é tal como o amor de um pai, de uma mãe. Suas
entranhas de bondade são as de um pai, ou melhor, as de uma mãe, como proclamou João Paulo I. A
parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32) nos apresenta de forma perfeita essa imagem do Pai, sempre
disposto a acolher, perdoar e trazer de volta à vida.
Porém, este mistério que se nos revelou em Cristo tem dimensões mais profundas ainda. Deus
mesmo é uma comunidade de amor, é como uma família, um misterioso lugar de vida, no qual o Pai é o
princípio e a fonte amorosa de vida, que comunica ao Filho e ambos ao Espírito Santo. Os cristãos chamam
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a este mistério de Trindade. Deus, em seu próprio ser é um mistério de comunhão do qual, livre e
amorosamente, quer nos fazer participar. Participamos gratuitamente da sua própria vida, fazemos parte de
sua família.

Paulo exclama com admiração em Ef 3,14-19. Nossa vida participa, livre, amorosa e gratuitamente
da vida de Deus. Em Cristo tornamo-nos filhos de Deus, irmãos do Filho, vivendo do mesmo Espírito. Isto é
o que professamos no Credo ao dizer CREIO EM DEUS PAI TODO-PODEROSO.

QUE CONSEQUÊNCIAS ISSO TRAZ PARA NOSSA VIDA?

Não somos órfãos nem somos pobres náufragos lançados no mar da vida, sem direção ou meta.
Temos um Pai dedicado que se preocupa conosco, ao qual podemos invocar com confiança, dizendo-lhe: Pai
Nosso!
Não é correto o cristão considerar Deus unicamente como “Ser Supremo”, “Causa Primeira”,
“Primeiro Motor”, “Ordenador do mundo”, “Ser Necessário” ... expressões de origem filosófica. Para os que
acreditam, Deus é antes de tudo Pai, com entranhas de misericórdia, clemente e compassivo, que atua
movido pelo amor do seu coração paternal.
Nosso Deus não é um Deus solitário, mas uma comunidade. A vida que Deus nos comunica tem,
desde sua origem, uma dimensão e um destino comunitário e deve, portanto, orientar-se a criar comunhão e
solidariedade. Sempre que Deus age e interfere na história é para criar comunidade (Lumen Gentiun 9).
A comunidade Trinitária de Deus deve levar-nos a construir uma sociedade solidária, que seja
reflexo da Trindade.
A ideia de Pai é comunitária. Deus não é somente meu Pai, mas nosso, de todos nós, de toda a
humanidade. Ao lado da fé em Deus Pai existe a afirmação da fraternidade: todos somos irmãos, filhos de
um mesmo pai. Esta é a grande novidade do cristianismo: acima de qualquer diferença de sexo, raça, cultura
social e religiosa, somos todos irmãos, somos todos filhos de Deus.
O grande pecado de Israel e de nossa América Latina é a IDOLATRIA, abandonar o Deus da vida
pelos ídolos mortos (Ex 32) que além de não existirem (Sl 115,3-8), ainda são assassinos, como o próprio
diabo (Jo 8,44). Trocar o Deus da vida pelos ídolos da morte significa idolatrar realidades falsas como a
riqueza, o poder, a ambição, a violência, a nação, a raça... Essa atitude traz sérias consequências para nós e
para os demais, pois estes ídolos exigem vítimas: os mais pobres são as vítimas desses deuses da morte.
A proibição de fazer imagens de Deus, que aparece na bíblia (Ex 20,4-5) e que alguns grupos cristãos
jogam na cara dos católicos para acusa-los de idólatras, deve ser entendida corretamente e não extraída do
seu contexto. E uma prescrição dirigida ao povo de Israel num determinado momento de sua história, para
evitar que Israel acreditasse que seu Deus fosse como os ídolos dos povos vizinhos. Israel tinha que defender
a grandeza e a eternidade, e não a visibilidade de Iahweh, que não podia ficar limitado a nenhuma figura ou
imagem. Porém, Deus, sobretudo, desejava que Israel se convencesse de que a verdadeira imagem de Deus
era o homem (Gn 1,26), e que não se esquecesse dessa imagem de carne e osso, para prestar culto a imagens
falsificadas pela mão humana. Mais adiante, Jesus aparecerá como verdadeira imagem visível do Pai
invisível (Cl 1,15; Jo 14,6), e a Igreja desde o começo de sua história representa o Cristo em imagens (em
forma de Bom Pastor) e em seguida fará imagens de Maria e dos Santos. O Pai e o Espírito somente serão
representados de forma simbólica. Tudo isso não significa um desvio ou um afastamento da Bíblia, mas uma
forma muito humana de ter presente no meio de nós a memória de Deus e de seus santos, para invoca-los e
venerá-los, procurando sempre evitar os possíveis desvios sobre os quais nos alertam a Bíblia e o Magistério
da Igreja (Lumen Gentium 51).
Há cristãos que da boca pra fora afirmam que Deus é Pai, porém, seus atos negam o que dizem.
Como se pode crer que Deus é Pai se se oprime os irmãos? A melhor prova de paternidade de Deus consiste
em eliminar tudo o que traz sofrimento aos irmãos, e construir estruturas de amor e solidariedade. Somente a

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partir da vivência da fraternidade é que se pode acreditar na paternidade de Deus. Como provar que Deus é
Pai se o que experimenta na prática é o abandono, a pobreza e a opressão?

PERGUNTAS:

1- É clara para nós a ideia de Deus como Pai?


2- Como vivemos a fraternidade.

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES:

PAI REVELADO PELO FILHO: Ex 4,22; Dt 32,6; Ml 2,10; Mt 11,27; Jo 1,1; Cl 1,15; Hb 1,3; 2Sm 7,14;
Sl 68,6; Sl 27, 10; Ef 3,14; Is 49,15. DEUS PAI TODO PODEROSO: 2Cor 12,9; Sl 115,3; Gn 49,24; Is
1,24; Sl 24,8-10; Sl 135,6; Sb 11,21; Sb 11,23; 2Cor 6,18; Gn 1,1; Jo 1,3; Mt 6,9; 1Cor 1,18; Jr 32,17; Lc
1,37; Jr 37,5; Est 4,17; Pr 21,1; Tb 13,2; Mt 6,32;

TERCEIRA AULA

CREIO EM DEUS PAI (2ª PARTE)

CRIADOR DO CÉU E DA TERRA.


O Deus Pai todo-poderoso é chamado no CREDO o “Criador do céu e da terra”,
Não se pode esquecer que o criador é o Pai. O amor paterno de Deus dá a toda a criação uma
orientação amorosa, que nos impede de refletir, meramente, sobre a criação como um objeto de curiosidade
científica ou filosófica.

COMO E QUANDO FOI REVELADA A IDEIA DA CRIAÇÃO?

O Povo de Israel experimentou Deus, sobretudo, como libertador: o Deuteronômio 26 é um dos


credos mais antigos de Israel. A festa principal era a Páscoa. Israel vive uma fé centrada na Aliança de Deus
com o povo e sabe que tudo se inclina para a salvação, inclusive as forças da natureza.
A fé explícita e segura na criação nasce em tempos de exílio. O Povo de Israel, exilado no meio dos
grandes impérios pagãos da Assíria e da Babilônia, se questiona se Deus porventura terá se esquecido dele, e
sente-se tentado a adorar os deuses destes povos poderosos. Para reavivar a esperança do povo e para evitar
que caia na tentação da idolatria, os profetas proclamam que Deus é o criador do céu e da terra. Deus pode
salvar Israel do exílio uma vez que ele é o Criador de tudo (Is 40,22-28; Is 42,5-6; Is 44,24-26), o Criador é
o libertador do Egito, e o mesmo que conduzirá os exilados a Sião (Is 51,9-11). Ele é um Deus vivo, não

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como os ídolos que são sopro e ilusão e não fazem nada (Is 41,29). O Deus de Israel é o Criador do universo
e Senhor de todos os povos. Por isso Israel não deve temer.
Afirmações dessa natureza são expressas no grande poema de Gênesis 1,1-2,4a, escrito também no
contexto do exílio, por autores da corrente sacerdotal. Não se trata de um filme sobre o que aconteceu no
princípio, mas de uma meditação religiosa, ordenada e rítmica de como Deus cria com sua PALAVRA a

terra, o céu, as plantas, os animais e o homem, fazendo passar do caos, do vazio e da confusão à plenitude da
vida e à ordem.
Três séculos antes (Gn 2,4b-25), a corrente javista também já falava da criação, porém, mais
preocupada com a origem do mal que com a origem do mundo. Israel, enfim, se convence de que Deus ama
a todos os seres viventes como nos diz Sb 11,24-26.
De todos os seres criados, Deus privilegia o homem, varão e mulher, imagem sua, capaz de amar e de
dominar a terra com sua inteligência (Gn 1,26-29). O Povo de Israel sente-se surpreso ante as maravilhas da
criação (Sl 8; Sl 104), louva o Criador (Sl 148), rende-lhe graças pela vida (Sl 136) e sente-se seguro nas
mãos do Senhor (Sl 33).
O que o homem do AT não podia imaginar é que esta criação teria seu centro e seu ápice em Cristo,
o mediador (1Cor 1,15-20; Ef 1,3-14). O prólogo do Evangelho de João é como um novo Gênesis, à luz de
Cristo Jesus, a Palavra do Pai (Jo 1,3-4).
Esta palavra de Deus feita carne, que ergueu sua tenda entre nós, é a grande manifestação da glória
de Deus, de seu amor e de sua fidelidade (Jo 1,14).

COMO FOI EVOLUINDO ESSA DOUTRINA?

A Igreja em seus credos faz alusão a esta doutrina absoluta de Deus e afirma que é o “Criador do céu
e da terra”. Frente às opiniões do que veem o mundo como algo divino e sagrado, a fé da Igreja argumenta
que o mundo foi criado por Deus, é uma criatura de Deus, distinto de Deus, porém, obra de seu amor. Frente
aos que diante do mal presente no mundo afirmam que a matéria é obra de um Espírito maligno e que
somente os seres espirituais (alma, anjos) são obra de Deus, a Igreja afirma que Deus é o Criador do céu e da
terra, tanto espiritual quanto material. E frente aos juízos práticos que nascem da ambição de uns poucos em
querer acumular os bens da terra, a Igreja reafirma que estes bens são para todos e que ninguém pode
apoderar-se deles de forma exclusiva, deixando os demais na pobreza e na fome.
Não faltam conflitos entre a ciência e a Igreja, muitas vezes na pretensão de deduzir da Bíblia teorias
científicas. A Bíblia não é um livro científico, mas religioso. Deve deixar espaço para que a ciência faça
investigações da natureza. A Palavra de Deus nos oferece o sentido do mundo, não explicações científicas.
Jamais teriam ocorrido casos como a condenação de Galileu (Galileu foi condenado a fogueira por que criou
a teoria do HELIOCENTRISMO {TERRA GIRA EM TORNO DO SOL} pois a Igreja firmava por meio de
uma passagem bíblica – Sl 104,5 - que era o Sol que girava em torno da terra), se essas afirmações
estivessem sempre presentes.

O QUE SIGNIFICA DEUS É CRIADOR?

