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ICMS
IR
IPTU
ISS
TLP
EDUCAÇÃO FISCAL:
TRIBUTAÇÃO, ORÇAMENTO
E COESÃO SOCIAL
E S TA D O E
TRIBUTAÇÃO
Sumário
1. Introdução............................................................................................................................. 3
6. Referências......................................................................................................................... 51
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1. Introdução
Quando se fala da história e relatam-se fatos, normalmente, esquece-se e
desconsidera-se o alerta feito pelo arqueólogo e historiador francês Paul Marie
Veyne, segundo o qual “o perigo da história é que ela parece fácil, mas não é”. Ou
seja, a complexidade do passado e o poder de quem o relata convivem de uma forma
contraditoriamente harmoniosa, como se a verdade fosse aquela relatada e os fatos
correspondessem à singela descrição perpetuada pelos vencedores, os quais têm como
prêmio “contar a história”.
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Tome Nota
Todavia, não é possível falar do atual formato estatal sem estudar sua trajetó-
ria. Houve um longo caminho, até aqui percorrido, para que este modelo de
Estado pudesse alcançar o atual estágio de sofisticação. Faz-se necessário
examinar como se deu tal percurso, notadamente no sentido de reconhecer a
grandiosidade das ações sem descuidar dos grandes erros e atrocidades
cometidos. Se a história merece ser conhecida, é justamente para não repro-
duzir, no presente e no futuro, tudo aquilo que no passado revelou-se huma-
namente inaceitável.
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A Magna Carta Inglesa é aceita como a primeira das constituições de Estado, sendo
que ela surge com o objetivo de limitar o poder do soberano, notadamente o de tributar.
Ela funda os denominados direitos de primeira geração ou dimensão, os quais visam
especialmente a proteger a vida, liberdade e propriedade daqueles que mereciam o rótulo
de cidadão, não obstante esse estivesse restrito a parcela diminuta da população.
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https://www.youtube.com/watch?v=ZkrqIvHykog
https://www.youtube.com/watch?v=GFK8VulBI3I
1
Basta examinar o disposto no artigo 150 da Constituição Brasileira de 1988.
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Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/historiag/surgimento-burguesia.htm
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Fonte: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: sociedade & cidadania 8º. ano. ed. reformulada. São Paulo: FTD, 2012. p. 74.
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Crianças operárias
Fonte: http://www.zun.com.br/fotos/2012/08/Crian%C3%A7as-operarias.jpg
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Fonte: http://nrfacil.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/09/rev_3.jpg
Fonte: http://obviousmag.org/archives/uploads/2008/08030406_blog.uncovering.org_hine.jpgng.org_hine.jpg
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Importante
As primeiras manifestações
deste modelo de Estado podem ser
percebidas na Alemanha. O modelo
alemão enraíza-se no contrato de
trabalho, inaugurando o seguro
nacional compulsório e organizando
por categorias profissionais os
trabalhadores, contra o risco de
perda da capacidade de gerar renda:
por acidente, doença, invalidez ou
idade.2
2
KERSTENETZKY, Celia Lessa. O estado do bem-estar social na idade da razão: a reinvenção do estado social no
mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 5.
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Até 1900, nenhum dos países da Europa Central, exceto Alemanha e Suíça, havia
alcançado a marca correspondente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) destinados ao
gasto social público. Porém, a maioria deles já a tinha alcançado por volta de 1920. O
nível de 5% do produto é ultrapassado por quase todos por volta dos anos 1930.3
ABRANGÊNCIA/CONSEQUÊN-
DATA LOCAL AÇÕES
CIAS
3
Ibid., p. 16.
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$
posteriormente usado como subsídio para
doentes, desempregados, reformados e
viúvas.
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Vale lembrar, porém, que o termo Welfare State foi originalmente cunhado pelo
historiador e cientista político britânico Sir Alfred Zimmern, nos anos 1930. Estudioso
das relações internacionais, ele visava a registrar terminologicamente a evolução do
Estado britânico, em seu entender positiva, de um Power State (Poder do Estado - Estado
mais rígido) para um Welfare State (Estado de Bem-Estar Social).
Importante
4
Esteruelas, Cruz Martinez. La Agonía del Estado: ¿un nuevo orden mundial? Madrid: Laxes, S.L. Ediciones. p. 121.
5
KERSTENETZKY, Celia Lessa. O estado do bem-estar social na idade da razão: a reinvenção do estado social no
mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 1.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS
Geração dos Direitos (Noberto Bobbio, “A Era dos Direitos”)
Evolução Estado
Estado Liberal Estado Social
do Estado Social-democrático
Fique Ligado
Quanto aos direitos de primeira geração, é preciso relembrar que foi na Magna
Carta inglesa de 1215 que deles se tratou pela primeira vez.
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Importante
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Bonavides, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 343.
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Observe
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OST, François. O Tempo do Direito. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. p. 339.
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A junção dos dois fatores expostos anteriormente implica uma forte pressão nas
taxas de desemprego, haja vista que, mesmo com uma forte expansão econômica e
prosperidade generalizada, os países centrais da Europa não conseguiram que esse
processo econômico garantisse fontes de renda ao trabalho e níveis reduzidos de taxas
de desemprego.
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Dessa forma, conforme se verificavam novos riscos sociais, o Estado passou a ter
outras obrigações, além das mínimas, decorrentes dos novos riscos, como o desemprego
de longa duração, meio ambiente e necessidade de políticas públicas tendencialmente
capazes de diminuir as desigualdades sociais.
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CAUSA SINTOMA
longa duração.
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ROSANVALLON, Pierre. A Crise do Estado-Providência. Trad.: Joel Pimentel de Ulhôa. Goiânia: UFG; Brasília:
UnB, 1997. p. 25.
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1960
Crescimento do déficit público
A crise deste modelo de Estado não foi propriamente financeira, e sim ideológica.
É importante ressaltar que aquela crise não está relacionada apenas à questão da
estrutura de financiamento do Estado Social. Existem outros componentes importantes
nela, notadamente um abalo significativo nos laços de solidariedade que alicerçavam a
concepção de Estado Social de outrora.
Importante
9
MORAIS, José Luis Bolzan de. As Crises do Estado e da Constituição e a Transformação Espacial dos Direitos
Humanos. Porto Alegre: Liv. do Advogado, 2002. p. 41/42.
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ESTADO MERCADO
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Vale destacar que o próprio termo neoliberalismo sequer pode ser entendido como
adequado, uma vez que cria a equivocada impressão de que se está diante da reedição
do liberalismo clássico, o qual surgiu como uma afirmação da liberdade e da própria
igualdade formal, ante ao absolutismo reinante 10. Para fins deste curso, será utilizado o
termo que restou consagrado: neoliberalismo.
Importante
12
10
Como explica Maria Oliveira: “O liberalismo foi um movimento que surgiu no século XVII, com a Revolução Glo-
riosa (1688) da Inglaterra, tendo como seu ápice a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789).
O liberalismo identificou-se com a luta da burguesia contra os privilégios da nobreza, limitando os poderes do
rei, instituindo um conjunto de ideais defendidas pelos mais diferentes autores, tais como, Locke, Montesquieu,
Kant, Rosseau, Benjamim Franklin, David Ricardo, Jefferson, Bentham, Stuart Mill, Smith, Tocqueville e tantos
outros que influenciaram e subverteram a História da Humanidade”. Souza Oliveira, Maria José Galleno de. A
Globalização da Pobreza. In: Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, v.
99, 2004. p. 465.
11
DUPAS, Gilberto. Economia Global e Exclusão Social: pobreza, emprego, estado e o futuro do capitalismo. São
Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 111.
12
Ibid., loc. cit.
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O keynesianismo na atualidade
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Importante
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13
Souza Oliveira, Maria José Galleno de. A Globalização da Pobreza. In: Revista da Faculdade de Direito da Univer-
sidade de São Paulo – USP, São Paulo, v. 99, 2004. p. 465.
14
BUFFON, Marciano; MATOS, Mateus Bassani de. Da crise do Estado Social ao Pós-neoliberalismo: uma breve
história entre dois séculos. EOS – Revista Jurídica da Faculdade de Direito/Faculdade Dom Bosco. Núcleo de
Pesquisa do Curso de Direito. – V.V Nº 10 – ANO V (jul./dez. 2011) – Curitiba: Dom Bosco, 2007. p. 63-84. Dis-
ponível em: http://www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/revista_direito/10edicao/index.php. Acesso em: 01
abr 2014.
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15
Bouvier, Michel. Introduction au Droit Fiscal Général et à la theorie de l’ímpôt. 6. ed. Paris: LGDJ, 2001. p.
202/206.
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Conforme menciona Mizabel Derzi, “Robert Hall e Alvin Rabushka (The Flat Tax) sugerem substituir o imposto de
renda progressivo por um meramente proporcional”. DERZI, Misabel Abreu Machado. Pós-modernismo e Tribu-
tos: Complexidade, Descrença e Corporativismo. In: Revista Dialética de Direito Tributário. São Paulo: Oliveira
Rocha, n. 100, jan. 2004. p. 72. Isso constata-se no Brasil quando significativos atores sociais (políticos, econo-
mistas e tributaristas) sustentam a conveniência e a viabilidade de um Imposto único sobre a movimentação
financeira, ou quando defendem a inexistência de alíquotas progressivas para impostos, inclusive para o próprio
imposto sobre a renda.
17
Bouvier, Michel. Introduction au Droit Fiscal Général et à la theorie de l’ímpôt. 6. ed. Paris: LGDJ, 2001. p. 226.
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Isto tem sido objeto de intensos debates, a partir da crise que se iniciou em
2008 nos Estados Unidos e, paulatinamente, foi contaminando as economias
europeias, sobretudo a Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda e Itália. Essa crise,
que ainda não alcançou seu ponto definitivo de superação, está alimentando
discussões no campo da tributação. De um ponto de vista lógico, as soluções
propugnadas devem apontar caminhos diversos daqueles adotados até o
momento, especialmente no sentido de recuperarem-se mecanismos típicos
de um Estado de Bem-Estar Social keynesiano.
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Povo
+
Território ESTADO
+
Poder
DEMOCRÁTICO
DE DIREITO
SOCIOECONÔMICO
Finalidade CULTURAL
+
Meios de
realização
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Fonte: Creative Commons - CC BY 3.0 - Precariedade no atendimento leva Defensoria Pública a hospitais no Ceará
Sob a perspectiva da ordem econômica, está esculpido que a República tem por fim
assegurar a todos a existência digna, de acordo com os ditames da justiça social, e, entre
vários princípios, a redução das desigualdades regionais e sociais, como balizamentos
da livre iniciativa (art. 170).
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Importante
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CHULVI, Cristina Pauner. El Deber Constitucional de Contribuir al Sostenimiento de los Gastos Públicos. Madrid:
Centro de Estudios Políticos e Constituionales, 2001. p. 51.
