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MÓDULO 3- CRISTOLOGIA .
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................42
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Doutrina II - Cristologia
INTRODUÇÃO
As narrativas de Mc 8.29 e de Mt 16.15 se caracterizam por mostrar Jesus, antes de anunciar sua
paixão (sofrimento pelos pecados da humanidade), fazendo-lhes a pergunta mais decisiva: ―E vós, que dizeis
que eu sou?‖ Pedro disse: ―Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo‖.
Talvez a declaração de Pedro possa ser assumida como a primeira afirmação cristológica. ―A
resposta de Pedro coincide com o conteúdo da primeira pregação apostólica no Pentecostes: Que toda casa
de Israel saiba com certeza: a esse Jesus que vós crucificastes Deus o fez Senhor e Cristo‖. At 2.36.
O Cristo, O Senhor, o Filho de Deus, esses três título constituem o núcleo da fé cristológica primitiva.
Nasceu assim a confissão de fé: Jesus é o Cristo. Depois Jesus, o Cristo. E Jesus Cristo.
A questão chave do universo continua sendo: ―que pensais vós do Cristo?‖ Mat. 22:42. A história tem
seu centro e decisão no Cristo! História do mundo ... e de cada indivíduo! É isso que se estuda em
Cristologia, estudo teológico cristão da personalidade e da obra de Cristo, em sua face humana. Iniciou-se
com as primeiras comunidades cristãs.
CAPÍTULO I
CONCEITOS BÁSICOS EM CRISTOLOGIA
Qualquer outra ―religião‖ pouco perderia com a descoberta de que seu fundador não existiu realmente,
não foi exatamente o que se crê, ou teve falha no ensino ou no proceder. É possível ter budismo sem Buda,
confucionismo sem Confúcio e islamismo sem Maomé, mas não cristianismo sem ―Cristo em vós, a
esperança da glória‖!
No budismo Gautama (Buda) é um salvador, mas como um ―iluminado‖, como alguém que deu um
exemplo, apontando aos outros o caminho. Jesus, ao contrario, é o caminho. Desde os tempos dos apóstolos
a fé crista proclamando Jesus como um salvador universal.
Cristianismo é uma pessoa — o Cristo! Nele está o cumprimento do propósito de Deus em derramar
sua benção sobre todos os que crêem e por Ele o julgamento dos que não crêem.
Qualquer ensinamento que acrescente ou diminua a pessoa de Cristo é errado e herético. Por isso creio
que o Cristo de Deus é preexistente, encarnado, nascido virginalmente, totalmente humano e totalmente
divino, uma pessoa particular que morreu, ressuscitou, ascendeu aos céus e que voltará.
A pessoa e a obra de Jesus constituem a fonte, o centro e o fim, o alfa e o ômega de tudo que o
cristianismo significa e anuncia ao mundo. Por ele os cristãos aprendem a descobrir que, é, realmente, Deus,
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quem são os homens, qual sua verdadeira origem e destino, qual o significado e o valor do mundo e da
história, qual o papel da igreja como guia da humanidade em seu peregrinar pelos séculos afora.
A Vida de Cristo
Podemos distinguir três momentos ou fases na vida de Cristo: pré-existência, existência e pós-
existência. Na pré-existência viveu por toda a eternidade passada, no Céu, junto ao Pai, como Deus. Na
existência Ele vive trinta e três anos como homem, na Terra. Na pós-existência, Ele vive e viverá por toda a
eternidade futura, no Céu, junto ao Pai, como Deus.
Preexistência
Isto significa que ele sempre existiu e existirá. Que nunca teve começo ou terá fim. Isto é ensinado
tanto no Antigo Testamento com no Novo Testamento.
A. No Antigo Testamento:
1. Pelas aparições e referências ao Anjo do Senhor: é o que podemos classificar como Teofanias.
(Teofania na história das religiões, situação em que a divindade se faz presente de alguma maneira aos
homens. ©Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda.)
a) A Hagar: Gn 21.17
b) A Abraão: Gn 22.11-12 ver vs. 2
c) A Jacó: Gn 48.16 conferir com Gn 32.22-32
d) A Gideão: Jz 6.11-24
e) A Manoá: Jz 13.1-9 ver Is 9.6; 28.29
f) Em Referencia ao Anjo da Aliança: Ml 3.1 (aqui é o mesmo Jeová)
g) No discurso de Estevão foi o mesmo que deu a lei: At 7.38-39 cf. Ex 19.1-20.19
h) Por referência ao Santo: II Rs 19.22; Sl 16.10; 89.18; Pv 9.10 Is 12.6; 37.23; 41.14;
i) 57.15; Os 11.9 – Mc 1.24; Lc 4.34; Jo 6.69; At 2.27.
i) Davi entendia: Sl 16.10; 110.1
B. No Novo Testamento:
a) No testemunho de João Batista. Jo 1.15;
b) Cristo falou da sua preexistência: Jo 8.58; 17.5,24;
c) Os apóstolos testemunharam: Jo 1.1-2; Fl 2.5-7; Cl 1.17; Hb 1.1-3
A Preexistência de Cristo é evidente pelo ensino do Antigo Testamento e do Novo Testamento, sendo o
Anjo do Senhor identificado como o próprio Jeová no VT e no NT sendo O Filho de Deus expressão exata
de Deus.
Existência - A Encarnação
A. Significa que Ele partiu de sua condição preexistente:
a) Foi enviado: Jo 3.17; Rm 8.3; Gl 4.4;
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b) Ele veio: Mt 20.28; Jo 1.11; 3.13; 6.51; 8.14; I Tm 1.15;
c) No tempo exato: Gl 4.4
B. A Natureza da Encarnação
1. Ele esvaziou-se a si mesmo: Fl 2.7 – Isto não significa que Ele abandonou ou mesmo limitou o
exercício de seus atributos, mas da mudança de seu domicílio e limitação de sua glória visível.
a) A mudança de sua morada: dos céus à terra. Jo 6.51
b) Mudança de suas possessões: de riqueza à pobreza. II Co 8.9; Lc 9.58;
c) Mudança de servido a servidor: Fl 2.6-7; Mt 20.26-28
d) Mudança de forma: da forma de Deus a Semelhança de homens. Fl 2.6-7.
e) Limitação de glória: João 17.5; Mat. 17.1-8 (Ele a apresentou quando quis).
2. Tornou-se em semelhança de homens:
a) Em semelhança de carne pecaminosa. Rom. 8.3
b) Se fez carne. João 1.141[3]
c) Há Condenação para quem nega isto. I Jo 4.2-3
3. O Método da Encarnação:
a) Pelo Nascimento virginal. Gl 4.4 – feito da mulher
b) A encarnação não foi sua origem, mas sua entrada no mundo.
C. Finalidade da encarnação:
- revelar o deus invisível João 1:18; 14:9.
- cumprir as profecias de um salvador (Gên. 3:15; is 53:4-6; Dan. 9:26; 1co 5:7) e rei (Gên. 17:6,16;
49:9-10; 2 Sam. 7:12-13; Sal. 8; 24; 45; 110; Zac. 14:9).