Que o mundo com tudo o que possui, de estrelas a mares, de plantas a animais, o homem e a mulher,
foi criado do nada por Deus. O mundo recebeu gratuitamente a vida das mãos de Deus.
Que ao criar o mundo começou a história da salvação.
Que Deus atuou de forma livre e generosa, por amor, para comunicar-nos sua própria vida,
sensibilizado por seu espírito.

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Que o plano de Deus, sua grande UTOPIA (Vem do grego e significa “algo que se encontra no topo”,
ou seja, um ideal difícil de ser alcançado, mas não impossível), é formar uma grande família de filhos do
Pai, irmãos de Jesus, fazendo da vida do Espírito um grande projeto de comunhão e solidariedade.
Que para este plano se encaminha toda a criação material e mesmo a encarnação de Jesus.
Que o homem com sua liberdade deve colaborar com este grande plano.

QUAIS AS PRINCIPAIS CONCLUSÕES QUE SURGEM DO DOGMA DA CRIAÇÃO?

O RESPEITO À TERRA, mãe que nos alimenta e nos acolhe em seu seio ao morrermos, e que não
pode se explorada abusivamente nem apropriada por uns poucos. Os abusos ecológicos (contaminação,

extração dos recursos não-renováveis...) e as graves injustiças do mundo atual, indicam que estamos muito
distantes do respeito à terra exigido pelo Criador. Há que se escolher entre a vida e a morte, entre o respeito
à terra, propriedade de deus, e o caos (Lv 25,23; Dt 30,15; Sl 85,2).
O RESPEITO A DIGNIDADE DA PESSOA, imagem de Deus, livre, inteligente e capaz de amar,
que jamais pode ser ultrajada, tocada ou torturada em seu corpo ou em seu espírito (Puebla 1262).
Infelizmente vivemos num mundo que continuamente viola os Direitos Humanos (Gautium et Spes 27). A
glória de Deus consiste em que o homem vida (Santo Irineu de Lião), sobretudo o pobre (Oscar Romero).
A IGUALDADE ESSENCIAL ENTRE O HOMEM E A MULHER (Gaudium et Spes 29),
infelizmente esquecida e ocultada por um machismo infame que reduz a mulher a uma situação de
inferioridade humana, sexual, cultural, religiosa, profissional, etc., situação que revelam uma dupla opressão
e exploração (Puebla 1134).
O DESTINO UNIVERSAL DE TODOS OS BENS, obra de Deus para todos, não para uso exclusivo
e abusivo de uns poucos, de tal forma que a Igreja chega a defender que aquele que se encontra em extrema
necessidade, tem direito a procurar o necessário para viver, à custa dos bens dos demais (Gaudium et Spes
69).
A EXISTÊNCIA DO MAL E DO PECADO NO MUNDO, não como fruto de algum princípio ou
espírito maligno inimigo de Deus, mas das limitações da natureza e da liberdade humana (Gn 3). O pecado
e, em concreto, a situação de injustiça escandalosa que reina na América Latina é contrária aos planos de
Deus (Puebla 28-30), e ao ferir os pobres está crucificando Jesus (Puebla 31-39).
O DEVER DO TRABALHO a fim de cooperar com o desenvolvimento da criação segundo os
planos de Deus (Gn 1,28). Deus não tem ciúmes da atividade humana, mas se alegra de que o homem
exercite sua legítima autonomia na ciência, no trabalho, na política e na arte (Gaudium et Spes 33,39).
UMA VISÃO DE ESPERANÇA, tendo presente que o mundo, obra de Deus, é bom (Gn 1-3) e que
Deus não o abandona, porém, o governa e o rege com amor (Mt 6,23-24) para o nosso bem, como um Pai
que olha por seus filhos. Esperamos que um dia neste mundo triunfe definitivamente a justiça e o amor, e se
concretize o plano de Deus. Enquanto isso, nosso trabalho não se inutiliza, mas se transforma em semente da
nova terra e do novo céu que esperamos (Gaudium et Spes 39).

PERGUNTAS:

1) QUE SENTIMENTOS BROTAM DIANTE DA AFIRMAÇÃO DE QUE DEUS É NOSSO CRIADOR?


2) QUE PODEMOS FAZER PARA QUE AS RIQUEZAS DE NOSSA PÁTRIA POSSAM SER
COMPARTILHADAS POR TODO O POVO?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES:

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CRIADOR: Gn 1,1; Rm 8,18-23; Sb 7,17-21; Hb 11,3; Sl 115,15; Sl 124,8; Sl 134,3; Jo 1,1-3; Cl 1,16-17;
Gn 15,5; Is 44,24; Sl 104; Pr 8,22-31; Sl 33,6; Sl 104,30; 1Cor 15,28; Ap 4,11; Sl 145,9.

QUARTA AULA

CREIO EM JESUS CRISTO (1ª PARTE)

CREIO EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO


FILHO, NOSSO SENHOR.
Nós cristãos somos seguidores de Jesus Cristo e professamos nossa fé e nosso amor a ele (At 11,26).
Ele é o centro de nossa fé e de nossa vida, e nossa alusão explícita a ele nos distingue de outras religiões
(Judeus, Maometanos, Budistas, Religiões Afro-Brasileiras...)

QUEM É JESUS CRISTO

O nome de Jesus Cristo se compõe de Jesus e de Cristo. O que significa isto? Jesus é um personagem
histórico que nasceu na Palestina há mais de dois mil anos e o seu nome significa SALVADOR (Mt 1,21).
CRISTO significa MESSIAS, UNGIDO, CONSAGRADO. Trata-se de um título que os primeiros cristãos
deram a Jesus após a sua ressurreição, para indicar que Jesus de Nazaré é o Messias esperado, o enviado de
Deus, o Senhor, o Filho do Pai. Assim, o nome de Jesus Cristo não é uma simples referência a um
personagem histórico (Jesus de Nazaré), mas uma profissão de fé na divindade dessa pessoa; ele é o Filho do
Pai, que veio ao mundo para nos libertar de todo o mal e nos comunicar a vida plena (Jo 10,10). Deus amou
tanto o mundo que enviou o seu Filho Único para que o mundo tenha vida eterna (Jo 3,16).
O Deus que sempre acompanhou o Povo de Israel, faz-se em Jesus o Deus-conosco (Is 7,14; Mt
1,23). Deus Pai enviou o seu único Filho ao mundo a fim de entrar em nossa história e se fazer solidário com
a humanidade. O Deus da Aliança e da Lei armou a sua tenda e habita entre nós (Jo 1,14), se fez presença.
Ninguém conhecia o Pai, mas Jesus, o Filho, tornou-o conhecido (Jo 1,18).

NOSSO SENHOR

Chamamos Jesus Cristo de Nosso Senhor. A expressão Senhor somente era aplicada a Deus no A.T.
Ao chamar Jesus Cristo de Nosso Senhor nós o proclamamos como verdadeiro Deus, Filho do Pai. E essa é

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uma afirmação polêmica frente aos incontáveis falsos deuses e falsos senhores que pretendem imperar em
nosso mundo (1Cor 8,6).
Por terem proclamado a soberania absoluta de Jesus frente ao imperador e aos deuses do império, os
primeiros cristãos pagaram com a vida. Por defenderem os direitos soberanos de Jesus sobre os deuses do
capital, da injustiça e da morte, continuam morrendo os mártires de hoje na América Latina e em todo o
mundo.
Por isso, para afirmar que Jesus é o Senhor, precisamos da força e da luz do Espírito (1Cor 12,3).
Isso significa que não podemos adorar outros deuses, nem servir outros senhores, pois ninguém “pode servir
a dois senhores” (Mt 6,24). É na ressurreição, momento no qual Jesus aparece como Cristo e Senhor, que
Pedro proclamará (At 2,36).

Estamos diante de um mistério de fé e de bondade: o Deus todo-poderoso se fez presença em Jesus


de Nazaré e caminha conosco, como aquele misterioso caminhante que se fez presença aos discípulos que
caminhavam tristes para Emaús (Lc 24,13-35).
A encarnação de Jesus recupera novamente a dignidade da pessoa humana. Deus se fez um de nós,
igual a nós, menos no pecado. Jesus não se envergonha de nos chamar de irmãos (Hb 2,11) e nós podemos,
sem receio algum, chama-lo de nosso irmão. Desde a encarnação de Jesus, toda a e qualquer pessoa humana
leva em si os traços do Senhor sobretudo aqueles que a sociedade marginaliza e humilha (Puebla 31,39).
Este Jesus, anunciado pelos profetas no AT, se torna presente no NT e mais especialmente nos
Evangelhos. Os Evangelhos foram escritos pelas comunidades que conviveram com Jesus, a fim de que
também nós tenhamos a alegria de participar da vida que nele se manifestou. Todo o NT nos anuncia a vida
que Jesus nos comunica (1Jo 1,2-4).
É necessário que conheçamos os Evangelhos, para podermos participar desta vida plena que Jesus
nos comunica. Os Evangelhos nos anunciam quem foi este misterioso Jesus de Nazaré.

PERGUNTAS:

1) JESUS CRISTO SIGNIFICA PARA NÓS O CENTRO DE NOSSA FÉ?


2) LEMOS OS EVANGELHOS PARA CONHECER MELHOR JESUS?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES:

FILHO ÚNICO DE DEUS:Mt 16,16-17; Gl 1,15-16; At 9,20; Lc 22,70; Jo 3,16; Jo 3,18, Mc 15,39; Rm
1,4; Jo 1,14. JESUS CRISTO SENHOR:Jo 20,28; Jo 21,7; Fl 2,6; 1Cor 16,22; Ap 22,20; 1Cor 2,8; Mt 8,2;
Mt 14,30; Mt 15,22; Lc 1,43; Lc 2,11; At 2,34-36; Rm 9,5; Tt 2,13; Ap 5,13; Rm 10,9; 1Cor 12,3; Fl 2,11;
Ap 11,15; Mc 12,17.