23
ROBLES, Gregorio. Os Direitos Fundamentais e a Ética na Sociedade Atual. São Paulo: Manole, 2005. p. 121.
24
Como explica Bolzan de Morais, ao tratar do conceito de Estado Democrático de Direito: “E é este conceito que,
vindo estampado no texto constitucional (art. 1º) define os contornos do Estado brasileiro, a partir de 1988,
tendo-se presente que o constituinte nacional foi buscá-lo em Constituições produzidas em situações similares
à nossa, como é o caso da Constituição Portuguesa pós-Revolução dos Cravos e da Constituição Espanhola
seguinte à derrubada do regime franquista, ou seja, documentos legislativos produzidos no interior de processos
de redemocratização”. BOLZAN DE MORAIS, José Luis. Revisitando o Estado!: da crise conceitual à crise insti-
tucional (constitucional). In: Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado/Doutorado. São
Leopoldo: Unisinos – Centro de Ciências Jurídicas, 2000. p. 82.
25
GOMES CANOTILHO, José Joaquim. Constituição Dirigente e Vinculação do Legislador. 2. ed. Coimbra: Coim-
bra, 2001. p. 391.
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Todos os seres humanos são iguais em dignidade, ninguém pode ser tratado como
mero objeto. A dignidade é essencial à condição humana, é irrenunciável e inalienável,
razão pela qual Ingo Sarlet27 reconhece ser esse princípio o valor-guia constitucional.
Menciona ainda que “na condição de princípio fundamental, a dignidade da pessoa
humana constitui valor-guia não apenas dos direitos fundamentais, mas de toda ordem
constitucional, razão pela qual se justifica plenamente sua caracterização como princípio
constitucional de maior hierarquia axiológico-valorativa”, ou seja, princípio positivado
como de maior expressão no Estado Democrático de Direito.
26
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 3. ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advo-
gado, 2003. p. 106-107.
27
Ibid., p. 115.
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Essa nova definição de igualdade exige que o Estado trate os iguais como iguais
e os desiguais como desiguais. Trazendo também o anseio de que as desigualdades
econômicas e sociais sejam combatidas, minimizadas e eliminadas.
Num Estado constituído de acordo com os princípios, a partir dos quais, por exemplo,
foi constituído o Estado Brasileiro de 1988, a ideia da igualdade transcende a clássica
ideia de igualdade formal, que alicerçou a Revolução Burguesa de 1789, na França.28
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todos os cidadãos sobre os quais afirme seu domínio e aos quais reivindique fidelidade”.
O referido autor afirma ainda ser “absurdo que o governo não demonstre consideração
pela vida de seus cidadãos, e imoral que demonstre mais consideração pela vida de
alguns do que pela de outros”.31
O objetivo da construção da igualdade pode e deve ser visado por todos os poderes
constituídos. Assim, no exercício das prerrogativas constitucionalmente estabelecidas,
o Executivo, o Legislativo e o Judiciário devem buscar, incondicionalmente, a concreti-
zação da igualdade, nos moldes consagrados pelo novo modelo de Estado ora vigente.
Importante
3233
31
Ibid., p. IX e 172.
32
Ferrajoli é enfático quando trata do papel do Judiciário na democracia substancial: “É nesta sujeição do juiz à
constituição e, portanto no seu papel de garantir direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos, que
reside o principal fundamento atual da legitimação da jurisdição e da independência do Poder Judiciário frente
aos poderes Legislativo e Executivo, embora estes sejam – e até porque são – poderes assentes na maioria. Pre-
cisamente porque os direitos fundamentais em que se baseia a democracia substancial são garantidos incondi-
cionalmente a todos e a cada um, mesmo contra a maioria, eles constituem o fundamento, bem mais do que o
velho dogma juspositivista da sujeição à lei, da independência do Poder Judiciário, que para a sua garantia está
especificamente vocacionado”. FERRAJOLI, Luigi. O Direito como Sistema de Garantias. In: OLIVEIRA JUNIOR
José Alcebíades de (org.). O Novo em Direito e Política. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997. p. 101.
33
Conforme explica Scaff, “a praxis é fundamental para o desenvolvimento do Direito, o que não ocorre apenas
com a instauração de normas. Daí porque não basta a criação de normas – como efetuado através da Constitui-
ção de 1988 -, mas é necessário que a cultura das pessoas também mude, a fim de que tais normas (que por si
só já revelam uma mudança) possam ser por elas implementadas, de conformidade com os novos paradigmas
existentes”. Scaff, Fernando Facury. Responsabilidade Civil do Estado Intervencionista. 2. ed. rev. e ampl., Rio
de Janeiro: Renovar, 2001. p. 159-160.
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O conceito de justiça formal, segundo o qual seres de uma mesma categoria devem
ser tratados da mesma maneira, conforme formulou Perelman, 35 também não entra em
conflito com a igualdade material. Esta é possível de ser aferida através de critérios de
comparação, os quais permitem agrupar os seres em iguais e desiguais, conforme os
princípios que norteiam a Constituição.
Dentro dessa nova concepção, a igualdade tributária, por sua vez, deve ser pensada
a partir da ideia de que o Estado Brasileiro só pode ser considerado legítimo se visar a
substancializar a igualdade fática.
Importante
A igualdade material deve ser vislumbrada como um caminho atual, real e factível
para a concretização/efetivação do Estado Democrático de Direito e, por consequência,
do princípio basilar que o sustenta: dignidade da pessoa humana. Esse novo caminho
pode e deve ser construído a partir da utilização de conhecidos instrumentos, tais como
uma adequada interpretação do princípio da capacidade contributiva e a utilização da
extrafiscalidade como meio de concretização dos direitos fundamentais, entre outros.
34
Neste sentido é o entendimento de Mizabel Derzi ao atualizar a obra de Aliomar Baleeiro. BALEEIRO, Aliomar.
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. 7. ed. Atual. Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro:
Forense, 1997. p. 530.
35
Perelman desenvolveu o conceito de justiça formal, a partir da análise das diversas concepções de justiça histo-
ricamente consagradas, tendo concluído que justiça formal é um princípio de ação, segundo o qual os indivíduos
de uma mesma categoria (por isso, denominada de essencial) devem ser tratados da mesma forma. PERELMAN,
Chain. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 26.
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Por outro lado, o tratamento discriminatório não poderá ser arbitrário. Essa
vinculação da igualdade com a proibição da arbitrariedade, como refere Alexy,37 foi
construída pela jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão.
36
TIPKE, Klaus. Sobre a Unidade da Ordem Jurídica. In: Schoueri, Luiz Eduardo; Zilveti, Fernando Aurélio (coords.).
Direito Tributário: Estudos em Homenagem a Brandão Machado. São Paulo: Dialética, 1998. p. 69.
37
ALEXY, Robert. Teoria de Los Derechos Fundamentales. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales,
2003. p. 388.
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38
Ibid., p. 389/390.
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A extrafiscalidade, por sua vez, acontece quando a imposição fiscal não tem por
objetivo direto a obtenção de receitas, mas sim a realização de determinado fim no campo
social, econômico ou cultural. Em relação à extrafiscalidade, a ideia da solidariedade
mostra-se presente – tanto no viés da oneração, como no viés da redução da carga –
mediante a concessão de benefícios fiscais. Seja no caso do agravamento, seja no caso
da desoneração fiscal, a presença da ideia de solidariedade é reconhecida, desde que
o objetivo visado seja constitucionalmente justificável. No primeiro caso, aqueles que
suportam uma tributação mais expressiva estão cumprindo o dever de solidariedade com
o restante da coletividade; no segundo caso, toda sociedade divide o ônus decorrente da
concessão do benefício fiscal respectivo, de uma forma solidária.
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6. Referências
ALEXY, Robert. Teoria de Los Derechos Fundamentales. Madrid: Centro de Estudios
Políticos y Constitucionales, 2003.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.
BUFFON, Marciano; MATOS, Mateus Bassani de. Da crise do Estado Social ao Pós-
neoliberalismo: uma breve história entre dois séculos. EOS – Revista Jurídica da
Faculdade de Direito/Faculdade Dom Bosco. Núcleo de Pesquisa do Curso de Direito. –
V.V Nº 10 – ANO V (jul./dez. 2011) – Curitiba: Dom Bosco, 2007. p. 63-84. Disponível em:
http://www.dombosco.sebsa.com.br/faculdade/revista_direito/10edicao/. Acesso em:
01 abr 2014.
DUPAS, Gilberto. Economia Global e Exclusão Social: pobreza, emprego, estado e o futuro
do capitalismo. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
ESTERUELAS, Cruz Martinez. La Agonía del Estado: ¿un nuevo orden mundial? Madrid:
Laxes, S.L. Ediciones.
FERRAJOLI, Luigi. O Direito como Sistema de Garantias. In: OLIVEIRA JUNIOR José
Alcebíades de (org.). O Novo em Direito e Política. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
1997.
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SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 3. ed. rev. e ampl. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
SOUZA OLIVEIRA, Maria José Galleno de. A Globalização da Pobreza. In: Revista da
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, v. 99, 2004.
TIPKE, Klaus. Sobre a Unidade da Ordem Jurídica. In: Schoueri, Luiz Eduardo; Zilveti,
Fernando Aurélio (coords.). Direito Tributário: Estudos em Homenagem a Brandão
Machado. São Paulo: Dialética, 1998.
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IPVA COFINS
IOF
ICMS
IR
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ISS
TLP
EDUCAÇÃO FISCAL:
TRIBUTAÇÃO, ORÇAMENTO
E COESÃO SOCIAL
E S TA D O E
TRIBUTAÇÃO
Sumário
1. Introdução............................................................................................................................. 3
6. Considerações finais.......................................................................................................... 42
7. Referências......................................................................................................................... 45
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1. Introdução
Direitos Deveres
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Enfim, não é por acaso que este curso tem como ponto de partida a análise do
dever fundamental de pagar tributos, e não os tradicionais direitos fundamentais dos
contribuintes. Isso ocorre porque, antes de falar em direitos, é importante ter em mente
os deveres. Em suma, não há como sustentar a exigência daqueles sem o cumprimento
destes.
1
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Trad.: Plínio Dentzien. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2001. p.45.
4
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Como menciona José Casalta Nabais, há constituições de 1ª, 2ª e 3ª linha. As constituições de primeira linha
consagram quatro ou cinco direitos fundamentais, sendo que tais direitos são efetivos e respeitados por todos;
5
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um plano secundário e, muitas vezes, inexistente o espaço destinado pela doutrina para o
debate acerca dos deveres fundamentais. Ressalta-se que as próprias constituições, que
foram generosas quanto aos direitos, quase não trataram dos deveres ou até mesmo se
silenciaram sobre eles.
