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Alfabeto cirílico
А Б В Г Ґ Д Ђ Ѓ Е Ё
Є Ж Ѕ З И І Ї Й Ј К
Л Љ М Н Њ О П Р С Т
Ћ Ќ У Ў Ф Х Ц Ч Џ Ш
Щ Ъ Ы Ь Э Ю Я
Letras não-eslavas
Ӑ Ӓ Ӕ Ҕ Ғ Ә Ӏ Ӂ Җ Ӝ
Ҙ Ӟ Ӡ Ҡ Қ Ӄ Ҟ Ҝ Ң Ӈ
Ҥ Ө Ӧ Ҧ Ҫ Ҷ Ӵ Ҹ Ҽ Ҿ
Ҩ Ҳ Ҭ Ҵ Ӱ Ӳ Ӯ Ү Ұ Һ
Letras arcaicas
Ҁ Ѹ Ѡ Ѿ Ѻ Ѣ ІА Ѥ Ѧ Ѫ
Ѩ Ѭ Ѯ Ѱ Ѳ Ѵ Ѷ
O alfabeto cirílico (em búlgaro e macedônio: кирилица; em russo: кириллица; emucraniano:
кирилиця; em bielorrusso: кірыліца; em ruteno: кырилиця; em sérvio: ћирилица), também
conhecido como azbuka, é um alfabeto cujas variantes são utilizadas para a grafia de
seis línguas nacionais eslavas (bielorrusso, búlgaro, macedônio, russo, sérvio[nota 1]. e
ucraniano), além do ruteno, e outras línguas extintas. Para além disso, é usado por várias
línguas não eslavas faladas na antiga União Soviética — como o mongol, o cazaque,
o usbeque, o quirguiz e o tajique, entre outras da Europa Oriental, do Cáucaso e da Sibéria.
História[editar | editar código-fonte]
Nome e criação[editar | editar código-fonte]
Página de Azbuka, o primeiro livro sobre a língua russa, impresso porIvan Fyodorov em 1574. A
página mostra o alfabeto cirílico.
A história tradicional conta que o alfabeto cirílico, bem como o alfabeto glagolítico, foi criado
ou formalizado por dois missionários cristãos bizantinos, São Cirilo e São Metódio, no século
IX, com o objetivo de transcrever a Bíblia para as línguas eslavas.[2][3][4][5] A ideia, entretanto, é
objeto de disputa acadêmica. Paul Cubberly sugere que Cirilo pode ter codificado e expandido
o alfabeto glagolítico, mas teriam sido seus estudantes da Escola Literária de Preslava,
notadamente Constantino de Preslava, que adaptaram o cirílico a partir do grego uncial, como
um sistema de escrita mais adequado para os textos eclesiásticos.[6][7] Atribui-se ainda a
criação e/ou difusão a membros da Escola Literária de Ocrida, em especial a Clemente de
Ocrida.[8]
O que parece certo é que o alfabeto cirílico, nomeado em homenagem a Cirilo, o Filósofo, foi
desenvolvido e difundido durante o Primeiro Império Búlgaro,[6] razão pela qual alguns
defendem que o cirílico seja chamado de alfabeto búlgaro.[9] A maior parte de suas letras teria
derivado do alfabeto grego na escrita uncial, complementado para os sons não encontrados
no grego com letras do alfabeto glagolítico, que teriam derivado, por sua vez, da escrita
hebraica.
Difusão[editar | editar código-fonte]
Pouco após a sua criação, o alfabeto cirílico popularizou-se rapidamente como escrita
eclesiástica. As escolas literárias de época produziram extensa literatura em "búlgaro antigo",
que veio a ser conhecida como antigo eslavo eclesiástico. O antigo eslavo, escrito em cirílico,
tornou-se língua franca em todo o Leste Europeu.[10][11][12][13][14]
Uso[editar | editar código-fonte]
Ver também: Lista de idiomas que adotam o alfabeto cirílico
No Cáucaso, uma parte da grande variedade de línguas faladas adota o cirílico, disputando
espaço ainda hoje com as escritas árabe, georgiana e latina. Na Ásia Central, ainda ocorrem
disputas similares entre alfabetos. Hoje em dia, três das línguas nacionais centro-asiáticas
(cazaque, tajique e língua quirguiz) adotam exclusivamente o cirílico; o usbeque está em
processo de transição para o alfabeto latino[16] e o turcomeno já o adota completamente.
Alguns políticos tajiques consideram adotar a escrita persa.[17] Ainda na Ásia Central, a etnia
chinesa Tungani também adota a escrita cirílica para sua língua de família chinesa.