QUINTA AULA

CREIO EM JESUS CRISTO (2ª PARTE)

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FOI CONCEBIDO PELO PODER DO


ESPÍRITO SANTO, NASCEU DA
VIRGEM MARIA
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

Na Bíblia o Espírito aparece ligado ao nascimento da vida, a partir das origens do mundo (Gn 1,2)
até a plenitude dos tempos (Ap 22,17). O Espírito suscita profetas para que anunciem as boas novas aos
humildes e a libertação aos oprimidos (Is 61,1-2). O Espírito promove o surgimento de libertadores em

Israel e devolve a vida ao povo disperso e sem esperança (Ez 37). Quase sempre o Espírito atua através de
pessoas pobres e humildes, para que se manifeste mais claramente a sua força de vida: personagens fracos e
desconhecidos como Gedeão (Jt 6-8) e Débora (Jt 4-5) salvam o povo; mulheres estéreis e velhas concebem
filhos que serão libertadores e profetas: Sara (Gn 25,3), Rebeca (Gn 25,21), Raquel (Gn 29,31) a mãe de
Sansão (Dt 13,2), Ana (1Sm 1,9) e Isabel, a mãe de João Batista (Lc 1,5s).
No nascimento de Jesus, o Espírito atua de forma mais surpreendente e misteriosa ainda: Maria não é
estéril, mas virgem e José não terá nenhuma colaboração no nascimento de Jesus. Jesus nasce por obra do
Espírito Santo que desce sobre Maria, e o poder do Altíssimo que a cobre com sua sombra (Lc 1,35). Jesus
não é apenas um profeta, nem um simples libertador do povo, mas o Filho de Deus (Lc 1,35). No
nascimento virginal de Jesus não aparece somente o poder do Espírito, mas a radical novidade da
encarnação: Jesus é filho de Maria, pertence à raça humana, porém, ao mesmo tempo, é Filho de Deus, é o
Deus-conosco para sempre (Mt 1,18-25; Mt 28,20).
No nascimento de Jesus aparece o estilo peculiar de Deus e do próprio Jesus: do meio da pobreza e
do meio dos pobres é que virá a salvação. É uma salvação que se anuncia aos pastores humildes (Lc 2,8-20)
e que confunde os poderosos, a exemplo de Herodes (Mt 2).
MARIA, mãe de Jesus, era uma mulher pobre e humilde, que fazia parte de um povo pouco
conhecido da região da Galileia, em Nazaré. Porém, a esposa do trabalhar José demonstrava o melhor de sua
fé e esperança no Deus do Povo de Israel. Ela acredita totalmente em Deus e em sua misericórdia para com
os pobres (Lc 1,38), e proclama a grandeza do Deus que derruba do trono os poderosos e eleva os humildes
(Lc 1,50-53). Maria não somente gera Jesus em condições de pobreza (Lc 2), mas o educa com sacrifício e o
acompanha durante os trinta anos de sua vida oculta, guardando todas as palavras e gestos em seu coração
(Lc 2,51). Logo Maria seguirá Jesus em sua pregação e estará junto a ele nos momentos difíceis de sua
paixão e morte (1Jo 19,25-27). Maria estará também presente no Pentecostes, no nascimento da Igreja de
Jesus (At 1,14).
Maria personifica aquela mulher de que fala o Apocalipse, que dá á luz em meio às dores do parto
(Ap 12,2), enquanto um grande dragão deseja devorar o seu filho (Ap 12,4). Maria é a NOVA EVA, a que
gera a vida diante de todos os espectros da morte. Ao dar-nos Jesus, ela assegura-nos a vitória sobre os
inimigos.
Por isso, apesar da figura de Maria, às vezes, ser manipulada e transformada numa rainha, ao estilo
dos poderosos deste mundo, o povo intui que Maria continua sendo a mulher do povo, que viveu e sofreu a
pobreza e a necessidade, que teve de lutar para levar adiante a sua família e que, acima de tudo, acreditou e
esperou com toda confiança. Maria encarna a bondade materna de Deus, sua misericórdia, seu amor sem
limites para com o povo, sobretudo o povo pobre e sofrido. É como o rosto materno de Deus.

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Por outro lado, Maria personifica uma fé libertadora e não alienante, modelo para os que não aceitam
passivamente as circunstâncias adversas da vida pessoal e social (Puebla 297) e que clamam para que a
salvação de Deus venha com justiça para os pobres (Puebla 1143).
Às vezes, acusa-se os católicos de haverem substituído Jesus por Maria. A fé cristã autêntica não
reduz Maria a uma deusa, mas a veneração como MÃE DE JESUS, MÃE DO SELHOR e prolonga a
devoção do mesmo Jesus até sua mãe. Tampouco deve-se interpretar os textos bíblicos que falam das irmãs
e irmãos de Jesus (Mc 3,32) como um ataque à virgindade de Maria. Era costume na Palestina do tempo de
Jesus chamar de “irmãos” os parentes, primos e demais familiares. Muito menos a virgindade de Maria
significa um desprezo à sexualidade. Trata-se apenas de um símbolo real da força do Espírito e de sua
novidade que vai além de toda a carne e que salva a partir da impotência da inferioridade, pois para Deus
nada é impossível (Gn 18,14; Lc 1,37). Tudo o que é radicalmente novo nasce de forma virginal e pobre.
A devoção popular nos diversos santuários marinos da América Latina (Aparecida, Guadalupe,
Copacabana, Socavón, Urcupiña, Cotoca, Luján, etc). não deve causar rivalidades, nem pode levar ao
esquecimento de que se trata da mesma Virgem, venerada nos diversos lugares, ainda que todos os povos

possam acorrer a Maria dentro de sua própria tradição e cultura. A piedade mariana será tanto mais
profunda quanto maior for a atenção dada à Escritura e à tradição da Igreja.

A VIDA DE JESUS

A vida de Jesus de Nazaré foi em tudo semelhante à nossa, exceto no pecado (Hb 4,15). Pleno do
Espírito Santo, Jesus passou fazendo o bem e libertando de toda opressão (At 10,38).
Cresceu e se desenvolveu em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens (Lc
2,40.52); viveu em Nazaré, um povoado pequeno e desprezado: “De Nazaré pode sair algo de bom?” (Jo
1,46; Jo 7, 52); desempenhou tarefas manuais, de maneira que o chamavam de o filho do carpinteiro (Mt
13,55) ou simplesmente o carpinteiro (Mc 6,3); experimentou com o Povo Palestino a opressão. Palestina
era considerada colônia romana, desprezada e dependente do Império Romano; durante vários anos
observou atentamente os movimentos e as tendências político-religiosas do seu povo: os fariseus,
observantes fiéis da lei; os saduceus ricos e colaboradores do poder romano; os essênios, que fugiam para o
deserto para esperar o castigo de Deus, e os zelotas, guerrilheiros que defendiam a insurreição armada contra
o poder opressor. Depois de trinta anos de trabalho em Nazaré, Jesus sentiu-se seduzido pela pregação de
João Batista e foi ao rio Jordão a fim de ser batizado por ele. Com o batismo, Jesus sabe que chegou o tempo
de iniciar a sua vida pública e sua missão (Lc 3,1-22). Jesus começou sua missão na mesma linha dos
profetas. A exemplo deles, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo para anunciar a boa nova aos pobres, a
libertação aos cativos e o ano de graça do Senhor (Lc 4,14-22).
A pregação de Jesus é centrada no REINO DE DEUS, o grande projeto do Pai de libertar a
humanidade de tudo quanto a esmaga, e de dar resposta a todas as esperanças humanas (Mc 1,15). Este
Reino é misterioso e se expressa através de parábolas (Mt 13) e milagres, que são sinais de que o Reino já
está presente (Lc 11,20). Este Reino de Deus é um projeto total que compreende toda a pessoa e todas as
pessoas, do presente e do futuro. É um Reino que diz respeito ao indivíduo (libertação do pecado
individual), ao histórico (justiça social ou libertação do pecado estrutural) e ao último e definitivo (salvação
eterna, ressurreição dos mortos).
Este Reino de Deus que Jesus anuncia e inaugura não se baseia no dinheiro, no prestígio e nem no
poder (Lc 4,1-13), mas no serviço humilde, na pobreza e na solidariedade. É o Reino do Pai e no qual se
vive em fraternidade e em irmandade, como filhos seus.
Este REINO se dirige prioritariamente aos marginalizados da história e aos pobres do seu tempo:
doentes, endemoniados, famintos, samaritanos, pagãos, publicanos, prostitutas, pequenos, viúvas... Jesus
come com eles a fim de indicar que eles são os primeiros convidados ao banquete do Reino (Lc 15,1-2),

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chama-os bem-aventurados (Lc 6,20-26), perdoa-os (Lc 7,36), alegra-se por que o Pai revelou a eles os
mistérios do Reino (Lc 10,21-22; Mt 11,25-27), e se identifica com eles (Lc 9, 46-48; Mt 25,31-45).
Esta prioridade de Jesus pelos marginalizados não é mais do que a revelação da bondade de Deus que
ao longo de toda a história foi se manifestando. Deus escuta sempre o clamor do pobre, se compadece
daquele que sofre, quer o direito e a justiça para seu povo, coloca-se ao lado dos fracos e faz com que os
pobres sejam o sujeito transformador da história e os protagonistas do Reino.
A encarnação e o nascimento de Jesus, por obra do Espírito Santo e da Virgem Maria foi somente o
começo de uma vida dirigida pelo Espírito, que estará voltado para instaurar uma história nova, baseada no
amor, na solidariedade e na confiança no Pai. O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz (Is 9,1).
Deus não o abandona, Jesus é o “sim” do Pai ao clamor do povo, sobretudo do povo pobre e desvalido,
desprotegido. Porém, nem todos querem aceitar essa grande luz.

ALGUMAS CONCLUSÕES

A vida de Jesus e o anúncio do Reino exigem uma resposta individual e comunitária. No Evangelho
essa resposta recebe o nome de “seguimento de Jesus”! O Reino de Deus não é nem um Reino sem Deus,
nem um Deus sem Reino. Isto é, o Reino de Deus anunciado por Jesus não se identifica nem com um
humanismo radical, nem com um espiritualismo desencarnado.
O Reino de Deus tem caráter global. Muitas vezes reduzimos o Reino de Deus exclusivamente ao
nível pessoal, ao subjetivismo à outra vida, esquecendo a dimensão histórica e presente do Reino de Deus.
O Reino de Deus é inseparável de Jesus. Os cristãos não podem buscar o Reino fora de Jesus e de sua
vida.

PERGUNTAS:

A) Nossa devoção a Maria é libertadora?


B) Vivemos na prática a dimensão histórica do Reino de Deus?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES:

A ENCARNAÇÃO:Jo 1,14; Fl 2,5-8; Hb 10,5-7; Sl 40,7-9; 1Tm 3,16; Mc 8,34; Gl 4,4. NASCIDO DA
VIRGEM MARIA: Lc 1,26-27; Hb 10,5; Gn 3,15; Gn 3,20; Gn 18,10-14; Gn 21,1-2; 1Cor 1,27; Jo 2,1; Jo
19,25; Lc 1,43; Lc 2,6-7. CONCEBIDO PELO PODER O ESPIRITO SANTO: Cl 2,9; Lc 1,34-35; Gl
4,4; Jo 16,14-15; Mt 1,20; Lc 2,8-20; At 10,38.

SEXTA AULA

CREIO EM JESUS CRISTO (3ª PARTE)

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PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS, FOI


CRUCIFICADO, MORTO E
SEPULTADO, DESCEU A MASÃO DOS
MORTOS
Esta parte do CREDO quer nos mostrar que o Reino de Deus é conflitivo, que a humanidade se fecha
ao plano de Deus e que Deus nos salva pela cruz.