- revelar o pai (conceito novo, Deus como pai!) Mat. 6:9; João 1:18; 14:9; 16:27; Mat. 6:8,32; 5:45.
- fazer sacrifício por nossos pecados, removê-los Isa. 53:6; Mar. 10:45; João 1:29,36; 2 Cor. 5:21;
Heb. 2:9; 9:26; 10:4-5,10,12; 1 João 3:5.
- reconciliar o homem com Deus 2 Cor. 5:19; Heb. 2:17; 1 Tim. 2:5-6.
- ser-nos fiel sumo sacerdote, Heb. 9:26
- prover, para os crentes:
- um exemplo de vida, santa Mat. 11:29; 1 Ped. 2:21; 1 João 2:6, os escritores da Bíblia foram
infalíveis em ensino, mas não em caráter. O Cristo é o único infalível em ambos aspectos! transformemo-nos
na imagem do senhor, por olharmos, como que em um espelho, a sua glória 2 Cor. 3:18.
- um fiel e compassivo sumo sacerdote, Heb. 2:17; 3:1; 9:26.
- e o escape para a maldição sobre adão, Rom. 5:12.
- destruir o diabo e suas obras, Heb. 2:14; 1 João 3:8. Este está vencido João 12:31; 14:30, será
lançado no lago de fogo Apoc. 20:10, tudo o que alcançou pela introdução do pecado será desfeito (exceto
punição aos seus seguidores).
- sarar os quebrantados de coração, Luc. 4:18.
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- pôr em liberdade os oprimidos, Luc. 4:18.
- dar vida, vida abundante, João 3:36; 10:10.
- glorificar o pai, João 13:31; 14:13; 17:4.
- preparar para sua segunda vinda (apenas então nossa salvação completar-se-á), Heb. 9:28; Apoc. 5:6.
O Nascimento Virginal
Isto significa que o nascimento de Jesus foi desde anteriormente predeterminado, foi pela concepção
miraculosa do Espírito Santo antes mesmo de Maria ter coabitado com José. Foi um ato de nascimento
natural como o de qualquer ser humano.
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A crença somente no nascimento virginal não salva, mas aquele que o nega não é de Deus, pois nega a
própria humanidade de Cristo. I Jo 4.2-3.
Encarnação
Noção teológica que para os cristãos de maneira geral se exprime no dogma cristológico, o qual
estabelece a natureza divina de Jesus, a encarnação constitui também um dos pontos centrais do hinduísmo.
Encarnação é o ato pelo qual um Deus assume forma e natureza humanas. O hinduísmo designa com o
nome de avatar a encarnação de deuses ou de espíritos, bem como a reencarnação de almas humanas, que
voltam à Terra depois da morte para continuar seu processo de purificação ou ascensão espiritual até a plena
libertação.
No hinduísmo, os avatares mais importantes são os de Vishnu, deus conservador, providente e amigo dos
homens, que, na segunda idade cósmica, se encarnou para libertar a Índia do demônio Ravana, tomando o
nome e a personalidade de Rama, herói nacional. Encarnou-se, na terceira idade, em Krishna, para ensinar à
humanidade, por intermédio do príncipe Arjuna, a doutrina da libertação, baseada no amor por um deus
único.
Para os cristãos, encarnação é o mistério segundo o qual o Verbo divino, segunda pessoa da Trindade,
assumiu um corpo e viveu entre os homens. O termo inspira-se nas palavras de são João Evangelista: "O
Verbo se fez carne." A mensagem cristã no Evangelho, ou "boa nova", identifica com Jesus de Nazaré o
Messias prometido e esperado. O símbolo católico denominado Credo proclama a encarnação, a morte
redentora de Jesus Cristo na cruz, sua ressurreição e seu retorno a Deus-Pai, acontecimentos em virtude dos
quais se realiza o plano divino da salvação.
Desde o primeiro século do cristianismo surgiu a questão de como explicar o mistério da encarnação
divina. Para alguns heréticos, Deus não poderia assumir a condição humana em toda a sua realidade. Outros
afirmavam que Jesus era um homem igual a qualquer outro e negavam sua divindade. A questão do dogma
cristológico foi objeto de vários concílios: os de Nicéia, em 325; de Constantinopla, em 381; de Éfeso, em
431; de Calcedônia, em 451; e o III de Constantinopla, entre 680 e 681. Este último exarou a fórmula que se
tornou clássica: "Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem."
A NATUREZA DE CRISTO
Na qualidade de Deus-homem e homem-Deus, Cristo, diferentemente dos seres humanos comuns,
possui duas naturezas numa só pessoa: uma divina e outra humana. É o que se chama tecnicamente de
natureza teantrópica. Jesus Cristo, para sempre sendo uma só pessoa, desde a encarnação e para sempre tem
2 naturezas, unidas indissolúvel mas subsistentemente. Simultaneamente: Ele é completa e totalmente Deus,
e completa e totalmente homem (impecável); sem perda dessas naturezas, nem formação de nova natureza.
Por isso, Ele pode dar a aparência de fraco, sendo onipotente; de finito, sendo infinito; de crescer em
conhecimento, sendo onisciente; de ser localizado, sendo onipresente. A personalidade do Cristo reside na
Sua natureza divina e não na humana, porque ao Verbo não foi adicionada uma pessoa humana, mas sim
uma natureza humana.
Sua Humanidade
Cristo é totalmente humano, isto é demonstrado pelo seu nascimento humano, ele teve nomes humanos,
crescimento e desenvolvimento humano. Ele teve elementos essenciais da natureza humana, emoções e
sentimentos humanos.
A. Ele teve nascimento humano: Cristo não somente nasceu de mulher como também tinha uma
ascendência humana (Mt 1.1). A própria atitude de Maria e José em procurar um abrigo na estalagem
explica o temor da fragilidade de um nascimento humano. Lc 2.6-73[5]
B. Ele teve crescimento e desenvolvimento humano: Jesus foi circuncidado como as crianças judaicas.
Lc 2.21; Apresentado no templo como as crianças judaicas de sua época. Lc 2.22-24; Crescia em sabedoria,
estatura e graça diante de Deus e dos homens – isto incluía desenvolvimento físico e mental. Lc 2.52
C. Ele teve nomes humanos:
a) Jesus: este é no grego Ιησσς para Josué no hebraico Yeshû‗â no Antigo Testamento (Salvador ou
salvação de Jeová)
b) Filho do Homem: Lc 19.10 em Ez 2.1; 3.17, 33.7 – Deus usa para com Ezequiel o mesmo título,
isto significa o ser mais humano dos homens. E é o título chave de Lucas para enfatizar a
humanidade de Cristo. Ainda em Sl 8.4 e 144.3
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c) Jesus, o nazareno: Mt 2.23; At 2.22
d) O profeta: Mt 21.11 conferir com Dt 18.15
e) O carpinteiro: Mc 6.3
f) Cristo Jesus, Homem. I Tm 2.54[7]
D. Ele teve os elementos essenciais da Natureza Humana:
a) Tinha corpo: Mt 26.12; Lc 24.39; Jo 2.21; Hb 2.14; 10.5,10.
b) Tinha alma: Jo 12.27 conferir com At 2.27,31
c) Tinha espírito: Mc 2.8, 12; Lc 23.46; Jo 13.21
E. Ele tinha emoção e sentimentos humanos:
a) Compaixão pelas almas perdidas. Mt 9.36; Lc 13.34
b) Teve cansaço (Jo 4.6), fome (Mt 4.2; 21.18), sede (Jo 19.28) e sono (Mt 8.24)
c) Foi tentado. Mt 4.1-11; Hb 2.18; 4.15; Tg 1.13
d) Chorou. Jo 11.35.