Cirilização[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Cirilização
Da mesma maneira que acontece com o alfabeto latino, diversas línguas possuem sistemas
oficiais de transcrição fonéticade suas escritas locais para o alfabeto cirílico, de forma a
facilitar a troca de informações. Dentre eles, podemos citar oSistema Palladius de transcrição
do mandarim (construída em analogia aos sistemas de romanização pinyin e Wade-Giles), o
sistema de Yevgeny Polivanov para o japonês e o sistema Kontsevich de transcrição
do coreano. Existem, também, alguns sistemas de transcrição de
palavras inglesas e francesas para o alfabeto russo,
Caracteres[editar | editar código-fonte]
O alfabeto cirílico arcaico possuía 44
letras: А, Б, В, Г, Д, Е, Ж, Ѕ, З, И, І, К, Л, М, Н, О, П, Ҁ, Р, С, Т, Ѹ, Ф, Х, Ѡ, Ц, Ч,Ш, Щ, Ъ,
Ꙑ, Ь, Ѣ, Ꙗ, Ѥ, Ю, Ѧ, Ѫ, Ѩ, Ѭ, Ѯ, Ѱ, Ѳ e Ѵ. Em cada uma das línguas eslavas, esse alfabeto
foi modificado e padronizado de diferentes formas, de tal modo que não podemos falar em
um alfabeto cirílico moderno padrão. O mais próximo disso que temos é o alfabeto russo, o
mais difundido e importante dentre os cirílicos modernos.
Ao longo do século XIX (oficializado na reforma de 1918), foram perdidas outras letras que
subsistiam por motivos etimológicos e não fonéticos: ѳ (soava como ф), ѣ (soava
como е), і e ѵ (soavam como и). Em paralelo, foram adicionados a letra э, para diferenciar
do е palatalizado, e ё, para diferenciar /jo/ de /je/, levando o russo ao seu alfabeto de 33
letras: А, Б, В, Г, Д, Е, Ё, Ж,З, И, Й, К, Л, М, Н, О, П, Р, С, Т, У, Ф, Х, Ц, Ч, Ш, Щ, Ъ, Ы, Ь, Э,
Ю e Я.
Ligaturas[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Ligadura tipográfica
Outra maneira de representar novos sons é o uso de dígrafos, isto é, pares de letras que,
juntas, representam um som diferente dos que representam as letras isoladamente. Por
exemplo, o checheno, uma língua caucasiana, utiliza alguns dígrafos vocálicos, como аь (/æ/)
e ёь (/jø/), além de dígrafos consonantais como гӀ (/ɣ/) ou хь (/ħ/). Nenhum desses sons existe
nas línguas eslavas. Similarmente, um trígrafo é um conjunto de três letras que representam
um novo som. O checheno possui o trígrafo рхӀ (/r̥/).
Diacríticos[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Diacrítico
Diacríticos ou acentos são pequenos sinais colocados sobre, sob ou através de uma letra para
modificar ou adaptar seu som. A língua basquir utiliza sinais sob as letras similares a cedilhas,
como Ҙ e Ҫ, para representar as consoantes fricativas dentais /ð/ e /θ/. A língua cazaque usa
o У com um traço transversal (Ұ) para representar a vogal fechada arredondada /ʊ/.
Por fim, outra maneira de incorporar novos sons é incluir letras oriundas de diferentes
alfabetos. Esse processo é relativamente pouco comum no alfabeto cirílico, mas exemplos
disso são o Ӕ osseto, provavelmente originado da ligadura latina Æ, e o Ҩ da língua abcázia,
que representa a consoante labiopalatal aproximante /ɥ/.
Codificação[editar | editar código-fonte]
Unicode[editar | editar código-fonte]
No Unicode 6.0, as letras do cirílico, incluindo alfabetos nacionais e históricos, são
representados pelos seguintes blocos[19]:
Cirílico U+0400–U+04FF
Cirílico - Suplemento U+0500–U+052F
Cirílico Estendido A U+2DE0–U+2DFF
Cirílico Estendido B U+A640–U+A69F
Outros dois caracteres derivados do cirílico encontram-se em U+1D2B and U+1D78.
Os caracteres entre U+0400 e U+045F são os mesmos definidos pelo ISO 8859-5. Na faixa
entre U+0460 e U+0489 situam-se as letras históricas, que não são mais usadas. Entre
U+048A e U+052F há letras adicionais para várias línguas escritas com cirílico.
Como regra geral, o Unicode não inclui letras cirílicas acentuadas. Algumas exceções são:
combinações que são consideradas letras separadas nos seus respectivos alfabetos,
como Й, Ў, Ё, Ї, Ѓ, Ќ;
as duas combinações mais frequentes, ortograficamente exigidas para
distinguir homônimos em búlgaro e macedônio Ѐ,Ѝ;
algumas combinações de letras eclesiásticas: Ѷ, Ѿ, Ѽ.