À SOMBRA DA CRUZ

À sombra da morte de Jesus são escritos todos os Evangelhos que estão cheios de símbolos e de
alusões à morte do Senhor: a matança dos inocentes (Mt 2), a espada que segundo Simeão atravessará o
coração de Maria (Lc 2,34), o cordeiro de Deus (Jo 1,29), a serpente de bronze (Jo 3,14), o batismo de morte
(Lc 12,50), o grão de trigo que morre (Jo 12,34), a unção em Betânia (Jo 12).
Continuamente aparecem alusões a respeito das tentativas de prender Jesus (Lc 4,29; 13,31; Jo
8,20.58); 10,39; 11,45) e de acusações contra ele: é tido como louco (Mc 3,21); endemoniado (Mc 3,22; Jo
7,20; Mt 10,25), samatarino e cismático (Jo 8,48), beberrão (Mt 11,19), blasfemo (Jo 10,33).
À medida que os Evangelhos avançam, crescem as tensões e os conflitos com os fariseus (Mc 2-3;
Mt 23), com os saduceus (Lc 6,24; 16,19), com os zelotas (Lc 9,54) e inclusive com os seus próprios
discípulos (Jo 6,60-65).
Aos poucos vai se tramando uma conspiração contra Jesus, na qual se aliam os sumos sacerdotes,
escribas, fariseus, Judas (possivelmente zelota) e mais tarde Herodes e Pilatos (Lc 22,1-2; Mc 14,1-2; Jo
11,47).

A PAIXÃO

Sob um clima de tensão e de despedida, Jesus celebra a última ceia com seus discípulos e enquanto
recorda a libertação do Êxodo, antecipa sua Páscoa ou saída deste mundo ao Pai, para, libertar o povo de
todos os seus pecados. O pão e o vinho são o seu próprio corpo e sangue, entregues para a remissão dos
pecados da humanidade (1Cor 11; Mt 26,17-29; Mc 14,12; Lc 22,7; Jo 13,1).
Depois da ceia, enquanto orava ao Pai no horto do Getsêmani, Jesus é preso e tem início a sua
paixão. Nela Jesus sofre um duplo processo: político e religioso. No processo religioso os sumos sacerdotes
e o senado acusam-no de blasfemo, enquanto no processo político é acusado de revolucionário diante de
Pilatos. Nestes dois processos aparecem os confrontos entre o Reino de Deus e o sistema religioso judeu, e
entre o Reino de Deus e o Império Romano. Jesus critica a hipocrisia do mundo religioso daquele tempo e se
opõe a César como senhor absoluto. O Reino de Deus é o único Absoluto.
Os sofrimentos físicos de Jesus, que lembram os padecimentos e torturas militares em tantos lugares
da América Latina, culminam na crucifixão, morte dolorosa e humilhante, imposta a todos os malfeitores.

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Jesus morre no meio de malfeitores. O mundo se estremece e o oficial do exército proclama que aquele
homem é o Filho de Deus (Mc 15,38-39).
Tanto a paixão como a crucifixão e sepultura de Jesus são atos históricos, que aconteceram “sob o
poder de Pôncio Pilatos”. Não são imaginações nem sonhos.
O povo cristão celebra com carinho a paixão e morte de Jesus, e através de celebrações litúrgicas –
via-sacra, procissões de semana santa, etc – identifica-se com Jesus sofredor. O povo que sofre, tantas vezes
injustamente, vê em Jesus um modelo de aceitação do sofrimento, porém também de esperança, pois sabe
que depois da cruz vem a ressurreição.

QUAL O SENTIDO DA PAIXÃO E MORTE DE JESUS

Jesus morre como todo homem, que é mortal por natureza. Ao fazer-se homem, Jesus assume a
mortalidade da natureza humana.
Jesus morre de forma angustiante, porque nossa morte está marcada pelo pecado (Rm 5,12). E ao
fazer-se homem Jesus assume carregar sobre os ombros uma história de pecado (Jo 1,29) com a qual ele
nada tinha a ver. Deus o fez pecado por nossa causa, a fim de sermos libertados por ele (2Cor 5,21).
Jesus, no entanto, morre punido e executado pelos responsáveis religiosos e políticos de seu povo, os
quais o consideram perigoso e subversivo. A morte de Jesus é a expressão máxima do pecado do mundo,

que não quer acolher o Deus da vida e o mata (At 3,15). Pecado é segundo Dom Oscar Romero, TUDO
AQUILO QUE MATOU O FILHO DE DEUS E QUE CONTINUA MATANDO OS FILHOS DE DEUS.
A morte de Jesus se dá por AMOR aos homens, entregando a sua própria vida em sacrifício pela
libertação do pecado e para dar-nos vida. Constitui a expressão máxima do amor misericordioso de Deus
que nos perdoa e salva pela cruz, reconciliando o mundo consigo (2Cor 5,19) e não poupando o seu próprio
Filho (Rm 8,32) que arca com nossos próprios pecados.
Jesus não morre desesperado, mas confiante no Pai, perdoando e esperando a vitória definitiva (Lc
23,32-46). É para todos nós um modelo de como enfrentar o sofrimento: lutando, resistindo, aceitando e
confiando sempre no Pai.
Jesus personifica o misterioso personagem chamado SERVO DE IAHWEH (Is 42; Is 49; Is 50; Is
53), que sofrendo com paciência os padecimentos injustos que se abatem sobre ele, se converte em salvador
e semente de uma nova vida. Também o povo, a exemplo do Servo de Iahweh, é um homem ferido, sem
beleza nem formosura, mas que redime o pecado do mundo com seu sofrimento (Is 53,2-10).

DESCIDA A MANSÃO DOS MORTOS

O que significa a descida de Jesus Cristo a MANSÃO DOS MORTOS? A fim de entender essa parte
do CREDO temos que lembrar que para Israel os mortos desciam a um lugar sombrio e silencioso, chamado
HADES ou XEOL, que, segundo o povo, situava-se no coração da terra, lugar de tormentos, mas marcado
pela total ausência de Deus e de seu templo e, de alguma maneira, a cidadela do maligno. Era o Reino dos
mortos, um lugar onde se encontrariam com seus pais e antepassados. Era um lugar de espera, até que o
Messias abrisse definitivamente as portas DO REINO DA VIDA.
Ao afirmar que Jesus desceu a MANSÃO DOS MORTOS o que se quer dizer é que Jesus por sua
morte entra neste Reino dos mortos, se faz solidário com a humanidade até o grau mais inferior, descendo
até o abismo da solidão e do abandono. É como se fosse o novo Jonas, que é devorado por um grande peixe
e engolido no mar da morte (Jn 2,1). É o batismo total de Jesus.
Os textos bíblicos falam desta descida de Jesus a MANSÃO DOS MORTOS (Ef 4,9; 1Pd 3,19-21)
ainda que, como veremos sempre, em perspectiva de ressurreição (At 2,24), de sua futura ascensão; aquele
que desceu ao mais profundo será exaltado até o mais alto do céu (Fl 2,6-11).

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QUAL É O SENTIDO DESTE DOGMA PARA NÓS?

É um convite para seguirmos o caminho de Jesus, a também descermos hoje com ele, a mansão dos
mortos do nosso mundo, a fim de levar a boa nova da luz e da vida, para libertar de toda espécie de morte.
Pois Jesus não desceu a MANSÃO DOS MORTOS para lá permanecer, mas para RESSUSCITAR e SUBIR
AOS CÉUS (Ef 4,8-10).

QUE CONCLUSÕES PODEMOS TIRAR DA CRUZ DE JESUS?

Há aqueles que consideram que o sofrimento desta vida seja castigo de Deus por alguma má ação, ou
pelo não cumprimento de alguma obrigação como, por exemplo, com os mortos. A única coisa que se pode
dizer diante de tal atitude é que esta não é a forma de Deus agir. Os males deste mundo são produto da
limitação da natureza (inundações, terremotos) e da fragilidade humana (doenças) ou, sobretudo,
consequência da injustiça humana: fome, pobreza, analfabetismo, salários baixos, desemprego, desnutrição,
guerras, ditaduras, acumulação de capital, etc. Os males físicos da natureza poderiam em grande parte ser
evitados, caso a humanidade procurasse o bem estar universal e não o individual ou somente de uma
minoria; em lugar de gastar tanto dinheiro em armamentos, se investisse em saúde e em desenvolvimento.

Por isso deve-se evitar falar de resignação frente aos males evitáveis e contra os que se pode lutar.
Não podemos resinar-nos frente ao analfabetismo, à desnutrição, às habitações precárias e desumanas, ao
machismo, à violação dos direitos humanos, a violação da vida desde a fecundação até o declínio natural,
mas temos que lutar contra esses males que Deus não quer. Também devemos lutar contra doenças e
inundações, procurando prevenir-nos de todos esses problemas. Muitas vezes essa luta traz sofrimentos e
perseguições, como Jesus sofreu. A América Latina está cheia de mártires assassinos por haverem lutado
contra a injustiça. Outros têm sido perseguidos, torturados e exilados: são os que seguem Jesus mais de
perto.
Somente quando na luta contra o mal se sofre as consequências dolorosas do mal, ou quando alguém
se encontra frente a um mal irremediável (doença, morte, etc), tem sentido falar em resignação. É então que
o exemplo do sofrimento de Jesus e de sua cruz é para os cristãos uma grande ajuda e uma fonte de
esperança, pois Jesus com sua cruz nos salvou e nos abriu a porta para a vida definitiva.

PERGUNTAS:

A) Quais são as cruzes que o povo carrega?


B) Como podemos lutar contra os males que nos oprimem?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

PADECEU SOB PONCIO PILATOS:Hb 9,26; Lc 24,26-27.44-45; Mc 8,31; Mt 20,19; Hb 12,3;


MORTE DE JESUS: Is 53,11; 1Cor 15,3; At 3,14; Mt 26,54; Jo 18,36; Jo 19,11; At 3,17-18; At 3,14; At
7,52; 1Jo 4,10; 2Cor 5,19; Lc 22,19; Mt 20,28; Jo 13,1; 1Pd 1,18. DESCEU A MANSÃO DOS MORTOS:
Hb 2,14; Fl 2,10; At 2,24; Ap 1,18; Ef 4,9.

SÉTIMA AULA
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CREIO EM JESUS CRISTO (4ª PARTE)

RESSUCITOU AO TERCEIRO DIA;


SUBIU AOS CÉUS, ESTÁ SENTADO À
DIREITA DE DEUS PAI TODO-
PODEROSO, DONDE HÁ DE VIR E
JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS.

RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA

A descida de Jesus a Mansão dos Mortos oferece o contexto adequado para a compreensão da
ressurreição de Jesus. Jesus não permanece entre os mortos; a cidadela da morte não pode prende-lo em suas
muralhas. Jesus sai vitorioso dos mortos, tal como Jonas que ficou três dias no ventre do grande peixe e foi
vomitado em terra firme (Jn 2). Jesus é o novo Jonas que desce ao coração da terra e ressuscita (Mt 12,40;
Lc 11,30). O Apocalipse expressa isso muito bem (Ap 1,18).
O Pai, através do seu Espírito, ressuscita Jesus (Rm 8,11). Deus Pai escuta o clamor de Jesus na cruz
e o liberta da morte, fazendo-o sair da mansão dos mortos.
“Ao terceiro dia” significa em linguagem bíblica, que isto é algo solene e importante (Os 6,2).
Porém, esta ressurreição de Jesus em a ver conosco. Jesus ressuscita por nós (2Cor 5,15), abre-nos as portas
da vida e novamente podemos chamar a Deus de Pai (Gl 4,6; Rm 8,15).
A ressurreição de Jesus é a Páscoa, a libertação plena, da qual a Páscoa judaica do Êxodo era
somente um símbolo. Jesus é o início da nova humanidade, o começo da Utopia do Reino definitivo, que
começa a ser real. Ele é o Homem Novo, o Novo Adão, a Cabeça da nova humanidade (1Cor 15,45).
Todos os relatos das aparições do Ressuscitado são formas catequéticas de expressar que Jesus, o
mesmo que foi crucificado, vive uma vida nova. A grande notícia sobre a libertação definitiva instaurada por
Jesus com sua ressurreição deve ser anunciada a todos. Por isso, os apóstolos são chamados a uma missão.