Sua Divindade
Cristo era e é totalmente Deus. Este ensino está claro nas Escrituras pelos nomes a Ele atribuídos, o
culto divino lhe é dado, pelos ofícios divinos atribuídos a Ele, pelo cumprimento no Novo Testamento as
declarações de Antigo Testamento feito à Jeová e pela associação do nome de Jesus Cristo, o filho, com o de
Deus Pai.
A. Pelos nomes:
1. Deus: Hb 1.8 – ―o teu trono ó Deus ...‖ Jo 1.18; 5.20; 20.28; Rm 9.5; Tt 2.13; I Jo 5.20;
2. Filho de Deus: Mt 8.29; 16.16-17; 27.40, 43; Mc 14.61-62; Lc 22.70; Jo 5.25; 10.36; 11.4;
3. O primeiro e o último, o alfa e o ômega: Ap 1.8, 17 conferir com Is 41.4; 44.6. Ap 22.12-13, 15.
4. O Santo. At 3.14 conferir com Os 11.9
5. Senhor. Lc 2.11; At 4.33; 9.17; 16.31; (Senhor é o mesmo para Jeová no Antigo Testamento).
a) De todos. At 10.36
b) Da Glória. I Co 2.8
B. Pelo Culto divino dado a Ele
1. Só a Deus é exclusivamente o culto das Escrituras. Mt 4.10; At 10.25-26; 12.20-25; 14.14-15; Ap
22.8-9.
2. Jesus aceitou adoração sem hesitar. Mt 14.13; Jo 13.13; Lc 24.52.
3. A Bíblia ensina a adoração a Cristo. Fl 2.10-11; Hb 1.6;
4. A Igreja primitiva adorava. At 7.59; I Co 1.2;
C. Pelos ofícios divinos que as Escrituras lhe atribuem
1. Criador do Universo. Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.10;
2. Preservador de tudo. Hb 1.3; Cl 1.17;
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3. Perdoador de pecados. Mc 2.5,10-11;
4. Juiz de vivos e de mortos. Jo 5.22-23; At 17.31; II Tm 4.1;
5. Doador da Vida Eterna. Jo 17.2; 10.28
D. Pelo cumprimento em Cristo no Novo Testamento, as afirmações do Antigo Testamento a respeito
de Jeová. Sl 102. 24-27 com Hb 1.10-12; Is 40.3- com Lc 1.68-69,76; Jr 17.10 com Ap 2.23.
E. O Filho de Deus
1. Jesus é identificado como o Filho de Deus. Mt 14.33; 16.16; Lc 8.28
2. O Filho de Deus é Deus.5[11] Jo 5.18; I Jo 5.20
A Divindade do Filho é totalmente sustentada pela Bíblia e como pessoa integrante da triunidade de
Deus, qualquer ensino contrário a isto é herético e portanto anticristão.
A Pessoa de Cristo
O Filho é verdadeiramente Deus e verdadeiramente humano; são duas naturezas distintas que formam
uma única pessoa.
A. Unidade indivisível da pessoa de Cristo: o próprio nome Filho de Deus reúne essa unidade.
1. Cristo agia como uma única pessoa. Mt 16.13-17; Jo 8.58;
2. A sede desta unidade estava na sua natureza divina.6[12] Hb 13.8; I Co 15.47
B. União das duas naturezas (ou união hipostática)7[13] Hb 1.2-3; Jo 1.1-3,14,18.
Significa que embora as naturezas sejam distintas elas formam uma unidade, não sendo o Filho
dividido ou partido em duas pessoas, mas um e o mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo e Senhor Jesus Cristo.
C. O Caráter dessa Pessoa:
1. Santo: At 3.14; 13.35; Hb4.15;
2. Justo: At 3.14; 7.52;
3. Amoroso: Jo 11.36; 13.1; 15.9; Ef 5.2,25
4. Misericordioso: Mt 9.35-38; 23.37; Hb 2.17.
O Filho tem duas naturezas indivisíveis e distintas, unidas hipostaticamente (numa só substância) que
formam a Segunda pessoa da Deidade.
A Morte de Cristo
O evento da morte de Cristo marca o plano de Deus na história da humanidade. Só alguém
verdadeiramente humano poderia morrer.
A. Sua Importância:
Cristo mesmo estava intimamente relacionado com ela, sendo esta morte a conexão vital com a
encarnação cumprindo assim o lugar proeminente que lhe é dado nas Escrituras. Lc 9.30-31; 24.27,44; Hb
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2.14; I Co 15.1,3-4; Ap 5.8-12. Ele não foi apenas um mártir. Não morreu apenas fisicamente, mas
animicamente.
B. Sua Necessidade:
Ele precisou morrer para cumprir o propósito eterno de Deus e obedecer Sua vontade, para cumprir as
profecias e compartilhar a Vida Eterna com os pecadores. Ap 13.8; I Pd 1.19-20; Mt 26.38-39,42,44, 52-54;
Jo 3.14-15.
C. Sua Natureza:
1. O que não foi a morte de Cristo:
Há várias teorias, as quais tentem tirar o verdadeiro significado da morte de Cristo tais como: a teoria
de apenas um grande mártir, a de apenas um exercício de influencia moral, a governamental e a teoria do
amor de Deus.
2. O que foi a morte de Cristo:
a) Predeterminada: planejada com antecedência. At 2.23; I Pd 1.18-20
b) Foi voluntária. Jo 10.17-18
c) Vicária: em favor de outros. I Pd 3.18; I Co 15.3; Rm 4.25
d) Foi sacrificial. I Co 5.7
e) Foi expiatória: isto significa que foi uma anulação da culpa ou remoção do pecado por meio da
interposição meritória de Cristo. Gl 3.13
f) Propiciatória. I Jo 4.10; Rm 3.25
g) Redentora. Gl 4.4-5; Mt 20.28
h) Foi substitutiva. II Co 5.21; I Pd 2.24
D. O Alcance de Sua Morte
1. A expiação é suficiente para todos. Jo 1.29; I Tm 2.6; 4.10; Hb 2.9; I Jo 2.2
2. É eficiente para a salvação de todos que crêem. Jo 1.12
3. É eficiente para o juízo dos incrédulos. Jo 3.18; 16.9
A morte de Cristo possibilitou a reconciliação de todas as coisas, nos céus e sobre a terra. (Cl 1.19-20).