Importante
5
NABAIS, José Casalta. O Dever Fundamental de Pagar Impostos. Coimbra: Almedina, 2004. p. 673.
7
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6
ROBLES, Gregorio. Os Direitos Fundamentais e a Ética na Sociedade Atual. São Paulo: Manole, 2005. p. 18.
7
Ibid., p. 23/24.
8
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8
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina,
2006. p. 531.
9
direitos mas também deveres”.8
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Cabe observar que a Declaração dos Direitos do Homem e do IR Cida- ISS IOF ICMS
dão, de 1789, já consagrava expressamente três do deveres funda-
mentais clássicos:
Unidade o dever deEobediência;
2 - TRIBUTAÇÃO FUNDAMENTOSo dever
DO de pagar REPUBLICANO:
ESTADO impos-
tos; e oe dever
cidadania de suportar
Educação a privação
Fiscal ancoradas no da propriedade
dever emde
fundamental caso detributos
pagar
expropriação por utilidade pública. Tais deveres foram consagrados
na maioria dos documentos constitucionais do modelo de Estado
Liberal.
10
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Regime nazista
No regime nazista, “os
deveres fundamentais
dos cidadãos
convertem-se em
deveres fundamentais
dos membros do povo
(dever de serviço de
poderes, dever de
trabalhar, dever de
defender o povo)”.
No regime soviético,
Regime soviético denominado de
comunista, “os direitos
fundamentais eram
também relativizados
pelos deveres
fundamentais: os
indivíduos tinham direitos
conexos com deveres, o
que, nos quadros políticos
dos ex-países comunistas,
acabou por aniquilar os
direitos e hipertrofiar os
deveres”.
11
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IR ISS IOF ICMS
A questão dos deveres fundamentais não pode continuar ocupando um espaço tão
pouco significativo na teoria constitucional. Seria um pacto de hipocrisia, em que se faz de
conta que se tem direitos – dado que formalmente consagrados – e imagina-se que tais
direitos possam ser assegurados por um ente “sobrenatural” – Estado –, esquecendo-se
de que esse ente nada mais é do que a soma de todos, e não o contraponto da sociedade.
AL
IT
HO
Es
AL co
la
IT
SP
O
H Esc
ola
11
Uma nota interessante dos movimentos de rua ocorridos no Brasil, em julho de 2013, diz respeito justamente a
isso. De um lado, os manifestantes defendiam “mais saúde e educação” e, por outro lado, pediam a redução dos
impostos. Ou seja, queriam um Estado Social forte e capaz de garantir direitos sociais entendidos como legíti-
mos, todavia, não assumiam o ônus de responder ao questionamento acerca de como financiar “mais saúde e
educação”, para falar apenas de duas das principais reivindicações unissonamente defendidas.
12
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Por mais incoerente que possa parecer àqueles que concebem a cidadania apenas
sob a face dos direitos, a própria ideia de dignidade humana está vinculada aos deveres
fundamentais, uma vez que ela “não consiste em cada um exigir seus direitos, mas
sobretudo, consiste em cada um assumir seus deveres como pessoa e como cidadão e
exigir de si mesmo seu cumprimento permanente”.13
12
Conforme lembra Albano Santos, a partir da questão da evasão fiscal: “De qualquer modo, importa reter que a
indulgência para com a fuga ao imposto contrasta acentuadamente com a prática, muito divulgada, de respon-
sabilizar o Estado por parcelas crescentes da existência dos cidadãos, criando assim, uma incongruência a que
já se chamou o «dilema típico da nossa época»: reclama-se o máximo do Estado mas rejeitam-se as inevitáveis
conseqüências financeiras dessa atitude. Uma tal contradição reconduz, aliás, o fenómeno ao plano ético, uma
vez que só encontra solidez lógica na afirmação de Bastiat de que «todos querem viver à custa do Estado, mas
esquecem que o Estado vive à custa de todos » - o que levou o eminente economista da Escola Liberal ao celebra-
do corolário de que o Estado representa «a grande ficção através da qual toda a gente se esforça por viver à custa
de toda a gente»”. SANTOS, J. Albano. Teoria Fiscal. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas, 2003. p. 352.
13
ROBLES, Gregorio. Os Direitos Fundamentais e a Ética na Sociedade Atual. São Paulo: Manole, 2005. p. 123.
13
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14
SACCHETTO, Cláudio. O Dever de Solidariedade no Direito Tributário: o ordenamento italiano. Trad.: Milene Eugê-
nio Cavalcante Greco e Marco Aurélio Greco. In: Grecco, Marco Aurélio; Godoi, Marciano Seabra (Coords). Solida-
riedade Social e Tributação. São Paulo: Dialética 2005. p. 11.
14
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Quanto à origem do termo, vale lembrar que o substantivo solidum, em latim, significa
a totalidade de uma soma, enquanto o termo solidus tem o sentido de inteiro ou completo,
razão pela qual Konder Comparato afirma que “a solidariedade não diz respeito, portanto,
a uma unidade isolada, nem a uma proporção entre duas ou mais unidades, mas à relação
de todas as partes de um todo, entre si e cada um perante o conjunto de todas elas”.15
15
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito moral e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras,
2006. p. 577.
16
DUVIGNAUD, Jean. A Solidariedade: laços de sangue, laços de razão. Trad.: Vasco Casimiro. Lisboa: Instituto
Piaget, 1986. p. 12.
17
NABAIS, José Casalta. Estudos de Direito Fiscal: por um Estado fiscal suportável. Coimbra: Almedina, 2005. p.
85/86.
18
COMPARATO, Fábio Konder, op. cit., p. 579.
15
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Cabe referir, no entanto, que autores como Jean Duvignaud sustentam que está
havendo uma verdadeira banalização da ideia de solidariedade, ao dizer que este termo é
usado por todos, “para confortar a consciência de uns ou para conseguir um esmola da
má consciência de outros”, entendendo que ocorre em relação à ideia de solidariedade
“uma desvalorização que atinge todas as idéias do século passado, sobre cujos destroços
se constroem as interpretações”, as quais ironicamente denomina de “modernistas”.22
19
NABAIS, José Casalta. Estudos de Direito Fiscal: por um Estado fiscal suportável. Coimbra: Almedina, 2005. p. 84.
20
COMPARATO. Fábio Konder. Ética: direito moral e religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras,
2006. p. 577
21
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional Financeiro e Tributário. v. II: Valores e Princípios Cons-
titucionais Tributários. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. p. 181.
22
DUVIGNAUD, Jean. A Solidariedade: laços de sangue, laços de razão. Trad.: Vasco Casimiro. Lisboa: Instituto
Piaget, 1986. p. 196.
16
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Saiba Mais
Noutros termos, pode-se dizer que como o denominado Estado Fiscal Social é
financiado, basicamente, pelo pagamento de tributos não vinculados a uma atuação estatal
específica, sua própria concepção encerra a ideia de solidariedade, visto que acarreta um
dever solidário de contribuir para a manutenção e desenvolvimento da sociedade.
17
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Tributos
a) a exigência de tributos adequados à capacidade
de contribuir daqueles que manifestam tal capacida-
de de uma forma mais expressiva, obtendo-se os re-
cursos necessários para a concretização dos direitos
fundamentais de cunho prestacional;
18
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Importante
HOMENS E MULHERES
SÃO IGUAIS
EM DIREITOS E OBRIGAÇÕES
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 5º , I.
19
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L
ITA
SP
HO
Escola
24
NABAIS, José Casalta. Estudos de Direito Fiscal: por um Estado fiscal suportável. Coimbra: Almedina, 2005. p. 44.
20
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Importante
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Há problemas muito mais complexos a resolver nos dias atuais, como inflação,
crise, desemprego, desigualdade social, motivo pelo qual Bobbio entende que a solução
requer conhecimentos científicos e técnicos muito mais profundos para o homem médio
de hoje do que para o homem médio dos primórdios da democracia, apesar de o atual ser
incomensuravelmente mais instruído.25
Importante
25
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra. p. 46.
26
NABAIS, José Casalta. Estudos de Direito Fiscal: por um Estado fiscal suportável. Coimbra: Almedina, 2005. p. 59.
22
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Importante
Para uma Cidadania Fiscal, deve-se cumprir, de um lado, com o dever de contribuir,
por outro, resta assegurado ao cidadão o direito de exigir que todos, na proporção da
capacidade econômica, contribuam. No caso específico do Brasil, há instrumentos
adequados para tanto, como a Ação Popular (Lei nº 4.717/65), a Ação Civil Pública (Lei
nº 7.347/85) ou a Ação Direta de Inconstitucionalidade, respeitado, em relação às duas
últimas, o rol dos legitimados para propô-las.
23
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Importante
24
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OS
tributos. Entre os métodos usados para evadir
UT
IB
TR
tributos, estão a omissão de informações, as falsas
declarações e a produção de documentos que
contenham informações falsas ou distorcidas, como
a contratação de notas fiscais, faturas, duplicatas
etc.
A elisão fiscal configura-se num planejamento que utiliza métodos legais para diminuir
o peso da carga tributária num determinado orçamento. Respeitando o ordenamento
jurídico, o administrador faz escolhas prévias (antes dos eventos que sofrerão agravo
fiscal) que permitem minorar o impacto tributário nos gastos do ente administrado.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Elis%C3%A3o_e_evas%C3%A3o_fiscal
27
Em relação ao primeiro fator mencionado, afirma Albano Santos: “De facto, na ausência de imperativos morais
que impeçam a fuga ao pagamento dos impostos devidos, o comportamento dos indivíduos, nesta matéria como
noutras, tende a ser ditado pela ponderação dos custos e dos benefícios em jogo: um hipotético contribuinte
amoral que actue com racionalidade econômica estará disposto a praticar a fraude tributária enquanto o valor
esperado do proveito que daí lhe advem for superior ao valor esperado da penalização em que incorre”. SANTOS,
J. Albano. Teoria Fiscal. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políti-
cas, 2003. p. 356/357.
25
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L
AÍSO
FISCA
BANC
PAR O
Pode-se dizer, inclusive, que há uma aceitação social tácita à evasão fiscal, razão
pela qual não existe, por parte da sociedade, uma reação que tenha por objetivo punir
o infrator. O porque, nas palavras de Gregório Robles, é: “a infração da norma social é
considerada grave quando afeta um valor essencial, de capital importância para o grupo;
para tanto, a reação será severa, contundente”. De outra baila, quando “o valor afetado é
considerado de escassa importância ou de hierarquia inferior, o sentimento de indignação
será leve e difuso, e a reação, caso ocorra, será suave”. 28
28
ROBLES, Gregorio. Os Direitos Fundamentais e a Ética na Sociedade Atual. São Paulo: Manole, 2005. p. 42.