SUBIU AOS CÉUS

Assim como para os judeus a mansão dos mortos simbolizam o lugar da morte, os céus significam o
lugar de Deus e da Glória. A ASCENSÃO de Jesus aos céus não é senão mais uma forma simbólica de
expressar a ressurreição de Jesus, bom como a sua exaltação, o seu triunfo definitivo sobre o pecado, a
morte e o mal. Aquele que foi humilhado é agora exaltado (Fl 2,9-11).

ESTÁ SENTIDO A DIREITA DE DEUS PAI TODO-PODEROSO

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Esta é outra forma de expressar em linguagem simbólica o mistério da ressurreição. O fato de estar
sentado à direita do Pai significa que Deus Pai, ao ressuscitar Jesus colocou o Homem Jesus num lugar não
somente preferencial (à direita) mas coroou-o de dignidade divina, e que em Jesus o Pai glorificou as
primícias de toda a humanidade. A humanidade por meio de Jesus é introduzida no círculo de Deus, é
libertada de todo o mal e começa a viver a plenitude da glória divina. O ideal da criação começa a realizar-se
em Jesus. Maria e os santos participam desde já desta glória de Jesus.

DONDE HÁ DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS

Este trono de glória de Jesus é também o trono do Juiz. O Pai encarregou Jesus do julgamento de
toda a humanidade, de ser o juiz supremo da história (Jo 5,22). Porém, o juízo de Jesus não será somente
sobre nossas atitudes e ações, mas também sobre nossas omissões.
O capítulo 25 de Mateus é um relato sobre o Juízo de Deus a respeito da falta de vigilância (Parábola
das dez virgens - Mt 25,1-13), da negligência ou preguiça em trabalhar com os dons concedidos por Deus
(parábola dos talentos – Mt 25, 14-30) e da falta de amor ao pobre e marginalizado (Mt 25, 31-45) e da falta
de amor ao pobre e marginalizado (Mt 25,31-45). Principalmente esta última parábola do juízo final é uma
clara indicação de que Jesus se identifica com o pobre (o faminto, o sedento, o sem casa e sem roupa, o
enfermo, o encarcerado, etc). Jesus nos julgará a partir da nossa solidariedade para com os marginalizados.
Entretanto, podemos dizer que Ele deixará que os próprios pobres nos julguem: eles são a Corte Suprema de
justiça da história. Não terão valor naquele momento as boas intenções, nem os bons propósitos, nem sequer

os ritos ou práticas de devoção, mas unicamente nossa ação concreta em solidariedade com os pobres deste
mundo.

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO PARA NOSSA VIDA

Ao ressuscitar Jesus, Deus Pai como que aprova e concede razão a toda prática e ensinamento de
Jesus. O caminho escolhido por ele (opção pelos marginalizados, pela pobreza, pelo serviço humilde e feito
com amor) é o autêntico. Podemos afirmar que a ressurreição de Jesus é uma revisão do juízo de Caifás e
Pilatos (Jo 16,8). Eles condenaram Jesus, mas o Pai o salvou. Eles o acusaram de blasfemo e agitador no
entanto o Pai o proclama Senhor da História, Cristo, Juiz universal de toda a humanidade. É uma foram de
dizer que o caminho da glória passa pela cruz, enquanto o caminho do poder e glória mundana leva à
perdição.
A ressurreição de Jesus é entendida como uma má notícia para os “Caifás” e os “Pilatos” da história
(Mt 26,62-66). Por outro lado, a ressurreição é reconhecida como uma boa notícia para os crucificados deste
mundo. De forma mais concreta, isso significa que o algoz não possui a última palavra, mas que sesta é de
Deus, que se coloca ao lado das vítimas da injustiça, dos perdedores da história.
Talvez para que se possa compreender isso melhor, deva-se recordar que a ideia de ressurreição em
Israel tarda e se revela sobretudo nos momentos de perseguição ao povo (2Mc 7; Dn 12,2). Ela é como uma
promessa de Deus de não deixar no pó da morte as vítimas da injustiça humana: Ela as ressuscitará. Isto é o
que acontece com Jesus: o crucificado, o humilhado, o pisoteado, foi ressuscitado pelo Pai.
Isto nos ajuda a compreender melhor o que significa a ressurreição de Jesus. Não é simplesmente
uma volta à vida de antes (como Lázaro), mas o início de uma vida nova e definitiva. Por outro lado, porém,
a ressurreição de Jesus não é uma mensagem individualista nem se limita a afirmar a imortalidade do
espírito e da alma, mas trata-se de uma boa nova coletiva, sobretudo para os que na história sofreram
injustamente a opressão e a humilhação: o Senhor os levantará do pó, viverão para sempre, pois a injustiça
humana tem um limite.

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Disso conclui-se que a ressurreição, bem entendida, é fonte de esperança e de coragem, é uma
confirmação de que Deus é o Deus da vida, dos pobres e da justiça. Todos aqueles que desejam que as coisas
não se transformem (tal como os ricos saduceus do tempo de Jesus), não creem na ressurreição (Mt 23,29).
Para todos os que buscam a mudança e uma sociedade mais humana e mais solidária, a ressurreição de Jesus
é um motivo que mobiliza: a utopia não se reduz a um sonho, mas em Jesus ela começa a ser realidade. Por
isso, as aparições do ressuscitado aos discípulos e às mulheres, humilhados e abatidos pela cruz, produzem
neles alegria, paz e esperança. Da ressurreição nascerá a missão da Igreja. E como veremos em seguida, o
grande dom da ressurreição é o Espírito.

PERGUNTAS:

A) Que sinais de ressurreição e de vida vemos no povo?


B) A ressurreição é para nós um motivo de grande esperança?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

RESSURREIÇÃO: At 13,32-33; Lc 24,5-6; Jo 20; 1Cor 15,3-4; SUBIU AOS CÉUS: Mc 16,19; Jo 20,27;
Jo 3,13; Jo 14,2; Jo 12,32; Hb 9,24; Hb 7,25; Hb 9,11; Dn 7,14. JULGAR OS VIVOS E MORTOS: Rm
14,9; Ef 1,20-22; Ef 1,10; 1Jo 2,18; Lc 21,17; 1Cor 16,22; Ap. 22,17.20.

OITAVA AULA

CREIO NO ESPÍRITO SANTO (1ª


PARTE)
ESPÍRITO VIVIFICANTE

A terceira e última parte do CREDO refere-se ao ESPÍRITO SANTO. O Espírito aparece na Bíblia
desde o começo da criação, como uma misteriosa força de vida, como alento e sopro que fecunda tudo (Gn
1,2), que dá vida a todas as criaturas, que sem ele voltam ao pó (Sl 103,30). Porém, esta misteriosa força
fecundante não se limita a vivificar a criação, mas também dá alento à história, condizindo-a à salvação. O
Espírito suscita profetas e libertadores em Israel e os impele a proclamar o direito e a justiça (Is 32,15-17), a
libertação (Is 61) e uma vida nova para o povo disperso (Ez 37).
Por isso, como vimos, a vida de Jesus é dirigida pelo Espírito desde o seu nascimento (Lc 1,35).
Jesus é ungido pelo Espírito no batismo (Lc 3,22) e animado por ele proclama a boa nova, faz milagres e
supera tentações (Lc 4, 1.14).
Este Espírito prometido aos discípulos em diversas ocasiões (Jo 14-16) é derramado sobre eles na
ressurreição (Jo 20; At 2). Este Espírito é o que ressuscita Jesus dentre os mortos (Rm 8,11), inaugurando
assim a vida nova e definitiva da Nova humanidade.
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Poderíamos resumir dizendo que a própria natureza do Espírito é dar vida, suscitar vida e viabilizar a
passagem da morte para a vida. No entanto esta vida não é simplesmente a vida biológica, mas a vida plena
que alcança seu ápice na vida divina, na filiação ao Pai. Por isso o Espírito permite que chamemos Deus de
ABBA, isto é, Pai (Gl 4,6; Rm 8,26).
Este Espírito nos livra de toda morte e escravidão, nos torna livres de verdade (Gn 5,3): é fonte de
liberdade e libertação. Este Espírito não é uma força impessoal, mas uma pessoa da Trindade que procede do
Pai e do Filho. É Senhor e vínculo amoroso entre o Pai e o Filho. Esta vida nasce do amor.
Irineu de Lyon, padre e bispo da Igreja primitiva, diz que o Pai atua no mundo através de suas duas
mãos, o Filho e o Espírito, que têm missões diferentes e complementares. O Filho, pela encarnação, tem uma
missão visível e histórica: Jesus de Nazaré que nasce no tempo do imperador Otávio e morre sob Tibério,
tendo como governador Pôncio Pilatos. Ele é a palavra encarnada. Seus contemporâneos veem-no, escutam-
no comem com ele, tocam-no, seguem-no ou o desprezam.
O Espírito, pelo contrário, como seu próprio nome indica, é sopro, hálito, vento que não se sabe de
onde vem nem para onde vai (Jo 3,8). É invisível, intocável, anônimo e comparado com o perfume que tudo
invade sem que seja visto, com o fogo que consome tudo e, finalmente, com o vinho que embriaga. O
Espírito atua através das pessoas e dos grupos, para levar em frente o plano do Pai e a obra de Jesus. É mais
conhecido pelos efeitos do que por sua maneira de atuar, sempre invisível e anônimo.

CRITÉRIO PARA DISCERNIR O ESPÍRITO

Como distinguir a presença do Espírito de outras manifestações ou “espíritos” que não procedem de
Deus? A Sagrada Escritura nos dá uma série de critérios de discernimento (Gl 5). Tudo aquilo que causa a
divisão e a morte, a violência, a escravidão e o fechamento egoísta, não é do Espírito de Jesus. Tudo aquilo

que conduz à vida, à liberdade e à libertação, à realização plena de todos, à justiça e á paz comunitária,
procede do Espírito. Poderíamos afirmar que o Espírito que se afasta destas opções não pode proceder de
Jesus.
Hoje em dia há muitos movimentos que se dizem espiritualistas e que se reúnem para aclamar o
Senhor e louvá-lo. O critério para saber se procedem do Espírito Santo é ver se produzem frutos evangélicos
para as pessoas e a comunidade, a exemplo de Jesus: solidariedade, justiça, libertação, vida plena, etc. Numa
palavra, se esses movimentos ajudam a pessoa e a comunidade a superar a morte e alcançar a vida
verdadeira são de Jesus, caso contrário, não são.

