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Vol.

MANUAL DA HORTA CASEIRA:


ORGÂNICO, SUSTENTÁVEL
E FUNCIONAL
POLICULTURA

Emanoel da Silva Carvalho, dasilvacarvalhoemanoel@gmail.com


VOCÊ VERÁ TAMBÉM:
AS VANTAGENS DE
SE APLICAR A POLICULTURA
EM HORTAS DE QUALQUER
LUGAR DO BRASIL.

Esse livro digital na verdade é uma síntese


de informações e técnicas essenciais para
quem quer ter hortaliças no seu quintal,
projeto de horta escolar e mudar de vida.

Esse curso será dividido em 3 partes:

Vol. 1 – Policultura

Vol. 2 – Orgânico

Vol. 3 – Sustentável e Funcional

Emanoel da Silva Carvalho, dasilvacarvalhoemanoel@gmail.com


RECADO DO AUTOR
Olá meus queridos e minhas queridas, me chamo
Emanoel, Produzi diversas hortas em escolas,
residências e comunidades no estado da paraíba,
localizado no semiárido brasileiro, região com baixa
demanda de água em certos períodos, mas que supera
tudo isso com sua exuberância e diversidade.

Estou aqui para te passar tudo que eu sei da maneira


mais dinâmica e intuitiva possível.

Creio que você também irá conseguir construir sua


própria horta e deixar de comprar produtos de origem
duvidosa ou totalmente desconhecida e descobrir os
prazeres de cuidar de plantas, a riqueza dos seus
nutrientes e a qualidade de vida que podem te oferecer.

Mãos à obra!

Emanoel da Silva Carvalho, dasilvacarvalhoemanoel@gmail.com


SUMÁRIO
01 Policultura
02 Monocultura x Policultura
03 Sintropia
04 Boas e más associações
05 Pesquisa Acadêmica
06 Resumo e Referências

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01 POLICULTURA

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Figura 1: Canteiro com diversas hortaliças

De forma bem simples, a policultura, é a prática de


se cultivar (ou criar) vários tipos de plantas (ou
animais) em uma mesma área de plantio, é só
observar na figura 1, diversas hortaliças em
posições estratégicas. Essa prática pode trazer
diversas vantagens, tais como: fortalecimento das
plantas, combate efetivo “pragas e doenças” em
hortaliças e animais, além da preservação dos
mananciais de água (córregos, rios, lagos…), fauna
e flora.

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Os agricultores têm praticado em escala crescente a
policultura em pequenas e grandes áreas, como
vemos na figura 2, que consiste na realização de
cultivos mistos e/ou criação de animais, nas
mesmas terras e ao mesmo tempo.

A policultura sempre foi mais comum em pequenas


áreas (urbanas e rurais). Para áreas de médio e
grande porte, entretanto, o foco acabou se
transformando em monocultura, onde é cultivada
apenas uma espécie, de forma exclusiva.
(PADOVAN, M. P. 2019)

Figura 2: Policultura em prática


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02 MONOCULTURA
X
POLICULTURA

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Figura 3: Maquinário pesado e sistemas complexos de irrigação.

A monocultura tornou-se a modalidade mais praticada


por várias décadas, fazendo o agricultor se dedicar
exclusivamente a um único tipo de produto, como
cana-de-açúcar e milho, por exemplo.

Embora exista apenas um tipo de cultura, é exigido


um sistema de irrigação muito mais complexo, por
exemplo, com a distribuição de água por toda a
extensão do lote.

Além de necessitar de um grande espaço físico e


maquinário pesado (figura 3) para a plantação. No
final biodiversidade animal e o solo são muito
prejudicados pela monocultura.
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Por não favorecer vários processos naturais, como a
produção e oferta contínua de material orgânico,
ciclagem de nutrientes, entre vários outros
processos vitais, o solo vai empobrecendo
quimicamente, fisicamente, biologicamente, o que
desfavorece o bom desempenho das plantas
cultivadas e favorece o aumento de pragas e
doenças nas plantas. Há ainda maior contaminação
do solo pelo acúmulo de agrotóxicos (figura 4),
que pode chegar a lençóis freáticos e então o
abastecimento das famílias, ou até pelo ar
chegando as comunidades circunvizinhas,
contaminando a população indiretamente, entre
outros problemas.

Figura 4: Uso de agrotóxicos na lavoura de monocultura.

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Figura 5: Policultura na agricultura familiar.