26
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Importante
29
SANTOS, J. Albano. Teoria Fiscal. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior de Ciências Sociais
e Políticas, 2003. p. 359.
27
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Importante
30
Como afirma Albano Santos, “isso resulta numa clara desigualdade perante a tributação e, por conseguinte, im-
plica uma inaceitável sensação de injustiça: Ora, no dizer do Prof. Maurice Duverger, «um dos mais graves golpes
que se podem infligir na igualdade perante o imposto é o de estabelecer uma desigualdade perante a fraude».
Nestas condições, a Justiça Tributária poderá ser gravemente subvertida, com as inevitáveis conseqüências na
aceitação do sistema fiscal pelos cidadãos. De facto, uma situação que oferece a certos grupos ou indivíduos
a cômoda possibilidade de escaparem ao pagamento dos impostos devidos, pelo exemplo que dá, acaba por
representar, forçosamente, um incitamento a outros contribuintes para se subtraírem ao Fisco, com o risco de
gerar uma reacção em cadeia susceptível de provocar sérios danos, não apenas nas tesourarias públicas, mas,
bem mais importante, na própria coesão social”. SANTOS, J. Albano. Teoria Fiscal. Lisboa: Universidade Técnica
de Lisboa – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 2003. p. 362.
28
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ECONOMIA
111001000000
1101010000
00
000
111100000
0000
11010100
Admite-se, no entanto, que a fraude, embora ilegal e imoral, faz parte do sistema e
que, por mais esforços que sejam empregados, ela não cessará por completo. Isto posto,
deve-se buscar, de uma forma realista, níveis reduzidos e toleráveis da fraude e da evasão,
da mesma forma como ocorre relativamente à questão da corrupção. Isso exigiria uma
postura de incessante enfrentamento da evasão fiscal.31
31
SEGURA, José V. Sevilla. Políticas Y Técnica Tributárias. Madrid: Instituto de Estudios Fiscales – Escuela de la
Hacienda Pública, 2004. p. 162.
29
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Finalmente, cabe também reconsiderar a própria estrutura normativa que está sendo
objeto de aplicação, eliminando suas arestas, de forma que resulte em algo mais
compreensível para os cidadãos e mais fácil para a administração.
Ainda, para que a fraude seja desestimulada, faz-se necessário que o Estado distribua
equitativamente a carga tributária e, em paralelo, o cidadão possa visualizar claramente os
benefícios sociais oriundos do recolhimento de tributos. Talvez, em países como o Brasil,
seja esse o maior desafio a ser enfrentando no combate à evasão.
30
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É certo que não se trata de um caminho que possa ser percorrido sem agruras
ou dificuldades. No entanto, tomar tal rumo é, inclusive, uma condição para construção
de um modelo tributário mais equitativo, que esteja apto a colaborar decisivamente na
densificação do princípio basilar que norteia a Constituição Brasileira: o princípio da
dignidade da pessoa humana.
Saiba Mais
31
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Importante
Não compete a esse curso tratar das políticas públicas que possam concretizar
os direitos fundamentais, mas sim analisar o financiamento destas políticas mediante
a tributação. Dessa maneira, reconhece-se – num plano teórico –, conforme exposto
largamente até este momento, que o principal dever do cidadão perante o restante da
coletividade, organizada em um Estado, é o dever de pagar tributos.
32
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É certo que se trata de um termo com múltiplos significados, além de reconhecer que
o seu conteúdo tem sido utilizado para os mais diversos fins, o que tem colaborado para
o seu próprio esvaziamento axiológico. Por essa razão, faz-se necessário explorar um dos
pilares que alicerçam qualquer sistema educacional, não obstante ainda permaneça em
uma fase embrionária de reconhecimento.
32
RIVILLAS, Borja Díaz; BALTAZAR, Antonio Henrique Lindemberg. Educación Fiscal y construcción de ciudadanía
en América Latina. Disponível em: <http://campus.usal.es/~acpa/sites/default/files/semin_ invest_borja_diaz_ri-
villas_mar-2014.pdf>. Acesso em: 10 mai 2014. p. 11.
33
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Estudos atestam a
importância desses
investimentos iniciais
para tornar os gastos em
educação mais efetivos,
nos níveis avançados, e
para reduzir as
desigualdades
socioeconômicas
intergeracionais.33
33
33
KERSTENETZKY, Celia Lessa. O Estado do Bem-Estar Social na idade da razão: a reinvenção do Estado social no
mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 268.
35
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Caso não se obtenha êxito nesta tarefa, carecerá de legitimidade qualquer tentativa
que se venha a fazer no sentido de conscientizá-los acerca de seus deveres inerentes
à cidadania (pagar tributos em especial), pois restou-lhes inviabilizada as condições
de possibilidade de compreensão, por ter-lhes sido sonegado o mais básico direito de
cidadão: educação formal.
36
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Em que pese esse cenário, é notório que o Brasil tem avançado no trato desta
temática, não obstante isto tenha sido capitaneado, quase que exclusivamente, por
instituições estatais. Neste sentido, todo destaque deve ser dado ao Programa Nacional
de Educação Fiscal – PNEF. O denominado PNEF é um programa de âmbito nacional,
que é trabalhado nas três esferas de poder e coordenado pela Escola de Administração
Fazendária – ESAF com a seguinte estrutura:
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Gestores Estaduais
SEFAZ
Secretarias de Fazenda dos Estados
RFB Receita Federal do Brasil
Grupo de
Educação Fiscal
nos Estados
UC
Secretarias de Educação dos
CGU
SED
Estados
PC
Parceiros convidados
Gestores Municipais
SEFIN
Secretarias de Finanças dos Municípios
RFB Receita Federal do Brasil
Grupo de
Educação Fiscal
nos Municípios
UC
Controladoria-Geral da União
SED
Municípios
PC
Parceiros convidados
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a b c
levar incentivar o
sensibilizar o
conhecimentos acompanhamento
cidadão para a
aos cidadãos pela sociedade
função
sobre da aplicação dos
socioeconômica
administração recursos
do tributo;
pública; públicos.
Enfim, pode-se dizer que o Programa visa a criar condições para uma relação
harmoniosa entre o Estado e o cidadão. 34
34
Maiores informações sobre o PNEF estão disponíveis em: <http://www.esaf.fazenda.gov.br/educacao_ fiscal/
pnef/sobre-o-programa>. Acesso em: 10 mai 2014.
39
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Escola
destinadas a estimular nos cidadãos um juízo crítico, a
permear sua relação com o Estado e com outros cidadãos
em matéria fiscal e no contexto de uma convivência
democrática. Este novo enfoque fundamenta-se na
conscientização da função socioeconômica dos tributos,
gestão e controles democráticos dos recursos públicos,
vinculação entre educação, trabalho e as práticas sociais,
exercício efetivo da cidadania e dignidade da pessoa
humana.
3536
Como se pode perceber, a ideia de Educação Fiscal está intimamente conectada com
a própria concepção de democracia. Esse fato a torna mais relevante, no momento que
se constata uma inegável crise de legitimidade que afeta as democracias representativas,
a qual mostra sua face mais expressiva nos países de modernidade tardia, onde há um
significativo processo de marginalização e exclusão social. Esta crise relegou ao dito
cidadão o papel de comparecer periodicamente às urnas para escolher seus representantes,
dos quais poucos se lembram, depois de transcorrido determinado tempo.
35
FILHO, Velocino Pacheco. Educação Fiscal, relacionamento Fisco-contribuinte e moralidade administrativa. Dis-
ponível em: <http://www.educacaofiscal.com.br/artigo.do?artigo.id=32>. Acesso em 10 mai 2014.
36
RIVILLAS, Borja Díaz; BALTAZAR, Antonio Henrique Lindemberg. Educación Fiscal y construcción de ciudadanía
en América Latina. Disponível em: <http://campus.usal.es/~acpa/sites/default/files/semin_ invest_borja_diaz_ri-
villas_mar-2014.pdf>. Acesso em: 10 mai 2014. p. 11.
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Dica
Para conhecer mais sobre o PNEF, clique aqui.
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6. Considerações finais
A questão dos deveres fundamentais não pode continuar ocupando um espaço tão
pouco significativo na teoria constitucional. Seria um pacto de hipocrisia, no qual se faz
de conta que se tem direitos – posto que formalmente consagrados – e, por outro lado, se
imagina que tais direitos possam ser assegurados por um ente “sobrenatural” – Estado –,
esquecendo-se que esse ente, nada mais é, do que a soma de todos, não o contraponto
da sociedade.
Importante
42
A hipertrofia dos direitos fundamentais, paralelamente ao esque-
cimento dos deveres fundamentais, causa um nocivo
IPVA efeito nas
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IR IOF
bases estruturais da sociedade, dado que a ideia de solidariedadeISS ICMS
Refletindo
Se o papel do Estado, dentro de uma concepção social-contemporânea, impli-
ca intervenção regulatória na economia e promoção da justiça social, faz-se
necessário que este Estado disponha de recursos para fazer frente a tal dever
e, numa economia capitalista, tais recursos são originados da arrecadação de
tributos, ou seja, do cumprimento do dever fundamental de pagar tributos.
Pode-se afirmar, assim, que o dever de pagar tributos é o principal dever de cidadania,
justamente porque, caso tal dever seja sonegado por parte dos componentes de uma
sociedade, restarão inviabilizadas as possibilidades de realização dos próprios direitos.
43
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SOLIDARIEDADE SOCIAL
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7. Referências
BAUMAN. Zygmunt. Europa. Trad.: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2006.
COMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito moral e religião no mundo moderno. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006.
______. Estudos de Direito Fiscal: por um Estado fiscal suportável. Coimbra: Almedina,
2005.
45
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IPVA COFINS
IOF
ICMS
IR
IPTU
ISS
TLP
EDUCAÇÃO FISCAL:
TRIBUTAÇÃO, ORÇAMENTO
E COESÃO SOCIAL
E S TA D O E
TRIBUTAÇÃO
Sumário
1. Introdução .........................................................................................................................3
internacionais ..................................................................................................................24
7. Referências.......................................................................................................................46
1. Introdução
Como ocorre com qualquer outra região, existem, na América Latina e Caribe,
notórias diferenças internas, as quais, porém, não impedem que se faça uma abordagem
a partir de questões que transcendem os limites geográficos da cada nação, entre elas,
especialmente, a questão fiscal.
3
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Num primeiro momento, faz-se necessário examinar – nos limites do possível para
um trabalho desta natureza – as causas históricas da desigualdade na América Latina e
como elas continuam influenciando os elevados níveis de desigualdade ainda evidentes
e profundos nesta parte do mundo.
Tome Nota
Depois disso, terão sido traçados os contornos que permitirão analisar pontu
almente os problemas apontados pelos recentes estudos da CEPAL e do BID,
bem como examinar as soluções propugnadas, cuja aplicabilidade em rela
ção ao Brasil será objeto de discussão, na medida em que a proposição for
examinada.
