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Disciplina: Mediações e midiatizações do consumo

Docente: Dr. Eneus Trindade Barreto Filho


Discente: Renato Contente

RESUMO 1 – COULDRY, N. e HEPP, A. The mediated construction of reality.


Cambridge: Polity Press, 2017, pp. 1-12.

O texto de Couldry e Hepp parte do pressuposto de que a realidade e outros termos


passíveis de discussão, como o “social” ou a “sociedade”, são necessariamente
mediados por diversas instâncias de comunicabilidade, em especial as midiáticas e, na
atualidade, fortemente pelas oriundas das mídias digitais. Na visão da dupla, a ideia do
social é construída a partir de, e através de, processos tecnologicamente mediados e de
diversas infraestruturas de comunicação – combinação a que os autores se referem como
“mídia”.

Couldry e Hepp costuram ideias e conceituações de diferentes autores em defesa do que


podemos entender como uma epistemologia apta a abarcar de maneira apropriada as
controvérsias e processos complexos que envolvem a contemporaneidade, que tem a
mediação por meios digitais como vetor de mudanças sociais significativas. Para os
autores, as transformações ocorridas entre as décadas de 1990 e 2010, desde a
popularização da internet à conexão em larga escala através de dispositivos móveis,
alteraram de maneira profunda as questões que a teoria social precisa responder sobre a
mídia, bem como as questões que a teoria da mídia precisa responder acerca do social.

Como sustentam os pesquisadores, especialmente com a introdução das redes de mídias


sociais em meados dos anos 2000, o termo “mídia” passou a compreender mais do que
canais de conteúdo centralizado: ele passou a abranger “plataformas que, para muitos
humanos, são literalmente os espaços onde, através da comunicação, eles encenam o
social” (p. 2).

Ao menos na introdução do livro, o escopo teórico escolhido por Couldry e Hepp


abrange autores ligados ao pensamento sociológico, como Émile Durkheim, Alfred
Schütz, Norbert Elias, Pierre Bourdieu, Axel Honneth e Anthony Giddens, além de
Bruno Latour e da interessante autora José van Dijck, com publicações recentes
voltadas para problemáticas contemporâneas que envolvem as mediações digitais. No
livro, as contribuições desses autores servem para embasar tentativas de responder um
importante questionamento: “a nossa vida conjunta, cada vez mais mediada
tecnologicamente, é sustentável, ou pelo menos compatível com a manutenção de boas
relações de interdependência? Se não, como podemos começar a remediar isto?” (p. 12).

Questão proposta: Pensando no próprio questionamento que os autores tentam


responder, conforme transcrito acima, em que medida a preponderância praticamente
absoluta das mediações digitalizadas na atualidade podem facilitar ou prejudicar nossa
busca por relações afetivas? No que isso altera nossa percepção e constituição enquanto
sujeitos desejantes?

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