A policultura, por outro lado, requer um espaço


menor para cultivos, além de menos tecnologia na
irrigação, como vemos na figura 5, por utilizar-se de
toda a matéria prima disponível pela natureza a seu
favor, como coberturas vegetais e meios de
irrigação alternativos e econômicos. Uma de suas
grandes vantagens, é verificada no fortalecimento
das plantas. Este processo começa com a formação
de raízes mais vigorosas e que geram plantas
maiores, com o objetivo de captar o máximo de
nutrientes do solo e água.

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Outra de suas maravilhosas vantagens é o combate
natural e efetivo de organismos que se alimentam
de plantas vivas, chamados de pragas e doenças,
em função do equilíbrio biológico e da melhor
qualidade do solo. Justamente por isso, a
policultura é uma das formas mais sustentáveis de
prática agrícola, seja em ambientes urbanos ou
rurais.

Natural e orgânica, livre de agrotóxicos e


fertilizantes químicos, normalmente a policultura é
praticada em pequenas áreas, envolvendo a
cooperação mutua (figura 6), viabilizando sustento
e renda a milhares de famílias.

Figura 6: Policultura e cooperativismo.

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03 SINTROPIA

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Se a entropia é um princípio relacionado ao
imprevisível, a sintropia indica o grau de
previsibilidade dos elementos.

No centro desse conceito está um contraponto à


perda de energia, tornando o sistema cada vez mais
sustentável. Por isso, saber o que é sintropia tem
reflexos em muitas atividades humanas, sendo a
agricultura uma das principais beneficiadas.

A agricultura baseada em sintropia promove


interações que resultam em um equilíbrio energético
no sistema. Uma das estratégias usadas é a
escolha de espécies que não demandam tantos
nutrientes do solo e que incentivam a continuação
natural.

O modelo de agrofloresta emprega o conceito de


sintropia para conter os impactos ambientais, como
desertificação e até mesmo impedir o aumento do
aquecimento global. Essa forma de cultivo foi
desenvolvida nos anos 70 pelo pesquisador suíço
Ernst Götsch.
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Vemos a sintropia até mesmo nos diversos tipos de
raízes (figura 7) que expelem substâncias
diferentes e têm o poder de selecionar a microvida
no subsolo, podendo ter efeitos positivos ou
negativos sobre as plantas vizinhas.

Plantas com raízes profundas tornam o solo mais


penetrável para outras de raízes mais curtas, assim
pode-se plantar no mesmo canteiro hortaliças de
folhas que exigem mais nitrogênio e hortaliças de
raízes que exigem mais potássio

Figura 7: Tipos de Raízes quanto a forma


https://image.slidesharecdn.com/asplantasraizecaule-100222074839-
phpapp02/95/as-plantas-raiz-e-caule-18-728.jpg?cb=1266824989

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Plantas com ciclos
diferentes ajudam-se
mutuamente, permitindo
melhor aproveitamento do
terreno, como a alface e o
Figura 8: Cochonilhas ampliada
https://i.ytimg.com/vi/GRIAD9JQ2CA/hqdef rabanete, por exemplo.
ault.jpg

As associações podem ser


feitas em pequenas culturas
como nas hortas e pomares
domésticos.

Além de um bonito visual,


Figura 9 : Proliferação de cochonilha
https://cdn-cv.r4you.co/wp apresentam também
content/uploads/2017/02/16667571_14116
43008881035_1858581877_o.jpg
resultados práticos, como
por exemplo:

Plantar cebola ao lado de


uma roseira aumenta o
perfume das rosas e afasta
suas pragas mais comuns, a
Figura 10: Pulgões cochonilha (figuras 8 e 9)
https://t2.uc.ltmcdn.com/pt/images/5/7/4/re
medios_caseiros_contra_o_pulgao_13475_60 e o pulgão (figuras 10).
0.jpg 16
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Figura 11: >http://flowersandpplants.blogspot.com/2012/05/policultura.html

As plantas também têm preferências e gostam mais


da companhia de umas do que de outras. Assim elas
associam-se de forma a crescerem melhor e mais
fortes, protegendo-se umas às outras, como
podemos ver na figura 11.

Muitas delas exalam odores que podem atrair ou


afastar insetos. Plantar alho junto dos pessegueiros,
por exemplo, acentua o aroma dos pêssegos, do
mesmo modo também atua com os temperos.