4
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A pobreza extrema é algo que pode ser superado em curto ou médio prazo, bastando
para tanto a implementação de políticas públicas que estejam aptas a assegurar padrões
mínimos de existência aos “deserdados de expectativas”. 1 Neste sentido, os programas
de renda mínima implementados, em maior ou menor grau, por vários países da região,
correspondem a ações estatais direcionadas a este fim, sendo tendencialmente eficazes
no combate à pobreza extrema.
1
No caso do Brasil, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, se o Bolsa
Família não existisse, haveria 36 milhões de pessoas na zona da pobreza extrema, número que foi significativa
mente reduzido desde a implantação do referido programa de renda mínima. Dados disponíveis em: <http://bol
safamilia10anos.mds.gov.br/themes/bolsa/infografico/superando/superando.html>. Acesso em: 15 abr 2014.
5
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Fonte: http://ridolfirio.com.br/content/uploads/2014/12/favela-pacificate1.jpg
8
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O que cabe analisar aqui é se, na América Latina, esta função essencial da tributação
vem sendo exercida na plenitude de suas possibilidades ou se, ao contrário, a tributação,
além de não reduzir as desigualdades, tem exercido um paradoxal papel de instrumento
de redistribuição de renda às avessas. Noutras palavras, é preciso avaliar se o modo de
tributar nesta parte do planeta corresponde a um meio de distribuição ou de concentração
de renda. Por isso, a partir de agora, o trabalho analisa como se apresenta a tributação e,
efetivamente, quem está suportando seu ônus na América Latina.
44 18 30
Consumo 23 19
26
44 38
6
Renda 12 Renda 12
21
3 3 3
O gráfico acima, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
com dados de 2012, demonstra claramente como a carga tributária que incide sobre as propriedades
representa apenas 6% da arrecadação brasileira, enquanto a carga sobre o consumo, 44%. Os efeitos
dessa composição são nefastos, sobretudo, à população mais pobre, uma vez que essa não é
proprietária. Em comparação com os demais países, apenas o México taxa menos a propriedade,
enquanto até mesmo os Estados Unidos onera mais as propriedades com impostos do que o Brasil.
10
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3
Disponível em: <http://www.oecd.org/fr/bresil/>. Acesso em: 29 mar. 2014.
11
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Além do fato de, no Brasil, a alíquota máxima do imposto sobre a renda das pessoas
físicas ser de apenas 27,5%, –até 2016 – ressalta-se que o total arrecadado a título
de imposto de renda pessoas físicas e jurídicas corresponde a 26,94% da arrecadação
tributária, enquanto que, em países membros da OCDE, a média é de 34,90% do total
arrecadado 4. Outro fato digno de anotação é o limite de isenção que permanece reduzido
(R$ 22.499,13), para o ano-calendário de 2016, fazendo com que parte significativa da
população recolha imposto sobre uma renda insuficiente para própria subsistência e
afetando, com isso, o denominado mínimo existencial.
4
SISTEMA TRIBUTÁRIO: diagnóstico e elementos para mudanças. Brasília: Sindicato Nacional dos Auditores-Fis
cais da Receita Federal do Brasil, 2010. p. 21.
12
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Vale lembrar que o mínimo existencial pode ser definido como o valor necessário
para que uma família média possa prover seu sustento, mediante o atendimento de
necessidades básicas, tais como alimentação, moradia, vestuário, transporte, lazer etc.
Um sistema tributário que esteja comprometido com o princípio da dignidade humana
apenas permite que a incidência fiscal atinja a parcela da renda que não comprometa
uma existência minimamente digna, razão pela qual a exigência de tributos indiretos
sobre o consumo de bens relacionados às necessidades descritas anteriormente fere
claramente o referido princípio.
13
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Pobreza X Riqueza
O Brasil compõe a lista das dez economias mais ricas do mundo, mas também está
alocado na lista das dez economias com as piores distribuições de renda, equiparando-
se a países da região do continente africano ao sul do Deserto do Saara, que foi apontada,
em relatório desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
como umas das regiões mais miseráveis do mundo.5
14
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imposto de renda – orientado por Marcelo Medeiros, grande expoente do país nessa área
e Marc Morgan Milá, supervisionado por Thomas Piketty, publicaram trabalhos sobre
desigualdade brasileira que merecem destaque.
15
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Uma justificativa para isso é que se buscou uma maior distribuição de renda por
meio dos gastos do Estado, mas o regressivo sistema tributário brasileiro não realizou o
seu papel de desconcentrar renda na parte de cima da pirâmide.
16
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IPVA
IR ISS IOF ICMS
Refletindo
Fica, assim, a reflexão de que: “Quanto mais concentração de renda, mais
fraca fica a economia, com menos investimentos e consumo, e mais fraca
fica a democracia, com menos gente possuindo excessivo poder financeiro, o
que possibilita uma maior interferência dessa pequena parcela da população
nas decisões políticas do país”.
Dessa forma, cabe ao Estado decidir que rumos quer escolher para o Brasil: o de
continuar um país subdesenvolvido no qual poucos milhares controlam muitos milhões
ou de se tornar um país com grandeza, desenvolvido, no qual os graus de desigualdade
permitem o desenvolvimento de um maior número de pessoas, aliado a mais consumo e
investimentos.
17
COFINS TLP IPTU
IPVA
IR ISS IOF ICMS
64,0
63,4
62,0
61,5
61,2
60,2 60,0 60,0
60,1 59,9
60,0 59,8 59,3
59,5 59,4 59,6 59,9 59,4
59,5 58,7
58,9 58,8 58,7 59,2
58,0
58,1 58,0 58,1
56,9 56,6
56,0
56,0
55,2
54,3
54,0
53,9 53,3
52,6
52,7
52,0
1977
1978
1979
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Gni Média
18
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Importante
Saiba Mais
6
Carga Tributária no Brasil 2012. Disponível em: http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e
-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/carga-tributaria-2012. Acesso em
25 fev. 2014.
19
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Pode-se afirmar que a carga tributária brasileira, com relação ao Produto Interno
Bruto, não é baixa. Contudo, há países em que a carga tributária é significativamente
maior que no Brasil, sobretudo a dos membros da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico – OCDE, conforme gráfico abaixo, elaborado com dados do
ano de 2013.
aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil
20
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0000 Total: 1.740419,49 1.847.739,70 107.320,21 33,74% 33,74% - 0,28 100,00% 100,00% 0,00
1000 Renda 315.266,05 332.879,71 17.613,66 6,11% 6,03% - 0,08 18,11% 18,02% - 0,10
2000 Folha de Salários 435.637,87 465.301,80 29.663,93 8,45% 8,43% - 0,02 25,03% 25,18% 0,15
3000 Propriedade 68.510,06 77.077,43 8.567,37 1,33% 1,40% 0,07 3,94% 4,17% 0,24
4000 Bens e Serviços 891.141,93 942.666,55 51.524,62 17,28% 17,07% - 0,02 51,20% 51,02% -0,19
5000 Transações Financeiras 29.162,89 29.819,44 656,55 0,57% 0,54% -0,03 1,68% 1,61% -0,06
9000 Outros 700,69 -5,23 -705,91 0,01% 0,00% -0,01 0,04% 0,00% -0,04
aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil
Vale ressaltar que estão incluídos, entre os tributos sobre o consumo, o Imposto
sobre Importação – II, sobre Produtos Industrializados – IPI, sobre Operações
Financeiras – IOF, sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, sobre Serviços –
ISS, Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, para o Programa
de Integração Social – PIS, Contribuição Previdenciária Patronal das Empresas – CPP, e
de Intervenção no Domínio Econômico sobre combustíveis – Cide.
21
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TOTAL 3,72%
1,27% 0,30% 1,94%
3,83% 10,68%
12,40%
0,05% 0,16%
No tocante ao patrimônio, que participa
3,72% do valor angariado aos cofres públicos,
o ITR participa com 0,05% do total IPTU IPVA
arrecadado, o IPVA com 1,94%, o ITCD com
0,16%, o IPTU com 1,27%, e o ITBI com 0,30%. ITR
ITBI ITCD
14,44%
No que se refere ao percentual de 14,44% da arrecadação, constam outros
tributos federais, estaduais e municipais, bem como taxas e outras
contribuições previdenciárias de entidades filantrópicas, segurados
domésticos e contribuição patronal para a previdência dos servidores.
7
SISTEMA TRIBUTÁRIO: diagnóstico e elementos para mudanças. Brasília: Sindicato Nacional dos Auditores-Fis
cais da Receita Federal do Brasil, 2010. p. 14.
22
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Tributação
total
Imposto sobre
renda 34,90%
Imposto sobre
31,90% consumo
Imposto sobre
5,6%
patrimônio
23
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Para viabilizar tal intento, este curso utilizar-se-á de estudos e dados apurados
recentemente por dois organismos internacionais voltados para o diagnóstico de
problemas e proposição de soluções para América Latina. São eles:
24
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8
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Mudança estrutural para Igualdade: uma vi
são integrada do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.cepal.org/pses34/noticias/documentosdetraba
jo/0/47440/2012-ses-34-mudanca_estrutural_sintese.pdf>. Acesso em 15 abr. 2014.
25
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Observe
A opção por uma mudança estrutural voltada à igualdade implica uma “ruptura com
o paradigma econômico que tem prevalecido na região durante ao menos três décadas”.
O documento reconhece que os países da região obtiveram êxito na adoção de políticas
macroeconômicas, avançando de “forma significativa em algumas frentes, como no
equilíbrio fiscal e no controle da inflação”. Porém, em outras frentes, as políticas estatais
“não avançaram o suficiente e deixaram pendentes temas importantes relacionados
com a igualdade e a mudança estrutural”10. Isso ocorreu, notadamente, em face de uma
insuficiente mudança no campo da tributação.
Não obstante na maioria dos países ter havido uma melhora na arrecadação,
“persistem graves problemas, como a baixa pressão dos impostos em muitos países e o
impacto distributivo regressivo da estrutura tributária”11.
9
Ibid., p. 5.
10
Ibid., p. 40.
11
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Mudança estrutural para Igualdade: uma vi
são integrada do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.cepal.org/pses34/noticias/documentosdetraba
jo/0/47440/2012-ses-34-mudanca_estrutural_sintese.pdf>. Acesso em 15 abr 2014.p. 41.