A AÇÃO DO ESPÍRITO

Uma das consequências importantes do dom do Espírito Santo é que, graças a ele, Jesus pode estar
conosco até o final dos tempos (Mt 28,20). O Senhor prometeu que jamais nos deixaria órfãos (Jo 14,18).
Graças ao Espírito, Deus permanece sempre entre nós. Isso é para nós fonte de esperança: não estamos
sozinhos, Deus está conosco e atua no meio de nós. Especialmente entre aqueles que vivem nas sombras da
morte.
O Espírito atua através de pessoas e grupos que buscam o bem e a libertação do povo, mesmo que
não sejam cristãos. Em muitos movimentos sociais e políticos, religiosos e humanistas descobre-se a
presença anônima do Espírito. No CREDO, porém, a ação do Espírito se concretiza de forma clara em uma
série de lugares onde percebemos sua presença: na Igreja, na comunhão dos santos, no perdão dos pecados,
na ressurreição dos mortos e na vida eterna.

PERGUNTAS:

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A) Que experiências temos do Espírito em nossa vida pessoal e comunitária?
B) Confiamos na força do Espírito de Jesus?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

CREIO NO ESPÍRITO SANTO: 1Cor 12,3; Gl 4,6; 1Cor 2,11; Jo 16,13; Gl 4,6; Jo 3,34; Jo 7,39; Jo
17,22; Jo 14,16.26; Jo 15,26; Jo 16,7; Jo 16,13; Gl 3,14; Ef 1,13; rm 8,15; Gl 4,6; Rm 8,11; Rm 8,9.14; 1Cor
6,11; 1Cor 7,40.

NONA AULA

CREIO NO ESPÍRITO SANTO (2ª


PARTE)

NA SANTA IGREJA CATÓLICA


RELAÇÃO ENTRE ESPÍRITO E A IGREJA (Atos 2)

No CREDO existe um estreito vínculo entre o Espírito e a Igreja: não se diz exatamente “creio na
Igreja”, mas “creio no Espírito Santo (que atua) na Igreja”. Desde as mais antigas profissões de fé batismais
aparece essa conexão entre o Espírito e a Igreja. Qual é o sentido desta ligação entre ambos?
A igreja nasce por obra do Espírito Santo. O Espírito que havia atuado em Israel e que atuou no
nascimento e vida de Jesus, é o que agora, após sua ressurreição, faz nascer a Igreja. Jesus colocou os
fundamentos (pregou o Reino, reuniu dos doze apóstolos...), porém, a Igreja somente aparece, estritamente
falando, após a Páscoa. No capítulo 2 dos atos dos Apóstolos, Lucas transmite-nos uma narração cheia de
símbolos sobre o nascimento da Igreja em Pentecostes: vento, línguas de fogo, compreensão da mensagem
do Evangelho por diferentes povos... E, prosseguindo, Lucas vai mostrando os frutos dessa irrupção do
Espírito de Jesus sobre aquele pequeno núcleo de discípulos: conversões, batismos, carismas, milagres, a
vocação de Paulo, a pregação aos gentios, a missão de levar a Boa Nova a todos os povos, as perseguições e
os martírios. Novamente o Espírito de Jesus como aquele que dá a vida e faz passar da morte à vida. De um
grupo de homens tímidos, covardes e duros de coração para entender as escrituras, o Espírito faz surgir uma
comunidade missionária, católica, aberta a todas as raças e culturas, capaz de encarnar-se em todos os povos.

UNIDADE E SANTIDADE DA IGREJA

Nesta comunidade, os doze, tendo à frente Pedro, desempenham um papel importante: são os
encarregados de manter a coesão e a unidade deste novo povo de Deus, que é o Corpo de Cristo.
Os bispos e o papa, sucessores dos apóstolos e de Pedro, respectivamente, continuam governando a
Igreja e zelando para que ela siga sempre fielmente o caminho de Jesus, o Evangelho, o Reino e as suas
opções preferenciais. Nesta missão contam com a assistência e especial proteção do Espírito.
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Graças ao Espírito, a Igreja é santa. O Espírito é quem santifica a Igreja. A Igreja é uma comunidade
misteriosa, humana e divina, santa e pecadora ao mesmo tempo. Se a fraqueza e o pecado fazem parte da
Igreja, o Espírito renova continuamente nela a fidelidade ao Evangelho. O Espírito não somente atua através
das Escrituras e dos sacramentos, não somente orienta os bispos da Igreja e em especial o papa em seu
ministério pastoral, como também realiza o milagre da santidade da Igreja.
Esta Igreja, santa e pecadora, no transcorrer dos séculos sofreu divisões internas: primeiro como
Oriente cristão (Igreja Ortodoxa), mais tarde na Igreja latina Ocidental (Luterana, Calvinista, Anglicana,
etc). Com essas Igrejas, estabeleceu-se, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II (1960-1965), um sério
esforço de diálogo ecumênico em busca de uma aproximação e união, uma vez que essa divisão contrariou a
vontade de Jesus, de que todos os cristãos sejam um só corpo (Jo 17,11). Contudo, de alguns anos para cá,
dessas Igrejas “Históricas” desmembraram-se grupos menores, que formaram as chamadas seitas, com as
quais o diálogo é mais difícil porque muitas vezes são instrumentalizadas por interesses políticos e
econômicos conservadores, provenientes do exterior. No entanto, as seitas são um desafio para as Igrejas
tradicionais, já que em última análise elas oferecem respostas às inquietudes religiosas do povo. As Igrejas
tradicionais devem questionar-se se não se converteram em instituições demasiadamente organizadas e
burocráticas, demasiadamente frias e teóricas, pouco comunitárias, onde os leigos e o povo mais simples se
encontram muitas vezes marginalizados e meramente passivos.

UMA PARÁBOLA DA IGREJA

O capítulo vinte e um do Evangelho de João sobre a aparição de Jesus no lago de Tiberíades, resume
tudo o que se falou até agora, numa grande parábola da Igreja do futuro:
Uma Igreja que nasce depois da Páscoa, reunindo os discípulos temerosos e dispersos (Jo 21,2-3);
uma Igreja de pobres frágeis homens: durante toda a noite não pescaram nada (Jo 21,3); uma Igreja centrada

no Senhor, que está na outra margem (Jo 21,4); uma Igreja missionária, que confiando na Palavra de Jesus,
pesca grande quantidade de peixes (Jo 21,6); uma Igreja com carismas diferentes: João reconhece Jesus;
Ped. ro se lança ao mar (Jo 21,7-8); uma igreja fraterna, reunida em torno da Eucaristia: O Senhor lhes
preparou uma comida (Jo 21,12-13); uma igreja onde o mistério está sempre presente: ninguém se atreve a
perguntar a Jesus: quem é você? (Jo 21,12); uma igreja que sempre necessita de conversão: Pedro recorda
com tristeza as suas negações anteriores quando da paixão (Jo 21,17); uma Igreja baseada no amor: Jesus
pergunta a Simão Pedro se este o ama (Jo 21,15-17); uma igreja dirigida por Pedro: cuida das minhas
ovelhas (Jo 21,17); uma Igreja sofredora de perseguição e martírio: anuncia-se o martírio de Pedro
(Jo 21,18); uma Igreja de seguimento a Jesus: Jesus pede a Pedro e João que o sigam (Jo 21,19-22); uma
Igreja que espera que o Senhor retorne (Jo 21,22).

A IGREJA DA AMÉRICA LATINA

A Igreja da América Latina tem mais de 500 anos de vida desde o primeiro ato de evangelização.
Apesar das ambiguidades da evangelização colonial, seu trabalho tem dado bons frutos, tem-se procurado
viver a Igreja como uma família, a família de Deus. Desde as conferências de MEDELLÍN (1968),
PUEBLA (1979), SANTO DOMINGO (1992) E APARECIDA (2008) é uma Igreja que afirmou sua opção
pelos pobres. Viu o surgimento e expansão das CEB’S (Comunidades Eclesiais de Base) e continuamente
tem sofrido duras perseguições e martírios. Com a conferência de Aparecida nos convida a sermos
DISCÍPULOS E MISSIONÁRIOS com um renovado ardor de opção pelos pobres. Este é um pouco o
panorama (uma visão geral de nossa Igreja latino-americana, que ao contrário da Igreja de outros continentes
tem-se voltado para os menores do Reino, os pobres).

PERGUNTAS:

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A) Quais são nossas principais dificuldades frente á Igreja?


B) Cremos realmente que o Espírito Santo atua na Igreja?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

CREIO NA IGREJA CATÓLICA: At 19,39; Ex 19; 1Cor 11,18; 1Cor 14,19.29.34.35; 1Cor 1,2; 1Cor
16,1; 1Cor 15,9; Gl 1,13; Fl 3,6; Ef 1,22; Cl 1,18; Jo 10,1-10; Is 40,11; Ez 34,11-31.

DÉCIMA AULA

CREIO NO ESPÍRITO SANTO (3ª


PARTE)

NA COMUNHÃO DOS SANTOS

QUE SIGNIFICA COMUNHÃO DOS SANTOS?

Dentro da parte do CREDO que se refere ao Espírito Santo e à Igreja, fala-se da comunhão dos
santos. O que significa a comunhão dos santos? Quer apenas dizer que estamos em relação com os santos do
céu? De que santos se trata? O que é comunhão?
Comunhão (em grego KOINONIA) significa participar, compartilhar, ser solidário, estar com o
outro, conviver. A comunhão dos santos significa que na Igreja entramos em comunhão com Deus e com os
irmãos, comunhão com as coisas santas de Deus e com os que creem, que são chamados na Bíblia de santos.

E o grande sinal dessa comunhão com Deus e com os irmãos é a EUCARISTIA. Nela se expressa de forma
simbólica esta nossa comunhão horizontal (com os irmãos e irmãs) e vertical (com Deus).

COMUNHÃO COM DEUS

Na Igreja entramos em comunhão com Deus, formamos parte de seu povo. Graças ao batismo somos
introduzidos na família de Deus, somos filhos do Pai, irmãos de Jesus e recebemos o mesmo Espírito. Por
isso podemos chamar Deus de Pai! (Gl 4,6; Rm 8,26).
Mas se podemos entrar nessa comunhão com Deus e participar de sua vida é porque o próprio Deus
assim o quis, livre e amorosamente. Deus quis comunicar-nos a sua própria vida, nos convidou a fazer parte
de sua família. O próprio Deus é uma comunidade (o Pai, o Filho e o Espirito Santo) que vive uma profunda
comunhão interna. Esta comunhão Deus quer estendê-la a todos e fez da Igreja um instrumento e um sinal
dessa comunhão entre Deus e os homens.