A Ressurreição
Cristo ressuscitou com muitas provas incontestáveis e infalíveis, este ensino é imprescindível para todo
aquele que tem fé em Jesus, pois sem ela não há razão para nossa fé (I Co 15.3-8). Só alguém que fosse
verdadeiramente Deus poderia ressuscitar.
A morte de Cristo foi um ponto baixo de sua humilhação a ressurreição foi o ponto alto de sua
exaltação. Portanto, ela foi corpórea e singular, manifestada de forma gloriosa. I Co 15; Mt 28.5,8-9; Jo
20.1-10,19,26-29; At 1.1-3;
A ressurreição possibilitou a vitória sobre o pecado e a morte, e resultou em transformação de vida
naqueles que creram.
Sua Ascensão
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Cristo ascendeu aos céus em seu corpo de ressurreição, foi testemunhado pelos irmãos antepentecostais
e é um ensino claro das Escrituras. Lc 24.50-51; At 1.6-11; Além de Cristo tê-la predito. Jo 6.62; 20.17
A exaltação de Cristo segue-se a sua ascensão embora sejam dois ensinos separados estão intimamente
ligados. Na exaltação Cristo assumiu sua glória total. Fl 2.9-11; 3.21; Hb 2.9; Ap 1.12-18. E subindo ao
alto levou cativo o cativeiro. Ef 4.7-10.
Sua Volta
Cristo prometeu voltar para buscar os Seus. Jo 14.1-3; Mt 24.44; Lc 12.40; 18.8 – Mais detalhes serão
tratados no módulo Escatologia, ou doutrina das últimas coisas.
Capítulo II
CRISTO NA HISTÓRIA
Poucos personagens históricos exerceram sobre a história uma influência comparável à de Jesus Cristo.
Qualquer que seja a óptica religiosa, filosófica ou política que define sua imagem — a de Filho de Deus, a de
moralista sonhador ou a de revolucionário —, o fato é que Jesus produziu uma das alterações mais profundas
já ocorridas na civilização e levou a uma visão radicalmente nova do mundo e da humanidade.
Jesus Cristo, ou Jesus de Nazaré, nasceu em Belém da Judéia, provavelmente entre os anos 6 e 7 a.C. O
aparente paradoxo se deve a um erro de datação atribuído ao monge Dionísio o Pequeno, encarregado pelo
papa, no século V, de organizar um calendário. O dia 25 de dezembro foi fixado no ano 440 da era cristã
como data do nascimento de Cristo com o fim de cristianizar a festa pagã realizada naquele dia.
Para os cristãos, Jesus Cristo é o filho de Deus e a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que veio ao
mundo para pregar o Evangelho, palavra de origem grega que significa boa-nova. Condenado à morte na
cruz pelo governador romano Pôncio Pilatos, ressuscitou no terceiro dia e ascendeu aos céus, depois de haver
deixado a seus discípulos a missão de difundir sua doutrina por todo o mundo, até a consumação dos séculos.
Fontes históricas
As referências históricas à existência de Jesus Cristo revelam diferenças segundo sua procedência seja
cristã ou não cristã.
Fontes cristãs. O principal testemunho cristão sobre Jesus são os quatro evangelhos canônicos.
Resumem cada um a sua maneira, a catequese oral dos primeiros decênios do cristianismo sobre a pessoa, as
palavras e as obras de Jesus. Relatam também as reações de seu povo: muitos acreditaram nele, outros não o
compreenderam e o rejeitaram. Esses escritos básicos da fé cristã coincidem entre si e com muitos pontos do
testemunho de outros historiadores da época.
Os quatro Evangelhos foram escritos originalmente em grego, se bem que o de Mateus pode provir de
um texto anterior, em aramaico. Parece certo que os evangelhos sinópticos foram escritos antes do ano 70, e
o de João em finais do século I. Neles fica manifesta a diferente personalidade de seus autores, embora
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tenham um ponto comum, pois, superpondo-se os quatro Evangelhos, neles se encontra uma "imagem única"
na história: a do judeu que supera o judaísmo, a do homem que ultrapassa a humanidade e a do Homem-
Deus, Jesus de Nazaré, protagonista e herói de uma narração que não é quádrupla mas única.
Os evangelhos canônicos não foram as únicas narrativas cristãs sobre a vida de Jesus. Escreveram-se
muitas outras, não reconhecidas por nenhuma igreja cristã e de características geralmente mais fantásticas,
agrupadas sob o nome de evangelhos apócrifos -- segundo a terminologia católica -- ou pseudo-apócrifos --
para os protestantes.
Fontes não-cristãs
Entre as fontes não-cristãs, destaca-se a do judeu Flávio Josefo, historiador da corte romana de
Domiciano, que se referiu à morte de são João Batista em termos que coincidem substancialmente com o
relato evangélico. Menciona também o martírio de Tiago, "irmão daquele Jesus que é chamado Cristo".
Outras passagens de Flávio Josefo, que se referem também aos milagres e à ressurreição, devem-se
provavelmente a uma interpolação cristã posterior.
O maior dos historiadores romanos, Tácito, também mencionou a figura de Cristo, ao referir-se ao
incêndio de Roma. Nero, para desculpar-se, atribuiu o incêndio aos cristãos, cujo nome, afirma Tácito, "lhes
vem de Cristo, o qual, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício ...".
A tradição judaica recolhe também notícias acerca de Jesus. Assim, no Talmude de Jerusalém e no da
Babilônia incluem-se dados que, evidentemente, contradizem a visão cristã, mas que confirmam a existência
histórica de Jesus de Nazaré.
Vida de Jesus
O nome Jesus Cristo é composto da versão grega de dois nomes hebraicos: Jesus, de Joshua, que
significa salvador; e Khristós, de Masiah, isto é, messias.
No tempo de Jesus, a nação judaica se encontrava numa situação de desgarramento e impotência.
Situada numa zona de tensão entre os grandes impérios do mundo oriental, perdeu sua independência política
desde o exílio da Babilônia, no fim do século VI a.C., e foi dominada por outros povos até que, depois de um
breve período de independência, caiu em poder de Roma em 63 a.C. Com a morte de César, Herodes I o
Grande conseguiu ser nomeado "rei dos judeus", sob protetorado romano. Seu reino foi dividido pelos
romanos depois de sua morte, e Herodes Antipas ficou com a Galiléia e a Peréia. À época do nascimento de
Jesus, a Galiléia era um conhecido foco da resistência judia contra Roma.
Nascimento e infância. Jesus nasceu em Belém, cidade da Judéia meridional, nos últimos anos do
reinado de Herodes o Grande. Sua mãe Maria, era casada com José, carpinteiro de Nazaré, na Galiléia.
Ambos haviam ido a Belém por causa de um recenseamento.
Herodes soube do nascimento de Jesus, considerado pelos magos como a chegada daquele que deveria
ser o "rei dos judeus", ordenou uma matança de todas as crianças "em Belém e no seu território, todos os
meninos de dois anos para baixo" (Mt 2:16). Mas José, pai terreno de Jesus, advertido em sonhos por um
anjo, tomou o menino e sua mãe durante a noite e retirou-se para o Egito, onde permaneceu até a morte de
Herodes.