26
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Importante
O estudo aponta uma série de fatores pelos quais a fiscalidade na América Latina
não tem cumprido adequadamente com seu papel de indutor redistributivo. São eles:
12
Por exemplo: ao realizar uma comparação com países da União Europeia, onde os impostos diretos e indiretos
ascendem a 16,1 e 11,7% do PIB respectivamente, enquanto na América Latina alcançam 5,4 e 9,6, respectiva
mente. Na região, os impostos que incidem sobre a renda das pessoas físicas não chegam a representar, em
média, 1% do PIB (no período compreendido entre 2000 e 2008 representaram de fato 0,46% do PIB), enquanto
nos países da OCDE equivalem a 9,1% do PIB. No caso do imposto de renda das sociedades, a diferença também
é significativa, mas bem menor: no período compreendido entre 2000 e 2008, a arrecadação destes impostos
representou, em média, 1,6% do PIB nos países da região e 3,3% do PIB nos países da OCDE. CEPAL, op. cit., p. 41.
13
Ibid., loc. cit.
27
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Importante
Porém, em que pese as referidas dificuldades, “fortalecer o siste-
ma de impostos e sua progressividade é uma condição necessária
não só para promover a igualdade, mas também para construir um
espaço fiscal necessário para que o Estado possa atuar sobre o
ciclo que possa promover a mudança estrutural”.15
15
14
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Mudança estrutural para Igualdade: uma vi
são integrada do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.cepal.org/pses34/noticias/documentosdetraba
jo/0/47440/2012-ses-34-mudanca_estrutural_sintese.pdf>. Acesso em 15 abr 2014. p. 62.
15
Ibid., loc. cit.
28
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Fonte: OCDEPUBLISHING - Revenue Statistics in Latin America and the Caribbean 2016.
http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/taxation/revenue-statistics-in-latin-america-and-the-
caribbean-2016_rev_lat_car-2016-en-fr#page24
Essa maior carga, porém, não tem significado avanços proporcionais ao seu
tamanho, muito provavelmente pelo fato de que, quanto maior for uma carga fiscal
regressiva, mais será reforçado seu conteúdo indutor de desigualdade, o que neutraliza
parcialmente os efeitos de gastos públicos redistributivos.
29
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Importante
Apesar de ter havido uma melhora “notável na qualidade e eficácia das políticas
fiscais na América Latina e no Caribe”, é sabido que “a região ainda tem um longo caminho
16
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de de
sarrollo. Disponível em: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20bas
ta%3a%20los%20impuestos%20como%20instrumento%20de%20desarrollo.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10
mai 2014.
30
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pela frente e os sistemas da maioria dos países estão longe de exaurir seu potencial de
arrecadação”.
17
17
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de de
sarrollo. Disponívelem: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20bas
31
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A partir do diagnóstico dos problemas, o estudo do BID sustenta que devem ser
realizadas:
32
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19
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de de
sarrollo. Disponívelem: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20bas
ta%3a%20los%20impuestos%20como%20instrumento%20de%20desarrollo.pdf?sequence=1>. Acessoem: 10
dez. 2014. p. 4.
33
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Os problemas que foram diagnosticados pelo BID podem ser resumidos a seguir e
propiciam que haja um debate acerca da propriedade em apontá-los, bem como sobre
as sugestões apresentadas e ideias defendidas no Estudo. Após a exposição das ideias
defendidas, cabe refletir se tais sugestões são adequadas ou não, mais especificamente,
à realidade brasileira.
34
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50%
tes, os quais correspondem a quase cinquenta por centro
da arrecadação efetiva. Há uma gama de deduções pre
vista na legislação, concomitantemente a existência de
“isenção mínima relativamente alta, ou faixa de alíquota
zero, que supostamente cumpre essa função”;
Renda capital
3) a renda proveniente do capital tem obtido um tratamen
to privilegiado;
20
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de de
sarrollo. Disponívelem: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20bas
ta%3a%20los%20impuestos%20como%20instrumento%20de%20desarrollo.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10
dez. 2014. p. 6.
21
Ibid., p. 7.
35
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O estudo relata que o denominado “sistema dual” foi a solução encontrada por
alguns países para ampliar a base impositiva e aumentar a arrecadação do imposto de
renda de pessoas físicas. Sua adoção implica tributar os rendimentos do trabalho com
uma alíquota progressiva e a renda do capital de pessoas físicas com uma alíquota fixa
que seja menor do que a máxima aplicada aos rendimentos do trabalho (e que pode ser
mesmo igual à alíquota mínima).22
36
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os valores recebidos a título de distribuição de lucros das pessoas jurídicas, bem como
em relação aos valores pagos a título de juros sobre o patrimônio das pessoas jurídicas
- estes submetidos à alíquota menor de imposto (15%), sendo permitida sua total
dedutibilidade como despesa na apuração do lucro da empresa.
Importante
Outro dilema que se apresenta é: “como extrair a renda máxima e ao mesmo tempo
alterar o mínimo possível às decisões de investimento e produção de um investidor que
está procurando maximizar os lucros totais durante toda a vida projetada do recurso?”
24
Cerca de metade de toda a arrecadação fiscal na Venezuela e em Trinidad e Tobago provém de setores de re
cursos naturais não renováveis, como petróleo e gás. Mais de um quarto da receita da Bolívia, Chile, Equador
e México deriva desses setores, enquanto a Colômbia e o Peru estão se aproximando desses níveis. Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de desarrollo.
Disponível em: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20basta%3a%20
los%20impuestos%20como%20instrumento%20de%20desarrollo.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10 dez 2014.
p. 14.
37
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O estudo do BID lembra que os instrumentos que, até o momento, têm sido utilizados
para tributar o setor correspondem a “uma combinação de royalties tradicionais e
imposto de renda de pessoas jurídicas”. No entanto, essas não seriam as “ferramentas
mais apropriadas para enfrentar o dilema entre a extração de rendas econômicas e a
exploração eficiente de recursos”.25
Tome Nota
Segundo o estudo do BID, “o instrumento ideal de tributação deixaria o retorno
normal do investimento nas mãos do produtor e transferiria todas as rendas
puras para o Estado, sem afetar a produção”. Isso seria apurado levando em
consideração o fluxo de caixa potencial e nos riscos do projeto, calculando-se
uma taxa normal de retorno, sendo que o lucro obtido acima dessa taxa seria
tributado com alíquotas elevadas.26
26
25
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudar no basta: los impuestos como instrumento de de
sarrollo. Disponível em: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20bas
ta%3a%20los%20impuestos%20como%20instrumento%20de%20desarrollo.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10
dez 2014. p. 14.
26
Ibid., p. 15.
38
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Refletindo
A crescente preocupação com a questão ambiental não é sem razão de ser.
Ela torna-se maior à medida que se amplia a consciência de que a degrada
ção do meio ambiente ameaça não só a natureza e o bem-estar social, mas
também a própria manutenção da vida humana.
39
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No Estudo do BID, porém, a extrafiscalidade aparece de uma forma muito mais visível
em sua face “punitiva”, pois sustenta que “forçar todos a pagar pelos males que causam à
sociedade deveria ser uma política pública socialmente aceitável”. Isso poderia acontecer
mediante impostos – mecanismo da extrafiscalidade acima explanado – mas também
mediante a cobrança de pedágios ou outros mecanismos de preço. Dessa forma, “os
bens públicos – como qualidade ao ar, segurança rodoviária ou facilidade de transporte
– podem ser protegidos”. Com isso, os governos latino-americanos poderiam “elevar a
arrecadação para ajudar a solucionar os diversos males que corroem a qualidade de vida
nas cidades latino-americanas”.27
27
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Recaudarno basta: losimpuestos como instrumento de de
sarrollo. Disponívelem: <http://publications.iadb.org/bitstream/handle/11319/3473/Recaudar%20no% 20bas
ta%3a%20los%20impuestos%20como%20instrumento%20de%20desarrollo.pdf?sequence=1>. Acesso em: 10
dez 2014. p. 18.
40
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41
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Saiba Mais
28
O estudo não levou em conta dados da maioria dos países da América Latina
(Brasil, em especial). Todavia, tem o mérito de fazer uma análise histórica da questão da
desigualdade e demonstrar que ela vem se ampliando nos últimos anos, em quase todos
os países pesquisados.
28
PIKETTY, Thomas. Le Capital au XXI siècle. Paris: Éditions du Seuil, 2013.
42
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Fique Ligado
O que chama atenção no extenso estudo são as soluções defendidas ou
caminhos potencialmente úteis para a superação dos efeitos negativos do
capitalismo, já que o autor não defende a extinção deste modelo econômico.
Entre as soluções propugnadas, está a necessidade de se repensar a
progressividade tributária e aplicá-la, de uma forma eficaz, não apenas em
relação aos impostos sobre a renda, mas também sobre a propriedade e
sobre o capital.29
29
29
PIKETTY, Thomas. Le Capital au XXI siècle. Paris: Éditions du Seuil, 2013. p. 793/809.
30
Ibid., p. 805.
31
Ibid., p. 836 e 846.
43
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DESIGUALDADE NO MUNDO
1% 80
%
detém detém
apenas
50% 5,5%
da riqueza
da riqueza
DESIGUALDADE NO BRASIL
Adaptado de: OXFAM e RECEITA FEDERAL DO BRASIL
0,2 50
% %
detém detém
apenas
40,8% 2%
da riqueza
da riqueza
Importante
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Por isso, as reformas fiscais que estejam norteadas pela redução das desigualdades
sociais correspondem a tarefas inadiáveis de todos os governos da região, uma vez
que representam o ponto de partida para uma caminhada rumo à construção de uma
América Latina mais justa, igualitária e socialmente coesa para, com isso, ser edificada
uma realidade menos conflituosa e permeada por democracias substanciais e sólidas.
45
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7. Referências
Estudo do Banco Mundial mostra Brasil como 7ª maior economia do mundo. Valor
Econômico. Disponível em:<http://www.valor.com.br/internacional/3532202/estudo
do-banco-mundial-mostra-brasil-como-7#ixzz33sm 5nMyO>. Acesso em 15 abr 2014.
FISZBEIN, A.; SCHADY, N. Conditional Cash Transfers. Reducing Present and Present
Future: political study report. Washington, DC: World Bank, 2009.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da
economia patriarcal. 51. ed. São Paulo: Global, 2011.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1995.
46
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IPVA
IR ISS IOF ICMS
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 3. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.
WEARDEN, Graeme. Oxfam: 85 richest people as wealthy as poorest half of the world. The
Gardian. Disponível em: <http://www.theguardian.com/business/2014/jan/20/oxfam
85-richest-people-half-of-the-world>. Acesso em: 15 abr 2014.
