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HJARVARD, Stig. A midiatização da cultura e da sociedade.

São Leopoldo: Editora Unisinos,


2014.

CAPÍTULO 01: INTRODUÇÃO – DA MEDIAÇÃO À MIDIATIZAÇÃO

Problema de pesquisa do livro:

Como se opera a influência da mídia sobre a cultura e a sociedade em geral. P. 14

Tradicionalmente os estudos de mídia a colocavam como algo dissociado da sociedade e da


cultura, como um tipo de instrumento pra servir a propósitos variados.

Inversamente, os estudos culturais investigam o que as pessoas fazem com a mídia.

Aqueles que utilizam a mídia são sujeitos ativos e competentes, quando não poderosos, bem
como capazes de emprega-la na experiência cotidiana, a fim de satisfazer suas necessidades. P.
14

Usos e gratificações: o que as pessoas fazem com a mídia.

Teoria da midiatização: a mídia não é separada das instituições culturais e sociais, nos cabe
compreender como essas instituições mudaram de caráter, função e estrutura em resposta à
presença da mídia.

Trata especificamente em ver as mudanças estruturais a longo prazo

Os estudos de midiatização transferem o centro de interesse dos casos específicos de


comunicação mediada para as transformações estruturais dos meios de comunicação na
cultura e sociedade contemporâneas. P. 15

A mídia tornou-se condição estrutural das práticas sociais e culturais

Parcela significativa de sua influência decorre de um fenômeno bilateral em que a mídia se


torna parte integrante do funcionamento de outras instituições, ao mesmo tempo que alcança
certo grau de autodeterminação e autoridade, obrigando tais instituições, em maior ou menor
medida, a submeter-se à sua lógica. P. 16

Uma teoria do meio-termo

“mediação”: conceito limitado, referendo-se a um tipo de mídia em um contexto social


específico

“midiatização”: denota as transformações estruturais a longo prazo e larga escala

Seu objetivo é examinar quando e como as mudanças estruturais entre os meios de


comunicação e as diversas instituições sociais e fenômenos culturais vê a influenciar o
imaginário, as relações e as interações humanas. P. 16
Para evitar generalizações excessivas e teorização insuficiente, sugere-se uma “teoria do meio-
termo”: uma análise que enfocará o nível intermediário dos arranjos sociais e culturais no
âmbito de um contexto histórico e sociogeográfico.

A partir de uma abordagem institucional que nos permite fazer generalizações entre as
interações microssociais de indivíduos de um determinado setor da cultura e da sociedade,
mas no impede de estimar por completo a influência universal dos meios de comunicação no
nível macro. P. 17

Ressalta-se: não confundir que a evolução das mídias signifique sempre uma mudança das
relações sociais

Devemos, portanto, tomar cuidado para não confundir o perpétuo e mui visível caráter de
“novidade” da evolução dos meios de comunicação com uma transformação contínua dos
arranjos sociais e culturais. P. 19-20

CAPÍTULO 02: MIDIATIZAÇÃO: UMA NOVA PERSPECTIVA TEÓRICA

Introdução

Em uma etapa inicial, midiatização: impacto da mídia sobre a comunicação política e a outros
efeitos verificados na esfera política. P. 23

 Declaração pública em eleições;


 Independência das mídias sobre as fontes políticas (Kent Asp);
 “sociedade sacudida pela mídia” (Gudmund Hernes);
 Como a lógica da mídia constituiu o cabedal de conhecimentos gerados e difundidos
na sociedade (Alheide e Snow)
 Influência dos meios de comunicação de massa sobre o exercício do poder político
(Mazzoleni e Schulz);
 Envolvimento performativo ativo e o papel constitutivo dos meios de comunicação em
conflitos políticos e militares (Jensen e Aalnerg; Stromback; Cottle)

Midiatização como: influência da mídia sobre a pesquisa

 Meios de comunicação desempenham um importante papel na produção e difusão do


conhecimento e das interpretações da ciência (Valiverronen);
 Meios de comunicação como arena para debate público e legitimação da ciência (Peter
Weingart);
 Midiatização da ciência como fato empírico, mas limitado a determinadas disciplionas,
cientistas e fases de pesquisa (Rodder e Schafer)

Midiatização como: influência sobre as instituições, crenças e práticas religiosas

 Processos pelos quais os meios de comunicação alteram a comunicação e a interação


humana: entendem as habilidades de comunicação humana, substituem atividades
sociais, fusão de atividades, adaptar o comportamento. (Winfried Schulz)
Modernidade ou civilização midiatizada?