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Para realizar esta comunhão entre a sua vida divina e a humana, Deus enviou o seu Filho para fazer
parte da família humana, solidarizar-se com ela e comunicar aos homens sua própria vida. Jesus é o Deus-
conosco, é a solidariedade de Deus encarnada em nossa história até o final, até a descida a mansão dos
mortos. E o Espírito foi enviado para levar avante a obra iniciada por Jesus: a comunhão plena entre Deus e
os homens.
A Escritura nos fala continuamente dessa comunhão de Deus conosco, da comunhão com o Pai e
com o Filho (1 Jo 1,3), da comunhão com o Espírito Santo (2Cor 13,13), da comunhão com a luz de Deus
(1Pd 1,4). Concretamente se diz que fomos chamados à comunhão com Cristo (1Cor 1,9), a compartilhar
dos sofrimentos de Cristo para assim participarmos de sua ressurreição (Fl 2,1; Fl 3,10; 2Cor 1,7; 1Pd 4,13;
1Pd 5,1).
E esta comunhão de Deus conosco, é para nós a vida plena, a felicidade, a resposta aos anseios mais
profundos do coração humano, a libertação de toda a escravidão e morte, o começo do Reino de Deus. Para
esta comunhão se orienta a criação do mundo e a história humana. Nela se manifesta a glória de Deus: a
glória de Deus consiste em que o homem tenha vida e a vida que o homem vive é a comunhão com Deus,
dirá Irineu de Lyon, bispo do século II. Tudo isto é um mistério que nos surpreende e assombra: possuímos a
mesma vida de Deus, estamos em comunhão com o Pai, por Jesus, no Espírito Santo.

COMUNHÃO FRATERNA

Esta comunhão com Deus nos leva a viver a comunhão com os irmãos, primeiro com os que creem e
finalmente com todos os homens, já que somos todos convocados para formar esta família de Deus.
Esta comunhão fraterna é comunhão numa mesma fé (da qual o CREDO é o símbolo); é comunhão
nos mesmos sacramentos; é comunhão na vida comunitária da Igreja local concreta e reunida em torno do
bispo; é comunhão com as demais Igrejas locais; é comunhão com o bispo de Roma (o papa), encarregado
de manter a comunhão da Igreja universal; é comunhão de orações com os irmãos que já adormeceram no
Senhor e em especial com Maria e com os santos que já gozam de sua glória (Gl 2,9; 1Jo 1,7).

É um grande dinamismo de fraternidade de uns com os outros, que não se limita a participar
unicamente dos mesmos bens do Espírito, mas que chega a repartir a economia e os bens da terra. A
comunhão há de chegar a ser econômica. Sobre isso possuímos abundantes textos bíblicos. A palavra
comunhão (KOINONIA) significa a coleta para os pobres de Jerusalém, solicitada por Paulo junto às Igrejas
mais ricas (2Cor 8,4; 2Cor 9,13; Rm 15,26; Rm 12,13) e também o ato de colocar os bens em comum na
Igreja primitiva de Jerusalém (At 2,32.42.44).
A dinâmica de entrar em comunhão com Deus leva à partilha dos bens, a não possuí-los com
exclusividade quando os demais carecem deles. É realizar o plano de Deus que consiste em formar uma
grande família e que os bens da criação, criados para todos, sejam compartilhados fraternalmente.
A comunhão dos santos deve inspirar uma nova concepção econômica e social dos bens da terra. E
isto não somente para os cristãos, mas para toda a humanidade, já que toda ela foi criada para viver essa
solidariedade.

COMUNHÃO EUCARÍSTICA

A Igreja, e mais concretamente o sacramento da Eucaristia, é o símbolo deste duplo movimento


vertical e horizontal de comunhão. É como que o aglutinante da comunhão dos santos. A eucaristia, a que
costumeiramente chamamos comunhão, é o lugar onde se expressa e se fundamenta a verdadeira comunhão.
Nela celebramos que Deus, para fazer-nos participar de sua própria vida, entregou-nos seu Filho. Jesus se
fez solidário conosco até a entrega de sua vida por amor. Precisamente a Eucaristia da Igreja lembra
continuamente a última ceia de Jesus com seus discípulos, na qual nos amou até o fim (Jo 13,1) e nos
entregou, no pão e no vinho da Ceia Pascal, seu Corpo e seu Sangue, para que participássemos de sua

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própria vida (1 Cor 10,16). Porém, esta oferta na Eucaristia do corpo de Cristo, fundamenta a comunhão
com todos os que comungam no Senhor (1Cor 10,17).
Na Eucaristia fraternal celebrada em comunhão com nossos pastores e com o bispo de Roma, em
memória dos defuntos e em comunhão com os santos – com Maria, os apóstolos, mártires e demais santos -,
expressamos que a Igreja é antes de tudo uma comunidade, uma comunhão do dos santos, pela força do
Espírito.
No entanto, por isso mesmo, a Igreja primitiva ao celebrar a fração do pão (isto é, a Eucaristia), não
se limita à comunhão fraterna na fé nas orações, nas orações, mas a faz chegar à dimensão fraterna na fé nas
orações, mas a faz chegar à dimensão material (At 2,42).
Há uma estreita relação entre a Eucaristia e a solidariedade fraterna. Por isso mesmo Paulo se
indignará com os cristãos de Corinto porque celebram a eucaristia de forma pouco solidária, em meio a
profundas divisões sociais (1Cor 11,17-34).
Por isso também, ao longo da história da Igreja, a eucaristia tem sido o lugar de compartilhar bens,
em forma de coletas, de libertar escravos, de denunciar injustiças, de pedir que os soldados não atirem contra
o povo (Monsenhor Romero).
Para concluir, deixemos claro que o artífice desta comunhão fraterna e Eucarística com Deus é o
Espírito Santo, o laço que promove e completa a comunhão trinitária. Por isso a comunhão dos santos no
CREDO está unida à profissão de fé no Espírito.

ALGUMAS CONSEQUENCIAS

Podemos perguntar-nos se nós, cristãos hoje, vivemos essa dimensão da fé e da Igreja, ou se nos
fechamos num individualismo espiritualista. Podemos interrogar-nos se nós, cristãos, sabermos unir a
dimensão vertical (relação com Deus) da comunhão com a horizontal (relação com os irmãos, irmãs) da
solidariedade fraterna. Podemos perguntar-nos se a Igreja é de fato sinal desta comunhão no mundo e se
trabalha suficientemente pela solidariedade entre os povos. Podemos perguntar-nos se a eucaristia é para o

cristão um lugar onde se vive o princípio da comunhão e se nossas eucaristias nos conduzem à solidariedade
com os pobres da Igreja e do mundo. Podemos finalmente perguntar-nos se muitas vezes a eucaristia não se
torna um rito meramente exterior que pretende encobrir, sob o pretexto da unidade e da comunidade, as reais
diferenças sociais, a violação dos direitos humanos, as agressões injustas, etc.

PERGUNTAS:

A) Que sinais de comunhão vivemos em nossa Igreja?


B) A eucaristia ocupa um lugar privilegiado em nossa vida cristã?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

COMUNHÃO NA FRAÇÃO DO PÃO: At 2,42; COMUNHÃO DOS CARISMAS: 1Cor 12,7;


COLOCAVAM TUDO EM COMUM: At 4,32; A COMUNHÃO DA CARIDADE: Rm 14,7; 1Cor
12,26-27. COMUNHÃO DOS SANTOS: Lumem Gentium 49.

DÉCIMA PRIMEIRA AULA

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CREIO NO ESPÍRITO SANTO


(4ª PARTE)

NO PERDÃO DOS PECADOS


PECADO E MISERICÓRDIA

O mistério da Igreja, comunhão dos santos, é melhor esclarecido nesta parte sobre o perdão dos
pecados. A Igreja, pela força do Espírito Santo, é a comunidade do perdão. Pertence à revelação bíblica a
existência do pecado que rompe nossa relação com Deus e com os irmãos. No Gênesis se encontra a história
do pecado através do relato poético e simbólico do paraíso: o pecado leva à expulsão do paraíso onde Deus
se comunicava como primeiro casal humano (Gn 3,14-24) e inicia-se um dinamismo de morte fraticida
(Caim mata Abel – Gn 4), de destruição da natureza (Dilúvio – Gn 6,9), e de destruição e desintegração
social (Babel – Gn 11). O pecado é excomunhão.
No entanto, ao lado desta revelação do pecado revela-se a misericórdia de Deus que salva, perdoa e
reintegra à comunhão. Deus aparece como clemente, misericordioso, lento na ira, carinhoso e compassivo.
Os profetas anunciam esta misericórdia de Deus e prometem que Deus infundirá seu Espírito para criar um
coração novo no povo de Israel (Ez 36).
Ao chegar à plenitude dos tempos, João Batista voltará a pregar a conversão e batizará às margens do
Jordão com um batismo de penitência, que anuncia o batismo do Espírito, a ser dado por Jesus (Lc 3). Jesus
começa sua peregrinação exortando à conversão porque o Reino de Deus se faz presente (Mc 1,15) e para

escândalo dos que se sentiam puros (fariseus, escribas), come com os pecadores e perdoa os pecados,
simbolizando assim o Reino de misericórdia que ele inaugura (Mc 2; Lc 19). A parábola do filho pródigo é
uma resposta aos que se escandalizam de sua aproximação com os pecadores: ensina-lhes que Deus é como
o Pai do filho pródigo, não como o irmão mais velho (Lc 15,1-32).
Entretanto, é sobretudo com sua morte e ressurreição que Jesus nos perdoou os pecados e nos
reconciliou com seu Pai (2Cor 5,19), libertando-nos do pecado (Rm 5) e devolvendo-nos a comunhão.
Porém, esta atuação misericordiosa de Jesus com o perdão dos pecados e a reconciliação com o Pai, não será
interrompida pela sua ausência corporal. A Igreja, cheia do Espírito de Jesus, continua manifestando ao
mundo a misericórdia de Deus e perdoa os pecados.

ALGUMAS CONCLUSÕES

A Igreja é santa e pecadora, possui o Espírito, porém, é sempre chamada a conversão e deve anunciar
sempre o perdão de Deus. O batismo não pode ser uma prática simplesmente social ou costumeira. Ele exige
uma sintonia às propostas do Reino e ao seguimento de Jesus. No caso do batismo das crianças, os pais e
padrinhos devem comprometer-se a educa-los de maneira cristã, com seus exemplos e ensinamentos. Frente
aos que argumentam preferir “confessar-se diretamente com Deus”, deve-se recordá-los de que o pecado
sempre tem dimensões comunitárias e eclesiais, e que a reconciliação deve passar também pela comunidade
eclesial dirigida pelo ministro. O filho pródigo da parábola não entrou diretamente no banquete sem antes

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ter-se reconciliado dom seu pai e ter-lhe dito que havia pecado contra Deus e contra ele (Lc 15,21). A
reconciliação com Deus passa pela reconciliação na comunidade eclesial.
Tanto o batismo como a penitência não se esgotam com o rito litúrgico. Pressupõem a continuidade
da luta contra o pecado do mundo, contra o pecado individual e contra as estruturas de pecado do nosso
mundo cheio de injustiças. A Igreja perdoa através de seus sacramentos (Batismo – sacramento do perdão
por excelência e Penitência/Confissão) os quais trataremos com mais detalhes no próximo módulo da
ESCOLA DA PALAVRA.

PERGUNTAS:

A) Temos consciência da importância do sacramento do batismo em nossa vida cristã e na de nossos filhos?
B) Procuramos periodicamente o sacramento da penitência ou reconciliação?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

PERDÃO DOS PECADOS: Jo 20,22-23; Rm 6,4; Rm 4,25; Lc 24,47; 2Cor 5,18; Mt 18, 21-22.