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Doutrina II - Cristologia
Com a morte de Herodes o Grande, José decidiu regressar com sua família e estabeleceu-se em Nazaré.
Essa pequena aldeia achava-se num entroncamento de caminhos e era cruzada pelas caravanas que viajavam
para o Oriente. Nela cresceu Jesus junto a Maria e José, a quem ajudava em seu trabalho artesanal.
Com relação à chamada "vida oculta" de Jesus, a referência mais explícita é a de Lucas, que menciona a
visita da família a Jerusalém quando Jesus tinha 12 anos. Julgando que o menino estivesse na caravana, seus
pais voltaram e andaram durante todo o dia, até que se decidiram a voltar a Jerusalém. Depois de três dias de
busca, encontraram-no entre os doutores do Templo, ouvindo-os e interrogando-os. Todos quantos o ouviam
ficavam impressionados com sua inteligência. "Ao vê-lo, ficaram surpresos, e a mãe lhe disse: 'Meu filho,
por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos.' Ele respondeu: 'Por que me
procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?" (Lc 2:48-49).
Quanto aos anos que mediaram entre esses acontecimentos e a vida pública de Jesus, o próprio Lucas
limita-se a concluir: "Desceu então com eles para Nazaré, e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, conservava
a lembrança de todos estes fatos em seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e diante dos homens." (Lc 2:52-53).
Vida pública. Costuma-se distinguir, na vida pública de Jesus, um primeiro período de "preparação".
Os acontecimentos dessa época tiveram lugar no lapso compreendido entre o outono do ano 27, de acordo
com os cálculos mais plausíveis, e a Páscoa do ano seguinte, e desenrolaram-se na Judéia e na Galiléia.
Ainda de acordo com Lucas, Jesus tinha então cerca de trinta anos.
Na Judéia, encontrava-se João Batista, filho de Zacarias e parente de Jesus, que em toda a região do
Jordão pregava o batismo de penitência para o perdão dos pecados. Jesus foi a seu encontro para também ser
batizado, mas João, que o reconheceu como Messias, queria impedi-lo, dizendo: "Eu é que tenho necessidade
de ser batizado por ti e tu vens a mim?" (Mt 3:14). Os três evangelhos sinópticos relatam que, no momento
do batismo de Jesus, abriu-se o céu e desceu sobre Jesus o Espírito Santo sob a forma de uma pomba, ao
mesmo tempo em que uma voz proveniente das alturas dizia: "Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo".
Dentro do período de preparação contam-se o jejum no deserto, durante quarenta dias e quarenta noites;
o testemunho de João Batista aos sacerdotes vindos de Jerusalém: "No meio de vós está alguém que não
conheceis, aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália." (Jo 1:26-
27); e o episódio das bodas de Caná, primeira manifestação do poder divino de Jesus Cristo.
O primeiro ano da vida pública de Jesus foi assinalado por vários acontecimentos notáveis: a primeira
expulsão dos mercadores do templo; o colóquio de Cristo com Nicodemos, notável fariseu, ao qual
manifestou-se como Filho de Deus e anunciou sua morte na cruz; a prisão de João Batista; e o episódio da
conversa com a mulher samaritana -- os judeus não se relacionavam com os samaritanos -- considerado pelos
exegetas como um prenúncio da universalidade ecumênica do cristianismo.
Passou depois Jesus da Samaria à Galiléia, e ali deu começo a sua pregação. Rejeitado em Nazaré --
"nenhum profeta é bem recebido em sua pátria", disse Jesus na sinagoga --, transferiu-se para Cafarnaum, às
margens do lago Tiberíades ou mar da Galiléia. Foi ali que aconteceu a "pesca milagrosa" e a vocação dos
quatro primeiros apóstolos: Simão (Pedro), seu irmão André e os filhos de Zebedeu, Tiago e João. Esses
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Doutrina II - Cristologia
quatro, mais Filipe e Natanael, haviam sido discípulos de João Batista, que lhes indicou Jesus como "o
cordeiro de Deus" (Jo 1:29,35). Realizou nessa época vários milagres, entre eles o do paralítico de
Cafarnaum, mencionado nos evangelhos sinópticos.
Durante o segundo ano de sua vida pública, Jesus completou o número dos 12 apóstolos, todos eles
galileus. Também teve lugar por essa época o sermão da montanha ou das bem-aventuranças, um dos pontos
mais altos da vida de Jesus (Mt 5-7; Lc 6). Nesse período foram narradas algumas das mais notáveis
parábolas, com as quais Jesus transmitia sua doutrina ao povo, aos sacerdotes e a seus seguidores.
A partir de então, os acontecimentos se precipitaram. Herodes Antipas deu morte a João Batista, e teve
lugar a multiplicação dos pães e dos peixes diante de cinco mil pessoas. Em seu terceiro ano de vida pública,
Jesus ensinou no templo de Jerusalém e deu testemunho de si mesmo como a "luz do mundo" e o "bom
pastor". Diante de Pedro, Tiago e de João, realizou o prodígio da transfiguração. Foi também nesse período
que ressuscitou Lázaro e, por fim, na sua última Páscoa, entrou triunfante em Jerusalém.
Paixão e morte. A paixão de Jesus, desde a última ceia até a crucifixão e morte, é minuciosamente
relatada pelos quatro evangelistas. Aprisionado no horto de Getsâmani, Jesus foi levado ante Anás, que era
"pontífice naquele ano", e logo ante Caifás, o príncipe dos sacerdotes, com quem se haviam reunido os
escribas e os anciões. Mais tarde, foi conduzido à residência do governador romano, Pôncio Pilatos, que o
remeteu a Herodes Antipas. Por um gesto político de Herodes, foi devolvido a Pilatos, que, embora "não
achasse delito nenhum" em Jesus, depois de fazê-lo açoitar, cedeu à pressão dos chefes de Israel e de uma
multidão incitada por eles, e pronunciou a sentença da condenação de Jesus à morte na cruz, depois de
declarar-se inocente de seu sangue.
De acordo com as leis romanas, Jesus foi flagelado e teve que carregar a cruz até a colina do Calvário.
Ali foi crucificado junto com dois malfeitores comuns. Não se sabe o lugar exato em que se cumpriu a
sentença, pois a destruição de Jerusalém no ano 70 arrasou todo possível vestígio. No momento da morte de
Jesus, de seus seguidores só permaneciam mulheres e João, o evangelista. José de Arimatéia e Nicodemos
pediram o corpo de Jesus e o enterraram no horto do primeiro. Na manhã do terceiro dia da morte de Jesus, o
sepulcro apareceu vazio. Os relatos, diferentes em seus detalhes, coincidem em que a tumba foi encontrada
vazia e que Jesus apareceu a várias pessoas e falou com elas. De acordo com Lucas, comeu um pedaço de
peixe à vista dos discípulos assustados. Segundo os Atos dos Apóstolos, Jesus continuou assim a ensinar aos
discípulos, em aparições ocasionais, durante quarenta dias após a ressurreição. Depois foi "elevado ao céu".