Algumas línguas, incluindo o eslavo eclesiástico, ainda não são totalmente suportadas.
Notas
1. ↑ Na Sérvia e em Montenegro, o alfabeto latino é usado alternada e concomitantemente com o
alfabeto cirílico
Referências
1. ↑ Ir para:a b Eurodatum. «EU official languages and alphabets»(PDF). Consultado em 12 de Janeiro
de 2012
2. ↑ Columbia Encyclopedia, Sixth Edition. 2001-05, s.v. "Cyril and Methodius,
Saints"; Encyclopædia Britannica, Encyclopædia Britannica Incorporated, Warren E. Preece -
1972, p.846, s.v., "Cyril and Methodius, Saints" and "Eastern Orthodoxy, Missions ancient and
modern";Encyclopedia of World Cultures, David H. Levinson, 1991, p.239, s.v., "Social
Science"; Eric M. Meyers, The Oxford Encyclopedia of Archaeology in the Near East, p.151,
1997; Lunt, Slavic Review, June, 1964, p. 216; Roman Jakobson, Crucial problems of Cyrillo-
Methodian Studies; Leonid Ivan Strakhovsky, A Handbook of Slavic Studies, p.98; V.
Bogdanovich, History of the ancient Serbian literature, Belgrade, 1980, p.119
3. ↑ The Columbia Encyclopaedia, Sixth Edition. 2001-05, O.Ed. Saints Cyril and Methodius "Cyril
and Methodius, Saints) 869 and 884, respectively, “Greek missionaries, brothers, called
Apostles to the Slavs and fathers of Slavonic literature."
4. ↑ Encyclopædia Britannica, Major alphabets of the world, Cyrillic and Glagolitic alphabets, 2008,
O.Ed. "The two early Slavic alphabets, the Cyrillic and the Glagolitic, were invented by St. Cyril,
or Constantine (c. 827–869), and St. Methodii (c. 825–884). These men from Thessaloniki who
became apostles to the southern Slavs, whom they converted to Christianity."
5. ↑ Kazhdan, Alexander P. (1991). The Oxford dictionary of Byzantium. New York: Oxford
University Press. 507 páginas. ISBN 0-19-504652-8. Constantine (Cyril) and his brother
Methodius were the sons of the droungarios Leo and Maria, who may have been a Slav.
6. ↑ Ir para:a b Paul Cubberley (1996) "The Slavic Alphabets" and later finalized and spread by
disciples Kliment and Naum in Ohrid and Preslav schools of Tsar Boris' Bulgaria. In Daniels and
Bright, eds. The World's Writing Systems.Oxford University Press. ISBN 0-19-507993-0.
7. ↑ Florin Curta: Southeastern Europe in the Middle Ages, 500–1250. (Cambridge Medieval
Textbooks), Cambridge University Press, 18. September 2006), S. 221–222
8. ↑ Nikolaos Trunte: Πρὸς τὸ σαφέστερον. (Zu Reformen in der glagolitischen Schrift.) In: Marija-
Ana Dürrigl u. a. (Hrsg.): Glagoljica i hrvatski glagolizam. Staroslavenski Inst., Zagreb 2004,
S. 419–434.
9. ↑ Tsanev, Stefan. Български хроники, том 4 (Bulgarian Chronicles, Volume 4), Sofia, 2009,
p.165
10. ↑ "On the relationship of old Church Slavonic to the written language of early Rus'" Horace G.
Lunt; Russian Linguistics, Volume 11, Numbers 2-3 / January, 1987
11. ↑ Schenker, Alexander (1995). The Dawn of Slavic. [S.l.]: Yale University Press. pp. 185–186,
189–190
12. ↑ Lunt, Horace. Old Church Slavonic Grammar. [S.l.]: Mouton de Gruyter. pp. 3–4
13. ↑ Wien, Lysaght (1983). Old Church Slavonic (Old Bulgarian)- Middle Greek-Modern English
dictionary. [S.l.]: Verlag Bruder Hollinek
14. ↑ Benjamin W. Fortson. Indo-European Language and Culture: An Introduction, p. 374
15. ↑ Artigo 68 da Constituição Russa.
16. ↑ Fierman, William (1991). Language Planning and National Development: The Uzbek. [S.l.]:
Walter de Gruyter. 75 páginas. ISBN 3110124548
17. ↑ «'Tajikistan to use Persian alphabet'» (em inglês). PressTV - Iran. 2 de Maio de 2008
18. ↑ «Serbian, Croatian and Bosnian». Omniglot. Consultado em 13 de Janeiro de 2012
19. ↑ Cyrillic - Unicode Character Table
Ligações externas