DÉCIMA SEGUNDA AULA

CREIO NO ESPÍRITO SANTO


(5ª PARTE)

NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS E


NA VIDA ETERNA
A MORTE

A morte é uma realidade universal, angustiante para todos e carregada de incertezas e dúvidas. No
entanto essa realidade é experimentada de forma muito diversificada, segundo as condições sociais e

humanas de cada pessoa. Enquanto para o rico abastado a morte é temida porque acaba com sua situação de
bem estar e riqueza, e porque tem que deixar este mundo, para os segmentos populares e mais pobres a
morte é vivida como realidade habitual, diária, precoce ou violenta, que acaba com uma vida subumana e
desumana.
Diante dessa realidade as posturas podem ser as mais diferentes, conforme as mentalidades e crenças:
a) para alguns, a morte acaba com tudo. Todo o homem morre e somente permanece a caminhada da história

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na qual o homem percorre e age anonimamente (postura materialista); b) para outros, somente se salva a
alma que peregrina neste mundo em busca de purificação (postura animista).
Nenhuma dessas duas posturas podem ser chamadas de cristãs. O dogma da ressurreição dos mortos
supera todo o materialismo que afirma que a morte acaba com tudo, porém, tampouco se identifica com a
crença da imortalidade da alma. Não se trata simplesmente de um retorno à vida anterior, tal como
aconteceu com Lázaro (Jo 11) nem uma simples ação individualista.

QUAL É A MENSAGEM DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS E O QUE NOS QUER DIZER


ESTE ARTIGO DO CREDO?

Frente à angustiante pergunta sobra a morte e a vida eterna, o cristianismo anuncia o dogma da
ressurreição dos mortos. Poderíamos resumir isso nos seguintes pontos: a) O Deus Criador, que constitui o
ser humano como vivente (Gn) e que enviou o seu filho ao mundo para que assumisse a condição humana,
não permitirá que a morte destrua para sempre a pessoa humana e nem a obra da criação; b) No final dos
tempos, quando o Senhor vier julgar os vivos e os mortos, recompensará a cada um segundo suas obras (Jo
5,29); c) Para os que acreditam em Cristo, o homem todo alcançará a plenitude da perfeição, em sua dupla
dimensão – corporal e espiritual -, e a uma transfiguração da condição histórica mortal numa vida plena, à
imagem e semelhança de Jesus ressuscitado; d) O mundo material também participará desta glorificação
plena do homem e surgirá uma nova criação, novos céus e nova terra; e) Toda esta ressurreição humana e
cósmica será para sempre e terá o seu lugar no final dos tempos, mesmo já após a morte, quando o ser
humano, pessoal e livre, começará a gozar da vida de Deus e f) A ressurreição e a vida eterna são um dom
do Espírito de Deus, o mesmo Deus que ressuscitou Jesus de entre os mortos.
Em resumo, “o Deus que faz os mortos viverem e que chama à existência aquilo que não existe”(Rm
4,17) não nos abandona jamais, nem sequer na hora de nossa morte.

COMO SURGIU A IDEIA DA RESSURREIÇÃO?

Como já vimos, o Povo de Israel durante muitos séculos não tinha uma ideia clara sobre a morte e
sobre a vida eterna. Segundo sua crença, os mortos iam para o XEOL ou HADES, lugar de sombras e
ausência de Deus. No tempo da perseguição de Antíoco IV, no período dos Macabeus, é que aparece clara a

fé na ressurreição dos mortos. A mãe vendo a morte de seus sete filhos, os anima diante do martírio com as
seguinte palavras presentes no texto 2Mc 7,22-23.
Semelhantes ideias aparecem em Daniel (Dn 12,2) e antes ainda, em alguns profetas (Ez 37,1-14; Is
52,13; 53,10-11) de maneira que no tempo de Jesus a ideia da ressurreição aparece reafirmada nos
evangelhos (Jo 5,28-29); Jo 6, 39-40.44-45; Jo 11,24). Deus é um Deus dos vivos não de mortos (Mc 12,18-
27). Exatamente esta ideia de ressurreição foi aquela que permitiu compreender a ressurreição de Jesus
como início dos tempos novos. A partir de então a ressurreição dos mortos passou a ocupar um lugar de
destaque na doutrina cristã.
Essas ideias são parte integrante da pregação de Paulo (At 17,32; At 23,6-8; At 24, 14-15) e dos
escritos paulinos (1Ts 4,13-17; Cl 1,18; Fl 3,21) e sobretudo o capítulo 15 de 1Corítios. Neste grande texto,
frente às tendências espiritualistas e pagãs, Paulo afirma claramente a ressurreição dos mortos, da qual
Cristo ressuscitou é a primícia.
Através desses textos aparecem claramente a fé na ressurreição dos mortos: o ser humano, em toda a
sua integridade, participa da ressurreição de Jesus no final dos tempos; esta misteriosa transformação
humana é obra do Espírito; Espírito que concede vida e a recria até a chegada da plenitude (Sl 104,30; Ez
37,1-14; Rm 8,11-23; 2Cor 5,5).

OS NOVOS CÉUS E A NOVA TERRA.

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O ser humano está no mundo material e tal como o pecado humano, essa presença tem consequências
para o cosmos (Gn 3,17-18; Gn 6), também a restauração e glorificação humana repercutem positivamente
no mundo. Os profetas anunciam uma nova criação, não a aniquilação da já existente e o aparecimento de
outra nova, mas a transfiguração do mundo atual (Is 65,17).
Esta afirmação é manifesta também no Novo Testamento (2Pd 3,13; Ef 1,10; Cl 1,20 e sobretudo em
Rm 8,19,23) onde se expressa o gemido da criação, em dores de parto, esperando a plena libertação de toda
escravidão.

VIDA ETERNA

Este será o início de uma vida sem fim, eterna, cheia de felicidade. Pode ser chamada de glória, céu,
paraíso, Jerusalém celeste, banquete das bodas, etc. São todas formas simbólicas e pouco adequadas para
expressar algo que supera nossa imaginação e nosso viver: a comunhão plena de toda a pessoa humana, da
comunidade humana e do mundo, com o Deus da vida, com Cristo (1Ts 4,17).
O aspecto que talvez melhor explique a vida eterna, a partir da realidade latino americana, é o da
festa. Uma festa sem fim, na qual participa toda a humanidade redimida, nos novos céus e na nova terra, ao
lado do Senhor (Ap 21,1-4).

ALGUMAS CONCLUSÕES

Pensar na vida eterna implica criar responsabilidade: Deus leva a sério nossa opções e nossa
liberdade. Se optarmos pelo Deus da vida, participamos da vida de Deus para sempre (céu), porém se
optamos pela morte, nossa morte será eterna (condenados ao inferno). O Deus dos pobres e da vida, não nos
abandonará jamais, nem mesmo no momento da morte, mas nos ressuscitará, bem como o mundo, para uma
vida nova. Este pensamento, longe de conduzir à passividade ou à fuga dos problemas da vida e da política,
como acontece com algumas seitas, nos leva a um compromisso com o mundo e com sus transformação.
Trata-se, pois, de preparar já aqui a nova terra, procurando um progresso humano verdadeiro, o qual
somente será real se não estiver sujeito a estruturas sócio-econômicas injustas. Há de se evitar o desejo de
querer realizar aqui a plenitude do Reino, optando por messianismos fanáticos e falsos, que buscam aqui

“a terra sem males”. Isto não é totalmente possível, senão somente no final dos tempos; porém, deve-se
trabalhar nessa direção, sabendo que nunca chegaremos a ele, e nunca poderemos afirmar que o Reino de
Deus definitivamente está entre nós. Isso exige uma atitude difícil, condicionada a um compromisso e
consciência críticos. A esperança da nova terra se faz através de sinais concretos, ainda que sejam simples,
como aqueles anunciados por Isaías (Is 65,21). Finalmente em meio à situação de perseguição e martírio que
se assiste atualmente em muitos lugares da América Latina, a ressurreição dos mortos é um sinal de
esperança: Deus está do lado dos oprimidos, não dos opressores, e não deixará que os pobres e os fracos
sejam derrotados para sempre. Ele os ressuscitará para a vida eterna e seu sangue será semente do Reino.

PERGUNTAS:

A) A esperança do céu serve para que nos comprometamos mais nesta vida, ou ela nos incita à acomodação?
B) Estamos convencidos de que o trabalho que fazemos pelo Reino tem um valor permanente?

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

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RESSURREIÇÃO DOS MORTOS: Rm 8,11; 1Cor 15,12-14.20; Jo 6,39-40; 1Ts 4,14; 1Cor 6,14; 2Cor
4,14; Fl 3,10-11; 1Cor 15,44. VIDA ETERNA: 2Tm 1,9-10; Lc 16,22; Lc 23,43; Ap 21,5; Ef 1,10; 2 Pd
3,13.

DÉCIMA TERCEIRA AULA

CREIO NO ESPÍRITO SANTO


(6ª PARTE)

AMÉM
O CREDO conclui com a palavra AMÉM, que significa: assim é esta realidade, nisto eu confio, em
tudo isso eu me apoio e coloco minha esperança, assim seja.
Ao terminar o CREDO não podemos duvidar que o PAI CRIADOR, JESUS DE NAZARÉ e o
ESPÍRITO SANTO vivificador estejam conosco, acompanhando-nos em nossa caminhada para o REINO.
Deus é o Deus-conosco e continua caminhando com seu povo, mesmo que, às vezes, não o reconheçamos
como aconteceu coas discípulos que iam para Emaús (Lc 24,15).
Porém, essa fé exige de nós o compromisso de continuarmos caminhando com o Senhor através da
nossa história, seguindo suas pegadas, para construirmos, na Igreja, junto com todos os homens de boa
vontade, o Reino de Deus.
Sabemos que a etapa é árdua e que a plenitude definitiva do Reino somente se dará no final dos
tempos, porém, confiamos na força do seu Espírito e em seu amor para com seu povo. A caminhada pela

vida não será interrompida. E ao terminar, pedimos ao Senhor, como fizeram os discípulos de Emaús (Lc
24,29). E o Senhor voltará para repartir o pão para o povo, no entanto, permanecerá entre nós: Mt 28,20.

CITAÇÕES BÍBLICAS COMPLEMENTARES

AMÉM: Is 65,16; Ap 3,14; Ap 22,21; Mt 6,2.5.16; Jo 5,19; 2 Cor 1,20.

BIBLIOGRAFIA

CODINA, Victor. Nosso Credo – Deus a Caminho com o seu Povo. São Paulo, Paulinas, 1992, 94 p.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 7ª ed., São Paulo, Paulinas, 744 p.


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NERY, Irmão. O Novo Catecismo: “Eu Creio” – “Nós Cremos” (Fé e Revelação). 3ª ed., Coleção
Catecismo da Igreja Católica – Novo Catecismo subsídios para estudo, Petrópolis, Vozes, 1993, 59 p.

NERY, Irmão. O Novo Catecismo: A Oração do “Creio” – O Credo em Nossa Vida. Coleção Catecismo da
Igreja Católica – Novo Catecismo subsídios para estudo, Petrópolis, Vozes, 1993, 118 p.

SANTO TOMÁS DE AQUINO. Exposição Sobre o Credo. São Paulo, Loyola, 1981, 120 p.

SANTO TOMÁS DE AQUINO. O Credo. Petrópolis, Vozes, 2006, 109 p.

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