Essa ascensão simboliza a vitória definitiva do Cristo sobre a morte, e seu poder universal. Não contradiz a
promessa do ressuscitado: "E eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos." (Mt
28:20).
Mensagem e significado. Para os cristãos, Jesus é Deus feito carne, a personificação da verdade, a
revelação e o cumprimento das promessas de Deus. Mas Jesus era também homem, e por isso seus
ensinamentos eram dotados de uma profunda preocupação com a realidade temporal da humanidade. Assim,
Jesus honrou como divina a lei contida no Antigo Testamento, mas ensinou aos discípulos que se
concentrassem nos dois preceitos fundamentais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Seu nascimento, morte
e ressurreição significavam o início do reino de Deus, que deveria ser, acima de todo esforço humano, um
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Doutrina II - Cristologia
desígnio divino. Assim, os ensinamentos de Jesus podem ser resumidos em dois pontos fundamentais: a
exortação a uma vida justa e piedosa e a exaltação da onipotência divina como instância superior aos atos
humanos.
A importância teológica da humanidade de Cristo foi enfatizada por santo Agostinho de diversas
formas: a humanidade de Jesus Cristo mostrava como Deus elevava o humilde; indicava a conexão entre a
natureza física dos homens e a natureza espiritual; e era a fundação de uma humanidade renascida, criada de
novo em Cristo como o fora a antiga em Adão. Posteriormente, a tendência de diversas heresias a enfatizar o
caráter humano de Cristo fez com que as diferentes igrejas cristãs tendessem sobretudo, sem esquecer o
aspecto humano, a ressaltar a divindade de Jesus. Mas a fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, implica a
aceitação do mistério de sua dupla natureza, divina e humana, que não se confundem mas estão
indissoluvelmente unidas.
Capítulo III
O SALVADOR DO MUNDO
Alexander (Mileant)
O Filho Unigênito e Encarnado de Deus, o Senhor Jesus Cristo, é o Salvador da humanidade. Pela
vontade de Deus Pai e por piedade a nós, pecadores, Ele veio ao mundo tornando-se humano. Pela Sua
palavra e pelo Seu exemplo passou a ensinar como era necessário crer e viver para tornar-se justo e digno do
cognome de Filho de Deus, e fazer parte da Sua vida eterna, repleta de graças. Para nos purificar dos pecados
e vencer a morte, Ele morreu na cruz e ressuscitou no terceiro dia. Agora, como Deus-homem, encontra-se
nos céus, ao lado do Pai. Jesus Cristo é o chefe do Reino de Deus, por Ele criado, que é a Igreja, na qual se
salvam os que crêem, guiados e fortalecidos pelo Espírito Santo. Antes do final do mundo, Jesus Cristo
retornara à terra, para julgar os vivos e os mortos. Então virá o Seu Reinado de Glória, o paraíso, onde os
redimidos alegrar-se-ão eternamente. Assim foi vaticinado e nós acreditamos que assim será.
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Doutrina II - Cristologia
Os Santos Apóstolos, quando escreveram a vida e os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, não
citaram quaisquer características sobre sua aparência. Para eles, o importante era fixar os seus ensinamentos.
Na Igreja Oriental existe a crença sobre o ícone do rosto do Salvador. De acordo com ela, o artista
enviado pelo rei Avgar tentou várias vezes, sem sucesso, retratar a face de Jesus. Então Jesus chamou o
artista, pegou sua tela e ao encostá-la contra Sua face, nesta ficou impressa a Sua imagem. Tendo recebido
esta imagem de seu artista, o rei Avgar curou-se de lepra. A partir daí, esta milagrosa imagem do Salvador
tornou-se famosa na Igreja Oriental e dela se faziam várias cópias. Existem registros sobre a imagem original
em relatos do historiador armênio Moisés Xorenski, do historiador grego Evaghi e de São João Damasceno.
Na Igreja Ocidental existe a crença da imagem de Santa Verônica, a qual teria dado um pano a Jesus
quando Este se dirigia ao Gólgota, para que Ele limpasse o suor de Seu rosto. Neste pano teria ficado a
imagem de Seu rosto e, posteriormente, este pano teria sido levado ao Ocidente.
Na Igreja Ortodoxa é hábito representar o Salvador em ícones e afrescos. Estas representações não têm
por objetivo retratar fielmente a Sua aparência. Elas servem para lembrar, simbolicamente, elevando nosso
pensamento para Aquele que está representado. Visualizando a imagem do Salvador, tencionam lembrar-se
de Sua vida, de Sua paixão, de Seus milagres e ensinamentos.
A imagem do Salvador também está registrada no "Sudário de Turim." Um lençol que teria servido de
mortalha para o corpo de Jesus retirado da Cruz. Visualizar a imagem registrada no Sudário se tornou
possível em tempos relativamente recentes, com o auxílio da fotografia e da tecnologia dos computadores.
As imagens obtidas com estas tecnologias possuem uma espantosa semelhança com alguns antigos ícones
bizantinos (estas semelhanças, às vezes, atingem 45 ou até 60 pontos, o que na opinião dos especialistas não
pode ser considerado casualidade). Estudando o Sudário de Turim os especialistas concluíram que nele está a
imagem em negativo de um homem de cerca de 30 anos, com uma altura de 1,81cm e de grande complexão
física (o que é muito mais que a média de seus contemporâneos).
Vida Cristã
Nas "bem-aventuranças" (Mateus cap. 5) Jesus traçou o perfil de uma vida cristã. Ela deve ser
fundada na humildade, arrependimento, caridade, pureza de sentimentos, paz e na crença em Deus. Com as
palavras "Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus" Jesus chama o homem à
humildade, o reconhecimento de sua pecaminosidade e de sua fraqueza espiritual.
A humildade é a base da salvação do gênero humano. Da humildade deriva o arrependimento - o
reconhecimento de suas faltas, e "Bem-aventurados os que choram, pois eles serão consolados" - receberão o
perdão e a paz de espírito. Obtendo a paz de espírito, o indivíduo torna-se pacífico e amante da paz. "Bem-
aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra." Receberão aquilo que nos é tirado por indivíduos
agressivos e ímpios. Purificando-se pelo arrependimento, o homem tem necessidade da verdade e da
caridade. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles serão saciados," ou seja, com a
ajuda de Deus eles a receberão. Sentindo a graça de Deus em si, o indivíduo começa a percebê-la em seus
semelhantes. "Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia." O misericordioso
purifica-se do pecaminoso sentimento de avareza pelos bens materiais, quando é tocado pelo amor de Deus,
como um raio de luz solar atinge o fundo de um lago de águas plácidas. "Bem-aventurados os limpos de
coração, pois eles verão a Deus." Esta luz dá ao homem a sabedoria necessária para conduzir espiritualmente
seus próximos, deixando-os em paz consigo mesmos, com seu próximo e com seu Criador. "Bem-
aventurados os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus." O mundo ímpio não suporta a
conduta dos justos e levanta-se contra eles. Mas nada deve-se temer, pois "Bem-aventurados os que sofrem
perseguição em nome da justiça, porque deles é o reino dos céus."