O companheirismo e hostilidade entre os vegetais


demonstram que a consorciação e a rotação
adequadas de culturas podem beneficiar a
agricultura, melhorar a saúde dos solos, controlar a
infestação de pragas e invasoras.
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04 BOAS E MÁS
ASSOCIAÇÕES

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Favorece o crescimento Repele as Pragas Antagónicas

Batata ;
Cebola; salsa; calêndula; Malmequer; Urtiga;
repolho;
serralha ; erva cidreira manjericão;
tomate pepino; feijão

Morango;
Ervas aromáticas; Nasturcio; tomate;
brócolis
alface; batata hortelã; estragão; cebola vagem

Alface; tomate; espinafre; Repolho;


morango forragem couve

Morango; camomila;
Ervilha ; feijão
tomate; couve; alface
cebola

Cenoura; pepino;morango; Salsa


alho porro; rabanete girasol
alface

Cebola; Framboesa;
Alecrim;
batata; tomate;
Couve menta; tomilho
camomila; hortelã Vagens.
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05 PESQUISA
ACADÊMICA

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Pesquisas sobre policultura no semiárido brasileiro

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Atestamos ao ler o artigo, que o sistema de policultivo
permite grande economia (ou até mesmo dispensa o
uso) de água. Isto porque grande parte das plantas
cultivadas (como umbu, maniçoba, palma, sisal, feijão
de porco) acumula água em suas raízes, caules ou
folhas, garantindo, assim, um solo mais úmido, sem
necessidade de irrigação.

Gestores entrevistados denominaram o modelo


implantado de “sistemas de irrigação natural”, já que a
forma de plantio garante a diminuição da temperatura,
reduz a evapotranspiração, mantém o solo úmido
durante a estiagem e permite o Desenvolvimento
saudável das culturas.

Uma das técnicas aplicada foi a utilização da palma e


do mandacaru, plantas típicas da caatinga, picadas
em pedaços pequenos e sendo colocadas em buracos
ao lado de outra cultura (conforme a figura da página
seguinte). Desta forma, a palma e o mandacaru, que
armazenam naturalmente muita água, cedem parte de
sua reserva para outras plantas.

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Agricultores picando palma, planta típica da Caatinga, composta por cerca
de 90% de água, para o preparo do solo. Fonte: IPB (2009)

Agricultores realizando a cobertura do solo. Fonte: IPB (2009) 23


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06 RESUMO E
REFERÊNCIAS

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RESUMO

REFERÊNCIA

Padovan, M. P. acessado em 27/08/2019 no site:


https://www.miltonpadovan.com.br/.

Santos, J. E. (2011), ‘Estratégias de convivência para a conservação dos


recursos naturais e mitigação dos efeitos da desertificação no semiárido’. In:
Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT. Desertificação e Mudanças
Climáticas no Semiárido Brasileiro. Editores, Ricardo da Cunha Correia Lima,
Arnóbio de Mendonça Barreto Cavalcante, Aldrin Martin Perez-Marin.-
Campina Grande: INSA-PB.

United Nations Voluntários – Brasil (UNV) e Caixa Econômica Federal.


(2007), 50 Jeitos Brasileiros de Mudar o Mundo: o Brasil Rumo aos Objetivos
do Desenvolvimento do Milênio. Programa das nações Unidas para o
Desenvolvimento. Bahia, Brasil.
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Emanoel da Silva Carvalho

Mestre em ciência e tecnologia ambiental na área de química analítica aplicada


a quantificação de contaminantes emergentes em baixas concentrações em
meio aquoso. Graduado em química industrial pela universidade estadual da
paraíba. Onde estive envolvido em projetos de pesquisa e extensão desde o ano
de 2011 até agosto de 2014 no laboratório de pesquisa em ciências ambientais
(LAPECA), tendo como área principal de estudo o processo de adsorção para a
purificação de leitos aquáticos contaminados com hidrocarbonetos. Em projetos
de extensão, as principais áreas são as de preservação e educação ambiental,
hortas e coleta seletiva.

Para mais informações acesse meu currículo:


http://lattes.cnpq.br/2809164995253074 26
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RECOMENDAÇÕES

Ao terminar de ler essa pequena


obra, espero que tenha
compreendido a grande vantagem
em diversificar em seus canteiros
com sabedoria.

A natureza é um sistema fascinante e


você pode se divertir e aprender
muito quando se trabalha com a
Esse material foi produzido de terra.
forma inteiramente digital, não
utilizando papel na sua confecção.
Experimente as combinações
Esperamos que não sejam feitas expostas nessa obra, e continue
cópias impressas desse material.
pesquisando.
Ajude nosso planeta, e compartilhe
pela internet esse e-book e recicle Nos próximos volumes trarei
suas ideias.
técnicas de irrigação alternativas e
econômicas , para aplicarem em
suas hortas. Principalmente para
você que mora em apartamento.

Emanoel S. Carvalho
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