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Bortoni-Ricardo, S. M (2005).

Heterogeneidade linguística e ensino da língua: o paradoxo


da escola. In S. Bortoni-Ricardo, Nós cheguemu na escola, e agora? : sociolinguística e
educação (pp.13-17). São Paulo: Parábola Editorial

Em vários países falantes do português, as diferenças sócio-culturais nas sociedades que


possuem uma língua padrão tem causado perplexidade devido aos sistemas educacionais
estabelecidos nas academias, comprometendo assim a aprendizagem prévia da língua por aqueles
que vem de uma classe social inferior que é automaticamente associada ao seu nível de literacia
considerada pelas instituições como incultas e os seus falantes como incapacitados.

O valor do português considerado culto, baseado em livros académicos e produzidos em obras


literárias apega-se a sua variedade de falantes e apesar da diversidade dialética e expressiva,
ultrapassa as divisões sociais, tornando assim o indivíduo inserido nessa sociedade, capaz de
expressar-se e comunicar-se com os outros de formas diversas.

No caso particular de Moçambique, um país com um significante número de línguas pertencentes


a família bantu, sendo uma das principais características culturais do país, a incredibilidade pelas
línguas locais e a incapacidade de alguns professores dificultam a possibilidade de estabelecer
uma ligação com a língua de unidade nacional, tornando o enriquecimento da língua e da cultura
a responsabilidade de quem a fala no seu cotidiano dentro e fora das instituições de ensino. Os
factores que dificultam essa transação são:

 O menosprezo pelas línguas locais;


 A falta de empenho por parte dos alunos devido a rápida transição de uma língua para a
outra;
 A fraqueza na promoção do bilinguismo nas zonas onde o português é mais falado e
vice-versa.

Assim sendo, as academias tem o dever de isentar-se do etnocentrismo e comprometer-se com a


sua variedade sociolinguística, tomando medidas genuínas de inclusão social de modo a
enriquecer o conhecimento de uma cultura e contribuir para o progresso justo de uma sociedade.
De forma conclusiva, afirmamos que a fusão entre as línguas contribuirá para um inclusão nas
instituições de ensino, de qualquer cidadão independente de que língua materna ou dialeto fala.

Referência Bibliográficas

Nhampoca, Ezra Alberto Chambal (2015). Ensino Bilingue em Moçambique: Introdução e


Percursos.

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