47
IPVA COFINS
IOF
ICMS
IR
IPTU
ISS
TLP
EDUCAÇÃO FISCAL:
TRIBUTAÇÃO, ORÇAMENTO
E COESÃO SOCIAL
E S TA D O E
TRIBUTAÇÃO
Sumário
1. Introdução ..........................................................................................................................3
6. Imunidades.......................................................................................................................39
8. Referências.......................................................................................................................47
1. Introdução
Fonte: https://divulgandoadoutrinaespirita.files.wordpress.com/2015/04/dignidade-da-pessoa-humana.jpg
3
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Isto é, embora muitos não saibam formular um conceito de justiça, a maioria das pessoas
5
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Saiba Mais
6
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7
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Dessa forma, a imposição tributária deverá estar pautada pelo objetivo maior de
tratar dignamente o cidadão, o que se viabiliza através de uma política social interven-
cionista, na qual o Estado obriga-se a propiciar a todos uma existência digna, com saúde,
educação, habitação, isto é, tudo aquilo que for necessário para uma sobrevivência com
dignidade.
8
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No campo tributário, por exemplo, é possível sustentar que isso ocorre de duas
formas:
Esse princípio traz tal gama de efeitos que – pode-se afirmar – alicerça tanto
os denominados direitos fundamentais clássicos (vida, liberdade, propriedade), como
também os direitos fundamentais sociais, econômicos e culturais, ou seja, o princípio
da dignidade da pessoa humana está na base de todos os direitos constitucionalmente
consagrados, quer dos direitos e liberdades tradicionais, quer dos direitos de participação
política, quer dos direitos dos trabalhadores e dos direitos a prestações sociais.
9
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Importante
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na
o que alcançou maior significação na posteridade e
importância no processo de positivação dos direitos a g
humanos é a Magna Carta Inglesa, contrato subscrito M rta
entre o Rei – conhecido com João Sem-Terra – e os Ca
bispos e barões da Inglaterra, em 15 de junho de 1215.
12
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Segunda dimensão/geração
Correspondem aos direitos
sociais que visam a assegurar Escola
ao cidadão as condições
mínimas para uma existência
digna.
São ainda denominados
direitos de cunho prestacional,
Primeira dimensão/geração uma vez que exigem do Estado
São os denominados direitos de uma ação específica no sentido
defesa, os quais visam proteger, de realizá-los.
basicamente, a vida, a liberdade e
o patrimônio.
Terceira dimensão/geração
Estão relacionados à existência em
comunidade e, sobretudo, à preservação
do ambiente em que o homem vive.
É fato, porém, que essa classificação serve mais como instrumento pedagógico do
que como elemento apto a fazer uma distinção estanque das ditas dimensões ou gerações
de direitos fundamentais, assim denominadas para que seja possível compreender o
processo histórico e como os direitos fundamentais adquiriram o grau de sofisticação
que ora se constata.
13
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1ª Geração
a partir do liberalismo econômico e representam
Direitos negativos
da vida e do patrimônio dos cidadãos, direitos
(não agir)
esses que deveriam ser observados pelo soberano e
constituiriam a defesa do cidadão frente à indevida Direitos civis e políticos:
intromissão estatal. liberdade política, de
expressão, religiosa,
Desse modo, os direitos fundamentais comercial
de primeira geração/dimensão constituem um
instrumento imprescindível de defesa da cidadania,
Direitos individuais
na medida em que bloqueiam ação estatal arbitrária
15
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Tome Nota
Para a Constituição do Brasil, essa matéria é tratada exaustivamente a partir
do art. 150, na seção denominada de “Das limitações do Poder de Tributar”, na
qual estão contidas as normas que balizam o exercício do poder por parte do
Estado, no que tange à tributação. É certo que essas limitações não se esgo
tam na mencionada seção constitucional, mas também é certo que, nela,
alcançam seu maior grau de concentração.
Federativo
Isonomia ou Legalidade
igualdade
Progressividade Transparência
Preservação Tributária
do mínimo
existencial
Irretroatividade
Seletividade da Lei
Capacidade
Anterioridade
Uniformidade contributiva
da tributação
Vedação ao
Liberdade de
confisco
tráfego
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Progressividade na Constituição - IR (CF, art. 153, § 2º, I), IPTU (CF, art. 156, § 1º) e ITR
(CF, art. 153, § 4º).
Federativo
Fonte: http://www.profpito.com/oestatutodafederacao.html
Esse princípio é também um princípio geral de Direito. Visa impedir que determinada
lei produza efeitos sobre fatos ocorridos antes de sua vigência. A lei não retroage, a
menos que seja benigna ao contribuinte.
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Visa à justiça fiscal e social, exigindo mais de quem tem mais condição econômica
e isentando ou reduzindo a incidência tributária para os contribuintes com menor
capacidade econômica.
Proíbe a exigência de tributo ou seu aumento “no mesmo exercício em que haja
sido publicada a lei que o instituiu”, a fim de evitar que o contribuinte seja surpreendido
pela majoração da carga tributária. É um corolário do princípio da não surpresa.
Seletividade – ICMS (CF, art. 155, § 2º, II) e IPI (CF, art.153, § 3º I )
Fonte: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/171039/que-se-entende-por-principio-
da-seletividade-camila-andrade
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“É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional
ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município”. A Constituição Federal permite, entretanto, que a União exerça uma política
de incentivos fiscais para promover o equilíbrio entre as regiões do País.
Ou seja, não se deve admitir a exigência de Imposto de Renda sobre salários cujos
valores sejam insuficientes para fazer frente àquelas necessidades básicas, as quais a
própria Constituição determinou que deveriam ser satisfeitas com o salário-mínimo (art.
7° inciso IV).
Importante
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Deve ser levado em conta, ainda, que não basta a simples autorização de cobrança
do tributo, é necessário que a lei discrimine todos os aspectos da hipótese de incidência,
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como base de cálculo, fato gerador, alíquota, sujeito passivo etc., não deixando margem
de discricionariedade para o administrador decidir se alguém deve ou não pagar
determinado tributo, o que faz com que alguns denominem-no de princípio da estrita
legalidade, como se infere do art. 97 do Código Tributário Nacional.
Como visto, via de regra, a majoração dos tributos deve ser feita por lei, tomada
como veículo apto a tal propósito, à medida que, quando se está tributando determinada
situação, está interferindo no direito de propriedade do cidadão. Entretanto, há algumas
exceções no texto constitucional no que diz respeito à competência tributária da União.
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Tome Nota
No Brasil, o exercício financeiro, que significa o período para que a lei orça-
mentária aprove a receita e a despesa, inicia-se em 1º de janeiro e termina em
31 de dezembro, coincidindo com o ano civil.
Deve-se atentar ao fato de que o referido princípio, por ser decorrência de direitos
fundamentais de primeira dimensão – também conhecidos como direitos de defesa – só
deve ser aplicado quando se institui ou aumenta um tributo, não sendo exigível quando
se tratar de isenção ou redução de tributos, hipóteses em que poderá ser aplicada
imediatamente a lei. Contrário senso, se a lei revogar uma isenção concedida por prazo
indeterminado, entende-se que deverá atender ao princípio da anterioridade, salvo se
constituir-se hipótese de exceção ao mencionado princípio.
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https://www.youtube.com/watch?v=fKfVmW0MqhA
https://www.youtube.com/watch?v=HAm-CGf-LEA
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Pode ser observada também a notória semelhança com o art. 5º, inc. XXXIX da
Constituição: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal”, traduzindo-se em corolário do princípio da segurança jurídica que protege as
situações já consolidadas para que não haja gravames posteriores aos cidadãos.
Assim, nem eventual lei promulgada com o fim de interpretar lei já existente pode
atrever-se a alcançar fatos do passado, só produzindo efeitos a partir da sua vigência e
se não transbordar o seu conteúdo. Se antes não se entendia por tributar determinada
situação abstrata que ao concretizar-se desse ensejo ao nascimento da obrigação
tributária, não será uma norma supostamente interpretativa que permitiria uma evidente
retroatividade da lei no tempo.
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Da mesma forma que ocorre na esfera penal, em que “a lei penal não
retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (art. 5º, inc. XL da CF), no
campo tributário, a lei mais favorável poderá alcançar fatos pretéri
tos, como se infere do disposto no art. 106 do CTN, veículo próprio
que autoriza a aplicação da lei em relação a ato ou fato pretérito
quando:
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Importante
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econômicos e culturais.
Em suma, o Estado pode cumprir uma parte significativa dessa tarefa mediante
o estímulo ou desestímulo de determinadas condutas que tenham como norte a
concretização dos direitos fundamentais.
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Em um modelo de Estado como vigente no Brasil, não basta que haja a observância
da igualdade perante a lei – fruto da Revolução Francesa. Faz-se necessário que o
Estado seja um efetivo construtor da igualdade – conforme preconiza Bonavides. Isto é,
não basta tratar aos iguais igualmente e aos desiguais desigualmente.
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Como já referido, esse princípio tem tal importância que é possível sustentar que
o Estado Democrático de Direito (ou Estado Social) apenas concretiza-se, caso seu
sistema tributário for apoiado no princípio da capacidade contributiva. É certo que o
princípio da capacidade contributiva não nasce apenas com o Estado Social (já existia
e era validamente aceito no Estado Liberal). Porém, é possível afirmar que a eficácia
do referido princípio passa a ser condição de possibilidade de concretização do próprio
modelo de Estado Democrático de Direito.
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Importante
A progressividade tributária
implica exacerbação da exigência fiscal,
à medida que cresce a capacidade de
contribuir para com a coletividade, sendo
tal operacionalizado pela imposição de
alíquotas tanto maiores quanto maior
a base de cálculo do tributo, isto é, a
grandeza econômica representativa do
fato gerador.
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sejam insuficientes para fazer frente àquelas necessidades básicas, as quais a própria
inciso IV).
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Cabe ressaltar que, no caso do Brasil, deve-se falar em tributos indiretos, uma
vez que além dos impostos com tal característica (ICMS, IPI e ISS, principalmente), há
contribuições sociais (impostos finalísticos) que possuem características idênticas,
como ocorre com a Contribuição para o PIS, Cofins e Cide sobre os combustíveis, por
exemplo.
Essa questão pode ser resolvida mediante a aplicação de uma das regras
concretizadoras do princípio da capacidade contributiva: a seletividade. Mediante a
aplicação de alíquotas seletivas, bens indispensáveis à subsistência, poderiam ser
gravados com alíquotas menores ou, até mesmo, não serem gravados; já bens supérfluos
seriam tributados com alíquotas maiores, visto que o consumo corresponde a uma
razoável forma de graduar os tributos indiretos conforme a capacidade econômica do
contribuinte.
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IPTU ICMS
IPI
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6. Imunidades
Consiste na exclusão de competência da União, estados,
Distrito Federal e municípios para instituir tributos relativamente
a determinados atos, fatos e pessoas, expressamente previstas
na Constituição Federal. Objetivam preservar da tributação
valores considerados como de superior interesse nacional.
1
SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 7a ed. rev. atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2007. p. 56/58.
39
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instituição.
2
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Manual de direito tributário. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p. 148.