No sermão da montanha (Mateus 5 a 7), Jesus nos ensina a não sermos vingativos, a vencer a ira, a
sermos justos, sábios, a perdoar nossos inimigos, a buscarmos o sentimento de verdade que existe em nosso
coração; explica como devemos dar esmolas, jejuar e orar, para que estas obras sejam aceitas perante Deus.
A seguir, chama-nos a confiar em Deus e a não julgar nosso próximo e a praticar a caridade constantemente.
Cristo ensinava que não devemos nos afeiçoar aos bens terrenos, pois "de que vale ao homem
conquistar todos os tesouros da terra e perder sua alma" (Marcos 8:36-37); pois a pessoa que se dedica ao
enriquecimento material acaba afastando-se de Deus, pois "onde estão teus tesouros, lá está teu coração"
(Lucas 12:34). Estar em comunhão espiritual com Deus: esta é a maior graça que podemos ter. Por isto
Cristo diz: "Buscai primeiro o reino dos céus e a sua justiça e todas estas coisas serão acrescidas." Falando
sobre o valor espiritual do reino de Deus, Jesus Cristo, em uma de suas parábolas, comparou-o à uma pérola,
pela qual um esperto mercador vendeu todos os seus bens para poder adquiri-la (Mateus 13:45-46).
21
Doutrina II - Cristologia
A salvação da alma deve ser a principal preocupação do homem. O caminho da purificação espiritual
costuma ser árduo. Por isso, "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que
conduz à perdição e muitos são os que entram por ela" (Mateus 7:13-14). As provações terrenas devem ser
aceitas com resignação pelo homem como sua cruz: "Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si
mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me" (Mateus 16:24), em realidade, "o reino dos Céus adquire-se à
força e os que se esforçam apoderam-se Dele (Mateus, 11:12). É de fundamental importância invocar a ajuda
de Deus para que nos auxilie e nos ilumine nesta jornada: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o
espírito na verdade, está pronto, mas a carne é fraca... na vossa paciência salvai vossas almas" (Marcos
14:38; Lucas 21:19).
Tendo vindo ao mundo em função de Seu infinito amor por nós, o Filho de Deus ensinava seus
seguidores a colocar o amor como fundamento de sua vida, dizendo: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento; e o
segundo, semelhante a este é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende
toda a lei e os profetas" (Mateus 22:37-39). O Meu mandamento é este: "Que vos ameis uns aos outros,
assim como Eu vos amei" (João 15:12).
O amor ao próximo deve ser externado pela caridade: "Quero misericórdia e não sacrifícios." Falando
sobre a cruz, o sofrimento e o caminho estreito, Cristo nos fortalece com sua promessa: "Vinde a Mim, todos
os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que
Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave
e o Meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30). Tanto as bem-aventuranças quanto todos os ensinamentos do
Salvador são cheios de fé na vitória do bem sobre o mal e na alegria do reino de Deus. "Alegrai-vos e exultai,
porque é grande a vossa recompensa nos céus" (Mateus 5:12). "Eu estarei com vocês até o fim dos tempos"
(Mateus 28:20), e promete que todo aquele que crê Nele não perecerá, mas receberá a vida eterna (João
3:15).
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Doutrina II - Cristologia
Resumindo o que foi colocado acima, temos que dizer que a fé na Divindade de Cristo não se pode
fixar em nossos corações com versículos e fórmulas. Aqui, há de se ter fé pessoal, a iniciativa da força de
vontade. Como há quase dois mil anos, assim será até o fim do mundo: para muitos Jesus será pedra no
caminho e rocha que os sucumbirá, para que sejam revelados os pensamentos de muitos corações (1 Pedro
2:7; e Luc. 2:35). Foi a vontade de Deus que por meio da relação com Cristo, se descubra a vontade de cada
pessoa. E o que "foi escondido dos sabios e estudiosos, foi revelado a cada criança."
O objetivo deste artigo não é provar que Jesus é Deus. Isto não se pode provar, como muitas outras
verdades da fé. O objetivo é ajudar ao cristão a entender a sua própria fé e contar com argumentos para
defender suas crenças das heresias.
Então, Jesus Cristo é Deus ou homem? Ele é Deus-Homem. Nossa fé tem que fortalecer-se nesta
crença.
APÊNDICE A
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Doutrina II - Cristologia
Amós Divino Lavrador
Obadias O nosso salvador
Jonas A nossa Ressurreicão e Vida
Miquéias A Testemunha contra as nações rebeldes
Naum A Fortaleza no dia da angústia
Habacuque O Deus da nossa salvação
Sofonias O Senhor Zeloso
Ageu O Desejado de todas as nações
Zacarias O Renovo da Justiça
Malaquias O Sol da Justiça
Mateus O Messias Prometido
Marco O Servo de Deus
Lucas O Filho do Homen
João O Filho de Deus
Atos O Senhor Redivivo
1 Corintios O Senhor Nosso
2 Corintios A nossa Suficiência
Gálatas O nosso Libertador do jugo da lei
Efésios O nosso Tudo em todos
Filipenses A nossa Alegria
Colossenses A nossa Vida
1 Tessalonicenses Aquele que há de vir
2 Tessalonicenses O Senhor que vai voltar
1 Timóteo O nosso Mestre
2 Timóteo O nosso Exemplo
Tito O nosso Modelo
Filemon O nosso Senhor e Mestre
Hebreus O nosso Intercessor junto ao trono de Deus
Tiago O nosso Modelo singular
1 Pedro A Preciosa Pedra Angular da nossa fé
2 Pedro A nossa Força
1 João A nossa Vida
2 João A nossa Verdade
2 João O nosso Caminho
Judas O nosso Protetor
Apocalipse O nosso Rei Triunfante
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Doutrina II - Cristologia
APÊNDICE B
Sec. I – Ebionitas (ano 66 até IV Séc. AD). Não admitiam a preexistência de Cristo nem sua
divindade. Era um homem comum sobre o qual repousava o Espírito Santo. O motivo era tentar salvar o
monoteísmo.
Sec. II – Docetismo (ano 70 a 170 AD). Gr. Dokéu, aparecer. Cristo tinha apenas uma natureza
divina. Sua humanidade era aparente, não real, uma ilusão ou Teofania. Não tinha corpo nem vida humana
real. Um ser puro não pode estar unido à matéria inerentemente má. Dualismo pagão dentro da igreja.
Séc. III – Adocianismo (Paulo de Samosata + 260 AD). O homem Jesus, filho de Maria, recebeu o
Logos no Batismo pelo Espírito Santo. Foi preservado do pecado e por isso, como receptáculo da graça de
Deus passou a ter a mente e a vontade do Pai. Idéia semelhante foi também defendida por Teodoro de
Mopsuéstia, bispo na Silícia (+ 428), condenado em 553 AD como Nestoriano em Constantinopla.