Definição

Por midiatização da cultura e da sociedade entendemos o processo pelo qual ambas as esferas
se tornam cada vez mais dependentes da mídia e de sua lógica. P. 36

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Por meios de comunicação compreendemos as tecnologias que expandem a comunicação no


tempo, no espaço e na modalidade. Os meios de comunicação não constituem apenas
tecnologias, mas adquirem formas sociais e estéticas que estruturam o modo como vêm a ser
utilizados em vários e variados contextos. [...] cada meio possui suas próprias características,
variando tanto em uso quanto em conteúdo entre as culturas e sociedades. P. 40

FIRNAS DE MIDIATIAZAÇÃO DIRETA E INDIRETA

 Direta (forte): situações em que uma atividade antes não mediada adquire uma forma
mediada (ex.: xadrez físico pro PC; atividades bancárias online, etc.);
 Indireta (fraca): quando uma atividade passa a ser cada vez mais influenciada (em
forma/conteúdo/organização/contexto) pelos símbolos ou mecanismos midiáticos
(ex.: a experiência de ir num Burger King ou McDonalds que envolve exposição a filmes
e animações, ou brindes).

A divisão entre ambas nem sempre é clara, fica mais necessário em termos analíticos. A direta
quando é percebido a substituição de uma atividade social (de não mediada para mediada); a
indireta não afeta a atividade das pessoas, é mais sutil e geral, relaciona-se a dependência das
instituições sociais com os meios de comunicação.

A mídia como uma instituição semi-independente

Os meios intervêm na atividade de outras instituições (família, política, etc) ao mesmo tempo
que proporcionam um espaço comum (fóruns virtuais compartilhados)

Instituição x interação (teoria sociológica da midiatização)

 Instituição: elementos estáveis, fornecem meios para reprodução da sociedade


(família – amor/educação/ política – tomada de decisões). Tem dois elementos que
confere autonomia sobre o mundo ao redor (Giddens):
o Regras: consequências naturais do conhecimento tácito (implícitas e práticas);
codificações em lei / regras de condutas (explícitas e formais);
o Alocação de recursos: matérias-primas, edifícios, instalações, mão de obra,
conhecimento (recursos materiais); quem é responsável pelos recursos
materiais (autoridade).
Transformações institucionais

A midiatização enquanto processo social não é, portanto, apenas resultado das


transformações “internas” dos meios de comunicação, mas também um produto complexo das
mudanças tecnológicas, políticas e econômicas. P. 49

AS PRÁTICAS QUE VISAVAM O MERCADO, POR PARTE DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO,


MUDARAM ABORDAGENS

Uma orientação de mercado mais forte levou os veículos de mídia a preocupar-se mais em
atender seus próprios públicos e usuários. P. 49

Meios de comunicação, hoje, tem uma função dupla: privada e pública. Privada por atender
demandas de mercado; pública por ainda assim cumprir uma função coletiva na sociedade.

Portanto, a lógica que orienta os meios de comunicação não pode ser reduzida a uma lógica
exclusivamente de mercado. Sim, os meios de comunicação vendem produtos aos
consumidores, mas também prestam serviços a seus usuários, quer como público em geral,
quer como indivíduos pertencentes a contextos institucionais específicos. P. 49-50

Affordances: estruturando a interação

 Interação social: consiste em comunicação e ação. Além dos atos de comunicação, os


meios permitem formas de ação social, somente possível antes com a presença física
das partes.

Características do meio e sua relação com a interação social: affordances (James Gibson)

Qualquer objeto físico dado, em virtude de suas características materiais (forma, tamanho,
consistência, etc.), presta-se a uma série de usos. De acordo com Gibson, as affordances de um
objeto são esses usos potenciais. P. 52
As affordances são também definidas pelo grau de “compatibilidade” entre as características
do objeto e as do usuário. P. 53

Tem ainda um terceiro fator: “affordance percebida” (Norman)

As affordances de um objeto são influenciadas pelos motivos/objetivos do usuário e, por


extensão, pelas convenções e interpretações culturais que cercam o objeto. P. 53

Affordances como comunicação e ação

Reconhecemos os meios de comunicação como tecnologias dotadas, cada uma das quais, de
um conjunto de affordances que facilitam, limitam e estruturam a comunicação e a ação. P. 53

Thompson distingue 3 tipos de interação:

o Interação face a face: tanto a expressão verbas com ao não verbal estão
disponíveis a todos;
o Interação mediada: indivíduos identificados interagindo em igualdade (ex.:
telefone);
o Quase-interação mediada: interação monológica

No que isso tem a ver com affordances?

É inegável o impacto das instâncias midiáticas sobre os papéis sociais desempenhados na


interação, uma vez que o acesso aos meios de comunicação propriamente ditos e aos modos
de interação que eles disponibilizam afeta a capacidade dos respectivos participantes de
comunicar-se e agir. P. 55

Os meios de comunicação alteram a interação

Conversa no wpp é diferente de conversa pessoal

O fato de ocorrer entre indivíduos que não compartilham o mesmo tempo e espaço físico
altera as relações entre os participantes. P. 56

Os meios de comunicação alteram também a capacidade de cada ator de controlar a forma


como é definida a interação social, de comandar o uso da comunicação verbal e não verbal e
dos acessórios. P. 56

Consequências disso (Goffman):

 As pessoas “atuam” em vários palcos/espaços


 As pessoas otimizam a interação social em benefício próprio
 As relações mútuas, o que inclui normas de comportamento aceitável, alteram-se.
Permite-se gerenciar a informação dos e para os participantes.

Reestruturação das normas sociais

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