40
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3
A respeito, ver: COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Manual de direito tributário. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2001. p. 148; AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 155/156;
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p 209; ÁVILA, Alexan-
dre Rossato da Silva. Curso de direito tributário. 2. ed. rev. ampl. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2006. p. 145.
4
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998-2003. p. 137. No mesmo
sentido, o entendimento de Ricardo Lobo Torres. TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional fi-
nanceiro e tributário, vol. III; os direitos humanos e a tributação: imunidade e isonomia. Rio de Janeiro: Renovar,
1999. p. 257.
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Constituição Federal
Leis
Decretos
complementares
Leis ordinárias
Como na Inglaterra do século XIII, a exigência de tributos só poderá ocorrer se
houver lei possibilitando. Quando se menciona o termo “lei”, é imprescindível frisar que
só merece tal rótulo a norma jurídica proveniente do parlamento. Mais do que isso, a
lei deverá definir todos os elementos da denominada hipótese de incidência tributária,
de tal sorte que, tudo que influenciar no montante devido e na definição de quem deve
pagar, deveestar expressamente previsto em lei, salvo as exceções que só a própria
Constituição pode estabelecer.
Essa lei não será aplicada em relação a fatos pretéritos, uma vez que “leis retroativas
só os tiranos as fazem e só escravos as obedecem”. Há também o direito de conhecer-
sepreviamente a carga fiscal, motivo pelo qual, em regra, as normas tributárias que
implicam instituição ou majoração de tributos só passam a produzir efeitos a partir de
1º de janeiro de ano subsequente (princípio da anterioridade), respeitado um período
mínimo de noventa dias da publicação.
A lei não poderá, a pretexto de tributar, ter efeito confiscatório, e isso se materializaria
com a exigência de um tributo cuja cobrança implicasse o próprio esgotamento da fonte
produtora da riqueza. Ainda, a exigência de tributos não pode obstar a livre circulação de
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8. Referências
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008.
ÁVILA, Alexandre Rossato da Silva. Curso de direito tributário. 2. ed. rev. ampl. Porto
Alegre: Verbo Jurídico, 2006.
BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998-
2003.
CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 28ª. ed. São Paulo:
Malheiros, 2012.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
CASALTA NABAIS, José. 2009. Por um Estado Fiscal Suportável - Estudos de Direito
Fiscal, Volume III. Coimbra: Almedina. 2012.
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Manual de direito tributário. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2001.
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SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 11ª. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2012.
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IPVA COFINS
IOF
ICMS
IR
IPTU
ISS
TLP
EDUCAÇÃO FISCAL:
TRIBUTAÇÃO, ORÇAMENTO
E COESÃO SOCIAL
E S TA D O E
TRIBUTAÇÃO
Sumário
Taxas ...........................................................................................................................21
8.1. Constituição..............................................................................................................38
Referências...........................................................................................................................42
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Quando surgiram os tributos? Será que é algo novo? Que tal reviver um
pouco da história dos tributos?
Na Idade Média, os servos estabeleciam com seus senhores uma relação hereditária
de dependência conhecida como vassalagem. Em troca de proteção, ofereciam seu
trabalho e pagavam pesados impostos.
Com as Revoluções Liberais, o Estado passou a ser limitado por normas jurídicas,
que procuram, assim, evitar os excessos. Nos regimes democráticos, como é o caso do
Brasil, a Constituição, que é a Lei Maior de um país, garante os direitos dos contribuintes,
impondo limites ao poder do Estado de tributar.
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PERÍODO CARACTERÍSTICAS
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De acordo com o art. 5º, do CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuições
de melhoria. Na Constituição Federal, são previstas duas outras figuras tributárias: os
empréstimos compulsórios (art. 148) e as contribuições especiais ou parafiscais (art.
149).
Dessa forma, caso a interpretação esteja limitada ao CTN, podemos afirmar que
só existem três espécies de tributos no Brasil, mas a partir de um olhar da Constituição
Federal, que é o entendimento da maioria dos autores e do próprio Supremo Tribunal
Federal, são cinco os tributos brasileiros: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
empréstimos compulsórios e as contribuições especiais ou parafiscais.
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Conceito de tributo
De acordo com o Código Tributário Nacional - CTN:
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em
De acordo com o art. 5º, CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuições de
melhoria.
“Em moeda ou cujo valor nela se possa O pagamento é efetuado em dinheiro, mas a lei
exprimir.” poderá admitir que ele seja feito por meio de algo
de valor equivalente à moeda ou nela conversível.
“Que não constitua sanção de ato ilícito.” Tributo não é penalidade por infração; multa, sim,
dado que constitui sanção pecuniária decorrente
de ato ilícito.
“Instituída em lei.” Sem lei que o institua, não existe tributo (princípio
da legalidade).
“ Cobrada mediante atividade administrati A cobrança deve ser realizada conforme deter
va plenamente vinculada.” mina a lei, não comportando discricionariedade
do administrador público.
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Tributos vinculados
Exemplos:
Os tributos não vinculados são aqueles cobrados pelo Estado sem a exigência
da contraprestação de serviços ou obras ao contribuinte em específico. O Estado, pelo
seu poder de império, cobra esse tipo de tributo para obter recursos para financiar suas
atividades.
Exemplos:
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CONTRIBUIÇÃO
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Espécies de tributos
Observe na tabela a seguir os tipos de tributos e a legislação que ampara cada um
deles:
Empréstimos compulsórios
O aspecto mais relevante e diferenciador desta espécie tributária é ser restituível,
ou seja, o tributo pago deve ser devolvido ao contribuinte. No entanto, também requer
capacidade contributiva e lei complementar que o estabeleça. Observe a seguir uma
síntese dos principais tributos brasileiros, de acordo com a Constituição Federal:
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Exemplo: ICMS.
Saiba Mais
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Taxas
As taxas “têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.” (CTN, art. 77). Observe a seguir os tipos de
taxas.
Saiba Mais
• Taxas de serviço: são aquelas que têm como fato gerador a utilização de
determinados serviços públicos. Exemplos: taxa de emissão de passaporte, taxa
de coleta de lixo, taxa para emissão de certidão de bons antecedentes.
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Contribuição de melhoria
A contribuição de melhoria é instituída para fazer face ao custo de obras públicas
de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e
como limite individual o valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
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ESPÉCIES DEFINIÇÃO
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• 21,5% para o Fundo de Participação dos Estados, o FPE, que é dividido entre
as unidades federadas, observando-se critérios da legislação;
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Os estados entregarão aos respectivos municípios 25% dos recursos que foi
arrecadado com o IPI.
Tributo Destino
IPVA 50% do que o estado arrecadar com esse imposto é repartido com
o município onde foi emplacado o veículo.
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Sonegação Fiscal
Sonegação fiscal é um crime tributário, definido pela Lei
nº 4.729/1965, que ocorre após o fato gerador do tributo.
Corresponde a uma ação ou omissão dolosa tendente a impedir
ou retardar, total ou parcialmente, a informação que deveria ser
prestada à Autoridade Tributária, com a intenção de eximir-se
do pagamento de tributos.
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• Falência de indústrias nacionais que não conseguem competir com o preço dos
produtos piratas.
as consequências negativas
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Por Exemplo
Carga Tributária Bruta = Arrecadação Tributária
Produto Interno Bruto
Carga Tributária Bruta = 1.597,02 (R$ trilhão) = 36,27%
4.402,54 (R$ trilhões)
Fonte: IBPT 2012
Saiba Mais
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QUESTIONAMENTOS
CONSEQUÊNCIAS
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Refletindo
Diante do que foi analisado até o momento, levantamos as seguintes pergun
tas: a carga tributária no Brasil é realmente elevada? O sistema tributário
brasileiro é justo? Estamos finalizando o curso e essas reflexões são muito
importantes!
A função social dos tributos está vinculada ao uso do Sistema Tributário Nacional
como um instrumento efetivo para que o Estado cumpra sua função social de promover
o bem comum, a igualdade e a justiça, por meio do desenvolvimento social e econômico.
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Porém, para que se discuta o montante que a sociedade destina ao Estado para
fazer frente às suas funções, são necessárias algumas definições. A primeira delas é
justamente a de carga tributária, que nada mais é que um indicador entre o volume de
recursos pagos a título de tributos e o PIB (Produto Interno Bruto). Este, por sua vez,
representa a soma de tudo o que é produzido no país em um espaço de tempo.
ii. o retorno social é baixo em relação à carga tributária, ou seja, não se vê uma
contrapartida efetiva do Poder Público;
E você? O que pensa sobre isso? Que sugestões você daria para uma refor
ma tributária efetiva?
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É certo que o CTN faz uma classificação entre obrigação principal e obrigação
acessória, reconhecendo-se em relação à primeira seu caráter pecuniário (pagar o tributo
respectivo) e, em relação à segunda, um dever jurídico de fazer, não fazer ou tolerar algo
no interesse da fiscalização, por exemplo, o dever de entregar uma declaração de renda
por parte das pessoas naturais.
Fique Ligado
Vale frisar ainda que tanto as obrigações principais como acessórias só
podem ser instituídas mediante norma jurídica válida para tanto, e isto vale
também para as penalidades a serem impostas em face ao inadimplemento.
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Quanto ao sujeito passivo, ele pode ser o contribuinte ou responsável (art. 121,
parágrafo único do CTN), sendo que o primeiro possui uma relação pessoal e direta com
o fato gerador, enquanto que, em relação ao segundo, seu dever jurídico decorre de uma
escolha legislativa que leva em consideração o interesse da fiscalização.
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8. Crédito tributário
Pode-se definir crédito tributário como uma relação
jurídica de cunho obrigacional, em vista da qual o Estado
8.1. Constituição
O crédito tributário é constituído mediante o lançamento,
Fonte: Adaptado de http://
que corresponde ao procedimento administrativo tendente
siprotaf.org.br/artigos/
a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
ver/6879/estoque-de-
credito-
correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar
montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível (art. 142 do
CTN).
a) no que diz respeito à parte substancial (alíquota, base de cálculo e fato gerador),
a legislação vigente quando da ocorrência do fato gerador;
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Enfim, estes são os elementos que caracterizam o tributo, suas espécies e modo
pelo qual o dever fundamental de pagá-los é regulado pelo Ordenamento Jurídico Pátrio.
É certo que cada item aqui abordado foi examinado na profundidade possível para um
trabalho desta natureza, sendo que o objetivo aqui perseguido foi o de apresentar o
arcabouço dogmático que ora regula a tributação no Brasil, sem examinar eventuais
discussões doutrinárias e jurisprudenciais que ainda persistem na cultura jurídica
nacional. O aprofundamento poderá ser realizado mediante a leitura das obras referidas
na bibliografia que serviu de fundamento indireto para a elaboração do texto. Esta foi a
empreitada aqui concluída.
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Brasília: Senado Federal,
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2000.
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