Séc. IV – Arianismo – (Ário, presbítero em Alexandria, Egito 256-336 AD). Jesus foi criado pelo Pai,
embora o ser mais exaltado da criação. Chamá-lo de Deus só metaforicamente. Foi intermediário como
Verbo de Deus na Criação. Após a morte de Ário, surgiu o semi-arianismo e várias subdivisões onde se
admitia até a eternidade de Jesus como ser não criado, porém não da mesma essência que o Pai, porém
semelhante e a Ele subordinado. Foi condenado em Nicéia na Bitíno ano 325 AD.
Séc. IV Apolinarianismo – (Apolinário) Grande escritor do IV séc. AD (C310 AD). Nega a
humanidade de Jesus e cai num meio-docentismo. Condenado em Alexandria em 362 AD.
Séc. V - Nestorianismo – (Nestório) Grande orador + 451 AD. Rejeitava a expressão Theotokos para
Maria que considerava blasfêmia a Criatura gerar o Criador. As naturezas em Cristo são separadas. A união
é apenas moral. Duas pessoas. Condenado em Éfeso 431 AD.
Séc. V - Eutiquianismo – (Eutiques) Condenado em Éfeso 431 AD e em Calcedônia 451 juntamente
com o Nestorianismo. O eutiquianismo rejeitava a distinção entre as duas naturezas de Jesus. Há união entre
ambas formando uma terceira nem divina e nem humana. O corpo humano era deificado. Havia uma fusão.
Monofisismo. Em Calcedônia foi estabelecida a Cristologia ortodoxa da igreja cristã ―vere Deus et vere
homo‖ numa só pessoa.
Séc. VII - Monofisismo e Monotelismo – (649 AD). O monotelismo, reedição mais branda do
monofisismo juntamente com este foi condenado no Concílio de Latrão (649). Ensinava a fusão da vontade
em Cristo numa só. Em 680 AD, em Constantinopla, o monofisismo tornou a ser condenado.
Nos séculos seguintes o monofisismo, adocinianismo e docetismo foram reeditados.
Séc. XVI – Lutero endossou as decisões de Nicéia e Calcedônia. Destacava a presença real de
Cristo na eucaristia (ceia). Desenvolveu sua Communicatio Idiomatum na qual advogava a comunicação de
atributos ou propriedades entre as naturezas insistindo na onipresença da natureza humana de Jesus. Foi
acusado de monofisismo: Jesus não precisaria dos dons do Espírito Santo (não teria sentido) e o
desenvolvimento humano de Cristo conforme a Bíblia não subsiste.
34
Doutrina II - Cristologia
Calvino – dava ênfase na separação das naturezas. Rejeitou a ubiqüidade de Lutero. Chegou a ser
acusado de Nestorianismo. Tanto Lutero quanto Calvino professavam crer na confissão de Calcedônia e na
Cristologia bíblica. Suas ênfases deram lugar às acusações mencionadas.
Séc. XVI Socinianismo – ―A doutrina religiosa de Lélio (1525-1562) e Fausto (1539- 1604) e
Sócino de Sena, que exerceu sua influência especialmente na Polônia e que compreende principalmente os
seguintes pontos:
1. Negação do dogma trinitário; 2. A negação do pecado original e da predestinação; 3. A negação
do valor das obras e da necessidade da mediação eclesiástica; 4. O apelo à Bíblia como meio único de
salvação; 5. O recurso à razão como único instrumento para a interpretação autêntica da Bíblia. O
Socinianismo difundiu-se não só na Polônia mas ainda na Holanda e na Inglaterra; mas sua influência foi
enorme sobre toda a cultura liberal moderna.‖
ABBAGDANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Ed. Mestre Jou. S. Paulo. S.P.
―Socinianismo‖.
O Socinianismo enfatizava a humanidade e negava a divindade de Jesus e nutria hostilidade à
doutrina das duas naturezas em Cristo.
J
ESUS
HERESIAS CRISTOLÓGICAS ATRAVÉS DOS SÉCULOS
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Doutrina II - Cristologia
Socinianismo XVI Afirmada Negada
APENDICE C
OS CONCÍLIOS CRISTOLÓGICOS
Em Éfeso, como em Nicéia, o problema era como entender a divindade de Jesus Cristo. Mas essa
questão foi vista sob perspectivas opostas num e noutro concilio. Em Éfeso parte-se: Em que sentido e
de que modo o Filho de Deus se fez homem em Jesus Cristo? A questão, agora, é, diretamente com o
36
Doutrina II - Cristologia
Filho de Deus e não mais com o homem Jesus. De que forma ou modo o filho de Deus estava unido ao
homem Jesus? Estava em foco a unidade de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Nestório de Antioquia, depois patriarca de Constantinopla, ensinava que em Jesus Cristo existia
duas naturezas, que parecia referir-se a duas pessoas. Em pólo oposto, o bispo de Alexandria,
Cirilo, falava de uma só natureza em Jesus, Cirilo entendia a unidade da pessoa (hypostasis). Nestório
entendia que o Verbo de Deus não poderia ter sido gerado, como foi o homem Jesus Cristo e por
conseguinte, Maria não poderia ser chamada mãe de Deus, apenas mãe de Cristo. Nestório errou ao
imaginar dois sujeitos concretamente existentes e distintos: o verbo de Deus e Jesus Cristo.
No fundo nestório rejeita o realismo da encarnação. O docetismo reduzira a humanidade de Jesus
a simples aparência. Nestório, não. Ele declara aparente e irreal a humanização do Verbo de Deus. Para
Ele, real é a humanidade de Jesus. Que só aparentemente pertence ao verbo de Deus. Portanto o homem
Jesus não seria idêntico ao Verbo de Deus, nem o verbo teria se tornado homem em pessoa. O verbo
estaria presente e atuante no homem Jesus como num templo e agindo nele. Em outras palavras ele
separa Deus do homem. A morte de Jesus na Crus não é mais a morte do Filho de Deus.
Contra atacando, Cirilo de Alexandria argumenta que o filho de Deus, pessoalmente identificado
com Jesus, desceu, encarnou-se, fez-se homem, sofreu e ressuscitou e subiu ao céu. Para aclarar o
verdadeiro sentido da encarnação do filho de Deus (Jo 1.14), consiste em afirmar que o Verbo de Deus
uniu em si a humanidade de Jesus, segundo a ―hipóstase‖ .
Nenhuma definição dogmática emanou do Concílio de Éfeso (431). Mas foi lá que oficialmente foi
aprovada oficialmente a segunda carta de Cirilo a nestório. Esta marcou aquele Concílio.
O argumento soteriológica reforça a decisão de fé do Concílio de Éfeso, como ocorrera em Nicéia.
Enquanto lá qualquer redução da divindade de Cristo ou de sua humanidade ameaça a realidade de nossa
salvação na pessoa dele, em Éfeso o enfraquecimento do elo entre elas ameaçava suprimir a verdade da
mediação única do homem Jesus entre Deus e a humanidade.
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Doutrina II - Cristologia
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